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a combatividade contra-revolucionárias

sente a sua própria honra por amor de Deus, e se sente honrado, é um estado celeste na terra414 .

O senso da contrariedade, a perspicácia e a combatividade contra-revolucionárias

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A escola de pensamento da TFP – portanto a minha – não seria a do mero estudo isolado da verdade, para só depois se conhecer o erro. Na época em que vivemos, seria a de conhecer a verdade vendo desde logo o erro, e caminhar passo a passo, não na dialética, mas na polêmica, e ir fazendo da cólera a energia vital do voo do pensamento415 .

A intransigência de Deus me faz estalar de amor por Ele. Se Ele não fosse intransigente eu não O amaria. Não O amo só porque Ele é intransigente, mas porque amo a intransigência da santidade d’Ele, a intransigência da verdade d’Ele.

Se eu fosse pintor e pudesse pintar a intransigência de Deus, morreria de entusiasmo ao cabo de ter pintado, porque é o que mais me encanta n’Ele.

Não me sinto ameaçado pela intransigência d’Ele. Sinto-me acariciado, apoiado, realizado. Se Ele não fosse intransigente, eu me liquefaria, porque eu não teria razão de existir. Eu desapareceria.

A razão de ser de minha existência é a intransigência de Deus416, a começar pelo horror d’Ele aos meus defeitos, pelo repúdio que Ele faz dos meus defeitos. O castigo que Ele prepara para os meus defeitos, como também para os defeitos dos outros, leva-me a amá-lO pelo seguinte raciocínio: “Como Ele tem inteiramente aquilo que eu quereria ter e não tenho, eu O amo!”

Para nós, brasileiros, a tendência é achar que Deus é quase só amável na sua misericórdia, e quem censura não tem ternura e não é amigo, quem castiga é inimigo.

Ora, isto é o contrário de nossa vocação.

Não afirmo que todos são chamados a amar a Deus mais por sua intransigência do que por sua misericórdia. Mas, no nosso caso concreto, somos chamados a amar a Deus enquanto intransigente, notavelmente mais do que os outros homens.

A nossa vocação pede que amemos, talvez mais do que jamais ninguém amou, a sublime e divina intransigência de Deus. De tal maneira

414 EVP 19/12/76. 415 CM 30/11/86 416 RN 16/2/73

que, mesmo quando pedimos para não ser punidos, devemos pedir isto admirando a cólera de Deus417 .

A contrariedade é um dos elementos fundamentais da seriedade.

Essa verdade é em si muito conhecida, e se cifra no seguinte: a pessoa, posta diante de uma coisa que contraria as suas convicções e contraria a sua virtude, tem, primeiro, uma percepção imediata de que aquilo as contraria; e depois, uma rejeição muito grande daquilo que a contraria. Essa rejeição é muitas vezes temperamental, mas de nenhum modo é uma rejeição principalmente temperamental.

Os romances antigos, quando falavam de uma moça que recebeu uma proposta desonesta, diziam que o rubor lhe subiu à face e que ela exclamou, tomada de uma santa indignação: “Oh, não!” Isto está bem, desde que se entenda que a rejeição temperamental de nenhum modo é a principal. A substância da contrariedade é o ter percebido o lado ruim daquela sugestão, e ter tido uma recusa de vontade: “Não quero, porque não se deve querer; eu, pelo contrário, detesto isto”.

A plena figura dessa percepção deve chegar até à perspicácia, quer dizer, ser capaz de perceber essa contrariedade até em suas linhas mais subtis, em seus menores matizes. Percebo de longe aquilo que é o contrário da minha convicção, que é verdadeira; percebo até mesmo um subsentido, um pressuposto que seja contrário ao que penso.

Mas não é só perceber a opinião contrária ao que quero e ao que penso. No trato com o filho das trevas, o filho da luz percebe que o primeiro não é como ele. Portanto, não é apenas uma perspicácia ideológica, mas é uma perspicácia pessoal. E é também uma perspicácia de situações. São, portanto, três perspicácias: uma perspicácia ideológica, uma perspicácia de pessoas, e uma perspicácia de situações.

