OctaMag 2018 - Final version

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OCTAFASHIONOFICIAL

OCTAFASHION

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OCTAmag número 7 | edição 2018

EXPEDIENTE EQUIPE EDITORIAL COORDENAÇÃO GERAL Amanda Queiroz Campos DIRETRIZES GRÁFICAS Brenda Godinho Priscila Thomas Pinheiro Thayná Lacerda REDAÇÃO E REVISÃO Gabriella Aredes Laura Blézins Lísia Bragado Maria Júlia Zarpelão Hernandes Marina Vieira Casagrande PRODUÇÃO DE MODA Ágata Carraro Morgan Beatriz Sada Giulia Casagrande Luísa Wandscheer Maria Carolina Paixão Maiana Pedromo Natália Dias

CAPA FOTOGRAFIA Guilherme Pazetto CABELO E MAQUIAGEM Ana Paula Franco Fabiana Arcoverde MODELOS Eduarda Brandão Eduardo Schuelter

COLABORADORES REDAÇÃO Alessandro Mateus Felippe Amanda Queiroz Campos André Carvalhal Bob Wolfenson Daniela Novelli Gabriella Aredes Icléia Silveira Laura Blézins Lísia Bragado Lourdes Maria Puls Lucas da Rosa Luiza Pannunzio Marcus Tomasi Ma. Cristina Fonseca da Silva Maria Júlia Zarpelão Hernandes Marina Vieira Casagrande Moscopiá Kotzias Nelson Pinheiro Gomes Priscila Thomas Pinheiro Raiana Quintiliano Rochadel Sandra Regina Rech Tatiana Castro Longhi

FOTOGRAFIA E EDIÇÃO Bruno Sinischalchi Carol Ferreira Flávia Dummer de Azambuja Guilherme Pazetto João Alberton Pedro Bonacina Pedro Caetano Pedro Rocha Tainá Bernard Walmor de Oliveira CABELO E MAQUIAGEM Ana Paula Franco Emir Henrique Fabiana Arcoverde Gabriela Brandão Isadora Souza Julia Staedele Ma. Manoela Lampert Ceolin

AGRADECIMENTOS Centro de Artes Departamento de Moda DN Models Empório Capella Café Estúdio Brandão LabDesign (Udesc) Mega Model Sul Noma Sushi Pedro Mox Repense Brechó Simple Organic Toque Antigo Udesc

MODELOS Cintya Hikari Eduarda Brandão Eduardo Schuelter Elisa Bordignon Gabriela Campos Heloísa Ramos Cunha Laís Tomaselli Lara Meneghel Luiza Saraiva Miranda Luz Morgana Zirbel Pavla Fabbris Welington Hors

PROJETO GRÁFICO LABDESIGN Maurício Dick (coordenador) Jéssica Abreu Luiza Faria IMPRESSÃO Polimpresso Gráfica TIRAGEM 2 mil cópias

OCTA Mag é um título independente, produto do OCTA Fashion Udesc, produzida pelos alunos da oitava fase do curso de Bacharelado em Moda da Universidade do Estado de Santa Catarina, na disciplina Coordenação de Evento de Moda. Todo o conteúdo da revista é utilizado de forma representativa, sem fins comerciais. Todas as imagens foram reproduzidas com a autorização prévia dos responsáveis, sendo assim lícita de publicação.


CARTA EDITORIAL Nestas páginas encontram-se impressas as criações de 33 futuros designers de moda. Estas folhas, que agora você leitor segura em suas mãos, marcam a permanência - fixam em imagem e texto - algo de uma ordem transitória, tipicamente humana. Estas constituem nossas polaridades: o fixo e o não-fixo, a imobilidade e o movimento. Deslocamentos. São questões que atravessam o ser humano numa longuíssima trajetória de anseios criativos. Criar é um ato humano por excelência. Estes 33 futuros designers criaram e convidaram a criar este compilado de palavras, fotografias, ilustrações. A revista apresenta uma plataforma múltipla e diversa. Ela é a composição, uma montagem que objetifica a construção de um campo fluido, atravessado de versos e reversos, de frentes e de versos. Ao contrário do que o leitor possa vir imaginar, o campo da moda não tem fronteiras precisas. Tal qual os conteúdos desta publicação, ele transita em diferentes searas, movimenta-se. No virar das páginas você encontrará além das coleções e seus respectivos releases, editoriais fotográficos nos quais as criações de nossos formandos fluem em novas composições possíveis. Grosso modo, a revista segue a ordem do desfile Octa Fashion nos seus três grandes blocos, cada qual composto por 11 coleções. O editorial subsequente a cada bloco embaralha e aponta um novo lugar para as criações dos formandos, traçando paralelos entre elas. Mais adiante, no editorial IDGAF, o salto foi mais longo. Embaralhamos as peças da totalidade das coleções em arranjos polifônicos. Por fim, em Organic, subtraímos as vestimentas e colorimos as peles em um editorial de beleza. Para além das coleções e dos editoriais, foram escritos textos que tencionam diversas temáticas e práticas do fazer e pensar moda. Muitas foram as mãos que redigiram tais textos: mãos de alunos, de professores, de diretores, de diferentes profissionais. Suas contribuições alinhavam uma epítome provisória da moda contemporânea. Provisória, pois a moda reside no transitório. Todos estamos em trânsito. O Octa Fashion é, de certa maneira, um desembarque. Chegado o momento de partir, esperamos que os 33 em breve egressos, carreguem consigo a bagagem de conhecimentos aprendidos nesses últimos anos no curso de Bacharelado em Moda da Udesc. Que transitem e façam transitar conceitos, ideias, reflexões. Movimentar-se, essa é a potência do deslocamento.

por Prof. Dra. Amanda Queiroz Campos coordenação geral OCTA Fashion 2018

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PÚBLICA, GRATUITA E DE QUALIDADE 6 | OCTAmag 2018

udesc.br


UMA MARCA REGISTRADA DO CURSO DE MODA DA UDESC

Em 2015, há três anos, comemoramos uma data histórica para a nossa Udesc: o cinquentenário da universidade, uma gigante catarinense do ensino superior catarinense, presente em 12 unidades e mais de 30 polos de apoio à educação à distância no Estado, com mais de 15 mil alunos. Durante essas cinco décadas de excelência no ensino, na pesquisa e na extensão, e de preponderante contribuição para o desenvolvimento do nosso Estado em vários aspectos, podemos destacar algumas áreas que têm marcado seus segmentos no Brasil e fora do país.

O curso de graduação em Moda da Udesc é reconhecido como um dos melhores do país, com notas máximas nas avaliações do Ministério da Educação (MEC)

Sem dúvida, uma delas encontra-se no trabalho e nos reflexos dele em torno das graduações e pós-graduações em Moda do Centro de Artes (Ceart) da Udesc. O curso de graduação em Moda da Udesc é reconhecido como um dos melhores do país, com notas máximas nas avaliações do Ministério da Educação (MEC). Em 2017, a Udesc foi escolhida como a melhor universidade pública do Brasil nas áreas de Artes e Design pelo Guia do Estudan-

te Abril, uma reconhecida publicação que leva em conta pesquisa de opinião com professores de todo o país. É com muito orgulho que ostentamos essas colocações, resultado da dedicação, criatividade e diferenciais dos nossos alunos, professores e técnicos. Mas a universidade não existe apenas para o ensino. Além da pesquisa, tem o papel fundamental de estar atrelado à sociedade por meio da prestação de serviços, estudos, projetos sociais, entre outras importantes ações. Costumo falar que a Udesc precisa desencapsular, ou seja, estar cada vez mais perto da comunidade, e não somente dentro da sala de aula e dos laboratórios. Precisamos entregar resultados. A realização do Octa Fashion – Observatório de Cultura e Tendências Antecipadas é um claro exemplo que estamos no caminho certo. Esse grandioso evento que apresenta as criações desenvolvidas por alunos e professores durante o curso de Moda já faz parte do calendário de acontecimentos do Estado e é um dos destaques do nosso curso. Temos que parabenizar a atuação dos professores do Departamento de Moda, idealizadores do projeto, que não medem esforços todos os anos para fazer sempre o melhor evento, atraindo os holofotes de todo o segmento, inclusive, dos formadores de opinião, de todo o Estado. Reconhecer também o empenho e a criatividade dos nossos alunos no desfile das coleções. O curso de Moda da Udesc é um grande celeiro de talentos da moda catarinense. E o Octa Fashion cumpre a missão de dar luz às produções dos nossos alunos, encaminhando-os ao mercado e abrindo as portas para um futuro brilhante pela frente. Essa é a Udesc que nós queremos.

Prof. Dr. Marcus Tomasi Reitor da Udesc

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SUMÁRIO & BLOCOS

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Bloco 1

54

Bloco 2

96

Bloco 3

TEXTOS

08

Deslocamentos

38

A era da criação coletiva

79

Eu, mulher comum

121

Os retratos de Bob Wolfenson

140

Dragão Fashion

153

Entrevista com Moscopiá Kotzias

169

Moda, tendêcias e atualidade

EDITORIAIS

42

(Sobre)posição

85

Dioptro

126

Simonetta

144 Organic

157 IDGAF


CONTEÚDO PRODUÇÃO INSTITUCIONAL

155 Teciteca

168

OCTA & CEART

169 FPLab

174

Formandos

170 176 Depoimentos de Exalunos

Colaboradores

172

178

Bacharelado em Moda

173

PPGModa UDESC

175

Aos Professores

Créditos


des loc des ameloc ntoame nto 10 | OCTAmag 2018


c

Mudar de posição, ir de um lugar a outro, deslocar-se. A imigração é, em primeiro lugar, um deslocamento de pessoas no espaço físico. Porém, o espaço dos deslocamentos não é apenas geográfico; é também um espaço qualificado e altamente simbólico, onde distintas temporalidades, memórias coletivas híbridas, processos de exotismo e contatos interétnicos passaram a ser estabelecidos contemporaneamente nas fronteiras de uma construção dinâmica de identidades e hierarquias Norte-Sul e/ou Leste-Oeste. Diante da nova economia cultural global, superposições entre o real e o virtual colocam em cena a questão da “desterritorialização”, na qual modelos existentes de centro-periferia não podem mais ser compreendidos em termos culturais homogêneos. Identidades fragmentárias são cada vez mais o resultado de uma multiplicidade de interações, constituindo-se plurais e intersticiais na medida em que as diferenças passam a ser nômades, anômicas e diaspóricas, funcionando muito mais sob a lógica do prazer de multiplicar. Projetos como o do produtor, DJ e multi-instrumentista inglês Gabriel Prokofiev agrupam a experiência nos gêneros eletrônicos para formar mixagens originais conectadas às tradicionais sonoridades eruditas. No design, a simplicidade minimalista dos vasos do sul-coreano Seung-Yong Song e das luminárias do brasileiro Guilherme Wentz promove a interligação entre construções que primam pelo ineditismo e pela invenção de itens eficientes, que impactam positivamente no cotidiano. Na arquitetura de interiores, os arquitetos japoneses Makoto Tanijiri e Ai Yoshida substituem paredes de alvenaria por armações de metal e desníveis profundos

para preservar a privacidade dos moradores, questionando as razões que fazem alguém procurar o novo para melhorar o ambiente humano. Na fotografia, o jovem Ding Musa experimenta outras bases – desenho, vídeo e instalações criadas para levar novos parâmetros à realidade, demonstrando uma “resistência autoral”. Na moda, a marca “Beira” da estilista Livia Campos se destaca pela autenticidade, em peças de seda, sem estampas, com numerosos detalhes em bolsos e shapes versáteis criados em uma linguagem singular, em um contínuo processo de criação. Reflexões sobre aquilo que se usa. Homem, mulher, unissex, plurissex, agênero, genderless, o que se vê em cada peça é a decisão do novo dono. Vitorino Campos parece ver as coisas em modulações diferentes, deslocando-se na equação fluida da alfaiataria e na ideia de “modelagem em evolução”, por ele defendida. Portanto, o tema “Deslocamentos” do Octa 2018 aponta para formas desafiantes de interpretar e compreender diferentes culturas e novos lugares simbólicos de diálogo, típicos da globalização contemporânea.

Profa. Dra. Daniela Novelli Professora do curso de Bacharelado em Moda da Udesc

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LU Í S A WA N D S C H E E R G I OVA N N A C A M P O S MAIANA PERDOMO S T E FA N I E C RI S TI N E D E A R AUJ O M Á RC I O M O N TI C E LLI M A R I A J Ú LI A Z . H E R N A N D E S L AU R A B LÉ ZI N S B R E N DA G O D I N H O V I O LE TA A D E LITA V I C TO R H . K . M I A KI J E S S I C A S T E FFA N

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ACTINO LUÍSA WANDSCHEER O nosso mundo é uma teia que conecta todos os seres de uma só vez. Onde o micro e o macro perdem proporção e se alteram a cada momento em uma incessante simbiose. A coleção ACTINO é a necessidade de olhar para o futuro de forma simples. É ser consciente, curioso. É identificar o potencial das pequenas coisas. É a biomimética representadas em tecidos bacterianos e naturais e texturas orgânicas, assim como nos volumes desproporcionais e recortes inusitados. Fotografia: Pedro Bonacina

behance.net/luisawandscheer

@pedrobonacina

Beleza: Gabriela Brandão @gbrandaomakeup

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YKUANÍ GIOVANNA CAMPOS Da dualidade entre vida simples e espiritualidade complexa dos indígenas brasileiros e inspirada pela forma consciente com que as tribos se relacionam com a natureza nasceu YKUANÍ. Com visual clean e linhas puras a coleção foi toda desenvolvida a partir de matérias primas, design têxtil e tingimentos 100% naturais e artesanais. A sensação de retorno às origens, valorização do que é realmente essencial e o consumo consciente da moda são as propostas da coleção. Fotografia: Pedro Bonacina

@giicampos giovannacampos2009@gmail.com

@pedrobonacina

Beleza: Gabriela Brandão @gbrandaomakeup

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LIN(H)A MAIANA PERDOMO Do traço de um projeto à costura ou ao fio criador do tecido. LIN(H)A é a união entre a geometria racional de Lina Bo Bardi e o trabalho artesanal de repasses das tecelãs do triângulo mineiro. Buscando experienciar a simplificação como método criativo, propõe-se uma moda que questiona o seu papel social de maneira livre e justa. Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

