Jornal O Alto Taquari - 21 de dezembro de 2012

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De presente um abraço de Deus

M

ais uma vez nos aproximamos da festa do Natal. Como costumamos dizer é o tempo favorável. Contudo, isso não acontece para grande maioria da população. Natal acaba sendo apenas mais um dia qualquer depois de um período agitado e de grande stress, tudo para nos mantermos na modernidade do mundo atual. Como podemos chegar ao ponto de trocar o Menino pelo velho Papai Noel? Como abandonar a gruta e colocar o Menino nas vitrines? Como explicar que a festa do nascimento de Jesus, nos leve a viver um cristianismo desencarnado? Como diria Cecília Meireles: “A cidade deseja ser diferente, escapar às suas fatalidades. Enche-se de brilhos e cores; sinos que não tocam, balões que não sobem, anjos e santos que não se movem, estrelas que jamais estiveram no céu.”

Porém, eu digo, isto é muito bonito, mas não basta. Tiramos todo tempo para fazermos aquela faxina em nossas casas, e na grande maioria acabamos nos esquecendo de nós mesmos. Esquecemos de tirar de nossa vida aquilo que dificulta ou até impede de vivermos de modo mais digno. Paro para questionar, quantas pessoas terão realmente Natal segundo os parâmetros comerciais de

hoje: uma ceia de Natal das mais fartas, com peru, chester, panetones , e presentes que se enquadrem na estimativa que gira na média de R$ 80 ao menos. Todos vão comprar presentes para os amigos e parentes, de todos os tamanhos e idades, e gastam, nessa dedicação sublime, até o último centavo. O que significa que as outras pessoas que não aderirem a este modelo da sociedade, não terão Natal? Natal sem presentes concretos não é Natal? Natal é muito mais. É em primeiro a festa do amor de Deus. O amor de Deus manifestado no Natal é um amor que sai de si, se abaixa, dá o primeiro passo. Amor inefável, incondicional, imensurável. Um amor do coração de Deus. Antes de ser ferido na cruz, o coração de Deus é ferido de amor no Menino de Belém. Jesus é o amor em pessoa. Ele é o amor de Deus. Seus gestos e atitudes são, “epifania do amor”. Ele veio ao mundo, ao submundo e ao imundo, para dizer: “Deus amou tanto o mundo que nos deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Jesus é o melhor presente de Natal. O amor de Deus continua a nos atrair. Ele transforma erros em bênçãos, desgraças em graças, desencontros em encontros, feridas em felicidade. Natal deve nos tornar mais humanos, sensíveis, solidários, bondosos, alegres. As

pessoas amadas são confiantes, alegres, centradas, criativas. Onde há amor há vigor. O amor não cansa nem se cansa. Sem amor tudo é pesado, até um grão de areia. Amor vai além de simplesmente seguir o costume de presentear no Natal. O Natal vem ajudar-nos a redescobrir que somos amados até ao ciúme, até a loucura da manjedoura e da cruz. Deixemo-nos amar, porque só os amados são centrados, equilibrados, felizes.

Espero que neste Natal o homem entenda a si mesmo. Procure a todo o momento ser autêntico em decisões. Equilibre-se diante do mundo que o olha com compaixão porque muitos ainda trilham pelos caminhos do mal. Será que este acontecimento dará ao homem discernimento para entender as belezas da vida e esquecer tudo aquilo que o arruína? É Natal de Jesus. Ele é o centro, a estrela, o aniversariante. Natal com Jesus é o mínimo e o melhor que nos pode acontecer. Esse sim deve ser o presente que cada um deveria dar e receber sem nenhum esforço ou paga.

Pe. Rafael Henrique Toillier -

Reitor Seminário Sagrado Coração de Jesus rhtoillier@hotmail.com


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