Mundo Contemporâneo 2ª edição dezembro de 2021

REVISTA

MUNDO CONTEMPORÂNEO 2ª edição | Dezembro 2021

#CULTURA GLÓRIA - A PRIMEIRA SÉRIE PORTUGUESA ORIGINAL DA NETFLIX #POLÍTICA SNS, OS PRIVADOS E A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE #ECONOMIA O IMPACTO DA ECONOMIA NAS TAXAS DE VACINAÇÃO #SOCIEDADE E ESTE ANO NÃO HÁ FESTA? #INTERNACIONAL COP26–A ÚLTIMA OPORTUNIDADE DE SALVAR O PLANETA #DESPORTO PGL MAJOR STOCKHOLM 2021: PÓDIO OPÕE G2 E NAVI #CIÊNCIA CANCRO: O MUTANTE DA NOSSA VIDA

Mundo Contemporâneo

EDITORIAL

Nesta segunda edição da décima terceira série da revista Mundo Contemporâneo, colocamos à vossa consideração vários temas da atualidade. Como presente nesta quadra natalícia, trazemos em primeira mão uma entrevista a Afonso Pimentel, ator da série “Glória”, a primeira série portuguesa original da Netflix, e também uma entrevista ao seu criador - Pedro Lopes.

Por outro lado, não podemos deixar de realçar a entrevista que realizámos a Dário Guerreiro, mais conhecido por “Moce dum cabreste”, humorista português, que responde a questões sobre o humor na sociedade contemporânea.

Relativamente à política nacional, o foco foi colocado na crise política aberta com a reprovação do orçamento de Estado para 2022, cuja resolução implica a realização de eleições legislativas no próximo dia 30 de janeiro. No âmbito da política internacional, tratamos da crise na Bielorrússia e das próximas eleições presidenciais no Brasil, vistas na perspetiva das sondagens mais recentes.

No mundo do desporto, o principal destaque vai para a controvérsia que ronda toda a desorganização do jogo Belenenses SAD x SL Benfica, com fortes repercussões no futebol português e na sua imagem pelos quatro cantos do mundo. Para além disso, destacamos também os resultados do sorteio para o torneio de classificação da Copa do Mundo de 2022 de basquetebol feminino e no mundo dos esports o duelo entre os G2 e os NAVI, a contar para o Major de Estocolmo da PGL, no jogo CS:GO. Por último, este número da revista MC oferece-vos também um pequeno mimo: uma análise das estreias cinematográficas e musicais ocorridas no mês de novembro.

Concluímos mais uma vez com um enorme agradecimento a toda a equipa que tornou possível mais este número da revista MC, em especial à Prof.ª Aurízia Anica, que nos orientou e que continua a manter este projeto vivo ao longo de várias gerações de estudantes.

Na secção de Ciência, encontra-se uma crónica sobre um assunto que cada vez mais está presente no nosso quotidiano, o cancro. A esta, junta-se um artigo sobre a nanotecnologia associada à mesma doença.

Coordenação

Diva Parreira

Francisco Grilo

Laura Pimenta

Design e Paginação

Redação Miguel Veiga

Leonor Duarte

Catarina Horta

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Victória Brandão

Mundo Contemporâneo

POLÍTICA páginas 04-08 Brasil a votos: Lula VS Bolsonaro SNS, os Privados e a Política Nacional de Saúde Legislativas 2022: Mais do mesmo ou tudo diferente?

ECONOMIA páginas 09-11 O Impacto da Economia nas Taxas de Vacinação Rui Rio vence eleições do PSD

SOCIEDADE páginas 12-17 E este ano não há festa?

O sentido de humor na sociedade contemporânea

INTERNACIONAL páginas 18-23 COP26 – A última oportunidade de salvar o planeta Entrada pérfida na Europa

CIÊNCIA páginas 24-29 Cancro: o mutante da nossa vida O uso da Nanotecnologia no combate ao cancro Meditação é a mudança individual para uma mudança global

CULTURA páginas 30-39 Glória - A primeira série portuguesa original da Netflix Receção ao Caloiro UAlg 2021 Estreou em novembro

DESPORTO páginas 40-45 PGL MAJOR STOCKHOLM 2021: Pódio opõe G2 e NAVI Belenenses SAD – SL Benfica: mais uma ferida no futebol português Resultados do sorteio para o torneio de qualificação da Copa do Mundo de 2022 de basquetebol feminino

