NESTA magazine - Junho 2012

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junho 2012 nº04 • www.nestamagazine.com

há empreendedorismo

A NESTA tem mais páginas! Conheça os novos conteúdos!

Mais... Bom dia Lisboa Musikki Inpakt Sapana Projecto Transformers Mala Segura ... e outras tendências!


Indíce

JUNHO ‘12

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Notícias

Empreendedorismo

Social

8 Bom Dia Lisboa

10 Musikki

A gerir o tempo dos lisboetas... ao pequeno almoço!

O “Google da música” é português

19 Transformers

É preciso uma comunidade para transformar jovens em Transformers

21 Ponto de Vista

Coluna de Sara Correia

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Mala Segura

Tecnologia portuguesa dificulta a vida aos assaltantes

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Nesta agora

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Tendências

Marketing de guerrilha FNYHoW

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Opinião

António Câmara


NESTA Edição

editorial No mês em que se dá início ao verão, a NESTA traz-lhe um tema quente que anda nas bocas do mundo, pelo seu cariz social ou pela inspiração transmitida pelos seus embaixadores, a verdade é que o empreendedorismo social começa a fazer cada vez mais sentido nos dias que correm e a ser seguido por cada vez mais pessoas. Numa época em que só se ouve falar de desemprego e precariedade no trabalho, muitos vêem a sua resposta na realização de projetos não remunerados de cariz social como forma de ajudar quem mais precisa enquanto contribuem para uma sociedade melhor. Porque apesar de uma organização sem fins lucrativos poder gerar receita, a mesma deverá ser reencaminhada para reinvestir no projeto e consolidar a empresa, fazendo assim crescer o sonho. São vários os conceitos que saltam logo à vista: voluntariado, solidariedade, ajudar, contribuir. O empreendedorismo social representa muito mais do que isso, significa agarrar uma causa e acreditar que é possível, acreditar em mudar o mundo, uma sociedade e uma mentalidade. “Empreendedorismo social é deixar de ter vida e viver para os outros”, disse-me um dia Bernardo Sousa

de Macedo, fundador da Inpakt, que desde os 16 anos de idade vive para esta causa. Uma perspectiva um pouco radical, aceito, mas de certo com a sua razão: esta vertente de criar é acima de tudo uma forma de dar sem esperar receber algo em troca. É esse o main driver do sonho. Esta edição está recheada de histórias cheias de emoção e de pessoas apaixonadas. Desde a SAPANA do Miguel e da Carolina, passando pelo Projecto Transformers do João, até à rede social Inpakt, toda ela desenvolvida pelo seu fundador. Demos também destaque a outros projetos que têm ganho notoriedade no panorama nacional, como os casos do Bom Dia Lisboa, a transformar os pequenos-almoços no Metropolitano da capital, ou a Musikki, uma plataforma dedicada à música que já foi referenciada pela MTV e pela Mashable. O importante é inspirarem-se e descobrirem, também vós, qual a vossa causa.

Pedro Sampaio Diretor Editorial NESTA magazine

Ficha Técnica Proprietário NOVA Entrepreneurship Society Director Editorial Pedro Sampaio Planeamento Estratégico João Abiul Menano Redação José Guimarães Margarida Reis Tânia Marques Sara Correia

Design Mariana Fernandes José Armando Fotografia Ricardo Teixeira

Sede de Redação NOVA Entrepreneurship Society Campus de Campolide Residência Alfredo de Sousa, piso-1 1099-032 Lisboa

Comunicação Externa Fernando Moreira Periodicidade Mensal nestamagazine.com


Notícias

CrowdProcess vence quarta edição do Nova Idea Competition Nasce uma ideia. Cria-se o plano de negócios. E a seguir? Foi a esta questão que o NOVA Idea Competition quis dar resposta, uma iniciativa do Gabinete de Empreendedorismo da Reitoria da Universidade NOVA de Lisboa (UNL), que pretende proporcionar aos alunos uma experiência de aprendizagem integrada. Nesta quarta edição, o prémio de melhor plano de negócios foi para a CrowdProcess, um projeto na área das Tecnologias de Informação. Assente numa plataforma que cria computação, a CrowdProcess consegue transformar websites em supercomputadores, aproveitando a capacidade não utilizada dos web browsers sem afetar a performance ou a experiência de utilização. O projeto perspetiva ser rentável ao disponibilizar essa capacidade de processamento captada pela plataforma a clientes, que a poderão utilizar nas mais diversas aplicações, que vão desde a sequenciação genética, à segmentação de ratings de crédito ou até a aplicações de engenharia civil e aeronáutica. Para seu o arranque, a CrowdProcess conta já com oito mil euros, prémio atribuído pelo BPI

para o vencedor da iniciativa. Em segundo lugar, recebendo cinco mil euros, ficou classificada a Eye Track, que desenvolveu um dispositivo médico que mede e grava a resposta da pupila a um determinado estímulo luminoso, de forma a detetar qualquer anomalia no sistema nervoso autónomo. Denominado EyeTrack App, o aparelho foi concebido para ser uma ferramenta de rastreio que vai alertar o médico para a necessidade de o paciente fazer exames mais específicos. Já o terceiro prémio, de dois mil euros, foi entregue à UNDA, um projeto inovador no domínio e controlo energético das ondas do mar.

O NOVA Idea Competition é uma iniciativa dirigida a alunos e ex-alunos da UNL que tem como objetivo estimular a cultura empreendedora, promover a multidisciplinariedade e o cruzamento de ideias e reforçar a formação de empreendedorismo nas diferentes escolas da instituição. O concurso acompanhou o ano letivo com a apresentação das candidaturas, o desenvolvimento das equipas e a apresentação executiva das propostas e dos planos de negócio. Decorrido o processo, o júri selecionou cinco equipas finalistas, com os setores das TI, biomedicina e setor energético a conseguir representação. Para o ano há mais novas ideias.■

Governo reduz orçamento para investigação e empreendedorismo

Fazer melhor com menos recursos. Este foi o alerta lançado pelo presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) sobre a redução do financiamento público para a segunda edição do MIT Portugal. Só nos últimos cincos anos, o Estado investiu 30 milhões de euros no programa. “Não vamos ter tanto dinheiro disponível para estas parcerias e o que temos queremos utilizar da forma mais eficaz possível”, declarou, à Lusa, Miguel Seabra. O MIT Portugal tem como objetivos o apoio a estudantes portugueses e estrangeiros na área da investigação tecnológica, tendo já beneficiado mais de 570 alunos, e o apoio ao empreendedorismo. Ao abrigo do programa, foram criadas até à data 22 empresas ligadas à fabricação de dispositivos médicos e de transportes elétricos. Segundo números do presidente da FCT, o

Estado, único financiador do projeto, gastou 30 milhões de euros no mesmo, o que equivale a seis milhões ao ano. As negociações da segunda edição do MIT Portugal para os próximos cinco anos preveem contudo que este valor baixe para os quatro milhões de euros anuais. Para colmatar a redução do investimento português, Miguel Seabra sugeriu que o financiamento do programa seja alargado a “parceiros universitários e industriais americanos”. “Os financiadores vão aparecer, de certeza. Se não aparecerem, é sinal de que as parcerias, afinal, não eram tão boas como dizem que eram. Tenho inteira confiança que isso vai acontecer”, disse. O programa MIT Portugal, lançado a 11 de outubro de 2006 em Lisboa, resulta de um contrato para cinco anos firmado entre a FCT e o Massachusetts Institute of Technology, nos Estados Unidos da América.■

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Notícias

Sol ajuda a recolher o lixo do Rock in Rio em Lisboa e Madrid E se um contentor movido a energia solar passasse a recolher o nosso lixo? A ideia parece surreal mas a TNL, uma empresa especializada no desenvolvimento de soluções para recolha de resíduos, já a pôs em prática. Chama-se “Solartainer” e teve a sua estreia no último Rock in Rio Lisboa. A próxima paragem será no mesmo evento, em Madrid.