A perspicácia de situação é uma forma de lucidez e de penetração pela qual, diante de certas instituições, de certos ambientes, de certos costumes, e já não mais de pessoas, sou capaz de perceber até o fundo qualquer coisa que esteja conforme ou desconforme às minhas convicções, qualquer coisa que seja favorável ou desfavorável aos interesses de minha causa.

Chego em um ambiente, e farejo: isto é assim, aquilo é assado: tal instituição, tal moda, tal modo de falar, tal forma de se apresentar são contrários à minha causa ou são favoráveis à minha causa.

417 CSN 7/8/82

A certeza é que gera o contraste, a sensação do contraste. Quem não tem certezas não é capaz de perceber o contraste. Isso é que faz a perspicácia.

Existe aí uma verdadeira ascese da perspicácia. Qual é essa ascese? É fazer diariamente um confronto entre as minhas certezas e as minhas impressões. E isto exige mais ascese do que passar a vida inteira comendo pastéis fritos com gordura ordinária e outras coisas do gênero, muito do gosto de certos conventos.

Tomem aquele livro “A Verdadeira Fisionomia dos Santos”418 e o folheiem. Todo santo é assim e não há santo que não seja assim. O pior pecado das imagens sulpicianas é apresentar santos que não são assim, santos que não fazem esse serviço e que não têm essa mentalidade: abonecados, umas carinhas cor-de-rosinhas, branquinhas e bobinhas, nas quais vemos que nunca uma reflexão esteve naquela alma. Porque há um certo modo bochechudo de ser que é do homem irrefletido. Há bochechas de irreflexão que são uma coisa fantástica; às vezes, de olhar as bochechas já se sabe do que vale a reflexão do sujeito.

Quando num ponto se tem muita certeza, ama muito a certeza que tem e tem muito senso da contrariedade em função daquela certeza, nesse ponto específico a pessoa faz instintivamente esse exercício.

Quando a pessoa tem esta virtude da perspicácia, o mal é habitualmente utilizado por ela como um dos melhores meios para conhecer o bem; e o erro, como um dos melhores meios para, por contraste, conhecer a verdade.

Isto, que é uma verdade geral, é verdade proeminente em nossa escola espiritual.

Certa vez eu trouxe para a sede uma fotografia do quadro de Giotto que retrata Nosso Senhor recebendo o beijo de Judas. Vemos nesse quadro Nosso Senhor e depois Judas, ignóbil, horroroso, e aquelas duas faces próximas no momento do ósculo. É um quadro admirável. Mostrei para muita gente e pensei com os meus botões: “As pessoas que prestarem atenção em Judas, têm o senso da contrariedade. As pessoas que só se limitarem a olhar para Nosso Senhor, não amam a Nosso Senhor como deviam. Porque, quem ama a Nosso Senhor como deve, se edifica, se estimula vendo como era ignóbil o traidor, o anti-Ele. É forçoso”. Com tristeza para mim, vi que Judas foi pouco olhado419 .

418 O livro, de publicação alemã, tem como título original “Das wahre Gesicht der Heiligen”. 419 CB 20/5/67

A minha indignação com tudo quanto se está passando no mundo contemporâneo é suma. São abominações que chegam a um extremo além do qual não se vê mais nada.

Agora, como se dá essa indignação?

Não é ficar espumando. É uma incompatibilidade que minha Fé e minha inteligência me apresentam, a mais radical que se possa imaginar.

Por exemplo, um bispo que promova aulas de educação sexual para crianças: ele e eu não podemos nem nos sentar na mesma mesa, não podemos trocar cumprimentos. Se o silêncio entre nós se romper é para passar imediatamente ao apodo.

Não é furor. Em uma pessoa com outro temperamento seria muito razoavelmente um furor. Não censuro o furor, mas não é o meu modo de ser. É uma incompatibilidade radical, preliminar, inteira, que não olha nada, não considera nada, exclui totalmente sem nenhuma forma de consideração. E isto não pode deixar de ser assim. Caso contrário, sou um palhaço que não me tomo a sério a mim mesmo, não tomo a sério a Religião, não tomo a sério mais nada420 .