Ficha Técnica Política: Mariana Brandão | João Sá de Carvalho | Andreia Rosca Economia: Daniel Fernandes | Joyce Ferreira | Carina Rodrigues Internacional: Tomás Lopes | Joana Coelho | Francisca Pereira | Lia Revés | Carolina Coelho Sociedade: Beatriz Costa | Beatriz Guerreiro | Beatriz Bernardo |Margarida Moreira | Maria Serrano Ciência: Catarina Lopes | Filipe Silva | David Carvalho | Gonçalo Sofrino | Beatriz Castilho Cultura: Ana Cortinhas |Ema Silvestre | Sofia Pereira Desporto: Tomás Martins | André Medeiros | Guilherme Gonçalves | Tomás Sousa -3-

Mundo Contemporâneo #POLÍTICA

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Mundo Contemporâneo #POLÍTICA

Brasil a votos: Lula vs Bolsonaro

Mariana Brandão

Sondagens recentes que simulam o futuro do Brasil revelam cenários idênticos, com Luiz Lula da Silva e Jair Bolsonaro a liderarem as intenções de voto nas próximas eleições presidenciais.

Mas quem participa nestas sondagens? No Brasil contemporâneo, a participação nas eleições é um dever para a população com 18 ou mais anos. No entanto, para analfabetos, pessoas com mais de 70 anos e jovens entre os 16 e 18 anos, o voto é facultativo. Contudo, nem sempre foi assim.

A evolução do voto no Brasil O voto no Brasil surge durante o período colonial, exatamente 32 anos após Pedro Álvares Cabral ter pisado o país pela primeira vez. Desde a história colonial até ao momento presente, o veredito de quem estava ou não apto a votar nem sempre foi o mesmo.

Em 1532, apenas indivíduos considerados “qualificados” poderiam exercer o direito de voto, esta classificação tinha em conta critérios como a linhagem familiar, a renda e/ou a participação na burocracia civil e militar.

Após a proclamação da Independência e aquando do império de D. Pedro I, em 1824, apenas podiam votar homens com mais de 25 anos de idade e com uma renda anual estipulada. Estavam, portanto, excluídos da vida política todos aqueles que fossem menores de 25 anos, todas as mulheres, trabalhadores em geral, soldados, índios e escravos. As mulheres apenas puderam votar em 1946.

Hoje em dia, a proibição de voto restringe-se a estrangeiros e àqueles que prestam serviço militar obrigatório.

Quem é Luiz Inácio Lula da Silva?

Metalúrgico na sua juventude, político e dirigente sindical, Lula é reconhecido por ter assumido a presidência do Brasil entre os anos de 2003 e 2011. Neste período de exercício do poder, ficou assinalado por alcançar resultados significativos para a economia brasileira, entre os quais a manutenção da estabilidade económica, a retoma do crescimento do país e a redução da desigualdade social. Durante o governo de Lula, 22 milhões de pessoas deixaram a pobreza extrema.

Contudo, a imagem positiva do agora ex-presidente criada a partir da política económica de sucesso, foi severamente abalada quando se viu envolvido em vários casos de corrupção.

Quem é Jair Bolsonaro?

Jair Messias Bolsonaro é, precisamente, quem ocupa de momento o lugar da presidência do Brasil. Capitão reformado e político, iniciou o mandato em janeiro de 2019 e desde o princípio a administração do atual presidente tem sido alvo de uma série de controvérsias. Desde o início da pandemia, Bolsonaro tem estado no centro de diversas polémicas; foram várias as vezes em que o presidente minimizou a gravidade do vírus e, inclusive, chegou a passar à população mensagens que contradiziam as orientações das entidades de saúde. Em julho de 2020, o próprio testou positivo no teste de despistagem da infeção.

Bolsonaro também é conhecido por ter comportamentos de cariz mais conservador. Apesar disso, Bolsonaro conta com o seu grupo de apoiantes e manifestações de apoio ao presidente foram já realizadas.

O que preveem as sondagens?

Numa das mais recentes sondagens, divulgada dia 24 de novembro pela Modalmais e Futura Inteligência, a liderança do ex-presidente brasileiro é apontada com 37% a 43,4% das intenções de voto, seguida pelo atual chefe do Executivo, que regista 30,8% a 32,7%. A pesquisa abrangeu uma amostra de 2000 eleitores.

Já na simulação lançada no mesmo dia pelo PoderData as percentagens atribuídas a ambos os candidatos revelam percentagens ligeiramente mais baixas, mas o cenário é o mesmo. Lula lidera com 34% a 36% dos votos face ao presidente Jair Bolsonaro (27% a 29%). Na realização deste estudo foram entrevistadas 2.500 pessoas.

