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Sociedade acelerada
OPORTUNIDADES X PROBLEMAS URBANOS
SOCIEDADE ACELERADA SOCIEDADE DOENTE ?
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Outro aspecto característico da vida contemporânea nos grandes centros urbanos é a alteração da percepção do tempo e a instauração de uma sociedade com estilo de vida acelerado. Vivemos absortos em um mundo no qual o tempo, o passar das horas e dos dias, é regido pela ânsia da produtividade. Tempo equivale à dinheiro, ao capital, à produção, ao ter e ao acumular. O ócio, o tempo “improdutivo”, equivale a ausência de uma ação intencionada e ao desperdício dos recursos acima citados. Estamos todos correndo uma corrida descompassada contra nós mesmos, com fins que muitas vezes nem sabemos quais são. Agir, produzir, consumir, descartar, recomeçar.
A rotina nas grandes cidades é pautada pelos deslocamentos casatrabalho, trabalho-casa, em meios de transporte coletivo lotados, ou então em automóveis individuais trancafiados no trânsito. As pausas para as refeições são curtas pois precisa-se voltar à produzir. As noites, após longos dias de trabalho o indivíduo se vê cansado, procurando formas de lazer alienantes. Os momentos de lazer e a convivência com o próximo são esporádicos.
Essa aceleração da rotina e as incalculáveis demandas nos colocam em um estado de tensão constante, todos os dias, todas as semanas, todos os meses e todos os anos. Sempre com a sensação de falta de tempo, o tempo passa sem que o indivíduo se dê conta, absorto que está no processo de produzir por produzir.
Não apenas no âmbito profissional, mas em todos os demais aspectos da vida cotidiana o indivíduo se vê aprisionado ao movimento constante, a necessidade de eficiência em tudo que faz, sujeito à uma sociedade hiperativa que acelera o ritmo natural da vida (BRITO, 2000).
A imersão nas novas tecnologias intensifica tal percepção da aceleração do tempo. Redes sociais que nos soterram com uma quantidade de informações nunca antes vista. Reportagens, notícia, cursos, tudo disponível com o movimento de nosso polegar. Inúmeros estilos de vida que podemos ter, de atividades que podemos fazer, lugares que podemos visitar, performances que devemos executar. E o tempo passa sem que possamos acompanhar, submersos em um ideal do que devemos ser, fazer e ter.
Estafa, ansiedade, estresse, síndrome de burnout se tornaram patologias corriqueiras, sintomas comuns de uma sociedade que não pára para viver o agora. Levantamentos realizados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2020 demonstram que cerca de 33% da população mundial sofrem de episódios de ansiedade, e que o Brasil representa o país com a maior taxa de ocorrência de transtornos de ansiedade, chegando a 9,3% da população do país. Quanto à depressão, 5,8% da população brasileira encontra-se afetada, representando o quinto país com a maior incidência da doença.
Agrega-se ao estilo de vida acelerado das metrópoles brasileiras, diversos outros fatores de risco para o desenvolvimento dessas patologias, tais como a situação econômica do país, a alta taxa de desemprego, a desigualdade social e os altos níveis de pobreza. (BRITO, 2000).
Apesar do tempo cronológico permanecer o mesmo, as altas demandas e os incessantes estímulos aos quais estamos sujeitos nas grandes cidades alterou nossa percepção do passar do mesmo. Somam-se à essa rotina incessante diversos aspectos físicos das grandes cidades que configuram estressores ambientais presentes na situação atual do cotidiano da população, os quais serão abordados a seguir.