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UM ESPAÇO DE SOCIABILIDADE E IDENTIDADE: O CASO DA PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA – GUARAPARI/ES

ANA LUISA BARBOSA DE SOUSA


UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO

ANA LUISA BARBOSA DE SOUSA

UM ESPAÇO DE SOCIABILIDADE E IDENTIDADE: O CASO DA PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA – GUARAPARI/ES

VILA VELHA 2018


ANA LUISA BARBOSA DE SOUSA

UM ESPAÇO DE SOCIABILIDADE E IDENTIDADE: O CASO DA PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA - GUARAPARI/ES

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Vila Velha como pré-requisito da graduação em Arquitetura e Urbanismo. Sob a orientação da professora Ângela Gomes de Souza.

VILA VELHA 2018


ANA LUISA BARBOSA DE SOUSA UM ESPAÇO DE SOCIABILIDADE E IDENTIDADE: O CASO DA PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA – GUARAPARI/ES

VILA VELHA 2018


Àqueles que mais amo na vida: Deus, meus pais, meus irmãos, sobrinhos, meus avós,meu marido e às minhas filhas de quatro patas.



AGRADECIMENTOS Há momentos em nossas vidas em que anjos caminham conosco disfarçados de familiares, amigos, professores, colegas, conhecidos. Nesta longa caminhada que agora encerramos, muitos foram os anjos que me acompanharam, amenizando as dificuldades e imprimindo leveza aos percalços. Meus Pais, Paulo César e Maria José, exemplos de dedicação e amor incondicional; meus irmãos, Letícia e Júnior, sempre presentes; meu esposo,Lucas e sua família pelo acolhimento e carinho; minha prima Kátia e meu tio Edson pelo carinho e atenção; minha orientadora Ângela e meus queridos mestres, cujos conhecimentos compartilhados ajudaram a construir a profissional que sou hoje; meus amigos, em especial a Nayra e Monick, amigas que tanto me ajudaram nessa longa jornada; a todos vocês, anjos em minha vida, gratidão eterna. A todos que torceram e de alguma forma participaram desta jornada acadêmica, o meu carinho e abraço. Meu Deus, obrigada pelo dom da vida e por me permitir compartilhar esta vitória com as pessoas que amo!

Ana Luisa Barbosa de Sousa



“Seja a mudança que você quer ver no mundo”. – Mahatma Gandhi


RESUMO Este trabalho apresenta um estudo e análise para requalificação da praça João Marques Pereira, mais conhecida como Praça dos Golfinhos ou Praça do Coliseu, no bairro Muquiçaba, em Guarapari no Espírito Santo. A partir da observação da precária situação em que se encontra toda a estrutura física do espaço e mais o descaso do poder público verificou-se um grave processo de deterioração do local. Além dessas constatações, considerou-se a questão da mobilidade urbana no seu entorno que não oferece estrutura eficiente para atender à demanda necessária nos pontos nodais, dificultando a circulação e a travessia de pedestres. Para tanto buscou-se através de estudos, pesquisas, levantamentos, observações in loco e conversa com os moradores uma intervenção projetual paisagística na Praça João Marques Pereira e em seu entorno imediato, de modo a proporcionar maior qualidade, mobilidade e segurança aos moradores e transeuntes sem modificar os usos existentes e o senso de pertencimento da comunidade para com o local. Palavras chave: deterioração; requalificação; identidade; mobilidade.


ABSTRACT This paper presents a study and analysis for refurbishment of the square João Marques Pereira, better known as Dolphin Square or square of the Colosseum, in the Muquiçaba district, in Guarapari, Espírito Santo. From observation of the precarious situation the entire physical structure of space and the neglect of the Government there has been a serious deterioration of the local process. In addition to these findings, has considered the issue of urban mobility in its environment that does not provide efficient structure to meet the demands required in nodal points, hindering the circulation and the pedestrian crossing. To this end sought through studies, research, surveys, on-the-spot observations and conversations with residents a landscape design intervention on the square João Marques Pereira and in itsimmediate surroundings, in order to provide higher quality, mobility and safety to the residents and passers-by without modifying the existing uses and the sense of belonging to the local community. Keywords: deterioration; requalification; identity; mobility.


LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Ágora de Atenas.....................................................................................................................................................................25 Figura 2 - Parque de Luxemburgo - Paris...............................................................................................................................................25 Figura 3 - Praça Nossa Senhora da Paz (RJ).........................................................................................................................................25 Figura 4 - Ilustração de praça medieval..................................................................................................................................................25 Figura 5 - Central Park - NY....................................................................................................................................................................25 Figura 6 - Igreja de Nossa Senhora do Carmo (Mariana – MG).............................................................................................................28 Figura 7 - Passeio Público do Rio de Janeiro (1860)..............................................................................................................................29 Figura 8 – Esquema: configuração de espaços livres públicos..............................................................................................................32 Figura 9 – Esquema: critérios de qualidade que respeitam a paisagem do pedestre ...........................................................................35 Figura 10 - Praça da República - Belém, PA...........................................................................................................................................38 Figura 11 - Piazza Del Campo - Siena, Itália...........................................................................................................................................38 Figura 12 - Praça da Liberdade - Belo Horizonte, MG............................................................................................................................38 Figura 13 – Praça Horácio Sabino antes da reforma (s/d)......................................................................................................................39 Figura 14 – Reunião de moradores na Praça Horácio Sabino...............................................................................................................40 Figura 15 - Perspectiva do novo projeto.................................................................................................................................................41 Figura 16 – Perspectiva da area de descanso e lazer da nova praça....................................................................................................41 Figura 17 – Perspectiva das novas áreas e ambiências do projeto........................................................................................................41 Figura 18 - Perspectiva das novas áreas de lazer..................................................................................................................................41 Figura 19 – Novas áreas de lazer após intervenção...............................................................................................................................42 Figura 20 - Reunião de moradores e usuários na praça.........................................................................................................................42 Figura 21 – Implantação geral das Praças..............................................................................................................................................43 Figura 22 – Vista da Praça Matriz...........................................................................................................................................................44 Figura 23 – Mural da Praça Nove de Julho.............................................................................................................................................45 Figura 24 – Continuidade da Praça da Matriz.........................................................................................................................................45 Figura 25 – Cortes esquemáticos da Praça............................................................................................................................................46 Figura 26 – Cobertura criada pelo edifício..............................................................................................................................................47 Figura 27 – Vista da Praça Nove de Julho..............................................................................................................................................47 Figura 28 - Time de futebol infantil de Muquiçaba na década de 90.......................................................................................................51 Figura 29 - Praça do projeto original (2001)............................................................................................................................................52 Figura 30 - Praça do projeto original (2001)............................................................................................................................................52 Figura 31 - Área de permanência da praça atual (2018) .......................................................................................................................53 Figura 32 - Pátio aberto da praça atual (2018) ......................................................................................................................................53 Figura 33 - Largo dos Golfinhos 2018 ...................................................................................................................................................53


Figura 34 - Placa no largo dos Golfinhos................................................................................................................................................53 Figura 35 - Largo dos Golfinhos..............................................................................................................................................................55 Figura 36 - Vista da rotatória para a R. Antônio Saraiva.........................................................................................................................56 Figura 37 - Vista da rotatória para a Av. Praiana.....................................................................................................................................56 Figura 38 - Vista da rotatória para a R. Antônio Lino Bandeira ..............................................................................................................57 Figura 39 - Vista da rotatória para a R. Aristides Caramuru....................................................................................................................57 Figura 40 - R. Manuel Lino B..................................................................................................................................................................58 Figura 41 - R. do Céu..............................................................................................................................................................................58 Figura 42 - R. Manuel Lino B..................................................................................................................................................................59 Figura 43 - R. Manuel Lino B..................................................................................................................................................................59 Figura 44 - R. Antônio Lino Bandeira......................................................................................................................................................60 Figura 45 - Fundos da loja Sipolatti na R. Antônio Lino Bandeira (2018)..............................................................................................60 Figura 46 - Barreiras físicas no entorno da praça (2018)........................................................................................................................60 Figura 47 - Mutirão formado para reformar a Praça (2013)....................................................................................................................63 Figura 48 - Mobiliário existente na praça (2018).....................................................................................................................................63 Figura 49 – Espaço interno da praça (2018)...........................................................................................................................................64 Figura 50 - Movimento na praça durante a noite de seresta (2018).......................................................................................................64 Figura 51 - “Churrasquinho” situado em frente à Praça (2018)..............................................................................................................65 Figura 52 - Festa Junina da comunidade................................................................................................................................................65 Figura 53 - Projeto Banho da Vida (2018)...............................................................................................................................................66 Figura 54 e 55 - Projeto Banho da Vida / Banheiro móvel. ....................................................................................................................66 Figura 56 - Diagrama de bolhas..............................................................................................................................................................72 Figura 57 - Planta de implantação..................................................................................................................................................74 e 76 Figura 58 - Perspectiva do eixo visual para o jardim criado e a rotatória...............................................................................................76 Figura 59 - Perspectiva do eixo visual para o jardim..............................................................................................................................77 Figura 60 - Perspectiva do eixo visual para o pátio interno....................................................................................................................77 Figura 61 - Perspectiva do setor de permanência..................................................................................................................................78 Figura 62 e 63 - Perspectiva do setor de recreação infantil....................................................................................................................79 Figura 64 - Perspectiva do setor de contemplação.................................................................................................................................80 Figura 65 - Perspectiva do setor de contemplação.................................................................................................................................80 Figura 66 - Perspectiva da área do palco...............................................................................................................................................81 Figura 67 e 68 - Vista para o pátio interno..............................................................................................................................................81 Figura 69 - Vista do eixo visual...............................................................................................................................................................82 Figura 70 - Vista para a área de permanência........................................................................................................................................83 Figura 71 - Vista geral praça...................................................................................................................................................................84


Figura 72 - Vista geral da praรงa..............................................................................................................................................................85 Figura 73 - Vista do eixo visual para a rotatรณria......................................................................................................................................86 Figura 74 - Vista lateral da praรงa............................................................................................................................................................87 Figura 75 - Perspectiva ANTES..............................................................................................................................................................88 Figura 76 - Perspectiva DEPOIS.............................................................................................................................................................88 Figura 77 - Perspectiva ANTES..............................................................................................................................................................89 Figura 78 - Perspectiva DEPOIS.............................................................................................................................................................89 Figura 79 - Perspectiva ANTES..............................................................................................................................................................90 Figura 80 - Perspectiva DEPOIS.............................................................................................................................................................90 Figura 81 - Perspectiva ANTES..............................................................................................................................................................91 Figura 82 - Perspectiva DEPOIS.............................................................................................................................................................91


LISTA DE MAPAS MAPA 1 - Localização nacional..............................................................................................................................................................49 MAPA 2 - Localização regional...............................................................................................................................................................50 MAPA 3 - Uso do Solo............................................................................................................................................................................54 MAPA 4 - Hierarquia das vias.................................................................................................................................................................55 MAPA 5 - Vias circundantes...................................................................................................................................................................56 MAPA 6 - Problemas e potencialidades.................................................................................................................................................58 MAPA 7 - Equipamentos significativos...................................................................................................................................................61 MAPA 8 - Análise da área.......................................................................................................................................................................62