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Mundo Contemporâneo #POLÍTICA

Andreia

SNS, os Privados e a Pol

O Serviço Nacional de Saúde O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é um sistema que tem em vista assegurar o direito à saúde de todos os cidadãos do país, independentemente da sua condição económica e social. A sua criação, no final da década de 70, retirou o monopólio da assistência médica do encargo das famílias, das instituições privadas e dos serviços médico-sociais da Previdência. Desde o seu surgimento, e tendo como destaque os últimos anos, o SNS tem vindo a apresentar mudanças que, de acordo com a OMS, o colocam no 12° lugar do mundo no quesito de eficiência.

A Política Nacional de Saúde Devido à nova situação mundial, geradora de uma grande pressão, e tendo em conta que o setor da saúde se encontra a atravessar um problema que o obriga a implantar mudanças nos cuidados de saúde prestados, o SNS necessita de soluções que inovem os seus métodos habituais, de forma a dar resposta a um desafio nunca antes visto.

Para responder aos novos problemas, a Política Nacional de Saúde apresenta um novo leque de alterações para melhor reagir a cada necessidade.

pretende garantir uma equipa de saúde familiar a todos os cidadãos, criar equipas de saúde mental comunitárias e, ainda, formar unidades móveis que possam prestar este tipo específico de cuidados.

Com uma maior procura de cuidados de saúde, os tempos de espera também aumentam, podendo prejudicar a confiança nos serviços. Para amenizar esta situação, pretende-se reforçar o papel dos níveis de gestão intermédia dos hospitais públicos, alargar o número de consultas externas, maximizar o aproveitamento das capacidades formativas e aumentar a eficiência e produtividade da atividade assistencial. É necessário, também, melhorar as condições de trabalho dos profissionais com os quais o SNS conta, de modo a permitir um bom equilíbrio trabalho-casa, sem prejudicar a prontidão e qualidade dos serviços fornecidos.

Para que este último tópico seja devidamente atendido, é indispensável a participação dos cidadãos no Sistema Nacional de Saúde, para que o mesmo possa corresponder aos interesses de cada um.

Os cuidados de saúde primários constituem a base do nosso sistema de saúde. Para atingir da melhor maneira uma meta de cobertura universal no campo da saúde, de modo a esses cuidados serem reforçados, o Governo -6-

Mundo Contemporâneo #POLÍTICA

a Rosca

lítica Nacional de Saúde

As Parcerias Público-Privadas no Setor da Saúde As Parcerias Público-Privadas (PPP) podem ser definidas como uma novidade na execução de projetos públicos de grande escala, onde decorre, de modo simplificado, uma junção entre o setor público e uma entidade privada.

Assim, fica o primeiro responsável por determinar os objetivos pretendidos com a infraestrutura ou serviço, e o último responsável por processos que abrangem, entre outros, conceitos como a conceção, a construção, o financiamento e a manutenção.

O setor da saúde foi precursor na fundação de Parcerias Público-Privadas em Portugal, como forma de promoção de meios inovadores de partilha do risco para prestação de cuidados de saúde, com novas experiências do setor privado nas unidades hospitalares do SNS. Apesar do investimento privado nestas unidades, sendo os hospitais integrados no SNS, o acesso aos serviços clínicos é o mesmo disponível nas restantes unidades hospitalares do setor público, sendo que o utente preserva os direitos e deveres providos no acesso ao SNS.

Hospitais em PPP e Poupança para o Estado Nos meses iniciais do ano passado, foi aprovado um decreto-lei que regula as PPP no setor da saúde, estabelecendo que as mesmas poderão existir somente perante “necessidade fundamentada”, restringindo os regulamentos dos anos anteriores. Estas medidas devem-se a protocolos que irão enquadrar uma nova fase de contenção da pandemia.

Este ano, feito um balanço, o Tribunal de Contas concluiu que não restam dúvidas acerca dos benefícios que as PPP na saúde trazem ao Estado, tendo sido poupados cerca de 200 milhões neste ramo.

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Mundo Contemporâneo #POLÍTICA

LEGISLATIVAS 2022: MAIS DO MESMO OU TUDO DIFERENTE? Esquerda com maioria sem entendimento. Direita com lideranças reforçadas.