Lean Startup Machine vem a Lisboa O ISEG irá acolher o Lean Startup Machine pela primeira vez em Portugal. O objetivo é de “ensinar” early adopters a colocar um produto no mercado o mais rapidamente possível, como refere o organizing comitee do evento, composto Bárbara Cagigal, Carolina Almeida Cruz, Joana Cunha e Manuel Laranja.

O “Solartainer” foi pensado para a recolha de lixo em grandes edifícios, centros comerciais, praias e complexos desportivos. Ou seja, eventos de grande dimensão, o que para um aparelho autónomo e alimentado exclusivamente a energia solar pode parecer um verdadeiro desafio. Embora o “Solartainer”, seja uma inovação mundial totalmente concebida em Portugal – embora se encontre em mercados como os Emirados Árabes Unidos e Brasil -, a presença na praça da alimentação do Rock in Rio representou a primeira grande prova ao equipamento num evento de massas. E, segundo o diretor comercial da TNL Jorge Pedrosa, “passou com distinção o teste a que foi submetido”. Por isso, o “Solartainer” se-guirá viagem, juntamente com o Rock in Rio, para Madrid. “Acreditamos que a TNL e o Rock in Rio comungam de valores e de um posicionamento no mercado que se cruzam em várias vertentes, nomeadamente na sua notoriedade no mercado

em que atuam e na preocupação pelo meio ambiente e sustentabilidade do planeta”, referiu, em comunicado, Jorge Pedrosa. E como é que o equipamento funciona? O “Solartainer” não é mais do que um contentor que “anda sozinho”. Vem com um painel de instruções onde o operador só tem de carregar no botão para que se abra um tambor, onde se inserem os resíduos. A TNL é uma empresa portuguesa, de inovação tecnológica, fundada em 2000 e sedeada no Porto. Exporta 80% das suas soluções para os mercados internacionais, estando os equipamentos presentes em mais de 500 cidades mundiais. Jorge Pedrosa acredita que o próximo “boom” de vendas da empresa se concretize graças ao “Solartainer”. “Definimos como meta a venda de mais de 50 unidades por ano, mas a verdade é que, neste momento, já temos mais de 100 unidades em negociação, com interessados na aquisição deste produto provenientes de todo o mundo”, remata.

Depois de Nova Iorque, Roterdão e Istambul, o Lean Startup Machine vai chegar, pela primeira vez, a Portugal. O Instituto Superior de Economia e Gestão, da Universidade Técnica de Lisboa, foi o palco escolhido para o workshop, que pretende ser um auxílio aos empreendedores, em início de carreira, a gerir melhor uma carteira de clientes e os seus negócios. O Lean Startup Machine é um conceito que tem como preocupação base a eficiência de capital, “ensinando” a construir novas empresas e produtos e como introduzi-los no mercado da forma mais rápida e eficaz. O workshop visa ajudar os empreendedores a compreender os seus clientes, invalidar

suposições, interagir rapidamente e reduzir riscos, através da aplicação da metodologia Lean Startup de Eric Ries. O evento ocorrerá entre 28 a 30 de Setembro e tem como limite entre 80 e 100 participantes. Estes poderão ter contacto com ferramentas, técnicas e mentores – com experiência em startups – para que possam perceber e identificar o produto, durante o estágio inicial da sua empresa. O objetivo é que no final do workshop, os participantes conheçam, cada um, o potencial do seu negócio num mercado real.■

Textos Tânia Marques

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Notícias

Quer criar uma startup, precisa de um plano de negócios, verdade? Não, não necessariamente. O início desta viagem não deve ser traçado a partir de uma folha de papel mas no coração, na forma como a ideia o faz sentir e como concretiza essa visão. A paixão deve preencher-lhe o dia, gastando menos tempo nas palavras escritas e mais tempo a empreender. Não é que planear seja errado, mas o esforço para escrever um plano de negócios perfeito leva-nos normalmente a estar “precisamente incorretos” em vez de “aproximadamente corretos”.

Grandes negócios, menos planos e mais coração

Um dos grandes obstáculos desse processo é o foco principal estar muitas vezes longe da realidade do mercado. Muitos “startup plans” têm como destaque um potencial mercado gigantesco e o fato de nos bastar uma pequena fatia para nos conduzir sem qualquer dúvida ao sucesso. Por exemplo, tendo como amostra o mercado Chinês ao fidelizar 0,5% numa compra mensal do valor de € 1.00, teria um negócio de milionário. Agora é preciso lá chegar, essa é a principal questão. O estudar o mercado é de extrema importância para a criação da estratégia que deverá ser testada de forma simples, eficaz, reproduzível tornando fácil a interpretação dos dados, ajustando o seu produto ao resultado, isto é utilizar um tipo de estratégia evolutiva ou emergente. Portanto não queime tantas pestanas com o plano de negócios, vá para o terreno. Deve trabalhar bem o seu pitch, para lhe guiar as ideias mantendo focado, para apresentar a futuros investidores e para inspirar a sua equipa, assim deve considerar os seguintes pontos: 1. Identificar e articular o coração e a proposta: Pode chamar-lhe visão, coração, paixão, projeto, proposta mas não tenha dúvidas quanto ao que quer, o porquê e principalmente o próximo objetivo a atingir. 2. A equipa é mais importante que qualquer ideia ou plano: Tenha em atenção as pessoas com quem trabalha. Devem ser a sua prioridade, escolha-as bem. 3. Think big, start small, then scale or fail

Fusão de capitais de risco acontece Resultando numa poupança de mil milhões de euros, cerca de 20% em termos anuais. A fusão de três capitais de risco públicas numa só entidade – Aicep Capital, InovCapital e Turismo Capital – foi anunciada pelo Executivo no passado dia 18 de junho. Segundo Carlos Oliveira, Secretário de Estado do Empreendedorismo, através desta reforma iniciada há quase um ano, resultará um apoio coordenado com as melhores práticas internacionais. O capital de risco tem ganho preponderância devido às atuais restrições ao financiamento, sendo também uma grande aposta comunitária com intenção de unificação do mercado de capitais de risco facilitando o acesso às PME inovadoras. Bruxelas pretende assim adotar novas regras para que estes fundos possam ser investidos livremente em qualquer país da União Europeia. Com esta reforma irá resultar, avançou o Ministério da Economia, uma poupança de mil milhões de euros, cerca de 20% em termos anuais. Só em salários dos membros das administrações das três entidades anteriores serão poupados 700 mil euros. Mas o principal objetivo desta fusão é o incentivo ao empreendedorismo e investimento de base tecnológica. Esta nova entidade terá sob gestão cerca de 600 milhões de euros, con-

