Informativo PAAM In Foco - Ed. 03 - Novembro de 2017

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PLATAFORMA A P O STÓ L I C A AMAZÔNIA

INFORMATIVO EDIÇÃO 03

Mobilização social em prol de uma creche P . 08 ÁG

ANO 1 NOVEMBRO 2017 MANAUS - AM

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O Papa Francisco dirige a toda igreja, homens e mulheres, de boa vontade, um apelo para que se escute o grito dos pobres e sob a luz da Palavra diz: “Não amemos com palavras, mas com obras” (Jo 3, 18), ao convocar a primeira Jornada Mundial dos Pobres, na semana de 12 a 19 de novembro. Tratou- se de apelo, mas também de um convite a todos, para que em sinal de fraternidade se abrissem a partilha com os pobres e pudessem, com gestos concretos de solidariedade e uma iniciativa criativa, transformar a realidade. Amar os pobres implica em ser solidários com eles, unindo-se em suas causas, e discernindo a melhor maneira de mais amá-los e serví-los. A paralisação da inaguração de uma creche em zona periférica da cidade de Manaus, correspondendo a Área Missionária Sta. Margarida de Cortona, mobilizou socialmente moradores próximos e igrejas cristãs na realização de uma vigília política. No Informativo, além de ler sobre a mobilização, irá encontrar no Especial a leitura sobre uma relação de pobreza e voluntariado, isto e mais.

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Encontro dos Irmãos Jesuítas, em Florianópolis (SC)

Curso para Superiores da Companhia de Jesus, em Cuba

II Semana de Estudos Amazônicos, na PUC - Rio

PÁG. 02 EDITORIAL

PÁG. 03 ENTREVISTA

PÁG. 10 DESTAQUE PASTORAL

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Voluntariado: uma experiência... Por Pe. Ailsom Salaroli, SJ

Ir. João Luiz Castro , SJ

Fundação Fé e Alegria

Pobreza e Voluntariado: proximidade... Por María Del Mar Boch, SJ

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Encontro dos Povos Indígenas do Tapajós, em Itaituba (PA)

ESPECIAL


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EDITORIAL Voluntariado, uma experiência formativa pautada pela Cura Personalis

Pe. Ailsom Salaroli, SJ Graduado em Filosofia pela Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia - FAJE (MG) e Graduado em Teologia pela Pontificia Universidad Javeriana, Bolgotá (Colômbia).

O voluntariado é uma experiência que ainda não está totalmente consolidada em nosso horizonte apostólico. Mas, diante das necessidades e apelos de nosso tempo, sua importância começa a evidenciar-se no contexto missionário da Companhia de Jesus no Brasil e especialmente na Amazônia. A realidade Amazônica vai desvelando-se como plural e complexa, a nossa intenção de atuar de modo transformador e incidente nessa região deve estar acompanhada da consciência de que temos que abandonar nossa autossuficiência e reconhecer que necessitamos contar com outros na missão. É de suma importância criar meios que possibilite a composição de uma rede colaborativa. A abordagem relacionada ao processo de consolidação do voluntariado em nosso panorama apostólico deve considerar a reflexão sobre a melhor maneira de dinamizar essa empreitada. Estamos diante da oportunidade de potencializar um modo formativo diferenciado, que pode suscitar lideranças e multiplicadores

de uma pedagogia transformadora nos contextos diversos. Para tal fim, é essencial recorrer a um elemento valoroso da Companhia, a Cura Personalis (o cuidado para com a pessoa). A atenção e o cuidado com os voluntários que acompanhamos são essenciais para a superação do ativismo voluntarioso e para o favorecimento de um experimento profundo que possibilite a gestação de um horizonte cheio de sentido para que a pessoa esteja atenta aos sinais de Deus presentes em sua experiência e também possa inserir-se de maneira contextualizada, deixando-se tocar pela realidade. É a partir do solo existencial/contextual que elaboramos nossa maneira de pensar, sentir as coisas e também estruturamos nossas convicções. Tudo isso é oportunidade para crescer no conhecimento pessoal e ampliar a visão de mundo, tornando possível a relativização das próprias certezas e preconceitos, abrindo-se à compreensão e ao diálogo. É importante também considerar que vivemos numa sociedade a

qual busca produzir justificativas para manter o status quo de um contexto sociocultural que insiste na negação da vida e dos direitos universais do ser humano. Este horizonte é desafiador, mas é a partir dele que o voluntariado, impulsionado pela Cura Personalis, pode estruturar-se como um terreno formativo fértil e consistente, harmonizando-se com a intencionalidade jesuítica de formar de modo integral, de potencializar o crescimento humano-afetivo e espiritual, despertando a consciência e responsabilidade frente às problemáticas de nosso tempo. Assim, temos diante de nós a situação propicia para enriquecer e dinamizar nossa missão na Amazônia. A Cura Personalis apresenta-se como ferramenta fundamental, ajudando cada indivíduo a reconhecer-se portador da novidade salvífica. Tudo isso favorece uma experiência profunda, manifesta uma oportunidade singular para o rompimento com toda atitude egocêntrica, podendo infundir na pessoa a alegria afradecida que leva a descobrir-se como dom, movendo para a gratuidade e serviço.

E •X• P •E•D •I• E•N •T• E CONSELHO EDITORIAL Diretor Editorial Editora Responsável Projeto Gráfico e Diagramação Redação e Revisão

Pe. Inácio Rhoden, SJ Ana Lúcia Farias Arthur Carvalho, SJ Vitor Bazzuco, SJ Pe. Felix Lopes, SJ Ana Lúcia Farias

Distribuição

Joicy Falcão, Pe. Ailsom Salaroli, SJ, Ir. João Luís Castro, SJ., María Boch PAAM - Anúncio Interno (digital)

Abrangência

Disponível em Plataforma Digital:

Fotos

Banco de Imagens / Divulgação

Colaboradores desta Edição

PAAM In Foco é um infomativo mensal da PLATAFORMA APOSTÓLICA AMAZÔNIA da Província dos Jesuítas do Brasil, produzido pela Assessoria de Comunicação da PAAM, sem fins lucrativos. Av. Leonardo Malcher, 357 - Aparecida - Manaus - Amazonas E-mail: analuciaf@jesuitasbrasil.org.br Telefone: 92 93622-9835


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ENTREVISTA 1. Como foi ou como experimentou o seu chamado vocacional à Companhia de Jesus?

