[infantil] monteiro lobato histórias de tia nastácia

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acordou de sobressalto. A casa estava queimando. O rato ficou aflitíssimo, sem saber como escapar. As labaredas, porém, cresciam e ele teve de resolver-se; ou ficava ali, e morria assado, ou escapava. Fechou os olhos e lançou-se ao fogo. Mas; sem saber como, não se queimou. Achou-se lá fora, sem o menor tostadinho no pêlo. Isto o encheu de enorme orgulho. —

Qual! Sou mesmo diferente dos outros. Nem as chamas têm

coragem de me queimar... Passeou por ali uns instantes e voltou a ver o estado do incêndio. Só então percebeu que não tinha havido incêndio nenhum. Os raios do sol, que se iam erguendo, é que lhe deram a impressão de fogo. O rato suspirou. A sua importância não era o que ele havia suposto. Mas que fazer para provar tal importância? A pouca distância havia um morro altíssimo. — Eis uma boa façanha para um rato como eu: dar um pulo e cair lá em cima do morro! Preparou cuidadosamente o pulo e pulou. Novo desastre. Em vez de alcançar o alto do morro, caiu em cima dum montinho de areia, a seis palmos de distância. O rato entristeceu. Estava custando a provar ao mundo a sua importância. Olhou. Viu um lago que lhe pareceu enorme. Foi para lá. Mediu a distância. — Se consigo atravessar a nado este aguão, todos os animais têm que reconhecer em mim um verdadeiro herói. Lançou-se à água, nadou, e por fim chegou ao meio do lago. Sentia na cauda o peso de milhares de peixes agarrados a ela. Estava já cansadíssimo, de modo que teve de empregar todas as forças para chegar à margem oposta. Chegou, afinal. Uf! — Canseira assim jamais senti.

Mas não é para menos. Acabo de

atravessar um dos maiores lagos do mundo. Prestando melhor atenção, porém, viu que não havia atravessado lago nenhum, e sim uma pocinha lamacenta.. Os tais peixes que se


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