cultura-digital-br

Page 225

Eu acho que a partir daí, a discussão é fazer um encontro disso com as características da cultura brasileira (daquilo o que se pretende) e, a partir daí, tirar as próprias conclusões daquilo o que é mais ou menos importante. É fragmentar isso para tentar achar o equilíbrio, não é? I SSO SOBRE O REGISTRO É MUITO IMPORTANTE. PORQUE SE VOCÊ PENSAR, POR EXEMPLO, OS DOCUMENTOS BRASILEIROS NÃO FORAM AO MUNDO DIGITAL AINDA , NÃO É ?

Sim, e isso é uma questão que passa pela vontade de disponibilização de conteúdo. Eu acho que aí tem um outro fato importante, que é, digamos assim, a manutenção de práticas acho que cada vez mais arcaicas, cada vez mais contraproducentes (no campo da cultura), muito vinculadas a uma ideia antiga de propriedade intelectual. Isso faz com que muita gente tenha efetivamente muito medo de colocar as coisas em público, muito medo de trocar coisas. E eu não tenho muita dúvida de que esse momento de conflito que a gente vive entre essas práticas ultraprotetoras, em termos do próprio acervo de direitos etc., é a expressão de um momento que vai passar. Talvez em menos de uma década, mas certamente em algumas décadas, a forma de produzir cultura, imagens, já vai ser produzida dentro de um meio totalmente diferente, e essas questões vão deixar de ter o peso que têm hoje. Essa ferramenta é muito nova. Ela coloca questões que a estrutura tradicional não consegue resolver, mas de quando em quando surgem respostas, e não demora muito para aparecer. Praticamente todo o mês aparece alguém; ou todo o dia, toda a semana aparece alguém que pensou um certo problema de uma maneira diferente e inverteu as regras do jogo. Alguém, por exemplo, que conseguiu aumentar as vendas do seu CDs, colocando o CD disponível de graça na internet. Então, cada vez mais o próprio meio vai mostrando as formas pelas quais essa revolução vai deixando para trás essas antigas estruturas, sem o prejuízo de quem está por trás. A ideia da “cauda longa”, ou ideias como, por exemplo, disponibilizar as coisas para que as pessoas possam ter é muito mais forte do que não fazer isso ou de procurar lutar contra isso. Isso eu não diria nem que é uma questão ideológica, eu diria que é uma característica estrutural do meio. O próprio meio digital é totalmente permeável. E sendo totalmente permeável, onde tudo pode ser copiado, é uma característica estrutural. Por isso mesmo eu acho que não dá para escapar disso. Não é uma questão de defender ou não o ponto de vista político, é uma questão de encarar essa estrutura e procurar usá-la da melhor forma possível. 223


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.