IRMÃO: COM QUEM SE PODE CONTAR

Saí de casa, no interior Minas Gerais, e fui para o Rio de Janeiro buscar um tratamento médico, e logo o meu irmão, que trabalhava no Colégio Santo Inácio, conseguiu também um trabalho para mim lá. Nesse período conheci vários irmãos, que pelo testemunho deles, senti-me atraído pela Companhia. Outro fato que me atraiu foi que enquanto estudava a noite, de dentro da minha sala de aula, eu contemplava o Cristo Redentor no Corcovado e o desejo de entrar para a Companhia foi aumentando a cada dia. Conheci Jesuítas que muito contribuíram para que esse desejo aumentasse, crescesse. Destaco o Pe. Tarcísio Araújo, Pe. Aloysio Penna, Pe.Anselmo Morgante, Ir. Machado, Ir. Xavier, Ir. Kimura, Ir. Cabral, Ir. Maradei, entre outros. A lembrança destas pessoas, ainda hoje, aumenta em mim a esperança e o desejo de crescer. 2. Você pode nos dizer em que consiste a vocação de irmão na Companhia de Jesus? Qual sua especifidade?

Ir. João Luiz Castro, SJ Brasileiro, natural de Caratinga - Minas Gerais, entrou na Companhia de Jesus em 1984, proferiu seu votos iniciais em 1986, e os últimos, em Montes Claros, 2000. Formação em Ciências Contábeis. Sua paixão é rádio. Em entrevista, ele fala um pouco sobre a vocação de irmão, sua missão apostólica, o voluntariado que exerce no Fé e Alegria e o Encontro de irmãos em Florianópolis (SC), etc.,considerando a relevância pessoal, para a Província do Brasil, para a Amazônia e a Sociedade como um todo.

O ser irmão seguramente constitui um desafio nos tempos atuais, mas seguramente com mais possibilidades que no passado. Os desafios que a missão nos apresenta hoje exige de todos abertura ao Espírito e à criatividade. Abertura ao transcedente e às pessoas com as quais somos chamados a trabalhar. Entrei para a Companhia em 1984, trabalhei durante 5 anos no Colégio São Luis Gonzaga, em São Paulo, trabalhei um ano no Bico do Papaguaio (TO) , 10 anos em Montes Claros (MG) e 9 anos em Moçambi-

que. Foram experiências muito positivas, sobretudo no colégio, onde até hoje mantenho contato com vários ex-alunos. No Bico do Papaguaio estive na motivação e animação das associações e sindicatos. Criamos um fórum da cidadania e uma emissora de rádio na torre da igreja. Ao transferir-me para Montes Claro (MG), levei o sonho de montar uma emissora. Montamos e fizemos funcionar durante 10 anos. A rádio foi fechada diversas vezes, mas sempre voltávamos com mais determinação e ousadia. “Rádio Cidadania - Ação pela vida. Gente é para brilhar”, era o nome da rádio e seu slogan. Nesse período havia uma enfervescência de jovens na paróquia e nas comunidades. Foi um tempo muito profícuo! Além dessas experiências, o tempo na África foi também de muito trabalho e entrega plena à Missão. Muito desafio, cuidando de uma missão com uns 70 trabalhadores. A missão era prover, ajudar. Ajudar no escoamento da produção, nas compras, cuidar da contabilidade, dos trabalhadores e das máquinas e carros. Foi uma experiência que reputo de grande relevância. Agradeço imensamente aos jesuítas, Pe. Giovanni Salomão, e ao Pe.Virgilio de Arimateia, foram grandes companheirose e amigos no Senhor nesta missão. Também aagradeço ao Pe. Piazza e ao Pe. Emílio com os quais trabalhei durante longos anos. Então, sobre a vocação de ser irmão, sinto que somos chamados a sermos mais colaborativos ad extra e ad intra. Sinto que o irmão hoje não tem uma missão específica, vai muito de seus talentos, capacidades e aptidões. 3. Conte-nos um pouco do que significou para você o recente encontro dos irmãos jesuítas em Florianópolis (SC), em que vocês receberam um


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vídeo do Pe. Arturo Sosa, geral da Companhia de Jesus. Sobre o encontro dos irmãos, em Florianópolis (SC), confesso que fui sem expectativas, mas fui muito surpreendido positivamente. Vi muitos jovens animados, criativos, propositivos, participativos, entrosados e inteligente, perspicazes e intuitivos. Foi muito positivo. Gostamos muito da mensagem do Pe. Arturo Sosa, que desmonstrou conhecer bem a realidade da Companhia e dos irmãos. Percebemos que muito já se fez, porém há muito por fazer e certamente existe uma maior abertura hoje, para uma melhor integração do corpo apostólico da e na Companhia. 4. A partir desse encontro em Florianópolis, qual a contribuição que você enquanto jesuíta irmão e não padre, traz a sua atual missão apostólica do corpo da Companhia de Jesus? Independentemente de ser irmão ou padre, fazendo parte desse corpo apostólico que é a Companhia de Jesus... Gosto da postura do Provincial, Pe. João Renato, SJ, que tem se mostrado muito aberto e pronto para o diálogo e junto busca encontrar a forma colaborativa dos companheiros, isto é fundamental. A partir do encontro dos irmãos, isto ficou ainda mais claro. 5. Você desenvolve um trabalho voluntário na Fundação Fé e Alegria, em que consiste ser voluntário nessa instituição? Fé e Alegria tem sido um desafio. Desafio de motivar quem vive marcado por uma realidade excludente. Mas, tem sido consolador encontrar jovens e crianças abertas

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para o aprendizado e sobretudo a Deus. Sinto que as pessoas do Fé e Alegria trabalham com muita competência, dedicação eficiente e verdadeiro espírito colaborativo entre si. 6. Há algum significado para a sua vocação a recente comemoração dos 400 anos da Páscoa de Santo Afonso Rodrigues e dos 30 anos de martírio do Ir. Vicente Cañas? Havendo significado, como e em que consiste? Confesso que para mim, vejo mais siginificado na vida e nos desafios dos indígenas e sobretudo os pobres de nossa periferia, do que na vida de Santo Afonso e de Vicente Cañas. Não que eu não preze o exemplo e testemunho deles. Como testemunho, consola-me o desprendimento de ambos, na dedicação à missão que lhes foi confiada. Admiro enormemente Vicente deixar sua família e embrenhar-se no meio dos indígenas e dar a vida por eles. Quanto a Santo Afonso chama-me a atenção ele viver toda uma vida dedicada a abrir portas e com isso alcançar a glória e os altares. Isto é para poucos!

