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cadeira fdc - 1

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participantes da Semana de Arte Moderna de 22

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exposição modernista Num primeiro momento, a preocupação em estabelecer uma introdução à linguagem moderna ocorreu através da produção arquitetônica, a partir dos anos 1930 com a vinda de Gregori Warchavchik ao Brasil, proporcionando diversas contribuições para a incorporação do modernismo no país, a exemplo da execução da Casa Modernista da Rua Santa Cruz, em São Paulo, que foi considerada um dos primeiros exemplares de arquitetura moderna no Brasil. Tratando-se da produção do mobiliário, percebese uma posição de defasagem em relação à arquitetura, prevalecendo ainda uma linguagem de cunho acadêmico. Entretanto, houve um primeiro indivíduo que obteve êxito ao traçar um desenho de mobília que concebeu um parcial distanciamento da linguagem acadêmica, aproximando-se de uma concepção moderna, que ecoava elementos do Art-Déco, a fim de disseminar um ar de modernidade, despertando a inércia acadêmica: o John Graz. Apesar de ter origem suíça, obteve indissociável vínculo com aspectos artísticos brasileiros, tendo inclusive participação na Semana de Arte Moderna de 22. Graz também auxiliou Warchavchik na elaboração do mobiliário da Casa Modernista, que juntos deram mais um grande passo à respeito da incorporação moderna no desenho da mobília brasileira, visando estabelecer funcionalidade e adequação condizentes à sua arquitetura. Os materiais mais utilizados para essas produções foram a madeira, tubos de metal cromado, couro, tecidos e veludo.

“A produção de mobília nos anos 1920, embora quantitativamente restrita, foi essencial. Não se pode compreender a evolução do processo de modernização do móvel dos anos 1930 e 1940 em diante sem levar em conta a lenta maturação que a antecedeu.” (LOSCHIAVO, 2017, p.75).

interior da Casa Modernista da Rua Santa Cruz

As cidades de São Paulo e Rio de Janeiro foram as capitais que obtiveram um maior destaque na modernização da mobília no Brasil, entre os anos de 1930 e 1960, mesmo em uma escala mais reduzida, porém significativa.

O Rio de Janeiro, de certa forma, na qualidade de Capital Federal, concentrava boa parte dos recursos para investimentos em obras públicas, surgindo daí uma demanda bem característica de produção de mobília de escritório. Já São Paulo, como maior polo industrial e econômico, aglutinava grande parte dos recursos tecnológicos para a execução do mobiliário projetado. As outras cidades brasileiras limitavamse, em sua maioria, a seguir a orientação proveniente dessas metrópoles. (LOSCHIAVO, 2017, p.83). cadeira assinada po John Graz

Oscar Niemeyer e Lúcio Costa

Paulo Mendes da Rocha e Artigas

Sérgio Rodrigues Em virtude da participação dos arquitetos neste processo de modernização do mobiliário, muitos deles elaboraram essas peças como extensão da própria arquitetura, tornando-se parte integrante dos projetos que eram elaborados, buscando estabelecer o diálogo entre o ambiente construído e seus elementos compositivos mais pontuais. Alguns arquitetos cariocas e paulistas pioneiros desempenharam um papel de grande importância nesse processo, dentre eles: Lúcio Costa, Affonso Reidy e Oscar Niemeyer, representando o Rio de Janeiro, e além de Gregori Warchavchik: João Batista Vilanova Artigas, Rino Levi, Oswaldo Arthur Bratke e Henrique Ephim Mindlin. A partir de 1950, o Brasil passou por um intenso processo de verticalização e crescimento urbano, promovendo a rápida industrialização, que contribuía para a difusão do móvel moderno juntamente com a aceitação do mesmo pelas suas novas formas e materiais aplicadas na decoração dos espaços interiores. Esse período foi particularmente marcado pela obra de Sérgio Rodrigues, que desde 1953 já vinha contribuindo com a produção da mobília moderna no país. Em 1955 ele fundou uma loja de móveis cujo nome era Oca, a qual tinha objetivo de elaborar móveis que expressassem as raízes da cultura brasileira.

A respeito desse nome, Lúcio Costa fez as seguintes considerações: “Oca é a casa indígena. A casa indígena é estruturada e pura. Nela os utensílios, o equipamento, os apetrechos e paramentos pessoais, tudo se articula e integra, com apuro formal em função da vida. A simples escolha do nome define o sentido da obra realizada por Sérgio Rodrigues e seu grupo.” (LOSCHIAVO, 2017, p.181).

A galeria Oca foi adquirindo a atenção dos arquitetos por encontrarem nela novas possibilidades de composição dos espaços projetados, desenvolvendo assim uma rápida aceitação do mercado posteriormente. A mobília moderna atingiu larga escala de produção massiva a partir dos anos 1970 até o fim do século XX, apresentando diversas opções, atendendo diversos públicos, com interesses e condições distintas. Diante dessa condição, foi necessário estabelecer categorias de mobiliário, de modo que houvesse a distinção de uso de cada peça, e assim, fica evidente a conquista da indústria brasileira ao realizar uma produção simultaneamente adequada à linguagem brasileira e ao mercado, com notável aceitação. O mobiliário moderno brasileiro influenciou a produção dos móveis no século XXI, representando uma grande força simbólica, porém as condições e os desafios dessa geração contemporânea vêm direcionando a produção do mobiliário de acordo com essas mudanças. Um desses fatores é a escassez de recursos naturais, que requer a substituição de materiais e aprimoramento de novas tecnologias. Além disso, a composição da família brasileira e os novos modos de vida vêm sofrendo modificações ao longo dos anos, fator esse que reflete diretamente no design de uma peça, afinal, assim como um projeto arquitetônico, cada móvel possui suas particularidades e seus contextos, devendo atender diferentes demandas, analisando cada caso a fim de estabelecer uma solução adequada para cada situação, e desse modo, todos esses fatores consequentemente refletem em transformações na cultura e na nossa sociedade.

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