Ed. 20 Novembro 2015 - O Mirante

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ENTRE

GERAÇÕES

Novembro - 2015


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Novembro 2015 - Entre Gerações


Editorial Você já sentiu inquietação ou desconforto ao conviver com pessoas de diferentes idades em um mesmo projeto? Conhece alguém que não se enquadra nos estereótipos que classificam as tais gerações X, Y, Z? Queremos abordar nesta edição os mitos, ou fatos, sobre a resultante da interação de profissionais com grandes diferenças de idade. Enfim, como é isso de tantas gerações vivendo no mesmo espaço, tempo, lares, países e empresas. Como é a aprendizagem e as trocas entre estes seres incríveis e suas tecnologias revolucionárias, amparadas por livros digitais ou em papel, e a vida vivida, ano após ano, pelos mais velhos? A geração com mais idade pode ser mais revolucionária do que a mais jovem? Nascer em um mundo mais rico e farto nos ajuda a romper barreiras e transformar a sociedade; ou a falta de facilidades nos empurra às revoluções e grandes mudanças? Acreditamos que uma atividade fora do usual, do padrão comum, propicia a jovens, de todas as idades e gerações, a oportunidade de saír da zona de conforto, de estabelecer novas conexões neurais e pessoais, dando cada qual a sua melhor contribuição para uma sociedade mais próspera e justa. Para ajudar nestas reflexões, Sillas Russodivito afirma que uma organização será vitoriosa se tiver todos da equipe buscando um objetivo comum, com respeito e apoio mútuo. Juliana Kiefer nos leva à reflexão sobre fenômenos sociais e históricos que influenciam o comportamento das pessoas. Paulo Couto ressalta que o jovem de hoje difere principalmente pelo acesso às ferramentas disponíveis e desenvolvidas pelo acúmulo do conhecimento humano. Este número de O Mirante nos convida a agirmos de forma integrada e cooperativa, a trilharmos estradas diferentes, aprendermos novas coisas. Juntos é mais fácil superar as dificuldades.

Boa leitura

omirante@dorseyrocha.com

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E

Em um rio, com um curso calmo e estável, a pre visibilidade suscita o entendimento de todos os fenômenos que o envolvem, em suas categorias e conceitos. Águas revoltas e turvas, no entanto, não se permitem interpretar pelos padrões já conhecidos. Anunciam o caos aos navegantes costumeiros. Virão tentativas de nomear o caos, de identificar causas, sintomas, efeitos e recorrências. Todas válidas e verdadeiras. Mas nenhuma completa.

Bem-vindos, tripulantes de uma viagem sem resposta. O novo rio nos convida à única p o s s i bilidade de sucesso: a colaboração da diversidade para recriar o mundo. Sua classe social, cor, status, poder, profissão, idade ou credo pouco impor tam. Apenas esteja aber to a quebrar todos os seus paradigmas e a se despir de todos os julgamentos. O mundo não está em crise. Vivemos uma crise que contribuímos para instalar. E, agora, ela nos convida a rever. Lembra-se daquela sua ‘velha opinião formada sobre tudo’ ¹? Antes, representava segurança. Agora, ela lhe empurra para o abismo. Um mundo com 7 bilhões de pessoas e os problemas socioeconômico-político- culturais que vivemos não cabe mais na receita de bolo. Sim, ‘alguma cois a e st á fo ra d a ordem’ ². E n o s impel e a troc a r o i ndi v i dua l i sm o pelo c o l e tivismo, a competição pela cooperação, as estruturas hierárquicas pela horizontalização, a especialização pela multidisciplinaridade. E o que isso tem a ver com gerações? Dizer que a geração Y é tecnológica, tem dificuldade de relacionamento e é super ficial, e aderir ao saudosismo dos velhos tempos em que as pessoas eram impor tantes e os valores eram sólidos (eram?), é corroborar com r e d ucio n ismo s cate g ór i c os que nos fa zem a dota r ou nega r ta l ou qu a l c om por tamento típico da geração XPTO para nos afirmarmos. Por falar nisso, será que as gerações continuam tendo o mesmo inter valo de tempo, uma vez que as mudanças no mundo estão cada vez mais velozes e incrementais? Por outro lado, como a expectativa de vida em geral vem aumentando, nós continuaremos a adotar um padrão de compor tamentos por uma média de 72 anos, apesar das mudanças? Ah, sim, existem fenômenos sociais e históricos que influenciam o compor tamento das pessoas e devem ser levados em consideração. Mas isso é muito diferente de construir categorias fechadas e impermeáveis para a complexidade que é o ser humano inserido em um caos maior que é o mundo. E, mais impor tante do que tudo isso, não é a vã t e n tativa de simplificar o entendimento da nossa espécie, mas é tirar o foco do que urge: o chamado à mudança, que joga por terra a vaidade que nos caracteriza como melhor nisso ou naquilo e clama por maior compreensão e integração. A grande questão não deve ser a qual geração per tenço e seus desígnios, mas como os m eu s c o m p o r t ame n to s p o d e m co n tr ibui r c om outra s suposta s gera ç ões pa ra que s e in staure um ambiente de aprendizagem e sinergia que produza respostas mais satisfatórias, nos permitindo navegar nesse rio como ele se apresentar a nós. Ve r o “m u n d o - r i o” c o m o u m l u g a r d e c o n v i v ê n c i a , i n t e g r a ç ã o, d i v e r s i d a d e e contribuição poderá tornar a água mais cristalina. ¹ Raul Seixas. Música intitulada Metamor fose Ambulante, ano de lançamento: 1973 (Álbum: Krig-ha, Bandolo!). Fonte: Wikipédia. ² Caetano Veloso. Música intitulada Fora da Ordem, ano de lançamento: 1991 (Álbum Circuladô). Fonte: Wikipédia.