As “mudanças” do CDS e a fragilidade política da CDU e do BE “CASA ONDE NÃO HÁ PÃO…”

O chumbo do Orçamento de Estado ditou o fim oficializado da “Geringonça”, acordo que unia os partidos de esquerda (PS, BE e CDU) numa solução governativa que suportou os Governos de António Costa até à data. No en-tanto, para todos houve consequências decorridas desta união. O PS alcançou uma solução governativa de suporte, mas tendo de ceder a algumas das soluções apresentadas por BE e CDU, partidos da extrema-esquerda do espectro político, impondo medidas sociais que por vezes apresentaram dificuldades de aplicação no contexto nacional.

Por seu lado, CDU e BE ganharam relevo político e proximidade ao Governo, mas sendo obrigados a compactuar com decisões do PS que não preenchem totalmente as visões políticas destes partidos. Se internamente a proximidade ao poder até pode ser bem vista, o eleitorado pode não pensar o mesmo.

Compactuar com a go-ernação socialista não estava a ser bem aceite, no entanto, reprovar um orçamento de esquerda e possibilitar a hipótese de formação de um governo de direita não surge na base identitária do BE e da CDU, mas aconteceu.

O PS segue para eleições praticamente no mesmo ponto de aceitação em que se en-contrava nas últimas legislativas, mas pro-curando alcançar a desejada maioria absoluta que não dá sinais de vir a existir.

João Carvalho

O “ADEUS RANGEL” E MAIS UM “OLÁ” A ANDRÉ VENTURA A Direita procura uma maioria que lhe permita governar.

A Iniciativa Liberal con-tinua a confiar em Cotrim Figueiredo e até apresenta sinais de poder vir a refor-çar a presença no Parlamento.

O PSD realizou eleições internas no passado dia 27 de novembro e o processo eleitoral ditou a continuação de Rui Rio na liderança do segundo maior partido nacional.

Paulo Rangel não conseguiu a confiança da maioria dos votantes do PSD, demonstrando assim que a confiança política no atual líder e nas posições tomadas não se encontra fragilizada, como era noticiado pelos vários meios de comunica-ção. Destaque para a campanha interna de Rui Rio feita inteligentemente a pensar nas Legislativas 2022, abrindo portas a uma governação de bloco central. No CHEGA, André Ventura viu ser-lhe dada (mais uma vez) a confiança política de liderar o partido, num momento em que o PSD liderado por Rui Rio já mostrou não estar disponível para uma solu-ção governativa que inclua aquele partido.

CDS EM “MUDANÇAS” “Chicão” conseguiu adiar as eleições, mili-tantes de destaque saem do partido, mas CDS afirma estar a aumentar número de militantes. O partido vive uma fase de mudança e incerteza com sinais de tempos difíceis internamente e que podem dar origem a maus resultados eleitorais.

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Mundo Contemporâneo #ECONOMIA

Carina Rodrigues

O Impacto da Economia nas Taxas de Vacinação

Foto: © UNICEF/Seyba Keïta Enfermeira no Mali prepara uma dose de vacina

A problemática da Covid-19 levou à necessidade da criação de algo que ajudasse a imunizar os seres humanos contra a doença. Dada essa necessidade, vários laboratórios começaram a desenvolver vacinas, com o intuito de acabar com o vírus, protegendo as pessoas e garantindo o regresso à normalidade a que todos estávamos habituados.

O processo de vacinação, alargado à escala mundial, avança como previsto pelo mundo, registando valores de imunização elevados. No entanto, o ritmo do processo não ocorreu de igual forma em todos os países, quer pelas conversações no seio dos Governos, quer pela falta de poder de compra de outros, como os do continente africano.

Segundo declarações proferidas pelo Diretor-Geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), os países africanos, cuja economia é tendencialmente fraca, foram “abandonados” pelo resto do mundo. As fracas campanhas de vacinação estão a afetar os países com menores rendimentos de forma significativa, tendo em conta a desigualdade no processo de imunização. É de relembrar que todos somos afetados pela situação, uma vez que a desigualdade na distribuição de vacinas contribui para que o vírus da Covid-19 continue a circular e sofra mutações.

Os números indicam que a maior parte dos países pobres continuam indefesos face à pandemia. Contas feitas, há 56 nações em África e no Médio Oriente em que as doses chegaram a menos de 10% da população. Em países como Benim, Níger, Libéria, Camarões, Mali, Sudão, Chade, Gana, Madagáscar, Etiópia e Nigéria, a taxa anda mesmo abaixo dos 3%, para um total de quase 500 milhões de habitantes.

Tendo em conta a situação, espera-se mais dos países que registam um índice de vacinação superior. No fundo, esperamos a entreajuda de todos, para que nos possamos ver, tanto quanto possível, a viver após a extinção do vírus.