Beleza: Gabriela Brandão

@maianaperdomo @linhacollection maianaperdomo@outlook.com

@gbrandaomakeup

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FUGAcollection STEFANIE CRISTINE DE ARAUJO Sobre as páginas do livro Vidas Secas de Graciliano Ramos, emerge FUGAcollection. Para mulheres seguras e de personalidade, a coleção mescla a origem dos retirantes e a arquitetura de um de seus destinos principais, São Paulo. Com a estética dos office looks, as modelagens são amplas, assimétricas, atemporais e versáteis, viáveis tanto para o ambiente de trabalho, quanto para ocasiões casuais do dia a dia. Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

@stefaniecristine stefaniecristinedearaujo@gmail.com behance.net/stefaniecristine

Beleza: Gabriela Brandão @gbrandaomakeup

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LAMBREQUIM MÁRCIO MONTICELLI A coleção LAMBREQUIM, inspirada nos elementos arquitetônicos das casas da cidade de Antônio Prado- RS, aprofunda seu tema a partir do conceito de memória, aplicado ao contexto da imigração italiana. As formas dos lambrequins desta arquitetura se expressam na organicidade dos vestidos, inspirados na indumentária das imigrantes e em modelagens de vanguarda, com origamis e recursos construtivos, que valorizam o volume e a estruturação das peças. Fotografia: Pedro Bonacina

monticellialbani@gmail.com

@pedrobonacina

Beleza: Gabriela Brandão @gbrandaomakeup

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ANÁGLIA MARIA JÚLIA HERNANDES Imersa na modernidade líquida, ANÁGLIA faz da multiplicidade de identidades o seu principal tema. Caminhando entre streetwear e clássico, moderno e o que se considera apropriado para pessoas mais velhas, desconstrói a passagem do tempo e propõe um olhar à frente, ironicamente permanente, em que mulheres idosas também estão sujeitas à efemeridade do século XXI. Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

@zmariajulia majuzhernandes@gmail.com

Beleza: Gabriela Brandão @gbrandaomakeup

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ARREDÁ LAURA BLÉZINS Tupi or not Tupi, that is the question. ARREDÁ busca a essência da brasilidade traduzida na moda – unindo novas tecnologias, história e cultura – buscando na experimentação o que é ser autenticamente brasileiro sem, entretanto, cair em paradigmas pré-concebidos. Assim, o imaginário da cultura caipira é traduzido para o âmbito do palpável, do vestível, através da confluência entre estamparia digital e tecidos e aviamentos cem por cento naturais. Arredá é sobre ser. É sobre pertencer. Fotografia: Pedro Bonacina

@laurablezins @arreda.collection l.blezins@gmail.com

@pedrobonacina

Beleza: Gabriela Brandão @gbrandaomakeup

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APÁTRIDA BRENDA GODINHO Experiência, aventura e peregrinação. O espírito do tempo é o da descoberta. O expedicionário, APÁTRIDA é o perfeito Flâneur. Ele está a procura de tesouros invisíveis dos quais nem todo olho pode ver, nem todo ouvido escutar, nem todo saber entender. Partindo das obras de Rugendas e Debret em plena expedição ao Brasil do século XIX cria-se uma história, e os sentimentos são materializados na estética dândi, robusta e misteriosa. Fotografia: Pedro Bonacina

@brenda.godinho brendagodinho36@gmail.com

@pedrobonacina

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BRONCA VIOLETA ADELITA O tumulto de parar e olhar para si, trazendo o retorno daquilo que é cru. Através de diferentes materiais, experimentações sinestésicas guiam a busca sensorial do corpo por meio do toque, envolvido por caimentos contrastantes em tecidos de diferente fluidez. Enquanto imposições bruscas te apertam os pulsos, com fivelas, fitas e botões lançando o esgotamento e sensação de basta após o toque agudo e macio de olhar para si. A bronca que damos em nós, e naquilo que estamos de saco cheio. A BRONCA é um grito. @violetasutili violetasutili@gmail.com

Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

Beleza: Gabriela Brandão @gbrandaomakeup

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CATIVO VICTOR H. K. MIAKI

@victormiaki victor.miaki@gmail.com behance.net/victormiak5e71

De boca em boca pela multidão, um aglomerado de informações que saturam a sobriedade vem se estendendo pelas esquinas, a nuvem cinza que sobrevoa o urbano escorre apatia pelas cidades. Existem pequenos elos frágeis de plástico, mas enormes fronteiras imaginárias, que nós mesmos nos impomos e que nos fazem andar pelos trilhos esperando o trem passar por cima de nós, existem paredes que gritam mensagens que são ignoradas, lambe-lambes desgastados e grafites opacos que nunca vão ser ouvidos, e existe a verossimilhança entre o manicômio social, político e econômico que seguimos e a coleção apresentada. CATIVO, pode ser a vestimenta ou o usuário, pode ser o que seduz ou o que é aprisionado. Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

Beleza: Gabriela Brandão @gbrandaomakeup

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MATTERHORN JESSICA STEFFAN Atingir os pontos mais altos, superar desafios. As montanhas sempre fizeram parte da história humana por se tratarem de obstáculos a serem transpostos em viagens, explorações e migrações. Inspirada na vestimenta utilitária dos esquiadores e alpinistas, a coleção MATTERHORN apresenta peças modernas com detalhes gráficos e referências do sportwear. Silhuetas marcadas estão presentes, cobertas por camadas de roupa oversized revelando a atitude e coragem presente nas pessoas dispostas a superar seus limites. @jessicasteffan behance.net/JessicaSteffan linkedin.com/in/jessicaivanasteffan

Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

Beleza: Gabriela Brandão @gbrandaomakeup

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Texto por Priscila Thomas Raiana Quintiliano Rochadel

Foto: Victor Curi

A cada dia temos mais novidades, lançamentos, edições limitadas e tendências. E, em questão de segundos, você pode comprar o que quiser, no momento em que quiser e em quantos passos ou cliques quiser. Não existe mais horário comercial, portas, vendedores. Só existe o desejo e a suposta necessidade de adquirir o produto, pois o consumo é vendido como uma “ponte” para a felicidade. Tendo a indústria que se adequar a essa demanda de compra (ou promovendo esta vontade), a produção têxtil cresceu de uma forma insustentável para o mundo e para si mesma. 40 | OCTAmag 2018


Foto: Raphael Figueiredo

Perdendo-se na fragilidade de felicidade volátil, dependente do consumo constante, o mercado como conhecemos já não dialoga com nossa realidade ambiental. André Carvalhal, em seu livro “Moda com Propósito - manifesto pela grande virada”, traz mais esperança para um futuro diferente, propondo uma revolução na forma como consumimos. A proposta não é acabar com o capitalismo, mas sim transformá-lo, a começar por sua filha dileta: a moda. Ele mostra como criar e consumir, levando em consideração valores como sustentabilidade, comércio justo, consciência social e cultural, a fim de inovar e empreender com propósito. Com um currículo extenso e muita experiência no setor, André, autor dos bestsellers “A moda imita a vida - como construir uma marca de moda” e “Moda com Propósito manifesto pela grande virada”, é graduado em Comunicação Social, pós-graduado em Marketing Digital e especialista em Design Sustentável. Por quase 10 anos trabalhou no Marketing da empresa de moda FARM. Hoje é consultor e idealizador de projetos especiais para Grendene, Do Bem, Papel Craft e The School of Life. Atua como coordenador e professor no Istituto Europeo di Design do Rio de Janeiro e também leciona na Fundação Getúlio Vargas, ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), na Perestroika e no Instituto Rio Moda.

Após o processo pessoal de ressignificação dentro da indústria, André aplicou suas reflexões na prática. Com o intuito de gerar uma alternativa mais justa e acessível de Após o processo pessoal de ressignificação dentro da indústria, André aplicou suas reflexões na prática. Com o intuito de gerar uma alternativa mais justa e acessível de modelo de negócio no mercado de moda. Arriscando na esfera empresarial, uniu-se a outros nomes dos variados setores criativos e cocriou a empresa MALHA - um espaço colaborativo que serve como uma espécie de incubadora para que novas marcas possam viabilizar experimentações do começo ao fim da cadeia produtiva sustentável, sem a necessidade de uma infraestrutura de fábrica particular. Além do maquinário fabril, o galpão da Malha sediado em São Cristóvão, no Rio de Janeiro, conta com estrutura de impressoras 3-D e estúdio fotográfico, funcionários do setor como modelistas, costureiras, jornalistas, profissionais de marketing e ainda com programações educativas, para que haja cursos, discussões e parcerias profissionais nas diversas etapas de produção criativa. A ideia é que as pessoas estabeleçam conexões, compartilhem conhecimento, ferramentas e propósitos em uma única plataforma.

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Foto: Raphael Figueiredo

Ultrapassando a fase laboratorial da MALHA e à convite do grupo Reserva, Carvalhal assumiu a direção cocriativa da marca colaborativa e sustentável AHLMA. Investindo em um formato pioneiro no país, a marca surgiu em resposta à insustentabilidade da moda e traz em seu DNA a intenção de recriar a lógica da indústria de modo a impactar positivamente o consumidor com o menor dano possível ao planeta. Invertendo a sequência de criação, a AHLMA parte do descarte/reuso de matéria-prima de outras empresas para criar suas peças e não segue o calendário de estações tradicional do sistema de moda. Os modelos, inteiramente criados e produzidos no Brasil, são desenvolvidos e readaptados de acordo com o clima e materiais disponíveis, o que evita excessos de produção e equilibra os preços dos produtos. Com o slogan “A nova era é agora”, a AHLMA põe em prática o processo de amadurecimento e experimentações de André Carvalhal, mostra que é viável e necessário construir um novo caminho de empreendedorismo consciente e gera

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Estas propostas nos mostram a possibilidade de unir diferentes perspectivas e soluções para começar uma nova era. uma rede de novas empresas empáticas, preocupadas com o bem-estar do planeta e dos seres humanos. Estas propostas nos mostram a possibilidade de unir diferentes perspectivas e soluções para começar uma nova era. A era da colaboração e da “desaceleração” do processo, não necessariamente “lento”, mas que acompanhe a demanda do planeta. Além de somente criar, aproveitar o que já existe; emprestando, alugando, trocando, recriando. Como Carvalhal cita em seu livro, “a solução para a moda pode estar na moda, como um antídoto para seu próprio veneno”. Com força de disseminação de cultura e comportamento, a moda tem o poder de recriar-se e inovar. É responsabilidade dos criadores construir a nova era coletiva, mudar a lógica de produção e entender que cooperar é maior do que competir. Quando a moda verdadeiramente criativa encontrar seu tempo e seu sentido, as pessoas consumirão mais do que roupas, consumirão propósitos.


ENTREVISTA COM

ANDRÉ CARVALHAL Além da vida de educador e autor de livros na área de moda, André Carvalhal assumiu no ano de 2017 o cargo de diretor cocriativo da AHLMA, marca coletiva em formato pioneiro, lançada em parceria e com o suporte do Grupo Reserva. Nesta entrevista, Carvalhal apresenta os desafios enfrentados durante o primeiro ano de atuação. 1. A marca AHLMA completou seu primeiro ano no último mês de maio. Durante esse período, como você sente a receptividade do consumidor em relação ao novo formato de loja e à nova perspectiva de mercado? Sim, eu vejo uma diferença muito grande de quando a gente começou para agora. É muito surpreendente como em um ano a consciência das pessoas em relação à sustentabilidade, à necessidade de fazer uma moda, de viver e agir de um jeito diferente, foi ampliada. Sinto que no início as pessoas que mais procuravam a gente, que mais gostavam da marca, eram motivadas pelo estilo, pelo produto, pela atmosfera da marca. Hoje já vejo muito mais gente conectada e buscando a marca pela causa. Uma prova disso é que no próprio Instagram, os posts que hoje falam sobre impacto ambiental e trazem algum tipo de conteúdo relacionado a essas causas têm muito mais engajamento do que um post simplesmente de produto. Isso é muito, muito legal. Eu acho isso muito importante. 2. Para grandes ou pequenas marcas seguirem esse caminho, quais os desafios em “produtificar” um propósito e torná-lo rentável? Acredito que o desafio é que ainda não existem muitas fórmulas e referências. Está meio que todo mundo descobrindo e fazendo ao mesmo tempo. Então a ideia é entender como gerar menos impacto, como lucrar sem apertar os fornecedores e parceiros. Como prosperar sem aumentar a quantidade, sem ter que estimular consumismo. Todas essas coisas ainda estão sendo descobertas nesse momento de transição que estamos vivendo. 3. Quais as facilidades e dificuldades de empreender coletivamente? As facilidades muitas vezes estão relacionadas à questão de ganho financeiro, ganho de escala, quando você se junta com pessoas. Enfim, se eu quero abrir uma loja e você também, a gente abre a loja junto, divide o ponto e as contas. Isso é muito determinante, pois gera um impacto muito grande e palpável. Mas ainda tem a dificuldade de as pessoas não entenderem que tudo está conectado e que todo mundo está junto. Então, algo que não me traga lucro ou benefício direto, mas beneficie diretamente outra pessoa, pode também eventualmente me beneficiar devido à nossa conexão. Isso também diz respeito à minha relação de preservação com o meio ambiente. Preservar é uma forma de garantir que eu tenha recursos para a produção no futuro. Tudo precisa ser levado em consideração.

4. Como lidar com alguém que não acredita nessa mudança? O mundo está preparado para o não-consumismo? A gente precisa respeitar e entender o tempo de cada um. O processo de transição e transformação acontecem em momentos diferentes para cada pessoa e isso é importante ser respeitado. 5. Com a velocidade de consumo e réplicas imediatas as marcas têm muita dificuldade de encontrar-se no tempo de criação e divulgação de tendências. Nesse cenário, você acredita que as semanas de moda ainda têm sentido? Por quê? Eu acho que tudo na moda precisa se ressignificar. Não só as semanas de moda. A forma como a gente comunica, produz, comercializa, vende, cria. Tudo isso precisa encontrar um novo sentido. 6. Quais características e potenciais você acredita que serão essenciais para que os novos estilistas se mantenham relevantes nessa transição de valores de consumo? São muitas as características porque a profissão do designer está se ressignificando. Mas eu destacaria a visão do design como solução. Porque muito dos impactos ambientais que a gente vive hoje, por exemplo, tem a ver com um pensamento e uma criação baseada em uma lógica linear. Então eu estou criando esse produto, estou produzindo e daqui para frente não quero saber o que vai acontecer com ele. Isso tudo gera lixo, desperdício, uma série de devastação ambiental, muitas vezes a troco de nada. Portanto, eu acredito que o designer vai precisar entender que ele é cada vez mais responsável por esse processo. 7. Vemos que você tem perfil de um buscador, sempre a frente, com vários projetos de formatos inovadores. Você recentemente lançou seu terceiro livro, sobre o que ele trata? Verdade, lancei meu terceiro livro agora em outubro. Ele fala um pouco sobre tudo isso que conversamos aqui. Será como um encerramento dessa trilogia que eu comecei com “A moda imita a vida”. Eu entendi nesse processo de escrever que meu propósito está muito relacionado a mostrar novas formas de pensar, de abrir os olhos, a cabeça e o coração de pessoas e empresas. Posso fazer isso através de um livro, através de uma marca, através de uma loja, através de uma consultoria. Há várias formas de fazer isso e esse é meu propósito hoje. OCTAmag 2018 | 43


Welington veste camisa STEFANIE C. DE ARAUJO, casaco BRENDA GODINHO e botas acervo.

