Livro - OCESC 40 anos

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40 anos

UNIDOS POR UMA

VIDA MELHOR

A forรงa do cooperativismo em Santa Catarina





40 anos

UNIDOS POR UMA

VIDA MELHOR A forรงa do cooperativismo em Santa Catarina



Sempre disse que o cooperativismo era o caminho para a emancipação da agricultura. Através dele, construímos indústrias para beneficiar a matéria-prima, agregar valor ao produto e melhorar a renda do produtor rural. Depois de 30 anos como dirigente de cooperativas, descobri que o cooperativismo é a saída para todos os problemas do país.

Aury Bodanese Fundador da Cooperativa Central Oeste Catarinense Presidente da Ocesc entre 1996 e 1999


APRESENTAÇÃO

Ao comemorar 40 anos de existência, a Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc) busca resgatar essa história de lutas e conquistas. Assim, esta obra tem por objetivo destacar os excelentes resultados obtidos graças ao empenho de homens e mulheres comuns, que viram na soma de esforços uma saída para o desenvolvimento.

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UNIDOS POR UMA VIDA MELHOR – A força do cooperativismo em Santa Catarina


Talvez em nenhum outro estado brasileiro o cooperativismo tenha criado raízes tão profundas e marcantes como em Santa Catarina. Entre uma população de 6,1 milhões de habitantes, 1,1 milhão de pessoas está associada a algum tipo de cooperativa, instituições presentes nos mais diversos segmentos da economia – da agropecuária à saúde –, passando por crédito, educação e infraestrutura, entre outros. Tamanha representatividade revela que o cooperativismo tornou-se uma característica forte da cultura catarinense, transmitida de pais para filhos ao longo de gerações. Ao mesmo tempo, consolidou-se como um movimento de resultados econômicos e sociais inquestionáveis, gerando emprego e renda, com peso crescente no PIB estadual, que não só coloca Santa Catarina como o primeiro produtor de suínos, segundo de aves e um dos cinco maiores em leite, como industrializa e transporta com excelente grau de rentabilidade toda essa produção. Sem o cooperativismo, Santa Catarina talvez não ocupasse, ao lado do Distrito Federal, o topo brasileiro do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) – medida comparativa criada pela Organização das Nações Unidas para avaliar o grau de riqueza, educação e expectativa de vida dos habitantes de uma determinada região. Não fossem as cooperativas, poderíamos ter um estado menos desenvolvido, com o interior abandonado por famílias que seriam obrigadas a tentar a sorte em condições desfavoráveis nas grandes cidades. Partindo do campo, onde surgiu, o cooperativismo estendeu suas vantagens à zona urbana, traduzindo-se em crédito, educação, moradia, trabalho e infraestrutura. Ao comemorar 40 anos de existência, a Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc) busca resgatar essa história de lutas e conquistas. Assim, esta obra tem por objetivo destacar os excelentes resultados obtidos graças ao empenho de homens e mulheres comuns, que viram na soma de esforços uma saída para o desenvolvimento. Entre eles estavam os fundadores da Organização, visionários aos quais agora direcionamos um especial agradecimento pela coragem e liderança. Em uma trajetória marcada por trabalho e esperança, Santa Catarina chegou a 2011 com 258 cooperativas ativas, em 12 ramos. As páginas a seguir revelam que, lideradas pela Ocesc, as cooperativas catarinenses sempre representaram muito mais do que uma alternativa viável para produção e comercialização de bens e serviços. Desde que foram criadas, nossas cooperativas abrigaram os sonhos das mais diferentes famílias, que juntas buscam um só ideal: a união para uma vida melhor.

Marcos Antônio Zordan Presidente da OCESC

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Ca p ít ulo

1

2

C a p ítulo

3

Em meio à Revolução

Em Santa Catarina a primeira

Em 1964 nascia a Associação

Industrial, na Europa da

iniciativa cooperativista foi

das Cooperativas de Santa

segunda metade do século

registrada em 1889, com a

Catarina (Ascoop), primeira

XVII, o cooperativismo surgiu

união de imigrantes italianos

entidade representativa

como uma reação às novas

na região do Rio dos Cedros,

do movimento no estado.

relações de trabalho que

onde hoje se localiza a cidade

Essencial à defesa dos

se estabeleciam. Pioneiros,

de Blumenau. A intenção era

interesses das cooperativas, a

tecelões ingleses investiram

somar forças para produzir

Associação foi criada em um

na soma de recursos e

e vender fumo ao mercado

momento de expansão do

trabalho para garantir

externo. Em 1932, na colônia

cooperativismo, com destaque

melhores condições de vida.

de Porto Novo (atual município

para os ramos de agropecuária

A ideia chegaria ao Brasil

de Itapiranga), no Extremo-

e consumo. Em 28 de agosto

em 1847, com a fundação

Oeste, Santa Catarina dava

de 1971 os associados

de uma cooperativa

o primeiro passo em um

aprovaram a mudança do

formada por imigrantes

dos segmentos que mais

nome da entidade de Ascoop

franceses, que tinha como

se destacariam nas décadas

para Ocesc – Organização das

foco a solidariedade

seguintes: o cooperativismo de

Cooperativas do Estado de

comunitária.

6

C apítulo

Pá g ina

8

crédito.

UNIDOS POR UMA VIDA MELHOR – A força do cooperativismo em Santa Catarina

P á gi na

18

Santa Catarina.

Página

32


ÍNDICE

Ca p ít ulo

4

C apítulo

5

C a p ítulo

6

O crescimento acelerado, no

A década de 1990 foi marcada

A implantação dos

campo e na cidade, exigiu

pelo desenvolvimento da

mecanismos de autogestão

a profissionalização das

autogestão em todo o sistema

em cooperativas de todo

cooperativas catarinenses, que

cooperativo brasileiro. A Ocesc

o estado, acompanhada

atraíam cada vez mais associados

liderou esse processo em Santa

das conquistas trazidas

e ocupavam fatias importantes

Catarina, por meio de orientação

pelo Sistema Nacional

dos mercados em que atuavam.

e fiscalização das cooperativas.

de Aprendizagem do

Em meio à chamada “década

O objetivo era criar as bases

Cooperativismo (Sescoop),

perdida”, marcada por crises

para a autonomia, com destaque

demandava da Ocesc

econômicas enfrentadas pelo

para as ações de educação

o desenvolvimento de

país, a Ocesc buscou ajudar as

e capacitação de dirigentes

novas frentes de atuação.

cooperativas a se desenvolverem.

e funcionários. Ao mesmo

Representando 258

Além do apoio a ramos já

tempo, as mudanças ocorridas

cooperativas, de 12 ramos,

consolidados, como o de

no cenário internacional, com

que juntas reúnem

eletrificação rural, a Organização

a iminência da globalização,

1,1 milhão de associados,

fomentou a criação de novos,

despertavam nas cooperativas

a Organização chega aos

entre eles o cooperativismo

catarinenses o desejo de

40 anos preparada para

de crédito.

Pá g ina

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atravessar fronteiras.

P á gi na

80

novos desafios.

Página

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Os fundadores da Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale, a cooperativa pioneira, criada na Inglaterra em 1844

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CAPÍTULO 1

As origens do cooperativismo

M

elhorar as condições de vida. Esse

sempre foi o principal objetivo daqueles que encontraram no cooperativismo uma forma de superar dificuldades, gerar negócios e transformar a realidade social. Não por acaso, foi em um período de intensas transformações que o movimento cooperativista surgiu. Era a segunda metade do século XVIII e, na Europa, a Revolução Industrial mudava radicalmente os processos produtivos, substituindo por máquinas a mão de obra humana e testando a divisão do trabalho como principal estratégia de desenvolvimento econômico. 9


Iniciadas na Inglaterra, detentora da hegemonia global na época, as transformações causadas pela Revolução Industrial não ficaram restritas apenas ao modo de produção. Severas mudanças econômicas e sociais ocorriam em paralelo. Entre as consequências do processo estava, por exemplo, o êxodo rural. Agricultores deixavam suas terras para trabalhar em grandes cidades como Londres. Estima-se que entre 1780 e 1880 a população da capital inglesa saltou de 800 mil para mais de 5 milhões de habitantes. Era inevitável que a relação social de trabalho também fosse radicalmente afetada. Em meio à Revolução, as condições de vida da classe operária tornaram-se, de fato, deploráveis. Os trabalhadores que chegavam às cidades passaram a habitar cortiços, ambientes que favoreciam a proliferação de várias doenças graves, como a tuberculose. A jornada de trabalho chegava a 80 horas por semana – para efeito de comparação, atualmente os países da União Europeia limitam a jornada a 36 horas semanais. Apesar do excesso de trabalho, os operários recebiam um salário medíocre: apenas dois quintos do valor considerado, na época, o mínimo para uma pessoa sobreviver na Inglaterra. Mulheres e crianças também trabalhavam, recebendo salários ainda menores. Diferentemente do que ocorria na zona rural, os trabalhadores estavam muito mais próximos entre si, convivendo nos galpões que se multiplicavam pela Inglaterra. O convívio favorecia a discussão das adversidades enfrentadas e gerava protestos coletivos por melhores condições de trabalho. Uma das primeiras reações nesse sentido foi o Movimento Ludista, nome derivado do sobrenome de um de seus líderes, o trabalhador Ned Ludd. Nos anos de 1811 e 1812, o grupo invadiu fábricas e destruiu máquinas, pois considerava a mecanização do trabalho a grande culpada pela situação precária em que viviam. Grande parte dos integrantes do movimento sofreu violenta repressão: foram condenados à prisão, deportados e alguns até mesmo enforcados. Entre 1837 e 1848 surgiu o Movimento Cartista, mais pacífico. Com uma capacidade de organização até então pouco vista, os cartistas exigiam jornada de oito horas diárias, regulamentação do trabalho feminino, extinção do trabalho infantil, folga semanal e criação de um salário mínimo, entre outras reivindicações. O movimento alcançou relativo sucesso, conquistando avanços importantes em relação aos direitos políticos, entre eles o direito ao voto – mesmo que ainda exclusivo aos homens. Assim como o Ludista e o Cartista, dezenas de movimentos surgiram com a finalidade de enfrentar as danosas consequências da Revolução Industrial. Porém, à medida que lutavam por justiça, os trabalhadores percebiam as dificuldades de negociar com quem tinha a propriedade do negócio e, portanto, o poder 10

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de decisão. Foi então que uma parcela de operários passou a ver no empreendedorismo uma saída. Ter a propriedade do negócio poderia ser a chave de um futuro melhor. Mas como fazê-lo sozinho? Impossível. O caminho apontava para a união. Era preciso reunir pessoas que compartilhassem da mesma insatisfação e, mais do que isso, do mesmo sonho de mudança. Juntas, essas pessoas poderiam trabalhar por um único objetivo, somando forças e dividindo ganhos, focadas no desenvolvimento próprio e coletivo. Era a semente do cooperativismo.

Um movimento diferente Antes mesmo do auge da Revolução Industrial, a Europa registrou iniciativas com características do cooperativismo. Uma delas surgiu em 14 de março de 1761 em East Ayrshire, na Escócia, onde tecelões maltratados uniram-se para trocar o trabalho na fábrica pela venda de farinha de aveia. A organização ficou conhecida como Sociedade Weavers Fenwick. Nas décadas seguintes, outras organizações surgiram na Inglaterra, mas poucas sobreviveram mais do que um ano. As exceções, como a Lockhurst Lane Industrial Co-operative Society – fundada em 1832 e hoje chamada Heart of England Co-operative Society –, continuam de portas abertas até os dias atuais. Marcadas pelo pioneirismo, essas experiências de cooperação ainda não guardavam todas as características que definem uma cooperativa de fato. A maioria não apresentava a igualdade plena entre os seus integrantes, nem tampouco regras para produzir um estatuto. Segundo historiadores, a primeira organização no mundo a reunir todas as características de uma cooperativa foi a Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale, surgida na cidade inglesa de Manchester. Sua exata data de fundação ainda é motivo de controvérsias entre os especialistas no assunto, mas pode-se afirmar que ela surgiu entre os dias 20 e 24 de dezembro de 1844. A Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale reunia 28 tecelões que se juntaram para vender os produtos que fabricavam e também adquirir itens de primeira necessidade, como alimentos e remédios. Responsável por criar as bases para o cooperativismo no mundo, a Sociedade foi a primeira a implantar o conceito de igualdade entre seus cooperados. Chamava a atenção, também, o nível de organização de seus integrantes. Ao fundar a cooperativa, eles criaram os Princípios de Rochdale, um conjunto de orientações para nortear a administração do negócio coletivo. Aqueles singelos operários mal podiam imaginar que princípios definidos por eles, descritos abaixo, serviriam como ba-

A Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale reunia 28 tecelões que se juntaram para vender os produtos que fabricavam e também adquirir itens de primeira necessidade, como alimentos e remédios. Responsável por criar as bases para o cooperativismo no mundo, a Sociedade foi a primeira a implantar o conceito de igualdade entre seus cooperados.

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se para reger o cooperativismo em todo o mundo pelos séculos seguintes: 1) A Sociedade seria governada democraticamente, cada sócio dispondo de um voto. 2) A Sociedade seria aberta a quem dela quisesse participar, desde que integrasse uma cota de capital mínima e igual para todos. 3) Qualquer dinheiro a mais investido na cooperativa seria remunerado por uma taxa de juro, mas não daria ao seu possuidor qualquer direito adicional de decisão. 4) Tudo o que sobrasse da receita, deduzidas todas as despesas, inclusive juros, seria distribuído entre os sócios em proporção às compras que fizessem da cooperativa. 5) Todas as vendas seriam à vista. 6) Os produtos vendidos seriam sempre puros e de boa qualidade. 7) A Sociedade deveria promover a educação dos sócios nos princípios do cooperativismo. 8) A Sociedade seria neutra política e religiosamente. Em paralelo aos princípios, a Sociedade definiu metas para solucionar os principais problemas dos cooperados: criar poupança para oferecer a eles certa independência econômica, construir ou adquirir casas para moradia, realizar campanhas contra o alcoolismo – um vício recorrente entre os trabalhadores da época – e fomentar a criação de novas cooperativas, com outras finalidades. Além disso, os probos pioneiros tinham a intenção de criar estabelecimentos industriais e agrícolas voltados à produção de bens indispensáveis à classe trabalhadora. Nesses locais os alimentos seriam vendidos a preços baixos e os postos de trabalho seriam preenchidos por cooperados desempregados ou mal renumerados. Com essas e outras medidas, a Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale representou uma reação viável e pacífica frente às dificuldades que os trabalhadores enfrentavam na época. Em pouco tempo, os resultados da iniciativa começaram a aparecer. Para dar início à cooperativa, cada um dos 28 tecelões investiu uma (1) libra no negócio. Em um ano, o capital da organização cres12

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ceu mais de 600 vezes, chegando a 180 libras. A evolução atraiu novos cooperados, que ingressavam na Sociedade com os mesmos direitos dos membros antigos. Uma década após a fundação, a Sociedade contava com 3,4 mil associados, que compartilhavam o capital de 152 mil libras. O sucesso dos Probos Pioneiros de Rochdale comprovava que era possível relacionar trabalho, capital e desenvolvimento de forma equilibrada, distribuindo ganhos de maneira mais justa. O novo modelo de desenvolvimento, capaz de contribuir para a solução de problemas econômicos e sociais, espalhou-se pela Europa, encontrando terreno especialmente fértil para se desenvolver em países como França, Alemanha e Itália. Em seguida, o cooperativismo começou a ser implantado em nações de outros continentes. Em 1881 já existiam no mundo cerca de mil cooperativas, nas mais diversas áreas, que reuniam aproximadamente 550 mil associados.

O Brasil coopera No Brasil a primeira cooperativa foi criada em maio de 1847, pelo médico francês Jean Maurice Faivre, na colônia Tereza Cristina, hoje conhecida como a cidade de Cândido de Abreu, na região central do Paraná. Junto a 80 famílias de imigrantes, quase todas francesas, Faivre chegou à região próxima ao Rio Ivaí com a intenção de criar uma experiência muito semelhante ao socialismo utópico discutido na Europa. A sociedade planejada pelo médico tinha um sistema econômico e social baseado na solidariedade comunitária, de modo que os integrantes seguiam um princípio de desapego aos bens materiais. Na nova sociedade, o respeito à família e à religião estavam acima de qualquer outra prioridade. Apesar das ideias revolucionárias, Fraive não era filiado a nenhuma doutrina socialista da época. Pelo contrário. O médico era amigo pessoal de D. Pedro II e da Imperatriz Thereza Christina, cujo nome serviu para intitular a região desbravada por ele e seu grupo. Após a experiência no Paraná, surgiram no Brasil as chamadas cooperativas de consumo, voltadas às necessidades de consumo de seus cooperados. A primeira foi a Cooperativa de Consumo dos Empregados da Companhia Paulista de Estrada de Ferro, em Campinas, São Paulo, no ano de 1887. Já em 1889, alguns moradores de Ouro Preto uniram-se para criar a chamada Sociedade Econômica Cooperativa dos Funcionários Públicos de Minas Gerais. Três anos depois, na cidade pernambucana de Camaragibe, um grupo de trabalhadores fundou a Cooperativa de Consumo dos Operários da Fábrica de Tecidos de Camaragibe.

Após a experiência no Paraná, surgiram no Brasil as chamadas cooperativas de consumo, voltadas às necessidades de consumo de seus cooperados. A primeira foi a Cooperativa de Consumo dos Empregados da Companhia Paulista de Estrada de Ferro, em Campinas, São Paulo, no ano de 1887.

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A cidade de Ouro Preto, em Minas Gerais, recebeu uma das primeiras cooperativas do Brasil, formada por funcionários públicos

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Friedrich Raiffeinsen: um dos pioneiros do cooperativismo de crédito alemão

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Na Europa crescia o movimento das cooperativas de crédito, que ofereciam soluções financeiras a seus associados. Alemanha, com os modelos implantados por Friedrich Raiffeisen e Herman Shulze, e Itália, com Luigi Luzatti, foram as pioneiras nesse segmento. Nas Américas, a primeira cooperativa de crédito foi fundada no ano de 1900 por Alphonse Desjardins, em Quebec, no Canadá. Em 1902 a cidade gaúcha de Nova Petrópolis tornou-se sede da primeira cooperativa de crédito brasileira: a Caixa de Economia e Empréstimos Amstad. A ideia foi trazida pelo padre jesuíta Theodor Amstad, que viu no sistema cooperativo europeu um modelo para desenvolver pequenas comunidades rurais formadas por imigrantes alemães no interior do Rio Grande do Sul. Nas décadas seguintes o cooperativismo de crédito complementaria as ações das cooperativas ligadas à agricultura, predominantes em todo o mundo até a segunda metade do século XX. No momento em que políticas públicas dos mais diferentes países se voltavam à industrialização, produtores rurais encontraram-se à margem dos planos de desenvolvimento econômico. Descapitalizados, sem apoio técnico e com pouca influência política, agricultores viram no cooperativismo uma chance para melhorar suas condições de vida. Unidos, produtores rurais de localidades próximas tinham mais força para reivindicar direitos junto a governantes, negociar com fornecedores e vender a produção. Nas cidades o crescimento populacional e a emergência de problemas sociais impulsionaram a expansão das organizações de trabalhadores urbanos, estendendo os benefícios do cooperativismo à zona urbana. Atualmente, só nos Estados Unidos há mais 150 milhões de pessoas que participam de cooperativas. Isso representa 60% da população. Na Alemanha, 80% dos agricultores e 75% dos comerciantes estão organizados dessa forma. Já a França é o país do mundo em que as cooperativas apresentam maior participação no mercado financeiro. No total, as cooperativas desse tipo abrangem quase 70% de todo o sistema financeiro do país. Só o Credit Agricole, voltado aos agricultores, possui 24% de participação no mercado. Assim como outras regiões do mundo, Santa Catarina teria nas cooperativas importantes aliadas do desenvolvimento econômico e social. Ao Sul do Brasil, o cooperativismo criou raízes profundas e marcantes, passando a fazer parte da cultura catarinense.