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Juliana Kiefer

Consultora Dorsey Rocha Consulting


Alguma coisa coisa esta esta Alguma fora da da ordem ordem fora

Leia o Ar tigo “Os caminhos de Maurício França

diver tidos da aprendizagem”

C LIQ UE AQUI

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JUNTOS E MISTURADOS

BABY BOOMERS (1940 – 1960) Educados com muita disciplina e rigidez. Demonstram lealdade e compromisso com a empresa. Valorizam a ascensão profissional.

GERAÇÃO X (1960 – 1980) Foram marcados por movimentos revolucionários. Valorizam o trabalho e a estabilidade financeira. São independentes e empreendedores.

GERAÇÃO Y (1980 – 2000) Período de prosperidade econômica e acompanharam a revolução tecnológica. Consideram o trabalho uma fonte de satisfação e aprendizado e buscam equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

Fonte: www.sbcoaching.com.br

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J

á vai longe o tempo que uma pessoa experiente não pedia ajuda e informação a outra mais jovem para se desenvolver, ou mesmo para opinar em seu trabalho, deixando uma barreira imensa entre as gerações. Vivemos o momento do TODOS JUNTOS, e misturados encontramos força e supor te para a evolução das pessoas, independente mente da idade. O que de fato separa são os valores opostos demonstrados, e vale para qualquer época. O que une são as diferentes visões de um mesmo tema, os divergentes pontos priorizados, os impulsos contrapondo às análises mais ponderadas, as competências complementares, a vontade de vencer e de seguir adiante contribuindo cada qual com o seu melhor.

Conseguimos perceber, nesse cenário, que não existe mais cada um no seu quadrado. Uma organização é vitoriosa se tiver a equipe unida em busca do objetivo comum, com respeito e apoio mútuo.

Conflitos fazem par te da evolução

e oferecem gra ndes o p o r t u n i d a d e s p a r a m e l h o r a r o r e l a c i o n a m e n t o e n t r e o s p r o f i s s i o n ais, e s t imu l an do a c o nvivê n cia p ar a q u e as nov a s gera ç ões possa m se senti r s e g u r a s c o m o p ar te d o gr up o o u me sm o num a posi ç ã o de li dera nç a .

S oma n do a s ab e d o r ia d a g e r ação Baby B oom ers, c om a le aldade da Geração X e a visão das tendências do mercado da Geração Y temos uma dinâmica de interação que supera as for tes exigências do mundo moderno. Você já aprendeu algo com alguém mais jovem n esses últim o s te m p o s? Você já s e es pelho u e amad u receu co m o supor te de alguém mais velho? O q u e ac h ou? To do s j u nto s não é m uito m elhor ?