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(SOBRE) P O SIÇ ÃO FOTOGRAFIA WALMOR DE OLIVEIRA ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA PEDRO CAETANO TRATAMENTO TAINÁ BERNARD BELEZA ANA PAULA FRANCO STYLING E PRODUÇÃO BEATRIZ SADA e MAIANA PERDOMO MODELOS PAVLA FABBRIS e WELLINGTON HORS

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Pavla veste camisa MARIA JÚLIA Z. HERNANDES, casaco VICTOR H. K. MIAKI, jardineira VIOLETA ADELITA e sapato acervo. 46 | OCTAmag 2018


Pavla veste jardineira VIOLETA ADELITA, casaco MARIA JÚLIA Z. HERNANDES e sapato acervo. Welington veste blusa MAIANA PERDOMO, macacão VICTOR H. K. MIAKI e sapato acervo.

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Pavla veste blusa JESSICA STEFFAN, calça GIOVANNA CAMPOS e vestido como casaco STEFANIE C. DE ARAUJO. Welington veste macacão JESSICA STEFFAN, trench coat STEFANIE C. DE ARAUJO, gola VIOLETA ADELITA e tênis acervo.

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Welington veste macacão MAIANA PERDOMO, casaco JESSICA STEFFAN e sapato acervo. Pavla veste calça MARIA JÚLIA Z. HERNANDES, jaqueta LAURA BLÉZINS e sandália acervo.

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Pavla veste blusa MAIANA PERDOMO, calรงa BRENDA GODINHO, jaqueta LAURA BLร ZINS e sapato acervo.

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Welington veste casaco LUÍSA WANDSCHEER, calça VICTOR MIAKI e sapato acervo. Pavla veste body VIOLETA SUTILI e macação JESSICA STEFFAN.

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Pavla veste macacão LAURA BLÉZINS, trench coat STEFANIE C. DE ARAUJO e sapato acervo.

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Pavla veste body GIOVANNA CAMPOS, calรงa MAIANA PERDOMO e acessรณrio bacteriano LUร SA WANDSCHEER.

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M A R I N A V I E I R A C A S AG R A N D E M A R I A C . PA I X ÃO R EG I N AT TO BÁ R BA R A S I M O N D UA RT E PRISCILA THOMAS ÁG ATA C A R R A RO M O RG A N ÁG AT H A TA R D I LÍ S I A B R AG A D O T H AY N Á L AC E R DA K A R I N A D O S S A N TO S E D S A N D R A R EG I N A D O Ó LU IZ A M I R A N DA N E V E S

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AWEN MARINA CASAGRANDE A força que a mulher busca – e encontra – na gravidez é o ponto inicial desta coleção. O deslocamento do seu corpo tem que ser visto como belo, único, puro e, ainda assim, sensual e erótico. Esta mulher é anciã, deusa, mãe e feiticeira – em todas as dimensões que estas palavras podem ter. A coleção AWEN é inspirada na deusa Cerridwen e em seus poderes ligados à lua e suas fases. Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

@mavcasagrande marivcasagrande@gmail.com

Beleza: Gabriela Brandão @gbrandaomakeup

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MIA MARIA CAROLINA PAIXÃO REGINATTO MIA é para mulheres ambiciosas e que almejam o sucesso pessoal e profissional. Pensando nessa figura poderosa e nos desafios cada vez maiores no seu dia a dia, é importante ressaltar sua autonomia e independência em relação à onde ela pode chegar. É por meio de recortes e materiais que destacam o corpo feminino que a coleção se coloca num papel de exaltar a mulher, para que ela esteja sempre vestida para chegar ao topo. Fotografia: Pedro Bonacina

@mariacarolinapr mmariacarolinapr@gmail.com

@pedrobonacina

Beleza: Gabriela Brandão @gbrandaomakeup

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WANDER BÁRBARA SIMON DUARTE Vagando entre os extremos opostos surgiu a coleção WANDER, que tem como inspiração o contraste entre o urbano e o natural, e explora a dualidade entre o perfeito equilíbrio e o caos. Se materializou através de peças amplas em harmonia a outras ajustadas ao corpo, explorando o uso dos tecidos pesados da alfaiataria aliados com a malha do beachwear. Assim nasceu uma coleção desenvolvida para mulheres de espírito livre – cosmopolitas ou praianas -, salientando a força e a leveza em composições que as permitam explorar. Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

Beleza: Gabriela Brandão @gbrandaomakeup

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TAO PRISCILA THOMAS Inspirada na intensidade de ser e existir, a coleção infantil TAO traz o conceito de liberdade e harmonia através das formas simples e da pintura à mão do tecido, com forte influência oriental e suas técnicas de amarração. Toda em preto e branco, é criada a partir dos princípios do Ecodesign e da filosofia taoísta. Produzida com tecido de PET e algodão reciclado e detalhes de sobra de corte (ourela). Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

@prikathms priscilathms@gmail.com

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BELTANE ÁGATA CARRARO MORGAN A coleção BELTANE é inspirada no festival celta do fogo que marca o fim no inverno e o início da primavera. Neste dia, celebra-se Belenus, patrono das chamas e dos poderes restauradores do sol. O resultado é o contraste de tecidos leves e fluídos nos vestidos com a lã pesada dos casacos e mantos. A aplicação de elementos delicados e o uso de acessórios em couro completam o conceito da coleção. Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

@agata_cm agatamorgan@gmail.com

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SÉTIMA ÁGATHA TARDI Sincronia, segundo o dicionário é quando dois ou mais fenômenos ocorrem simultaneamente. A todo momento algo, de certa forma, se conecta, seja por meio de energias, forças ou inspirações, o movimento da marcha acontece e, de maneira quase que involuntária, extremos se unem e formam o novo. Com motivação encontrada na marcha dos pinguins, a SÉTIMA tem a missão de estreitar relações entre pessoas, ambientes e vestimentas. Trouxe também da ave aquática a liberdade e adaptação encontradas nas peças. @tardiagatha agathatardi@gmail.com

Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

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ADYLIS LÍSIA BRAGADO Ser mulher é ser deslocamento; afastar-se de suas vontades para cumprir papéis designados pelos outros. ADYLIS apresenta a desordem de pensamentos imposta às mulheres, materializada em peças amplas desconstruídas da alfaiataria, antagonismo de tecidos pesados e leves e estampas com traços desencontrados. Inspira-se na camisa social, característica do guarda-roupa masculino, e reflete sobre o vestir forçado à mulher. A mistura de informações propõe estranhamento, tal qual é a sensação de questionamento sobre os reais anseios. @lisiabragado lisia.bragado@gmail.com linkedin.com/in/lisiabragado/

Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

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UBUNTU THAYNÁ LACERDA

@thayfl Thayfl@hotmail.com

A coleção UBUNTU, teve inspiração no Projeto Cidades Invisíveis. Por meio da filosofia Ubuntu, o conceito “eu sou porque nós somos” busca despertar a sociedade para a realidade contrastante que nos circunda. A coletividade e a empatia são agentes essenciais para transformar e sensibilizar a humanidade para um novo olhar sobre o outro. Dessa forma, a coleção Ubuntu, conta com peças que fazem o contraste entre tecidos pesados como a lona de caminhão reciclada usada nos casacos, referenciando o descompasso social, e as peças de tecidos leves emacios, como as blusas de fios de lã, a fim de representar a atmosfera fraterna da harmonia entre os seres. As intervenções de grafite na coleção fazem da arte sua forma de protesto. Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

Beleza: Gabriela Brandão

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KU SANGA KARINA DOS SANTOS KU SANGA em Yorubá coleção de mesma espécie revela a dualidade do mítico místico Zé Pilintra, possui em sua construção ancestralidade e muita religiosidade. Apesar de toda carga de preconceito que carrega essa entidade sagrada e profana envia a mensagem de fé amor e caridade, fé e amor na vida e caridade com o próximo com muita ginga elegância e sabedoria a verdadeira malandragem. Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

@krinaxuxu krinasantos@gmail.com

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CALEIDOSCÓPIO EDSANDRA REGINA DO Ó CALEIDOSCÓPIO se passa na transição entre os mundos infantil e adulto, na convergência dos padrões sensoriais e racionais. Vai de encontro a ideia de que pular etapas, instituindo a construção gradativa do ser ao aproveitar cada fase do processo do amadurecimento. A proposta consiste em analisar a infância contemporânea sob uma ótica do passado, respeitando formação da identidade e essência de cada criança. Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

@samreginaa samregina@live.com linkedin.com/in/samreginaa/ facebook.com/samreginaa

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GAIA LUIZA MIRANDA GAIA simboliza a mãe-terra, o sagrado, ela representa a divindade da terra. Gaia surgiu dançando e girando. Junção entre feminino, natureza e energia, ela cria, observa e cuida de suas plantas e animais, os observa a crescer. A coleção tem como intuito representar essas qualidades em adornos corporais de metal e madeira em sua organicidade. As peças têm viés ecológico e sustentável, as madeiras utilizadas provém de pedaços colhidos na natureza e os tecidos foram comprados em bancos de tecido e tingidos com corantes naturais. @lu_neves lumneves96@gmail.com

Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

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Florianópolis

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Localizado no bairro Itacorubi. Fácil acesso as praias do Leste e Norte da Ilha. Próximo a bares,, restaurantes e shoppings. A 14 km do aeroporto internacional Hercílio Luz.

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Eu, mulher comum depoimento de Luiza Pannunzio

Eu, Luiza Pannunzio tenho por formação as artes plásticas - fiz FAAP em SP. Da paixão pela fotografia, que desenvolvi como linguagem por um tempo, ficou o olhar para os registros familiares – a história começou a ser contada através do desenho, em traços finos e complementada por pensamentos objetivos sobre folhas avulsas. Do conjunto inicial, com a presença de meus irmãos, pais e avós parti para uma compreensão maior ou foi a maturidade que me pegou pelo braço. Sofri, ri, chorei de alegria, também de tristeza, fugi e encarei através da representação de uma personagem, afeita as coisas mais simples do cotidiano: eu - mulher comum. Com meus amores e desamores, os medos e alegrias, os amigos, as inquietações constantes, a costura e o afeto desenhados diariamente, como quem conta uma história em desordem. Nasci no interior - Sorocaba/SP, dentro de um ateliê de costura e carrego comigo as linhas, agulhas e o barulho da máquina de minha mãe. O cheiro dos tecidos, o tintilar das tesouras, o vapor do ferro, a máquina registradora, sim - o comércio onde cresci são todos juntos ainda hoje, materiais de extrema importância e em sempre desenvolvimento dentro de mim. É preciso lhes contar que está tudo tão misturado aqui dentro de meu peito, que jamais serei capaz de separar minha vida física da jurídica. Tudo caminha num mesmo ritmo, entrelaçado, agarrado, unido. E isso fez coragem para eu montar meu primeiro espaço de costura aos 21, na cidade de São Paulo, onde fui para estudar aos 16. Desenvolvendo, como prefiro me referir a este ofício - desenhos para vestir pessoas que acreditam na força e importância deste trabalho. Dando maior ênfase as Artesãs - só trabalho com mulheres, num costurar sem fim. E elas, assim como eu, (R)existem. Faça chuva, faça sol, a porta do meu ateliê está aberta para receber ideias, projetos e pessoas interessadas neste feitio de roupas, como se fazia antigamente. Executo figurinos para cinema, televisão e teatros. Além de atender a clientes atentos ao que faço. Apoio artistas que buscam através des-

“ HÁ OUTROS INSTANTES NESTE ESPAÇO/TEMPO QUE TENHO ME PERMITIDO EXPERIMENTAR E AINDA TE CONVIDO A FAZER O MESMO” OCTAmag 2018 | 81


ses desenhos de vestir, uma forma de se colocar e dialogar com seu público. Num funcionamento orgânico no meio da grande cidade, sem a correria que quase engole todo mundo. Há outros instantes neste espaço/tempo que tenho me permitido experimentar e ainda te convido a fazer o mesmo. Então vem. Num dado momento, nos mudamos - a família toda - para o Rio de Janeiro. E entre muitas idas e vindas (digo isso porque voltamos a morar em São Paulo por duas vezes e moramos até na Bahia por alguns meses), em novembro de 2017, montei um pequeno espaço, perto da escola de meus filhos. Um espaço no Rio, colaborativo que nasceu da minha vontade de partilhar conhecimento e dividir despesas.

AH...AS PESSOAS! FICAM ENCANTADAS COM ESTA FORMA DE TRABALHAR. ”

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Agregar serviços. Um espaço viável pra mim que não abro mão de cuidar das crianças e do prazer em bem realizar meu trabalho. A loja de São Paulo se manteve lindamente e eu corro pra lá e de lá pra cá por todo tempo. Fato é que em nossa sociedade é corajoso por demais ter este objetivo, além da família, dos filhos… E eu, depois de quase um ano com este projeto Rio, não sei dizer se ele vale a pena. Ou melhor, qualquer um no meu lugar, já teria desistido! Porque ele acontece numa região de dificílimo acesso na cidade do Rio de Janeiro, que vive a maior crise da sua história. E isso afeta a todos nós. Continuo, porque ainda que em pequeno número, encontrei boas conversas por aqui. Ontem mesmo conheci uma senhora que trabalha numa ong que presta assistência à mulheres violentadas e ficamos horas conversando. Então, por enquanto - ALOJA Colabora, como inicialmente chamei este espaço serve ao diálogo. E é assim que vou apresentando a moda que faço. É feminista, é sustentável. E desenrola-se todo o processo desse feitio respeitador do tempo e das pessoas. Ah… As pessoas! Ficam encantadas com esta forma de trabalhar. Relatam que era assim que a mãe delas fazia. Ou com surpresa eu sempre ouço: _Isso não se vê mais! Adoro!