7. Para finalizarmos, como você vê Somos chamados a uma missão, a relevância de sua atual missão onde ninguém tem o direito de apostólica para a Amazônia e para frustrar os planos de Deus nem soo Brasil? bre a sua vida e menos ainda a dos dos outros. Pois diante de Deus Vejo pouco relevante a minha con- somos também responsáveis pelo tribuição nesta Amazônia tão vas- reino. Tenho aproveitado esse temta. Porém, tenho procurado sair de po para ser uma presença positiva mim mesmo para ir ao encontro colaborativa, em todos os lugares das pessoas, sobretudo as mais ne- que eu estiver. A Amazônia tem cessitadas. Espero que com isto, eu sido um desafio, tanto para a Igreja, possa ser mais útil e ser ponte, aju- Companhia, quanto para mim. Com dando as pessoas a compreende- paciência e persistência, procuro ser rem melhor o momento que esta- sinal de esperança ao mais necesmos vivendo no mundo da política. sitados.


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ACONTECIMENTOS - OBRAS E SERVIÇOS Encontro de diálogos dos Povos Indígenas do Tapajós, em Itaituba (PA) Em outubro, a Equipe Itinerante participou do Encontro de Diálogos dos Povos Indígenas do Tapajós, organizado pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI). O Encontro aconteceu de 6 a 8, em Itaituba (PA), e tinha como um dos principais objetivos aprofundar os diálogos entre os povos indígenas e ribeirinhos com a Igreja local, e construir uma agenda comum em defesa da vida na Amazônia, além de refletir as lutas e resistências dos povos. Na ocasião diversas organizações estiveram presentes, inclusive a Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), através do seu Comitê Executivo ampliado com representantes dos nove países que tem a Floresta Amazônica em seus territórios. O Encontro trouxe indígenas e

Povos indígenas do Tapajós By: Assessoria de Comunicação da REPAM

Exercícios Espirituais para Jovens acontece em Manaus (AM) “Eles conseguiram fazer uma expeperiência bonita de se reconhecer como criatura, que continua sendo criada...”, disse Marcos Venturini, jesuíta que conduziu os pontos de oração da turma de 1ª etapa. Nos dias 20,21 e 22 de outubro, a Casa MAGIS Manaus realizou, na Casa de Retiro Monsenhor Giordano, duas etapas dos Exercícios Espirituais para Jovens (EEJ). Ao total, foram 24 exercitantes, de diversos locais da cidade de Manaus, e ainda uma jovem da Pastoral Universitária de Boa Vista (RR). como manda a metodologia dos Exercícios, todo o retiro foi de silêncio, com eucaristia diária e orações comunitárias por grupo. As etapas foram orientadas, respectivamente, pelos jesuítas, Marcos Venturini e Arthur Carvalho.

Juventude, oração e entrega

comunidades tradicionais das cinco regiões da Bacia do Tapajós: Alto, Médio e Baixo, além de lideranças do Mato Grosso e Sateré-Mawé, no total, aproximadamente, 200 lideranças. Foram dias nos quais os povos e comunidades do Tapajós partilharam suas experiências de luta e as suas preocupações frente aos grandes projetos na Bacia do Tapajós: a mineração e os garimpos, o agronegócio e os portos graneleiros, as madereiras e fazendas, as barragens e hidroelétricas, as hidrovias e estradas, a demarcação dos territórios indígenas, a contaminação dos rios, etc. Os povos da Bacia do Tapajós e as entidades parceiras presentes saíram com a certeza de que precisam ampliar as alianças entre eles, assumindo estratégias e conjuntas em resposta aos desafios.

Peregrinos no Círio A experiência MAGIS Peregrinos do Círio proporcionou a inserção sociocultural e religiosa de jovens na festa do Círio de Nazaré. A experiência ocorre anualmente na cidade de Belém (PA), nos dias 6, 7 e 8 de outubro. O encontro começou dia 6, sexta, com o Lucernário que abordou os 300 anos de Nossa Senhora Aparecida, os 100 anos do retorno dos jesuítas à capital Paraense, e o Círio de Nazaré. A programação do sábado contou com as atividades culturais e religiosas que ocorrem na cidade nessa ocasião como o Círio Fluvial, a Descida do Glória, a transladação e o Arrastão do Pavulagem. A Experiência, organizada pelo Centro MAGIS Amazônia, encerrou-se no domingo com a procissão do Círio de Nazaré e o almoço familiar paraense.

Experiência MAGIS - Peregrinos


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Primeira Eucaristia na Comunidade Menino Jesus A comunidade Menino Jesus, no bairro Mapiri, que pertence a Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, da diocese de Santarém (PA), no dia 29 de outubro realizou a Cerimônia do Sacramento de Primeira Eucaristia, celebração presidida pelo pároco, Pe. Genilson Lopes, SJ. Receberam o sacramento do pão e do vinho transformado em corpo e sangue de Jesus, 23 crianças, que ao longo de mais de um ano foram preparadas na catequese por Alessandra Colares e Nazaré Imbiriba, catequistas da comunidade. Ao final da celebração, comunidade e familiares, com bolo, confraternizavam-se.