LISTA DE QUADROS Quadro 1: Linha do tempo – evolução das praças..................................................................................................................................26 Quadro 2 - Classificação das praças......................................................................................................................................................39 Quadro 3 - Fragilidades e potencialidades..............................................................................................................................................69

LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Grau de satisfação sobre o pórtico........................................................................................................................................74


SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO..................................................................................................................................................... 19 2 ESPAÇOS LIVRES DE USO PÚBLICO............................................................................................................ 24 2.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS PRAÇAS........................................................................................................ 24 2.2 A FUNÇÃO DA PRAÇA NO CONTEXTO URBANO....................................................................................... 31 2.3 CLASSIFICAÇÕES........................................................................................................................................... 37 2.4 ESTUDO DE CASO . ....................................................................................................................................... 39 2.4.1 Projeto de revitalização da praça Horácio Sabino................................................................................................................... 39 2.4.2 REQUALIFICAÇÃO DE PRAÇAS EM CATANDUVA ................................................................................................................. 43

3 ÁREA DE ESTUDO............................................................................................................................................. 49 3.1 ANÁLISES DO ENTORNO............................................................................................................................... 54 3.2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO................................................................................................ 58


4. PROPOSTA DE PROJETO DE INTERVENÇÃO............................................................................................. 68 4.1 DIRETRIZES..................................................................................................................................................... 70 4.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES E SETORIZAÇÃO................................................................................. 72 4.3 ESTUDO PRELIMINAR................................................................................................................................... 73 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................................................................... 84 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................................................................... 85


01 INTRODUÇÃO


1 INTRODUÇÃO

exerce no contexto atual junto à comunidade em que se insere, com

Praças e parques são espaços livres de uso público de fundamental importância para as cidades. São áreas de respiro, que influenciam diretamente no microclima local e no consumo enérgico do

estudo da herança histórica, seu caráter funcional, sua posição relativa na estrutura urbana, análise dos principais usos e expectativa dos usuários para com o referido espaçou público e seu entorno.

seu entorno, além de serem ambientes de convívio social, práticas

A precária situação em que se encontram os elementos que consti-

de atividades esportivas e de lazer.

tuem a estrutura física do local em estudo - tais como: mobiliário, ve-

As cidades vêm crescendo, se desenvolvendo e verticalizando, tornando a convivência entre as pessoas cada vez mais distante. Na cidade contemporânea, os espaços públicos têm se tornado áreas de passagem da sociedade compromissada, deixando de cumprir, muitas vezes, seu papel primordial de espaço de descanso, lazer

getação, calcamento, edificações e pintura -, propicia a ocorrência de atos de vandalismos e atividades ilícitas. Juntando-se a estes aspectos negativos o descaso do poder público para com a praça. Todas as questões acima relacionadas sinalizam claramente um processo de deterioração grave do local.

e convívio (ALEX, 2008). “Os elementos móveis de uma cidade e,

Considerando o aspecto da funcionalidade da praça, há ainda de se

em especial, as pessoas e suas atividades são, com certeza, tão

atentar para a questão da mobilidade urbana no seu entorno. É cons-

importantes quanto as partes físicas estacionárias. Não somos só

tante o fluxo de veículos e pedestres. No entanto, o local não possui

meros observadores desse espetáculo, mas parte dele” (LYNCH,

estrutura ideal nos pontos nodais para atender à demanda de traves-

2010, p. 1-2)

sia e circulação da população, constituindo perigo e transtorno para

Nesse contexto, o presente trabalho tem como temática a requa-

os transeuntes.

lificação da Praça João Marques Pereira – mais conhecida como

O trabalho se divide em cinco capítulos a partir da introdução, que

Praça dos Golfinhos ou Praça do Coliseu –, situada no Bairro Mu-

buscou, de forma sucinta, a identificação de um problema a respeito

quiçaba, em Guarapari ES. Busca identificar o papel que a praça

da pesquisa escolhida, de modo a nortear as etapas seguintes.

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O segundo capítulo buscou destacar os principais objetivos a serem

respeito do espaço, da comunidade, dos reais problemas e neces-

alcançados a partir do problema identificado e justificar a escolha do

sidades daquele local.

tema baseando-se em uma metodologia de análises, pesquisas e embasamentos teóricos que busquem chegar a melhor conclusão sobre a proposta a ser desenvolvida.

Além do visível descaso do poder público para com a Praça João Marques Pereira, localizada na cidade de Guarapari/ES, e a deterioração existente na mesma e no contexto em que se insere, de-

Em seguida, o terceiro capítulo se subdivide em três, em que um em-

ve-se atentar para a questão da mobilidade urbana no seu entorno.

basamento histórico foi realizado com o objetivo de compreender a

Devido ao fluxo constante, não há estrutura ideal para atender à

origem e a evolução das praças num contexto geral baseado nas con-

demanda necessária nos pontos nodais, dificultando a circulação e

cepções de autores e artigos. Estes buscaram, ao longo das distintas

a travessia de pedestres. A precária situação em que se encontram

épocas e locais, retratar como este espaço público influenciou a vida

os elementos da praça - como o mobiliário público, a vegetação e o

das pessoas desde os primórdios da civilização até o momento pre-

calçamento - dá margem a atos de vandalismo e atividades ilícitas

sente no Brasil e no mundo.

no local.

O quarto capítulo traz, como exemplo, a revitalização da praça Horá-

Como solucionar os problemas de mobilidade urbana do entorno

cio Sabino, localizada na cidade de São Paulo. Através desse estudo

da Praça e promover uma intervenção que mantenha os usos atu-

de caso, possibilitou-se a análise do espaço urbano que sofreu inter-

ais proporcionando um ambiente mais agradável para os morado-

venções de melhorias promovidas pelos próprios moradores locais,

res locais e os transeuntes?

segundo a necessidade dos mesmos.

O desenvolvimento deste trabalho tem como objetivo geral propor,

Por fim, o último capítulo, através da metodologia desenvolvida, ba-

a partir das informações levantadas acerca destas questões, uma

seia-se em uma análise geral sobre o histórico da área selecionada

intervenção projetual paisagística na Praça João Marques Pereira

e o diagnóstico do entorno. Foi possível uma melhor compreensão a

e em seu entorno imediato, de modo a proporcionar maior qualida-

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de, mobilidade e segurança sem modificar os usos existentes e o

cos nas cidades para o convívio e a prática social. As áreas abertas,

senso de pertencimento da comunidade para com o local.

como praças e parques, são de fundamental importância para a so-

Visando atingir o objetivo principal da pesquisa sobre como proporcionar um espaço mais agradável e seguro aos usuários, têm-se como objetivos específicos: •

Conhecer a opinião dos moradores locais em relação à pra-

vés de pesquisas de campo e entrevistas. Identificar as principais potencialidades e necessidades da

Identificar, através de pesquisas bibliográficas e de obser-

com que ocorrem e o motivo de acontecerem ali.

Outro fator de grande influência na escolha foi o fato de se tratar de

atentamente a vitalidade e o uso daquela área pelos moradores lo-

vidades sazonais ocorrem na praça, como a festa de São Pedro, de importância municipal, além de eventos beneficentes, durante o mês. Para atingir os objetivos específicos anteriormente citados, a metodo-

Pontuar os principais problemas e carências da área, atra-

vés das observações realizadas durante as visitas no local. •

ticas de atividades físicas e lazer.

cais, apesar de seu precário e visível estado de conservação. Festi-

vações in loco, os usos mais característicos da praça, a frequência

que influenciam diretamente nos microclimas e no consumo energéti-

um espaço de passagem rotineiro da autora, que sempre observou

comunidade para com o espaço público e seu entorno. •

a tais usos pelo plano diretor municipal. Trata-se de áreas de respiro,

co do seu entorno, além de serem ambientes de convívio social, prá-

ça, seu entorno e o estado em que se encontram atualmente, atra-

ciedade e para os centros urbanos, sendo previstas zonas destinadas

Analisar as informações e os dados levantados acerca de

todo o perímetro da área de estudo.

logia deste trabalho se desenvolveu baseada em pesquisas bibliográficas de Gehl, 2015 e Alex, 2008, entre outros autores, intimamente relacionadas com o tema de urbanismo, a relação do homem com o espaço urbano e o lazer público de qualidade. Através dos levantamentos realizados na área da praça por meio de

A escolha do tema deu-se devido à importância dos espaços públi-

entrevistas, questionários, mapeamentos para diagnóstico, dentre ou-

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tros meios de leitura do espaço urbano, buscou-se compreender as maiores ações de intervenção do referido espaço público. O objetivo foi promover e incentivar as práticas sociais dentro da comunidade em que se insere, atentando aos usos e costumes, história local, identidade do espaço público e de seu entorno, melhorar a imagem da praça com agregação de valores estéticos e sobretudo manter o senso de pertencimento dos moradores para com a praça. A inexistência de uma bibliografia e de documentos legais acerca da praça e do bairro em que se insere, foi uma das limitações e dificuldades encontradas para a realização deste estudo. Todavia, os registros pessoais dos moradores contribuíram de forma significativa para a minimização dessa problemática.

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02 ESPAÇOS LIVRES DE USO PÚBLICO NOVEMBRO 2018 - PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA

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2 ESPAÇOS LIVRES DE USO PÚBLICO

blicos sofreram transformações tanto no uso quanto nas suas formas.

Inicialmente, neste primeiro capítulo busca-se compreender o sur-

Na atualidade, as praças têm se mostrado como meros espaços livres

gimento e evolução dos espaços públicos, em especial a praça,

em meio à malha urbana, sem uso e vitalidade. Raros são aqueles

assim como seu papel e importância no contexto urbano na socie-

que preservam seus valores intrínsecos e uma vitalidade que se torna

dade.

cada dia mais escassa.

2.1 ORIGEM E EVOLUÇÃO DAS PRAÇAS Para Robba e Macedo (2008, p. 09) “praças são espaços livres de edificação, públicos e urbanos, destinados ao lazer e ao convívio da população, acessíveis aos cidadãos e livres de veículos.” A partir da concepção da palavra – praça – até a sua finalidade formal, este espaço pode ser definido, desde os primórdios da vida em sociedade, como um espaço livre, público, acessível a todos, destinado ao uso e convivência da população.