EU ESCREVO PARA SOBREVIVER NÃO NO SENTIDO MATERIAL, MAS O DE RESPIRAR. COMPREENDER OS SENTIDOS TODOS. ” Tanto que resolvi montar uma terceira lojinha, dessa vez em São Paulo - capital. Higienópolis vai ter um ateliê pequenino meu, muito em breve. Uma irmã mais nova pra loja da rua augusta que assiste a tudo fechar. Montar, desmontar e ela - permanece. Creio que eu tenho sorte e muita ajuda eficiente! E que juntas, minhas assistentes e eu, desenvolvemos um bom serviço de troca. O comércio é justamente isso. Justo. De ser justo e ser enxuto. Só assim, sobrevivo. E tanta gente que comigo caminha desenvolvendo este feitio de moda no Brasil. Com a maternidade tudo ficou ainda mais desenhado, bagunçado e muito mais divertido, né?! Sou mãe de Clarice, 8 anos e Bento, 6 – e com eles nasceram também O Bebê da Cabeça Quadrada, em que relato as experiências vividas entre fraldas, mamadeiras e aprendizados infindáveis. E o personagem inspirado em Bento - O menino que não sabia chorar, que virou peça de teatro - ganhando o PROAC, junto da Paula Autran, autora da peça que teve sensível olhar sobre meu menino. Também lançamos um livro desse projeto e pretendemos voltar em cartaz - o mais breve possível - afinal, esta é uma peça necessária!. Bento nasceu com fissura facial e palatina. Também sem o canal lacrimal direito - o que deu nome ao personagem - um menino que não sabia chorar e que portanto estava fadado a felicidade. Foi uma licença poética. Precisei dela para viver a realidade. Que era muita. Então, precisei fazer mais, criei As fissuradas. Uma rede de apoio para mães que como eu, tiveram ou estão para ter filhos com anomalias craniofaciais e que então, fossem acolhidas como não fui. AS FISSURADAS hoje funciona dando este apoio, informação e encaminhando ao tratamento todas as famílias que nos procuram. Daí, que me divido e me divirto em múltiplas tarefas e normalmente me perco dentre elas. Mas me encontro antes do final de cada dia. Olha que bom! Apesar de nunca saber o que vamos ter para o jantar. Damos um jeito! Sou improviso. Mas tenho em Caetano - pai de meus filhos, amor e o respeito para poder viver para sempre todos os meus conflitos, às vezes desnecessários. Ele me esclarece. É luz. Um puta pai. Resultamos em crescer juntos. Não abrimos mão de nossa companhia. Mudamos muito de estado e cidades nos últimos três anos e foi dureza, beleza, aventura, romance e instabilidade! Quanto material! A sensibilidade em meus

traços ganhou mais presença de espírito ao analisar meus dias neste novo formato/grupo/família: há uma alegria na agonia. Há uma graça na desordem. Me desenhar como uma mãe (super liberal) que recebe conselhos de uma bebê de cabeça quadrada ou ao ligar o chuveiro para poder chorar sem que as crianças percebam, são exemplos das fases hoje traçadas, sem planos. Não há tempo algum, discutimos o relacionamento enquanto escovo os cabelos de Clarice e o arroz queima no fogão. É assim que os desenhos ganham força e foi com estas histórias ilustradas que passei a contribuir aos jornais como chargista e diversas outras editoras e revistas. Atualmente desenho também para o escritor e humorista português Ricardo Araújo Pereira em sua coluna semanal no Jornal Folha de São Paulo. Todo domingo, vale conferir porque tenho achado que formamos boa dupla. E eu também escrevo... Verdade! Alimento três diários: Dos Escritos Dela - Para Bento Ler quando Crescer e Para Clarice Ler quando Crescer. Além de juntar em Diálogos Domésticos nossas melhores conversas... Eu escrevo e como diria a minha avó: “serve para não esquecer.” Eu escrevo para sobreviver não no sentido material, mas o de respirar. Compreender os sentidos todos. Sinto muito! Eu sei… Escrevo porque se não escrever, talvez eu exploda e nunca mais consiga me recolher. Escrevo para não enlouquecer, para me julgar, te contar e depois ouvir de ti que posso ser quem eu sou. Ou não. Mas estará escrito. Deve ser para SER que eu escrevo. Verdadeiro, mesmo que cada um interprete as palavras como bem entender. Escrevo porque creio que devo lhe contar as coisas mais simples que andamos vivendo. São de uma beleza inimaginável vivida por qualquer um. Precisava falar sobre nós. A gente, você, ela, eles todos. O amor. Mas eu ando mesmo a escrever para que possam meus filhos ler, quando crescidos. E principalmente, para que possam me perdoar. com humildade, igualdade, afeto e muito costurar…

SERVIÇOS E PROJETOS: » Rede As fissuradas (@asfissuradas) » Livros: PARA LER QUANDO CRESCER (editora Pólen), Pequenas ideias feministas » Projeto ALOJA colabora » Projeto Conte para alguém – em parceria com a psicóloga e escritora Thais Laham Morello (@ conteparaalguem) » Atelier LP (@atelierlp) – Rua Augusta, 2690 Galeria Ouro Fino - Térreo Loja 117 - Cerqueira César, São Paulo; Avenida das Américas, 11365 - Recreio Dos Bandeirantes, Rio De Janeiro

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Elisa veste calça ÁGATHA TARDI e top BÁRBARA SIMON DUARTE. Lara usa vestido LUIZA MIRANDA NEVES.

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DIOPTRO

FOTOGRAFIA PEDRO ROCHA ASSISTENTE DE FOTOGRAFIA BRUNO SINISCALCHI BELEZA MARIA MANOELA LAMPERT CEOLIN STYLING E PRODUÇÃO LUISA WANDSCHEER E NATÁLIA DIAS MODELOS ELISA BORDIGNON, LARA BET MENEGHEL E HELOÍSA RAMOS CUNHA

Lara veste camisa ÁGATHA TARDI, colete LÍSIA BRAGADO e paletó KARINA DOS SANTOS. Elisa veste macacão LUIZA MIRANDA NEVES, top BÁRBARA SIMON DUARTE, colete ÁGATHA TARDI e sandália acervo.

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Lara veste blusa THAYNÁ LACERDA, vestido MARIA CAROLINA P. REGINATTO e tênis acervo.

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Lara veste blusa THAYNÁ LACERDA, vestido MARIA CAROLINA P. REGINATTO e tênis acervo. OCTAmag 2018 | 89


Elisa veste macacão BÁRBARA SIMON DUARTE e blusa acervo. Lara veste calça THAYNÁ LACERDA e casaco MARIA CAROLINA P. REGINATTO.

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Heloísa veste blusa e calça PRISCILA THOMAS e casaco acervo. Elisa usa vestido ÁGATA CARRARO MORGAN e casaco THAYNÁ LACERDA.

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Heloísa veste blusa PRISCILA THOMAS e jardineira EDSANDRA REGINA DO Ó.

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Lara usa vestido LUIZA MIRANDA NEVES e calรงa KARINA DOS SANTOS.

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Elisa veste macacão MARIA CAROLINA P. REGINATTO, casaco ÁGATA CARRARO MORGAN e tênis acervo.

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Elisa usa vestido MARINA VIEIRA CASAGRANDE

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E LI S A B E T E C O NZ AT TI B R U N A C R UZ N ATÁ LI A D I A S C A M I L A B EC K E R G A B R I E LL A A R E D E S G I U LI A B . C A S AG R A N D E B R U N A TO R I N O JA N A I N A N A S C I M E N TO B I A A K E M I TATI BA N A M A RI A N A M . TO M A S I B E AT R IZ S A DA

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PANDEMÔNIO ELISABETE CONZATTI Na busca trazer atenção à problemática da guerra e suas consequências, PANDEMÔNIO surge como uma coleção-protesto que alerta sobre a participação de crianças como soldados em conflitos armados. Desta forma, a coleção conta com cores sóbrias, modelagem ampla e inspiração militar, onde as peças contam a história através do olhar da criança-soldado. A criação do design têxtil de aspecto frágil e desgastado completa o conceito da coleção. Fotografia: Pedro Bonacina

elisabete.conzatti@gmail.com linkedin.com/in/elisabete-conzatti-215bb2109/ behance.net/elisabetec

@pedrobonacina

Beleza: Gabriela Brandão @gbrandaomakeup

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REVELA[DOR] BRUNA CRUZ A coleção REVELA[DOR] fala sobre um processo de travessia doloroso, sobre deslocamentos afetivos. Traz a perda de si e os consequentes flagelos de relacionamentos aprisionadores. Das dores veladas que esses entrelaços afetivos escondem, surgem formas rígidas, tecidos pesados e texturas que pontuam tal trajetória. Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

Beleza: Gabriela Brandão

@brunnacruzz brunacruz.pereira@gmail.com

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MERGE NATÁLIA DIAS Inspirada em Asgardia, um projeto futurista de sociedade espacial pautada na igualdade e na pluralidade, MERGE reflete sobre a união de realidades distintas que encontram num propósito em comum o seu ponto de confluência: o anseio por uma vivência harmônica e pacífica. Em uma atmosfera dual, elementos de estética minimalista se fundem à riqueza de detalhes das formas orgânicas, o fluido se alia ao estruturado, e a transparência contrapõe os tecidos opacos, buscando nas divergências um conjunto consonante. @natiipd diasnnatalia@gmail.com

Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

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(D) CAMILA BECKER Aquilo que é dual diz respeito à existência de duas características distintas na mesma pessoa ou matéria. A coleção, por sua vez, representa as ideias contrastantes da mulher jovem contemporânea, sua relação com a realidade caótica e acelerada em que está inserida e a busca pela serenidade e os momentos de paz, através de tecidos pesados e cores opostas, do branco ao preto, passando pelo cinza que faz alusão ao tão desejado ponto de equilíbrio. Fotografia: Pedro Bonacina

@camilabckr camiladjbecker@gmail.com

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TÁCITUS GABRIELLA AREDES TÁCITUS é inspirada nos processos de transformação que ocorrem ao longo da vida. A coleção buscou retratar os processos metamórficos pelo qual passamos diariamente, tendo o vestuário como aliado para esses momentos. As bolsas, o ponto principal da coleção, utilizaram de processos do origami para trazer mobilidade e praticidade para as consumidoras, resultando em um visual elegante e um vestuário funcional. Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

@gabriellaaredes gabriellaaredes@gmail.com linkedin.com/in/gabriellaaredes/

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DI PRIMA GIULIA BONGIOLO CASAGRANDE Fundamentando-se na atmosfera e mulheres que representaram a geração Beat, entre as décadas de 50 e 60, embaladas por jazz, arte e poesia, a coleção DI PRIMA apresenta uma mistura da clássica alfaiataria com a caótica estética desta geração. Refletida em peças assimétricas e aplicação de estampas artísticas, poéticas e contrastantes, esta, representa a intensidade e desconstrução de algo concreto. Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

@giuliabc giuliabcasa@gmail.com

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EISENMAN BRUNA TORINO A coleção EISENMAN é baseada nos princípios que redigiam o movimento arquitetônico Desconstrutivista, traz à tona a quebra de padrões lógicos e a dissociação de interior-exterior por meio da composição de elementos e pequenos detalhes compondo looks irreverentes, dando ressignificação a alfaiataria, com recortes interconectados, formas clássicas e estruturadas, conjuntamente a bordados de distintos materiais feitos de modo casual em pontos estratégicos que conferem à coleção uma sofisticação ímpar. @brunatorino brunaftorino@gmail.com

Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

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MULTIPLICADA JANAINA NASCIMENTO Com foco no feminino que vem do Oriente, MULTIPLICADA fala sobre a mulher que se desdobra geométrica e líquida entre suas diversas facetas. É santa, puta, ou nada disso, se assim lhe convém. Criada a partir dos azulejos marroquinos e do Homem Duplicado, de José Saramago, as referências permearam todas as dualidades criadas em mundos opostos. Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

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@oooooojana janaina.nto@gmail.com

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MORFIA BIA AKEMI TATIBANA O paralelo entre imaginação e realidade traduzido em tecidos e bordados. Os sonhos lúcidos e a (in)consciência resultam em MORFIA, coleção que combina a sofisticação da linha festa em cortes verticais com a aplicação de paetês coloridos e irregulares, que se harmonizam de maneira a criar uma textura inusitada, provocando sensações estéticas e táteis únicas. Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

@biatatibana facebook.com/BiaTatibana biatatibana@gmail.com linkedin.com/in/biatatibana

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SOLILÓQUIO MARIANA TOMASI Dos questionamentos sobre a existência humana surgiu à coleção SOLILÓQUIO, em que o personagem transborda sua natureza reflexiva e expõe sua consciência. Inspirada nos estudos do sociólogo francês, Maffesoli, busca materializar a identificação contemporânea, a qual dilui a identidade do indivíduo ao toque do corpo social. Tornando o sujeito: MÚLTIPLO, FACETADO E TEATRAL. A coleção ganha forma a partir de sobreposições, tecidos refinados e um design têxtil extravagante que deixa em foco a dramaticidade do ser. @marianamtomasi mmarianatomasi@gmail.com behance.net/mmarianatodaea linkedin.com/in/mariana-maçaneiro-tomasi-a14986156

Fotografia: Pedro Bonacina @pedrobonacina

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BENÚ BEATRIZ SADA Do verbo egípcio ueben, “brilhar ou erguer”. Mesmo antes dos deuses existirem, havia Benú, nume em forma de garça, precursora da criação. Protagonista do mito contado através da moda, BENÚ, como coleção, é fruto da experimentação de formas e texturas na concepção de um traje performático. Estruturada sem um corpo, mas capaz de ser alterada pelo mesmo, ela tem em si seu fim e seu começo. Como uma fênix, é do seu ser que flui o fogo da transformação. Fotografia: Pedro Bonacina

@beatrizsada beatrizsadar@gmail.com

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O S R E T R AT O S D E BOB WOLFENSON p o r M a r i n a V. C a s a g r a n d e Bob Wolfenson é considerado um dos maiores fotógrafos da América Latina. Referência como retratista, fotógrafo de nus e de moda, iniciou sua carreira fotográfica aos dezesseis anos como assistente de fotografia na Editora Abril. Já fotografou grandes nomes como Caetano Veloso, Gisele Bündchen, Fernanda Montenegro e Sebastião Salgado, além de assinar produções para veículos como Vogue, Elle, Playboy, Harper’s Bazaar, Marie Claire e Rolling Stone. Wolfenson também é criador e editor da revista de arte e moda S/N. Sua exposição, Retratos - em cartaz até 9 de dezembro e entrada gratuita no Espaço Cultural Porto Seguro em São Paulo - apresenta trabalhos dos seus quase 50 anos de carreira como fotógrafo de retratos. A mostra, dividida em vários núcleos, traz personalidades diversas, ligadas à política, à moda, ao esporte, à música, entre outros. Em entrevista, o fotógrafo conta sobre a exposição, sua carreira e sua ligação com a fotografia; além de dar conselhos sobre produção de imagem de moda.