Se os senhores pudessem fazer ideia do estado de repulsa à Revolução em que fixamente estou posto... Eu poderia dizer que moro dentro da repulsa e da rejeição, e que passo o dia inteiro analisando, repelindo, rejeitando e disfarçando. Assim são os quatro ritmos do meu processo interior.

Disfarçando, porque se fosse dizer tudo quanto eu repilo, teria que falar o dia inteiro e acabaria repelindo meu interlocutor. Porque acho que ele mesmo estranharia de saber quantas coisas repilo.

E depois eu repilo com uma repulsa total e meticulosa, sem tréguas nem transigência, nem concessão. Não presta? Está acabado, é ali!

Quando me deito à noite, tenho ao menos uma tranquilidade: eu me estendo e percebo que estou em ordem, porque repeli o mal o dia inteiro. Então vou descansar para continuar a repeli-lo no dia seguinte.

Este é o meu viver, desde a manhã até a noite421 . *

Alguém poderia perguntar: “Mas qual é a medida exata de sua indignação contra o homem contemporâneo?”

420 CSN 7/11/81 421 RR 24/8/74

Se entendi bem as poucas coisas que li, com pouca atenção, a respeito de bomba atômica, toda essa matéria que se vê por aí é decomponível em átomos, e cada um desses átomos é susceptível de uma fissura. Se neles se produzir essa fissura, explode uma bomba atômica. Neste sentido, toda alma é como um átomo e pode levantar pelos ares uma cidade ou um país. É fora de dúvida.

A capacidade de amor ou de indignação que há em qualquer alma é própria a levar tudo pelos ares, desde que ela ame deveras a Deus. Porque quem não se indigna, não ama, mente e dá na face divina de Nosso Senhor o beijo hipócrita de Judas.

Eu me reputo com capacidade de amor e, portanto, com capacidade de indignação atômica422 .

A minha posição a respeito do mal é, no fundo, considerar em cada mal um elemento do mal total, e, portanto, julgar o mal total presente em cada mal parcial. Já a posição do ambiente que nos rodeia é de considerar os males parciais, recusando com uma espécie de horror a ideia de que o mal total pudesse estar representado ali.

Todos os males são elementos constitutivos de um só mal. E devem ser vistos como encaminhando rumo ao mal completo.

O espírito da TFP, a posição tradicional da Igreja diante do mal, a posição medieval diante do mal, é precisamente esta.

Uma das permissões que o demônio conseguiu da Providência foi de não ser forçado a apresentar o mal total, porque da Idade Média para cá o “apostolado” dele – se se pudesse usar essa palavra para ele – foi cada vez mais diluir o mal total e apresentar males parciais.

O grande instrumento para a luta contra o mal é precisamente este: ou se caminha para denunciar o mal total e o parentesco de certo mal com o mal total, ou se tem, no fundo, um combate heresia branca ao mal423 . *

Faz parte de meu espírito o caráter sapiencialmente negativista. Trata-se de uma espécie de sabedoria, ou seja, de conhecimento das coisas pelos seus últimos fins, e que tem um caráter negativista.

422 CSN 20/11/81 423 EVP 25/11/73

Isto se mostra por dois traços: a enorme importância do erro e do mal a fim de, por contraste, se conhecer a verdade e o bem; e do ódio ao erro e ao mal como uma indispensável, contínua e altíssima manifestação do amor.

Nada disso é ecumênico. Isto é o anti-ecumenismo.

Como o homem está em um estado de prova, é indispensável termos a atenção muito voltada para o erro e para o mal.

Além desse estado de prova, fomos concebidos no pecado original. E nossos pecados atuais pesam sobre nós. Temos todos os atrativos do demônio.

Além da prova, temos a luta: a prova é uma luta.

Os senhores acham que alguém compreenderia verdadeiramente a utilidade e a importância de comer se não sofresse fome? Alguém compreenderia verdadeiramente a importância de se lavar se não houvesse sujeira?