Para se fazer entender como se deu esse processo evolutivo, é de suma importância que se compreenda, mesmo que brevemente, parte de seu processo histórico. (Ver quadro 1.) Pensar no espaço da praça, na sua origem, é sem dúvida retomar duas noções representadas na figura da Ágora e do Fórum: o lugar da ‘vida cívica’ e o lugar de encontro dos citadinos. Este espaço, enquanto centro cívico da cidade, constituiu-se no primeiro elemento simbólico da praça. (CALDEIRA, 1998)

Desde as ágoras gregas - grandes praças abertas, rodeadas por mercado e outros edifícios, onde a população se encontrava para tratar de assuntos comerciais, políticos, religiosos ou filosóficos, (BENEVOLO, 1999) - e os templos romanos, a praça exerce papel fundamental na vida de uma sociedade. Contudo, do seu surgimento para as cidades contemporâneas, estes espaços livres pú24

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Quadro 1: Linha do tempo – evolução das praças Figura 1 - Ágora de Atenas

Figura 2 - Parque de Luxemburgo - Paris

Figura 3 - Praça Nossa Senhora da Paz (RJ)

Fonte: Universal History Archive (2015)

Fonte: Acervo pessoal (2015)

Fonte: Equipe Anna Ramalho (2015)

SÉC. V a.C Ágoras gregas e Fóruns Romanos

Séc. XVIII Jardins como espaço de contemplação.

Séc. XX Praças ajardinadas como espaço de lazer, prática de atividades e contemplação.

SÉC. XIV - Idade Média Praças como local de comércio, encontro, festividades, e aplicação da justiça Figura 4 - Ilustração de praça medieval

Fonte: FEE (2016)

Séc. XIX Parques urbanos

Figura 5 - Central Park - NY

Fonte: JM MADEIRA (2018)

Fonte: (ALEX, 2008); (ROBBA e MACEDO, 2002); (BENEVOLO, 1999) – Adaptado pela autora NOVEMBRO 2018 - PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA

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Sitte (1992) descreve o Fórum Romano como um espaço construído

centista definiu “uma praça radicalmente distinta das praças das pe-

segundo os mesmos princípios das Ágoras Gregas diante de suas

quenas cidades medievais, tanto na aparência quanto na sua fun-

funções, mas que se diferenciava quanto às suas formas.

ção.” Esse período retratou a ruptura do poder civil com a igreja e o

Da mesma maneira, os monumentais edifícios públicos circundavam

ressurgimento do comércio (CALDEIRA, 1998).

o centro da praça, mas seu acesso era mais restrito, onde menos

Até meados do séc. XVIII, as praças existentes, como áreas de en-

ruas desembocavam no seu entorno, não prejudicando o fechamen-

contro e socialização, estavam geralmente relacionadas à existên-

to do espaço. Tratava-se de um espaço que igualmente representa-

cia de mercados populares ou ao entorno de edificações públicas,

va local de importantes discussões sociais daquela sociedade.

como igrejas e catedrais (ALEX, 2008). Com o passar dos anos,

Anos mais tarde, no séc. XIV, durante a Idade Média, as praças medievais europeias conservavam dois centros principais:

as praças foram configurando novas tipologias e adquirindo novas funções. No final do séc. XVIII e início do séc. XIX, começou a surgir o desenho de espaços livres destinados ao uso coletivo como pas-

“[...] a catedral, com sua praça, ou parvis representando o poder institucional, e a praça-mercado, um local de trocas, serviços e atividades sociais. Havia ainda um mercado junto a uma das portas da cidade e pequenas vendas espalhadas pelos trechos alargados de certas vias, na frente de oficinas.” (ALEX, 2008, p. 31)

seios públicos e alamedas, mas que ainda se restringiam aos usos

Já ao final do séc. XIII, na passagem da Idade Média para o Renas-

A partir do séc. XIX, houve uma mudança significativa desses es-

cimento, surgem as primeiras Piazzas italianas, que se configuram

paços livres, de praças públicas localizadas junto à malha urbana

como espaços amplos preocupados com a beleza e rodeados por

em meio à vida civil, a áreas de grandes dimensões que se configu-

edificações públicas e mercantis, que surgiram de modo a centrali-

ravam no centro das grandes cidades, dando origem aos parques

zar e enfatizar o poder cívico (CALDEIRA, 1998).

públicos. Estes surgiram sob influência dos jardins particulares da

Conforme Sennet (1988, p. 74), esse novo modelo de praça renas26

característicos dos jardins palacianos de passeios de contemplação (ROBBA e MACEDO, 2002).

aristocracia inglesa do séc. XVII, como uma alternativa ao adensa-

NOVEMBRO 2018 - PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA


mento populacional das grandes metrópoles do período pós-indus-

Em contrapartida, o surgimento das praças no Brasil se deu a partir

trial. O primeiro parque consolidado aos moldes dos jardins ingleses

das cidades coloniais que se consolidavam sempre “a partir da do-

foi o Central Park de Nova Iorque, em 1858. Sua construção foi pla-

ação de uma área de sesmaria para determinado santo, com a con-

nejada com a justificativa de descongestionar a cidade, através da

sequente construção de uma capela e instituição de uma paróquia

criação de uma “ilusão” de área rural separada da cidade. Nesse

em seu louvor.” (ROBBA e MACEDO, 2002, p. 18).

contexto, Alex (2008) define esse novo padrão como um movimen-

“Em geral, o centro era destinado à capela e seu adro, enquanto o espaço ao redor se destinava a áreas onde surgiriam o cemitério e o rossio. Havendo sobra, o espaço era retalhado em pequenos pedaços de terra (lotes), que eram, então, concedidos aos agregados da sesmaria (empregados, escravos, alforriados, comerciantes), que pagavam o respectivo foro1 à paróquia.” (ROBBA e MACEDO, 2002, p. 18)

to “anticidade” marcado pela desvinculação dos espaços públicos livres com a cidade e seu entorno. (ALEX, 2008) Para Gehl (2015), a priorização dada ao acomodamento do tráfego de automóveis - derivado do crescimento desordenado das cidades e da suburbanização, citada por Alex (2008) como as habitações e

A origem das praças e dos núcleos urbanos no Brasil, enquanto

centros comerciais que passaram a se separar espacialmente dos

colônia de Portugal, se deu de forma semelhante às das cidades

centros urbanos - deixou a população esquecida e negligenciada.

medievais europeias, mas se diferenciavam quanto aos usos e mor-

Essa nova realidade passou a adotar espaços cada vez mais iso-

fologia. Construía-se uma igreja ou capela no centro de determinada

lados do contexto urbano, diferenciando-se completamente dos an-

área e era no seu entorno que se consolidava o núcleo da povoação

tigos espaços de lazer e convivência pública. As pessoas passa-

a partir da construção de casario e outras edificações (ALEX, 2008).

ram a se sentir mais seguras e mais confortáveis em áreas de lazer comuns de condomínios privados e shoppings centers. Segundo o autor, as pessoas que ainda usufruem desses espaços públicos são “cada vez mais maltratadas”.

Foi justamente este espaço deixado em frente à igreja, denominado adro, juntamente com os edifícios que iam sendo construídos no seu 1

“No sistema de concessão de terras – que vigorou até 1850 – o sesmeiro pagava o foro para o capitão da respectiva capitania, que, por sua vez, também destinava certa quantia à coroa portuguesa como pagamento pelo usufruto daquela terra.” (Robba e Macedo, p. 18)

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entorno, que consolidou a formação dos primeiros espaços públicos

Os autores destacam ainda a importância dos edifícios religiosos no

livres nas cidades coloniais brasileiras dando origem à formação da

surgimento das primeiras cidades, onde, segundo as heranças por-

praça. Os usos englobavam todos os tipos de atividades, de sacras

tuguesas “[...] a ascendência religiosa daqueles tempos ditava leis,

a profanas, de civis a militares no mesmo local (ROBBA e MACEDO,

corrigia costumes, criava hábitos, incentivava práticas que o velho

2002).

Portugal herdara aos seus filhos e que estes transmitiram, no Brasil,

A exemplo dos modelos dessa época, podemos observar algumas

aos seus descendentes.”.

praças no entorno de igrejas históricas espalhadas pelo país, que

De acordo com Caldeira (1998), até meados do séc. XIX, as praças

datam do período colonial. (Figura 6)

no Brasil eram constituídas de vazios que raramente apresentavam

Figura 6 - Igreja de Nossa Senhora do Carmo (Mariana – MG)

algum equipamento decorativo. A preocupação com elementos decorativos e vegetação aparece somente depois do surgimento dos primeiros jardins públicos. Tempos mais tarde, inspirado pelas novas ideias europeias, surgia no final do séc. XVIII, o Passeio Público do Rio de Janeiro (Figura 7), o primeiro jardim público do Brasil inspirado nos modelos dos jardins ingleses. O jardim era composto de belas esculturas, árvores e plantas nativas que tentavam reproduzir a aparência dos parques contemporâneos europeus e destinava-se ao uso público para descanso e contemplação da paisagem (ROBBA e MACEDO, 2002).

FONTE: Crônicas Macaenses (Foto: Rogério P. D. Luz)

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forma de embelezamento da cidade. A própria população passou a

Figura 7 - Passeio Público do Rio de Janeiro (1860)

valorizar o uso da vegetação em suas residências. Estas “passaram a constituir um elemento considerável no conjunto das edificações e dos espaços livres das cidades brasileiras.” (ROBBA e MACEDO, 2002, p. 25). Para os autores, a praça ajardinada foi o resultado de uma junção entre praça e jardim, e surgiram como forma de embelezamento e modernização dos espaços urbanos. A tradição de desfile da elite FONTE: Crônicas Macaenses (Foto: Rogério P. D. Luz)

Contudo, Robba e Macedo (2002) discorrem que a realidade do Brasil na época, bem diferente dos padrões europeus enquanto sociedade, não conseguiu manter a vitalidade e o uso desejado para aquele espaço, que acabou entrando em decadência, ficando vazio, inseguro e consequentemente sem o apoio e investimento do poder público para aquela área. Somente anos mais tarde, em meados do século XIX, o Passeio Público veio a ser reformado com o objetivo de retomar a vitalidade daquele espaço. Tal acontecimento ocorreu junto a uma série de mudanças relacionadas ao papel das áreas verdes no contexto urbano. Ruas, residências, praças e quintais passaram a contemplar jardins como

nos jardins públicos passou a ser exibida nas novas praças projetadas. Na atualidade, o novo modelo de praça influenciado pelas culturas inglesa e francesa adotou um padrão paisagístico que engloba estilos e influências diversos. Além da questão de embelezamento, o uso da vegetação foi amplamente adotado e valorizado nas cidades de forma a amenizar os efeitos da urbanização intensa dos grandes centros urbanos (ALEX, 2008). O autor ainda descreve que, a partir da segunda década do século XX, as cidades brasileiras começaram a se expandir rapidamente após a implantação do modelo de produção industrial e o aumento da atividade comercial. A população começou a migrar do interior

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e de áreas rurais para os grandes centros urbanos em busca de

“Parques e praças passaram a englobar, em seus programas, o lazer ativo – principalmente as atividades esportivas e a recreação infantil - seguindo exemplo dos jardins particulares [...]”. Foi nesse período que surgiram os playgrounds, as quadras esportivas e pistas de caminhada nos espaços públicos urbanos. “[...] o lazer contemplativo nunca deixou de ser proposto; e o lazer cultural é apresentado como inovação, com a implantação de museus e pavilhões de exposição” (ROBBA e MACEDO, 2002, p. 35-36).

emprego. Esse adensamento populacional provocou uma redução da quantidade de espaços livres, principalmente daqueles considerados informais como campos, várzeas e arrabaldes, que foram ocupados para dar lugar a edifícios. Consequentemente, conforme a cidade crescia e se expandia, mais se fazia necessário o uso de áreas livres para o lazer da sociedade.