1ª Eucaristia

Retiro de Lideranças na Paróquia Santa Luzia O Retiro Inaciano das lideranças leigas teve como tema “Espiritualidade Inaciana e Maria, Mãe de Deus” e lema “O Sim de Maria”. Orientado pelo Pe. David, SJ, o evento pretendeu difundir a espiritualidade inaciana aos membros da Paróquia Santa Luzia, Caladinho, Porto Velho (RO). Cerca de 40 líderes participaram do retiro, o qual foi realizado na Casa de Retiro Cenáculo, da Paróquia São Luiz Gonzaga, nos dias 21 e 22 de outubro. No encontro aconteceu o terço luminoso, uma celebração penitencial comunitária, além de meditação da Palavra, partilhas por grupo e muito silêncio.

GAVI na Celebração Eucarística

Encontro dos Irmãos Jesuíta, em Florianópolis (SC) De 11 a 15 de outubro, na Casa de Retiros Vila Fátima, localizada no Morro das Pedras, em Florianópolis (SC), aproveitando a ocasião dos 400 anos de morte de Santo Afonso Rodrigues, estiveram reunidos para o Encontro de Irmãos Jesuítas mais de 30 irmãos, entre eles estavam o Ir. João Luiz Castro, SJ, e o Ir. Deivison Lima, SJ que têm suas missões na Plataforma Apostólica Amazônia (PAAM). Este encontro foi marcado por um clima de muito ânimo, alegria e intensa participação. O principal objetivo era formarem-se, conviverem e partilharem a respeito da missão na

Companhia de Jesus a partir do tema “Santo Afonso Rodrigues, místico e acompanhante espiritual”. Além da vida de Santo Afonso, o martírio de Irmão Vicente Cañas foi ressaltado pela sua doação e promoção da justiça para com o povo indígena. Durante o encontro, os irmãos, também assistiram ao vídeo que o Pe. Geral, Arturo Sosa deixou como mensagem, manifestando alegria pela dedicação e apoio à missão que os irmãos representam à Companhia de Jesus, bem como para a Igreja. O Pe. Arturo Sosa frisou que a programação estreitou laços de amizade, comunhão e partilha das missões.

Irmãos, partilham a vida By: Ir.Bira Oliveira

Programação Sintonia na Fé A Rádio Rural de Santarém, no Pará, dirigida pelo Sistema Diocesano de Comunicação tem passado por uma restruturação interna, tanto no âmbito da grade de sua programação como no administrativo, e nesta nova reformulação, o Conselho dirigente percebeu a pouca atuação do clero, sugerindo formatar um

programa direcionado para as paróquias, áreas, miniáreas e regiões da Diocese de Santarém ondes padres pudessem interagir, refletir temáticas e acompanhar através da mídia os fiéis da igreja. No dia 02 de outubro, depois de um período de incubação, aconteceu a inauguração do Programa Sintonia na Fé que trou-

xe a ideia de aproximar padres e ouvintes. Pe. Genilson Lopes, SJ, relatou que recebeu o convite para fazer parte do novo Programa e conta que com menos de um mês no ar a audiência aumentou, “o programa traz as notícias da Diocese, nós debatemos um tema específico a cada en-

contro, trazemos abordagens nas questões catequéticas e documentais da Igreja, é transmitido de segunda a sexta, de 10h as 11h, uma hora por dia, mas já pensa-se em fazê-lo em 2h, pois já fomos consultados pela direção da Rádio que verificou a nossa disponibilidade de assumi-lo por uma hora a mais”, disse ele.


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Reunião dos Articuladores do MAGIS Amazônia

Avaliação do trabalho com Juventudes e Vocações

Entre os dias 17 e 19 de outubro, em Manaus, ocorreu a reunião dos jesuítas e voluntários que colaboram no Programa MAGIS Brasil na Amazônia. O intuito desse encontro foi a partilha, estudos, celebração e avaliação, e planejamento do trabalho com juventude e vocações na região. A reunião foi também oportunidade para o estabelecimento de algumas prioridades (metas) a partir dos

resultados e recomendações das assembleias da PAAM. Foi dedicado ainda um dia para reflexão sobre o trabalho vocacional na região e a situação de alguns jovens com possibilidades de entrar no Plano de Candidatos em 2018. Participaram da reunião: Pe. Tomé Silva, SJ, Pe. Inácio Rhoden, SJ, Pe. Silas Silva, SJ, Pe. Ronilson Braga, SJ, Vitor Bazucco, SJ, Arthur Carvalho, SJ e Gian Lopes.

Reunião Nacional do Fé e Alegria Entre os dias 02 e 06 de Outubro, aconteceu, em São Paulo, o já tradicional Encontro Anual da Fundação Fé e Alegria do Brasil que teve como temática a Revisão da Proposta Educativa e contou com a participação de 53 pessoas de todas as regiões do país, dentre eles os pedagogos, gestores, assistentes sociais e outros profissionais. O encontro ocorreu no Centro da Sagrada Família, no bairro do Ipiranga. A intenção de discutir uma revisão na proposta educativa se deu ainda em 2016, no encontro anterior, no qual constatou-se que é preciso alinhar os documentos institucionais às ações realizadas atualmente e às legislações vigentes. Para este encontro de 2017 foram convidados especialistas na área da assistência social, educação popular e formação para o mundo do trabalho. Os colaboradores puderam participar

de palestras e oficinas temáticas, o que proporcionou uma troca valiosa de experiências e saberes. A Fundação Fé e Alegria esteve presente representada pela Coordenadora de Programas, Joicy Falcão e pela Assistente Social, Ceiça Regina Silveira que juntas puderam colaborar e aprender um pouco mais com os demais colegas de missão. “Estar neste encontro é fundamental para a construção coletiva em Fé e Alegria, são momentos de troca e cuidado que precisamos ter durante à missão nos centros que estamos atuando diariamente. Muitas vezes, a rotina do trabalho acaba dificultando este diálogo e isso é resgatado nos encontros nacionais”, relatou Joicy Falcão. Assim, a Revisão da Proposta Edutiva é um passo de avaliação e proposição para um trabalho cada vez mais em comunhão e dentro da lei.

