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O fundador deve ser um símbolo vivo de sua obra

Quando fui vendo as realidades que eram, já estava maduro para vê-las. E, aí sim, não tive nenhuma dúvida em ser bom vassalo para maus senhores.

Mas aí, então, em vez de ir atrás de arquétipos, ia atrás de instituições e de princípios. É uma coisa derivada da propensão de meu espírito de considerar a fragilidade da pessoa e a importância da instituição, e interpretar qual é o princípio que está por detrás daquilo que a pessoa ou a instituição simboliza.

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Ou seja, ambientes e costumes. Para me exprimir mais corretamente, eu nasci, eu abri os olhos para a vida fazendo ambientes-costumes de toda ordem. É uma propensão506 .

Portanto, não tive um arquétipo homem, mas a minha arquetipia foi uma porção de pessoas em que vi restos da tradição católica, ou pessoas com quem tomei contato através da História507 . *

Perguntaram-me outro dia qual é o modelo em que a TFP se inspira, qual é a lenha que ela teria de pôr nesse fogo, para onde ela deveria caminhar, e qual seria o total desabrochar, o ideal completo da TFP neste sentido.

Essa coisa é algo que nasceu primeiro no fundador da TFP. É forçoso. Não tem remédio. O fundador é a primeira centelha, ou a primeira acha dessa lenha dentro disso508 .

O fundador deve ser um símbolo vivo de sua obra

O fundador é em geral aquele que dá a meta e o espírito da obra que está fundando509 e Nossa Senhora lhe dá de modo mais saliente as virtudes que caracterizam mais acentuadamente a obra por ele fundada510. E ele tem obrigação de simbolizar aquilo que fundou511 .

Há dois modos de me comunicar com os membros do Grupo.

506 CSN 10/7/82 507 EVP 11/8/74 508 CA 25/5/89 509 CA 28/7/87 510 Chá SRM 21/9/89 511 Chá SRM 26/9/93

Um primeiro modo é na exposição dos princípios. Quer dizer, aparecendo uma ocasião psicológica boa, adequada, tomar a teoria e expor essa teoria, naturalmente ilustrando-a com fatos, com exemplos.

Em segundo lugar é pelo exemplo. O exemplo consiste em se ter de tal maneira os princípios entranhados na alma, que no trato conosco, a pessoa note o princípio vivo ali.

Com os membros do Grupo procuro, antes de tudo, dar o princípio lógico: isto é assim por tal razão, tem tal motivo, tem tal fundamento na doutrina da Igreja. Os senhores nunca me viram dizer duas palavras que não tivessem, mais proximamente ou menos, conforme o caso, um substractum doutrinário.

Mas percebo que às vezes Nossa Senhora é servida em que isto tenha certa repercussão, certa graça sensível, em que isto entusiasme. Se Nossa Senhora quer sensibilizar essas almas a propósito de tal ponto, a mim me cabe fazer o que Nossa Senhora quer, executar a vontade d’Ela. Então desenvolvo mais tal parte, ou mais tal outra parte512 . *

Um símbolo humano simboliza muito mais do que qualquer coisa. Quando um homem chega a ser um símbolo, tem outro poder de simbolização do que qualquer coisa.

Por exemplo, é fora de dúvida que Francisco José simbolizava a Áustria-Hungria mais do que qualquer emblema, qualquer bandeira, qualquer coroa. Então, tenho consciência de que simbolizo mais a Contra-Revolução do que o estandarte, a capa ou o hábito.513

Na medida em que possa, procuro quanto possível simbolizar na minha pessoa a nossa vocação. Procuro ter, noite e dia, a consciência da vocação que tenho. Não tomo um copo d’água e não molho uma vez um dedo numa esponja, sem estar movido pela ideia da dignidade que me compete.

O ódio que os nossos adversários me têm, vem em grande parte disso. Porque, por meio deste modo de ser, sentem algo que lhes causa horror, e que é exatamente o contato com a vocação destinada a derrotá-los.

Muito do meu modo de ser ainda é limitado, lixado, circunscrito pela necessidade de viver dentro do mundo de hoje. Porque meu modo de ser traduz uma série de velames, de véus para o mundo “democrático” de hoje não se assustar demais514 .

512 Chá SB 1/9/88 513 Chá SRM 10/9/90 514 RN 23/7/69

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