A CRISE DA DEMOCRACIA BRASILEIRA

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162 bres tivessem acesso à casa própria, à universidade e a algumas benesses que a classe dominante sempre reservou para si. Na perspectiva de fazer diante das políticas sociais do governo Lula, a direita emplacou um discurso de combate à corrupção via combate ao mensalão, levando o candidato das elites, o governador de São Paulo pelo PSDB, Geraldo Alckmin a defender que Lula não merecia permanecer nenhum dia a mais no governo. Teve início uma campanha em que se afirmava que Lula não poderia ganhar as eleições de 2006 e que se ganhasse não poderia tomar posse, pois o PT deveria ser banido do mapa. Essa campanha da elite paulista foi encampada por grande parte de outros setores da elite brasileira, particularmente, por aqueles que haviam apeado do governo e agora viam dificuldades em fazer valer seus projetos de dominação. Ao findar o período de governo denominado de “lulopetismo”, visto que alguns o entendiam como populista e outros como “neodesenvolvimentista”, Lula conseguiu eleger a sua sucessora. Uma mulher que havia sido guerrilheira na juventude, um fato que as elites jamais aceitariam. Com o governo Dilma, iniciado em janeiro de 2001, intensificou–se o combate à corrupção, tornou–se obrigatório o cumprimento da publicidade dos gastos e dos contratos por meio do portal da transparência. Tais acontecimentos e transformações na condução e publicização das investigações e dos investimentos públicos, como era de se esperar, encontrou muita resistência tanto no poder legislativo quanto no judiciário, bem como nos estados e municípios que relutavam em prestar contas dos seus gastos. Nesse interim, houve grande redução das verbas publicitárias, afetando os meios de comunicação de massa, que sempre viveram às custas dos recursos públicos, o que contribuiu para uma forte campanha da elite para a tomada do poder via eleição. O sistemático combate à corrupção promovido pelo governo de Dilma Vana Rousseff desagradava vários setores do Congresso Nacional. Além disso, houve uma série de manifestações de rua que se desenvolveu a partir de junho de 2013. Essas manifestações têm origem no combate ao aumento do valor das passagens de ônibus e ganham força a partir da repressão imposta aos estudantes, desencadeada pela polícia de São Paulo, comandada pelo governo do PSDB/DEM/PMDB/PPS, associado a um conjunto de partidos nanicos. Naquele momento, a presidente Dilma, aproveitando o clima das manifestações propôs uma reforma política mediante a realização de um plebiscito, proposta prontamente rechaçada pelo Congresso Nacional. Nos trilhos das manifestações, setores da direita e extrema direita buscaram a reorganização de suas bases e em nome de um suposto apartidarismo trouxeram para o debate as demandas das elites. Com o apoio da mídia e diante de um processo de crise mundial, não foi difícil mobilizar a classe média e, sobretudo, os setores miseráveis que não en-


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