Essas coisas negativas todas são indispensáveis à nossa ótica nesta terra para compreendermos a verdade e o bem. Não são capitais, pois capitais são o ensino da Igreja e a Revelação, mas são altamente indispensáveis, e não complementares à maneira de uma coisinha como um cinzeiro para quem não fuma.

De onde um sentido continuamente negativista, pois, se eu não odiar o mal, não amo; se não prestar atenção no erro, não conheço a verdade.

Como, depois do século XV, o tomismo progrediu muito menos do que as filosofias erradas, hoje, para fazermos tomismo, temos de estudar o que o erro disse, para daí termos a contrapartida. Temos que tirar o veneno do dente da cobra.

Portanto, o nosso grande livro é a Revolução. Quem quiser conhecer a Contra-Revolução, entenda a Revolução. É por isto que no meu livro não pintei primeiro toda a beleza da ordem católica para depois mostrar o mal da Revolução. A marcha natural do espírito humano não é esta; mas é, desde que se possua os rudimentos da verdade, olhar primeiro para o erro e depois voltar-se para a verdade.

É por isto que o Credo progrediu à custa das heresias. Cada heresia tem como contrapartida um dogma. Quer dizer, é uma marcha negativa, como um jato que faz força para trás e o avião anda para frente. Ninguém vai dizer que um jato é negativista porque a fumaça dele vai para trás. Nós somos avião à reação, pois somos reacionários e vamos para frente fazendo reação.

É bom ficar claro que o mal não é necessário, mas é permitido por Deus424 .

424 Simpósio Buenos Aires, 11/10/65

Há um tipo de maldade na alma humana, e que suponho estar na medula do próprio pecado original, pelo qual todo homem tem dentro de si um lado que, se ele vê o mais santo, o melhor, o mais perfeito, ele se enrijece e vai contra. E, visto Deus, antipatiza e odeia.

É uma maldade assim: “Ah! isto é bom? Isto é verdadeiro? Isto é belo? Sou contra!”

Poder-se-ia ainda acrescentar: “Isto me dá deleite? Sou contra!” Porque chega até lá.

Este fundo de maldade no homem é que explica inteiramente a existência da Revolução, e sem o qual a Revolução não é explicável.

Contra esta disposição de alma devemos nos armar. E o pressuposto de tudo quanto faço é este.

As minhas cautelas, por exemplo, as minhas precauções, as minhas blindagens, o momento que escolho para a ofensiva, tudo é calculado em função deste pressuposto, desta maldade425 . *

É esta a nossa via: no perigo, encontrar a solução positiva; no ataque, encontrar a doutrina certa; no obstáculo, encontrar a fórmula verdadeira.

Vivo continuamente sondando a fundo a atitude do adversário, na aparência despreocupado em fazer obras positivas, mas certo de que nosso caminho para fazer obras positivas é este. E certo também de que não temos outro caminho para obras positivas senão este.

Esta via está na nossa vocação, este é o nosso modo de ser.

A Companhia de Jesus se modelou segundo o antiprotestantismo. Certas obras da Igreja encontram sua verdadeira face fazendo o oposto do adversário. Isto é profundamente positivo, isto não tem nada de negativista, e é um método de construir. Para nós é o método426 . *

Nessa perspectiva, a indignação tem um papel fundamental e insigne na minha mentalidade427 .

A indignação é um ato de amor contrariado. Quando se ama uma instituição, um princípio ou uma pessoa, e a instituição, o princípio ou a pessoa são insultados ou são agredidos de qualquer forma, nós nos indignamos.

425 CM 17/4/88 426 RN 4/11/68 427 Chá SRM 6/3/95

Minha indignação é calma. Os senhores talvez achariam muito mais estimulante ver-me agitado e efervescente. Mas o que isto resolve? É bobagem. Não é assim que se faz.

Acalmemo-nos e vamos estudar o que o inimigo está fazendo, mas com olhos de tático, de homem que sabe ver a posição errada do outro e dizer: “Por lá eu te pego”. Trava-se a batalha no espírito, antes de travá-la no papel, mas com calma. Acho que a agitação e a efervescência apenas prejudicam a ofensiva.