A década de 70 foi marcada pelo crescimento exagerado de grandes metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo. Os espaços livres pú-

Os padrões ecléticos ainda predominavam nos espaços públicos

blicos tornaram-se indispensáveis áreas de lazer para a cidade. “Os

existentes quanto ao uso, que se restringia ao passeio e contem-

parques são definitivamente ratificados como polos de lazer urbano,

plação. Contudo, fazia-se necessária a criação de espaços desti-

e as praças, agora espalhadas por todos os bairros, são elementos

nados a atividades que não limitassem os usos, oferecendo áreas

necessários para a vida na cidade, tornando-se objeto de interesse

de lazer e esporte para a população. A partir da primeira metade

político” (Robba e Macedo, p. 37).

do século XX, como defendem Robba e Macedo (2002), a praça passou a ter outro significado em meio à malha urbana. A cidade moderna foi o elo de ruptura entre os espaços públicos do ecletismo e o espaço urbano moderno. Este último se consolidou na década de 40 e estabeleceu o lazer como item primordial nos projetos urbanísticos.

As praças passaram a exercer funções distintas dependendo da área de localização em que se encontravam: •

Nas áreas centrais, a praça, além da função de descanso e

lazer, atua como atenuante das condições climáticas, melhorando a qualidade do ar e proporcionando sombreamentos. Além de funcionar como área articuladora da circulação em locais onde o fluxo de pedestres é intenso.

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NOVEMBRO 2018 - PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA


Nas áreas habitacionais, as praças se consolidam como espa-

espaços públicos exerceram função primordial de encontro e so-

ços de encontro, lazer, descanso e contemplação do verde, além de

cialização de uma comunidade. Eram espaços onde as pessoas

local de interação e socialização entre os moradores locais.

se encontravam, comercializavam, socializavam, negociavam e até

Segundo Resende (1997, apud CALDEIRA, 1998, p. 57), a proximidade entre pedestre, praça e parques tornou-se elemento essencial na urbanidade da época. O “verde” passou a ocupar um papel de grande importância em meio à sociedade moderna como item indispensável para a qualidade de vida dos habitantes dos centros urbanos. Mas para Segawa (1996, p. 73 apud (CALDEIRA, 1998) o que incentivou essa fase de ajardinamento urbano foi a onda de salubridade que surgiu nesse período, marcando as intervenções realizadas nos centros urbanos do início deste século:

mesmo arranjavam casamentos. Era um espaço onde toda a população comparecia nos pequenos e grandes eventos que ali eram realizados. Mas a partir do séc. XX, após o surgimento dos ideais modernistas e a “invasão dos automóveis”, essa realidade mudou completamente devido ao crescimento das cidades que vem acontecendo desde a virada do milênio. As mudanças dos novos padrões arquitetônicos existentes no mercado têm mudado seu foco. As atividades desenvolvidas nos espaços livres e de uso público existentes na cidade migraram para edificações isoladas do entorno, com características de autossufi-

“[...] o conhecimento sobre os benefícios das plantas na área urbana estava divulgado nas mais diversas instâncias sociais e plenamente aceito do ponto de vista técnico-científico. O processo de ajardinamento dos ‘vazios urbanos’ que se registrou nessa época [...] derivou desse furor salubrista.”

2.2 A FUNÇÃO DA PRAÇA NO CONTEXTO URBANO Em sua obra, Gehl (2015) descreve como, ao longo da história, os

ciência. Gehl (2015, p.3) defende ainda que “o rumo dos acontecimentos não só reduziu as oportunidades para o pedestrianismo como forma de locomoção, mas também deixou sitiadas as funções cultural e social do espaço da cidade”. As cidades foram cedendo cada vez mais espaços aos veículos motorizados, reduzindo as áreas destinadas aos pedestres. Gehl (2015, p. 3) complementa que “a tradicional função do espaço da

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cidade como local de encontro e fórum social para os moradores foi reduzida, ameaçada ou progressivamente descartada.” Quando se trata de espaços que trabalham com as dimensões humanas, muitos são os princípios que formam um pré requisito essencial para se obter êxito num projeto urbanístico. O autor desenvolveu 5 desses princípios voltados para área urbana. Todavia, fez-se uma releitura de cada um desses princípios desenvolvidos por Gehl (2015) abordando os espaços públicos, como parques e praças. Os quatro primeiros princípios abordam, especialmente, sobre como garantir que as pessoas se apropriem das áreas construídas. O quinto e último princípio consiste na melhoria da qualidade do espaço, com o propósito de convidar as pessoas a passarem mais tempo naquele lugar. Estes princípios, quando interpretados no âmbito dos espaços públicos auxiliam no planejamento do projeto de modo a possiblitar a criação de um desenho que desempenhe as funções pretendidas, no que diz respeito a capacidade de atratividade ou dispersão das pessoas com relação ao espaço (Figura 8).

Figura 8 – Esquema: configuração de espaços livres públicos

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FONTE: (GEHL, 2015, p. 233)


Portanto, visando a criação de um espaço público ativo e convidativo,

O sombreamento proporcionado pelas árvores e as superfícies co-

deve-se atentar à distribuição e a integração das funções da praça

bertas por vegetação, como canteiros, auxiliam no controle da tem-

para garantir a versatilidade nos usos do espaço, evitando espaços

peratura, uma vez que estes últimos não absorvem e não irradiam

vazios e sem vida; prever uma circulação convidativa entre a praça e

tanto calor quanto as superfícies pavimentadas. Além destas funções

a rua, para que a vida no interior desta e a vida no seu entorno fun-

de conforto térmico, a vegetação exerce papel fundamental na dre-

cionem conjuntamente; prever ambientes agradáveis que reforcem o

nagem pluvial das cidades, devido à sua permeabilidade, e absor-

convite para que as pessoas permaneçam por mais tempo no espaço

ve grande parte da água evitando enchentes (ROBBA E MACEDO,

público. Áreas onde as pessoas permanecem por mais tempo trans-

2002).

mitem vitalidade ao local.

A praça pode ser definida como o principal espaço de lazer de uma

Todavia, para além de seu desenho, a praça, como espaço livre ur-

sociedade e é, muitas vezes a única opção de lazer de algumas áre-

bano, exerce papel fundamental no que diz respeito a qualidade de

as urbanas. Desse modo, o seu valor funcional pode ser definido

vida e segurança de uma sociedade e possui qualidades diversas

como espaço público destinado à convivência entre usuários, lazer,

que contribuem para uma boa funcionalidade das cidades. Logo,

descanso e contemplação (ROBBA E MACEDO, 2002).

uma atenção especial deve ser voltada para as necessidades das pessoas que ali vivem.

Por fim, os valores estéticos e simbólicos atuam como estruturas simbólicas, auxiliando na localização em meio à malha urbana. Praças,

Dentre essas qualidades, Robba e Macedo (2002) atribuem valores

árvores e jardins, muitas vezes funcionam como pontos de referência

distintos a cada uma, como os valores ambientais. A praça exerce

para a localização de determinado lugar (ROBBA E MACEDO, 2002).

papel de extrema importância em áreas onde há muita poluição, principalmente em grandes centros urbanos, melhorando a qualidade do ar e dispersando os poluentes.

Para consolidar o uso e apropriação dos espaços públicos, o acesso é de suma importância, segundo Alex (2008): “entrar em um lugar é condição inicial para poder usá-lo.”

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Desse modo, deve-se atentar para fatores que possam impedir de forma visual, física ou simbólica o acesso àquele espaço.

lugar.” A presença de grades, guardas e porteiros, por exemplo, pode signifi-

“o espaço público na cidade assume inúmeras formas e tamanhos, compreendendo desde uma calçada até a paisagem vista da janela. [...] A palavra “público” indica que os locais que concretizam esse espaço são abertos e acessíveis, sem exceção, a todas as pessoas.” (ALEX, 2008, p. 19)

car segurança para alguns, mas para outros pode causar intimidação

O acesso físico é definido pela falta de barreiras tidas como espaciais

Gehl (2015) exibe, na figura 09, um gráfico que demonstra como

ou arquitetônicas, impedindo entrada e saída de determinado local,

estes e outros fatores influenciam diretamente no espaço e no seu

quando avaliamos um espaço público. As travessias das ruas e a

desenho. Estratégias essas que priorizam a proteção, o conforto e

qualidade ambiental existentes no trajeto devem ser consideradas.

o prazer dos pedestres quando inseridos no contexto urbano. Situa-

O acesso visual trata da capacidade de o usuário enxergar e analisar mesmo à distância se há ou não ameaças naquele local. Trata-se de um fator instintivo do ser humano antes de adentrar qualquer es-

e significar uma barreira de impedimento àquele local. “Os três tipos de acesso podem ser combinados para tornar um espaço mais ou menos convidativo ao uso.” (ALEX, 2008, p. 25).

ções como proteção contra o tráfego e acidentes, ou contra crimes e violência, podem ser resolvidas com a qualificação dos espaços, propostas no diagrama.

paço. Uma praça ao nível da rua, visível de todos os ângulos e de todas as calçadas que o circundam, é uma área com boa visibilidade e, portanto, transmite maior segurança ao usuário tornando-se mais propícia ao uso (ALEX, 2008). Por último, o acesso simbólico “refere-se à presença de sinais, sutis ou ostensivos, que sugerem quem é e quem não é bem-vindo ao 34

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Figura 9 – Esquema: critérios de qualidade que respeitam a paisagem do pedestre

FONTE: (GEHL, 2015, p. 239) NOVEMBRO 2018 - PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA

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Deve-se, portanto, buscar por adaptações que proporcionem melhores condições de uso e permanência para os usuários no projeto.

dão poderá impregná-lo de seus próprios significados e relações. [...]” Contudo, nenhum espaço mantém-se intacto sem um programa de

Além disso, fatores como a acessibilidade, pontos positivos e negati-

manutenção e conservação, tornando-se fatores de suma importân-

vos existentes e principalmente as necessidades das pessoas que vi-

cia para evitar a degradação de seus elementos. Muitas vezes o po-

vem naquela comunidade devem ser levadas em consideração, uma

der público, seja por falta de verba ou falta de um programa específi-

vez que estas serão os usuários daquele espaço livre. “A desconside-

co que cuide destes espaços públicos, deixa de fazer a manutenção

ração desses fatores cria espaços livres públicos que não cumprem

necessária e o resultado disso é a deterioração que consequente-

sua função na cidade, permanecendo sem apropriação pública e fa-

mente provoca o desuso por parte dos usuários, tornando-os vazios

dadas ao esquecimento.” (ROBBA e MACEDO, 2002, p. 48)

e inseguros.