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tando com a participação de 180 empresas privadas, privilegiando a partilha de risco e o cofinanciamento com atividades privadas. Quanto a valores, não haverá mais dinheiro do que o disponibilizado até ao momento, no âmbito desta reprogramação estratégica de fundos, o capital de risco não será reforçado já que ainda existe dinheiro a alocar. Isto embora no ano passado tenham sido investidos 423, 4 milhões de euros representando um aumento de 158% face ao ano de 2010, os 19 fundos de capital de risco constituídos têm um total de 187 milhões de euros disponíveis para investir em pequenas e médias empresas até junho de 2013. Deste montante já estão alocados 52,2 milhões dos quais 27, 5 são fundos comunitários e 24, 7 milhões dos privados. A questão que fica por responder é se esta unidade, para além da poupança e agilização dos processos de candidatura como defende o Executivo, irá reger-se a partir de sangue novo onde exista uma real discussão interna com base em diferentes modos de pensar direcionada a uma visão mais abrangente de mercado. Mas isso, teremos de aguardar e então tirar as nossas conclusões.■ Textos Sara Correia

fast: Deve ser o seu lema, leve o seu tempo, entenda o seu produto, a vontade de o comprar ou pelo menos de o experimentar. 4. Foque-se num mercado bem definido, subsegmento ou nicho: Pelo menos no início, entenda onde se pode posicionar, onde potencialmente será o melhor. Esta estratégia quase sempre é a mais bem sucedida e viável do que ser apenas mais um. 5. Assim conheça de cor o seu negócio: Como fazer dinheiro é muito mais importante que meia dúzia de paginas de Excel com previsões financeiras sobretudo numa fase inicial. Entenda a principal forma de criar valor – será através de transações comerciais, publicidade, subscrições, etc? Um dos mercados com maior crescimento e estabilidade são os produtos como fazer, quer sejam eclasses, tutoriais ou livros com instruções simplistas quase para colorir com números dando instruções sobre planos de negócios. Embora certos conteúdos sejam úteis na estruturação da ideia, poderão criar confusão pois dão demasiado ênfase à necessidade de por tudo por escrito de forma estruturada e padronizada, sem que se entenda primeiro a génese da ideia. Essa visão deverá estar presente desde o primeiro dia, o mais bem escrito plano de negócios tem muito pouco valor se não tiver como base a paixão desinteressada, a confiança e a vontade de a tornar real.■


Em foco

A gerir o tempo dos lisboetas... ao pequeno almoço!

Apaixonado por desenvolver ideias de negócio, Tiago Neves contou à NESTA magazine como é que teve a ideia de vender pequenos almoços rápidos e baratos no Metropolitano de Lisboa. Desde que o acaso lhe proporcionou o contexto certo para desenvolver a ideia, os quatro sócios da empresa já tornaram o Bom Dia Lisboa num caso único de sucesso, marcando a diferença nas manhãs de quase meio milhão de lisboetas.

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Em foco

O stand do Bom Dia Lisboa está presente em três estações de metro de segunda a sexta, das 7h às 11h30.

NESTA magazine: Quem é o Tiago Neves e de que forma ele contribuiu para o aparecimento deste projeto? Tiago Neves: Inicialmente fiz a licenciatura de Economia na Universidade Nova de Lisboa. Como não me identifiquei com o mesmo, decidi fazer o mestrado em Gestão, já que senti que esta área tinha mais a ver com o meu modo de estar. Por causa disso, demorei mais 1 ano a concluir a licenciatura e foi nessa altura que tive uma primeira ideia para um negócio, com a qual concorri ao Nova Ideia Competition. Apesar do projeto não ter avançado, senti-me muito entusiasmado com todo o processo e rapidamente percebi que me sentia muito confortável a desenvolver novas ideias. Como é que surgiu a ideia para o projeto Bom Dia Lisboa? A partir do momento em que decidi avançar com o mestrado, proporcionou-se fazer uma viagem a Madrid com mais dois colegas - hoje meus sócios no projeto - para conhecer algumas empresas da cidade. No momento da reserva do hotel reparei no preço elevado do pequeno almoço e decidi não optar por esse extra, preferindo a opção de tomar o pequeno almoço fora do hotel. Num desses dias disse aos meus colegas que tomaria o pequeno almoço no metro e que nos encontraríamos nesse local para seguirmos juntos para as empresas. E foi aí mesmo, no meio de uma fila gigantesca de pessoas que, tal como eu, também esperavam para serem atendidas, que constatei que estava a esgotar o tempo que tinha disponível para o pequeno almoço e pensei na quantidade de pessoas que todos os dias passavam exatamente pela mesma situação, sem terem nenhuma alternativa disponível. Partilhei esta experiência com os meus dois colegas e surgiu assim a ideia de criar um serviço de pequenos almoços rápidos. Estávamos em janeiro de 2011, fizemos estudos de mercado, inquéritos junto dos utentes do Metropolitano de Lisboa e em janeiro de 2012 abrimos o primeiro stand na estação de Odivelas, seguido em março por outros dois, um no Saldanha e outro em São Sebastião. E em que é que consiste o negócio? O Bom Dia Lisboa dedica-se à venda de pequenos almoços para levar, através de pequenos stands amovíveis dentro do Metro de Lisboa. É um serviço rápido e está focado nas pessoas que não têm tempo para tomar o pequeno almoço em casa. Observámos que nos transportes públicos as pessoas estão sempre em mov-

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imento e constatámos que o comércio existente é sempre do tipo tradicional: um café ou uma loja de roupa é igual no Metro e na rua. Num stand do Bom Dia Lisboa as pessoas encontram 5 menus à escolha e com diferentes possibilidades de combinações. O serviço está pensado para que qualquer pessoa possa comprar o seu pequeno almoço em 15 segundos, pelo que quem come connosco chega ao trabalho ao mesmo tempo que uma pessoa que não come. É uma experiência diferente e é isto que as pessoas valorizam. Acabamos por ter impacto na vida do consumidor, sem o consumidor passar muito tempo connosco. Além disto, também fornecemos a alternativa saudável da fruta nos nossos pequenos almoços, coisa que num café tradicional não se costuma encontrar. Desde a ideia até à criação do projeto, por que processos passaram e quais as maiores dificuldades? Surgiram alguns problemas, mas que foram sempre relativamente fáceis de ultrapassar graças a um bom planeamento do que seria necessário para levar o projeto à prática. Inicialmente também sentimos algumas dificuldades no próprio contato com os fornecedores, que não nos davam apoio porque o projeto não passava de uma apresentação em PowerPoint, mas que hoje reconhecem que conseguimos provar que é um projeto sério, com provas dadas e que faz sentido apoiar. O que nos leva a concluir que ter uma ideia não é sequer metade do caminho. É necessário arriscar, sendo que implementar é definitivamente a fase mais complicada: fazer acontecer e estar presente todos os dias para tornar as coisas realidade. Comparativamente, um negócio na internet não só é mais fácil de controlar como tem um risco menor, enquanto que nós temos uma estrutura física, com fornecedores, produtos, armazém, rendas e temos de aparecer no local para vender. Considera essencial a dedicação a 100% para que exista sucesso num negócio? Se há dois anos atrás me dissessem que eu iria criar um negócio na área da comida eu não iria acreditar. Mas desde que a ideia surgiu, amadureceu e foi levada à prática, acredito mesmo naquilo que estou a fazer, porque me dediquei inteiramente em levá-lo à prática e hoje já temos clientes fidelizados que nos procuram todos os dias. Portanto sinto que temos impacto na vida das pessoas e isso é muito gratificante e faz tudo ter valido a pena.


