Ecossistemas Costeiros - Impactos e Gestão Ambiental

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ECOSSISTEMAS COSTEIROS

impactos e gestão ambiental

pode conservar adequadamente ambientes sem conhecê-los e sem entender a relação que existe entre eles e o homem. Assim, este trabalho tem como objetivo fornecer informações sobre a região costeira de Bragança, relacionadas às modificações causadas por fatores naturais e antrópicos, além de utilizar tais informações com o intuito de propor um melhor uso das áreas costeiras, baseado em um planejamento geoambiental.

CENÁRIO REGIONAL O embasanento da planície costeira é formado por sedimentos terciários do Grupo Barreiras que constitui o Planalto Costeiro, que apresenta uma superfície plana arrasada, suavemente ondulada e fortemente dissecada, com cotas entre 50 e 60m, que diminuem progressivamente em direção à planície costeira, a norte. Este contato é marcado por uma mudança litológica (sedimentos areno-argilosos avermelhados do Grupo Barreiras e lamosos da planície costeira), vegetacional (floresta secundária e mangue) e morfológica brusca (falésias mortas de até 1m de altura) (SOUZA FILHO; EL-ROBRINI, 1996; 1997). A Planície Costeira Bragantina, no nordeste do estado do Pará, apresenta cerca de 40 km de linha de costa, estendendo-se desde a Ponta do Maiaú até a foz do rio Caeté (Figura 1). Está inserida em uma costa embaiada transgressiva dominada por macromaré, cuja compartimentação geomorfológica apresenta três domínios (SOUZA FILHO, 1995): (1) Planície Aluvial, com canal fluvial, diques marginais e planície de inundação; (2) Planície Estuarina, com um canal estuarino subdividido em funil estuarino, segmento reto, segmento meandrante e canal de curso superior, canal de maré e planície de inundação; e (3) Planície Costeira, com os ambientes de pântanos salinos (interno e externo), planície de maré (manguezais de supramaré e intermaré e planície arenosa com baixios de maré), cheniers, dunas costeiras e praias (Figura 1). A vegetação da Planície Costeira Bragantina é caracterizada pela ocorrência de mangues, que ocupam 95% de toda a área costeira. Os gêneros dominantes são Rhyzophora, Avicenia e Lagunculária. Associada a esta vegetação, ocorrem Spartina sp. e Conocarpus L. A vegetação de campo nos pântanos salinos é predominantemente de Aleucharias sp. (juncos), enquanto que nos cheniers e campos de dunas observa-se vegetação arbustiva (SOUZA FILHO; EL-ROBRINI, 1996). O clima da área é equatorial quente e úmido (Amw, de acordo com a classificação de Köppen), com uma estação muito chuvosa de dezembro a maio e precipitação anual em torno de 3.000 mm; a umidade relativa do ar oscila entre 80 e 91% (MARTORANO et al., 1993).

METODOLOGIA Os métodos e equipamentos utilizados durante a realização deste trabalho incluíram sensoriamento remoto, geoprocessamento, testemunhagem a vibração, perfis de praia e caracterização dos parâmetros oceanográficos. As cenas de satélite (TM do LANDSAT-5 datada de 24/07/1991, órbita-ponto 222-61) foram processadas digitalmente, obtendo-se a composição colorida 5R 4G 3B, definida como a melhor composição para o estudo da área costeira. Deste modo, foram cartografados os diferentes ambientes de sedimentação, sendo elaborado o mapa geológico-geomorfológico. Além do mais, foram cartografados os vetores de impactos ambientais instalados (p. ex. ocupação urbana e estradas, áreas desmatadas) e as alterações morfológicas e da cobertura vegetal ocorridas ao longo do tempo.


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