Alguns, escandalizados, gritavam: "Maldito! Maldito!" Um velho, com justiceira gravidade, apanhara duas grossas pedras. E o homem de Cafarnaum, encolhido, esmagado, ainda rosnou surdamente: —
Não fui eu, não fui eu... Eu sou de Ramá!
Gade, furioso, agarrou-o pelas barbas: —
Nesse braço, quando o arregaçaste diante do Rabi, todos te viram duas
cicatrizes curvas, como de dois golpes de foice!... E tu vais mostrá-las agora, cão e filho de um cão! Despedaçou-lhe a manga da túnica nova; arrastou-o em redor, apertado nas suas mãos de bronze, como um bode teimoso; mostrou bem as duas cicatrizes, lívidas no pêlo ruivo; e assim o arremessou desprezivelmente para entre o povo — que, levantando o pó do caminho, perseguiu o homem de Cafarnaum com apupos e com pedradas... Acercamo-nos de Gade sorrindo, louvando a sua fidelidade a Jesus. Ele, acalmado, estendera as mãos a um vendedor de água, que lhas purificava com um largo jorro do seu odre felpudo; depois, limpando-as à toalha de linho que lhe pendia do cinto: —
Escutai! José de Ramata reclamou o corpo do Rabi; o Pretor concedeu-
lhe... Esperai-me à nona hora romana no pátio de Gamaliel... Onde ides?