Em foco

Que fatores de inovação crê que são necessários? A área da alimentação está muito parada e existe muito por fazer. Apesar de existirem alguns conceitos interessantes, pecam por um fator inovação que nós damos, apostando no fator tempo, colocando o valor nas pessoas que nos procuram, porque elas próprias também valorizam este fator. E acabámos por aparecer num período em que o país precisa de iniciativas verdadeiramente úteis, porque as pessoas – e nós notamos isso diariamente no metro - estão muito desanimadas e está na nossa mão fazermos a diferença. Esta geração está me-lhor preparada que a geração dos nossos pais e dos nossos avós. Trata-se de exigir um pouco menos e fazer um pouco mais, de parar de procurar o que o nosso país pode fazer por nós, mas o que nós podemos fazer pelo nosso país. E iniciativas destas acabam por motivar e influenciar outras iniciativas. E quais os planos para o futuro? Já pensaram, por exemplo, na expansão? Estão pensadas algumas vias para expandir o negócio, mas para já temos que consolidar muito bem o que fazemos, para depois podermos crescer de forma sustentada. Para já estamos a atuar no Metro de Lisboa e queremos chegar a mais estações para chegar a mais público. O Metro – para não falar dos transportes públicos em geral – é um mercado com potencial e está explorado muito basicamente e nós fizemos acordar muita gente para o mundo que existe por baixo da terra, onde passam todos os dias milhares e milhares de pessoas, aqui e no mundo inteiro. Acredito que o atual “Bom Dia Lisboa” possa ser um dia “Bom Dia Madrid”, ou “Bom Dia Londres”. O conceito necessita agora de pilares bem fortes aqui para poder continuar a crescer. E o empreendedor por detrás do Tiago Neves vai parar por aqui ou continuar a ser empreendedor? Na verdade, criar uma empresa é um autêntico inferno, dá muito trabalho e é um compromisso gigante. Principalmente neste negócio, que assenta numa base muito operacional, há dias em que estamos cansados, outros que correm pior, mas damos sempre o nosso melhor para que tudo seja bem feito. Acho que este projeto tem muito potencial de crescimento, pelo que não faz sentido deixar este navio e partir para outro, apesar da fase de “namoro” de uma ideia ser muito apaixonante. No entanto, gostava de deixar a mensagem que esta fase é só o início e que o resto do processo é muito trabalhoso... mas quando é bem feito pode ser mesmo muito gratificante, o que se consegue através de motivação e muita força de vontade.■

Texto José Guimarães Fotografia Bom Dia Lisboa

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Mu si kki Em foco

O “Google da música” é português

Encontrar com apenas um clique toda a informação sobre determinada banda ou artista, desde álbuns e músicas a concertos? O conceito existe e é da Musikki, uma startup que nasceu em Aveiro e que não se ficou por aí. www.musikki.com

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Texto Margarida Reis Fotografia Musikki


Em foco

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rimeiro, o motor de busca musical, que muitos apelidaram de “Google da música”. Depois, uma aplicação de Facebook, o Musikki Social Player, que permite criar uma playlist com as músicas que os amigos e páginas que seguimos partilham. Por fim, a aplicação para telemóvel que projeta melhorar a experiência em concertos com informação atualizada. A Musikki, nascida na terra dos ovos-moles pela mão de João Afonso e dois colegas de universidade, já conta no currículo com distinções do Prémio SIM da Samsung e do ISCTE-MIT Venture Competition, que lhes permitiu arrecadar 200 mil euros. Segue-se uma nova ronda de levantamento de capital nos Estados Unidos, onde se preparam para abrir um escritório. O mundo não chega. NESTA magazine – Como surgiu a ideia de criar este serviço e quando perceberam que o mesmo tinha pernas para andar e podia tornar-se uma empresa? João Afonso – Sempre fui um apaixonado por música e tudo o que a ela diz respeito e a certa altura apercebi-me de que poderia existir uma oportunidade no mercado musical. As principais empresas (Apple, Amazon, Spotify, etc.) estão focadas na disputa do formato, MP3 ou streaming, e negligenciam os serviços de informação e recomendação. Simultaneamente a maior parte dos conteúdos musicais existentes na rede são UGC – conteúdos gerados pelo utilizador – e estão dispersos em vários locais da mesma. Gigabytes destes conteúdos são submetidos todos os dias, o que significa que é um tipo de informação que está em constante atualização. Surgiu então a ideia de oferecer, com um único clique, a informação mais relevante sobre um determinado artista naquele exato período no tempo.

NM – Quais os principais desafios que encontraram na criação da Musikki? JA – O projeto foi lançado no dia 5 de novembro de 2010. Daí para cá foi visitado por milhares de utilizadores de mais de 100 países. Nunca investimos dinheiro na sua promoção, procurámos antes usar o poder das redes sociais e a nossa criatividade para disseminar a ideia. Esta estratégia trouxe alguns resultados interessantes, como menções em órgãos de comunicação de referência. A crescente utilização e o feedback positivo – começaram a chamar-nos “o Google da música” – deram-nos cada vez mais confiança no sucesso do projeto. Decidimos procurar investimento e foi nessa altura que soubemos da competição ISCTE e MIT, através do roadshow que fizeram pelo país. A falta de dinheiro para nos podermos dedicar a 100 por cento ao projeto obrigou-nos a trabalhar à noite e fins de semana – foi assim durante mais de um ano. Além da falta de recursos, tivemos de combater uma certa desconfiança pelo surgimento de um projeto português nesta área, e com um público global. Valeram-nos os utilizadores que começaram a utilizar a aplicação sem se perguntarem de onde vinha. Curiosamente, até à vitória na competição, Portugal nem sequer estava no nosso top de países com mais visitantes. NM – Em que se diferencia a Musikki de outros serviços de música que existem online? JA – O Musikki cria novas formas de acesso a informação e recomendação musical a partir dos melhores conteúdos UGC dispersos na rede. Até ao momento lançámos os protótipos do motor de pesquisa e um player de música para o Facebook que permite criar play-

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Social Player, Musikki

lists com base na música partilhada pelos amigos e páginas de interesse ao mesmo tempo que identifica a música que está a tocar e dá informação sobre o artista automaticamente. Com apenas um clique é possível obter toda informação numa única página de resultado. Ao contrário do Google, os resultados de uma pesquisa no Musikki não são vários links para diferentes locais. Os dados são recolhidos, estruturados e apresentados ao utilizador numa única página de resultado. Com apenas um clique, o utilizador obtém, entre outros conteúdos, a biografia, discografia, vídeos, fotografias e agenda de concertos, criando um perfil dinâmico do músico ou banda. Música capital NM – Qual a importância que atribuem aos concursos de empreendedorismo que venceram? JA – Estas distinções foram o empurrão que precisávamos para abraçar este projeto a 100 por cento! Se calhar, mais do que o apoio monetário, estas distinções têm o condão de validar e credibilizar a nossa ideia perante todos. Nós sempre acreditámos neste projeto mas, infelizmente, isso não é suficiente. Uma ideia só é uma boa ideia quando a conseguimos comunicar aos outros com o mesmo impacto que tem em nós ou quando realmente esta se torna real e tangível. Esta distinção premeia igualmente a nossa postura profissional nos últimos anos. Nunca nos acomodámos, procurámos sempre traçar o nosso caminho, e é bom constatar que isso está a dar os seus frutos. Essencialmente, transmite-nos a confiança de que, caso surja algum obstáculo no caminho, podemos definir um novo traçado e seguir em frente. NM – Além dos valores conquistados no ISCTE-MIT Venture Competition, como se financiaram? Pensam financiar-se por outras vias daqui para a frente? JA – O nosso financiamento inicial, 200 mil euros, proveio ap-

