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O anseio por um líder contra-revolucionário
Eu pensava: “Voz de Cristo, voz misteriosa da graça, vós dizeis em nosso coração palavras de batalha e vitória”.
Notem que tudo isso era uma construção bem lógica, e que, pela graça de Nossa Senhora, não permitia dúvidas.
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O anseio por um líder contra-revolucionário
Não tinha dúvida de que a Revolução estava diante de mim; de que era preciso fazer a Contra-Revolução, eu não tinha dúvida; de que eu teria de trabalhar muito para fazer a Contra-Revolução, não tinha dúvida nenhuma.
Receava não encontrar pessoas ao longo de minha vida mais contra-revolucionárias do que eu. Mas tinha uma esperança enorme de encontrá-las. Pessoas que fossem mais contra-revolucionárias que eu, e que fossem investidas de um verdadeiro direito ao mando nessa matéria, e das quais eu pudesse ser um campeão, mas nunca um diretor, um mentor.
Como é que seriam? Por exemplo, um cardeal ou um Papa ultra-contra-revolucionário. Ou um príncipe ultra-contra-revolucionário.
Deve haver pela Europa – imaginava eu – um príncipe perfeito, um cardeal perfeito. Se não for cardeal, será um abade, será um grande eclesiástico, um grande pregador. Enfim, nas fileiras das classes que a Revolução quer destruir, devo certamente encontrar os contra-revolucionários perfeitos, com direito a mando, e junto aos quais eu possa exercer uma influência na linha do que está no meu espírito256 . *
E fui à Europa em 1950 e 1952 levado pelo seguinte raciocínio: “Não tem dúvida de que eu devo uma boa parte das minhas convicções à tradição que a minha família tem e que ela recebeu evidentemente de fontes europeias. Agora, se isto é assim, é natural que, estando na própria Europa, eu encontre o fogo dessas tradições ainda muito mais aceso. E então é natural que eu encontre pessoas que sejam verdadeiramente capazes de concordar comigo, de ter o nosso espírito. E o Grupo poderá provavelmente se expandir na Europa muito mais do que no Brasil”257 .
Donde então eu ter traçado o seguinte plano fundamental de viagem à Europa, do ponto de vista estratégico, do ponto de vista de nossa propaganda:
256 MNF 12/12/85 257 Sede de São Milas, 28/7/73
Primeiro, era de encontrar os movimentos católicos, os movimentos direitistas – excluídos naturalmente os nazistas e os fascistas – que se manifestassem sensíveis à tradição europeia, e onde eu facilmente poderia encontrar pessoas que pudessem concordar conosco.
Segunda, de procurar, entre estes, os líderes de grande alcance, de grande inteligência, de grande capacidade, e que tivessem o mesmo pensamento que nós e com os quais nós pudéssemos articular uma coligação mundial das direitas, sob a direção desses líderes. Porque me parecia que um movimento pequeno, constante de seis pessoas em São Paulo, não tinha título nenhum para liderar nada. E me parecia natural, como já disse, que na Europa estivessem os luzeiros capazes de dirigir o movimento contra-revolucionário universal258 .
Notem bem que eu não fui à Europa à cata de bases para liderar. Pelo contrário, se minha viagem à Europa tivesse dado resultado, eu teria vindo tendo por cima de nossas cabeças líderes. Líderes civis na esfera temporal, e pessoas de alta categoria eclesiástica que pudessem nos dar uma diretriz no que diz respeito ao caráter especificamente religioso de nossas atividades. Eu fui, portanto, como um vassalo à procura de suserano. Não fui como um suserano à procura de vassalos259 . *
Eu procurava quem fosse capaz, quem tivesse prestígio, quem tivesse força, quem tivesse relações suficientes para entrar dentro dessa luta de lógica, luta de talento, luta de energia, luta de força, que era a que existia no momento. E na qual eu já estava inteiramente empenhado. Eu queria que alguém capitaneasse.
Como é que eu o imaginava? Eu não imaginava. Eu imaginava que ele fosse inimaginável. Que bastaria encontrá-lo e eu diria: “É este”.
Antes disso, eu não podia imaginar como ele seria. E não o encontrei. Aqui estamos nós, à procura260 .
258 Sede de São Milas, 28/7/73 259 Sede de São Milas, 28/7/73 260 SD 18/12/91