Sillas Russodivito

Diretor de Criação - Agência Mundo Paralelo sillas@agmundoparalelo.com.br

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CONVERSA

ENTRE GERAÇÔES GERAÇÕES

A

h , e s s e s j o v e n s ! Po r q u e s e r á q u e s ã o t ã o i m p a c i e n t e s , c o n te stad o re s, questi ona dores e s e mp re acreditam, de fato, que sabem muito mais que os mais velhos? Será mesmo assim?

Hoje acompanho, entusiasmado, as discussões a respeito das d i f e r e n t e s g e r a ç õ e s , B a b y B o o m e r s , X , Y, Z e m e p e g o a r e f l e t i r s e estamos falando de outra espécie ou apenas comparando pessoas nascidas em diferentes momentos e cada qual com sua beleza e u t i l i d a d e . Po r q u e t a n t a a n s i e d a d e n e s t a r e l a ç ã o ? S e r á q u e o jovem de hoje tem esta necessidade de ser diferente ou estamos deixando de avaliar o quanto de comportamento idêntico aos nossos, quando passamos pela mesma fase, eles trazem e apenas t ê m f e r r a m e n t a s d i f e r e n t e s p a r a u t i l i z a r. Quanto às tecnologias, será que se os mais velhos não tivessem trabalhado muito para desenvolvê-las, por exemplo, a internet, a atual geração teria toda a velocidade que tem hoje para obter informações?

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Às vezes ouço que o jovem de hoje não tem paciência de aguardar anos por um cargo de liderança, e eu penso: será que exis tem t an to s c a rg o s p ar a ate n d e r tan tos novos profi ssi ona i s q u e entram no mercado de trabalho? Antes que alguém queira responder eu já respondo: Não! Ou seja, como sempre foi, os novos jovens também terão que lidar com frustações, com vitórias e derrotas, com aceitação e rejeição. Embora eu seja contra generalizações, acredito que as instituições que não dedicarem muita atenção ao organizar suas e q uip e s d e tr ab alho e ga ra nti r que el a s seja m c o m p o s t a s p o r pessoas mais maduras (normalmente a experiência os faz mais cuidadosos), com profissionais mais jovens (normalmente mais passionais, imediatistas e que se arr i s c a m m u i to), ficarão reféns de alguma geração: ou muito conser vadora e lenta nas decisões, ou muito progressista com d e c i s õ e s r á p i d a s e a r r i s c a d a s . Va l e a p e n a c o n s i d e r a r a t e o r i a d e K u r t L e w in q ue c onsi dera o equi lí br i o de forç a s que exi stem em uma empresa: as forças impulsionadoras e as restritivas, e a dosagem da composição das gerações representadas irá definir que tipo de organização queremos. P a r a c o n c l u i r, g o s t o d e l e m b r a r d e m i n h a discussão com minhas filhas quando dizem que sou velho, e por isso não concordo com elas. Minha resposta é q u e n ã o s o u ve l h o, a p e n a s s o u j ove m há mais tempo que elas.

Paulo Couto

Consultor Dorsey Rocha Consulting

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DORSEY INDICA DORSEYROCHA indica

QUEM INDICA

Rodolpho Rocha / Fundador Sócio-Diretor DorseyRocha

POR QUE INDICOU

Importante e oportuno quando experimentamos muitos eventos que exigem maior entendimento entre pessoas, povos e gerações.

SINOPSE

É um livro inteligente, corajoso, necessário, que realiza a proeza de nos lançar para a frente, fazendo com que nos posicionemos diante da realidade atual.

RUBENS ALVES Psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro, de livros religiosos, educacionais, existenciais e infantis.

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PONTO DE

VISTA “É preciso comer juntos muitos alqueires de sal para que se satisfaça o dever da amizade.”

Cícero (De amicitia, filósofo, 107aC – 43 aC)

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O MIRANTE É UM PROJETO DORSEY ROCHA & ASSOCIADOS

Conselho Editorial: Rodolpho Rocha Marta Castilho Ádrice Fernanda Conecte-se conosco: WWW.DORSEYROCHA.COM


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