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Sede do Crédit Agricole, na França: cerca de 25% de participação no mercado financeiro do país

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Palmitos na década de 1930: município abrigou a primeira cooperativa agrícola de Santa Catarina, fundada em 1933

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CAPÍTULO 2

O cooperativismo chega a Santa Catarina

A

organização do estado de Santa Catarina

em pequenos municípios e a marcante imigração europeia foram alguns dos traços que ajudaram a desenhar a história do cooperativismo ao Sul do Brasil. Com a chegada de imigrantes alemães e italianos no século XIX, o movimento tomou forma e se espalhou por diferentes regiões do país. Diante dos enormes desafios que a nova terra guardava, as comunidades de origem europeia optaram pela soma de esforços para enfrentar problemas de consumo, crédito e produção. Assim, iniciaram processos rudimentares de organização comunitária, a exemplo dos praticados em seus países de origem. 19


Os falanstérios planejados por Fourier eram grandes casas onde pessoas viveriam em comunidade compartilhando a terra e outros meios de produção

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Antes mesmo dos pioneiros de Rochdale iniciarem suas atividades na Inglaterra, Santa Catarina já registrava as primeiras iniciativas cooperativistas, desenvolvidas principalmente no meio rural. No ano de 1842 o imigrante francês Benoit Jules de Mure tentou fundar no Norte do estado, onde hoje se encontra o município de São Francisco do Sul, uma colônia de produção e consumo baseada nas ideias de Fourier, socialista francês considerado um dos pais do cooperativismo. As casas que abrigavam essas comunidades eram chamadas de falanstérios e abrigavam até 1,6 mil pessoas, que compartilhavam os meios de produção. No Vale do Itajaí, a pequena colônia de Rio dos Cedros registrou a constituição, em 1889, da “Societá Cooperativa Del Tabaco”, uma das primeiras cooperativas criadas no país. Fundada por colonos italianos, a cooperativa tinha por objetivo produzir e exportar fumo para a Europa. Registros históricos também contam que, igualmente no Vale do Itajaí, o município de Ascurra sediou uma cooperativa agrícola fundada em 1904. No ano de 1909, a ideia do cooperativismo chegou ao Sul do estado, na localidade de Rio Maior, município de Urussanga, onde nasceu a Cooperprima, uma das pioneiras do cooperativismo catarinense. Outras iniciativas desse gênero, sempre em caráter isolado, se sucederam no estado, como as sociedades cooperativas de crédito rural, chamadas de caixas populares. Uma pequena colônia do Extremo-Oeste de Santa Catarina, à época chamada Porto Novo (atual município de Itapiranga), foi o primeiro lugar do estado a receber uma

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Prédio que abrigou a “Societá Cooperativa Del Tabaco”, em Rio dos Cedros, uma das primeiras cooperativas criadas no país

Ata de fundação da Caixa Rural União Popular de Porto Novo, em 1932, a primeira cooperativa de crédito do estado

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Itapiranga em 1935: a colônia fundada por imigrantes alemães abrigou a primeira cooperativa de crédito de Santa Catarina

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cooperativa de crédito. Formada por imigrantes alemães que haviam deixado a região de São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, a colônia abrigava famílias que tinham um sonho em comum: a melhoria das condições de vida. A cultura do cooperativismo chegou a Porto Novo por meio do padre jesuíta Theodor Amstad, responsável por fundar, no interior de Nova Petrópolis, Rio Grande do Sul, a primeira cooperativa de crédito das Américas: a Caixa de Economia e Empréstimos Amstad. Tanto no Rio Grande do Sul quanto em Santa Catarina as cooperativas implantadas pelo padre Amstad eram inspiradas no modelo desenvolvido por Friedrich Wilhelm Raiffeisen na Alemanha, que contava com cooperativismo de crédito desde 1864. Quase 70 anos depois, em 21 de outubro de 1932, o modelo era replicado em solo catarinense, com a fundação da Sociedade Cooperativa de Crédito Rural e Responsabilidade Ilimitada “Caixa Rural União Popular de Porto Novo”, que tinha como associados agriculto-

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Primeiro armazém da Cooperativa Mista de Palmitos, construído em 1935, onde hoje está a matriz da cooperativa A1, sua sucessora

As primeiras cadernetas de associados da Sociedade Cooperativa de Palmitos traziam impresso o estatuto em português e alemão

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Cooperativas iniciadas em meados do século XIX sobreviveram até 1934, em Rio dos Cedros, Urussanga, Nova Veneza, Armazém, Azambuja, Belvedere, Concórdia, Itapiranga, Rio do Sul, Palmitos e Canoinhas.

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res, comerciantes, artesãos e prestadores de serviços. No ano seguinte, o cooperativismo ganhou força na região Oeste do estado, com a criação da Sociedade Cooperativa Mista de Palmitos, a primeira cooperativa agropecuária formal de Santa Catarina – em funcionamento até hoje. Na mesma época, em diferentes regiões do estado, pequenos grupos de agricultores se organizavam em associações, que tinham o aumento da produção e a colaboração mútua como principais objetivos. Juntos era mais fácil negociar preços de insumos, adquirir ferramentas de trabalho e ampliar lucros. Entre as diversas culturas que foram impulsionas por esse sistema, a de erva-mate foi uma das que teve maior destaque. Cooperativas iniciadas em meados do século XIX sobreviveram até 1934, em Rio dos Cedros, Urussanga, Nova Veneza, Armazém, Azambuja, Belvedere, Concórdia, Itapiranga, Rio do Sul, Palmitos e Canoinhas. Em todos esses lugares carregaram a marca da cultura associativista europeia, através da participação de imigrantes franceses, italianos, alemães e poloneses. Entre as décadas de 1940 e 1950 ocorreu uma expansão nos ramos de atuação das cooperativas, que deslocaram seu eixo para além da zona rural. Em Santa Catarina o período entre 1944 e 1951 foi marcado principalmente pela criação das sociedades de consumo, que tinham por objetivo atender as necessidades de compra de seus cooperados. No ano de 1944, em Blumenau, no Vale do Itajaí, um grupo de operários da Indústria Têxtil Companhia Hering, a maioria tecelões como os pioneiros de Rochdale, decidiram criar uma cooperativa de consumo de empregados, com a finalidade de distribuir aos cooperados gêneros alimentícios. Na época havia pouca concorrência e o abastecimento era precário, comprometendo o orçamento familiar. No dia 16 de março de 1944, nas dependências do Clube Náutico América, 101 pessoas, entre funcionários e dirigentes da Cia. Hering, participaram da fundação da Cooperhering – Cooperativa de Consumo dos Operários da Indústria Têxtil Companhia Hering de Responsabilidade Ltda. A cooperativa era restrita aos funcionários da empresa até a década de 1990, quando passou a atender toda a comunidade da região. Em 1998, a Cooperhering incorporou a Cooperartex (chamada inicialmente de Cooper Garcia) e hoje se chama Cooperativa de Produção e Abastecimento Vale do Itajai (Cooper).

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Criada em 1944, a Cooperhering, de Blumenau, era restrita a funcionários da Companhia Hering até a década de 1990

Cooperativa de consumo dos empregados da empresa industrial Garcia, fundada em 1967, depois sucedida pela Cooperartex e atualmente Cooperativa de Produção e Abastecimento Vale do Itajaí (Cooper)

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Infraestrutura

Durante o governo JK começaram a ser esboçados os primeiros ensaios de uma organização que representasse as cooperativas em todo o país. Entretanto a falta de apoio do governo federal acabou por minar a iniciativa, fazendo com que a representação nacional fosse deixada de lado.

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A expansão do cooperativismo acompanhava a tentativa de crescimento econômico vivido pelo Brasil naquela época. Entre 1950 e 1954, durante o governo do general Eurico Gaspar Dutra, o Plano Salte (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia) representou a primeira tentativa deliberada, e depois frustrada, de estabelecer metas para o desenvolvimento do país. Seguindo o modelo do Salte, o então governador de Santa Catarina, Irineu Bornhausen, lançou em 1951 o Plano de Obras e Equipamentos (POE), com a finalidade de minimizar gargalos decorrentes de infraestrutura no estado. No ano de 1953, o governo de Getulio Vargas deu um passo importante rumo à solução de problemas históricos nessa área, com a criação do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), que se tornaria fundamental ao crescimento econômico nas décadas seguintes ao financiar grandes obras de infraestrutura. Em 1956, Juscelino Kubitschek, por meio de seu Plano de Metas, definiu novos rumos para a política econômica brasileira. O Plano previa a distribuição dos investimentos em seis grandes grupos: energia, alimentação, transportes, indústria de base, educação e construção de Brasília. Ao mesmo tempo em que impulsionou a indústria nacional, o governo federal ofereceu grandes oportunidades ao capital externo, atraindo investimentos estrangeiros em áreas consideradas prioritárias: estradas de ferro, eletricidade, aço, transportes aéreos e indústria automobilística. Enquanto no setor industrial os resultados do Plano de Metas foram surpreendentes, com a produção atingindo crescimento médio de 80%, a agricultura foi relegada a segundo plano por JK. Na doutrina desenvolvimentista do presidente, não era mais permitido ao Brasil depender do chamado setor primário para se desenvolver. E os resultados obtidos por Juscelino não deixavam ecoar a insatisfação do setor agrícola: de 1957 a 1961, o PIB cresceu a uma taxa anual de 7%, média muito superior à registrada em outros países da América Latina. As dificuldades enfrentadas por segmentos excluídos do Plano de Metas estimularam o surgimento de novas cooperativas. Durante o governo JK começaram a ser esboçados os primeiros ensaios de uma organização que representasse as cooperativas em todo o país. Entretanto a falta de apoio do governo federal acabou por minar a iniciativa, fazendo com que a representação nacional fosse deixada de lado. Apesar de a geração e distribuição de energia estar entre os principais objetivos do governo, a prioridade eram as grandes cidades, onde se concentravam as maiores indústrias. Para levar energia a regiões distantes surgiram, ao final da década de 1950, cooperativas de eletrificação rural em Santa Catarina, localizadas em Forquilhinha e Salto

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Donner. O cooperativismo de eletrificação rural desempenhou um papel social muito importante no estado, principalmente nos primeiros anos de atuação. A primeira cooperativa do ramo foi inaugurada em 27 de janeiro de 1959, no então distrito de Forquilhinha, próximo a Criciúma. O surgimento dessas cooperativas tinha duas grandes motivações: a demanda das comunidades distantes por energia elétrica e a ascendência europeia dos imigrantes, fortemente ligados ao associativismo em seus países de origem. Na época da criação das primeiras cooperativas a Companhia Estatal de Energia Elétrica (CEEE) não conseguia nem tinha interesse em atender comunidades distantes, principalmente do meio rural. Para a concessionária era mais interessante economicamente operar em centros mais desenvolvidos, com maior densidade populacional. Dessa forma as cooperativas de eletrificação encontraram comunidades receptivas, que ajudaram em sua consolidação. Passaram a atuar, então, na área de construção, operação e manutenção das redes de eletrificação. A segunda cooperativa catarinense desse segmento iniciou suas atividades em 17 de junho de 1959, na localidade de Salto Donner, onde hoje é o município de Doutor Pedrinho. Durante a assembleia geral que marcou o começo das atividades os 26 sócios-fundadores optaram por começar com a instalação do primeiro gerador de energia elétrica, atividade com baixo investimento e alto retorno. Esse di-

Cooperativa de Eletrificação Rural de Armazém, fundada em 1967

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Presentes em diferentes segmentos da sociedade, as cooperativas catarinenses decidiram unir forças, fundando a Associação das Cooperativas de Santa Catarina (Ascoop), no dia 1º de agosto de 1964, durante a 1ª Reunião Regional, realizada em Blumenau.

ferencial foi fundamental para a consolidação da cooperativa, que décadas depois, em 2010, seria autorizada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a estabelecer-se como produtora independente de energia elétrica, implantando e explorando uma pequena central hidrelétrica (PCH). Presentes em diferentes segmentos da sociedade, as cooperativas catarinenses decidiram unir forças, fundando a Associação das Cooperativas de Santa Catarina (Ascoop), no dia 1º de agosto de 1964, durante a 1ª Reunião Regional, realizada em Blumenau. Liderada pelas cooperativas de consumo, a Ascoop representou o primeiro movimento rumo a um futuro sistema cooperativista. No mesmo ano, após o golpe o militar, as cooperativas passam a ser alvo da atenção do governo federal. Os militares receavam tentativas de insurgência entre os associados das cooperativas, consideradas por eles organizações com ideais socialistas, capazes de se rebelar contra o Estado ditatorial. O governo decidiu, então, acirrar o controle estatal sobre o cooperativismo brasileiro com a criação do Sistema Financeiro Nacional. Na prática o novo órgão praticamente extinguiu as cooperativas de crédito ao mesmo tempo em que incentivou o desenvolvimento das cooperativas agrícolas, consideradas prioridade pelo governo militar. A produção de alimentos era vista como uma questão de segurança nacional, já que a escassez de comida poderia ser o estopim para revoltas populares. Nessa época – no período que abrange as décadas de 1960 e 1970 – uma grande crise se instalou entre as cooperativas, que começaram a ser liquidadas. A euforia do sucesso de algumas iniciativas criou a falsa sensação de que a cooperativa resolveria todo e qualquer problema, com baixo investimento de tempo e dinheiro. O otimismo exacerbado, aliado ao Decreto-Lei 59/1966, atingiu fortemente as cooperativas que não se adequavam aos objetivos estabelecidos pela legislação do país. O Decreto surgia como instrumento legal para a regulamentação da Política Nacional do Cooperativismo. O reflexo foi, em uma ponta, a permanência das cooperativas com maior potencial de desenvolvimento e de prestação de serviços e, em outra, a extinção e liquidação de iniciativas mais rudimentares.

Expansão acelerada Essa transição é considerada o divisor de águas do cooperativismo em Santa Catarina. Até então o movimento era representado basicamente por cooperativas de consumo, formadas por funcionários de empresas, pelas esparsas cooperativas de eletrificação do Sul do estado e pelas cooperativas remanescentes dos setores de agropecuária e crédito. Somente nos anos de 1967 e 1968 é que se firmaram as bases do cooperativismo atual. 28

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Cooperativa Agropecuรกria de Jacinto Machado, fundada em 30 agosto de 1969

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Glauco Olinger, que foi presidente da Acaresc (atual Epagri) e secretário da Agricultura: apoio à expansão do cooperativismo

A propulsora desse movimento foi a então Associação de Crédito e Assistência Rural de Santa Catarina (Acaresc) e atual Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri). Através da liderança de Glauco Olinger, à época presidente da instituição e secretário da Agricultura, um novo quadro se configurou. Na época a extensão rural começava a dar os primeiros passos no estado, se aproximando cada vez mais do pequeno agricultor. A proximidade trouxe à luz dois problemas básicos enfrentados por quem trabalhava no campo: a dificuldade de comprar insumos a preços justos e a comercialização da produção. Problemas esses que poderiam ser resolvidos através do cooperativismo de consumo e agrícola. Com o subsídio técnico adequado fornecido aos servidores da Acaresc a cultura cooperativista passou a ser difundida por todo o estado, incentivando a união dos agricultores. Foi dessa forma que o cooperativismo se expandiu em Santa Catarina e despertou o associativismo em outras áreas de atuação. Ao final da década de 1960, outro ramo começou a tomar corpo. O cooperativismo médico surgiu de uma grande preocupação entre os profissionais da saúde, temerosos com a possibilidade de grupos de empresários ou médicos formarem pessoas jurídicas para prestar assistência via medicina de grupo e empresas privadas. Com o receio de que os médicos ficassem submetidos a esses grupos tomou vulto a ideia de que o próprio médico gerisse a sua atividade, através do cooperativismo. A primeira cooperativa desse ramo do Brasil surgiu em Santos, em 1967, com Edmundo Castilho. Durante a gestão de Murillo Ronald Capella, a Associação Catarinense de Medicina convidou Castilho para fazer uma exposição sobre os ideais cooperativistas e plantar a semente do associativismo médico em Santa Catarina.

Representação Em 1969, durante o governo Garrastazu Médici, o então ministro da Agricultura Luiz Fernando Cirne Lima percebeu que o cooperativismo brasileiro só perdia com a existência de duas uniões nacionais: a Associação Brasileira de Cooperativas (Abcoop) e a União Nacional das Associações Cooperativas (Unasco). Dividido, o movimento perdia forças e não tinha representantes de peso para dialogar com o governo. Para resolver esse problema, Lima convidou o secretário de Agricultura do estado de São Paulo, Antônio José Rodrigues 30

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Filho, para unir as duas instituições. O desafio era a criação de um órgão maior de representação, que dialogasse com as singulares e reivindicasse melhorias para o setor. A missão de Antônio José Rodrigues Filho era considerada quase impossível na época. Como reunir em uma mesma organização nacional pessoas que discordavam sobre vários temas ligados ao cooperativismo e a outras esferas? Em um trabalho de persuasão e total entrega, Rodrigues Filho viajou por todo o país apregoando um amplo diálogo com todas as entidades de cooperativas do Brasil. Sua cordialidade e disposição para ouvir fizeram de Rodrigues uma figura de respeito e identificação entre o movimento. Em menos de cinco anos ele já havia conseguido convencer a maioria das cooperativas brasileiras de que era necessária a constituição de uma única entidade que reunisse todas as tendências. Em 2 de dezembro de 1969, em Belo Horizonte, durante o 4º Congresso Brasileiro de Cooperativismo, Abcoop e Unasco saíram de cena para o surgimento da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), o órgão máximo de representação do movimento nacionalmente. Estava aberto o caminho para criar, em Santa Catarina, a entidade representativa do segmento.

Dificuldades enfrentadas para compra de insumos e comercialização de produtos motivavam agricultores familiares a integrar cooperativas

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Inauguração do primeiro frigorífico da Coopercentral, em 1973. A Aurora, como ficou conhecida a cooperativa, se tornaria um dos maiores conglomerados industriais do Brasil

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CAPÍTULO 3

A união das cooperativas catarinenses

N

o dia 1º de agosto de 1964 o cooperativismo

catarinense deu o primeiro passo rumo à uniformização do movimento: a fundação da Associação das Cooperativas de Santa Catarina (Ascoop). Durante a 1ª Reunião Regional, que reuniu em Blumenau os dirigentes das principais cooperativas do estado, era consenso que a criação de um órgão representativo seria essencial para fazer frente às novas medidas regulatórias impostas pelo governo federal. 33


Pouco antes do início da década, sob a liderança de Aury Luiz Bodanese, nascia um dos maiores expoentes do cooperativismo no estado: a Cooperativa Central do Oeste Catarinense (Coopercentral Aurora).

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Prova da força que o cooperativismo de consumo já tinha no estado, foram as cooperativas desse ramo, geralmente formadas por empregados de indústrias, que lideraram a Ascoop. O protagonismo de um ramo essencialmente urbano também retratava um momento de transição da economia catarinense, que registrou, no início da década de 1970, uma grande expansão industrial. Ao explorar novos mercados, as empresas catarinenses conquistavam a liderança nacional em diferentes setores, como carnes de aves e de suínos, tubos e conexões de PVC, revestimentos cerâmicos, refrigeradores, motocompressores e motores elétricos. Foi nessa mesma época que complexos agroindustriais se formaram no estado, impulsionados pela criação de vários centros de pesquisa e a consolidação de uma política nacional de crédito rural. Pouco antes do início da década, sob a liderança de Aury Luiz Bodanese, nascia um dos maiores expoentes do cooperativismo no estado: a Cooperativa Central do Oeste Catarinense (Coopercentral Aurora). Em abril de 1969 a iniciativa uniu várias cooperativas da região Oeste, que dedicavam-se à produção de grãos e incentivavam seus associados à agregação de valor através da criação de suínos, negociando-os com grandes frigoríficos e armazéns. Nas décadas seguintes, a Aurora, como ficou conhecida, se tornaria um dos maiores conglomerados industriais do Brasil, com cerca de 70 mil associados. A criação da Aurora representa bem a transição vivenciada pela economia catarinense e brasileira naquela época, em que as exportações do estado cresceram de forma exponencial, com a conquista de posições sólidas no mercado externo e a comercialização de produtos de maior valor agregado. A consolidação da indústria de Santa Catarina coincidiu com um dos períodos de maior crescimento da economia brasileira – entre 1967 e 1974 o PIB cresceu, em média, 11,2% ao ano. A agricultura não ficou de fora do chamado “milagre econômico”. Empenhado em ampliar a produtividade no campo, o governo militar adotou uma série de mecanismos para incentivar o crescimento do setor. Um dos principais foi a política de preços mínimos, que garantia a estabilidade de preços a fim de gerar segurança no processo produtivo. Nesse contexto, o cooperativismo era visto pelos militares como uma solução viável para aumentar a produção, em especial nas pequenas propriedades. O incentivo estatal impulsionou o surgimento de cooperativas em todo o Brasil. Em Santa Catarina a dificuldade para levar a ideia ao agricultor foi vencida por meio do envolvimento da Associação de Crédito e Assistência Rural de Santa Catarina (Acaresc), órgão responsável pelo trabalho de extensão rural no estado.