“[...] pois não é pela praça, onde há mais gente, outras gentes, todas

No contexto atual, as cidades de um modo geral têm buscado quali-

as gentes, que se participa da cidade, da urbanidade? São cruciais

ficar as cidades em prol do meio ambiente e da saúde pública. Sen-

as ruas do entorno que trazem a gente que ocupa a praça; vitais são

do assim, intervenções urbanas de transformação têm exercido um

os acessos à praça: as esquinas, as faixas de trânsito.” (ROBBA e

papel fundamental no alcance destes objetivos, de modo a alterarem

MACEDO, 2002, p. 9)

estes espaços ou áreas construídas buscando trazer melhores condi-

Desse modo, deve-se atentar para os fatores externos e internos que estão intimamente relacionados com a praça e sua ocupação e que influenciam diretamente na sua vitalidade. A esse respeito, Lynch (2010, p. 102) argumenta que se “[...] o ambiente for visivelmente organizado e nitidamente identificado, o cida36

ções de uso para a população e contribuindo, inclusive, na reativação da economia local. Dentre estas intervenções de transformação, estão as práticas de renovação, reabilitação, revitalização e requalificação urbanas. Para melhor compreensão destes termos, faz-se necessária uma breve explicação de cada um deles.

NOVEMBRO 2018 - PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA


A renovação é de uma intervenção em que há demolições e uma

ques e ruas “constituem o conjunto de espaços abertos na cidade

substituição das formas urbanas; a reabilitação refere-se ao restauro,

[...]” que, por desempenharem usos e funções diversos, exigem pro-

e que a materialidade do objeto será resgatada. A revitalização tem

jetos e intervenções de naturezas distintas.

por objetivo, a longo prazo, oferecer novas oportunidades e estratégias para resgate da economia e vivacidade do local. Por fim, a requalificação urbana estabelece novas funções para a região onde é aplicada, melhorando a vida do local. Estas ações têm sido acionadas de modo a contribuir na resolução de uma gama de problemas urbanos.

Seguindo esse contexto, Mascaró e Mascaró (2009) afirmam que esses espaços abertos, além de exercer função social, influenciam diretamente nos microclimas e no consumo energético de seu entorno. Desse modo, uma análise cautelosa dos tipos de praça existentes, é de suma importância, visto que, para cada região do país, a vegetação, pavimentação e localização terão influência direta no conforto

Cada um desses processos provoca resultados distintos na área urbana. Contudo, para que estes espaços possam ser usufruídos pela população e obter um impacto positivo no meio em que se inserem, o planejamento deve apoiar-se numa participação ativa da comunidade.

térmico da área. Sendo assim, a classificação das praças pode ser dividida em três tipos: praças mistas, praças secas e praças úmidas, conforme o quadro 2, a seguir.

2.3 CLASSIFICAÇÕES Para Mascaró e Mascaró (2009), a praça é um espaço que possui ambiência própria plena de significados e “responde espacialmente ao conceito de volume oco entre edifícios[...].” Da mesma forma, Alex (2008) argumenta que praças, jardins, parNOVEMBRO 2018 - PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA

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Quadro 02 - Classificação das praças

PRAÇAS MISTAS

PRAÇAS SECAS

Figura 10 - Praça da República - Belém, PA

Figura 11 - Piazza Del Campo - Siena, Itália

FONTE: (D’ÉDOUARD , 2018)

FONTE: (MUTRAN, 2016)

PRAÇAS ÚMIDAS Figura 12 - Praça da Liberdade - Belo Horizonte,

FONTE: (EMBRATUR; PORTAL DA COPA, 2014)

É o tipo mais comum de praça encontrado

Mais comumente encontradas nas cidades

Típica praça arborizada e ajardinada com-

nas cidades brasileiras. Trata-se de praças

de clima frio. São largos e pátios pavimen-

posta de canteiros, espelhos d’agua, está-

que combinam na mesma proporção a área

tados, geralmente sem vegetação. O piso

tuas de personagens conhecidos, bancos e

pavimentada com a área arborizada. Essa

pavimentado absorve e irradia o calor do

luminárias que criam um ambiente agradá-

tipologia se adequa à maioria dos climas

sol, aquecendo o ambiente durante os dias

vel e protegido das ações do tempo. Ge-

brasileiros, por proporcionar proteção e ex-

frios.

ralmente implantadas em cidades de clima

posição às ações do tempo num mesmo

árido e quente. A umidade proporcionada

espaço.

pelos espelhos d’água ou pequenos poços proporcionam conforto aos usuários e aju-

FONTE: (MASCARÓ e MASCARÓ, 2009); (ALEX, 2008) – Adaptado pela autora

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NOVEMBRO 2018 - PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA

dam no microclima local.


2.4 ESTUDO DE CASO

A proposta de intervenção naquele espaço surgiu dos próprios mo-

2.4.1 Projeto de revitalização da praça Horácio Sabino

radores que, ao frequentarem aquele local, perceberam ao longo do tempo os problemas e as carências da praça, e se cansaram de es-

Localizada na Vila Madalena, zona oeste da cidade de São Paulo

perar por uma posição mais ativa por parte do poder público (figura

– SP, a praça Horácio Sabino é um exemplo de atuação direta da

13). De acordo com Palhares (2017), a situação da praça era:

comunidade local na intervenção do espaço público. Devido a sua forma de concepção, em que todas as ações partiram dos moradores usuários do espaço e dada a omissão da parte do governo para sua reforma, o que se assemelha as condições da praça escolhida pela autora para a proposta de requalificação, foi adotado tal projeto para estudo de caso.

“mato alto, bancos e brinquedos quebrados, lixo acumulado e até uma árvore caída há mais de um ano no meio de uma trilha. Moradores, cansados de esperar por uma solução da administração municipal, decidiram se unir e colocar a mão na massa para revitalizar praças e parques de seus bairros.”

Figura 13 – Praça Horácio Sabino antes da reforma (s/d)

O projeto original da praça, da década de 60 e autoria da arquiteta e paisagista Rosa Grena Kliass, não foi executado na época conforme o projeto. Segundo relatos de moradores, devido ao Regime Militar de 1964, os militares fizeram alterações conforme seus entendimentos sobre o que seria “correto” para aquele espaço (DUARTE, 2017). Entretanto, nota-se que os princípios adotados pelos militares para aquela área não foram suficientes para atender de forma satisfatória às necessidades de uso e lazer da comunidade em que estava inserido.

FONTE: FONTE: (REBELO, 2017)

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Visando arrecadar fundos e promover uma ação de intervenção naquele espaço público, uma associação de moradores foi criada em Figura 14 – Reunião de moradores na Praça Horácio Sabino

defesa da praça: a PRHOSA - Associação da Praça Horácio Sabino. O grupo de moradores passou quatro anos juntando toda a documentação necessária para dar início ao projeto. Todo o processo para a revitalização do espaço foi planejado, organizado e custeado pelos próprios frequentadores (Figura 14). Melhorar a qualidade do “parquinho” infantil, dos brinquedos e do mobiliário urbano, criar espaços de convívio eram alguns dos desejos dos moradores para aquele local. Desse modo, o projeto foi elaborado visando a qualidade do espaço de acordo com a identidade e os usos existentes da população para

FONTE: (DUARTE, 2017)

com a praça (figura 15). “A intenção era que todas as idades pudessem frequentar a praça de maneira segura e confortável.” (REBELO, 2017)

40

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Figura 15 - Perspectiva do novo projeto

2

1

3 FONTE: (PRHOSA) Figura 16 – Perspectiva da area de descanso e lazer da nova praça

Figura 17 – Perspectiva das novas áreas e ambiências do projeto

2

1

FONTE: (PRHOSA)

Figura 18 - Perspectiva das novas áreas de lazer

3

FONTE: (PRHOSA)

FONTE: (PRHOSA)

NOVEMBRO 2018 - PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA

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O esforço e dedicação por parte dos moradores locais resultou na

moradores e frequentadores do espaço. Trata-se de uma ação que

concretização da nova praça que, depois de reformada, passou a ter prioriza as questões e demandas dos usuários, conforme ilustrado na ainda mais uso por parte da população, conforme figura 19.

figura 20.

Entretanto, conforme já analisado, entende-se a necessidade e im-

Atualmente, a associação conta com uma plataforma de doação on-

portância da manutenção nos espaços públicos. Desse modo, a as-

line para arrecadar fundos para a manutenção da praça, e os doado-

sociação mobilizou outros moradores da região a participarem ati-

res cadastrados passam a fazer parte de um grupo que presta contas

vamente das atividades da praça, dando origem a uma “campanha

sobre o uso dos recursos e a destinação dos serviços prestados à

de doação colaborativa” que tem como objetivo a aproximação dos

praça (REBELO, 2017).

42

Figura 19 – Novas áreas de lazer após intervenção

Figura 20 - Reunião de moradores e usuários na praça

FONTE: FONTE: (DUARTE, 2017) Foto: Daniel Teixeira

FONTE: (PRHOSA)

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Figura 21 – Implantação geral das Praças

Depois da concretização das obras de intervenção, a prioridade dos moradores é garantir uma boa qualidade do espaço para todos que ali convivem. “Mais do que uma praça, entende-se que o lugar seja um espaço de encontros, de trocas e convivência entre amigos e vizinhos.” (REBELO, 2017). 2.4.2 REQUALIFICAÇÃO DE PRAÇAS EM CATANDUVA Localizada no interior do estado de São Paulo, a cidade de Catanduva teve duas de suas praças requalificadas: a Praça da Matriz e Nove de Julho, que originalmente compunham uma só praça, chamada de São Domingos.

FONTE: (KLIASS, BARBIERI GORSKI e GORSKI, 2017)

Com o passar do tempo, e a apropriação do espaço pelos usuários, a praça passou a ter suas funções divididas, onde uma das metades passou a exercer uma função de cunho cívico, abrigando a Revolução Constitucionalista de 1932 , enquanto a outra metade sempre manteve seu uso associado à igreja Matriz. Entretanto, a praça São

Devido à sucessivas reformas ao longo dos anos, as referências originais foram se perdendo, eliminando as chances de conservação daquele espaço, deixando as praças degradadas e descaracterizadas.

Domingos acabou sendo dividida entre duas praças distintas: praça

Visando devolver a qualidade do espaço e o destaque visual da pra-

da Matriz e praça Nove de Julho (figura 21).