Curso para Superiores da Companhia de Jesus A Conferência dos Provinciais Jesuítas da América Latina (CPAL) promoveu de 04 a 10 de outubro, na cidade de Havana (Cuba), o Curso para Superiores da Companhia de Jesus. Entre os 35 jesuítas presentes, pertencentes a 11 Províncias da América Latina, participaram 08 jesuítas da Província do Brasil (BRA), entre estes estava o Pe. Vanildo Filho, que tem sua missão na Plataforma Apostólica Amazônia (PAAM). O jesuíta, Pe. Vanildo Filho, relatou que por meio de leituras de textos, exposições de temas referente ao Governo da Companhia e parpartilhas de experiências em pequenos grupos eles foram recolhendo as consolações e as desolações inerentes a função de superior, “tendo diante dos olhos as nossas comunidades de pertença, fomos recolhendo os siais de alegria e esperança, próprias de uma SJ que, mesmo tendo muitas

dificuldades, está viva e quer responder com coragem aos velhos e novos desafios que se apresentam “, declarou.

...FOMOS RECOLHENDO OS SINAIS DE ALEGRIA E ESESPERANÇA, PRÓPRIAS DE UMA SJ...” Ao final do curso, aos superiores jesuítas, permanece atual o apelo de governar como Deus governa: com ternura (que ama a cada jesuíta não não porque é bom, mas porque é filho de Deus); com paciência (que dedica atenção especial na escuta e no trato); com persuasão (promovendo um olhar para a organização não apenas como uma somatória de partes, mas como um corpo apostólico que integra e gera interdependência).

Curso para Superiores: Governar com ternura, paciência e persuasão


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Mobilização Social em prol da Inauguração de uma creche na periferia de Manaus “Nós, moradores do bairro Alfredo Nascimento, II etapa, Rua Espigão, clamamos pela inauguração da creche e toda sua infraestrutura. A obra tem mais de cinco anos. A empresa Planen Construtora Indústria e Comércio LTDA iniciou a construção em março de 2012, tendo como prazo 270 dias, no valor de R$1.989.869,45. Já passaram mais de 1.825 dias e nada da inauguração. Em 2013 a construtora rescindiu o contrato. O termo de rescisão está registrado sobre o nº. 052/2012 que trata o caso como “termo de rescisão amigável em face da conveniência administrativa, referente à construção de creches Tipo B Padrão”. As palavras acima são o início do ofício encaminhado a Defensoria Pública do Estado do Amazonas denunciando a situação de construção de uma creche ainda não concluída, localizada no bairro Alfredo Nascimento, Zona Norte de Manaus. Esse ofício é fruto de uma mobilização social da Área Missionária Santa Margarida de Cortona que vem denunciar os cinco anos de paralisação da obra da creche situada bem ao lado de uma de suas comunidades: São João Batista. A situação da creche é muito alarmante. Sua obra estava programada para ser finalizada no ano de 2013. A prefeitura de Manaus, na gestão do atual prefeito, chegou a noticiar, pelas mídias, que iria inaugurar a obra em março de 2014. Todos que veem a construção percebem que a obra está praticamente finalizada, faltando ainda pequenos acabamentos. Além disso, no bairro Alfredo Nascimento, onde a população atinge a marca de 10 mil habitantes, aproximadamente, não existe nenhucreche pública, um descaso com as famílias, sobretudo as mais pobres. A união da Área Missionária nessa luta comum provém de clamores que surgiram nas rodas de conversa em

preparação para o Grito dos Excluídos 2017. Nesses diálogos realizados por comunidade, a irregularidade da creche apareceu como principal grito das pessoas, sendo conclamado pela Área Missionária na caminhada realizada no dia 07 de setembro, no Grito dos Excluídos pela Arquidiocese de Manaus. A creche, depois de inaugurada tecapacidade para atender 186 crianças, de 1 a 5 anos de idade. No intuito de se dar continuidade à mobilização do Grito dos Excluídos, as pastorais sociais da Área Missionária, apoiadas por Pe. Roque, SJ, pároco na comunidade; Cáritas Arquidiocesana, e o Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental - SARES, convocaram um pós-grito, que consistiu na realização de uma vigília, no dia 11 de outubro, nas dependências do prédio da creche em referência. Durante a vigília, houve a manifestação de várias mães da comunidade que relataram várias situações de dificuldades que enfrentam e podiam ser solucionadas com a inauguração da creche, como a perda de oportunidade de emprego em razão de não ter com quem deixar seus filhos. A vigília foi ocasião de reunir pessoas de diferentes confissões religiosas e grupos diversos, em especial o grupo de Zumba da praça que fica em frente à creche, composta, em sua grande maioria, por mães moradoras do bairro. Essas mulheres se puseram em comum para denunciar o descaso do Poder Público, a corrupção política e lutar por melhorias em seu bairro. Vale ressaltar ainda que a creche também beneficiaria vários (as) trabalhadores (as) para os cargos profissionais de: vigilantes, merendeiros (as), educadores (as) infantis, serviços gerais, etc. Além da vigília, um grupo de representantes dos moradores teve, no dia 10 de outubro, uma audiên-

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Vigília no rol da Creche - Comunidade reivindica sua inauguração

Oração e Ação caminhando juntas

cia com o Defensor Público Carlos Alberto Almeida. Nessa oportunidade, ficou acertado que serão colhidas assinaturas dos moradores do bairro, para se compor um abaixo-assinado, a ser encaminhado a Defensoria Pública para que esta acione os órgãos competentes cobrando a inauguração da creche. Atualmente, durante as missas comunitárias e visitas pastorais aos moradores da Área Missionária, estão sendo coletadas essas assinaturas

para envio ao Defensor Público. Muitas informações desencontradas chegam para tentar desanimar a mobilização coletiva, como por exemplo a notícia de que essa creche seria obra de iniciativa particular. Contudo, Ir. Deliris, coordenadora da Cáritas na região amazônica, já comenta da importância dessa ação, “a minha maior perspectiva é que esta luta desperte a comunidade para a consciência de lutar pelos direitos... todos os direitos pela melhoria de vida... a luta pela creche é uma forma”, disse ela.