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Cooperativa recebe safra de feijão na década de 1970: agricultura não ficou de fora do “milagre econômico”

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Nasce o Sistema Cooperativo

O movimento de fusão ganhou força no Alto Vale, onde cinco cooperativas se fundiram em maio de 1971, dando origem à Cooperativa Regional Agropecuária do Vale do Itajaí (Cravil).

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Ainda em 1970 foram eleitos, em Blumenau, os dirigentes da Ascoop. Na presidência, assumiu Irineu Manke, de Massaranduba, tendo como vice Nelson Uhlesmann, de Joinville. Na composição da diretoria estava o secretário executivo Alberto Moraes, importante personagem da história cooperativista catarinense. Visionário, ele apresentava a todos os planos da entidade, com ênfase na formação de escritórios ou núcleos regionais da Ascoop, ampliação da difusão dos interesses cooperativos pela imprensa e a defesa da não incidência do ICM nas transações de cooperativas com seus associados, uma batalha que se estenderia por alguns anos. Assim, a Ascoop cresceu e se organizou. Em outubro de 1970, em Assembleia Geral Extraordinária, aprovou a reforma de seu Estatuto Social. Naquela época as pequenas cooperativas agrícolas começaram a discutir a necessidade de fusão, especialmente para ampliar o poder de barganha para compras coletivas. Ciente de que a fusão potencializaria os benefícios do cooperativismo, a Acaresc apoiou a integração, colocando uma equipe de contadores à disposição das cooperativas para auxiliar no processo. Além disso, criou um programa de apoio técnico que contava com coordenadores regionais de cooperativismo. O movimento de fusão ganhou força no Alto Vale, onde cinco cooperativas se fundiram em maio de 1971, dando origem à Cooperativa Regional Agropecuária do Vale do Itajaí (Cravil). Enquanto em Santa Catarina o foco eram as fusões, em Brasília se estendiam, havia quatro anos, as discussões sobre a Lei 5.764, que seria promulgada somente em dezembro de 1971. Com a finalidade de definir a Política Nacional do Cooperativismo, a nova regulamentação instituiu o Regime Jurídico das Sociedades Cooperativas e oficializou o acompanhamento estatal por meio de entidades representativas. Assim, as cooperativas, os órgãos de representação, as confederações, federações e centrais passaram a constituir efetivamente o Sistema Cooperativo Brasileiro, porém ainda com dependência de autorização para o funcionamento de parte de órgãos públicos federais e subordinação à fiscalização, predominantemente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). A nova lei substituiu toda a legislação anterior a respeito do cooperativismo e determinou uma representação única do movimento por meio da Organização das Cooperativas Brasileiras, a OCB. A elaboração da legislação específica e a união das cooperativas, somadas à presidência de seis meses de Rodrigues Filho na OCB, ficaram marcadas como o momento em que foi resolvida uma antiga rivalidade existente entre duas associações de São Paulo, a União das Cooperativas do Estado de São Paulo (Ucesp) e a Associação dos Comerciantes Atacadistas de Pescados do Estado de São Paulo (Aca-

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Irineu Manke assumiu a presidência da Ascoop em 1970

Comemorações do quarto aniversário da Cooperativa Regional Agropecuária do Vale do Itajaí (Cravil), fundada em maio de 1971 como resultado da fusão de cinco cooperativas da região do Vale do Itajaí

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No dia 28 de agosto de 1971 os associados aprovaram a mudança do nome da entidade de Ascoop para Ocesc – Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina.

Participação de dirigentes da Ocesc no 5º Congresso Brasileiro de Cooperativismo, realizado em Salvador no ano de 1971

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pesp). Para isso, Rodrigues Filho sugeriu que fossem criadas organizações estaduais de cooperativas no Brasil, as chamadas OCEs. A primeira criada foi a Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo, (Ocesp), em 1970. Enquanto isso, em Santa Catarina a Ascoop se preparava para tornar-se a organização estadual prevista pela legislação. No dia 28 de agosto de 1971 os associados aprovaram a mudança do nome da entidade de Ascoop para Ocesc – Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina. Na mesma reunião foi homologada a filiação da Ocesc à OCB e a Diretoria Executiva foi autorizada a assinar o convênio para registro e recolhimento das contribuições com a entidade maior do cooperativismo brasileiro. Também foi realizada a eleição dos dirigentes da Ocesc. Os associados decidiram por manter a base da diretoria da Ascoop, com Irineu Manke na presidência, agora tendo novo vice: Ivo Vanderlinde. O secretário executivo Alberto Moraes também foi mantido. Demonstrando a forte integração ao sistema cooperativista brasileiro, a Ocesc passou a compor o colegiado da OCB através do então presidente Irineu Manke, que se tornou membro do Conselho Fiscal. A mudança de nome veio acompanhada de outras alterações no Estatuto da Organização, que, alinhado à nova legislação cooperativista, previa a organização de Comitês Regionais da Ocesc em cada re-

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gião do estado onde existissem no mínimo cinco cooperativas filiadas. Esses comitês teriam as funções de promover seminários e reuniões para debater os problemas e necessidades das associadas e receber e examinar as consultas e reivindicações das cooperativas, entre outras atribuições. Nessa época, as cooperativas de eletrificação rural constituídas nos anos anteriores passaram a integrar o quadro da Ocesc. Em 1971, surgia e integrava-se à Organização a primeira das cooperativas de serviços médicos que posteriormente formariam o ramo de Saúde, que em poucos anos se destacariam pela ampliação do ramo por meio da marca Unimed. Disposta a se apresentar ao sistema em âmbito nacional, a Ocesc assumiu o desafio de organizar o maior evento do segmento no país: o Congresso Brasileiro de Cooperativismo. Realizada entre 24 e 28 de setembro de 1972 na capital, a sexta edição do Congresso reuniu cerca de mil pessoas, de 700 cooperativas, trazendo a Santa Catarina líderes políticos e intelectuais ligados ao movimento. A realização do Congresso fez com que o estado passasse a ser apontado como exemplo do cooperativismo no Brasil. A partir de então, a Ocesc ampliou sua

Saúde e cooperação À medida que o Sistema Cooperativo Brasileiro era fortalecido, o movimento se expandia em diferentes segmentos da sociedade. Após intensa conversa com os precursores do cooperativismo médico em Santos, foi fundada, em 30 de agosto de 1971, a pri-

Primeira sede da Unimed Florianópolis

meira cooperativa médica catarinense: a Unimed Grande Florianópolis, inicialmente batizada de Medsan. Paralelamente, Joinville e Blumenau também abriram suas unidades. Logo que foi criada, Unimed Florianópolis contou com nomes fortes em sua diretoria, o que lhe conferiu credibilidade entre os usuários e médicos associados. Nos primeiros anos a cooperativa se manteve através das cotas-partes recolhidas por seus fundadores junto aos cooperados. Mas a renda própria só foi consolidada com a assinatura do primeiro contrato, firmado com o Instituto de Previdência dos Funcionários da Assembleia Legislativa (Ipalesc), que beneficiou 200 usuários. Trilhando uma trajetória de sucesso, conta hoje com mais de 10.439 profissionais da área de saúde, em sua maioria médicos cooperados, cobrindo todas as especialidades médicas, com clientes totalizando aproximadamente 65% da população em potencial na sua área de abrangência, que compreende 21 municípios.

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Primeira sede da Sanmed em Blumenau

Ata de constituição da Sanmed, – Sociedade Cooperativa de Serviços Médicos e Hospitalares, de Blumenau: foi a primeira cooperativa do ramo de saúde fundada no estado

Reprodução da ata de fundação da Unimed Joinville, criada em 28 de setembro de 1971

Primeira sede da Unimed em Joinville

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representatividade política, induzindo o fortalecimento das cooperativas no estado. Em abril de 1972 a Organização mudou-se para uma nova sede, localizada no centro da Capital, junto ao Montepio Cooperativista do Brasil. Em julho do mesmo ano, a Ocesc deu início ao trabalho de orientação às filiadas, criando a Consultoria Técnica de Cooperativas (ConsulCoop), um departamento autônomo. O ano de 1973 foi marcado por importantes conquistas junto a instituições financeiras, o que demonstrava a credibilidade conquistada pelas cooperativas catarinenses. O Banco do Brasil, por exemplo, baixou instrução reduzindo de 15% para 10% ao ano a taxa de juros de determinados empréstimos concedidos às cooperativas. A taxa se aplicava às operações de comercialização (EGF) e para a aquisição de bens de consumo e produção. Os financiamentos obtidos permitiam às cooperativas ampliar suas atividades, contribuindo para o desenvolvimento econômico e social das regiões onde atuavam. Em Ascurra e Rio do Sul, por exemplo, contratos firmados com o Banco Regional do Desenvolvimento (BRDE), em janeiro de 1973, possibilitaram a modernização das unidades de armazenagem e beneficiamento de arroz, uma das culturas mais importantes para a economia local. Por meio desses contratos, as Cooperativas Regionais de Ascurra e Rio do Sul receberam recursos para a construção de um armazém e a aquisição de um equipamento para secagem e resfriamento do grão. Os projetos de financiamento foram elaborados por técnicos da Acaresc, com o apoio da Ocesc.

A Ocesc se consolida Diante da expansão do movimento no estado, as autoridades responsáveis pela promoção e desenvolvimento do cooperativismo estavam determinadas a transferir para a Ocesc outras atribuições. Estudava-se, na época, assinar um convênio entre a Acaresc e a Organização para que a Ocesc assumisse a coordenação de serviços de assistência contábil e administrativa às cooperativas. O desafio, então, era capacitar a Ocesc para exercer tais funções. A solução veio do país onde haviam sido implantadas as cooperativas pioneiras, a Alemanha, por meio da Fundação FriedrichNaumann. Com sede na Alemanha Ocidental, a Fundação mantinha projetos em 20 países e no Brasil trabalhava exclusivamente com cooperativismo, focando a estruturação das organizações para o desenvolvimento desse setor. Após conhecerem os representantes da Fundação no Brasil, dirigentes da Ocesc foram até a Alemanha para conhecer o sistema cooperativo daquele país. A viagem possibilitou às lideranças do movimento identificar modelos que, já consolidados na Europa, poderiam ser adaptados à realidade catarinense.

Dirigentes da Ocesc foram até a Alemanha para conhecer o sistema cooperativo daquele país. A viagem possibilitou às lideranças do movimento identificar modelos que, já consolidados na Europa, poderiam ser adaptados à realidade catarinense.

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Jornal da Produção publicado pela Ocesc em 1973 relata as conquistas do cooperativismo catarinense

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Em 1973, visando ampliar a capilaridade de suas ações, a Ocesc inaugurou núcleos regionais nas cidades de Chapecó e Videira, no Oeste do estado. Cada núcleo contava com um escritório para oferecer assistência administrativa e contábil às cooperativas filiadas.

Disposta a apoiar o cooperativismo no estado, a Fundação Friedrich-Naumann firmou um convênio com a Ocesc que tinha por objetivo desenvolver projetos focados na assistência técnica e na qualificação de recursos humanos das cooperativas. Esse convênio teria como consequência a implantação do Instituto Técnico das Cooperativas (ITEC) em Santa Catarina, um importante agente no processo de desenvolvimento cooperativista. Na mesma época a Coordenadoria Regional do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), então responsável pela fiscalização do sistema cooperativo, iniciou o cadastramento das cooperativas existentes no estado. O objetivo era reconhecer o sistema, sanar suas deficiências e reunir dados para o planejamento da assistência técnica. O cadastramento das cooperativas era um programa de âmbito nacional. O levantamento confirmou um processo que a Ocesc já acompanhava: as cooperativas agropecuárias se expandiam em ritmo acelarado. Graças à política de apoios ao uso de insumos modernos, ocorria uma verdadeira revolução na tecnologia da agropecuária catarinense. Em 1972, por exemplo, foram utilizadas 172 mil toneladas de calcário e 25 mil de fertilizantes na recuperação de 35 mil hectares de solos. Em 1970 o volume total de corretivos e fertilizantes não havia ultrapassado 29 mil toneladas. O programa de recuperação da fertilidade dos solos era dinamizado pela ação do Fundo de Estímulo à Produtividade, que somente em 1972 beneficiou cerca de 100 mil produtores. O aumento do consumo de insumos modernos provocou o aumento da produção, levando Santa Catarina a registrar um tempo de supersafra. O excedente de produção acentuou a ação da política de preços mínimos, visto que os preços oferecidos aos produtores foram muito reduzidos. Porém, para ter a garantia do preço mínimo, o produto precisava passar por processos de secagem, armazenagem e classificação. Essa política ameaçava o setor em Santa Catarina, devido à precária estrutura dos serviços de classificação de cereais existentes no estado. O problema exigia soluções urgentes para ampliar a rede de armazéns e silos. Diante desse cenário, a Ocesc passou a apoiar as cooperativas de produção nas reivindicações por melhorias da infraestrutura junto ao governo.

Atuação descentralizada Em 1973, visando ampliar a capilaridade de suas ações, a Ocesc inaugurou núcleos regionais nas cidades de Chapecó e Videira, no Oeste do estado. Cada núcleo contava com um escritório para oferecer assistência administrativa e contábil às cooperativas filiadas. No início daquele ano a Organização abrangia 185 filiadas e cerca de 70 mil associados. 44

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Primeira sede do Núcleo Regional da Ocesc, em Chapecó

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Além de oferecer assistência às filiadas, a Ocesc estava preocupada em formar técnicos para trabalhar nas cooperativas, atendendo à crescente procura de contadores e administradores. Para isso iniciou a implantação de uma política de formação de pessoal com convênios com universidades e bolsas de trabalho para estudantes.

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Muitas cooperativas davam seguimento às fusões e incorporações, principalmente para se fortalecerem perante os concorrentes fora do movimento cooperativista. Foi o caso das cooperativas de eletrificação rural. A Cooperativa de Eletrificação Rural de São João do Sul foi incorporada à de Praia Grande e as Cooperativas de Anitápolis, São Bonifácio, Rio Fortuna, São Ludgero e Grão Pará estavam em entendimento para a incorporação à Cooperativa de Braço do Norte, que se transformaria em uma das maiores do estado. As cooperativas de São Bonifácio e de São Martinho foram incorporadas pela de Armazém, enquanto a cooperativa de Rio Fortuna foi incorporada pela de Braço do Norte. Em meados de 1973 a Ocesc já somava 196 cooperativas filiadas: 65 agropecuárias, 46 de eletrificação rural, 24 de consumo e 61 de serviços (irrigação, mecanização, serviços médicos e escolares, entre outros). As cooperativas de consumo desempenhavam um importante papel social. Das 24 cooperativas de consumo, seis estavam localizadas em Blumenau, onde 5,8 mil famílias adquiriam gêneros alimentícios a preços mais baixos do que no comércio tradicional. Além de oferecer assistência às filiadas, a Ocesc estava preocupada em formar técnicos para trabalhar nas cooperativas, atendendo à crescente procura de contadores e administradores. Para isso iniciou a implantação de uma política de formação de pessoal com convênios com universidades e bolsas de trabalho para estudantes. A Fundação Naumann concedeu à Organização recursos para acelerar o processo de “privatização da assistência técnica ao sistema cooperativista catarinense”. A assistência técnica era oferecida pelo governo, por meio do Incra, da Secretaria de Agricultura e da Acaresc. Com o financiamento da Fundação Naumann, a Ocesc firmou um convênio com a Acaresc, que colocou técnicos à disposição da Organização – as despesas operacionais eram pagas com recursos da Fundação. Assim o serviço de assistência técnica, que até então era oferecido de forma gratuita, passou a ser cobrado pela Ocesc com o objetivo de manter com recursos próprios, no futuro, a sua equipe de técnicos especializados. As novas formas de atuação exigiram mudanças no Estatuto da Organização, as quais foram aprovadas na mesma Assembleia que elegeu, em agosto de 1973, uma nova diretoria para a Ocesc. O presidente da Cooperativa Regional Agropecuária do Vale do Itajaí, Ivo Vanderlinde, assumiu a presidência da Organização, tendo como vice o presidente da Coopercentral Aurora, Aury Bodanese. Alberto Moraes seguiu como Secretário Executivo. Em 18 de outubro do mesmo ano foi inaugurado em Chapecó o frigorífico da Cooperativa Central Oeste Catarinense Ltda. (Fricooper), considerado o maior empreendimento do setor cooperativista no estado, com capacidade para abater 350 suínos por dia. Com uma área construída de 4.430 m2, o frigorífico contava com um dos mais modernos sistemas de refrigeração existentes na época. A comercialização do

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Ivo Vanderlinde, eleito presidente da Ocesc em 1973

Nos anos que antecederam a inauguração do frigorífico da Coopercentral, em 1973, foram realizados investimentos para a infraestrutura, que incluíram uma frota de 23 caminhões

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Organizado pela Ocesc, 6º Congresso Brasileiro de Cooperativismo reuniu lideranças do movimento em Florianópolis no ano de 1973

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Com apenas 1,13% da área territorial brasileira, Santa Catarina era, na época, o quinto maior produtor nacional de alimentos, atrás apenas de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais.

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produto industrializado (carne congelada, carne salgada e banha) era realizada por um posto de vendas em São Paulo. O Fricooper foi um empreendimento das 16 cooperativas da Central Oeste, com apoio de Banco do Brasil, BESC, BRDE e dos incentivos fiscais do governo estadual, por meio do Fundo de Desenvolvimento do Estado de Santa Catarina (Fundesc). Nos três anos anteriores o Fundo destinara 15 milhões de cruzeiros para formação de uma infraestrutura de armazenagem, industrialização e comercialização dos produtos. Esse montante foi aplicado em projetos para a construção e equipamento de 30 armazéns com capacidade de armazenagem para 205 mil toneladas de cereais. Também foram adquiridos 23 caminhões para o transporte de suínos. No ano seguinte, o governo do estado, também através do Fundesc, aprovou o maior projeto de incentivos fiscais concedido até então ao movimento cooperativista de Santa Catarina. O benefício foi aplicado no projeto para construção de 17 unidades no Oeste catarinense, com capacidade para armazenar 84.120 toneladas de cereais. Defendido pela Ocesc, o empreendimento beneficiava 15 cooperativas agropecuárias, criando 250 empregos diretos. Essas cooperativas congregavam 8.450 famílias de produtores. A capacidade de armazenagem das cooperativas agropecuárias passou, então, de 60.500 toneladas para 144.620. Atenta ao crescimento das cooperativas agropecuárias, a Ocesc reuniu 25 filiadas para montar um esquema agressivo de exportação de soja. Em 1974 foram exportadas 15 mil toneladas e a previsão para o próximo ano era de que o projeto alavancasse as vendas externas, atingindo a marca de 115 mil toneladas exportadas. Com apenas 1,13% da área territorial brasileira, Santa Catarina era, na época, o quinto maior produtor nacional de alimentos, atrás apenas de São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Minas Gerais. O crescimento do setor agrícola catarinense no ano foi de 30,8%, o maior índice registrado até então. Diante da expansão dos negócios, a Ocesc implantou um departamento de informações comerciais, a fim de orientar as cooperativas sobre o comportamento dos mercados internos e externos. Além disso, o departamento tinha o objetivo de assessorar tecnicamente no processo de comercialização, capacitar dirigentes na área de comercialização e marketing, identificar clientes, selecionar melhores fontes de insumo e comparar os mercados por agrupamento industrial e comercial de atividade. Embora contribuísse de forma efetiva para estruturar a área de exportação nas cooperativas de produção, a Ocesc não tinha condições de assumir a organização cotidiana dessa atividade. Assim, atendendo a uma reivindicação do próprio movimento cooperativista, no dia 25 de julho de 1975 foi realizada em Florianópolis a Assem-

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bleia Geral de Fundação da Federação das Cooperativas Agropecuárias de Santa Catarina (Fecoagro). A Fecoagro surgia, assim, com o desafio de organizar as exportações, principalmente de soja, à época comandadas pelas cooperativas espalhadas no estado. A exigência era que houvesse uma entidade que controlasse essas exportações, já que havia uma cota fixa, determinada pelo governo federal. O primeiro presidente da Fundação foi Aury Bodanese.

