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15 Tudo Desmorona

Luke tinha passado boa parte da noite assistindo ao trajeto da lua pelo teto translúcido do Salão dos Acordos, como uma moeda de prata rolando pela superfície transparente de uma mesa de vidro. Quando a lua estava quase cheia, como agora, sentia a visão se aguçando de forma correspondente e uma melhora no olfato, mesmo sob forma humana. Agora, por exemplo, detectava o cheiro do suor da dúvida, e o gosto penetrante de medo. Podia sentir a preocupação inquieta de sua alcateia na Floresta Brocelind enquanto andavam de um lado para o outro na escuridão sob as árvores e esperavam por notícias dele. — Lucian. — A voz de Amatis ao seu ouvido era baixa, porém aguda. — Lucian! Despertado do devaneio, Luke lutou para focar os olhos exaustos na cena diante de si. Era um grupinho pequeno e desigual, o daqueles que haviam concordado em ao menos ouvir seu plano. Menos do que esperava. Muitos que conhecia da antiga vida em Idris — os Penhallow, os Lightwood, os Ravenscar — e todos os que tinha acabado de conhecer, como os Monteverde, que governavam o Instituto de Lisboa e conversavam em uma mistura de português e inglês, ou Nasreen Chaudhury, o cabeça do Instituto de Mumbai. Seu sári verdeescuro era estampado em símbolos elaborados de uma prata tão brilhante que Luke instintivamente se encolheu ao passar por perto. — Sério, Lucian — disse Maryse Lightwood. O pequeno rosto branco estava marcado por exaustão e pesar. Luke não esperava realmente que ela ou o marido viessem, mas concordaram assim que ele mencionou. Supunha que deveria se sentir grato por sequer estarem aqui, mesmo que a tristeza tendesse a deixar Maryse com o humor mais mordaz que o habitual. — Foi você que nos quis aqui; o mínimo que pode fazer é prestar atenção. — Está prestando — Amatis estava sentada sobre as pernas como uma menina, mas tinha a expressão firme —, não é culpa de Lucian estarmos dando voltas e voltas há uma hora. — E vamos continuar dando voltas e voltas até encontrarmos uma solução — disse Patrick Penhallow, com certa irritação na voz. — Com todo o respeito, Patrick — disse Nasreen, com seu sotaque melodioso —, pode ser que não haja solução para esse problema. O melhor que podemos esperar é um plano. — Um plano que não envolva escravização em massa ou... — começou Jia, esposa de


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