50 ideias genética que precisa mesmo de saber mark hernderson

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animais geneticamente modificados viveiros. A engenharia genética arranjou uma solução engenhosa denominada pharming, palavra composta por pharmaceuticals e genetic engineering. Uma empresa canadiana chamada Nexia introduziu dois genes de aranha em cabras, que passaram a segregar proteínas da seda da aranha no seu leite. Estas proteínas podem ser extraídas em grandes quantidades e depois utilizadas para tecer as fibras. Uma abordagem semelhante foi adoptada por uma empresa norte-americana, a GTC Biotherapeutics, para adicionar genes humanos a embriões de cabras, animais cujo leite depois produz um agente que favorece a coagulação do sangue. Em 2006, o ATryn, o antitrombótico recombinante assim produzido, foi o primeiro fármaco criado através desta técnica que obteve aprovação para uso nos seres humanos. O consumo humano de produtos de animais geneticamente modificados ainda não foi oficialmente autorizado na Europa e nos Estados Unidos, mas a comercialização de alguns deles já não deve tardar. Por exemplo, cientistas da Universidade de Harvard adicionaram um gene do nemátodo Caenorhabditis elegans a porcos para que estes produzissem ácidos gordos ómega-3. Uma dieta rica nestes nutrientes melhora a actividade cerebral e diminui o risco de doenças cardíacas, mas estes ácidos geralmente só se encontram nos peixes gordos. Nada sugere que é perigoso comer a carne, os ovos ou o leite geneticamente modificados, mas resta saber se os consumidores os vão aceitar sem reservas. Outra aplicação interessante de engenharia genética é a possibilidade de criar porcos com órgãos «humanos» que não seriam rejeitados pelo sistema imunitário quando transplantados em pessoas. Todos os anos morrem milhares de indivíduos que estão na lista de espera para receber um rim, coração, ou fígado, sendo os órgãos dos porcos do tamanho adequado para os seres humanos. Os animais geneticamente modificados poderiam solucionar, de uma só vez, a escassez de órgãos. No entanto, este xenotransplante pode soçobrar noutro aspecto genético. O genoma do porco está carregado de ADN de vírus que se introduziram no seu código genético ao longo de muitos milhões de anos. Estes retrovirus endógenos porcinos (PERV) não fazem mal nenhum ao animal, mas alguns parecem ser capazes de infectar as células humanas em meio de cultura e desconhecese quais os seus efeitos se forem transplantados em seres humanos. Todavia, a genética pode também arranjar uma solução, pois os cientistas identificaram receptores por onde penetram nas células os PERV e pode vir a ser possível desactivá-los de forma a restringir ameaças à saúde.

a ideia resumida Os animais geneticamente modificados podem salvar vidas humanas

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