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enas dos valores levantados no concurso, e estamos a usar o valor angariado para criar as versões protótipo das aplicações e para promoção dos serviços. Neste momento estamos a tratar da abertura do nosso primeiro escritório nos Estados Unidos com o objetivo de fazer uma ronda de levantamento de capital nesse país dentro de nove meses. NM – De que forma quer a Musikki crescer? O produto por si só já é global, mas como pretendem promovê-lo? JA – Queremos crescer de uma forma sustentada mas também sabemos que estamos no tipo de mercado que se move muito rapidamente e que os produtos têm um curto tempo para o mercado. Estamos por isso a desenvolver várias aplicações em simultâneo, Facebook, mobile, tablets, etc. Queremos atacar em várias frentes com serviços complementares e coerentes, com a nossa promessa de serviços e missão. Acreditamos que com o tipo de aplicações que estamos a desenvolver e com fortes campanhas de marketing cirurgicamente dirigidas podemos chegar a uma audiência global. NM – Quantas pessoas, no total, já trabalham na equipa? Manterem-se em Aveiro tem um gosto especial também por poderem dar emprego a jovens conterrâneos? Quais as maisvalias de estar na cidade? JA – Começámos por ser três, os membros fundadores, e neste momento somos dez, e todos ex-alunos da Universidade de Aveiro. Isto explica também o porquê de estarmos por cá. Conhecemos bem a Universidade, quem forma e como forma e sabemos que se ficarmos por cá não teremos problemas com recrutamento. A base do sucesso de uma empresa são as pessoas, e ficar em Aveiro garante-nos essa base. Porque, para além da qualidade dos profissionais, temos o networking estabelecido, que nos permite chegar às pessoas de que precisamos, para os lugares que queremos preencher.


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Perfil

João Afonso era um bolseiro de investigação – primeiro na PT Inovação, depois na Universidade de Aveiro – com uma ligação forte com a música. De um emprego para pagar os estudos numa antiga loja Valentim de Carvalho ao seu primeiro negócio próprio, a loja de música independente wahWah, o som já era denominador comum, mas foi com a Musikki que essa veia ganhou asas. Para ajudar a desenvolver o projeto contou com Juliana Teixeira, profissional de marketing e social media, e Pedro Almeida, programador – os caminhos dos três tinham-se cruzado na Universidade de Aveiro, onde se licenciaram em Novas Tecnologias da Comunicação. Também os sete elementos que entretanto se juntaram à equipa são ex-alunos daquela instituição. Apesar de a empresa só ter nascido oficialmente a 15 de dezembro de 2011, a primeira versão do Musikki “viu a luz do dia” em novembro de 2010. Mais de um foi assim necessário até ao ponto de dedicação a full-time ao projeto. “Percorremos um longo caminho”, avalia João Afonso.

A equipa liderada por João Afonso já viu o projeto ser mencionado na MTV e no Mashable

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empreendedorismo

social ___________

ou

___________

o sonho de

transformar

o mundo

Apaixonados pelo que fazem e inspirados para dar o seu melhor, os empreendedores sociais representam atualmente um paradigma que leva muitos de nós a pensar na importância que tem, de facto, ajudar o próximo. Contribuindo para uma sociedade melhor e mais justa, os casos de empreendedorismo social multiplicam-se e inspiram de forma viral outros casos de empreendedores que vêem aqui uma forma de, também eles, se sentirem parte da transformação em progresso. A NESTA magazine foi conhecer dois casos que inspiram. Texto José Guimarães Fotografia www.wearbubu.com, Inpakt e SAPANA


Grande Tema

Bernardo de Sousa Macedo, criador da Inpakt

O

trabalho de cariz social pode ser definido como aquele cuja finalidade é, na sua forma mais simples, ajudar os outros. Mas se estiver a pensar em tornar-se num empreendedor social preparese para a controvérsia. Por um lado, há quem acredite que o trabalho de cariz social deva ser pro bono, ou seja, sem direito a remuneração. Por outro lado, há quem defenda que esse trabalho deva ser capitalizado e, tal como em qualquer outra empresa, capaz de gerar lucro, que neste caso seja passível de ser transformado numa ação social. Inspirado nos voluntários “Ser empreendedor é diferente de ser empreendedor social . E ser um empreendedor social não é necessáriamente a mesma coisa que ser um voluntário.” Quem o diz é Bernardo de Sousa Macedo, criador e gestor da Inpakt, uma plataforma online que pretende ser a primeira rede de responsabilidade social a nível europeu. Criando uma ponte entre voluntários, instituições de solidariedade e empresas socialmente responsáveis, o projeto pretende fornecer os meios adequados para que essas instituições possam fazer mais e melhor aquilo que lhes compete. Bernardo tem 28 anos e começou a trabalhar aos 16 anos. Após largar os estudos inscreveu-se como voluntário em algumas instituições, mas só foi contactado por uma delas e apenas 2 anos depois. “Já nem me lembrava que me tinha inscrito”, recorda. Foi aí que pensou em quantas mais pessoas não estariam naquela situação, com tempo disponível para participar em ações de voluntariado, mas sem o conseguirem fazer, porque apesar do número crescente de ações de solidariedade social e de cada vez mais existirem pessoas com disponibilidade temporal, muitas graças a situações de desem-

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prego, verificou não existir uma ligação eficaz entre ambas as partes. Reconhecendo que a sociedade ainda não estava preparada para casar sozinha as novas tecnologias a atividades de voluntariado, vestiu a “camisola” e aprendeu a programar, desenvolvendo assim a plataforma tal e qual pretendia. Mais do que a causa social É fácil perceber que existe alguma confusão em torno do fato de alguns projetos sociais não serem gratuitos, até porque as bases são confusas. “Como o principal objetivo de uma empresa é gerar lucro, as pessoas tendem a confundir muito os conceitos, interiorizando que uma empresa de cariz social não deve gerar lucro. O Inpakt é um projeto e o fato de eu ser um empreendedor social é outra”, afirma Bernardo de Sousa Macedo. E reforça: “O meu projeto necessita de gerar lucro, porque este lucro vai servir para que eu possa pagar a pessoas de qualidade que ajudem a plataforma a crescer. Só desta forma o projeto cumprirá o seu objetivo de ajudar os outros, cada vez mais e melhor.” Esta opinião é também partilhada por Carolina Cruz e Miguel Jerónimo, fundadores da SAPANA, uma organização que se dedica a capacitar grupos sociais carenciados em todo o mundo. Acreditam no voluntariado como uma causa, mas afirmam que “se as equipas num projeto têm um nível de desempenho excelente, então têm que ser gratificadas de forma equivalente, ou seja, têm de ser bem remuneradas, e isto é válido para qualquer tipo de empresa, social ou não.” De fato, torna-se praticamente impossível falar em empreendedorismo social de forma sustentada, sem abordar o assunto num contexto de empreendedorismo dito normal. O fato


Grande Tema

Um esquema simplificado da estrutura, acção e objectivo da SAPANA e dos seus dois projectos, Back to Basics e Jagruthi Moov.

de ir trabalhar de forma demasiado idealista por uma causa pode fazer com que o seu projeto tenha consequências imprevisíveis e até mesmo limitar a sua existência, já que se torna demasiado fácil perder o foco de atenção na gestão do mesmo. E ninguém quer gerar novos problemas enquanto tenta resolver outros. É também impensável acreditar que pessoas bem qualificadas estejam dispostas a trabalhar durante um longo período de tempo num projeto sem uma forma de compensação adequada. Vivemos numa sociedade baseada em dinheiro e se quiser ser um empreendedor social de sucesso, tem que ter a capacidade de manobra necessária para ser frio e usar o sistema a favor da causa em que acredita, conseguindo reverter os seus lucros positivamente a favor da mesma. É desta forma fácil de concluir que um empreendedor social é em tudo semelhante a um empreendedor normal. E tal como em qualquer outro negócio, também no empreendedorismo social não basta ter uma boa ideia. Torna-se necessário planear e conhecer bem o meio em que se vai atuar. Apostar no potencial de cada um Carolina Cruz orgulha-se de ter conhecido a sua independência aos 17 anos. Decorria o ano de 2009 quando criou um negócio de consultoria de ONG’s. “Quando nos vem uma ideia à cabeça temos 2 hipóteses: ou a colocamos de parte, ou a vamos testar no terreno”, afirma. Optou por esta última hipótese e partiu para o Tibete, Nepal e Índia, onde esteve durante 1 ano e acabou por trabalhar num orfanato de uma aldeia muito pobre, construindo com fundos próprios um sistema de bolsas para as crianças poderem estudar e ir para a universidade. “Acredito que o dinheiro é para se investir e foi o que fiz”, explica orgulhosa.

