A Noiva do Capitão - Tessa Dare

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— Ah, é muito melhor que essa. Quando sua primeira carta chegou até mim, eu não era capitão, mas soldado raso. A patente mais baixa do exército. Indisciplinado, desinteressado. Pobre demais para comprar sapatos. E aí apareceu essa carta endereçada ao Capitão Logan MacKenzie. Que piada. Os outros me provocaram, dizendo que eu devia ter passado uma conversa em alguma jovem antes de partir, mentindo ser algo mais do que eu era. — Ele passou a mão pelo cabelo. — Não demorou para que começassem a me chamar de “capitão” pelas costas. Meu sargento mandou me chicotear por querer passar por oficial. — E você me culpou. — É claro que culpei você. A culpa era sua. Eu li suas cartas. E sabia que não eram nada mais que fantasias de uma debutante inglesa mimada que não queria desfilar no Almack’s naquela temporada. Mas as cartas continuaram chegando. E o deboche também. E depois de um tempo, comecei a me perguntar... será que eu não conseguiria me tornar capitão? Isso mostraria a todos eles. — Essa atitude combina bem com você. Ambicioso. Determinado. — Absurdo — ele bufou. — Você tem alguma ideia de como é estúpido para um soldado raso, sem nenhum dinheiro nem conhecidos, querer se tornar capitão? — Mas você conseguiu. — Sim, eu consegui. Demorei quatro anos, mas consegui, uma promoção de campo por vez. A patente no envelope passou a ser verdadeira. O deboche dos homens se tornou respeito. E as cartas começaram a mudar, também. Elas se tornaram... mais gentis. Reflexivas. Muito estranhas, mas reflexivas. Você me mandava notícias dos pequeninos Henry e Emma. Duas crianças que rezavam por mim todas as noites, como se eu fizesse parte da família. Você não entende, Maddie. Eu passei a juventude em estábulos, ou envolto no meu tecido xadrez ao ar livre. Eu nunca tive isso. Em toda minha vida. Me sentia um bobo por causa disso. Mas comecei a rezar por eles, também. — Logan... — E lá estava você. Uma mulher estranha, cativante, que não me reconheceria na rua, mas que me contava todos os seus segredos, e me fez crescer mais do que eu teria conseguido sozinho. Alguém que sonhava comigo, que desejava me pegar nos braços. A sensação era... — Ele ficou sem voz. — A sensação era de que eu estava puxando um fio solto do kilt de Deus, e que a um mundo de distância, alguém puxava o mesmo fio. O que era mentira e tolice para você, era muito mais para mim. Suas cartas me deram um sonho que eu não sabia sonhar sozinho. Elas me deram vida. E então você me matou e me abandonou. Maddie levou a mão à boca. — Logan, eu sinto tanto. Eu gostava de você. O que você sentiu... eu também senti. Eu nunca teria escrito durante tanto tempo se não sentisse. Eu sabia que, de algum modo, aquilo era real. — Não diga isso. — Ele a pegou pelos braços e a sacudiu de leve. — Não me diga que era real para você, porque você me enterrou e nunca mais pensou em mim. Isso só piora as coisas.


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A Noiva do Capitão - Tessa Dare by Nina Bueno Lahóz Moya - Issuu