Com a graça de Nossa Senhora, os senhores nunca me viram de outro jeito. O adversário tenta as piores coisas, a minha posição face a ele é calma. Vamos ver o que vai sair, o que ele vai dizer.

O historiador Albert Malet escreveu um manual de História para o curso secundário na França. É um livro que não tem boa orientação, mas é uma obra-prima de livro.

Na história da Reforma e da Contra-Reforma, em certo momento aparece a figura de Felipe II. E Malet comenta: “Ele conduzia a contra-ofensiva ‘avec une froide et irréductible colère’” – “Ele conduzia a contra-ofensiva com uma fria e irredutível cólera”.

A expressão me pareceu magnífica e não a esqueci mais.

É essa “froide et irréductible colère” que devemos ter e que proponho aos senhores como modelo da virtude católica da Fortaleza, virtude cardeal em cuja prática está a “froide et irréductible colère”428 .

A forma de furor do homem maduro não tem as cargas de raiva do menino, mas tem uma vontade de agredir e de liquidar o mal que é muito mais séria, vai muito mais a fundo429 . *

A combatividade é aquela virtude pela qual irredutivelmente se empregam todos os meios lícitos para derrubar aquele que temos por dever derrubar.

Portanto, se é preciso esperar, se é preciso dormir, se é preciso fingir que não se percebeu nada, se é preciso deixar o que for para ser mais eficaz em derrubar a pessoa má, é o que se tem de fazer, porque o único objetivo é derrubá-lo.

A combatividade não é, portanto, exclusivamente uma virtude battagliera, de fazer batalhas. Faz parte da combatividade, chegada a hora da batalha, saber batalhar de fato.

428 Chá SRM 5/3/95 429 Chá SRM 22/11/92

Mas a questão é saber não batalhar quando é o caso de não batalhar, e até saber recuar estrategicamente quando é o caso de recuar.

Quantas vezes recuei estrategicamente e me calei, e deixei passar as coisas, e sorri à espera de um momento que viria para o contra-ataque! Apresentando-se esse momento, não perco um instante.

Quer dizer, podemos passar 20 anos sem perder de vista esse momento, à procura de uma ocasião para atingir o adversário. Aquele momento apenas passou, pammm! Assim é que se luta430 . *

Estar em ordem de batalha é estar pronto a redarguir o primeiro que pule em cima de mim. Estar em ordem de batalha é estar em ordem de prever o inimigo.

Prever especialmente que inimigo? Duas espécies de inimigos: 1º O inimigo mais provável. Quer dizer, prestar atenção naquilo que mais provavelmente me fará a pessoa que mais provavelmente me atacará; 2º O inimigo menos provável, mas mais destruidor. Quer dizer, o pior dos inimigos, o que mais me quiser destruir: o que ele quererá fazer-me nessa hora?

É contra essas duas espécies de inimigo que devemos estar habitualmente, continuamente de atalaia. E sempre impostados na seguinte linha de pensamento: “Como sirvo a Nossa Senhora e luto por Nossa Senhora, sei que acontecer o pior é mais provável para mim do que para outros. A minha vida é muito mais dura do que a dos outros. E o que é menos provável para os outros, para mim é mais provável, na ordem das pequenas coisas como na ordem das coisas grandes”.

Portanto, a distinção entre o inimigo mais provável e o mais perigoso é preciso ser tomada com cuidado, porque em geral o mais perigoso é menos improvável do que parece.

Se os senhores tiverem a paciência de folhear o livro “Meio século de epopeia anticomunista”, não verão um lance sequer que não tenha sido tomado nessa previsão.

Em tudo quanto me viram fazer ou dizer, encontrarão esta constante: vivo, falo, respiro em ordem de batalha.

A ordem de batalha, aqui, não é – como já disse – a sanha de pular em cima dos outros. É a deliberação fria de fazer tudo quanto puder para cumprir o meu dever face à causa católica apostólica romana. De maneira que se Ela, neste momento em que falo, exigir de mim uma grande batalha,

430 Chá SRM 22/3/92

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