E reforça, dizendo: “As crianças órfãs daquelas regiões só têm oportunidade de estudar se a sua formação for paga. Estamos a falar de valores de €150 para garantir que uma criança possa concluir estudos equivalentes ao 12º ano. Qualquer ser humano pode fazer o mesmo.” Batizada de SAPANA (sonho) DIDI (irmã) pelos locais, foi ainda trabalhar com crianças e mulheres nos slums (bairros de lata), vítimas de múltiplas formas de violência. “A única diferença entre as duas pessoas - eles e eu - é o país onde cada um nasceu e isso abala os nossos conceitos. Quando se trabalha com a pobreza extrema da raça humana e sentimos o que é estar na base da pirâmide, aprendemos a relativizar as nossas vidas e assistimos à força extraordinária que existe dentro de nós para um projeto como este. É preciso sentir as coisas”, recorda. Hoje reconhece que foi graças ao contacto com essa realidade que a sua própria pessoa mudou, reescrevendo assim a sua missão: salvar vidas. De regresso a Portugal, conheceu alguns dos seus atuais parceiros no bootcamp do IES/INSEAD em 2011, como o engenheiro Miguel Jerónimo. Com dois projetos inéditos lançados em Portugal, um com reclusos da prisão de Caxias e outro no contexto da violência doméstica, criaram o programa Back to Basics, que aposta no empowerement de indivíduos e grupos sociais. Apostando em simultâneo na consciencialização das sociedades para este tipo de causas sociais, ajudam os jovens a desenvolveremse e a mostrar isso aos que os rodeiam, utilizando o potencial de cada indivíduo para fazer evoluir qualitativamente o meio social onde se inserem. “Cada país tem problemas de base que estruturalmente não os deixa desenvolver, como a violência e a mutilação genital na Índia, ou a pobreza doméstica e a reintegração social em Portugal”, indica Carolina Cruz.

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Grande Tema

Empreender... ajudando o próximo Empreendedorismo social não é portanto o mesmo que praticar um ato de caridade. Em ambos é possível ajudar, mas enquanto num ato de caridade se “dá o peixe”, no empreendedorismo “ensina-se a pescar” através de negócios que se espera serem sustentáveis. Tal como na criação de qualquer outro tipo de negócio, assistimos ao apurar de um novo conceito. Se quiser vingar no empreendedorismo social, irá necessitar de ter uma visão a médio e longo prazo, criar cada vez mais bases de impacto mensuráveis e indicadores de sucesso que sejam capazes de comprovar na prática o trabalho que faz. Há que diversificar as fontes de rendimento, garantir associados, indivíduos que se identifiquem com a sua causa e se sintam dentro da tomada de decisões, concorrer a projetos específicos de investimento e encontrar empresas interessadas nos mercados onde se encontra e em investir no sucesso do seu projeto. E, por fim, levar a cabo pequenas atividades que tragam rendimento direto. Tal como em qualquer outro negócio, as dificuldades vão ser muitas, principalmente a disponibilidade física e emocional para inicialmente conseguir trabalhar horas a fio sem remuneração, isto se quiser ver as coisas a acontecer. Ainda há alguma falta de apoios a empresas, mesmo que trabalhem em prol de causas sociais, existindo muito preconceito na geração de lucro, mesmo que o objetivo deste seja desenvolver o negócio por forma a cada vez mais e melhor investir em causas sociais. Mas é importante encarar as dificuldades como oportunidades de aprendizagem para se fazer melhor. Mesmo estando no caminho certo, as barreiras vão aparecer, mas só nelas conseguirá perceber se foi feito para isto ou não e só aí vai conseguir saber se tem a capacidade para ser empreendedor. Se não tivessemos a capacidade de subir a montanha, nunca a conquistávamos. E uma conquista é só o primeiro passo antes de dar início ao próximo objetivo.■

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À esquerda, Carolina Cruz no Nepal e, à direita, a equipa da Sapana, com Carolina e Miguel Jerónimo.

Links http://www.inpakt.com/ http://sapana.org/


Out of the box

“É preciso uma comunidade para transformar jovens em

Devemos dar a cada um a oportunidade de aprender aquilo que mais gosta e se for com amigos num clima informal, melhor ainda. Usar o talento e a paixão como forma de expressão e de intervenção é, sem qualquer margem para dúvidas, a forma mais simples e direta de deixar a nossa marca positiva na comunidade. Este é o mote da Associação Juvenil Transformers. Acreditam que a diferença tem um potencial único de tornar um indivíduo pleno na sociedade e um papel importante, sobretudo, na construção de uma identidade coletiva.

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Out of the box

João Rafael Brites, no World Economic Forum

I

nspirado pelos Rock Steady Crew, uma das primeiras crews de breakdance, João Rafael Brites decide aos 16 anos deixar a natação – modalidade em que já ganhara algumas medalhas de campeão nacional – e ir para as ruas de Palmela aprender a dançar com um grupo local de b-boys. “A experiência de passar da natação, em que tinha um treinador e fazia as coisas apenas porque sempre as tinha feito, para o breakdance, em que tudo o que aprendi foi com amigos e onde estava porque essa tinha sido a minha escolha, foi a grande inspiração para a ideia do Transformers”, conta. No fundo, “dar a cada jovem a oportunidade de aprender aquilo de que mais gosta com amigos e de usar esse talento para se exprimir e intervir positivamente na comunidade”. A 31 de agosto de 2010 cercou-se de amigos e família para colocá-la em prática. Juntos criaram a Associação Juvenil Transformers, investindo desde logo todo o seu tempo na formação de uma equipa de mentores de diferentes áreas: das artes ao desporto, da música clássica ao hip-hop, passando pela poesia, o parkour, a stand-up comedy ou o bodyboard. Mais do que voluntários, pessoas dispostas a ensinar num leque vasto de instituições, desde escolas “privilegiadas” a escolas inseridas em território de intervenção prioritária, hospitais pediátricos, centros educativos, centros de ensino especial, residências de acolhimento e ONG. Uma ação que, explica João, se destina a “qualquer tipo de jovem, não apenas aos jovens normalmente caraterizados como ‘em risco”. No ano passado encabeçaram várias intervenções, entre as quais se destacam a revitalização da Casa Pia de Xabregas através do graffiti e a sensibilização da população para a doação de medula óssea na Reboleira, pelo hip-hop. Acima de tudo, ser mentor é fazer a diferença partilhando conhecimento. Com essa visão em mente, o projeto incluiu numa fase inicial 123 jovens de oito instituições. Graças à sua ambição natural, a meta foi mais do que superada: os Transformers passaram, em pouco mais de seis meses, a contar com 208 jovens de 12 instituições diferentes, formados por uma equipa de 26 mentores. Mais recentemente, em maio deste ano, o projeto foi lançado oficialmente no Porto. Neste momento a força do movi-