Energia no interior

Escritório da Fecoagro em 1977: instituição foi criada para coordenar exportações das cooperativas

Com o crescimento das cooperativas de eletrificação rural durante a década de 1970, possibilidades de investimentos e financiamentos começaram a surgir tanto no Brasil quanto no exterior. O maior volume de financiamentos vinha do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). A verba, exclusivamente destinada às cooperativas de eletrificação rural, era repassada ao Ministério da Agricultura – a quem as cooperativas se reportavam – através do Grupo Executivo de Eletrificação Rural (GEER). Em outubro de 1975 o governo do estado realizou um levantamento que identificou 7 mil quilômetros de linhas de eletrificação rural, atendendo a 72 mil consumidores. O governo se valeu, então, do cooperativismo como instrumento para captar esses e outros recursos voltados a projetos de eletrificação rural. A meta era ousada: implantar, em quatro anos, 13.250 quilômetros de linhas, chegando a 91 mil consumidores. Para permitir essa expansão foi criada, por meio da Lei 4.824 de 16/01/73, a Eletrificação Rural de Santa Catarina (Erusc), que foi efetivamente constituída em abril de 1975. A Erusc atuava principalmente na construção das estruturas físicas, por meio de empreiteiras, e as entregava às cooperativas. Esse sistema criou uma enorme dependência das cooperativas de eletrificação rural com o estado, gerando falta de autonomia nas pequenas instituições, que não tinham como arcar com os custos da construção de suas estruturas. Logo após a Lei de 1973, sentiu-se a necessidade de congregar mais fortemente as cooperativas do segmento, para que se organizassem e interagissem com a própria Erusc, a concessionária estatal e agentes financeiros. Assim, em 25 de novembro de 1973, cerca de 20 cooperativas se reuniram para fundar a Federação das 51


Cooperativas de Eletrificação Rural de Santa Catarina (Fecoerusc). A Ocesc apoiou a fundação da Federação e esteve presente no dia de sua constituição. O apoio institucional da Organização foi importante na orientação da Fecoerusc, além da representação desse segmento junto à OCB. A Fecoerusc teve participação fundamental na expansão do setor no final dos anos 1970. Essa expansão mudou a vida do homem do campo, que em muitas localidades, há pouco mais de 30 anos, não tinha acesso à energia elétrica. A chegada da energia possibilitou uma melhora significativa na qualidade de vida, além de fomentar a busca por novas tecnologias, otimizando os processos produtivos no campo.

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Cooperativas de eletrificação rural expandiam sua atuação, levando energia ao campo

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Novos desafios

Ao final de 1975 a Ocesc inaugurou sua primeira sede própria, na Rua Jairo Callado, em Florianópolis. Era uma casa de dois andares, com 420 metros quadrados de área construída. Na época a entidade contava com 157 cooperativas filiadas: 20 de consumo, 19 escolares, 73 de produção agropecuária, 37 de eletrificação rural e oito de prestação de serviços.

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Ao final de 1975 a Ocesc inaugurou sua primeira sede própria, na Rua Jairo Callado, em Florianópolis. Era uma casa de dois andares, com 420 metros quadrados de área construída. Na época a entidade contava com 157 cooperativas filiadas: 20 de consumo, 19 escolares, 73 de produção agropecuária, 37 de eletrificação rural e oito de prestação de serviços. Todas se cotizaram em condomínio para o pagamento da sede própria adquirida para a instituição. Elaborado com o apoio da Organização, o Programa Integrado de Promoção e Desenvolvimento do Cooperativismo, pioneiro no país, estava em análise pelo governo do estado e serviria de modelo para outras regiões do Brasil. Focado no fortalecimento do sistema cooperativista em Santa Catarina, o programa foi estruturado em quatro eixos: promoção e assistência técnica, consultoria administrativa, controle e fiscalização e comercialização e zoneamento. Apesar de trabalhar para a expansão do movimento, a Ocesc sempre acreditou que os princípios do cooperativismo não poderiam ser esquecidos em função do crescimento. Para isso, disseminar a doutrina era essencial. Com o apoio da Organização algumas instituições de ensino incorporaram em seus currículos a formação cooperativista. A Universidade Federal de Santa Catarina, por exemplo, criou um curso de Administração de Cooperativas. A Udesc instituiu a cadeira administração de cooperativas no curso de Administração de Empresas. Em paralelo, a Secretaria Estadual de Educação incluiu a disciplina “cooperativismo” entre as matérias optativas de cursos profissionalizantes. Os números da Ocesc dimensionavam a importância do sistema: em julho de 1977 eram 60 cooperativas de produção agropecuária, 20 de consumo, 10 de prestação de serviços, 17 escolares, 39 de eletrificação rural e uma cooperativa cultural. Na época a maior cooperativa do estado em número de associados era a Cooperativa de Consumo dos Empregados das Organizações Hering, constituída há 25 anos e com 4 mil associados atuantes e 9 mil registrados.

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Primeira sede da Ocesc, no prédio cedido pela Acaresc para funcionamento da Organização e da Faesc

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Em 1976, Jornal da Produção apresentava a atuação da Ocesc e o mapa do cooperativismo em Santa Catarina

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Estande da Ocesc no Congresso Brasileiro de Cooperativismo realizado em 1980 mostrava a diversidade de produtos gerados por cooperativas catarinenses

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CAPÍTULO 4

A caminho do desenvolvimento

O

final da década de 1970 foi marcado pelo

crescimento das cooperativas catarinenses. No campo e na cidade a cooperação entre pessoas com interesses comuns, motivadas pela realização de sonhos individuais ou coletivos, contribuía para o desenvolvimento do estado. Ciente da responsabilidade que a expansão exigia ao movimento, a Ocesc investiu na capacitação de cooperados, oferecendo às filiadas, em parceria com outras entidades, uma série de treinamentos voltados a dirigentes e funcionários. 59


Alberto Moraes, eleito presidente da Ocesc em 1979

Aprovados pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, os treinamentos eram voltados, principalmente, a dirigentes e funcionários das cooperativas e transmitiam conhecimentos nas áreas de contabilidade, administração e comunicação, entre outras. Ao todo, a Ocesc oferecia cerca de 40 cursos na época, em parceria com o ITEC, que funcionava na sede da Organização e realizava, entre outras atividades, o trabalho de auditoria e acompanhamento técnico das cooperativas. Apesar de atender algumas cooperativas de outros segmentos, eram as agropecuárias que exigiam maior atenção do Instituto. Por isso, em 1979, a estrutura do ITEC foi separada da Ocesc e transferida para Chapecó, mais próxima das cooperativas agropecuárias. No mesmo ano a Ocesc elegeu um novo presidente: Alberto Moraes. Com a separação do ITEC, a estrutura da Organização ficou bastante enxuta, com apenas sete funcionários. O volume de recursos tam-

Almoço festivo reúne associados da Coopercentral no final dos anos 1970: quase 20 mil pequenos produtores cooperados

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1ª Convenção Brasileira de Administradores e Contadores de Cooperativas, realizada em 1979: investimento na profissionalização

Encontro de mulheres cooperativistas: participação feminina aumentava no movimento

Equipe do ITEC, em 1985: Instituto era responsável por auditoria e acompanhamento técnico das cooperativas

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Ao final de 1980, as 144 cooperativas filiadas à Ocesc reuniam cerca de 150 mil associados. O segmento mais representativo era o agropecuário, com 57 filiadas e 55,1 mil associados.

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bém diminuiu, exigindo austeridade na gestão da entidade. A mesma postura seria necessária às cooperativas agropecuárias, que viram suas dívidas crescerem exponencialmente entre 1979 e 1980. Era o reflexo negativo de dois fatores, que por vários anos continuariam a atormentar as cooperativas: as facilidades de crédito ocasionaram um alto nível de endividamento, inflado pela correção monetária – totalmente desproporcional à correção adotada para a produção agropecuária. Mas não era apenas para a agricultura que o Brasil da década de 1980 parecia desfavorável aos negócios. As consequências do milagre econômico registrado durante o governo militar levavam o país a uma histórica recessão, que no futuro a tornaria conhecida como a “década perdida”. Pela primeira vez desde 1947, quando os indicadores do PIB começaram a ser estabelecidos, o resultado em 1981 foi negativo, registrando queda de 3,1%. Nos três anos de recessão – entre 1981 e 1983 –, o PIB teve um declínio médio de 1,6%. Os setores mais atingidos foram as indústrias de bens de consumo durável e de capital, concentradas nas áreas mais urbanizadas do país. A crise gerou desemprego, acentuando os desníveis sociais criados pelo processo de desenvolvimento econômico e inflação ascendente. Em 1980, o índice anual de inflação chegou a 110,2%. A economia nacional passava por um período de estagnação econômica e altos índices inflacionários. Nesse cenário, as cooperativas catarinenses trabalhavam para superar a turbulência e, em contrapartida, aproveitar oportunidades que a instabilidade poderia trazer. Ao final de 1980, as 144 cooperativas filiadas à Ocesc reuniam cerca de 150 mil associados. O segmento mais representativo era o agropecuário, com 57 filiadas e 55,1 mil associados. Em março de 1981 a Ocesc elegeu nova diretoria. Alberto Moraes foi mantido na presidência, acompanhado de Athos de Almeida Lopes (1º vice-presidente), Harry Dorow (2º vice-presidente) e Gelson Cláudio (também 2º vice-presidente). No mês seguinte às eleições a diretoria apresentou as novas ações que seriam desenvolvidas pela Companhia Integrada de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) e pela Acaresc no apoio ao cooperativismo, com previsão de transferência de recursos às cooperativas para contratação de técnicos. As ações da Acaresc seriam desenvolvidas em conjunto com as cooperativas e sob seu comando, com um comitê técnico constituído para o estudo das ações conjuntas. O comitê era formado por três representantes: governo do estado, Ocesc e Fecoagro. Outro desafio a ser enfrentado pela nova diretoria da Ocesc estava no segmento de eletrificação rural. Naquela época, as cooperativas da área começaram a perceber que o serviço de fornecimento e gerenciamento das redes elétricas precisava ser diversificado. Essa seria uma forma de manter a sustentabilidade do negócio,

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Presença no campo: agricultores formavam o ramo do cooperativismo com maior número de filiadas à Ocesc

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Primeira casa de máquinas e geradores da Cooperativa de Eletrificação Rural de Salto Donner, criada em 1959

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gravemente ameaçado pela concorrência da concessionária estadual. Iniciavam-se os debates sobre a incorporação de redes de eletrificação rural das cooperativas pela Celesc, já que a concessionária tinha condições de praticar preços mais acessíveis que os das pequenas cooperativas. Apoiadas pela Ocesc, as cooperativas de eletrificação rural conseguiram manter sua posição no mercado. Alguns anos depois, deram um importante passo representativo e institucional em sua trajetória. O presidente da Federação das Cooperativas de Eletrificação Rural de Santa Catarina (Fecoerusc), Maurino Manoel dos Santos, foi eleito presidente da Confederação Nacional das Cooperativas de Eletrificação Rural em 1984. À época Santa Catarina era o estado com a maior rede de eletrificação do país, com 62% das propriedades rurais servidas com energia elétrica. As 39 cooperativas filiadas à Fecoerusc contavam com 93.500 associados, sendo que 65% encontravam-se na zona rural. Na mesma área, a concessionária estatal possuía 35 mil usuários a mais. Devido às vantagens de operar com um volume maior que o das cooperativas e ter o apoio do governo, as tarifas praticadas pela Celesc eram quase 50% inferiores às das cooperativas.

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A Ocesc avança Em meados dos anos 1980 a Ocesc reforçou suas ações para a integração entre as filiadas, com o objetivo de que cooperativas de diferentes segmentos e regiões do estado compartilhassem conhecimentos e informações, podendo, assim, colaborar com o desenvolvimento do movimento no estado. A comunicação era uma ferramenta fundamental a esse processo. O “Elo Cooperativo”, informativo mensal produzido pela Organização, cumpria a função de registrar e informar os cooperados sobre fatos relevantes para o movimento e as próprias ações da Ocesc, além de relatar os inúmeros casos de sucesso que envolviam cooperativas no estado.

Primeira edição do Elo Cooperativo, informativo mensal da Ocesc

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Harry Dorow, que presidiu a Ocesc entre 1984 e 1989

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A diretoria eleita por membros da Organização para a gestão de 1984 a 1987 era formada por Harry Dorow na presidência e Maurino Manoel dos Santos na 1ª vice-presidência, além de Athos de Almeida Lopes e Hercílio Schmitt (ambos na 2ª vice-presidência). Ainda em 1984, o ministro da Agricultura, Nestor Jost, anunciou que o cooperativismo brasileiro passaria a ser acompanhado pelo governo federal por meio de um único órgão, diretamente ligado ao Ministério, a Secretaria Nacional do Cooperativismo. A proposta do ministro incluía a extinção do Conselho Nacional de Cooperativismo (CNC) e do BNCC, além da saída do Incra em ações relativas ao cooperativismo. Alguns meses depois, as ações planejadas começaram a se concretizar, quando a responsabilidade sobre as cooperativas passou do Incra para o Ministério da Agricultura. Assim, o CNC passaria a funcionar junto ao Ministério, com a participação de outros órgãos de governo e da OCB. Em Santa Catarina a Ocesc se empenhava no incentivo ao cooperativismo de crédito, segmento existente no estado desde a década de 1930. Durante o regime militar, porém, uma série de resoluções, leis e decretos restringiram a área de atuação das cooperativas de crédito, levando a uma extinção em massa dessas instituições em todo o Brasil. A situação começou a ser revertida em 1971, com a Lei 5.764, que atribuía ao Banco Central do Brasil as tarefas de fiscalização e controle das cooperativas de crédito, enquanto sua regulação cabia ao Conselho Monetário Nacional. A legislação também atribuía ao Estado a responsabilidade pela assistência técnica e oferta de incentivos financeiros e creditórios especiais, necessários à criação, desenvolvimento e integração das entidades cooperativas. Apesar das condições mais favoráveis, foi preciso mais de uma década para que as cooperativas de crédito voltassem a atuar de forma significativa. Em 1981, um projeto elaborado pelo cooperativista Mário Kruel Guimarães foi iniciado no Rio Grande do Sul, com o objetivo de criar um Sistema Cooperativo de Crédito Rural no país que pudesse oferecer ao pequeno produtor rural uma alternativa de financiamento. Era consenso, na época, a impossibilidade de os pequenos produtores arcarem com as altas taxas de juros praticadas pelos bancos. A Ocesc liderou esse movimento em Santa Catarina, criando o Comitê Pró-Constituição das Cooperativas de Crédito Rural. Por meio desse Comitê, a Organização promoveu encontros e reuniões por todo o estado a fim de esclarecer sobre os benefícios do cooperati-

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vismo na área financeira. Diante das dificuldades de financiamento enfrentadas pelos produtores rurais, a Organização incentivou cooperativas agropecuárias a iniciarem um sistema de cooperativas de crédito em Santa Catarina. Sete foram as pioneiras: Cooperativa de Produção e Consumo Concórdia (Copérdia), de Concórdia; Cooperativa Regional Alfa (Cooperalfa), de Chapecó; Cooperativa Agropecuária de Canoinhas (Coopercanoinhas); Cooperativa Regional Auriverde (Cooperauriverde), de Cunha Porã; Cooperativa Regional Arco Íris (Cooperarco), de Palmitos; Cooperativa Regional Agropecuária de Campos Novos (Coopercampos) e Cooperativa Rio do Peixe (Coperio), de Joaçaba. A Ocesc formou então grupos de trabalho em cada uma dessas cooperativas. Nesses grupos, dirigentes e funcionários, apoiados pela Organização, passaram a estudar a viabilidade de criar cooperativas de crédito na região em que atuavam. Em paralelo, era preciso buscar modelos que auxiliassem na implantação. Para isso a Ocesc organizou viagens de dirigentes das cooperativas de produção a várias cooperativas de crédito de São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul. Após conhecerem os modelos que seriam adaptados às características e necessidades dos associados, as cooperativas agropecuárias elaboraram um projeto que foi enviado ao Banco Central, solicitan-

Reunião do Comitê Pró-Constituição das Cooperativas de Crédito Rural, criado pela Ocesc no início da década de 1980

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Assembleia da Crediauc, em Concórdia, na década de 1980: a primeira cooperativa de crédito autorizada pelo Banco Central a funcionar em Santa Catarina

do autorização para fundar uma cooperativa de crédito singular. Esses projetos começaram a ser aprovados em 1984, quando foi autorizado o funcionamento da Cooperativa de Crédito do Alto Uruguai Catarinense (Crediauc), com sede em Concórdia. Um ano depois, as sete cooperativas singulares de crédito estavam operando normalmente. O rápido desenvolvimento dos negócios sugeria que, como em outros segmentos, a criação de um sistema integrado poderia ajudar as cooperativas a crescer de forma mais sustentada que se o fizessem individualmente. Assim, a Ocesc apoiou a fundação da Cooperativa Central de Crédito Rural de Santa Catarina (Cocecrer SC), em 8 de novembro de 1985, que começou a funcionar em uma pequena sala na sede da Organização, contando com o trabalho de dois assessores também cedidos pela Ocesc.

Pioneirismo e liderança Também em 1985 a Ocesc empreendeu mais uma ação pioneira, ao criar um banco de dados para o setor cooperativista. A organização catarinense foi uma das primeiras do Brasil a implantar a iniciativa, que reunia informações econômicas, financeiras e sociais das cooperativas do estado. O objetivo era organizar e sistematizar as informações, para que fossem utilizadas de maneira estratégica. 68

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Após iniciar as operações em uma sala cedida pela Ocesc, Cocecrer passou a operar no prédio da Fecoagro, em Florianópolis

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Jornal Elo Cooperativo anunciava a criação da Cooperativa Central de Crédito Rural de Santa Catarina (Cocecrer SC)

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O cooperativismo começava a se articular, já em 1986, para participar ativamente da elaboração da nova Constituição Federal, que seria promulgada em 1988.