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Visita do Pe. Geral ao Brasil

GAVI no Acre “Jovens... Quanto o mundo precisa de vocês para colocar-se no lugar daquele que muitas gerações anteriores não conseguiram ou não sabiam fazer, ou não alcançaram o caminho certo para entender!”, palavras do Papa Francisco que inspiram Arthur Carvalho, SJ, no serviço vocacional. Nos dias 28 e 29 de outubro aconteceu, em Rio Branco (AC), o Encontro de Animação Vocacional Inaciana - GAVI. Na ocasião, os jovens puderam rezar sua vocação a partir do chamado do “Rei Eterno”e conhecer mais a vida de Inácio, os Exercícios Espirituais, além de ouviram o testemunho Na mesa: a vida, a vocação e o alimento vocacional de Pe. Ronaldo Colavecchio, SJ.

Pe. Arturo Sosa, Superior Geral da Companhia de Jesus, visitou o Brasil dos dias 16 a 28 de outubro. Rio Grande do Sul, São Paulo, Recife, Belo Horizonte, foram as cidades visitadas. Nessas visitas, teve a oportunidade de dialogar e escutar as experiências vividas pelos colaboradores das obras, ver os projetos, as escolas e as universidades. O jovem jesuíta, Vitor Bazucco, coordenador do Centro MAGIS Amazônia, teve a oportunidade de encontrá-lo em São Paulo e relata que “a visita do Pe. Geral suscitou o entusiasmo, ânimo e vigor dos jesuítas e colaboradores”. Assim sentiu, mas também percebeu nos demais.

Vitor e Pe. Arturo Sosa, em São Paulo

Peregrinação Inaciana de Jovens acontece em Santarém (PA) O Espaço MAGIS Santarém realizou a sua II Peregrinação Inaciana, reunindo, aproximadamente, 40 jovens, de 16 a 29 anos, nos dias 28 e 29 de outubro, em um percurso que iniciou na Vila de Pindobal, município de Belterra (PA). Segundo Gian Franco, voluntário CVX, na ocasião coordenador do Espaço MAGIS Santarém, “a proposta era apresentar a vida de Inácio para as juventudes e nada melhor do que fazê-las experenciar algo

semelhante ao que Inácio fez: a peregrinação... fazendo uma releitura da sua vida de forma contemplativa, buscando discernir a voz de Deus”, diz ele. O evento foi dividido em dois momentos: o primeiro tratava-se da própria peregrinação, o deslocamento de um lugar para o outro, rezando a vida no caminho; o segundo tratava-se de um tempo maior de convivência e missão. Para o primeiro momento foram convidadas para

facilitar os pontos de oração: Osinaldo Raphael, seminarista diocesano de Santarém e Carlos Henrique, ex-aluno do Colégio Santo Inácio do Rio de Janeiro (RJ). Na condução da vivência e missão na comunidade de Belterra esteve presente o Pe. Edson Tomé, SJ. “Vivemos nestes dois dias uma aventura humana e espiritual que nos fez buscar interiormente uma ‘bala de canhão’, bala que renova, liberta, transforma e nos faz ter sede de Deus”, disse a jovem Laura Freitas, 16 anos.

Peregrinação exterior e interior

II Semana de Estudos Amazônicos na PUC - Rio

Atividades acadêmicas e culturais

Do dia 24 a 26 de outubro, o Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Ambiental (SARES), o Serviço jesuíta a Migrantes e Refugiados, o Centro Alternativo de Cultura (CAC), e o Centro MAGIS Amazônia foram convidados a participar da 2ª Semana de Estudos Amazônicos (SEMEA) que aconteceu na Pontifícia Universidade Católica, na cidade do Rio de Janeiro (PUC - Rio). Com o tema “A Floresta e os Povos Tradicionais que nela vivem”, a 2ª

SEMEA propôs mesas redondas, palestras e rodas de conversa de cunho social, ambiental e político sobre questões amazônicas. Além de atividades com perspectiva de fomento acadêmico, o evento foi organizado com atividades artísticas e culturais com adaptações lúdicas. A SEMEA tem como objetivo promover, em universidades fora do território amazônico, uma semana de estudos sobre a Amazônia, buscando dar visibilidade a ela, etc.


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DESTAQUE PASTORAL FUNDAÇÃO FÉ E ALEGRIA O que é? Fé e Alegria é um movimento internacional de Educação Popular Integral e Promoção Social, baseado nos valores da justiça, liberdade, participação, fraternidade, respeito à diversidade e solidariedade, dirigido à população empobrecida e excluída. Surgiu em 1955, do encontro entre o jesuíta Padre José María Vélaz, acompanhado de estudantes da Universidade Católica Andrés Bello, com moradores de um bairro sem escolas, em Caracas, na Venezuela. Compromisso acolhido pela Companhia de Jesus no Brasil em 1981, iniciando a atuação nacional do movimento com a Educação Infantil, em uma pequena creche em Mauá, região metropolitana de São Paulo. E no decorrer desses 35 anos, Fé e Alegria Brasil, ampliou seus horizontes geográficos e educacionais. Atualmente, mais de 13 mil pessoas, entre crianças, jovens e adultos, em 20 cidades de 14 estados, são beneficiadas pelas ações de Educação e Promoção Social da Fundação. Em Manaus Fé e Alegria atua desde 2007, e com as atividades desde 2008 na comunidade Grande Vitória - Zona Leste da cidade. Nosso objetivo? Colaborar na proteção social às crianças e adolescentes, buscando

favorecer o desenvolvimento de suas potencialidades e, a construção de sua cidadania de forma autônoma, crítica e comprometida com a justiça e solidariedade mediante ao fortlecimento de vínculos familiares e comunitários. O que oferecemos? Atualmente atendemos cerca de 120 crianças (06 a 15 anos) com atividades do serviço de convivência e fortalecimento de vínculos de segunda à sexta-feira. Segundo levantamento de dados, em 2016, os usuários do projeto apresentaram o seguinte perfil: são moradores da comunidade Grande Vitória, Nova Vitória e adjacências, do sexo mascuVoluntariado Fé e Alegria: Ensino as crianças lino e feminino com predominância de 53% dos usuários do sexo feminino. No que se refere ao acesso ao mercado de trabalho 43% das pedagoga, assistente administrafamílias atendidas se encontram na tivo e voluntários (as) do projeto. informalidade. Além das crianças, este ano atendemos 267 jovens e a- Conheça a Obra dultos nos cursos de inclusão digiA Fundação Fé e Alegria está locatal e formação para o trabalho (in- lizada na Rua Tocantinópolis, 237, formática básica e avançada, colori- São José Operário, Comunidade metria de cabelos, tranças e pentea- Grande Vitória, Manaus (AM). dos, assistente administrativo, ins- Os Contatos talações elétricas e manicure). E-mail: contato.am@feealegria.org.br A Equipe Fones:(92) 3638-7098 | 99501-3560. A equipe de colaboradores é Nacional composta de assistente social, edu- www. feealegria.org.br cadores sociais, zelador, cozinheira,

Passeata com as crianças e pelos direitos das crianças e adolescentes

Alguns membros da Equipe do Fé e Alegria


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ESPECIAL

Pobreza e Voluntariado: proximidade de uma relação!

