O Almanaque Lobisomem

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Are You Shakespearienced? William Shakespeare escreveu Macbeth. Desta peça, o fragmento abaixo: o solilóquio pop (e magnífico) de Macbeth ao ser noticiado da morte de Lady Macbeth. É de uma beleza colossal e não poucos tradutores, peritos no gingar das cadeiras da última flor do lácio, se enveredaram em verter à língua de Camões estes belíssimos escritos shakespearianos. O Almanaque Lobisomem traz à baila algumas dessas aventuras intelectuais: Are You Shakesperienced? To-morrow, and to-morrow, and to-morrow, Creeps in this petty pace from day to day To the last syllable of recorded time, And all our yesterdays have lighted fools The way to dusty death. Out, out, brief candle! Life´s but a walking shadow, a poor player, That struts and frets his hour upon the stage, And then is heard no more; it is a tale Told by an idiot, full of sound and fury, Signifying nothing.

O amanhã, o amanhã, outro amanhã. dia a dia se escoam de mansinho, até que chegue, alfim, a última sílaba do livro da memória. Nossos ontens para os tolos a estrada deixam clara da empoeirada morte. Fora! Apaga-te, candeia transitória! A vida é apenas uma sombra ambulante, um pobre cômico que se empavona e agita por uma hora no palco, sem que seja, após, ouvido; é uma história contada por idiotas, cheia de fúria e muita barulheira que nada significa.

Amanhã, e amanhã, outro amanhã, rasteja dia a dia em miúdo avanço, até à última sílaba da História, e os nossos ontens alumiaram, todos, a estrada que nos leva, a nós, ingênuos, ao pó da morte. Apaga-te, oh apaga-te, precária vela! A vida é tão somente uma sombra que passa; um pobre ator, que no palco se entona e se aborrece em sua hora e depois não mais é ouvido: é uma história narrada por idiota, cheia de som e fúria que não querem dizer nada.

(Tradução de Carlos Alberto Nunes)

(Tradução de Péricles Eugênio da Silva Ramos)

Amanhã, volvendo Trás amanhã e trás amanhã de novo. Vai, a pequenos passos, dia a dia, Até a última sílaba do tempo Inscrito. E todos esses nossos ontens Têm alumiado aos tontos que nós somos Nosso caminho para o pó da morte. Breve candeia, apaga-te! Que a vida É uma sombra ambulante: um pobre ator Que gesticula em cena uma hora ou duas, Depois não se ouve mais; um conto cheio De bulha e fúria, dito por um louco, Significando nada.

O amanhã, o amanhã, o amanhã, avança em pequenos passos, de dia para dia, até a última sílaba da recordação e todos os nossos ontens iluminaram para os loucos o caminho da poeira da morte. Apaga-te, apaga-te, fugaz tocha! A vida nada mais é do que uma sombra que passa, um pobre histrião que se pavoneia e se agita uma hora em cena e, depois, nada mais se ouve dele. É uma história contada por um idiota, cheia de fúria e tumulto, nada significando.

(Tradução de Manuel Bandeira)

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(Tradução de Oscar Mendes e F. Carlos de Almeida Cunha Medeiros)


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