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O trabalho de levantamento das informações, diante da tecnologia disponível na época, era bastante demorado. Exigia preparar as correspondências, reproduzi-las no mimeógrafo e encaminhar para distribuição pelos Correios. O contato telefônico era bastante difícil na época e o Telex não agilizava suficientemente o processo. Mesmo assim, a Ocesc persistiu. Os dados eram de grande importância para se ter uma verdadeira noção do quadro atual do sistema cooperativista. Após o envio das informações pelas cooperativas, os dados eram passados para planilhas em papel almaço, depois datilografados e reproduzidos em publicações anuais que eram distribuídas para o sistema e outras entidades, com os dados econômicos e cadastrais das cooperativas. A contabilidade na época também era mecanizada. A escrituração dos livros diários era feita em máquinas enormes e barulhentas, que usavam gelatina para a gravação dos dados. Os balancetes de todas as cooperativas eram transcritos manualmente, depois datilografados e reproduzidos no mimeógrafo. Da mesma forma eram tratados os relatórios que seriam entregues a todas as cooperativas nas assembleias da Ocesc. Enquanto as cooperativas catarinenses se desenvolviam, o Brasil passava por grandes mudanças políticas marcadas pelo fim do regime militar. Os partidos políticos brasileiros voltaram a se organizar e em 15 de janeiro de 1985, por meio de voto indireto, Tancredo Neves foi eleito para presidir a República. Com a morte de Tancredo em 21 de abril daquele ano, foi o vice-presidente, José Sarney, quem assumiu o cargo. Em 1985 a economia brasileira se apresentava em situação um pouco mais favorável, impulsionada pelas exportações. Mas os níveis de inflação seguiam alarmantes, chegando ao patamar de 235,5% naquele ano. O cooperativismo começava a se articular, já em 1986, para participar ativamente da elaboração da nova Constituição Federal, que seria promulgada em 1988. Em todo o Brasil foram realizadas campanhas de comunicação junto aos associados a fim de esclarecer sobre a importância do momento político vivido pelo país e convocar as cooperativas a participarem do processo. Mobilizadas em torno de conquistas para o setor, as cooperativas iniciaram um trabalho de base por ocasião do lançamento dos candidatos à Assembleia Nacional Constituinte e Assembleias Legislativas. Após as eleições, o sistema cooperativista brasileiro conseguiu arregimentar 207 parlamentares entre deputados e senadores comprometidos com o sistema. Liderados pela OCB, eles foram responsáveis pela inclusão na Nova Carta de pontos importantes para o crescimento do setor, desenhando o modelo do cooperativismo do futuro. O sistema coletou sugestões de todas as cooperativas brasileiras, confeccionando o documento “Constituinte do Cooperativismo”. Re-

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Informações obtidas pela Ocesc sobre a situação das cooperativas catarinenses resultaram em ações efetivas, como o convênio com a Acaresc reportado no jornal Elo Cooperativo

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O fim da tutela estatal foi a maior das conquistas e permitiu a livre constituição das cooperativas. Além disso, o funcionamento das cooperativas de crédito e os requisitos para que elas pudessem dispor de condições de operacionalidade e estruturação próprias das instituições financeiras foi o tema de uma emenda.

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sultado: sete referências foram incluídas na nova Constituição brasileira contemplando o cooperativismo. O fim da tutela estatal foi a maior das conquistas e permitiu a livre constituição das cooperativas. Além disso, o funcionamento das cooperativas de crédito e os requisitos para que elas pudessem dispor de condições de operacionalidade e estruturação próprias das instituições financeiras foi o tema de uma emenda. O dispositivo foi fruto de acordo entre os diversos partidos representados na Assembleia Nacional Constituinte, que resultou no reconhecimento do cooperativismo de crédito no Brasil. O inciso 8º do artigo 225 – que regulamentou o funcionamento do sistema financeiro nacional – recebeu a aprovação de 421 constituintes, dos 427 presentes à sessão.

Qualificação Um ano antes da vitória na Constituição, a Ocesc estava empenhada em implantar um novo programa de formação de recursos humanos para atuarem nas cooperativas, o Formacoop. Formatado em parceria com as organizações das cooperativas dos estados do Rio Grande do Sul (Ocergs) e do Paraná (Ocepar), esse programa criou cursos modulares para dirigentes e executivos de cooperativas de diferentes segmentos. Divididos em seis módulos, os cursos tinham 120 horas-aula e eram focados no aperfeiçoamento da gestão das filiadas. Em 1987 uma nova diretoria assumiu a Ocesc, tendo Harry Dorow como presidente e Mário Lanznaster como vice. Na pauta de trabalho da nova gestão estava a criação de uma escola permanente para treinamento de dirigentes, cooperados e funcionários do sistema cooperativista e uma maior representação por parte dos parlamentares na defesa do sistema cooperativista durante elaboração da nova Constituição. Em maio daquele ano foi realizada a primeira reunião da Ocesc com os deputados da Frente do Cooperativismo na Assembleia Legislativa, coordenada por José Zeferino Pedroso, uma das maiores lideranças do cooperativismo catarinense. Para manter os cooperados a par das decisões políticas, foi criada uma coluna no jornal Elo para divulgar as ações da Frente Parlamentar. O ano de 1988 foi marcado por dificuldades em alguns segmentos. As cooperativas de eletrificação rural enfrentavam problemas de relacionamento com os governos estadual e federal. Com mais de 117 mil associados, as 33 cooperativas eram responsáveis pela distribuição de energia elétrica a cerca de metade do estado, contribuindo para que Santa Catarina tivesse cerca de 75% das propriedades rurais abastecidas com energia elétrica. Esse era o maior percentual do país, que tinha, em média, 17% de eletrificação no campo. O problema maior das cooperativas era a concorrência com a concessionária estatal, que

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Formacoop reunia dirigentes e funcionรกrios de cooperativas de diferentes ramos, para aperfeiรงoar a gestรฃo

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Ainda em 1988 a Ocesc obteve uma importante conquista para o movimento. A Assembleia Legislativa havia aprovado o Programa de Desenvolvimento da Empresa Catarinense (Prodec), que visava estimular o desenvolvimento socioeconômico do estado, apoiando a implantação de empreendimentos.

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vendia energia às cooperativas pelo mesmo preço cobrado do consumidor final. O impasse só seria resolvido no ano seguinte, com a assinatura de um convênio entre Celesc e Fecoerusc, intermediado pela Ocesc. Conforme o convênio, a estatal se comprometia a prestar assistência técnica e administrativa às cooperativas de eletrificação rural, auxiliando-as na elaboração e expansão de seus sistemas elétricos, nos projetos de financiamento e nos serviços técnicos e operacionais, além do treinamento dos funcionários. Em outro segmento, o de consumo, as cooperativas enfrentavam um processo de descapitalização intensa, motivado pelas compras a prazo e pela alta da inflação, que havia alcançado o patamar de 415,83% no ano de 1987 e chegaria a impressionantes 1.037,56% em 1988. O segmento de consumo reunia 21 cooperativas filiadas à Ocesc, com mais de 46 mil associados. Atenta às dificuldades enfrentadas pelas filiadas, a Ocesc empenhou-se para ajudá-las, discutindo soluções junto a lideranças cooperativas e representantes do governo. Era preciso oferecer condições mais favoráveis ao desenvolvimento do cooperativismo no estado, que em 1988 contava com 39 cooperativas agropecuárias, 33 de eletrificação rural, 21 de consumo, 15 de crédito, 17 de trabalho, além das escolares e habitacionais. Além disso, eram três Centrais – Cocrecrer, Central Oeste e Central Leite – e quatro Federações: Fecoerusc, Fecomed, Fecoagro e Fecomate. No total, as 149 cooperativas envolviam 279.098 associados, 9.546 funcionários e 680 técnicos, atendendo direta e indiretamente um milhão de pessoas – um quarto da população total do estado na época. Para atender a essa demanda, a Ocesc, em 1988, contava com 38 funcionários, distribuídos entre as seguintes áreas: superintendência, supervisão da Ocesc, supervisão do ITEC, assessoria jurídica, departamento administrativo e financeiro, departamento econômico e departamento de comunicação, treinamento e educação. O cooperativismo de Santa Catarina tinha a sua maior força na agropecuária, com mais de 80 mil pequenos produtores associados. Já o cooperativismo de trabalho tinha mais expressividade nas áreas médica e odontológica, atendendo cerca de 275 mil usuários. Dentre as cooperativas de eletrificação rural, duas possuíam na época geração própria de energia, por meio de pequenas usinas. Ainda em 1988 a Ocesc obteve uma importante conquista para o movimento. A Assembleia Legislativa havia aprovado o Programa de Desenvolvimento da Empresa Catarinense (Prodec), que visava estimular o desenvolvimento socioeconômico do estado, apoiando a implantação de empreendimentos. A Ocesc mobilizou-se e, por meio do líder da Frente Parlamentar Cooperativista, deputado José Zeferino Pedroso, conseguiu alterar o artigo 1º do projeto de lei,

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Apesar das dificuldades, cooperativas de eletrificação rural expandiam sua área de atuação

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Em 1989 Videira foi a sede do 3º Encontro Estadual de Comitês Educativos, promovido pela Ocesc

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incluindo a implantação de empreendimentos cooperativos agroindustriais e industriais, além da armazenagem de produtos agrícolas. Também foi garantida a participação da Ocesc no Conselho Deliberativo do Prodec, o que assegurava a defesa dos interesses do movimento. A Frente Parlamentar Cooperativista também defendeu, na Assembleia Legislativa, as sugestões enviadas por filiadas da Ocesc para a Nova Constituição Estadual. Entre elas destacavam-se o ensino cooperativista nas escolas, a execução da reforma agrária, a participação do cooperativismo nos Conselhos Estaduais e órgãos que tinham alguma relação com o sistema; a participação nos benefícios econômicos, sociais, culturais, creditícios, incentivos fiscais e tributários em igualdade de condições e o apoio ao cooperativismo de crédito. A nova Constituição de Santa Catarina foi promulgada no mês de outubro de 1989, contemplando o cooperativismo como um movimento a ser apoiado pelo estado. Em diversos artigos da nova Carta, pela primeira vez na história passou a constar o incentivo e apoio ao cooperativismo catarinense, uma conquista da atuação da Ocesc junto à Frente Parlamentar Cooperativista.

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Antes disso, em maio de 1989, a Ocesc comemorou sua inclusão como participante do Comitê de Administração Tributária da Secretaria da Fazenda, com o objetivo de ampliar a participação das cooperativas nas decisões referentes ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS). Na época, o setor agrícola contribuía com 15% do recolhimento desse tributo no estado, sendo que as cooperativas tinham uma participação de 50%. Além disso, o cooperativismo era responsável pelo recebimento e comercialização de 25% da produção estadual. Cada vez mais forte e atuante, a Ocesc chegava ao final da década de 1980 totalmente consolidada como entidade representativa. Além disso, oferecia uma série de serviços às cooperativas filiadas, como um banco de informações atualizadas sobre o Sistema, educação e capacitação cooperativista, treinamento, auditoria e consultoria sobre conformidade legal, comunicação e assessoria jurídica. Em 29 de setembro de 1989 a Ocesc homologou o Conselho de Ética do Cooperativismo no estado, com o objetivo de apoiar as cooperativas no processo de autogestão, o maior desafio dos anos que viriam.

Encontro Nacional de Comitês Educativos realizado em Curitiba no ano de 1989: movimento estava focado na capacitação de seus dirigentes e cooperados

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Em evento realizado pela Ocesc no início da década de 1990, líderes do cooperativismo catarinense discutiam a autogestão

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CAPÍTULO 5

O sistema consolidado

C

ontribuir para que os próprios cooperados,

líderes e dirigentes assumissem a total responsabilidade pela gestão das cooperativas, sem a necessidade da interferência estatal em seu funcionamento. Esse era o principal desafio da Ocesc no início da década de 1990, que foi marcada pelo desenvolvimento da autogestão em todo o sistema cooperativo brasileiro. Lideradas pela OCB, as organizações estaduais tornaram-se os principais agentes desse processo, que envolvia desde a orientação na constituição de novas cooperativas até a fiscalização do autocontrole, passando por autonomia financeira, educação e capacitação de dirigentes e funcionários, comunicação e integração entre os membros do sistema. 81


Capacitações para dirigentes e funcionários das cooperativas esclareciam sobre preceitos da autogestão

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Na época a difícil situação financeira em que se encontravam várias cooperativas filiadas à Ocesc confirmava a necessidade de um modelo de gestão mais eficiente, que garantisse segurança aos associados. A Ocesc passou então a orientar o controle das cooperativas, promovendo encontros regionais e estaduais para discutir a questão e capacitar dirigentes. Assim, a Organização foi pioneira no processo de certificação de autogestão das cooperativas, definindo patamares que as filiadas deveriam alcançar e certificando-as por meio de pontos. Como resultado dessa ação diversas cooperativas catarinenses, de diferentes segmentos, alinharam-se às diretrizes da OCB que previam a autogestão. Para garantir que o modelo administrativo adotado pelas cooperativas fosse o previsto pelas diretrizes da autogestão, a Ocesc passou a ser mais rigorosa na observância aos princípios do cooperativismo. Em consequência desse processo tornou-se a primeira organização a criar um mecanismo de cancelamento de registro das cooperativas, determinado a partir da identificação de problemas de gestão ou de adesão aos valores cooperativistas. Isso permitiu uma depuração do quadro de cooperativas filiadas, valorizando aquelas que seguiam no caminho certo. Iniciada em 1990, essa depuração ocorreu ao longo das décadas de 1990 e 2000. As mudanças do sistema cooperativista acompanhavam alterações no cenário político, econômico e social do Brasil. O alagoano Fernando Collor de Melo tornou-se o primeiro presidente eleito pelo voto direto desde Jânio Quadros, tendo como promessa um ambicioso plano de recuperação econômica. Em março de 1990 o governo Collor determinou a extinção do Banco Nacional de Crédito Cooperativo (BNCC), o que representou um grande problema para o cooperativismo brasileiro, em especial o de crédito. Criado pelo governo federal em 1951, o BNCC tinha como ob-

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Anúncio publicado no Elo Cooperativo em 1987 dimensiona a importância do BNCC para as cooperativas. Banco foi extinto pelo governo, três anos depois

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jetivo prestar assistência e amparo às cooperativas. O Banco era controlado pela União, que detinha 54% do seu capital, sendo o restante subscrito pelas cooperativas legalmente constituídas e em funcionamento. Centralizando as operações financeiras de cooperativas de todos os segmentos – produção, consumo e crédito, entre outros –, o BNCC foi um grande parceiro do cooperativismo de crédito no estado. Sua extinção exigiu ação rápida das entidades ligadas ao segmento, como a Ocesc. Em parceria com outras lideranças catarinenses, a Organização buscou soluções para reduzir o impacto da decisão governamental sobre as cooperativas, como a formalização de convênios com outros bancos estatais, como o Banco do Brasil e o Banco do Estado de Santa Catarina (BESC).

Novos tempos

Vilibaldo Schmid assumiu a presidência da Ocesc em 1991

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Apesar de terem a credibilidade abalada pela extinção do BNCC, as cooperativas de crédito constituíam o segmento que mais crescia no início daquela época, impulsionadas principalmente pela insatisfação dos produtores rurais com os bancos comerciais. O acesso ao crédito para custeio das atividades estava cada vez mais difícil. Conseguir um financiamento exigia o cumprimento de uma série de processos burocráticos, que tomavam tempo e elevavam os gastos dos agricultores com viagens às cidades. Além disso, os custos financeiros tornavam inviável o desenvolvimento da produção agrícola. Assim, as cooperativas de crédito representavam uma saída. Após a gestão de Harry Dorow, uma das mais importantes lideranças do cooperativismo no estado, as filiadas da Ocesc elegeram Vilibaldo Erich Schmid como presidente da Organização. Até então ele presidia a Copercampos, de Campos Novos. Ao assumir a Ocesc, mudou-se para Florianópolis e passou a dar expediente na sede da Organização, em tempo integral – um fato inédito na história da instituição. A dedicação quase que exclusiva era uma exigência das demandas que chegavam à Ocesc naquela época. Além de dar início ao processo de autogestão nas cooperativas, cabia à Organização acompanhar uma série de projetos de lei sobre o cooperativismo que tramitavam tanto no Congresso Nacional quanto na Assembleia Legislativa de Santa Catarina. Estavam em estudo na Secretaria da Fazenda alterações no regulamento do ICMS, visando reduzir a burocracia para os contribuintes. Uma dessas alterações referia-se exclusivamente às co-

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operativas, em relação aos regimes especiais que desobrigavam as sociedades desse gênero a observar as pautas mínimas nas vendas interestaduais. A intenção da Fazenda, apoiada pela Ocesc, era eliminar a obrigatoriedade de solicitação de regimes especiais para tais operações, uma vez que as vendas efetuadas pelas cooperativas eram, normalmente, a preços superiores aos estabelecidos pelo órgão, demonstrando o cumprimento das obrigações tarifárias. O ano de 1991 foi marcado para o movimento cooperativista como o início de uma nova era: a da autodeterminação de um sistema que por quase um século esteve sob o jugo estatal. Tutelado desde os primeiros passos pelo Estado, o cooperativismo brasileiro não podia, até então, trilhar caminhos de forma autônoma, que permitissem a expansão de acordo com seu potencial. Os demorados processos para a formação de cooperativas, o exagero de exigências e o acanhamento no apoio à divulgação fizeram com que as ideias cooperativistas permanecessem incipientes. Em 1991 começava a amadurecer o modelo de autogestão, que previa a participação mais ativa dos cooperados. Apesar da esperança no cooperativismo, o segmento enfrentava um cenário nada favorável ao desenvolvimento do país. A estagnação era o principal resultado de planos econômicos fracassados, que permitiram à taxa de inflação alcançar patamares superiores a três dígitos nos primeiros cinco anos da década, atingindo inacreditáveis 2.708,17% em 1993. Logo após confiscar a poupança dos brasileiros, o presidente Fernando Collor de Melo deu início a um processo agressivo de abertura econômica. Gradualmente, as tarifas de importação foram abolidas, permitindo uma invasão, no mercado nacional, de produtos estrangeiros a preços baixíssimos. Estímulos à exportação foram sumariamente reduzidos e reservas de mercado eliminadas. O impeachment de Collor não representou o fim ao processo de abertura econômica, que seria mantido na gestão de Itamar Franco, iniciada ao final de 1992, e nos oito anos do governo Fernando Henrique Cardoso, a partir de 1994. Entre 1989 e 1996, a tarifa média do imposto de importação caiu de 78% para 12,6%. Preparar as cooperativas para esse novo tempo era, junto à autogestão, uma das principais missões da Ocesc. Logo após a criação do Mercosul, em 1991, a Organização participou de discussões nacionais e promoveu eventos regionais a respeito do novo mercado que se vislumbrava. Em visita às cooperativas, a Ocesc levou aos associados informações sobre como se dariam as operações de comércio entre os países-membros. O principal objetivo era preparar as cooperativas para competir com a enxurrada de produtos estrangeiros que chegavam ao país. Para isso, a Ocesc organizou o Formacoop, evento de formação que reuniu cooperativas do Sul do Brasil e também de Paraguai, Uruguai e Ar-

Logo após a criação do Mercosul, em 1991, a Organização participou de discussões nacionais e promoveu eventos regionais a respeito do novo mercado que se vislumbrava. Em visita às cooperativas, a Ocesc levou aos associados informações sobre como se dariam as operações de comércio entre os países-membros.

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Comissão mista Argentina, Brasil e Uruguai em encontro de cooperativas do Cone Sul-Mercosul, realizado em Buenos Aires no ano de 1991

gentina. O foco era o intercâmbio de informações e a geração de negócios – produtores de vinhos e sementes, por exemplo, firmaram boas parcerias com produtores de países vizinhos. Devido à nova configuração do mercado, o cultivo de trigo passou a ser secundário nas propriedades catarinenses, pois era inviável competir com a produção argentina. As dificuldades do início da década serviram como combustível para um salto de produtividade do complexo agroindustrial. Com a abertura econômica, a estabilização da economia e as mudanças no padrão de consumo, a agroindústria catarinense entrou em um novo patamar de competitividade. Novas tecnologias, rações e linhagens de frangos e suínos fizeram o consumo interno e as exportações mais que duplicarem. Devido às novas técnicas e ao aumento da presença de multinacionais no setor, houve, no entanto, uma redução no número de suinocultores e readaptação dos avicultores. Concórdia foi apontada pelo IBGE como a detentora da melhor distribuição de renda do país. Mas o modelo de integração começava a se alterar. O número de produtores integrados de Aurora, Sadia, Perdigão e Frigorífico Chapecó teve uma queda geral de 38,4% na década.