ça para a cidade, o projeto de requalificação teve como principal metodologia a reformulação dos espaços de modo a atender às novas NOVEMBRO 2018 - PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA

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funções, dando ênfase nas soluções para áreas de circulação e estacionamento de veículos. Deu-se atenção especial à arborização, tanto a existente quanto à implantação de novas espécies, priorizando a valorização da vegetação através da criação de um espaço de qualidade estética e ambiental acessível a todos. A Praça da Matriz é muito frequentada, trata-se do ponto de encontro da cidade, tanto a igreja devido a cerimônias religiosas como a praça em si (figura 22). Figura 22 – Vista da Praça Matriz

FONTE: (KLIASS, BARBIERI GORSKI e GORSKI, 2017)

O projeto de recuperação deste espaço público tinha como objetivo a acessibilidade, a valorização da vegetação existente além da criação de um espaço de qualidade estética e ambiental para seus usuários. 44

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Já a Praça Nove de Julho representa um marco simbólico para a cidade: a Revolução Constitucionalista de 1932, que está representada através de dois elementos iconográficos – o monumento ao Soldado Constitucionalista (1958), do artista plástico Oscar Valzacchi, e o Mural em baixo relevo (1982), do artista plástico Luis Antônio Malheiros. Ambos os monumentos foram deslocados para o setor da praça onde serão devidamente valorizados (figura 23). Figura 23 – Mural da Praça Nove de Julho

Figura 24 – Continuidade da Praça da Matriz

FONTE: (KLIASS, BARBIERI GORSKI e GORSKI, 2017)

Esta praça é uma continuidade da Praça da Matriz onde o único ponto que as separa é na Rua Cuiabá, mas que, para reforçar a ligação entre elas teve seu leito carroçável elevado ao nível do piso das mesmas. Buscou-se desse modo, proporcionar a sensação de conexão e continuidade entre uma praça e outra (figura 24).

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Graças a um desnível existente entre as duas, foi possível se criar uma edificação em nível inferior que se abre para a área de estar voltada para a Praça da Matriz (figura 25).

Figura 25 – Cortes esquemáticos da Praça

FONTE: FONTE 2 (KLIASS, BARBIERI GORSKI e GORSKI, 2017)

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O edifício abriga sanitários, depósitos, uma loja de produtos de arte-

Por fim, próximo à Rua Recife, tido como eixo principal de acesso à

sanato, ponto de informações entre outras atividades necessárias ao

praça pelos moradores da localidade, encontra-se um ponto de ôni-

atendimento dos usuários, “sobre os quais, a laje de cobertura abri-

bus de grande movimento.

ga o palco de apresentações voltado para o anfiteatro” (figura 26), (KLIASS, BARBIERI GORSKI e GORSKI, 2017).

Para maior conforto dos frequentadores foi criado uma área de estar, sombreado pelas árvores existentes, e um conjunto de vertedouros

Este espaço abriga os monumentos anteriormente citados, e exer-

de água que se encaixam na superfície oposta das arquibancadas do

ce importante papel para a cidade, uma vez que tem como função

anfiteatro.

principal a celebração das festividades culturais e cívicas locais, em especial a comemoração da data de Nove de Julho (figura 27).

Figura 26 – Cobertura criada pelo edifício

Figura 27 – Vista da Praça Nove de Julho

FONTE: (KLIASS, BARBIERI GORSKI e GORSKI, 2017) NOVEMBRO 2018 - PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA

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03 ÁREA DE ESTUDO 48

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3 ÁREA DE ESTUDO A área de estudo deste trabalho localiza-se na cidade de Guarapari, a 60km da capital Vitória, no Espírito Santo, e faz divisa com os Estados de Minas Gerais, Bahia e Rio de Janeiro (Mapa 1).

MAPA 1 - Localização nacional FONTE: Produzido pela autora (2018) NOVEMBRO 2018 - PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA

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O município de Guarapari faz divisa com 5 outras cidades, as quais são: Anchieta, Alfredo Chaves, Marechal Floriano, Viana e Vila Velha. Muquiçaba, o bairro em que a área está inserida, é um dos mais antigos de Guarapari, está situado entre os dois principais, e mais conhecidos, bairros da cidade: Centro e Praia do Morro (Mapa 2).

MAPA 2 - Localização regional FONTE: Produzido pela autora (2018)

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A praça onde hoje se encontra a área de estudo é espaço de lazer e

Posteriormente, entre os anos de 1997 e 2000, aquele espaço foi

convívio da comunidade local desde a década de 50. Tratava-se de

consolidado como praça pública do bairro. A obra foi realizada pelo

uma área não asfaltada, feita de terra batida, utilizada na época pelos

então prefeito Paulo Borges e projetada pelo arquiteto e urbanista

moradores locais como “campo” de futebol onde crianças e adultos

Gregório Repsold. João Marques Pereira, nome dado à praça, se-

interagiam e praticavam o esporte.

gundo informações dos moradores, foi um antigo e conhecido mora-

Posteriormente, por um determinado tempo, a praça passou por um

dor do bairro, que possuía uma pequena venda na Rua São Pedro.

período de abandono, tornando-se depósito de lixo de alguns moradores. Mas o senso de pertencimento e a carência de um espaço de

Figura 28 - Time de futebol infantil de Muquiçaba na década de 90

lazer e convívio daquela comunidade despertaram o desejo de recuperar a área. Os próprios moradores tomaram a iniciativa de resgatar o campinho de futebol, mantendo o local limpo e agradável ao uso. Nesse período, surgiu a iniciativa de um dos moradores de formar de times futebol entre crianças, jovens e adultos e criar campeonatos da própria comunidade (figura 28). Tamanho foi o reconhecimento do campinho para os moradores locais, que denominou-se a rua paralela de “Rua do Campinho”, atual Rua Aristides Caramuru. Muitos moradores, os mais antigos principalmente, ainda a reconhecem como tal.

FONTE: Fotografia fornecida por Rodrigo Barbosa (2018)

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No projeto, havia um parquinho ao fundo e contemplava um pequeno

que ele ficasse no esquecimento. Muitas foram as vezes em que os

jardim no meio (Figuras 29 e 30). Por falta de uma manutenção ade-

próprios moradores locais tomaram iniciativas de intervir e promover

quada, essas estruturas foram se deteriorando com o tempo, impos-

melhorias para o uso. Exemplo dessa ação comunitária está nas ben-

sibilitando o uso. Atualmente, do projeto original permanece apenas a

feitorias realizadas quanto ao mobiliário da praça, e na construção do

estrutura denominada por alguns moradores como “coliseu”.

largo, ou rotatória, que foi consolidada visando melhorar o tráfego lo-

A praça, com o passar do tempo, devido à falta de manutenção pública, foi perdendo suas características e elementos originais (figuras 31 e 32). Contudo, apesar das visíveis deteriorações, o senso de pertencimento da comunidade para com aquele espaço não permitiu

cal e funciona como uma extensão da mesma, composta por bancos para contemplação (figuras 33 e 34). Os materiais e os mobiliários foram custeados pelo Sr. Antônio Cardoso, empresário e morador da região, e executada pelos próprios moradores da comunidade.

Figura 29 - Praça do projeto original (2001)

Figura 30 - Praça do projeto original (2001)

FONTE: Fotos fornecidas por Olímpia Repsold (2018)

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Figura 31 - Área de permanência da praça atual (2018)

Figura 33 - Largo dos Golfinhos 2018

Figura 32 - Pátio aberto da praça atual (2018)

Figura 34 - Placa no largo dos Golfinhos

FONTE: Acervo pessoal (2018) NOVEMBRO 2018 - PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA

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3.1 ANÁLISES DO ENTORNO A área escolhida para o desenvolvimento desta pesquisa está inserida em um bairro de predominância residencial, mas próxima a uma área comercial de grande influência na região. (Mapa 3) MAPA 3 - Uso do Solo

FONTE: Geobases (2018) – adaptado pela autora

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Está situada em uma zona estratégica, por se encontrar próxima a praia, ao comércio e a vias de significativa importância, que cortam o bairro e fazem conexões com o centro, com a Praia do Morro, a Av. Contorno e a Rod. Jones dos Santos Neves. A extensão da praça, o largorotatória dos golfinhos, se encontra meio a um ponto nodal1 (figura 31), onde concentram-se 6 vias de tráfego médio a intenso (mapa 04). Para Lynch (2010), os pontos nodais são “focos intensivos do bairro, seu centro polarizador.” Figura 35 - Largo dos Golfinhos

MAPA 4 - HIERARQUIA DAS VIAS

FONTE MAPA: Geobases (2018) – adaptado pela autora - FONTE FIGURA: Acervo pessoal (2018) 1 São pontos estratégicos que auxiliam a locomoção dos observadores. “São os focos intensivos para os quais ou a partir dos quais ele se locomove.” (LYNCH, 2010, p. 52) São pontos de decisão e podem ser junções, cruzamentos ou convergências. NOVEMBRO 2018 - PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA

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Algumas vias específicas, como a Avenida Praiana e Rua Antônio Saraiva, são vias de maior movimento (figuras 36 e 37), uma vez que direcionam o fluxo principal advindo da Praia do Morro para o centro da cidade. Desse modo, são as vias com menor fluidez e maior probabilidade de engarrafamentos (mapa 5). MAPA 5 - Vias circundantes Figura 36 - Vista da rotatória para a R. Antônio Saraiva

Figura 37 - Vista da rotatória para a Av. Praiana

FONTE MAPA: Geobases (2018) – adaptado pela autora FONTE FIGURAS: Acervo pessoal (2018)

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Já o fluxo que deriva das vias Aristides Caramuru e Antônio Lino Bandeira (figuras 38 e 39) para o ponto nodal é bem menor quando comparado ao das anteriormente citadas. MAPA 5 - Vias circundantes Figura 38 - Vista da rotatória para a R. Antônio Lino Bandeira

Figura 39 - Vista da rotatória para a R. Aristides Caramuru

FONTE MAPA: Geobases (2018) – adaptado pela autora FONTE FIGURAS: Acervo pessoal (2018) NOVEMBRO 2018 - PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA

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3.2 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO Assim como defende Lynch (2010), antes de se reformular um ambiente já existente deve-se “[...] descobrir e preservar suas imagens fortes, resolver suas dificuldades perceptivas e, acima de tudo, extrair a estrutura e a identidade latentes na confusão.”

suem um intenso e constante fluxo de pedestres, ciclistas e veículos (Mapa 6), principalmente nos horários comerciais e durante todo o verão, período de alta temporada. Muitas são as áreas encontradas sem nenhum tipo de vegetação que

Desse modo, conforme as análises previamente descritas, devido à Figura 40 - R. Manuel Lino B.

sua localização, a Praça João Marques Pereira e seu entorno pos-

carecem de espaços verdes para melhorar a qualidade do espaço

MAPA 6 - Problemas e potencialidades

Figura 41 - R. do Céu

FONTE MAPA: Geobases (2018) – adaptado pela autora - FONTE FIGURAS: Acervo pessoal (2018)

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urbano, proporcionando mais conforto para os usuários (figuras 40

çada para a outra é dificultada pela ausência de faixas de pedestres,

e 41). Seja através do aproveitamento de sobras da malha viária,

sinalizações ou quaisquer outros fatores que proporcionassem segu-

como canteiros e rotatórias com forração e arborização, ou mesmo

rança ao transitar de um ponto ao outro da via.

uma boa distribuição de árvores pelas ruas e calçadas (ROBBA e MACEDO, 2002).