María Del Mar Bosch (Marita) Formação em Pedagogia pela Loyola University, em Nova Orleans (EUA). É Voluntária na Plataforma Apostólica Amazônia (PAAM), enviada pela Paróquia Santo Inácio - do País de Porto Rico - apoiada pela PAAM e Amazon Relief. Seu serviço está acontecendo através da Equipe Itinerante.

Na semana de 12 a 19 de novembro de 2017 foi lançada pelo Papa Francisco a “Jornada Mundial dos Pobres”, com o tema: “ Não amemos com palavras, mas com obras” (Jo 3,18), nos convidando a amar como Jesus amou; sobretudo, a amar aos pobres e ser solidários com eles. Relembrando minhas vivências com os pobres, me vem rostos con-

cretos, nomes, situações específicas, encontros... Embora reconheço que isso nem sempre foi assim. Desde criança escutava essa palavra “pobre”, mas ela não tinha mexido com meu coração até que fiz minha primeira experiência de voluntariado. Foi aí que essa palavra adquiriu um novo e profundo significado. Os pobres foram encarnando-se em mim e gravavam-se em meu coração. Estudei Pedagogia na Loyola University, em Nova Orleans, nos Estados Unidos (1991-1995). Desde o começo dos meus estudos, observava como muitos dos meus colegas ficavam procupados com que iam fazer com suas vidas ao terminar os estudos. Eu, porém, ainda que não soubesse o que ia estudar, tinha uma certeza interior que me dava paz: Quando me formasse, eu ia viver uma experiência de voluntariado missionário. Não sei de onde saiu isso, mas sinto que é esse chamado que Deus faz a cada pessoa e que somente nós mesmos podemos responder, arriscando tudo o que somos e temos; confiando Nele, naquela intuição que semou no profundo do nosso coração. Foi assim que no ano de 1995, após conhecer o jesuíta, Pe. Fernan-

López, através do seu convite, fui fazer uma experiência no Paraguai. Depois da minha graduação, então fui morar durante seis meses numa comunidade, na qual estive inserida com jesuítas e leigos (as), e esta era situada num grande lixão, Cateura, nas favelas de Bañado Sur de Assunção, capital do país. No lixão, as famílias pobres me “incomodaram” e questionaram minha vida. Os catadores e catadoras do lixão muitas vezes encontravam dentro das sacolas que chegavam nos caminhões de lixo bebês abortados ou assassinados ao nascer e jogados como lixos nas lixeiras da cidade, dos bairros mais ricos. Os bebês eram recolhidos pelos catadores e catadoras que os lavavam e os limpavam, depois os vestiam com roupinhas brancas, e os colocavam em um pequeno caixão fabricado por eles mesmos. Em seguida, os pequenos eram velados a noite toda pelos (las) catadores (as) e estes os “batizavam” dando um nome para aqueles “anjinhos” - como nomeiam no Paraguai os bebês mortos - e por último os enterravam em seus pequenos jardins, quintal de suas casas. E, assim, com os pobres, nessas experiências, muitas delas duras, minha consciência foi

despertando e minha vocação missionária como voluntária também. Agora os pobres eram pessoas, histórias partilhadas, tinham cheiros e cores, sorrisos e dores, eles eram meus amigos e amigas. Dentro do lixo, com aqueles “descartáveis” pela sociedade, eu tinha encontrado o sentido da minha vida e tudo foi ficando marcado por aqueles rostos concretos dos pobres, dispondo-me a gastar minha vida com suas vidas. Meu coração ficou inquieto, buscando como e onde agora responder àquilo que eu tinha “visto e ouvido”, abrindo minha vida para várias outras experiências curtas de voluntariado: El Salvador (1999), Haiti (2001), Amazônia (2003), Nicarágua (2006), e novamente Amazônia (2015), e aqui ainda estou. Também fui vivendo várias experiências de serviço voluntário em Porto Rico, minha pátria, ao longo desses anos: na cadeia, morando nos bairros marginais com as irmãs do Sagrado Coração de Jesus, no grupo de canto de paróquia, oferecendo catequeses e aulas de alfabetização. Mas todo esse processo longo também foi necessário para ir discernindo e preparando meu coraração para assumir hoje, com ale-


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gria e liberdade, esta vocação de serviço voluntário, saindo da minha zona de conforto, deixando a seguridade que o meu trabalho me dava, no Colégio dos Jesuítas em Porto Rico, na área de pastoral depois de mais de 6 anos trabalhando ali, para responder a um viver com menos seguranças materiais, porém com uma maior segurança interior. Faz 1 ano e 2 meses que estou como voluntária na Amazônia e à medida que o tempo passa, vou descobrindo que estar aqui é um privilégio. Privilégio de poder somar nessa diversidade de povos e culturas, modos diferentes de sentir, pensar, organizar-se e viver, de certezas e incertezas, desafios e soluções dos povos com os quais eu estou caminhando pela Equipe Itinerante, “andando pela Amazônia e escutando o que povo fala; participando da vida cotidiana do povo; obser-