Intercooperação Progressivamente, a Ocesc foi aumentando sua representação externa e fortalecendo todos os ramos do cooperativismo. A Organização uniu as forças de setores expressivos, principalmente o agropecuário, para firmar as bases de outros segmentos, como o médico e o de crédito. Assim, muitas cidades que já tinham uma boa imagem do associativismo se abriram a novas formas de cooperar. Em Chapecó, por exemplo, a ideia da cooperativa médica foi introduzida por Aury Bodanese, que abriu as portas da Cooperalfa para fir86

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ExpansĂŁo do cooperativismo em Santa Catarina era notĂ­cia na imprensa regional

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José Norberto Kretzer foi eleito presidente da Organização em abril de 1993

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mar contratos de assistência a funcionários e cooperados. Esse movimento deu origem à cooperativa médica de Chapecó, em 20 de fevereiro de 1992. Mesmo com expressivo corpo de clientes e médicos associados, a interiorização das cooperativas médicas foi um processo demorado, que enfrentou obstáculos como a ausência de apoio do governo, a desconfiança de empresários e usuários, além da falta de conhecimento das diretrizes cooperativistas entre os médicos. Para solucionar parte do problema e avançar em direção a regiões onde as cooperativas ainda não existiam, muitos médicos da diretoria da Federação Estadual das Cooperativas Médicas de Santa Catarina (Fecomed) passaram a fazer um trabalho de educação cooperativista no território catarinense. Entre 1990 e 2000, se aproximaram mais da realidade das singulares espalhadas pelo estado, identificando problemas e diagnosticando soluções. As unidades seccionais, então, ganharam força. Essas unidades eram uma espécie de pré-cooperativas, que respeitavam os princípios da filosofia mas ainda não estavam totalmente preparadas para se tornarem singulares. Em abril de 1993 José Norberto Kretzer, que ocupava a superintendência da Ocesc havia alguns anos, foi eleito presidente da instituição. Naquela época a representação do sistema estava estruturada e consolidada. No âmbito nacional, a OCB passava por um momento de expansão e reconhecimento, liderada por Roberto Rodrigues – paulista com formação em Engenharia Agronômica, com vasta experiência na direção de cooperativas e que persistiu na missão de apresentar à sociedade e ao governo o potencial do cooperativismo brasileiro. A defesa dos interesses do movimento era acompanhada por lideranças regionais. Assim como Santa Catarina, outros estados contavam com líderes cooperativistas autênticos, como os dirigentes da Ocesc, que não mediam esforços para apoiar a causa cooperativista. Visionárias, essas pessoas se dedicavam a implantar e promover iniciativas e projetos que demonstrassem potencial de desenvolvimento econômico e social. Ao mesmo tempo, havia um forte trabalho de educação e formação, que garantia ao sistema brasileiro capital humano qualificado para disseminar a cultura cooperativista. As mudanças anunciadas no cenário internacional com a iminência da globalização despertavam nas lideranças catarinenses o desejo de atravessar fronteiras. O objetivo era conhecer novos produtos, processos, tecnologias e estra-

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tégias, que pudessem ser transpostos às rotinas das cooperativas e, assim, agregar competitividade. Para isso a Ocesc organizou e apoiou missões internacionais, que levaram lideranças catarinenses a diferentes partes do mundo. No Brasil crescia a percepção de que o movimento cooperativista precisava ser forte também politicamente, de modo que os agentes políticos conhecessem e compreendessem a doutrina cooperativista, convencendo-se de que o movimento poderia contribuir muito para o desenvolvimento do país. Com esse objetivo a OCB liderou a iniciativa de criação de frentes parlamentares junto aos poderes Legislativos nacional e estadual que apoiassem e defendessem as causas do cooperativismo. Santa Catarina foi o primeiro estado brasileiro a criar a Frente Parlamentar do Cooperativismo na Assembleia Legislativa, logo após a implantação da Frente Parlamentar do Cooperativismo no Congresso Nacional.

Reestruturação Além da força política, era preciso ampliar as funções das entidades representativas regionais. Em assembleia as filiadas decidiram que seriam atribuídas características sindicais à Ocesc, como a autorização para que a Organização se filiasse à uma entidade sindical superior e a alteração do estatuto. Assim a Ocesc tornou-se a primeira organização estadual a conquistar as prerrogativas de entidade sindical patronal, o primeiro passo de uma importante conquista futura: o sistema nacional de aprendizagem do cooperativismo. Na mesma época, a busca por recursos por parte das cooperativas intensificou-se, crescendo ano após ano. Rapidamente a Ocesc

Representantes de Santa Catarina no 12º Encontro Nacional de Dirigentes Cooperativistas, realizado no Maranhão em 1995

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Funcionários da Ocesc em treinamento, em meados da década de 1990: aquisição de conhecimento para transmitir às cooperativas

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percebeu que havia demanda anormal por crédito. Ao averiguar a situação junto às cooperativas, verificou-se que muitas estavam se endividando, pois não tinham recursos para pagar o financiamento do ano anterior. Esse endividamento tirou a rentabilidade das cooperativas catarinenses. A Ocesc realizou então um estudo sobre o endividamento e levou os dados para o Sindicato, mesma conduta adotada por Ocepar e Ocergs, que identificaram a mesma situação preocupante em seus estados. A partir dos resultados desse trabalho, as entidades se reuniram e elaboraram a proposta de um programa de recuperação das cooperativas. O pleito do Sul foi encaminhado para a OCB, que iniciou uma grande negociação e articulação política para a aprovação do Programa de Revitalização do Setor Cooperativo (Recoop). Após muita discussão foi aprovado pelo governo em 1998 um aporte emergencial, no valor de R$ 370 milhões. Ao todo o programa injetou mais de R$ 3 bilhões nas cooperativas brasileiras. O primeiro contrato do Recoop foi assinado em dezembro de 1999. Em Santa Catarina 34 cooperativas se candidataram ao programa, 31 foram inscritas e 29 receberam os recursos – graças à atuação constante da Ocesc, Santa Catarina foi o primeiro estado do país a conseguir sua parcela de recursos. Coube à Organização definir as regras para inclusão das cooperativas no programa, elaborando normativos para promover a reestruturação. Além disso, a Ocesc realizou um forte trabalho educativo, levando a todos os associados a explicação de como o Recoop funcionaria. Como o custo e o risco desses aportes eram bastante elevados para o governo o estado começou a exigir a profissionalização da gestão das cooperativas. Foi então que a autogestão definitivamente

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se firmou entre as cooperativas, tornando-se, inclusive, pré-requisito obrigatório para filiação à Ocesc. Em abril de 1996, a mais importante liderança cooperativista catarinense, Aury Luiz Bodanese, assumiu a presidência da Ocesc para a gestão 1996-1999. Em dezembro do mesmo ano, um grande marco transformou o cooperativismo de eletrificação rural. A lei 9.427/96 instituiu a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e disciplinou os regimes de concessões de energia elétrica. A regularização reconheceu as cooperativas como permissionárias do serviço público, garantindo um amparo legal que antes não existia. Por outro lado a lei criou uma série de obrigações, como o aumento dos encargos setoriais, impostos e burocracia, sem diferenciar pequenos agentes das grandes corporações que atuam no setor. Até hoje tramitam negociações para encontrar consensos sobre exigências inviáveis para o sistema cooperativista. A mesma lei também questionou a legalidade das cooperativas mistas, de modo que as cooperativas enquadradas nessa modalidade tiveram que separar os serviços de indústria e comércio do serviço de eletrificação rural. Atualmente há cooperativas que trabalham em áreas diversas, mas as pessoas jurídicas de eletrificação e de outras atividades são diferentes. O aperfeiçoamento da autogestão era meta constante da Ocesc. Em 1997, a Organização lançou um programa oficial de autogestão, a fim de orientar as cooperativas. À época as cooperativas catarinenses já possuíam uma autogestão informal, respeitando aspectos referentes à legislação e à tributação. Dessa forma o sistema catarinense já estava maduro para a autogestão e o processo de transição não foi traumático, pois as próprias cooperativas não queriam mais a tutela do governo. A partir de um evento em Canoinhas, onde as cooperativas optaram pela autogestão e pela adesão estatutária ao programa, a autonomia foi alavancada em todo o estado.

Aury Bodanese, que assumiu a presidência da Ocesc para a gestão 1996-1999

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Alunos da Cooperativa Educacional Magna, de Concórida, na “minicidade cooperativa”, implantada na escola: garantia de futuro para o movimento

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CAPÍTULO 6

Um novo tempo

A

pós as intensas mudanças políticas e

econômicas que marcaram a década de 1990, o Brasil entrou no século XXI experimentando novos patamares de desenvolvimento. Com a inflação sob controle, era possível – a pessoas, entidades, empresas e governos – planejar ações em longo prazo. Na Ocesc não foi diferente. A implantação dos mecanismos de autogestão em cooperativas de todo o estado, acompanhada das conquistas trazidas pelo Sistema Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), exigia que a Organização desempenhasse suas funções sempre voltada para o futuro. 93


Luiz Hilton Temp, eleito presidente da Ocesc para a gestão 2000-2003

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Criado pela Medida Provisória nº 1.715, de 3 de setembro de 1998, o Sescoop nasceu com a missão de organizar, administrar e executar o ensino de formação profissional, a promoção social dos empregados de cooperativas, cooperados e de seus familiares e o monitoramento das cooperativas em todo o território nacional. A partir de então, as cooperativas passaram a receber em serviços a contribuição que antes recolhiam ao governo em benefício das instituições nacionais do chamado Sistema S. Os resultados do Sescoop apareceram em pouco tempo. No início dos anos 2000, a OCB já apontava uma redução na distância organizacional que havia entre o cooperativismo de diferentes regiões do país. A partir de 2002 o Sescoop, por meio de sua arrecadação, conseguiu realizar investimentos ainda mais significativos em programas de capacitação para cooperativas. Consolidar o Sistema em Santa Catarina era um dos desafios de Luiz Hilton Temp, eleito presidente da Ocesc para a gestão 2000/2003. Além da dedicação ao Sescoop, a Organização trabalhava focada na redução da carga tributária, bem como pela melhoria da comunicação entre as cooperativas e com a sociedade. Em outra frente, diversas ações eram realizadas para identificar cooperativas irregulares ou inoperantes em Santa Catarina. Por decisão do Conselho de Administração da Ocesc, foram cancelados, em 2002, os registros de 77 cooperativas pertencentes aos ramos agropecuário, de trabalho, de crédito, habitacional e de consumo. Desenvolvendo atividades não compatíveis com o que determina a Lei 5.764/71, essas cooperativas tinham práticas incorretas nos aspectos administrativos, contábeis, financeiros, fiscais, tributários, sociais e legais. Embora a exclusão das cooperativas irregulares seja uma atitude amplamente amparada na legislação, Santa Catarina foi um dos primeiros estados a adotá-la: foi a quinta vez que a Ocesc cancelou o registro de cooperativas. Em 1998 foram cancelados os registros de 152 cooperativas; em 1999, de 25; em 2000, de mais cinco, em 2001 foram 12 e, em 2002, 77 cooperativas tiveram seu registro cancelado. Dentro do sistema autogestionado do cooperativismo catarinense, a questão do monitoramento das atividades das cooperativas tornou-se uma rotina na Ocesc. Com a implantação do Programa de Revitalização das Cooperativas Agropecuárias Brasileiras (Recoop) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop),

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o sistema conquistou dois instrumentos importantes que oportunizaram melhores condições técnicas, administrativas e operacionais para acompanhamento das suas atividades.

Gargalos Se, por um lado, o cooperativismo estava cada vez mais moderno e qualificado, por outro persistiam antigos problemas, que impediam o desenvolvimento das cooperativas. Com a proximidade da colheita da safra agrícola 2002/2003, Santa Catarina novamente se deparou com um problema crônico: a insuficiência de armazéns. A capacidade de armazenagem de cereais no final de 2002 era de 3 milhões de toneladas, mas a produção era de 6 milhões. A Ocesc passou a defender a ampliação da rede de armazéns através de linhas específicas de crédito para construção, compra de equipamentos e reforma de unidades existentes, além de estimular a armazenagem na propriedade. Para reduzir o déficit de armazenagem, as cooperativas Cooperjuriti, Copercampos, Cravil, Coopersulca Cooperja, Cooperalfa, Coocan, Cooper A-1, Copagro e Coopera investiram cerca de R$ 19 milhões somente em 2002, ampliando a capacidade instalada em 175 mil

Produção de grãos no estado esbarrava na capacidade de armazenagem

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Evento promovido pela Ocesc reuniu os diferentes ramos do cooperativismo catarinense

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toneladas. No ano seguinte, outros R$ 12,5 milhões foram investidos em armazéns, somando mais 115 mil toneladas à capacidade de armazenagem do estado. Assim como a infraestrutura, a legislação brasileira também carecia de modernização. O novo momento pelo qual o país passava, com a solidificação das instituições democráticas, trouxe à tona duas bandeiras que a Ocesc defendia há anos: a aprovação da nova Lei Cooperativista, que se encontrava havia 13 anos no Congresso, e o reconhecimento do Ato Cooperativo, desonerando-o de tributação. A elaboração do primeiro planejamento estratégico do sistema cooperativo catarinense marcou o ano de 2002 para a Ocesc. No relacionamento com cooperativas organizou-se o encontro dos ramos (segmentos) e o sistema de acompanhamento das cooperativas (SAC) foi apresentado às filiadas. No plano político, o cooperativismo participou pela primeira vez ativamente do processo eletivo, apoiando candidatos verdadeiramente comprometidos com o movimento. Com o apoio do Sescoop foi realizado o 1º Encontro de Mulheres Cooperativistas, com mais de 250 participantes, uma iniciativa que se repetiria nos anos seguintes. O Encontro de Jovens Agricultores Cooperativistas Catarinenses reuniu mais de 700 jovens. Os dois eventos contribuíram para ampliar a presença dos jovens e das mulheres no dia a dia das suas cooperativas.

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2º Encontro Estadual de Mulheres Cooperativistas: ampliação da presença feminina entre os cooperados

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Neivor Canton, que assumiu a presidência da Ocesc em abril de 2004

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A Ocesc ampliou o acompanhamento das atividades das cooperativas, estendendo-o também para as questões sociais internas, como admissão de cooperados, reuniões dos conselhos de administração e fiscal, atas, realização de assembleias gerais e a correta prestação de contas aos cooperados. Foram estabelecidos critérios mais rigorosos quanto à constituição e ao registro de novas cooperativas. Para ampliar a visão de mercado das filiadas e seus dirigentes, a Ocesc e o Sescoop organizaram uma viagem de estudos à China e à Índia, levando aos países emergentes um grupo de dirigentes cooperativistas. Em 2003 o sistema cooperativista brasileiro comemorou a sanção presidencial da lei que isentava as cooperativas agropecuárias e de eletrificação rural da cobrança de PIS/Cofins. Logo após sancionar a Lei 10.684, o presidente Lula anunciou um pacote de medidas para aumentar a concessão de crédito no país, direcionado sobretudo às camadas mais pobres da população. A principal medida foi uma mudança na legislação para permitir o funcionamento de cooperativas de crédito de livre admissão, abertas a qualquer pessoa interessada em se associar. Antes, as cooperativas estavam restritas a uma mesma categoria profissional ou grupo empresarial. Em meio a essas importantes conquistas, Luiz Hilton Temp passou a presidência da Ocesc para Neivor Canton, eleito na Assembleia Geral Ordinária de 14 de abril de 2004. Naquele ano o cooperativismo catarinense participava com 10% do PIB do estado, com crescimento de 30% ao ano, em média, no último quadriênio. A profissionalização da gestão, a formação de redes de intercooperação, a educação cooperativista e a responsabilidade social das cooperativas foram as quatro macrotendências transformadas em metas da Ocesc no período 2004-2008. Em setembro de 2004 mais uma leva de cooperativas que não atuavam dentro dos princípios da moralidade e legalidade, não satisfaziam princípios éticos e de transparência junto ao quadro social e não observavam questões sociais e tributárias foram identificadas e eliminadas do sistema. Em seis anos a Ocesc contabilizava 271 registros cancelados, em praticamente todos os ramos. Esse acompanhamento era realizado por meio de auditorias. Os relatórios gerados eram entregues à Ocesc e ao Sescoop/SC e, após análise interna, encaminhados à direção das cooperativas auditadas, sempre destacando as falhas e deficiências encontradas, com orientações e recomendações para solução. Somente depois de constatado o não cumpri-

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mento e solução das falhas – e após nova advertência – o Conselho da Ocesc decidia pelo cancelamento de registro da cooperativa. Esse cancelamento também podia decorrer da paralisação das atividades da cooperativa e da inadimplência junto ao sistema cooperativista nacional. Em 2005 a Organização elegeu como uma das prioridades atuar no Congresso Nacional para recuperar a isenção de impostos (PIS e Cofins) a todos os ramos do cooperativismo. Para isso, manteve intensa articulação com a Frente Parlamentar do Cooperativismo (Frencoop). A campanha empreendida há quatro anos pela reinstituição da isenção do PIS e da Cofins sobre o ato cooperativo (as relações comerciais entre a cooperativa e seus associados) sofreu resistência do governo, que só a restabeleceu para as cooperativas agropecuárias, de infraestrutura e de crédito. No mesmo ano a Ocesc lançou o “Certificado de Autogestão do Cooperativismo Catarinense”, um selo para certificar as cooperativas que cumpriam toda a série de normas e requisitos característicos do cooperativismo nos aspectos sociais, doutrinários e legais, entre outros. Era, assim, um selo de qualidade concedido às filiadas que cumpriam com eficiência os princípios e as práticas cooperativistas. A concessão do selo considerava o Sistema de Acompanhamento e Avaliação das Cooperativas, o programa de organização do quadro social, a profis-

Certificado concedido pela Ocesc às cooperativas que cumpriam normas e requisitos para a autogestão

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Promovidas pela Ocesc, ações de treinamento e capacitação de funcionários possibilitaram profissionalização das filiadas, como a Coopercarga, de Concórdia

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sionalização da gestão e as ações de intercooperação. Foram criados indicadores de valoração desses instrumentos e definidos os procedimentos para fixação e alcance das metas desejadas. Ao atender esses requisitos, uma cooperativa era reconhecida como autogestionada, recebendo o selo de qualidade. Naquela época existiam em Santa Catarina 300 cooperativas, que reuniam mais de 600 mil associados e empregavam cerca de 20 mil pessoas, movimentando R$ 6,3 bilhões por ano. Elas estavam organizadas em 12 ramos: agropecuário, consumo, crédito, educacional, especial, habitacional, infraestrutura (eletrificação e irrigação), mineral, produção, saúde, trabalho e transporte. Para sustentar esse crescimento, o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo realizou, em 2005, 345 eventos de capacitação, treinamento e promoção social, beneficiando 35.166 funcionários, dirigentes e associados de cooperativas. Naquele ano foram desenvolvidas, diretamente pelo Sescoop, 55 ações de capacitação e treinamento envolvendo 2.880 participantes. Na área de promoção social, o Sescoop planejou e executou três grandes eventos, reunindo 3.962 pessoas: o 8º Encontro de Jovens Agricultores Cooperativistas Catarinenses, o 4º Encontro de Mulheres Cooperativistas Catarinenses e o 22º Fecoop – Encontro do Cooperativismo Catarinense.

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O Serviço também desenvolveu, durante 2005, 76 ações do programa de monitoramento, auditoria e acompanhamento das cooperativas (SAAC), que se mostrava um dos mais modernos e eficazes instrumentos de gestão. Empregado para acompanhar o desempenho econômico-financeiro das cooperativas, o programa oferecia maior transparência e segurança para a gestão da cooperativa e seus associados. A qualificação de recursos humanos para atuar nas cooperativas daria outro importante passo em 2006, com o lançamento de um curso superior em cooperativismo. Em parceria com a Universidade do Sul Catarinense (Unisul), a Ocesc elaborou o primeiro curso de Administração do estado com ênfase em cooperativismo, que tinha duração de quatro anos em sistema misto – presencial e não presencial, com aulas a distância via internet – e oferta de 300 vagas para todas as regiões do estado. Na grade curricular estavam disciplinas específicas ao cooperativismo, como doutrina, filosofia e princípios cooperativistas, além de legislação tributária, aspectos jurídicos e contabilidade, bem como uma abordagem ampla em relação às particularidades de cada ramo. Direcionado a dirigentes e colaboradores das cooperativas filiadas à Ocesc, o curso foi uma das primeiras iniciativas para a im-

Primeira turma graduada em Administração, com ênfase em cooperativismo

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A Ocesc identificava, também, a ampliação da presença feminina nos conselhos de administração e de fiscalização das cooperativas. Em 2006, 118 mulheres participaram do comando de cooperativas (especialmente nos ramos de saúde, crédito e infraestrutura) e outras 204 dos conselhos de fiscalização.