1. VOCÊ DISSE QUE “FOTOS DIZEM MAIS SOBRE O FOTÓGRAFO QUE SOBRE O FOTOGRAFADO”*. O QUE SUAS FOTOS DIZEM SOBRE VOCÊ? ESSA RESPOSTA MUDOU AO LONGO DOS SEUS ANOS DE CARREIRA? COMO SUA EXPERIÊNCIA E AMADURECIMENTO IMPACTARAM NA EVOLUÇÃO DO SEU TRABALHO? ISSO PODE SER VISTO NA EXPOSIÇÃO? Eu acho que qualquer trabalho artístico diz mais sobre o autor do que sobre o objeto ou sujeito do trabalho dele porque sempre é uma visão pessoal. Na fotografia ainda se confunde um pouco isso porque ela é uma boa representação da realidade. As pessoas pensam que aquilo que estão vendo é o real, mas não é, porque é uma opinião; na hora que você põe a câmera e isola uma parte do todo, você faz uma escolha. Por exemplo, na minha exposição, que é uma exposição de retratos, existem várias pessoas ali, e quando você pega o todo da exposição você vê que tem um olhar muito parecido, muito

semelhante sobre todas as pessoas - o que dá uma unidade que não existe na vida real. Não sei exatamente o que as fotos podem dizer ao meu respeito, mas tem uma coisa da minha personalidade muito presente nas fotos: elas têm um fluxo, uma certa extroversão, uma cooperação, uma confiança. Eu acho que uma relação de retrato é uma relação de confiança. A pessoa precisa confiar para poder se deixar levar e chegarmos àquilo que eu considero um milagre, que é um bom retrato. Quando eu comecei a minha carreira eu não pensava muito sobre isso, eu simplesmente fazia e depois eu fui estabelecendo nexos, enfim, olhando para o trabalho como uma obra mesmo.

2. A EXPOSIÇÃO “RETRA-

TOS” TRAZ UM APANHADO DE FOTOS DE TODOS OS SEUS ANOS COMO FOTÓGRAFO. SE VOCÊ PUDESSE CONVIDAR O PÚBLICO, O QUE FALARIA SOBRE ELA? A exposição de retratos são só trabalhos que foram pedidos para mim, para capa de discos, capas de livro, editoriais de revista, capas de revista ou para as próprias pessoas que pediram

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para serem fotografadas. Eu transito por várias disciplinas da fotografia e retrato é uma parte do meu trabalho, então é uma retrospectiva nessa parte. Eu diria que tem um conjunto da história do Brasil ali, das pessoas que eu tive a oportunidade de estar à frente. A vida de fotógrafo é uma aventura muito grande, você poder encontrar essas pessoas - e o retrato é um encontro. Uma das últimas fotos que eu fiz foi do Sebastião Salgado. Eu quis fazer, fui a Paris só para fazer. Na verdade, fotografar foi um pretexto para encontrá-lo, conversar, trocar ideias. Enfim, eu acho que é isso, eu acho que os retratos são um grande encontro.

3. DE ONDE VEIO A IDEIA DA EXPOSIÇÃO? COMO

FOI O PROCESSO DE SELEÇÃO DE FOTOS E QUAIS OS CRITÉRIOS ADOTADOS? E, NO SEU PONTO DE VISTA, QUAL FOTO NÃO PODERIA FICAR DE FORA? Já há muito tempo eu queria fazer, uma parte porque como eu vinha fazendo muitos trabalhos que eram da minha cabeça como “Antifachada – Encadernação Dourada”, “A Caminho do Mar”, depois “Apreensões”, “Belvedere”, “Nósoutros” que foram todos trabalhos inventados por mim e diferentemente desse [Retratos], eu tinha a premissa, tinha a ideia e saia para fotografar. Nesse caso, eu juntei coisas fotografadas e fiz algumas poucas fotos para completar com o que eu queria ter na exposição. Há muitos anos eu vinha pensando em fazer uma exposição do meu acervo, das coisas e das pessoas que eu tinha encontrado nessa vivência. Mostrar para as pessoas o que também é a história de uma parcela do Brasil nesses meus 45 anos de carreira. O processo de seleção das fotos foi longo porque partimos de mais de mil e quinhentos retratos e precisávamos de cento

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e cinquenta. Então tinha dez vezes mais do que eu poderia ter na exposição e fomos tirando. Mil e quinhentos retratos não eram de mil e quinhentas pessoas diferentes - muitas pessoas eu fotografei muitas vezes ao longo da vida. Então eu fui também tirando os excessos e chegamos em duzentos e trinta, que não era a ideia inicial, mas acho que ficou muito preciso assim. E eu tinha três pilares de critérios adotados. Um: história – estar diante de alguém muito relevante, como Roberto Burle Marx, Hélio Oiticica, Lina Bo Bardi, fotos que não podiam ficar de fora de jeito nenhum. O segundo pilar seriam fotos extraordinárias, pessoas às vezes nem tão conhecidas, nem tão importantes, mas as fotos eram extraordinárias. E o terceiro pilar seria a importância das pessoas com fotos boas. Enfim, usando esses três pilares eu cheguei nesse conjunto. É difícil dizer isso; as pessoas me perguntam qual é a melhor foto. As fotos me enfastiam também, tem hora que não aguento mais nem olhar. Obviamente, a foto do Caetano, do olho arregalado, talvez seja minha foto mais icônica. A foto da Fernanda Montenegro também. Eu entendo que elas sejam, de uma certa forma, uma marca de um tempo, o centro de um trabalho, a expressão de um momento.

4. O QUE A FOTOGRAFIA DE MODA TE PROPOR-

CIONOU QUE NÃO PODE SER EXPERIENCIADO EM OUTRAS ÁREAS DA FOTOGRAFIA? E, NA SUA OPINIÃO, COMO ESTÁ A PRODUÇÃO DE IMAGENS DE MODA ATUALMENTE NO BRASIL? A fotografia de moda é uma possibilidade imensa de criação; você parte de uma abstração absoluta. É um mundo muito mais mágico, mais onírico, onde cabe a invenção - muito mais do que num retrato por exemplo. E a atividade de


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fotografia de moda também me levou a muitos lugares, me fez ganhar dinheiro, me fez conhecer outras pessoas, me fez desenvolver um trabalho que eu acho que tem muita relevância, em que pese estar no Brasil que é um país periférico na área da moda. Eu gosto muito de ser fotógrafo de moda. Na fotografia de moda tem uma coisa muito interessante: a autoria dela é muito dividida. São várias pessoas realizando seu ego – não no sentido pejorativo da palavra ego, mas no bom sentido, do realizar o seu eu. Tem o stylist realizando o seu eu, a editora da revista, o cabeleireiro/maquiador que é uma peça importante, a própria modelo, enfim, todo mundo ali, dando o melhor de si.

Eu acho que dos anos 80 para cá houve uma produção de imagens muito interessante, mas estamos sofrendo muito com o fechamento das revistas - que eram os grandes veículos de comunicação, tanto dos fotógrafos, como da própria moda em si. Quer dizer, está sobrando muito pouca coisa; a concorrência está muito grande, tem muita gente fotografando. Eu acho que a fotografia de moda não vai acabar, mas ela vai encontrar um outro caminho, vai se misturar um pouco com essa coisa da imagem em movimento e vai encontrar outras formas de se comunicar que não sejam as grandes revistas centrais. Em que pese, eu acho que as grandes marcas vão continuar, mas ficarão mais nichadas, não vão ter esse alcance que elas tinham.

4. UM LIVRO PARA TER NA CABECEIRA DA CAMA

1. UM FOTÓGRAFO QUE TE INSPIRA

An autobiography – Richard Avedon, esse livro é genial sob todos os aspectos.

Talvez a tríade Helmut Newton, Richard Avedon, Irving Penn. Eles são os grandes baluartes da fotografia de moda, retrato e comportamento.

5. UM PROJETO QUE VOCÊ AINDA QUER

2. UMA MODELO QUE FOI EXTRAORDINÁ-

Eu estou engendrando alguma coisa internacional, eu quero passar daqui agora para um passo a mais, dar uma internacionalizada no meu trabalho. Eu já tenho uma carreira muito solidificada aqui no Brasil, eu quero dar uma voada por aí.

RIO FOTOGRAFAR

A Gisele, sem dúvida nenhuma. Por tudo que ela conseguiu, que ela fez, que ela faz, como ela é, como ela consegue dominar o corpo dela, as formas dela e oferecer aquilo que a tornou tão grande.

3. QUEM É A PESSOA VIVA QUE VOCÊ GOSTARIA DE CONHECER E QUEM DO PASSADO, SE FOSSE POSSÍVEL, GOSTARIA DE TER CONHECIDO?

Ninguém específico - não vou em busca de ninguém não, fico esperando acontecer. Alguém do passado seria o próprio Avedon, o próprio Penn, Newton, esses eu gostaria de ter conhecido.

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REALIZAR

6.

UM CONSELHO PARA QUEM ESTÁ ENTRANDO NO MERCADO HOJE E QUER TRABALHAR COM PRODUÇÃO DE IMAGEM E MODA Essa é a parte difícil, o conselho. Eu acho que encontrar uma coisa particular, ter muita perseverança, ter humildade para aprender. É importante para um fotógrafo saber de moda, mas principalmente não saber só de moda, é importantíssimo saber sobre filmes, livros, cultura em geral, repertório, vivência, a própria vida. Deixar que haja um fluxo entre a sua personalidade e o seu trabalho para que aquilo fique estampado no trabalho. Eu digo que muita gente fotografa, pouca gente é fotógrafo. Então é isso, para ser fotógrafo precisa de muito mais coisas do que simplesmente fotografar.


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Simonetta FOTOGRAFIA FLÁVIA DUMMER BELEZA ISADORA SOUZA MODELO LAÍS TOMASELLI STYLING E PRODUÇÃO MARIA CAROLINA PAIXÃO E MAIANA PERDOMO

Laís usa vestido NATÁLIA DIAS, sobreposição MARIANA MAÇANEIRO TOMASI, anágua e botas acervo.

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Laís usa vestido MARIANA MAÇANEIRO TOMASI e capa BIA AKEMI TATIBANA

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Laís veste jaqueta BRUNA TORINO, OCTAmag 2018 | 131 top e calça acervo.


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Laís veste blusa BEATRIZ SADA e casacos ELISABETE CONZATTI.


Laís usa vestido BIA AKEMI TATIBANA, detalhe GIULIA BONGIOLO CASAGRANDE e anágua acervo.

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Laís veste camisa GIULIA BONGIOLO CASAGRANDE e casaco GABRIELLA AREDES

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Laís veste blusa NATÁLIA DIAS e macacão BRUNA CRUZ

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Laís usa vestido NATÁLIA DIAS, bolsa GABRIELLA AREDES 136 | OCTAmag 2018 e botas acervo.


Laís veste top BRUNA TORINO, traje BEATRIZ SADA e botas acervo.

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Laís veste macacão CAMILA BECKER e cachecol ELISABETE CONZATTI.

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Laís usa vestido GABRIELLA AREDES OCTAmag 2018 | 139 e blusa JANAINA NASCIMENTO


Laís usa vestido GABRIELLA AREDES, calça como blusa JANAINA NASCIMENTO 140 | OCTAmag 2018 e botas acervo.


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Foto FLÁVIA DUMMER modelo MIRANDA LUZ, maquiagem MARIA MANOELA L. CEOLIN

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DRAGÃO FASHION por Lísia Bragado e Maria Júlia Zarpelão Hernandes revisado por: Monique Vandresen