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vando e registrando tudo cuidadosamente; não preocupando-me com os resultados e confiando que o Espírito irá mostrando o caminho”, (Claudio Perani, SJ, fundador da Equipe Itinerante, 1998). Estar aqui também é uma responsabilidade. Sempre escutei que a Amazônia é um dos “pulmões do mundo”, um órgão vital do Planeta, uma região de alto interesse estratégico para o futuro da humanidade e da Terra. Neste tempo itinerando pelos rios e florestas amazônicas, nos limites, nas fronteiras, tenho visto uma “radiografia” desse pulmão que diariamente está adoecendo com as queimadas, madeireiras, agronegócios e agrotóxicos, os grandes projetos de portos, estradas e hidroelétricas que só buscam o lucro do dinheiro sem se importar com a vida dos povos e nem dos outros seres que vivem na A-

VOLUNTÁRIOS NA PAAM

mazônia... Como voluntária nessas terras eu sinto a responsabilidade de partilhar tudo isto. Muitas pessoas têm facilitado para que eu possa estar aqui, chegando em realidades longínquas, onde sozinha não poderia chegar. Graças ao apoio delas, espiritual, econômico, e de tantas outras formas de acompanhamento que eu tenho recebido, é que garantem eu estar aqui. Porém, eu não estou aqui só. No meu estar aqui, tenho a certeza de que todos estamos interligados e que os problemas desta selva tem a ver com aquelas outras selvas, assim como as soluções. Na medida que cada pessoa coloque a sua semente, o seu dom, na selva onde Deus nos tem plantado, juntos iremos construindo essa Vida Abundante que Ele nos prometeu (Jo 10,10). Por isso, só tenho a agradecer e continuar pedindo que os pobres e suas

COMO VOLUNTÁRIA NESSAS TERRAS EU SINTO A RESPONSABILIDADE DE PARTILHAR TUDO ISTO.” realidades nos convertam e que essas realidades de injustiça, de dor e morte que se vive diariamente nesta Amazônia mexa e cutuque os nossos corações, para sermos instrumentos dóceis, fiéis e eficazes, que escutando a Voz de Deus na voz dos nossos, irmãos e irmãs, os (as) pobres, busquemos caminhar e arriscar a vida com eles e por eles no dia a dia. CARTA DE GRATIDÃO AOS (AS)VOLUNTÁRIOS (AS) DA PAAM “Quem por viver no amor serve a seus irmãos com amor, vive já na terra da felicidade” (Padre José Maria Vélaz, SJ)

A missão na Amazônia é única! É doar-se por completo em um lugar rico de esperanças, crenças, diversidades, mas também de enormes desafios. É cuidado! É sonho! É luta! Ser um (a) voluntário (a) nestas terras de fronteiras é assumir um projeto de vida diferente de tudo, é sonhar um sonho de um povo miscigenado, cheio de vivências e lutas. São novas fronteiras culturais, sociais e geográficas e são também novas formas de inclusão. . São dias de “calor”, mas que nos servem de combustível para seguir em frente. Que nos faz olhar para a natureza e perceber o quão nosso serviço é importante e especial. São dias que consomem nossas forças, mas que nos dão a sensação de dever cumprido ao final de cada um deles vivido. As pessoas daqui, dessa nossa grande Amazônia, acolhem, cuidam e precisam da nossa alegria e do nosso compromisso para lutar junto pela preservação das florestas e rios, pela liberdade e pelo direito de viver em plenitude. O serviço voluntário na Amazônia exige uma desconstrução pessoal, uma reflexão de si mesmo para o serviço com os outros. Essa doação transforma, desestabiliza, porém também nos equilibra, e nos torna uma pessoa diferente após estas experiências. Por todo esse compromisso, por esta escolha tão especial agradecemos a Deus pela vida e missão dos (as) nossos (as) voluntários (as) espalhados (as) nas mais diversas obras e serviços da Companhia de Jesus na Amazônia. Pessoas dessas terras, de outras partes do Brasil e outros, ainda, até de países distantes. Pessoas que escolheram viver em ações concretas a experiência do voluntariado. Pessoas que colaboram com o seu melhor, e nos lembra o que Paulo Freire dizia: aprendendo e fazendo junto com o outro é a melhor forma de ajudá-lo a assumir uma postura libertadora. O nosso muito obrigado pelo serviço voluntário!


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AGENDA

RECOMENDADA

Este é um espaço reservado para as obras e serviços compartilharem seus calendários de atividades, mês a mês. Uma agenda compartilhada oportuniza que outras pessoas possam se planejar para participar de seu evento e colabora para a visão do corpo apostólico em ação na Plataforma Apostólica Amazônia. Um trabalho em rede é uma forma de organização em torno de valores e interesses compartilhados. Então, nada melhor que uma Agenda para começar a se organizar no trabalho em Rede. Recomende!

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Mutirão do Bem-Viver - Centro Alternativo de Cultura (CAC) Belém (AM) Experiências MAGIS PUXIRUM (Inserção Sociocultural ) Casa MAGIS Manaus (AM)

Integra MAGIS (Formação de Lideranças) - Centro MAGIS Amazônia - Belém (PA) Confraternização da Família Inaciana - SIES - Manaus (AM)

+ INFORMAÇÕES : Casa MAGIS Manaus Fone: (92) 99122-6607 E-mail: casamagis.manaus@gmail.com Serviço inaciano de espiritualidade (SIES) Fone: (92) 98168-8607 / 99102-6810 E-mail: servico.inaciano.bam@gmail.com Centro MAGIS Amazônia Fone: (91) 3223-5728 E-mail: centromagis@gmail.com Centro Alternativo de Cultura (CAC) Fone: (91) 3223-5728 /3222-0879 E-mail: centroalternativodecultura@gmail.com

JUBILEU

50 ANOS DE SACERDÓCIO Pe. Ivo Honório Mueller, SJ 07 de Dezembro


PAAM PARTICIPE DA PRÓXIMA EDIÇÃO! Envie notícias e informações de sua obra ou serviço para o e-mail : analuciaf@jesuitasbrasil.org.br No dia 29 de Novembro, pela Justiça Federal de Cuiabá (MT)... Audiência de Júri Popular do julgamento de um dos réus acusado do assassinato do Ir. Vicente Cañas, que lutava em defesa dos direitos Indígenas.

#30anosdeMartíriodeIr.VicenteCañas


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