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plantação da Universidade do Cooperativismo, um antigo sonho do Sistema. No ano seguinte a Ocesc, em parceria com a Cooperativa Central de Crédito de Santa Catarina (Sicoob Central SC), a Cooperativa Central de Crédito Urbano de Santa Catarina (Cecred) e a Fundação para Pesquisa e Desenvolvimento da Administração, Contabilidade e Economia (Fundace/USP-SP), formou 39 profissionais no primeiro MBA em Gestão de Cooperativismo de Crédito do estado. A formação adequada era cada vez mais necessária para enfrentar os desafios que se impunham, como a forte crise que afetou o setor primário da economia entre 2005 e 2006. Situação cambial desfavorável, excesso de produção, perdas com intempéries climáticas, preços reduzidos e exportações em queda foram alguns dos fatores que contribuíram para que o ramo agropecuário registrasse o menor crescimento entre todos os segmentos filiados à Ocesc em 2005.

Força feminina Acompanhando a ampliação da presença feminina no mercado de trabalho, as cooperativas catarinenses registraram o aumento do número de mulheres entre seus associados, bem como em cargos de direção e fiscalização. Essa foi uma das constatações do 5º Encontro Estadual de Mulheres Cooperativistas, promovido pela Ocesc em outubro de 2006, reunindo cerca de 500 representantes de todo o estado. Naquela época as mulheres representavam 27% do total de associados das cooperativas catarinenses. A participação mais rarefeita localizava-se em dois segmentos fortes. Nas cooperativas agropecuárias, apenas 4,83% dos 60.305 cooperados eram mulheres e nas cooperativas de transportes, apenas 3,07%. Por outro lado, existiam cooperativas formadas basicamente por mulheres, como a Cooalimar, de Governador Celso Ramos, que beneficia produtos de maricultura e pesca; a Cooperativa Educacional Magna, de Concórdia, e a Cooperarte, de Jaraguá do Sul, da área educacional; ou, ainda, as cooperativas de confecção de vestuário, como a Coopermister, de Ibirama; a CCT, de Tijucas, ou a CSJB, de Luiz Alves. A Ocesc identificava, também, a ampliação da presença feminina nos conselhos de administração e de fiscalização das cooperativas. Em 2006, 118 mulheres participaram do comando de cooperativas (especialmente nos ramos de saúde, crédito e infraestrutura) e outras 204 dos conselhos de fiscalização. Buscando estender os benefícios do cooperativismo para mulheres e homens de todo o estado, a Ocesc realizava mensalmente, de forma gratuita, um seminário para grupos interessados na constituição de novas cooperativas. Nesses eventos eram entregues modelos de atas, de estatuto e a legislação pertinente, além de serem esclarecidas

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Funcionรกrios da Ocesc: empenho para apoiar o desenvolvimento das cooperativas catarinenses

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todas as dúvidas dos futuros cooperados. Cerca de 300 pessoas eram atendidas todos os anos nesse seminário, que também assumia caráter itinerante: se houvesse um número mínimo de 20 pessoas físicas para a constituição de uma cooperativa, a Ocesc ministrava a palestra no local, sem qualquer custo para o grupo.

Novas conquistas

Marcos Antônio Zordan, eleito para presidir a Ocesc entre 2008 e 2012

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A partir de 2008 a Ocesc, autorizada a atuar como sindicato patronal, começou a atender essa área para todas as categoriais profissionais que atuam em cooperativas. Embora já fosse autorizada para atuar também como sindicato das cooperativas há mais de 10 anos, até então a Organização se limitava a discutir as relações de trabalho de apenas quatro categorias profissionais: engenheiros agrônomos, médicos veterinários, técnicos agrícolas e zootecnistas. Com a mudança de 2008 passou a atender diversas categorias profissionais, orientando as cooperativas associadas quanto a procedimentos da área. Assim, as cooperativas passaram a contribuir para a Ocesc e não mais aos diversos sindicatos que recebiam essa contribuição. Em contrapartida a Ocesc passou a prestar serviços jurídicos como legítima representante das cooperativas nas negociações dos acordos coletivos e dissídios trabalhistas que envolviam cooperativas e seus funcionários. No mesmo ano, outra conquista: o modelo de contrato de permissão que formaliza a regularização das cooperativas de eletrificação rural como permissionárias do serviço público de distribuição foi aprovado pela diretoria da Agência Nacional de Energia Elétrica. O contrato estabelecia permissão para prestação do serviço de distribuição em prazo único de 20 anos. O documento continha uma série de obrigações e encargos que as cooperativas deveriam atender, além das prerrogativas detidas pelas entidades e os direitos e deveres com os consumidores. Na Assembleia Geral Ordinária do dia 25 de abril de 2008, com 213 associadas presentes, foi eleito o novo Conselho de Administração para a gestão 2008-2012. Marcos Antônio Zordan assumiu a presidência da Organização. Entre as prioridades da nova gestão estavam o fortalecimento da intercooperação e o aumento da participação de famílias no cooperativismo, em especial dos jovens. Por meio do Sescoop a Ocesc reforçou o Cooperjovem e o Programa Jovem Liderança, no qual jovens dos 16 aos 24 participavam de um curso com o objeti-

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vo de despertar novas lideranças cooperativistas. Até o mês de setembro o ano de 2008 parecia bastante positivo para a economia catarinense e brasileira, favorecendo o crescimento das cooperativas. Porém, a falência do banco norte-americano Lehman Brothers, anunciada em 15 de setembro, marcou o início da maior crise econômica internacional desde a Grande Depressão de 1929. Em Santa Catarina o problema foi agravado pelas fortes chuvas que caíram sobre o estado no final de novembro, deixando centenas de mortos, milhares de desabrigados e um prejuízo que chegou a R$ 860 milhões. Em meio a tantos desafios, a Ocesc trabalhava para minimizar os efeitos da crise sobre as cooperativas. No Brasil o setor fechou 2008 com 7,8 milhões de associados e faturamento de R$ 84,9 bilhões – crescimento de 15% em relação ao ano anterior. Apesar do avanço, era preciso preparar as filiadas para driblar a escassez de crédito e a desaceleração da demanda. As cooperativas agropecuárias sofreram maior impacto, pois as políticas públicas e os recursos destinados ao financiamento desse segmento já eram insuficientes mesmo antes da turbulência econômica. Para se antecipar a um possível agravamento do cenário, OCB e organizações estaduais como a Ocesc atuaram em três frentes junto ao governo federal. Uma delas era a articulação para ver aprovados projetos considerados importantes, como a proposta que regulamenta as cooperativas de trabalho. Outra era a busca por linhas de créditos alternativas para sustentar o capital de giro dos associados e, finalmente, a negociação com o Ministério da Fazenda para conseguir a compensação dos créditos tributários do setor. Apesar dos percalços do primeiro semestre, o cenário mudou ao longo do ano de 2009. O mercado financeiro no Brasil teve uma recuperação surpreendente e o dólar voltou a patamares pré-crise. Em dezembro o país já estava tecnicamente fora da recessão. Em Santa Catarina o mercado interno evitou que os impactos da crise fossem ainda mais fortes. E foi saindo da crise que o cooperativismo catarinense ultrapassou, em 2009, a marca de um milhão de famílias associadas – o que significava que um terço da população catarinense estava vinculada ao movimento. Juntas, as 257 sociedades cooperativas de Santa Catarina faturaram R$ 11,3 bilhões, 2,2% acima do ano anterior, e pagaram R$ 536,3 milhões em impostos somente em 2009. O exercício daquele ano foi fechado com patrimônio líquido 15% superior ao registrado em 2008, equivalendo a R$ 2,8 bilhões. Saúde, crédito e consumo foram os ramos de maior expansão. Embalada pelos bons resultados do cooperativismo catarinense, a Ocesc realizou sua Assembleia em 2010 com foco no planejamento, traçando metas para o ano. Entre as principais estava o início da cons-

E foi saindo da crise que o cooperativismo catarinense ultrapassou, em 2009, a marca de um milhão de famílias associadas – o que significava que um terço da população catarinense estava vinculada ao movimento.

105


trução da sede do cooperativismo catarinense, cuja inauguração, em 2011, marcará a celebração dos 40 anos da Ocesc. Moderna, eficiente e sustentável a nova sede abrigará a Organização e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop/SC), que investiram R$ 3,2 milhões na obra. O novo prédio ocupa um terreno de 1,1 mil metros quadrados, situado no bairro Capoeiras, em Florianópolis, próximo às pontes que ligam a Ilha de Santa Catarina ao continente. A área total construída será de 1,6 mil m², com quatro pavimentos. Na expectativa de inaugurar sua nova sede a Ocesc chega a 2011 representando 260 cooperativas, de 12 segmentos. Somada à qualificação dos profissionais da Ocesc e à confiança depositada pelas filiadas, a melhoria da infraestrutura ajudará o cooperativismo catarinense a contribuir ainda mais com o desenvolvimento sustentável de Santa Catarina e do Brasil.

106

UNIDOS POR UMA VIDA MELHOR – A força do cooperativismo em Santa Catarina


Projeto da nova sede da Ocesc, inaugurada em agosto de 2011

107


Cooperativas em atividade em Santa Catarina - 2011 Nome COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS ITAPIRANGA

21.10.32

COOPERATIVA DE PRODUTORES DE MATE CANOINHAS

27.05.34

COOPERATIVA DE PRODUÇÃO E ABASTECIMENTO DO VALE DO ITAJAÍ

16.03.44

COOPERATIVA DE CONSUMO DOS ASSALARIADOS DA TEKA

12.10.46

COOPERATIVA DE CRÉDITO VALE DO ITAJAÍ

26.11.51

COOPERATIVA PIONEIRA DE ELETRIFICAÇÃO

27.01.59

COOPERATIVA DE GERAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA SALTO DONNER

17.06.59

COOPERATIVA DE ENERGIA ELÉTRICA SANTA MARIA

07.02.60

COOPERATIVA DE ELETRICIDADE JACINTO MACHADO

20.09.61

COOPERATIVA DE ELETRIFICAÇÃO RURAL SUL CATARINENSE

20.09.61

COOPERATIVA REGIONAL SUL DE ELETRIFICAÇÃO RURAL

10.12.61

COOPERATIVA DE ELETRICIDADE DE GRAVATAL

16.12.61

COOPERATIVA DE ELETRIFICAÇÃO RURAL ANITA GARIBALDI

17.12.61

COOPERATIVA DE ELETRIFICAÇÃO DE BRAÇO DO NORTE

02.02.62

COOPERATIVA DE ELETRICIDADE DE GRÃO PARÁ

02.02.62

COOPERATIVA DE CONSUMO DOS EMPREGADOS DA FUNDIÇÃO TUPY

08.03.62

COOPERATIVA DE ENERGIA TREVISO

27.05.62

COOPERATIVA DE ELETRICIDADE PRAIA GRANDE

02.06.63

COOPERATIVA DE ELETRICIDADE DE SÃO LUDGERO

09.08.63

COOPERATIVA ALIANÇA

04.11.63

COOPERATIVA ENERGÉTICA COCAL

02.03.64

COOPERATIVA DE CONSUMO DOS OPERÁRIOS DA REGIÃO CARBONÍFERA

30.04.64

COOPERATIVA REGIONAL AGROPECUÁRIA SUL CATARINENSE

20.12.64

Data base: 07/06/2011.

108

Constituição

UNIDOS POR UMA VIDA MELHOR – A força do cooperativismo em Santa Catarina


COOPERATIVA ESCOLA DOS ALUNOS DO COLÉGIO AGRÍCOLA DE CAMBORIÚ

09.06.65

COOPERATIVA DE ELETRICIDADE DE PAULO LOPES

21.06.67

COOPERATIVA AGROPECUÁRIA DE TUBARÃO

05.08.67

COOPERATIVA DE PRODUÇÃO E CONSUMO CONCÓRDIA

05.09.67

COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL ALFA

29.10.67

COOPERATIVA DE ELETRIFICAÇÃO RURAL DE ARMAZÉM

06.11.67

COOPERATIVA AGROPECUÁRIA VIDEIRENSE

08.11.67

COOPERATIVA REGIONAL AURIVERDE

03.02.68

COOPERATIVA JURITI

30.03.68

COOPERATIVA DE ELETRIFICAÇÃO RURAL DE ANITÁPOLIS

01.01.69

COOPERATIVA RIO DO PEIXE

18.01.69

COOPERATIVA ESCOLA DOS ALUNOS DO COLÉGIO AGRÍCOLA SENADOR GOMES DE OLIVEIRA

12.04.69

COOPERATIVA CENTRAL OESTE CATARINENSE

15.04.69

COOPERATIVA REGIONAL ITAIPÚ

26.04.69

COOPERATIVA AGROPECUÁRIA DE JACINTO MACHADO

30.08.69

COOPERATIVA DE ELETRIFICAÇÃO RURAL DE MORRO DA FUMAÇA

20.10.69

COOPERATIVA DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS PÚBLICOS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA SENADOR ESTEVES JÚNIOR

20.06.70

COOPERATIVA REGIONAL AGROPECUÁRIA DE CAMPOS NOVOS

08.11.70

COOPERATIVA REGIONAL AGROPECUÁRIA VALE DO ITAJAÍ

15.05.71

UNIMED GRANDE FLORIANÓPOLIS - COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO

30.08.71

UNIMED DE BLUMENAU - COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO

20.09.71

UNIMED JOINVILLE - COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO

21.09.71

COOPERATIVA DE ELETRIFICAÇAO LAURO MÜLLER

04.05.73

FEDERAÇÃO DAS COOPERATIVAS DE ENERGIA DO ESTADO DE SANTA CATARINA

25.11.73

109


110

COOPERATIVA DE INFRAESTRUTURA E DESENVOLVIMENTO VALE DO ARAÇÁ

31.08.74

COOPERATIVA DOS TRANSPORTADORES COLETIVOS DE PASSAGEIROS E CARGAS DO OESTE CATARINENSE

24.05.75

FEDERAÇÃO DAS COOPERATIVAS AGROPECUÁRIAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA

25.07.75

COOPERATIVA DE ELETRIFICAÇÃO RURAL DO VALE DO ITAJAÍ

27.02.76

COOPERATIVA REGIONAL AGROPECUÁRIA SERRANA

14.02.77

COOPERATIVA HABITACIONAL E DE CONSUMO AMÉRICA DO SUL

02.08.77

COOPERATIVA AGROPECUÁRIA SÃO LOURENÇO

06.06.78

COOPERATIVA DE LIVRE ASSOCIAÇÃO DO MUNICÍPIO DE ITAPIRANGA

19.03.80

UNIODONTO DE SANTA CATARINA - COOPERATIVA DE TRABALHO ODONTOLÓGICO

03.04.80

COOPERATIVA DOS SUINOCULTORES DE LACERDÓPOLIS

03.07.81

COOPERATIVA DOS USUÁRIOS DA BARRAGEM SUL

05.06.82

UNIMED DO ESTADO DE SANTA CATARINA - FEDERAÇÃO ESTADUAL DAS COOPERATIVAS MÉDICAS

05.10.82

COOPERATIVA TURVENSE DE IRRIGAÇÃO

20.12.82

COOPERATIVA DE IRRIGAÇÃO DE MELEIRO

20.06.83

COOPERATIVA ESCOLA JOVENS ESTUDANTES

06.12.83

COOPERATIVA ESCOLA DOS ALUNOS DO COLÉGIO AGRÍCOLA VIDAL RAMOS

06.12.83

COOPERATIVA ESCOLA DOS ALUNOS DO CEDUP CAETANO COSTA

15.12.83

COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS DO ALTO URUGUAI CATARINENSE

08.11.84

COOPERATIVA DE CRÉDITO MAXI ALFA DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS

16.11.84

COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL DO VALE DO CANOINHAS

22.11.84

COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL CAMPOS NOVOS

28.12.84

COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL VALE DO RIO DO PEIXE

16.01.85

UNIDOS POR UMA VIDA MELHOR – A força do cooperativismo em Santa Catarina


COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS OESTE CATARINENSE

01.02.85

COOPERATIVA DE CONSUMO DOS EMPREGADOS NA COOPERCENTRAL

01.04.85

COOPERATIVA DOS TRANSPORTADORES DE JOINVILLE

30.06.85

UNIMED EXTREMO OESTE CATARINENSE - COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO

25.07.85

COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS AURIVERDE

08.08.85

COOPERATIVA CENTRAL DE CRÉDITO DE SANTA CATARINA

08.11.85

COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS SUL CATARINENSE

01.03.86

COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS ITAIPU

27.03.86

COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS PÉROLA DO VALE

21.07.87

COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL ALTO VALE DO ITAJAÍ

01.07.88

COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL DO MEIO OESTE CATARINENSE

05.07.88

COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL DO NORTE CATARINENSE

19.07.88

COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS NOROESTE

04.08.88

COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL DE VIDEIRA

26.10.88

COOPERATIVA DOS ALUNOS DO CEDUP HERMANN HERING

03.06.89

COOPERATIVA ESCOLA DOS ALUNOS DO CEDUP DÁRIO GERALDO SALLES

03.06.89

COOPERATIVA ESCOLA DO CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL ABÍLIO PAULO

13.06.89

COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS SÃO MIGUEL DO OESTE

03.11.89

COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO BRF

26.12.89

COOPERATIVA DE TRANSPORTADORES DE CARGAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA

09.02.90

UNIMED CRICIÚMA - COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO DA REGIÃO CARBONÍFERA

07.03.91

111


112

COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO DO PLANALTO NORTE DE SANTA CATARINA

25.07.91

COOPERATIVA DE ALIMENTOS E AGROPECUÁRIA TERRA VIVA

31.07.91

COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO DA REGIÃO DO PLANALTO SERRANO

22.11.91

UNIMED DE TUBARÃO - COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO DA REGIÃO DA AMUREL

14.12.91

COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS LITORÂNEA

09.01.92

UNIMED DE CHAPECÓ - COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO DA REGIÃO OESTE CATARINENSE

20.02.92

UNIMED LITORAL - COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO DA FOZ DO RIO ITAJAÍ-AÇU

02.06.92

COOPERATIVA DOS TRANSPORTADORES DE CARGAS DO MEIO-OESTE DE SC

25.07.92

COOPERATIVA AGROPECUÁRIA CAMPONOVENSE

21.01.93

COOPERATIVA DE CRÉDITO DOS MÉDICOS E DEMAIS PROFISSIONAIS DA SAÚDE, CONTABILISTAS, PROFESSORES E EMPRESÁRIOS DE BLUMENAU E VALE DO ITAJAÍ LTDA.

05.05.93

COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL DO VALE - SICOOB/SC BRAÇO DO NORTE

05.05.93

COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DOS TRABALHADORES DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO DA REGIÃO METROPOLITANA DE FLORIANÓPOLIS

24.07.93

COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DOS MÉDICOS E DEMAIS PROFISSIONAIS DA SAÚDE E DE CONTABILISTAS DO LITORAL E NORTE CATARINENSE LTDA.

12.08.93

COOPERATIVA DE CRÉDITO DOS MÉDICOS, PROFISSIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE, CONTABILISTAS E EMPRESÁRIOS DA GRANDE FLORIANÓPOLIS LTDA.

25.10.93

COOPERATIVA AGROPECUÁRIA DO PLANALTO SERRANO

13.11.93

COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL DE CAÇADOR

17.12.93

COOPERATIVA DE CRÉDITO DOS MÉDICOS, PROFISSIONAIS DA SAÚDE, CONTABILISTAS E EMPRESÁRIOS DA REGIÃO SUL CATARINENSE LTDA.