Em horários comerciais, início e fim de expediente, o fluxo de veículos e pedestres é ainda mais alto nas proximidades da praça e da

A circulação de pedestres é bastante intensa, principalmente nas

área comercial. Em contrapartida, a Rua Aristides Caramuru possui

proximidades da área comercial. Entretanto, nota-se uma deficiência

maior fluidez. Trata-se de uma via mais larga que também permite li-

quanto ao planejamento voltado para os transeuntes.

gação com a zona comercial do bairro e com o centro da cidade, mas

Conforme as figuras 42 e 43, há áreas onde a travessia de uma cal-

possui um fluxo bem menos intenso que as demais.

Figura 42 - R. Manuel Lino B.

Figura 43 - R. Manuel Lino B.

FONTE: Acervo pessoal (2018)

FONTE: Acervo pessoal (2018)

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A Rua Antônio Lino Bandeira também apresenta um fluxo menor, mas

Figura 45 - Fundos da loja Sipolatti na R. Antônio Lino Bandeira (2018)

devido à sua localização, dimensão e capacidade de visualização do

entorno. Trata-se de uma rua com pouca visibilidade, onde se con-

centram muros e grades de fundos de casas e de comércio (Figura

44). Figura 44 - R. Antônio Lino Bandeira

FONTE: Acervo pessoal (2018)

Além desses problemas relacionados à insegurança, alguns pontos do entorno da praça apresentam barreiras físicas nas calçadas, dificultando a circulação de pedestres e prejudicando a acessibilidade daqueles com mobilidade reduzida. Exemplos destas barreiras são troncos de árvores cortadas, construFONTE: Acervo pessoal (2018)

Para Gehl (2015, p. 62), “a vida na cidade é um conceito relativo. Não

ções inadequadas, postes mal instalados e avanços além do limite da edificação (Figura 46).

é o número de pessoas que importa, mas a sensação de que o lugar é habitado e está sendo usado [...]”

Figura 46 - Barreiras físicas no entorno da praça (2018)

No entanto, a área, por não possuir nenhum uso ativo e pouco movimento, é frequentemente ocupada por pessoas em situação de rua e usuários de drogas, provocando insegurança nas pessoas que por ali trafegam e consequentemente reduzindo o fluxo local, (Figura 45). FONTE: Acervo pessoal (2018)

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Conforme constatado, há muita atividade no entorno da praça durante o dia, mas existem atividades que movimentam algumas áreas também no período da noite. Além de bares e comércios que funcionam no período noturno, outras atividades acontecem no espaço da praça, principalmente aos finais de semana, tais como: eventos religiosos, shows, serestas dentre outras atividades que serão abordadas adiante (mapa 7). MAPA 7 - Equipamentos significativos

FONTE: Geobases (2018) – adaptado pela autora

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3.3 ANÁLISE DA ÁREA DE INTERVENÇÃO A área selecionada para o desenvolvimento da proposta de projeto limitou-se à praça que compõe uma área de aproximadamente 490m², contando com o largo dos golfinhos, (Mapa 8). Ao longo de sua existência, passou por algumas intervenções realizadas pela própria comunidade que buscava proporcionar um mínimo de qualidade para aquela área de convívio e lazer.

MAPA 8 - Análise da área

FONTE: Geobases (2018) – adaptado pela autora

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Em uma dessas reformas, a comunidade contou com a ajuda de voluntários e artistas que participaram da dança do Faustão, que foi realizada na cidade no ano de 2013 (figura 47).

Figura 47 - Mutirão formado para reformar a Praça (2013) FONTE: Gshow (2013)

Entretanto, mesmo com tantas reformas voluntárias e cuidados dos moradores locais, o espaço público se encontra bastante degradado, com poucas áreas de sombreamento e infraestrutura precária. Muitos de seus mobiliários se encontram em péssimo estado de conservação. A maioria está quebrada, ou teve suas partes roubadas (figura 48). Figura 48 - Mobiliário existente na praça (2018)

FONTE: Acervo pessoal (2018)

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Gehl (2015) argumenta que a renovação de um único espaço ou mesmo uma simples melhoria no mobiliário podem fazer com que aquele espaço se torne mais convidativo, podendo desenvolver novos padrões de uso.

Figura 49 – Espaço interno da praça (2018) FONTE: Acervo pessoal (2018)

Apesar da visível deterioração e falta de manutenção da Praça e de seus mobiliários, nota-se um senso de pertencimento muito grande por parte dos moradores locais, que fazem uso constante daquele espaço e têm o local como ponto de encontro, de lazer e atividades diversas como assistência comunitária, shows, missas e festas da comunidade (figuras 50 e 51). Figura 50 - Movimento na praça durante a noite de seresta (2018) FONTE: Acervo pessoal (2018)

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O "churrasquinho” existente do outro lado da rua expande seu movimento para além de sua calçada, distribuindo mesas ao longo da praça, onde acontece a seresta toda noite de sexta-feira. De acordo com ALEX, (2008, p. 27), atividades comerciais no entorno desses espaços públicos podem estimular o uso e “[...] aumentar a percepção do caráter aberto dos lugares”. Figura 51 - “Churrasquinho” situado em frente à Praça (2018) FONTE: Acervo pessoal (2018)

Este tipo de atividade fomenta o movimento, a permanência e o senso de pertencimento da comunidade para com a praça. Todos os anos, no mês de junho/julho, acontece a tradicional festa junina da comunidade, que é organizada e promovida pelos próprios moradores. A festa ocupa um trecho da Rua Aristides Caramuru para a realização da dança junina, que envolve crianças e jovens do bairro além de barraquinhas com comidas típicas da festa (Figura 52).

Figura 52 - Festa Junina da comunidade FONTE: Acervo pessoal (2018)

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Além dos eventos festivos, acontece na praça mensalmente, desde 2016, o “Banho da Vida”, um programa de assistência a pessoas em situação de rua realizado pela Igreja Batista em Meaípe (IBEM) junto da Agência Missionária Ação Resgate (AMAR), de Rio das Ostras (RJ), e conta com o apoio do Município que realiza o cadastro destas pessoas. A ação oferece banho, roupas limpas, corte de barba e cabelo, lanche, água, aferição da pressão arterial e da glicemia além de assistência para dependentes químicos (figuras 53, 54 e 55). Figura 53 - Projeto Banho da Vida (2018) FONTE: Acervo pessoal (2018)

O banho acontece em uma estrutura que comporta dois chuveiro e duas pias, é uma espécie de banheiro móvel. A estrutura possui uma caixa d’água de mil litros que alimenta os chuveiros e pias, e é bombeada através de um gerador de energia. Para os dias frios, existe um aquecedor que aquece a água para os banhos.

FONTE: Acervo pessoal (2018)

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Figura 54 e 55 - Projeto Banho da Vida / Banheiro móvel.

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04 PROPOSTA DE PROJETO DE INTERVENÇÃO NOVEMBRO 2018 - PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA

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4. PROPOSTA DE PROJETO DE INTERVENÇÃO O uso do espaço e de seu entorno pela comunidade torna perceptível o senso de pertencimento desta para com a área de estudo. Analisados os pontos positivos e negativos levantados acerca da área de estudo, pôde-se compreender algumas das necessidades básicas do local e chegar a algumas possíveis soluções para solucioná-los (quadro 3). As principais diretrizes de projeto se baseiam na reestruturação da área existente buscando beneficiar as atividades já realizadas na praça através de investimento no caráter de permanência dos usuários no espaço público via mobiliário diferenciado, paginação de piso, melhoria nas travessias de pedestres, vegetação, criação de novos espaços de permanência, recreação e lazer.

QUADRO 3 - Fragilidades e potencialidades

FONTE: Elaborado pela autora (2018)

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Conforme apresentadas nos capítulos anteriores deste trabalho, apesar do visível senso de pertencimento e identidade da comunidade para com a praça e seu entorno, as maiores deficiências verificadas na área de estudo são a falta de uma boa estrutura da praça, estado precário do mobiliário urbano existente, poucas áreas verdes e de sombreamento, calçadas estreitas e dificuldade de acesso e travessia de pedestres no seu entorno. A proposta de requalificação por meio da intervenção urbano paisagística objetiva melhorar a circulação e o acesso no seu entorno, o espaço de convívio para os moradores mantendo a identidade do local e proporcionando mais conforto para os usos existentes além de possibilitar novas atividades.

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4.1 DIRETRIZES

Participação ativa da comunidade no pro-

Linguagem simples e contínua: Se tratando

Conscientização da comunidade sobre

cesso de reunir ideias para a intervenção: da morfologia espacial e o desenho da praça

manutenção: a criação de um vínculo por

A ideia do projeto é proporcionar ao bairro e

ressaltou-se linhas e composições de formas

parte da população em relação ao espaço de

à comunidade local um espaço público “vivo”

simples, que proporcionassem legibilidade

uso público é de extrema importância para

que contemple qualidade, interação, acesso,

sem criar complexidades, o que dificultaria a

que haja a preservação da área. A manuten-

segurança e conforto, permitindo o usufruto

interpretação e interação com o espaço, as-

ção técnica é de responsabilidade da prefei-

e senso de pertencimento dos usuários para

sim como a permeabilidade.

tura, enquanto a preservação e o uso correto

com aquela área.

dos equipamentos por parte dos frequentadores.

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Visando chegar a uma solução projetual coerente acerca das fragilidades identificadas no espaço público ao longo do estudo da área bem como as suas potencialidades, desenvolveu-se como ideias base para o desenvolvimento da proposta de projeto seis palavras-chave:” conexão”; “eixo visual”; “circulação”; “contemplação”; “identidade”, “lazer e recreação”. Conexão: Melhorar as condições de circulação entre a praça e as ruas que a circundam proporcionando uma melhor conexão desta com seu entorno. Eixo visual: Remover o pórtico existente e expandir a área da praça criando um eixo visual que faz conexão com a rotatória e as esculturas de golfinho. Circulação: A partir do eixo visual, e da circulação identificada pelos usuários e transeuntes identificados ao longo do estudo da área, busca-se criar caminhos que levem à diferentes espaços de descanso e contemplação fazendo uso de uma paginação de piso que proporcione e incentive a circulação entre esses diferentes ambientes.

Contemplação: Inserir espécies de vegetação predominantemente nativas criando jardins e áreas sombreadas em espaços dotados de mobiliário para a permanência dos usuários.

Identidade: Destacar os elementos positivos existentes que dão identidade à praça, mantendo parte da estrutura original e proporcionar melhor qualidade dos espaços de vivência e socialização.

Lazer e recreação: Proporcionar uma área com equipamentos recreativos para crianças e um espaço aberto composto de um pequeno palco para a realização de shows e eventos da comunidade.