Não muito tempo atrás, em meados do século passado, o do ponto “Criação em 360º”, os alunos do curso de Moda da Brasil ainda não era tido como um potencial produtor de Udesc Bruna Cruz, Carla Pietra, Gabriel Bohn, Jéssica Steffan, moda. As cidades cariocas e paulistas e suas casas de comércio Leticia Caponera e Victor Miaki, orientados pelo professor importavam artefatos europeus e os adaptavam ao clima bra- Dr. Lucas da Rosa, executaram a coleção intitulada MANÉ, sileiro - seja encurtando comprimentos, retirando o excesso tendo como inspiração os nativos da ilha de Florianópolis. de tecidos ou trocando as lãs pesadas por tecidos similares Para realizar o projeto, a equipe foi dividida em três e mais leves. As boutiques e os figurinistas - como eram grupos de trabalho, atendendo as demandas de “criação”, chamados os estilistas que adequavam as peças europeias “execução” e “produção”. Apesar de terem recebido diferentes para o país - começaram a expor suas criações em desfiles responsabilidades, todos os membros puderam se envolver e exclusivos para a alta sociedade. Esses eventos foram os participar de todas as etapas, contribuindo para o resultado precursores das feiras de moda da década de 1960, momento final. Ao todo, foram apresentados oito looks, um editorial no qual a moda brasileira inaugura sua projeção. As feiras fotográfico e um fashion film. O Editorial contou com fotos reuniram num só evento uma mostra de tendências de mer- da aluna do curso de Moda da Udesc, Flávia Dummer, e teve cado, apresentações de música, arte e teatro. O propósito de maquiagem assinada pela também aluna, Maria Manoela criar e fortalecer uma identidade autoral brasileira fez surgir Lampert. Já o fashion film, apresentado no momento de nos anos 1990 as fashion weeks nacionais, especialmente abertura do desfile, foi realizado em parceria com mais uma no eixo Rio-São Paulo. aluna do curso, Tainá Bernard. Também ao fim dessa década surge o Dragão Fashion Segundo a equipe, o tema não somente instigou a reflexão Brasil (DFB), maior evento de moda autoral da América sobre o fazer moda na atualidade, mas também levou a um Latina. Idealizado em 1999 por Cláudio Silveira na capital pensar sobre a cidade de Florianópolis, que como ponto cearense, o Dragão tem como intuito o fortalecimento da turístico converge turistas e nativos. Com o intuito de conmoda brasileira, servindo como plataforma de lançamento templar a cultura da região e valorizar a tradição pesqueira de novos estilistas. Seu nome faz referência ao local onde era da capital catarinense, os alunos reutilizaram materiais realizado, no Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura. Desde comuns do dia-a-dia dos pescadores, transformando o que a o ano de 2015, com o nome Dragão Fashion Brasil Festival princípio foi criado como ferramenta de trabalho, em tecidos e sediado no Terminal Marítimo de Passageiros do Porto e aviamentos. Para o acima referido editorial fotográfico, de Fortaleza, o festival tem duração de quatro dias e conta a equipe escolheu o Mercado Público de Florianópolis. A com programações multidisciplinares de música, cultura, produção destacou aquele que é, ao mesmo tempo, ponto gastronomia, formação e empreendedorismo, propondo turístico e ponto comercial pesqueiro. evidenciar a cultura de Fortaleza e do Nordeste no espaço Toda dedicação, qualidade técnica e estética foram redo mercado de moda nacional, o qual, muitas vezes, dá visi- compensadas com a premiação da equipe como segunda bilidade somente às produções criativas da região Sudeste. colocada do concurso. Além disso, mídias de renome, como A cada ano, uma temática é escolhida. Costurando as Vogue Itália destacaram a diversidade das coleções apresenpalestras acontece o Concurso dos Novos, no qual estudantes tadas no DFB 2018, onde a coleção MANÉ apareceu como de instituições de ensino superior e técnico na área da moda uma das produções criativas do evento. podem inscrever seus projetos e apresentá-los durante o Foi reutilizando materiais e reorganizando ideais que a evento. Neste ano, o tema “360º” trouxe à tona os princípios equipe da Udesc conseguiu levar aquilo que jurados, proda Economia Circular e Economia Criativa e propôs vislum- fessores e jornalistas consideraram criativo e de qualidade. brar a realidade além das superfícies, alcançando todos os Como em um movimento circular - em que as partes apontam sentidos, as direções, os escopos. A ideia foi oferecer e pos- para suas origens, ao mesmo tempo em que se combinam sibilitar propostas criativas acessíveis a todos, de maneira com atual para criar o novo - nas roupas, acessórios e beleza inclusiva e sem limites. de MANÉ, modernidade e tradição puderam caminhar paO Curso de Moda da UDESC participou este ano, pela ralelas rumo ao objetivo de fortalecer e se fazer conhecer a primeira vez, do maior encontro da moda autoral da América moda autoral brasileira. Junto disso, o Dragão Fashion Brasil, Latina, o Dragão Fashion Brasil (DFB). Com o conceito de como plataforma indispensável aos novos talentos brasi“festival” desde o ano passado, o Dragão tem uma vocação leiros, cumpriu o seu papel, levando, para além do Sudeste, multidisciplinar que ultrapassa a moda e abrange diversos um encontro multidisciplinar, onde inclusão, diversidade aspectos da cultura, como a gastronomia e a música. Partindo e inovação são indispensáveis.

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ENTREVISTA COM

EQUIPE UDESC

equipe: Bruna Cruz, Carla Pietra, Gabriel Bohn, Jessica Steffan, Leticia Caponera e Victor Miaki. 1.Como foi o processo conceitual da coleção? Qual foi o seu conceito? Quais conhecimentos apreendidos na universidade ajudaram vocês definir as formas, cores e texturas utilizados? A proposta do concurso foi pensar/fazer moda em 360º, abrangendo todos os ângulos que compõem a cadeia têxtil e dando ênfase em aspectos da economia circular. Nosso conceito contemplou a cultura da região onde moramos. MANÉ é o encontro de duas linhas paralelas, o da cultura local viva e pulsante e do questionamento sobre onde o consumo desenfreado está nos levando. O conceito da coleção partiu da valorização pesqueira dos manézinhos, nome dado aos nativos da região de Florianópolis. Buscamos reconstruir a relação entre praias, turistas, passageiros e tradições, expondo o consumo sem moderações e o descarte demasiado de materiais. Assim, apontamos soluções viabilizando reutilização de materiais do dia a dia dos pescadores, transformando-os em tecidos e aviamentos para produção das peças. Os fundamentos aprendidos no curso de Moda da Udesc foram de suma importância para criação do conceito, pois valorizam a criatividade e o livre arbítrio para sair do óbvio. Na coordenação do grupo e auxílio durante o processo de conceito da coleção contamos com o apoio do professor Dr. Lucas da Rosa. 2. Vocês utilizaram materiais alternativos, como rede de pesca. Como foi adicionar materiais não convencionais na coleção? Quais foram os maiores desafios e o que vocês fizeram para superá-los? A escolha de materiais nos impôs muitas dificuldades. Foi através de diversos testes que chegamos nos melhores acabamentos para cada tipo de material. Reciclamos diversos tipos de redes de pesca, para quais haviam especificidades de acabamento. A melhor opção para maioria delas foi transformá-las em uma espécie de renda. No entanto, para priorizar o acabamento, o processo executivo de cada peça foi pensado individualmente. Mudanças no nosso cronograma tiveram que ser feitas devido aos longos processos de execução e à grande quantidade de peças e seus tamanhos. Felizmente, o trabalho em equipe e a divisão das etapas possibilitou sanar os empecilhos. Outro ponto crítico na produção foi utilizar o mínimo de aviamentos possível porque eles geram grande impacto ambiental - tanto pelo transporte quanto pelo uso de metais que geram poluição e dificultam a reciclagem. Assim, desenvolvemos fechamentos que utilizavam chumbos de pesca como botões e a própria rede como casa do botão. Para detalhes com as cordas, desenvolvemos um ilhós utilizando a máquina de

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bordado. E quando foi necessário adicionar rigidez às peças, utilizamos banners ao invés de entretela. Para os demais tecidos tivemos apoio do projeto Ecomoda da Udesc, donde selecionamos tecidos de descarte e que em sua composição já partiam do processo de reciclagem. 3. Como vocês definiram a locação, a modelo e o clima das fotos? Qual foi a importância da produção de fotografias no resultado final do concurso? Escolhemos a parte da peixaria do Mercado Público de Florianópolis como locação para as fotos porque ela retrata a base da coleção: a mistura da pesca e da tradicionalidade com a intensa circulação de pessoas pela cidade. A escolha da modelo Miranda foi uma decisão unânime do grupo. O clima foi pensado para retratar a confusão mental/identitária que o “manézinho” sofre ao ver sua identidade desconstruir-se e tradições apagarem-se com a chegada frenética de novos moradores e turistas. Para passar essa “confusão mental”, nós procuramos referências fotográficas no filme alemão “Lola Rennt”. Nesta parte tivemos o apoio da aluna do curso de moda da Udesc e fotógrafa Flávia Dummer e da também aluna e maquiadora Maria Manoela Lampert. Acreditamos que a produção teve um peso importante no resultado do concurso tanto por mostrar um conceito bem alinhado, quanto por apresentar o verificado potencial da nossa equipe e nossa coleção. 4. Além das fotos, vocês fizeram um fashion film. Como vocês avaliam o vídeo como alternativa para comunicar o conceito além da passarela? Em quais aspectos o audiovisual contribuiu para a comunicação da coleção? Nós compreendemos os fashions films como uma nova forma de comunicar o conceito, muito próximo a um editorial de moda, mas com muito mais força. Além de maior impacto na divulgação, eles geram mais interação entre o público e a coleção. O fashion film da coleção foi pensado para o momento de abertura do desfile. Por esse motivo resolvemos mostrar os detalhes da coleção, instigando o público ao que estava por vir. Além disso, a filmagem contribuiu para a divulgação da coleção. Fashion films são convergentes com o nosso tempo, são uma forma de divulgar um conceito criativo de forma efetiva, já que tentam suprir a ausência física da peça (e a supressão do tato), demonstrando a roupa em movimento e instigando o sentido auditivo. Nessa etapa, contamos com o apoio da aluna de moda da Udesc e fotógrafa Tainá Bernard e, novamente, da aluna e maquiadora Maria Manoela Lampert.


5. Como foi a experiência de ser o orientador da equipe durante a realização do projeto? Prof. Dr. Lucas da Rosa: Como orientador pude trabalhar com o grupo desde o início, auxiliando nas tomadas de decisões e contribuindo diretamente nas etapas de criação, desenvolvimento e confecção das peças. Inclusive no período de férias, em janeiro de 2018, fizemos encontros presenciais. Assim, antes de iniciar o semestre já tínhamos selecionados os looks do book e o look que seria confeccionado para enviar com todo o material exigido no edital do concurso. Toda a parte da produção de moda, inclusive o fashion film, foram feitos pelo grupo de forma independente, sem a minha interferência, pois puderam experimentar os conteúdos apreendidos nas diferentes disciplinas que já cursaram no Bacharelado em Moda da Udesc. Acredito que foi uma experiência gratificante para mim e para o grupo, em especial, pelo fato de termos participado pela primeira vez na etapa final do concurso e sermos recompensados com a segunda colocação.

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Organic FOTOGRAFIA GUILHERME PAZETTO BELEZA FABIANA ARCOVERDE ASSISTENTE DE BELEZA ANA PAULA FRANCO STYLING E PRODUÇÃO BEATRIZ SADA, LUISA WANDSCHEER E ÁGATA MORGAN MODELOS EDUARDA BRANDÃO E EDUARDO SCHÜELTER

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Eduardo e Eduarda vestem acessรณrios LUIZA MIRANDA NEVES

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Eduardo veste blusa JESSICA STEFFAN

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Eduarda veste vestido LUIZA MIRANDA NEVES e chapéu BRENDA GODINHO

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Eduarda veste blusa THAYNÁ LACERDA

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Eduardo usa vestido LUÍSA WANDSCHEER

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Eduardo veste gola VIOLETA ADELITA

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Eduarda veste gola VIOLETA ADELITA e brinco LÍSIA BRAGADO.

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A Kotzias celebrou 100 anos de história em ano de 2010. Como ocorreu sua fundação em 1910? O seu avô Anastácio Kotzias deixou a Grécia já com o objetivo de comercializar tecidos finos na cidade de Florianópolis?

Na verdade, o comércio de tecidos finos não foi o plano inicial. O meu avó era ainda jovem quando chegou na antiga Desterro do ano de 1895. Ele veio para ajudar o seu pai – meu bisavô – na atividade de engenharia naval que já desenvolviam na Grécia. O serviço de transporte marítimo proporcionou a oportunidade de importar tecidos em geral que, somado com o perfil comerciante do meu avô Anastácio Kotzias, o fez estabelecer a Kotzias Tecidos em 1910. Ele voltou mais uma vez a Grécia para casar com minha avó, Moscopiá, e trouxe com ele os primeiros fardos de tecidos para abrir a loja. Então, desde o começo a Kotzias Tecidos foi um negócio familiar.

Em entrevista à Prof. Dra. Amanda Queiroz Campos

Moscopiá Kotzias

1.

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2.

A história da Kotzias mescla-se com a história social da moda catarinense. Qual foi a relação da Kotzias com estilistas renomados como Ninita Muniz, Maria Neves, Galdino Lenzi, Gesoni Pawlick e Erica Thiesen?

Com muita alegria posso dizer que todos eles sempre foram meus parceiros e amigos. A começar pela Maria Neves que desenhou e confeccionou o meu vestido de casamento. O que o posso dizer de alguém que estava em um momento tão especial e em que hoje muitas das minhas clientes vivem desse mesmo sonho? Ela soube muito bem como torná-lo mais especial ainda. O Lenzi sempre foi um companheiro muito importante em minha vida; ele vinha todas as manhãs de sábado na loja conversar comigo e falar sobre tecidos. O tempo passava rápido quando ele estava por lá. O trabalho dele é atemporal e muito sofisticado. Sempre que me contam que possuem uma peça elaborada pelo Lenzi eu logo aconselho: é um tesouro, guarde com muito carinho. Mas claro que elas não me escutam e usam sempre que podem. Não posso culpá-las. O Gesoni Pawlick foi outro talentoso costureiro e ainda mais talentoso empresário que sabia bem o que queria quando o assunto era tecidos. Trabalhou muito e de um atelier pequeno construiu um império. Tenho muita admiração por ele.

como ela é hoje. Pesquisei sobre moda, direcionei a empresa para tecidos finos e conheci a técnica francesa da moulagem que é desde então, desenvolvida pela loja. Não podemos escolher o que acontece conosco, mas podemos escolher acreditar no que há de bom em tudo. Eu escolhi acreditar em todos aqueles que me apoiaram naquele momento e retribuir dando o meu melhor. Não me arrependo.

4.

Atualmente a Kotzias conta com duas lojas. Uma em um tradicional espaço comercial da cidade e outra em um shopping center. Como você percebe essa mudança de espaço de varejo na cidade de Florianópolis?

É uma experiência múltipla. Como uma adolescente vira mulher, eu vi Florianópolis se transformar. No Calçadão da Felipe Schmidt até pouco tempo, todo mundo se conhecia. Era comum ir comprar alfinetes e encontrar dois ou mais amigos pelo caminho. Agora essa realidade mudou de endereço para o Shopping do coração da cidade, onde a Kotzias Tecidos opera desde o primeiro dia. Ambos espaços comerciais são promissores, mas cada um tem seu traço de personalidade; o ritmo de um diverge do outro. Vejo o varejo em Florianópolis apto para ambos os mercados e a mudança não desmerece nenhum deles, apenas fortalece Florianópolis como uma cidade diversificada e cada vez mais cosmopolita.

A Dona Ninita não preciso nem falar, sempre foi muito decidida e sempre fez tudo acontecer. Quando a conheci a empresa ainda era administrada pelo meu pai, e sempre a admirei pelo seu jeito simples e direto. O que ela fez por Santa Catarina é valoroso e deve ser sempre lembrado. Mas nem todas as estrelas estão no céu, certo? Érica esteve aqui outro dia com a sua neta Sofia e não preciso nem dizer como é agradável receber a visita delas. Pessoa muito especial, talentosa e querida. Não tem como esperar diferente dessa mulher chamada Érica Thiesen, que é irreverente e muito divertida. Sua produção tem essa assinatura irretocável.

3.

