A Arte Rupestre de Monte Alegre

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A Arte Rupestre de Monte Alegre

Pereira(2) comparou os desenhos das pinturas de Monte Alegre feitos por Hartt com os que documentou em 1992, e constatou que Hartt registrou algumas figuras dos sítios Pedra do Mirante, Serra do Sol e Serra da Lua, todos localizados na Serra do Ererê. Frederich Katzer(3) foi outro geólogo que percorreu a região e que também informou sobre a existência de pinturas rupestres. Ele menciona que no setor norte da Serra do Ererê havia “um grande bloco isolado de arenito, com a superfície lisa” e que estava coberto de “inscripções e desenhos indígenas”. Ele se referia ao local que hoje é conhecido como Pedra do Mirante. Em 1924, Curt Nimuendaju(4) esteve em Monte Alegre e visitou, entre outros lugares, as serras do Ererê e do Paituna. Na Serra do Ererê, ele copiou as pinturas rupestres de dois sítios: a Serra da Lua (que denominou de Pedra da Lua) e de outro lugar que ele não atribuiu um nome, mas que pelas imagens reproduzidas é possível identificar como sendo o sítio Pedra do Mirante. Ainda na Serra do Ererê, Nimuendaju mencionou ter visto de longe as pinturas rupestres de um lugar chamado Pedra do Sol. Esse lugar é o sítio Serra do Sol. Na Serra do Paituna, Nimuendaju copiou algumas pinturas do sítio Gruta do Pilão2 (Figura 2). Entre os anos de 1954/1955, o alemão Manfrend Rauschert(5) percorreu a região do baixo Amazonas e de sua estada em Monte Alegre informou sobre a existência de pinturas localizadas nas serras da Lua e do Sol. Hartt, Wallace, Kazter e Rauschert observaram diretamente as pinturas rupestres de Monte Alegre, e as informações que deixaram constituíram referência obrigatória aos diversos estudos sobre arqueologia e arte rupestre brasileira e foram publicados na primeira metade do século XX3. Depois desses trabalhos, as pinturas rupestres de Monte Alegre passaram um longo período esquecidas e somente voltam a ser mencionadas em 1984, através dos estudos do Grupo Espeleológico Paraense (GEP). Este grupo registrou várias grutas na região de Monte Alegre e os resultados foram apresentados no Roteiro Espeleológico da Serra do Ererê e Paituna – Monte Alegre (PA)”(6), que oferece também informações sobre seis sítios arqueológicos com pinturas rupestres. Alguns deles correspondem aos mesmos locais visitados por Wallace, Hartt e Rauschert. Em 1986, o arqueólogo uruguaio Mario Consens visitou Monte Alegre como objetivo de avaliar o potencial arqueológico da região. Consens(7, 8) informou sobre seis sítios com pinturas rupestres4 e teceu considerações gerais sobre o estado de conservação das pinturas e sua possível cronologia. Após a visita de Mario Consens a Monte Alegre, as pinturas dessa região caem novamente no esquecimento e só voltam a ser tema de interesse em 1990. Pereira(9) realiza um estudo de cunho bibliográfico sobre a arte rupestre dos estados do Pará, Maranhão e Tocantins e caracteriza de forma preliminar aspectos relacionados à técnica, ao estilo e à distribuição geográfica dos sítios com arte rupestre nesses estados. Uma classificação preliminar para as pinturas rupestres de Monte Alegre é apresentada nesse estudo.

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Esse sítio também é conhecido com o nome de Caverna da Pedra Pintada. As informações de Nimuendaju não aparecem nessas obras, pois suas informações só foram divulgadas em um trabalho póstumo organizado por Per Stenborg e publicado em 2004. Alguns destes sítios haviam sido localizados anteriormente pelo Grupo Espeleológico Paraense. 45


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