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4.2 PROGRAMA DE NECESSIDADES E SETORIZAÇÃO

Figura 56 - Diagrama de bolhas

Com base nos dados e análises técnicas levantados acerca das particularidades dos moradores, das fragilidades e potencialidades da área de estudo, pôde-se estabelecer um programa de necessidades a serem contempladas na proposta de projeto deste estudo. Buscando proporcionar à comunidade um espaço público de qualidade que considerasse não somente os usos atuais e as apropriações dos usuários, mas também novos usos e novas atividades. Sendo assim, pensou-se em setorizar o espaço em quatro áreas distintas que se interligam por meio da circulação: contemplação; permanência; eventos e recreação infantil (Figura 56).

FONTE: Elaborado pela autora (2018)

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4.3 ESTUDO PRELIMINAR Baseando-se nas diretrizes e setorização acima, surge como resultado um novo desenho do espaço público, integrado ao entorno e atendendo as necessidades destacadas pelos usuários. Através de entrevistas realizadas pela autora, foi possível captar as ideias da população ao que esperam em relação a proposta projetual. A morfologia da atual praça foi mantida, e parte da estrutura existente aproveitada. Porém, o pórtico que delimitava o espaço, apesar de permeável, criava uma barreira física e visual para o interior da praça, tornando-se objeto de preocupação de muitos moradores em relação à segurança daquela área, uma vez que, devido às suas grandes dimensões, os pilares desta estrutura poderiam servir de esconderijo para mal feitores. Buscando solucionar esta problemática de forma democrática, realizou-se um levantamento gráfico (Gráfico 1) resultante das entrevistas realizadas com 32 pessoas - moradores e usuários da praça - acerca dessa modificação de retirada da barreira visual causada pelo pórtico. Gráfico 1 - Grau de satisfação sobre o pórtico

16% Acha que deveria haver uma reforma, um restauro na pintura, mas gostam da estrutura.

60% Não gostam da estrutura. Acham feia, perigosa e delimitadora do espaço público.

24% Não se importam ou não têm uma opinião formada sobre a estrutura. FONTE: Elaborado pela autora (2018) NOVEMBRO 2018 - PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA

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Analisado o gráfico resultante da pesquisa reali-

pécies, devendo-se atentar para o clima, ciclo de

zada, pôde-se constatar que a maioria dos cida-

vida, manutenção, dentre outros fatores de suma

dãos optaram pela retirada do pórtico na proposta

importância. Devido ao clima tropical - quente e

de projeto apresentado neste estudo. Entretanto,

úmido - e a exposição solar direta em todo o pe-

parte da estrutura foi mantida no projeto, bem

rímetro da praça, a vegetação foi cautelosamente

como sua morfologia. Fez-se uso de dois dos pi-

escolhida baseada em espécies nativas que além

lares para a estruturação de um pergolado que

de suportar essas características locais, propor-

servirá de cobertura para um bicicletário. Para os

cionassem conforto térmico e visual, provocando

demais, aproveitou-se apenas suas bases para a

um efeito paisagístico atrativo.

composição de bancos. Partindo das diretrizes, conceito e entrevistas obteve-se como resultado o projeto de intervenção e requalificação a seguir (Figura 57).  Por se tratar de um espaço onde o sol predomina grande parte do dia, a escolha da vegetação, em especial as espécies arbóreas, foi de suma importância para proporcionar sombra e conforto para os usuários, principalmente nos locais de permanência durante os horários mais quentes do dia. Entretanto, esta pesquisa não se limitou à capacidade de sombreamento ou harmonia entre as es74

A criação de faixas de pedestres elevadas facilitam a travessia, aumentam a segurança, melhoram a circulação e o acesso ao espaço público. A expansão da área da praça e a criação do eixo visual proporcionaram uma circulação contínua e visível dos principais pontos da mesma. Buscou-se dessa maneira fazer conexão entre o ponto central da praça com os marcos visuais que dão identidade a este espaço: as esculturas de golfinhos. Figura 57 - Planta de implantação

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FONTE: Elaborado pela autora (2018) NOVEMBRO 2018 - PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA

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Figura 57 - Planta de implantação

Por se tratar de uma área em meio ao intenso tráfego de veículos sem nenhum tipo de acessibilidade - a atual rotatória, ou “largo dos golfinhos”, que comporta um pequeno espaço composto de bancos - foi transformada em mera rotatória composta de jardim e estrutura que abriga o marco visual da região: as esculturas de golfinhos existentes. Figura 58 - Perspectiva do eixo visual para o jardim criado e a rotatória

No trecho expandido da praça, criou-se outro jardim. Para compor a estrutura do mesmo, manter a conexão e a identidade do espaço com a rotatória foi incluída uma nova escultura de golfinho. A expansão e a criação do eixo visual proporcionaram uma circulação contínua e maior visibilidade dos principais pontos da praça. Buscou-se dessa maneira estabelecer uma ligação entre seu ponto central e a rotatóra.

FONTE: Elaborado pela autora (2018)

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FONTE: Elaborado pela autora (2018)


O eixo visual, criado entre a parte central da praça e as esculturas de golfinhos, foi valorizado com a implantação de vegetação em ambos os canteiros ao longo da nova circulação. Criou-se jardins de contemplação que embelezam e atraem o usuário para o interior da praça.

Figura 59 - Perspectiva do eixo visual para o jardim

Figura 60 - Perspectiva do eixo visual para o pátio interno

FONTE: Elaborado pela autora (2018) NOVEMBRO 2018 - PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA

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Levando em consideração a apropriação do espaço e o uso constante dos moradores, deu-se atenção quanto ao mobiliário criado e aos espaços de permanência. O respectivo setor buscou através de espécies arbóreas de copas largas criar áreas sombreadas que permitissem o conforto adequado para a permanência naquele espaço. Buscou-se criar ambiências agradáveis através de mobiliários atrativos ao uso. Neste setor, parte da estrutura dos pilares existentes foi aproveitada para formar a base dos novos bancos de madeira.

Na parte reta de ambos os decks, foi reservado um espaço para a criação de dois conjuntos de mesas moldadas em concreto. Uma delas seguiu as especificações para atender às pessoas em cadeiras de rodas. O acesso ao deck pode ser realizado através da circulação central da praça, por meio de uma rampa acessível. Figura 61 - Perspectiva do setor de permanência

A sua forma curva proporcionou um desenho orgânico que modelou o deck. Em torno do tronco de uma das árvores implantadas, criou-se um banco de madeira que contorna o seu diâmetro, aproveitando a sombra proporcionada pela espécie. FONTE: Elaborado pela autora (2018)

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Um dos desejos mais expressados pelos usuários e moradores locais, foi a criação de uma área recreativa para crianças, como existiu no passado, mas que foi perdida devido à deterioração ocorrida pela falta de manutenção. Desse modo, foi destinado um espaço em frente ao pátio central para acomodar um pequeno playground que se divide em duas áreas: uma específica para crianças de 2 a 5 anos e outra de 3 a 12 anos. A área faz limite com a calçada voltada para a rua de menor fluxo, de modo a evitar a circulação de crianças em vias movimentadas. Parte dos pilares da estrutura existente também foram aproveitados neste

Figura 62 - Perspectiva do setor de recreação infantil

setor. Os mesmos serviram de base para bancos de madeira que além de acomodar os usuários tanto do playground, quanto da calçada, serviram de barreira física para evitar a travessia de crianças para a rua. Figura 63 - Perspectiva do setor de recreação infantil

FONTE DAS FIGURAS: Elaborado pela autora (2018) NOVEMBRO 2018 - PRAÇA JOÃO MARQUES PEREIRA

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Voltado para leste, este setor do projeto se subdivide em dois e, assim como os demais, aproveitou a base dos pilares da estrutura existente para construir novos mobiliários, como bancos e pergolado. Este último, feito com ripas de madeira, proporcionou abrigo para um bicicletário modulado, que também serve como assento. Seguindo as normas de acessibilidade, os bancos deste setor reservaram um espaço ao lado dos assentos, fora da faixa de circulação, para pessoas em cadeira de rodas. As duas áreas do setor contemplam espé-

Figura 64 - Perspectiva do setor de contemplação

cies arbóreas que além de proporcionarem agradável sombreamento durante os perídos mais quentes do dia, harmonizam e embelezam a paisagem.

FONTE DAS FIGURAS: Elaborado pela autora (2018)

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Figura 65 - Perspectiva do setor de contemplação


O setor denomidado como espaço livre é a área central da praça. Este espaço foi preservado como área livre para a realização dos eventos da comunidade, e parte do palco existente foi mantido e remodelado. Figura 66 - Perspectiva da área do palco

O muro que faz divisa com o terreno vizinho teve seu desenho modelado como se fosse uma continuação do sentido dos acessos laterais da praça. Revestido com vegetação (unha-de-gato), o novo muro serve de composição natural para o palco.

Figura 67 - Vista para o pátio interno

A área central localizada em frente ao palco, no centro da praça, agora contempla mobiliário moldado em concreto em toda sua volta, formando uma espécie de platéia. Figura 68 - Vista para o pátio interno

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Figura 69 - Vista do eixo visual

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Figura 70 - Vista para a área de permanência

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Figura 71 - Vista geral praça

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Figura 72 - Vista geral da praça

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Figura 73 - Vista do eixo visual para a rotatória

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Figura 74 - Vista lateral da praça

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Figura 75 - Perspectiva ANTES

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Figura 76 - Perspectiva DEPOIS


Figura 77 - Perspectiva ANTES

Figura 78 - Perspectiva DEPOIS

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Figura 79 - Perspectiva ANTES

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Figura 80 - Perspectiva DEPOIS


Figura 81 - Perspectiva ANTES

Figura 82 - Perspectiva DEPOIS

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05 CONSIDERAÇÕES FINAIS 92

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CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho foi conduzido pela compreensão das praças como importantes espaços públicos, mostrando sua evolução acerca das mudanças em seus usos e apropriações e que estão aqui representados pela Praça João Marques Pereira, local com papel importante na dinâmica do bairro onde se insere e necessita de mudanças. O espaço público é um local de convívio, que enfrenta uma grande desvalorização em relação aos novos espaços semi-públicos e privados que ofertam segurança. Nesse sentido, este estudo teve a intenção de propor uma intervenção urbana, envolvendo os moradores e transformando seu espaço de uso público digno. Apesar do estado precário em que se encontra o local de intervenção, os moradores continuam se apropriando do ambiente e executando atividades. É de extrema importância ressaltar que durante todo o processo deste trabalho, houve a preocupação em manter a identidade do local, mantendo seu marco principal em destaque, as esculturas de golfinhos, que apelidou a praça, e considerando as características especificas do local. O trabalho tem como resultado final uma proposta de requalificação a nível de estudo preliminar, colocando-se como componente incentivador para que haja melhorias no espaço, visto que, uma nova ambientação foi proposta criando possibilidades para diferentes ocupações do mesmo espaço. Para futuras evoluções da pesquisa, sugere-se a concepção de um projeto mais detalhado para a área, além de melhorias para o trafego do entorno e a morfologia das edificações.

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