Dia da Mãe

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MÃE…

São três letras apenas, As desse nome bendito: Três letrinhas, nada mais… E nelas cabe o infinito E palavra tão pequena Confessam mesmo os ateus És do tamanho do céu E apenas menor do que Deus! Para louvar a nossa mãe, Todo bem que se disser Nunca há de ser tão grande Como o bem que ela nos quer. Palavra tão pequenina, Bem sabem os lábios meus Que és do tamanho do CÉU E apenas menor que Deus!

Mário Quintana


MÃE De patins, de bicicleta de carro, moto, avião nas asas da borboleta e nos olhos do gavião de barco, de velocípedes a cavalo num trovão nas cores do arco-íris no rugido de um leão na graça de um golfinho e no germinar do grão teu nome eu trago, mãe, na palma da minha mão. Sérgio Capparelli


A mãe é uma árvore e eu sou uma flor. A mãe tem olhos altos como estrelas. Os seus cabelos brilham como o sol. A mãe faz coisas mágicas: transforma farinha e ovos em bolos, linhas em camisolas, trabalho em dinheiro. A mãe tem mais força do que o vento: carrega sacos e sacos do supermercado e ainda me carrega a mim. A mãe quando canta tem um pássaro na garganta. A mãe conhece o bem e o mal. Diz que é bem partir pinhões e partir copos é mal. Eu acho tudo igual. A mãe sabe para onde vão


todos os autocarros, descobre as histórias que contam as letras dos livros. A mãe tem na barriga um ninho. É lá que guarda o meu irmãozinho. A mãe podia ser só minha. Mas tenho de a emprestar a tanta gente… A mãe à noite descasca batatas. Eu desenho caras nelas e a cara mais linda é da minha mãe. Luísa Ducla Soares


Para Sempre Por que Deus permite que as mães vão-se embora? Mãe não tem limite, é tempo sem hora, luz que não apaga quando sopra o vento e chuva desaba, veludo escondido na pele enrugada, água pura, ar puro, puro pensamento. Morrer acontece com o que é breve e passa sem deixar vestígio. Mãe, na sua graça, é eternidade. Por que Deus se lembra - mistério profundo de tirá-la um dia? Fosse eu Rei do Mundo, baixava uma lei: Mãe não morre nunca, mãe ficará sempre junto de seu filho e ele, velho embora, será pequenino feito grão de milho. Carlos Drummond de Andrade


Poema à Mãe No mais fundo de ti, eu sei que traí, mãe Tudo porque já não sou o retrato adormecido no fundo dos teus olhos. Tudo porque tu ignoras que há leitos onde o frio não se demora e noites rumorosas de águas matinais. Por isso, às vezes, as palavras que te digo são duras, mãe, e o nosso amor é infeliz. Tudo porque perdi as rosas brancas que apertava junto ao coração no retrato da moldura. Se soubesses como ainda amo as rosas, talvez não enchesses as horas de pesadelos. Mas tu esqueceste muita coisa; esqueceste que as minhas pernas cresceram, que todo o meu corpo cresceu, e até o meu coração ficou enorme, mãe! Olha — queres ouvir-me? — às vezes ainda sou o menino que adormeceu nos teus olhos;


ainda aperto contra o coração rosas tão brancas como as que tens na moldura; ainda oiço a tua voz: Era uma vez uma princesa no meio de um laranjal… Mas — tu sabes — a noite é enorme, e todo o meu corpo cresceu. Eu saí da moldura, dei às aves os meus olhos a beber, Não me esqueci de nada, mãe. Guardo a tua voz dentro de mim. E deixo-te as rosas. Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade


Quando eu nasci, ficou tudo como estava, Nem homens cortaram veias, nem o Sol escureceu, nem houve Estrelas a mais... Somente, esquecida das dores, a minha Mãe sorriu e agradeceu. Quando eu nasci, não houve nada de novo senão eu. As nuvens não se espantaram, não enlouqueceu ninguém... P'ra que o dia fosse enorme, bastava toda a ternura que olhava nos olhos de minha Mãe...

Sebastião da Gama


MÃE Conheço a tua força, mãe, e a tua fragilidade. Uma e outra têm a tua coragem, o teu alento vital. Estou contigo mãe, no teu sonho permanente na tua esperança incerta Estou contigo na tua simplicidade e nos teus gestos generosos. Vejo-te menina e noiva, vejo-te mãe mulher de trabalho Sempre frágil e forte. Quantos problemas enfrentaste, Quantas aflições! Sempre uma força te erguia vertical, sempre o alento da tua fé, o prodigioso alento a que se chama Deus. Que existe porque tu o amas, tu o desejas. Deus alimenta-te e inunda a tua fragilidade. E assim estás no meio do amor como o centro da rosa. Essa ânsia de amor de toda a tua vida é uma onda incandescente. Com o teu amor humano e divino quero fundir o diamante do fogo universal. António Ramos Rosa, in 'Antologia Poética'


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