No ano de 1985 um incêndio destruiu totalmente a loja da Felipe Schmidt. Além do acervo foram queimados arquivos e fotografias. Como esta perda impactou a família e os negócios?

Sem dúvida foi um momento muito impactante na minha vida e na de todos que trabalhavam por aquela empresa. Mas também foi uma oportunidade de transformação de uma nova Kotzias Tecidos. A força surgiu dos clientes que, após a tragédia, vinham visitar, oferecer palavras carinhosas e até comprar os poucos tecidos que recomeçamos. A atitude daquelas pessoas tão especiais foi a energia que eu precisava para reconstruir a marca 156 | OCTAmag 2018

Moscopiá e seu pai, Miguel Anastácio Kotzias. Crédito: acervo familiar


5.

Trabalhando há tanto tempo na capital catarinense, como você percebe a criação de moda em nosso Estado?

Eu percebo que aqui existe um setor produtivo muito rico. Até o ano passado o Brasil constava como o quinto maior produtor têxtil do mundo. E sendo que Santa Catarina é reconhecida pela Fiesc como um dos principais polos desse setor no Brasil. Tudo isso por conta da Moda. É ela que impulsiona a indústria criativa movimentando capital humano e financeiro para cá. A criação de moda catarinense está ganhando mais força agora, nos últimos anos. Acredito que perdemos muito tempo acreditando que era preciso ir para fora para ser alguém. Hoje vejo que temos a auto estima necessária para reconhecer nossos talentos locais e assumir as características da moda catarinense, com toda a sua história e visão de mundo. Tenho muita esperança que Santa Catarina continue nesse caminho de liderança criativa no setor da moda.

6.

Como a Kotzias se envolveu em ações de moda pelo Estado de Santa Catarina, como por exemplo a Teciteca do Departamento de Moda da Udesc?

O nosso envolvimento com a Teciteca foi algo muito natural e espontâneo. Naquele ano alguns professores da Udesc vieram até a Kotzias para conferir os tecidos e eu fui apresentando as novidades, as composições de cada um e formas de uso. Estou falando de linhos, veludos (que na época só vinham da Alemanha), zibelines,

TE . . CI TE . . CA

guipuires, tafetás, chamois francês e muito mais. Sempre que conseguia algo novo eu acabava separando para mostrar para os professores e alunos da Udesc. O projeto foi ganhando forma e fui cedendo alguns cortes para o acervo e com o tempo a Teciteca ganhou volume e se tornou uma grande fonte de dados para os estudantes de moda. Tenho muita satisfação de poder contribuir com a Universidade – que faz parte da minha formação da Graduação ao MBA – e também com o ensino de Moda no Estado de Santa Catarina.

7.

Como é conduzir um negócio familiar na contemporaneidade?

Fácil nunca fui e nunca será. É preciso saber muito bem os limites para não perder o profissionalismo. Isso aprendi muito bem com meu pai, Miguel Anastácio Kotzias, que me ensinou tudo que sei sobre o empreendedorismo. E o quanto eu aprendi! Como comecei muito nova no ofício, foi realmente um jornada constante com muitos erros e alguns suados acertos. Quando assumi a Direção da Kotzias Tecidos em 1985, foi realmente desafiador para minha jovem carreira. Hoje o que ensino aos meus filhos tem a mesma base do que aprendi com meu pai, porém num ritmo muito mais rápido e eficiente. Atualmente nos apoiamos mais na tecnologia do que antigamente, mas sou bem consciente que o principal valor que possuímos como Kotzias Tecidos é oferecer o que há de melhor para nossos clientes. Para mim, isso é uma coisa não muda com o tempo nem nunca mudará.

A Teciteca do Centro de Artes da Udesc é um projeto de extensão, idealizado pela professora Dra. Maria Isabel Costa em 1996 e fundado em 1997. Tem como principal objetivo fornecer subsídios aos profissionais da área da moda para atuarem em processos da cadeia produtiva têxtil: fiação, tecelagem, malharia, beneficiamento e confecção. Está aberta para consulta e pesquisa didáticas pelos acadêmicos, professores, profissionais da área e comunidade em geral. O acervo da Teciteca do Ceart conta com bandeiras têxteis, catálogos de tecidos, catálogos de aviamentos, periódicos e outros materiais didáticos da área. Contamos com a colaboração de empresas parceiras para a doação desse material que, após a devida catalogação, é disponibilizado ao público. O Projeto Teciteca é atualmente coordenado pela professora doutora Lourdes Maria Puls, com a colaboração da professora mestre Tatiana Castro Longhi e participação das bolsistas de extensão Ana Beatriz Vieira e Bruna Laísa Monte. Texto por Prof. Me. Tatiana Castro Longhi

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FOTOGRAFIA TAINÁ BERNARD BELEZA JULIA STAEDELE ASSISTENTE DE BELEZA MARIA MANOELA LAMPERT CEOLIN STYLING E PRODUÇÃO GIULIA CASAGRANDE, MARIA CAROLINA PAIXÃO E NATÁLIA DIAS MODELOS CINTYA HIKARI, LUIZA SARAIVA, GABRIELA CAMPOS, MIRANDA LUZ, MORGANA ZIRBEL

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Cintya veste body GIOVANNA CAMPOS e camisa ÁGATHA TARDI Miranda veste body VIOLETA ADELITA e parka acervo.

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Luiza veste calça GIOVANNA CAMPOS, blusa MAIANA PERDOMO, camisa BRENDA GODINHO e tênis acervo.

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Cintya usa vestido MARIANA MAÇANEIRO TOMASI, casaco ELISABETE CONZATTI e tênis acervo. Miranda veste colete ÁGATHA TARDI e sutiã e tênis acervo. Luiza usa vestido NATÁLIA DIAS e saia acervo.

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Cintya veste sutiã acervo, vestido GABRIELLA AREDES e mochila THAYNÁ LACERDA.

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Miranda usa vestido MARIA CAROLINA P. REGINATTO, blusa e tênis acervo.

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Gabriela veste body GIOVANNA CAMPOS, casaco MARIA JÚLIA Z. HERNANDES e tênis acervo.

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Luiza veste blusa MAIANA PERDOMO, calça GIOVANNA CAMPOS e tênis acervo. Miranda veste body VIOLETA ADELITA e parka acervo. Morgana veste cachecol como blusa ELISABETE CONZATTI, saia ÁGATHA TARDI, calça e tênis acervo. Cintya veste body GIOVANNA CAMPOS, camisa ÁGATHA TARDI e tênis acervo.

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Morgana veste casacos STEFANIE C. DE ARAUJO e ÁGATA CARRARO MORGAN. Gabriela veste blusa NATÁLIA DIAS, saia GIOVANNA CAMPOS, sutiã e tênis acervo. Luiza veste casaco como blusa GABRIELLA AREDES, saia LÍSIA BRAGADO, sutiã, óculos e tênis acervo. 168 | OCTAmag 2018


Gabriela veste body GIOVANNA CAMPOS, casaco MARIA JÚLIA Z. HERNANDES e tênis acervo. Morgana veste jardineira como colete VIOLETA ADELITA, calça KARINA DOS SANTOS e tênis acervo. Cintya veste macacão CAMILA BECKER, detalhe MARIA CAROLINA P. REGINATTO e tênis acervo. Miranda usa vestido BIA AKEMI TATIBANA, sobreposição MARIANA MAÇANEIRO TOMASI e tênis acervo. Luiza veste macacão e detalhes MARIA CAROLINA P. REGINATTO, camisa STEFANIE C. DE ARAUJO e tênis acervo. OCTAmag 2018 | 169


OCTA & CEART Neste ano em que realizamos o oitavo desfile do Observatório de Cultura e Tendências Antecipadas – OCTA 2018, destacamos a importância do evento para a formação de profissionais da moda que aliam conhecimentos científicos, análise das necessidades do mercado, inserção social e pesquisa. O Centro de Artes da UDESC, por meio de seu Departamento de Moda, apresenta à comunidade, empresas e profissionais novas coleções a cada ano. Fruto de atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão, os novos profissionais que a UDESC coloca no mercado partiram do tema “Deslocamentos”. O ponto de partida de cada uma destas coleções não poderia ser mais pertinente: diz respeito a mudanças, movimentos, diferenças, desassossego, desacomodação. Esta preocupação mostra como o Bacharelado em Moda está comprometido não apenas com o fazer, mas com o pensar as transformações do mundo atual e a realidade social diversa que atravessamos. Os processos pedagógicos envolvidos na criação das coleções apresentadas nesta edição da Revista Octa Mag são resultado de um conjunto de disciplinas responsáveis pela elaboração de uma síntese do que é o trabalho do profissional de Moda. Elaborada pelos formandos de 2018, revista e desfile são requisitos que finalizam um processo intenso de aprendizagem. O trabalho elaborado apresenta uma perspectiva interdisciplinar na criação de processos que são mais do que artefatos de moda: traduzem ideias, conceitos, buscam argumentos em diferentes coletivos, pensam a diversidade, os aspectos ecológicos, geracionais e principalmente aproximação com desejos e necessidades de públicos diferenciados. No processo de formação desses profissionais o CEART/UDESC não poupou esforços em propiciar conhecimentos atualizados, experiências teórico-práticas, oportunidades de exercícios, ambientes propícios para o desenvolvimento de produtos no universo da moda e professores altamente capacitados. Além disso, ao longo da formação, professores, estudantes e técnicos puderam articular disciplinas, projetos, ações pedagógicas e de pesquisa, inclusive interpretando as necessidades postas e traduzindo-as em coleções, imagens e conceitos. Convidamos a todos e a todas a usufruir da produção organizada nesta REVISTA OCTA MAG, que é referência de Design de Moda no Brasil.

por Profa. Dra. Maria Cristina da Rosa Fonseca da Silva Diretora Geral do CEART - 2017-2021

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MODA, TENDÊNCIAS E A ATUALIDADE Prof. Dr. Nelson Pinheiro Gomes Compreender o nosso momento e mapear as suas muitas realidades, dinâmicas e contradições é um exercício complexo e que resultará incompleto. Apenas a distância pode permitir observar e compreender as principais forças em acção e os seus muitos impactos no cotidiano e nos estilos de vida. A incapacidade de se ter uma percepção consciente e global das múltiplas alterações que ocorrem num passo cada vez crescente - e com várias exigências ao nível da produção de produtos e de narrativas dentro de cultura(s) em mutação -, representa tanto um desafio como uma oportunidade. A missão e o desafio de um analista de tendências consiste em observar e decodificar as mudanças emergentes (segundo os pesquisadores Henrik Vejlgaard, William Higham e Els Dragt) no meio social e as mutações nas mentalidades e nas ideias que regem estas mudanças. Seguindo o pensamento destes autores, os sinais que florescem constantemente no cotidiano oferecem indicações e pistas sobre as alterações nos comportamentos e a sua interpretação pode ser importante para o desenho de possíveis desenvolvimentos futuros, sempre com base nas realidades presente e passada. Assim, estes sinais, interpretados no seu devido contexto e em articulação com uma prática de análise cultural sólida, permitem compreender a emergência de tendências socioculturais que impactam, entre outros, a moda. Sendo esta última um dos grandes reflexos sociais e um importante meio de comunicação (vejam-se autores como Malcolm Barnard, Roland Barthes, Jean Baudrillard, entre outros), os seus objetos tangíveis – do vestuário ao calçado – são formulados pelas alterações no estilo. Isto é um resultado das tendências emergentes e das mudanças nas mentalidades e no gosto. Assim, como podemos ver através de várias redes de tendências (como a Science of the Time; o Trends Observer; e a Trendwatching ), importa considerar hoje questões como a diversidade, a sustentabilidade, o digital, entre outras. A articulação entre tendências define alterações nas práticas, nas representações e nas identidades, com um impacto profundo ao nível da moda e dos estilos de vida. Para saber mais: www.trendsobserver.com

FP Lab

O FPLab, Futuro do Presente, consiste num laboratório de pesquisa de tendências sediado no Centro de Artes da Udesc. Sua perspectiva envolve a compreensão do agora para a prospecção do amanhã. Dessa forma, o grupo – formado pela professora coordenadora Dra. Sandra Rech, juntamente com alunos bolsistas – vale-se do entendimento da sociedade como uma unidade complexa, formada por infinitas possibilidades de relações, influêcias e mudanças. Num viés pragmático, o PFLab pesquisa novos sinais na esfera social a partir de mudanças e novidades tecnológicas, econômicas, comportamentais, etc. Tais sinais são percebidos como manifestações concretas de uma tendência específica, como expressões do Zeitgest (espírito do tempo, em tradução livre do alemão). A partir de uma metodologia diferenciada, o grupo investiga as tendências na sociedade que podem gerar insights para diferentes áreas de produtos e serviços; como design, moda, marketing, comunicação, arquitetura, comportamento, tecnologia etc. Os resultados são apresentados em mapas visuais e textos, como uma cartografia do amanhã, no site do FPLab.

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DEPOIMENTOS EX-ALUNOS

Sempre busquei estar perto das oportunidades para fazer os meus objetivos acontecerem, e me mudar para São Paulo

ESTILISTA DA AMARO

foi decisivo para eu trabalhar com bons nomes da moda. Ser estilista de uma marca de moda online - diferente de um e-commerce que apenas revende outras marcas - é correr contra o tempo. O espaço entre pesquisar, planejar e lançar uma coleção é muito menor do que o modelo tradicional,

BETHÂNIA REZEK,

e pelo fato da marca ter nascido na internet é necessário

estar sempre antenada e saber lançar as tendências no timing correto - quase sempre antes do restante do mercado.

que criei sobre o mercado de moda e a forma que imaginava funcionar. O mundo das magazines e e-commerce te exige muito, principalmente em relação à velocidade em que tudo acontece. Esse choque de realidade te abre a cabeça para o mercado nu e cru, onde a equipe de estilo transita ao mesmo tempo entre os números do comercial e as araras do showroom. Trabalhar no desenvolvimento da Netshoes está sendo a experiência mais desafiadora, mas com certeza uma grande escola para me ingressar

em todas as etapas dessa indústria e aprender como tudo realmente acontece mundo afora.