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mento é inegável, conferindo-se facilmente no Dia T, a reunião magna da Associação. A 10 de junho, jovens e mentores juntamse na celebração anual do Transformers, um dia de espetáculos, apresentações, workshops, exposições e atividades abertas ao público em geral. Mas a missão de “transformar jovens em Transfomers” nem sempre se afigurou simples. Um dos principais desafios do projeto (são o “pão nosso de cada dia”, diz João) foi receber credibilidade na fase de lançamento por parte do público em geral, principalmente devido à idade dos fundadores, na altura com idades entre os 17 e os 19 anos. Por outro lado, a gestão de uma equipa de 38 voluntários e a garantia de financiamento das atividades foram adversidades com alguma consideração. A nível financeiro, o grupo conseguiu o apoio do programa Global Changemakers do British Council, que ofereceu o capital inicial, e da Fundação EDP, principal financiador. Firmaram ainda uma parceria com a Brandimage, no âmbito da comunicação e imagem. Hoje a maioria dos membros continua a sua formação académica, tornando-se uma verdadeira aventura conseguir conciliar todos os campos das suas vidas. João Rafael Brites deixou claro que não pretendem fazer dos Transformers uma ocupação a tempo inteiro. A sua aspiração a médio prazo? “Possibilitar que mais projetos Transformers surjam por todo o País, como aconteceu no Porto, para que possamos ter cada vez mais mentores a chegar a cada vez mais jovens, que se tornarão também eles mentores e chegarão a mais ainda.” Já a longo prazo, a ambição é outra. “Queremos que o movimento cresça para se tornar filosofia de vida”, simplifica, “até um dia em que as pessoas podem não saber sequer o que é o Transformers, mas incorporaram em si o ideal de serem mentores e de procurarem fazer a diferença com aquilo que fazem melhor. O Transformers é apenas uma das muitas representações possíveis, a faísca.”■


Coluna

Ponto de vista

Ligue os pontos Intervenção com grafitti numa fábrica nos Anjos

Ação concertada

No que à logística diz respeito, o processo anual dos Transformers passa por seis fases: 1. Candidatura das instituições: qualquer instituição se pode candidatar através do preenchimento online de um formulário. Os critérios de seleção incluem a especificidade do grupo de jovens e o nível sociopedagógico fornecido pelo mentor. 2. Candidatura dos mentores: qualquer pessoa se pode candidatar se estiver disposta a partilhar conhecimento. 3. Inquérito aos jovens: pretende-se saber as expetativas e preferências para o ano letivo. Deste modo os seus gostos são alocados aos dos mentores existentes. 4. Seleção e formação dos mentores: como não se pode formar só com vontade, existem dois fins de semana de formação pedagógica inicial. A formação é contínua durante todo o ano letivo. 5. Aulas: o mentor deve estar na instituição que lhe foi atribuída uma vez por semana, orientando e inspirando o seu grupo. 6. Paybacks: após os nove meses, o grupo é desafiado a usar o que aprendeu para transformar a sua comunidade, criando um efeito de partilha em cadeia de pessoas que se ensinam, capacitam e inspiram mutuamente.

A fórmula fundamental do empreendedorismo é: compreender o problema, abarcar totalmente o contexto, ligar os pontos, ter visão, coragem e persistência. Após uma missão pelo mundo, o Drº Jordan Kassalow, optometrista e especialista em saúde pública, verificou que nos países subdesenvolvidos o período de vida activa terminava cedo devido ao envelhecimento e à progressiva perda de visão da população dificultando assim o sustento das famílias. Concluiu que se alguns membros da comunidade tivessem acesso às ferramentas e aos conhecimentos necessários, tais como formação, armações e lentes standard, poderiam ser eles os optometristas da comunidade. Com uma ajuda inicial da George Soros’s Open Society Institute, lançou o projeto-piloto na Índia, após alguns acertos na sua estratégia inicial expandiu-se a 13 países, oferecendo formação a cerca de 120 técnicos, vendendo mais de 10,000 pares de óculos com um lucro diário que varia entre 1 euro a 4 euros. Neste momento a VisionSpring triplicou a sua penetração no mercado, através de uma inovadora operação de franchising com 30 parceiros não governamentais, reduzindo assim a necessidade de investimento em infraestruturas. Assim os trabalhadores tiveram acesso a uma promissora oportunidade de trabalho (oferecendo o dobro do salário anterior), e os clientes acederam a um produto barato mas que lhes prolonga a vida activa. Dr Kassalow viu o problema, entendeu o contexto e ligou os pontos. Fundou a VisionSpring e a sua missão é reduzir a pobreza e criar oportunidades de trabalho. O projeto pretende dentro de 5 anos ser totalmente sustentável, reduzindo assim a intervenção de investimento privado. Assim se um homem com apenas uns pares de óculos e um plano consegue mudar vidas, imaginem as oportunidades que existem lá fora, o que nós irá surpreender a seguir?

Texto Sara Correia com Margarida Reis Fotografia Projecto Transformers

Sara Correia

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Observatório de Startups

Tecnologia portuguesa dificulta a vida aos assaltantes

www.mala-segura.com

Surgindo de uma necessidade concreta de uma empresa de segurança e transporte de valores, que via os seus funcionários expostos ao risco no trajeto entre o cliente e a carrinha blindada, a Mala Segura pretende diminuir o risco para a pessoa que transporta os valores. A carrinha de transporte de valores onde Manuel seguia chegou ao local à hora prevista. Como mandam as regras, o condutor ficou no interior, enquanto Manuel saiu para ir ao cliente buscar o dinheiro. Assim que saiu com o saco de valores, o funcionário da empresa de transporte de valores nem teve tempo de reagir: quatro homens de armas em punho correram na direção de Manuel e não hesitaram em disparar. Atingido com um tiro de uma caçadeira nas pernas e numa anca, só quando tombou no chão é que largou o saco com o dinheiro recolhido no Pingo Doce de Mem Martins, em Sintra. Os assaltantes fugiram ilesos a alta velocidade, num carro furtado através de carjacking que, minutos antes, estacionara a poucos metros da carrinha da empresa. Alexandre Chamusca, responsável pela área de novos projetos da Esegur, afirma: “A maioria dos assaltos a carrinhas de transporte de valores ocorre quando os funcionários estão no exterior da viatura; é nessa altura que são mais vulneráveis: caminham desarmados e com as mãos ocupadas pelos sacos”. Engenheiro de telecomunicações e eletrónica de formação, resolveu desenvolver uma mala de transporte apetrechada com alta tecnologia, destinada a dificultar a vida aos assaltantes, transferindo o risco da pessoa que transporta os valores para a “mala segura”. Equipada com um alarme ruidoso e um sistema de descargas elétricas que podem ser acionados à distância, a Mala Segura promete ser uma surpresa desagradável para os assaltantes. Além disso, a mala tem também um sistema de GPS dissimulado, por forma a que possa ser sempre localizada através de satélite, independentemente do local onde se encontra. Posteriormente, foi desenvolvida uma mala tecnicamente equivalente, mas dedicada ao transporte de orgãos e análises clínicas, bens suscetíveis de serem afetados pelas mais pequenas variações de temperatura. Ambas as soluções carecem de patrocínios capazes de lhes darem uma dimensão internacional, pois a escala do mercado Português impede-os de massificar e diversificar as soluções técnicas.