20.01.94

COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL SEARA

25.04.94

COOPERATIVA EDUCACIONAL DO VALE DO ITAJAÍ

24.08.94

UNIDOS POR UMA VIDA MELHOR – A força do cooperativismo em Santa Catarina


CONFEDERAÇÃO DE FEDERAÇÕES DE COOPERATIVAS UNIMED DA REGIÃO SUL DO BRASIL

04.09.94

COOPERATIVA DE IRRIGAÇÃO DE JACINTO MACHADO

15.10.94

COOPERATIVA EDUCACIONAL DE IMBITUBA

25.10.94

UNIMED ALTO VALE - COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO

30.11.94

COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS SÃO JOSÉ DO CERRITO

07.12.94

COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL VALE DO CANOAS

09.12.94

COOPERATIVA CENTRAL DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DAS UNICREDs DE SANTA CATARINA LTDA.

28.12.94

COOPERATIVA DOS TRANSPORTADORES AUTÔNOMOS DE CAMPOS NOVOS

10.03.95

COOPERATIVA DE MÉDICOS VETERINÁRIOS

11.04.95

COOPERATIVA DOS BARQUEIROS AUTÔNOMOS DA COSTA DA LAGOA

16.04.95

COOPERATIVA DE CRÉDITO DOS PROFISSIONAIS DA SAÚDE E DE CONTABILISTAS DO OESTE CATARINENSE

05.06.95

COOPERATIVA AGROPECUÁRIA CAMPOERENSE

27.07.95

COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL COM INTERAÇÃO SOLIDÁRIA DE ABELARDO LUZ

15.09.95

COOPERATIVA DOS TRANSPORTADORES DE PAPEL

29.09.95

COOPERATIVA DE CRÉDITO DOS MÉDICOS, PROFISSIONAIS DA ÁREA DA SAÚDE, CONTABILISTAS E DE EMPRESÁRIOS DE LAGES LTDA.

22.11.95

COOPERATIVA DE SERVIÇOS PROFISSIONAIS

01.12.95

COOPERATIVA DOS ENGENHEIROS AGRÔNOMOS E DE PROFISSIONAIS EM DESENVOLVIMENTO RURAL E AMBIENTAL DE SANTA CATARINA

09.12.95

COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL COM INTERAÇÃO SOLIDÁRIA DE CURITIBANOS

15.12.95

COOPERATIVA DE SERVIÇOS DE SEGUROS

19.01.96

USIREDE - COOPERATIVA DE USUÁRIOS DE ASSISTÊNCIA MÉDICA

14.02.96

SOCIEDADE COOPERATIVA UNIÃO AGRÍCOLA CANOINHAS

06.03.96

113


114

COOPERATIVA REGIONAL DOS PRODUTORES DE ALHO

25.04.96

COOPERATIVA DOS PRODUTORES DE FRUTAS DE VISTA ALEGRE

07.05.96

COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL DO PLANALTO CATARINENSE

18.05.96

UNIMED JOAÇABA - COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO

21.05.96

COOPERATIVA DE TRABALHOS MISTOS TERCEIRIZADOS DO VALE NORTE DO ITAJAÍ

27.05.96

UNIMED VALE DO ARARANGUÁ - COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO

25.07.96

UNIMED DE BRUSQUE - COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO

02.10.96

COOPERATIVA DE SERVIÇOS TÉCNICOS AGRÍCOLAS

13.10.96

COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO DA REGIÃO DO CONTESTADO

18.10.96

COOPERATIVA CENTRAL AGROMILK

28.10.96

COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL DO PLANALTO SERRANO

15.11.96

COOPERATIVA AGRÍCOLA DE SÃO JOAQUIM

29.11.96

COOPERATIVA AGRÁRIA XANXERÊ

21.01.97

COOPERATIVA AEROTÁXI DOS MOTORISTAS PROFISSIONAIS PROPRIETÁRIOS DE TÁXI DO AEROPORTO INTERNACIONAL HERCÍLIO LUZ

03.03.97

COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DOS FUNCIONÁRIOS DO SISTEMA FIESC

20.03.97

COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL VALE DO CHAPECOZINHO

22.03.97

COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DOS CORRETORES DE SEGUROS DE BLUMENAU

28.04.97

COOPERATIVA DOS TRANSPORTADORES DO VALE

27.05.97

COOPERATIVA DE USUÁRIOS DE ASSISTÊNCIA MÉDICA

28.06.97

COOPERATIVA HABITACIONAL SANTA CATARINA

25.08.97

COOPERATIVA DE CRÉDITO DOS MICROS E PEQUENOS EMPRESÁRIOS DO VALE DO ITAJAÍ

16.09.97

COOPERATIVA DE CONSUMO DOS USUÁRIOS DE PLANOS DE ASSISTÊNCIA MÉDICA E COOPERADOS DA UNIMED FLORIANÓPOLIS

19.09.97

UNIDOS POR UMA VIDA MELHOR – A força do cooperativismo em Santa Catarina


COOPERATIVA DE SERVIÇOS EM SEGURANÇA E MEDICINA DO TRABALHO

27.10.97

COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL DE RIO RUFINO

12.11.97

UNIODONTO DE SC COOPERATIVA ADMINISTRADORA DE CONTRATOS

14.11.97

USIMED DE TUBARÃO - COOPERATIVA DE USUÁRIOS DO SISTEMA UNIMED

19.11.97

COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS URUBICI

06.12.97

COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DOS MICRO E PEQUENO COMERCIANTES DE CONFECÇÕES DO NORTE E NORDESTE DE SANTA CATARINA

09.12.97

COOPERATIVA EDUCACIONAL MAGNA

02.01.98

COOPERATIVA DE CRÉDITO RURAL DO PLANALTO SUL

25.03.98

COOPERATIVA AGRÍCOLA FRUTAS DE OURO

23.04.98

COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS NOVA TRENTO

15.05.98

COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DE JOINVILLE

04.06.98

COOPERATIVA DE TRANSPORTE LAURO MÜLLER

06.06.98

COOPERATIVA EDUCACIONAL DO NORTE CATARINENSE

08.06.98

UNIODONTO SUL CATARINENSE - COOPERATIVA ODONTOLÓGICA

11.08.98

COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DO SETOR ODONTOLÓGICO

10.09.98

COOPERATIVA MISTA DOS TRANSPORTES ESCOLARES, TURISMO E SIMILARES DA GRANDE FLORIANÓPOLIS

11.09.98

COOPERATIVA DE EXPLORAÇÃO MINERAL DA BACIA DO RIO URUSSANGA

22.09.98

COOPERATIVA EDUCACIONAL DE SANTA CATARINA

14.11.98

COOPERATIVA ESTADUAL DAS PESSOAS PORTADORAS DE DEFICIÊNCIA

29.11.98

COOPERATIVA DE TRABALHO E SERVIÇOS DE BLUMENAU

02.03.99

COOPERATIVA AGRÍCOLA RURAL CATARINENSE

22.03.99

COOPERATIVA DE CRÉDITO MÚTUO DOS CONFECCIONISTAS DO VESTUÁRIO DA REGIÃO SUL CATARINENSE

13.07.99

115


116

COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO DE ALTO IRANI

14.07.99

COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DOS SERVIDORES PÚBLICOS DO ESTADO DE SANTA CATARINA

16.07.99

COOPERATIVA DE CRÉDITO DOS EMPREGADOS EM EMPRESAS TÊXTEIS

19.07.99

COOPERATIVA DE CRÉDITO MÚTUO DOS EMPREGADOS DA CECRISA

19.07.99

COOPERATIVA DE TRANSPORTE ESPECIAL ESCOLAR E FRETAMENTO DE JOINVILLE

20.08.99

COOPERATIVA SOCIAL DE PAIS, AMIGOS E PORTADORES DE DEFICIÊNCIA

02.09.99

COOPERATIVA A1

01.10.99

COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DOS MAGISTRADOS, MEMBROS DO MINISTÉRIO PÚBLICO E PROFISSIONAIS DO DIREITO CATARINENSE LTDA.

06.11.99

COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO DE JARAGUÁ DO SUL

30.11.99

COOPERATIVA AGROPECUÁRIA E DE ALIMENTOS BOA VENTURA

25.01.00

COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO DE VIDEIRA

22.02.00

COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO DO ALTO URUGUAI CATARINENSE

23.02.00

COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO DE MAFRA E RIO NEGRO

28.02.00

COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS DOS VALES DO ITAJAÍ E ITAPOCU E DO LITORAL NORTE DE SANTA CATARINA

24.03.00

COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO DE CANOINHAS

04.07.00

COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO DE CURITIBANOS

10.07.00

COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DE PEQUENO EMPRESÁRIO, MICROEMPRESÁRIO E OU MICROEMPREENDEDOR DE CONCÓRDIA E REGIÃO

18.08.00

COOPERATIVA DE TRABALHO MÉDICO DO VALE DO IGUAÇU

01.09.00

COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DOS BANCÁRIOS E ECONOMIÁRIOS DA GRANDE FLORIANÓPOLIS E DO VALE DO RIO CAMBORIÚ

28.09.00

COOPERATIVA DE CRÉDITO MÚTUO DOS DESPACHANTES DE TRÂNSITO DE SANTA CATARINA

12.10.00

COOPERATIVA DOS ESTUDANTES DO CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL GETÚLIO VARGAS

22.11.00

UNIDOS POR UMA VIDA MELHOR – A força do cooperativismo em Santa Catarina


COOPERFÉRTIL COOPERATIVA AGRÍCOLA

11.12.00

COOPERATIVA DE TRANSPORTES PÍNUS

11.12.00

COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DOS SERVIDORES DA POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DE SANTA CATARINA

19.12.00

COOPERATIVA DE TAXISTAS DO AEROPORTO DE JOINVILLE

16.02.01

COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL ÁGUAS FRIAS

17.03.01

COOPERATIVA ESCOLA DO CENTRO DE EDUCAÇÃO PROFISSIONAL CAMPO ERÊ

26.06.01

COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DOS ADVOGADOS DE SANTA CATARINA

13.07.01

COOPERATIVA DE CRÉDITO DOS PROFISSIONAIS DO COMÉRCIO DE CONFECÇÕES DE TECIDOS E AFINS DA REGIÃO METROPOLITANA DE FLORIANÓPOLIS

11.10.01

COOPERATIVA AGROPECUÁRIA SUIGRÃO

05.01.02

COOPERATIVA DE PROFISSIONAIS DAS ARTES DE JARAGUÁ DO SUL

04.02.02

COOPERATIVA AGROINDUSTRIAL DOS PRODUTORES DE HORTIFRUTIGRANJEIROS

20.02.02

COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DOS SERVIDORES PÚBLICOS MUNICIPAIS DE ITAJAÍ

23.03.02

COOPERATIVA DE PRODUÇÃO E MANUFATURA DE SÃO JOAQUIM

22.06.02

COOPERATIVA REGIONAL VALE AGROCOLONIAL

18.07.02

COOPERATIVA AGROPECUÁRIA DAS COMUNIDADES RURAIS ORGANIZADAS

25.07.02

COOPERATIVA CENTRAL DE CRÉDITO URBANO

13.09.02

COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DOS PROFISSIONAIS DO CREA DO ESTADO DE SANTA CATARINA

18.12.02

COOPERATIVA AGRÍCOLA CATARINENSE DE CEREAIS

13.02.03

COOPERATIVA AGRÍCOLA SANTA FÉ

20.03.03

COOPERATIVA DE TRANSPORTE DE CARGAS EM GERAL

05.06.03

COOPERATIVA DE PRODUTORES DE ALIMENTOS DE GOVERNADOR CELSO RAMOS

27.06.03

117


118

COOPERATIVA SUINÍCOLA CORONELFREITENSE

24.09.03

COOPERATIVA MISTA AGRÍCOLA DE PISCICULTORES

20.11.03

COOPERATIVA DE TRABALHADORES DE SERVIÇO DE ENTREGA PARA O COMÉRCIO

17.03.04

COOPERATIVA AGROPECUÁRIA NOVA FORÇA

15.05.04

COOPERATIVA DE PROFISSIONAIS EM SAÚDE PÚBLICA DE SANTA CATARINA

09.06.04

COOPERATIVA AGROPECUÁRIA DO PLANALTO SUL CATARINENSE

06.09.04

COOPERATIVA DE TRANSPORTADORES DE CARGAS DE CATANDUVAS

29.01.05

FEDERAÇÃO DAS COOPERATIVAS ODONTOLÓGICAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA

12.02.05

COOPERATIVA DE EDUCAÇÃO DE PROFESSORES E ESPECIALISTAS

12.03.05

COOPERATIVA DOS PROFESSORES EM EDUCAÇÃO DE BALNEÁRIO CAMBORIÚ

20.08.05

COOPERATIVA AGROPECUÁRIA DO ALTO URUGUAI CATARINENSE

15.12.05

COOPERATIVA DOS ANESTESIOLOGISTAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA

28.01.06

COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DOS EMPRESÁRIOS DE TRANSPORTES DO ESTADO DE SANTA CATARINA LTDA.

16.03.06

COOPERATIVA DA AGRICULTURA FAMILIAR RIO NOVO

01.04.06

COOPERATIVA DE ECONOMIA E CRÉDITO MÚTUO DOS EMPREGADOS DAS CENTRAIS ELÉTRICAS DE SANTA CATARINA

30.05.06

COOPERATIVA DE TRANSPORTES DE TUBARÃO

10.06.06

COOPERATIVA DE RESTAURAÇÃO E MANUTENÇÃO DO ACERVO FERROVIÁRIO NACIONAL

12.06.06

COOPERATIVA DE TRANSPORTE ESCOLAR EM FLORIANÓPOLIS

21.07.06

COOPERATIVA REGIONAL AGROPECUÁRIA DE ITUPORANGA E PLANALTO ESTADUAL CATARINENSE

31.07.06

COOPERATIVA DE TRANSPORTES DE CARGAS ESPECIAIS DE CONCÓRDIA

20.12.06

COOPERATIVA DISTRIBUIDORA DE ENERGIA VALE DO ARAÇÁ

09.11.07

COOPERATIVA DE CRÉDITO DOS EMPRESÁRIOS DA FOZ DO RIO ITAJAÍ-AÇU

08.01.08

UNIDOS POR UMA VIDA MELHOR – A força do cooperativismo em Santa Catarina


COOPERATIVA DE CRÉDITO DOS PEQUENOS EMPRESÁRIOS, MICROEMPRESÁRIOS E MICROEMPRENDEDORES DE LAGES

15.01.08

COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS DE GUARAMIRIM

12.02.08

COOPERATIVA HABITACIONAL VALE DO ITAJAÍ

15.02.08

COOPERATIVA DE CRÉDITO DOS EMPRESÁRIOS DO ALTO VALE DO RIO NEGRO

25.02.08

COOPERATIVA AGRÍCOLA E PECUÁRIA

28.03.08

COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS DO SUL DO ESTADO DE SANTA CATARINA

12.05.08

COOPERATIVA DE CRÉDITO DOS PEQUENOS EMPRESÁRIOS, MICROEMPRESÁRIOS E MICROEMPREENDEDORES DO VALE DO ITAJAÍ

13.05.08

COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS DO LITORAL CATARINENSE

14.05.08

COOPERATIVA DOS PRODUTORES DO BUTIÁ VERDE

18.08.08

COOPERATIVA DE TRANSPORTE E LOGÍSTICA DE ITAPOÁ - SC

13.12.08

PERFIL - COOPERATIVA DE EDUCAÇÃO E CULTURA

24.05.09

COOPERATIVA DE GERAÇÃO DE ENERGIA E DESENVOLVIMENTO - CEREJ/GD

18.07.09

COOPERATIVA DE GERAÇÃO DE ENERGIA E DESENVOLVIMENTO

24.07.09

COOPERATIVA DE SERVIÇOS DOS VIGILANTES E SEGURANÇAS DESARMADOS DE BLUMENAU E REGIÃO

05.11.09

COOPERATIVA DE CRÉDITO DE LIVRE ADMISSÃO DE ASSOCIADOS DE JARAGUÁ DO SUL E REGIÃO

24.11.09

COOPERATIVA DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA SANTA MARIA

27.11.09

COOPERATIVA DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA SALTO DONNER

19.12.09

COOPERATIVA DE TRANSPORTES DE CARGAS DE BLUMENAU

06.03.10

COOPERATIVA AGRO INDUSTRIAL DA MULHER SERRANA

08.03.10

COOPERATIVA DOS PRODUTORES DE PLANTAS ORNAMENTAIS

14.04.10

COOPERATIVA DOS TRANSPORTADORES DE CARGAS DE MONTE CARLO

02.06.10

COOPERATIVA AGROPECUÁRIA DO CELEIRO CATARINENSE

12.10.10

119



Diretoria da Organização das Cooperativas do Estado de Santa Catarina (Ocesc)

Marcos Antônio Zordan Presidente da Ocesc e Secretário da Cooperativa Central Oeste Catarinense. Representa o Ramo Agropecuário.

Adroaldo Wladimir Lorenzzoni Vice-Presidente da Ocesc e Diretor de Gestão Operacional da Federação das Cooperativas Médicas do Estado de Santa Catarina - Fecomed. Representa o Ramo de Saúde.

Elizeth Alves Pelegrini Vice-Presidente da Ocesc e Presidente da Cooperativa Educacional Magna - CEM. Representa os Ramos Trabalho e Educacional.

Francisco Greselle Vice-Presidente da Ocesc, Presidente da Cooperativa de Crédito Rural do Vale do Canoinhas - Sicoob SC - Credicanoinhas e Vice-Presidente da Cooperativa Central de Crédito de Santa Catarina - Sicoob SC. Representa o Ramo de Crédito.

José Grasso Comelli Vice-Presidente da Ocesc e Presidente da Federação das Cooperativas de Energia do Estado de Santa Catarina. Representa o Ramo de Infraestrutura.

Luiz Vicente Suzin Vice-Presidente da Ocesc, Presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado de Santa Catarina - Fecoagro, Presidente da Cooperativa Agropecuária Videirense - Coopervil e Presidente da Cooperativa de Crédito Rural de Videira - Sicoob SC Videira. Representa o Ramo Agropecuário.

Osnildo Maçaneiro Vice-Presidente da Ocesc e Diretor Executivo da Cooperativa de Produção e Abastecimento do Vale do Itajaí - Cooper. Representa o Ramo de Consumo.

Pedro Manoel Bernz Vice-Presidente da Ocesc e Superintendente da Cooperativa Regional Agropecuária Vale do Itajaí - Cravil. Representa o Ramo Agropecuário.

121



BIBLIOGRAFIA

BAER, Warner. A economia brasileira. São Paulo, Nobel, 2009. CANTON, Neivor. Desenvolvimento e cooperativismo. Ocesc/Sescoop, 2009. FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SANTA CATARINA. Guia da Indústria de Santa Catarina 2009. Florianópolis; Editora Empreendedor, 2009. FIESC 50 anos: uma história voltada para a industrialização catarinense. Florianópolis; Editora Expressão, 2000. FIESC 60 anos: a força da indústria catarinense. Florianópolis, Editora Expressão, 2010. GOULARTI FILHO, Alcides. Formação econômica de Santa Catarina. 2 ed. rev. Florianópolis; Editora da UFSC, 2007. PINHEIRO, Marcos Antonio Henriques. Cooperativas de crédito : história da evolução normativa no Brasil / 6 ed. – Brasília : BCB, 2008. SANTOS, Silvio Coelho dos (org.). Santa Catarina no século XX: ensaios e memória fotográfica. Florianópolis; Editora da UFSC-FCC Edições, 2000. SCHARDONG, A. Cooperativa de crédito: instrumento de organização econômica da sociedade. Porto Alegre: Rigel, 2002. SICOOB SC. SICOOB SANTA CATARINA - 25 anos: Cooperação, solidariedade e desenvolvimento. Florianópolis, Sicoob SC, 2011. 123



ICONOGRAFIA

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58 60 60 61 61 61 63 64 64 65 66 67 68 69 70 e 71 72 75 75 75 77 78 79

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VIDA MELHOR A força do cooperativismo em Santa Catarina

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