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Trabalhar em varejo me fez desconstruir muitos conceitos

CLARA BESSEL,

ASSISTENTE DE ESTILO DA NETSHOES


Nos formamos em Moda na Udesc e durante a graduação experimentamos áreas distintas, tanto em empresas do segmento quanto na criação de marcas próprias. No mesmo

EMANUELE LAZARRI E KARIENE GAVA, FUNDADORAS DO BLACK BUFFALO STUDIO

período, conhecemos outros alunos criativos que também estavam desenvolvendo seus projetos e/ou produtos. Foi a partir daí que surgiu a ideia de criar, em 2015, o Black Buffalo, um estúdio coletivo e colaborativo que reúne marcas de novos designers brasileiros. O conceito parte da valorização do consumo consciente, da produção local e sustentável, do pequeno empreendedor e do processo criativo por detrás de cada marca. Afinal, cada produto tem sua história e cada canto carrega um significado. A

experiência do consumidor é o foco de todo o nosso tra-

balho, que se traduz em um atendimento personalizado e

real, direcionado às verdadeiras necessidades das pessoas.

O que começou sem grandes pretensões durante o curso de Moda, se tornou um empreendimento que venho cultivan-

FUNDADORA DO GARIMPÁRIO E DA JAQUE & ANTÔNIA

ganhou rodas e deu vida a um projeto itinerante: Jaque & Antônia. Com a liberdade de pegar estrada levando meu próprio negócio dentro de uma kombi, ficou mais viável buscar peças de diferentes estilos no trajeto e alcançar um novo público a cada exposição realizada. Essa foi a forma que uni as duas coisas que mais gosto de fazer, podendo viajar sem abandonar o meu trabalho. O caminho linear acabou tomando curvas, mas foram elas que me levam pra lugares que antes não podia enxergar.

JAQUELINE SCISSAR,

do até hoje. O brechó Garimpário, lançado como loja online,

OCTAmag 2018 | 173


BACHARELADO EM MODA O curso de moda da Udesc iniciou sua história no ano de 1996, com a abertura do primeiro vestibular. Desde a inicial leva de formandos, enviada ao mercado no ano 2000, os egressos do curso têm desempenhado um relevante papel na criação de produtos de moda no estado de Santa Catarina e em todo o Brasil, contribuindo ativamente para a expansão da indústria e da cultura de moda. O nosso curso conquistou um significativo prestígio junto à comunidade catarinense e junto às outras universidades do país. Hoje somos referência nacional; reconhecidos não apenas pelo trabalho dos alunos, mas também pela forte estrutura que combina ensino, pesquisa e extensão de qualidade. O corpo docente é formado por professores altamente qualificados, em nível de mestrado e doutorado, considerando-se tanto os professores efetivos, quanto os professores substitutos do Departamento de Moda. Neste ano de 2018, apresentamos ao público mais do que as coleções autorais e criativas desenvolvidas por 33 formandos. Apresentamos ao mercado 33 excelentes profissionais. Nos decorridos quatro anos de curso, os alunos adquiriram conhecimento e competência em pesquisa de tendências, estudos de comportamento do consumidor, processos e técnicas criativos, metodologias de projeto, modelagem e confecção de vestuário, tecnologia têxtil, gestão de sistemas produtivos e produção e comunicação de moda. O currículo interdisciplinar foi desenvolvido para abarcar a demanda de um mercado profissional complexo e exigente. Como coroamento dos anos de ensino, o evento Octa Fashion Udesc consiste na plena oportunidade de aplicação prática das habilidades desenvolvidas pelos alunos durante o curso.

Prof. Dra. Lourdes Maria Puls Coordenadora do curso Bacharelado em Moda

174 | OCTAmag 2018


PPG MODA

Nossa Universidade do Estado de Santa Catarina investiu fortemente para a implantação de Programas de Pós-Graduação stricto sensu, na capacitação dos docentes e na melhoria da infraestrutura física e laboratorial. Essas medidas nos fortaleceram. Elas possibilitaram a criação do primeiro Curso de Mestrado Profissional em Design de Vestuário e Moda no estado de Santa Catarina e no Brasil. Pioneirismo que nos orgulha.

A modalidade profissional se trata de pós-graduação voltada para a capacitação de profissionais mediante o estudo de técnicas, processos, serviços ou temáticas que atendam a alguma demanda do mercado de trabalho/sociedade. Sendo assim, nosso objetivo é contribuir com o setor produtivo nacional, agregando competitividade e produtividade a empresas e organizações para solução de problemas e aplicação de processos de inovação. O PPGModa da Udesc, tem como área de concentração: “Moda e Tecnologia do Vestuário”, que compreende o aprofundamento do sistema de moda, conhecimentos de pesquisas de comportamento de consumo, processos criativos com experimentações práticas, metodologias projetuais, gestão dos processos produtivos, partindo das premissas de inovação, novas tecnologias e os princípios da economia criativa. Nossa proposta é aplicar o conhecimento produzido na universidade, em empresas e organizações dos setores

têxteis/vestuário e complementos de moda. De forma que as dissertações atendam, de forma íntegra, às demandas da produção do conhecimento científico e tecnológico aplicado em projetos no campo do design e da moda. O Octa Fashion apresenta o trabalho de excelência de professores e alunos do Departamento de Moda da Universidade do Estado de Santa Catarina. Este não é o resultado de apenas um ano, nem de apenas uma equipe de trabalho, mas o resultante de 22 anos repletos de alunas e professoras engajadas numa nobre e bela causa. O nosso Mestrado Profissional em Design de Vestuário e Moda pretende seguir os passos de nossa já consolidada graduação. Aqui, reiteramos o convite a todos que desejarem fazer parte de nossa história. por Prof. Dra. Icléia Silveira Coordenadora do PPGModa/Udesc.

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FORMANDOS 2018

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AOS PROFESSORES

33 coleções, 99 looks, mais de 200 peças de roupas. O evento Octa Fashion apresenta um ano e meio de estudo, conceituação, pesquisa e muita prática. São 33 projetos que partindo de um ponto em comum, divergem em várias temáticas, materiais e propostas de vestir. Neste trajeto, fizeram-se importantes pessoas que nos ajudaram das mais diversas formas; dentre elas, os professores merecem destaque.

Foram no mínimo quatro anos para chegar até aqui. Em uma área tão multidisciplinar como a moda, contamos com profissionais de diferentes setores e metodologias de ensino. Por detrás das coleções, há 33 novos designers que utilizam uma densa e complexa bagagem de estudos; difundida a partir da presença de mestres, mentores e amigos, reunidos na figura do professor. No percurso, deparamo-nos com informações de história, consumo e tendências. Houve uma ampla pesquisa de cores e materiais, e um grande aperfeiçoamento das habilidades de criação e de desenho artístico e técnico. Aprendemos a colocar todos os conhecimentos em prática com técnicas de modelagem e de costura. Desenvolvemos ainda, graças à carga teórica, reflexões críticas que nos fizeram e nos farão problematizar nossa atuação profissional.

Em cada uma dessas etapas, fomos acompanhados por um professor - com rigor -, que respondeu aos nossos questionamentos, sanou nossas curiosidades e discutiu as melhores resoluções para cada um dos problemas que enfrentamos. Fomos avaliados e advertidos, mas também encorajados e amparados. Mestres, seguiremos nossa trajetória profissional com base nos ensinamentos que vocês nos passaram e na figura de profissionais exemplos que vocês nos foram. A vocês, todo nosso agradecimento pelos momentos de dedicação, apoio e carinho durante esses anos. Formandos 2018 Moda /UDESC

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COLABOR WALMOR DE OLIVEIRA FOTOGRAFIA ED. (SOBRE)POSIÇÃO

@walmordeoliveira

MARIA MANOELA PEDRO ROCHA FOTOGRAFIA

BEAUTY ED. DIOPTRO

ASSISTENTE ED. IDGAF

@maketrefe

ED. DIOPTRO

@pedrografias

PEDRO CAETANO

ASSISTENTE DE FOTO. ED. (SOBRE)POSIÇÃO

@pecaetano

BRUNO SINISCALCHI ASSISTENTE DE FOTO.

FLÁVIA DUMMER FOTOGRAFIA ED. SIMONETTA

@flaviadummer

ED. DIOPTRO

@bruno_sini

ANA PAULA FRANCO BEAUTY

ED. (SOBRE)POSIÇÃO

ASSISTENTE DE BEAUTY ED.ORGANIC

@anapaulafrancomakeup

178 | OCTAmag 2018

JOÃO ALBERTON EDIÇÃO ED. DIOPTRO

@jvalberton

ISADORA SOUZA BEAUTY

ED. SIMONETTA

@isadorasouza.makeup


RADORES PEDRO MOX JULIA STAEDELE

STUDIO ED.ORGANIC

@pedromoxw

EMPÓRIO CAPELLA COLABORADOR ED. SIMONETTA

BEAUTY

@emporiocapella facebook.com/emporiocapella

ED. IDGAF

@staedele

NOMA SUSHI GUILHERME PAZETTO FOTOGRAFIA

REPENSE BRECHÓ

COLABORADOR ED. IDGAF

@nomasushi

COLABORADOR CAPA

@repenseb

ED.ORGANIC

@gu1pa guilhermepazetto.com.br

SIMPLE ORGANIC COLABORADOR ED.ORGANIC

@simpleorganic

FABIANE ARCOVERDE BEAUTY ED.ORGANIC

@fabiarcoverde

TAINÁ BERNARD FOTOGRAFIA ED. IDGAF

@tainabernard tainabernard.com

TOQUE ANTIGO COLABORADOR ED.(SOBRE)POSIÇÃO

OCTAmag 2018 | 179


CRÉDITOS DO EVENTO REITOR

COORD. LICITAÇÕES E COMPRAS

Marcus Tomasi

COORD. DE DESENV. HUMANO

VICE-REITOR

PROCURADORIA JURÍDICA

Leandro Zvirtes

DIRETORIA DO CEART Maria Cristina da R. Fonseca da Silva

CHEFE DO DEPTO. DE MODA Lourdes Maria Puls

COORD. GERAL DO EVENTO Amanda Queiroz Campos BOLSISTA DE EXTENSÃO Marina Casagrande

CORPO DOCENTE Adriana Martinez Montanheiro Adriana Cardoso Amanda Queiroz Campos Cariane Camargo Balbinette Silveira Daniela Novelli Dulce Maria Holanda Maciel Eliana Gonçalves Fabiana dos Santos Cunha Icléia Silveira José Alfredo Beirão Filho Lourdes Maria Puls Lucas da Rosa Luciana Dornbusch Lopes Mara Rúbia Sant’Anna Monique Vandresen Neide Kohler Schulte Paula Rodrigues Correia Renata Zandomenico Perito Sandra Regina Rech Silene Seibel Sílvia Cristina Silveira dos Santos Soraya de Fátima Silvestre Quirino Tatiana Castro Longhi TÉCNICOS UNIVERSITÁRIOS DMO Grasiele Godinho Marlene Torrinelli Trajano da Silveira Junior

EQUIPE DE APOIO DO CEART DIREÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO Gustavo Pinto de Araújo NÚCLEO DE COMUNICAÇÃO Laís Campos Moser NÚCLEO DE PRODUÇÃO CULTURAL Milton Freitas Borges SETOR DE COMPRAS Ricardo Brandt Jaina Sabel Bousfield Ana Luiza Maia P. Ballstaedt

AGRADECIMENTOS À REITORIA GABINETE DO REITOR PRÓ-REITORIA DE ADMINIST. Matheus Azevedo Ferreira Fidelis 180 | OCTAmag 2018

GRUPOS DE TRABALHO COORDENAÇÃO GERAL Laura Blézins Marina Vieira Casagrande STAFFS Ana Beatriz Vieira Laila Mafra de Andrade Laura Maria de Souza Simiano PATROCÍNIO E FINANCEIRO Bia Akemi Tatibana Lísia Bragado Maria Carolina Paixão Reginatto APOIO LOGÍSTICO Bruna Torino Márcio Monticelli Luiza Miranda Neves STAFFS Amanda Larissa Britto Pinto Bruna Moraes Marcolin Carolina Moreira Teixeira Caroline Manuel Ricardo Cristiane Yukari Homma Isadora Dourado dos Santos Juliana Miranda Barbosa Kathelyn Caroline dos Passos Mariana Marques Almeida Maria Valéria Formigoni Abel Milena Mayuri Pellegrino Ogushi Natália Preis de Faveri Nicole Brod Prados Victoria Pires Zanon Vitória Gonçalves do Carmo CENÁRIO E EXPOSIÇÃO Bruna Cruz Priscila Thomas Pinheiro Thayná Lacerda STAFFS Allana Natasha Silva Gomez Andressa Emi Castaman Bianca Zancanaro Carla Pietra Perondi Furtado Gabriela Proença Doyle Silva Júlia Panceri Lamarca Lopes Ribeiro Lara Maria Kunz Luciano Valentina S. Forschner PUBLICIDADE E PROPAGANDA Maiana Martins Pedromo Mariana Maçaneiro Tomasi Natália Dias SOM E IMAGEM Violeta Adelita Ribeiro Sutili Bárbara Simon Duarte STAFFS Felipe Fonseca Juliana Marcante Locatelli Wendell Martins Colombani

ALIMENTOS E BEBIDAS Brenda Godinho Janaina Nascimento STAFFS Anelise Ternus Pedó Elisa Recalcatti Bordignon Gabriela Pola Maria Manoela Lampert Ceolin ASSESSORIA DE IMPRENSA Edsandra Regina do Ó Jessica Ivana Steffan Stefanie Cristine de Araujo STAFFS Barbara Poerner Pereira Carlos Alison da Silva Gabriele da Silva Moraes Mariana Danielski Michels Mariana Silva de Faria Campos RELAÇÕES PÚBLICAS Ágatha Tardi Gabriella Aredes Luísa Córdova Wandscheer STAFFS Emanueli Reinert Dalsasso Fernanda Gonçalves Lavínia da Silva Brum Lopes Letícia Caponera Silva Maria Eduarda Hoffmann CASTING Camila Becker Giovanna Frias de Campos Giulia Bongiolo Casagrande Maria Carolina Paixão Reginatto STAFFS Marina Waltrick Gevaerd Ana Paula Ferreira Machado Iasmin Klauck Vanessa Vilela CABELO E MAQUIAGEM Bia Akemi Tatibana Karina dos Santos Lísia Bragado STAFFS Andressa Geraldo Carrascoza Aryana Luiza dos Santos Yadja Kaul CAMARIM Ágata Carraro Morgan Beatriz Sada Elisabete Conzatti Campestrini Maria Júlia Zarpelão Hernandes Victor Miaki STAFFS Isadora Souza Beckert Joyce dos Santos da Rosa Ludmila Lucas Clementino Araujo


REALIZAÇÃO

APOIO

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