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Texto José Guimarães Fotografia Alexandre Chamusca e DR


Tendências

Fazer publicidade irreverente com pouco dinheiro

Despertar emoções. Esta é a meta que o marketing de guerrilha pretende alcançar. Uma forma de fazer publicidade não convencional, capaz de surpreender ou causar espanto ao público-alvo de um determinado negócio. Em Portugal é ainda um conceito novo mas já tem empresas especializadas na “publicidade de algazarra”, como é o caso da Torke e da FNYHoW. A comunicação deste género tem como norma ideias arrojadas e diferentes, e não ter receio de colocá-las em prática. No fundo, é uma comunicação de produto que apela à emoção humana, mas com o intuito de ser divertida - mesmo para quem se diz imune aos golpes da publicidade. Sendo uma das ferramentas que melhor se interliga com a comunicação de relações públicas e vivendo numa época em que a publicidade convencional esgotou as saídas de apelo ao consumo, as agências começaram, agora, a alargar horizontes no método de fazer publicidade. A Torke foi a primeira agência de marketing de guerrilha em Portugal. Criada em 2005, a empresa organizou uma campanha para um site agregador de descontos, no qual presenteou mil portugueses com a transferência de um cêntimo para as suas contas bancárias. Outra das agências de comunicação não convencional é a FNYHoW. Tal como o nome indica, e como se deve pronunciar [fa-ni-háu], esta agência tem como objetivo gravar “na memória das pessoas o nome da marca ou do produto que publicita, com o ferro quente da empatia”. Pelo menos constam na sua carteira de clientes 73 empresas tão diversificadas, que vão desde operadoras de telemóvel, estações televisivas e a indústria farmacêutica até distribuidoras de carne de aves. O marketing de guerrilha é, normalmente, utilizado por pequenas e médias empresas e com menores recursos orçamentais. É uma maneira dos pequenos negócios conseguirem ganhar terreno face aos grandes concorrentes ou simplesmente continuarem ativos no mercado que operam. Texto Tânia Sousa Marques Fotografia FNYHoW

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Opinião

António Câmara Professor Catedrático na UNL e CEO da YDreams

Neste momento de crise discutem-se formas de reduzir custos e melhor distribuir a riqueza. Esses são problemas evidentes na sociedade portuguesa. Mas há outro problema a que não se presta a devida atenção: como aumentar significativamente a riqueza do País. Esse é um problema universal. Numa conferência realizada em Massachusetts, em abril deste ano (ver http://blog.masstlc. org/2010/04/notes-from-nantucket-conference.html), referia-se que a resolução desse problema passava pela criação de empresas baseadas na economia do conhecimento que atingissem rapidamente valorizações superiores a mil milhões de

dólares. Na conferência discutiram-se estratégias para o desenvolvimento desse tipo de empresas. Um fator crítico de sucesso identificado foi a existência de mentores para empreendedores. Mas a afirmação mais intrigante foi a de um interveniente que proclamou que “o pensamento racional nunca foi gerador de riqueza ou de grandeza”. Por essa razão, a criação de grandes empresas deve-se sobretudo a fundadores que optam pelo sonho e não pela razão. O desenvolvimento da YDreams tem sido norteado pelo “sonho” de criar uma empresa global baseada no conhecimento a partir de Portugal. Esse “son-

ho” tem uma base racional: existe uma massa crítica de talento em ciência, engenharia e design para poder competir em qualquer local do mundo. Mas não existe, no País, a experiência necessária no desenvolvimento de propriedade intelectual e produtos, e dos negócios associados. Não temos também acesso fácil aos media internacionais que estabelecem reputações. Uma empresa portuguesa tem assim de se subdividir geograficamente se quer triunfar internacionalmente: a investigação e o desenvolvimento podem permanecer em Portugal, mas o marketing e as vendas têm que se localizar no exterior.

A Criação de

Grandes Empresas 24


NESTA agora

NESTA agora

Workshops & Concursos Concurso Nacional de Ideais ANJE

Eventos

Ação de Imersão na metodologia Benchmarking e Boas Práticas (BBP) 10 e 11 de Julho CATIM – Centro de Apoio Tecnológico à Industria Metalomecânica, Lisboa Descrição: http://www.iapmei.pt/iapmeibmkeventos-02.php?eventoID=1606 Social Lab 2012 11 a 13 de Julho Universidade Católica do Porto Descrição: http://spinlogic.porto.ucp. pt/economiasocial/ Pitch day 10 de Julho, 18:30 - 20:30 LX Factory, Rua Rodrigues Faria 103 Edifício I - 4º Piso 1300-501 Lisboa Descrição: http://www.eventbrite. com/event/3863712468/eorg Start in Brazil 11 de Julho, 19:30 ISEG (Instituto Superior de Economia e Gestão) Descrição:http://bugdainiciativa. com/2012/07/08/start-in-brazilconferencia/ ONE Talks *Paulo Pereira* Crowdfunding: os três lados 12 de Julho, 18:30 - 20:30 LX Factory, Rua Rodrigues Faria 103 Edifício I - 4º Piso 1300-501 Lisboa Descrição http://www. oneperfectmovement.org/onetalks. htmlcom/poweremprego Summer Camp Young Audax 15 a 21 de Julho AUDAX - Empreendedorismo e Empresas Familiares Av. das Forças Armadas, Edifício ISCTE, 2W6 - 117 Descrição: http://www.audax.iscte.pt/

candidaturas a decorrer até 9 de Novembro

Descrição: http://www.anje.pt/portal/ concurso-de-ideais

“Concurso RedEmprendia 2012: Da ideia à Acção” candidaturas a decorrer até 31 de agosto Descrição: http://www.redemprendia. org/spin-2012/premio-de-la-idea-a-laaccion/%28seccion%29/introduccion

180 Cerveira Creative Camp 8 a 22 de Julho Vila Nova de Cerveira Beta-Talk 16 de Julho, 19:00 - 21:00 Beta-i, Startup Lisboa Descrição: http://beta-i.pt/betatalk/ Ignite - Portugal Resiliente 17 de Julho Lisboa Descrição: http://igniteportugal.clix. pt/2012/06/proximos-eventos-junhoe-julho.html ONE Talks *Soraya Gadit* Inovação aberta 19 de Julho, 18:30 - 20:30 LX Factory, Rua Rodrigues Faria 103 Edifício I - 4º Piso 1300-501 Lisboa Descrição http://www. oneperfectmovement.org/onetalks. htmlcom/poweremprego Construir Projetos, Empreender Carreiras – A Formação, a Orientação e o Empreendedorismo 19 e 20 de Julho Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto Descrição: http://www.iefp.pt/noticias/ Documents/XIV_Congresso_ Internacional_Formacao_Trabalho_ Norte_Portugal_Galiza/Folheto_XIV_ Congresso_Internacional_IEFP.pdf Portimão Startup Weekend 20 a 22 de Julho, 18:00 - 22:00 Portimão, Algarve Descrição: http://portimao. startupweekend.org/

Descrição: http://canal180. pt/2012/06/18/180-cerveira-creative-camp/

Empreendedorismo e Valorização do Conhecimento 4 a 14 de Julho Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da UNL Descrição: http://verao.fcsh.unl.pt/cursos/ empreendedorismo-e-valorizacao-doconhecimento

Workshop “A sala sem portas” 11 de Julho, 18:30 LX Factory, Rua Rodrigues Faria 103 Edifício I - 4º Piso Descrição: http://www.eventbrite.com/ event/3838228244/eorg

Workshop de Atitude Empreendedora João Sem Medo 11 de Julho, 18:30 - 20:00 LX Factory, Rua Rodrigues Faria 103 Edifício I - 4º Piso Description http://www.joaosemmedo.org/workshopsjoatildeo-sem-medo-center.html

Summer of Startups 16 de Julho Universidade Católica de Lisboa Descrição: http://www.fabricadestartups. com/summer/

Workshop “Tecnologia para founders não tecnológicos” 18 de Julho, 18:30 LX Factory, Rua Rodrigues Faria 103 Edifício I - 4º Piso Descrição:http://workshoptecnologiaeorg.eventbrite.com/

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