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Mundo Contemporâneo #ECONOMIA

Daniel Fernandes

Joyce Ferreira

Rui Rio vence eleições do PSD

O Partido Social-Democrata teve as suas eleições internas para escolha do presidente no passado final de semana (17 a 19 de novembro) em Lisboa, e a disputa foi entre Rui Rio e Paulo Rangel.

Rui Rio (64) é natural do Porto, estudou Economia na Universidade do Porto, já tinha sido eleito deputado, em 1991, à Assembleia da República, e permaneceu no cargo por 10 anos. Em 1996 assumiu o cargo de secretário-geral do PSD. Entre 2002 e 2013 foi Presidente da Câmara Municipal do Porto, e desde janeiro de 2018 é o atual presidente do PSD, tendo-se recandidatado agora, em 2021.

Paulo Rangel (53) nasceu em Vila Nova de Gaia, estudou Direito na Faculdade de Direito da Universidade Católica Portuguesa. Em 2005 foi eleito deputado pelo PSD à Assembleia da República pelo Porto. Em 2009, foi vencedor juntamente com Manuela Ferreira Leite, para o Parlamento Europeu. Em 2010 tentou pela primeira vez a presidência do PSD, porém não venceu.

Entre todos os temas, (saúde, combate à corrupção, justiça, educação, sistema político e PSD), os dois candidatos estão de acordo em várias áreas, porém em divergência em relação à governabilidade, caso o PS venha a vencer as eleições legislativas de 30 de janeiro. Rui aposta num governo que se uniria em prol de um bem maior, sendo assim, um governo que – tanto de esquerda ou direita – estariam dispostos a dialogar e respeitar as instituições constitucionais e os interesses nacionais. Já Rangel, estaria focado num governo de maioria absoluta e aberta aos “parceiros” de longa data (CDS e IL).

Rangel ainda apoia a ideia de que o PSD deveria recusar a solução de um bloco central, e também recusar alianças com partidos de forças radicais (sejam esses de direta ou de esquerda).

Assim, mantem-se como presidente do partido pelo seu terceiro mandato consecutivo. As eleições tiveram um total de 31.991 votos, sendo eles: 18.604 em Rui Rio, 16.879 em Paulo Rangel, 319 votos em branco e 189 votos nulos.

Rui Rio foi reeleito presidente do PSD com 52% dos votos.

Apesar da vitória de Rui Rio, de que forma é que ambos perspectivam a economia em Portugal?

Os dois candidatos têm como objetivo o crescimento da economia, com aumento do salário e redução dos impostos.

Rui Rio acredita num governo ao centro, e na libertação da economia portuguesa, submetida pelas políticas da esquerda, que continuam a empobrecer o país. Através desta libertação, é possível a retoma do crescimento, não só da economia, mas também da sociedade portuguesa, com geração de riqueza, melhores salários e mais respostas aos problemas dos portugueses. Rui Rio pretende competir nas eleições legislativas em janeiro, e reforça a ideia de que, ou há um prolongamento da “esquerda da continuidade” ou há uma reforma.

Paulo Rangel acredita numa liderança isolada, ao contrário de Rui Rio. O candidato aposta na inexistência de acordos pré-eleitorais, algo que Rui Rio reforçou bastante. O candidato aposta na “mobilidade social”, apontando a estagnação da economia, reforçando o papel da educação na mesma.

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Mundo Contemporâneo #ECONOMIA

Rui Rio comemora vitória da presidência do PSD.

Enquanto Rui Rio pretende enfrentar os problemas dos impostos, seja às empresas seja às famílias, Paulo Rangel entende reduzir os impostos, mas de forma gradual, através duma estratégia a médio prazo, para não causar um choque fiscal.

Em relação aos salários, de uma forma geral, ambos os candidatos estão de acordo. Tanto Rui Rio como Paulo Rangel criticam a estagnação da economia portuguesa e defendem um crescimento da mesma, para possilibitar o aumento dos salários. Paulo Rangel, de acordo com o jornal Expresso, propõe “criar um ambiente económico que favoreça o crescimento de empresas inovadoras, sendo os processos de fusão e aquisição também um instrumento para dar às empresas portuguesas uma dimensão que as capacite para competir internacionalmente, com base na inovação e diferenciação de produtos e serviços”.

Rui Rio, por outro lado, propõe “fazer crescer a riqueza gerada em cada ano a ritmos mais elevados, valorizar os recursos próprios e inovar nas ofertas e nos processos produtivos, nomeadamente pela maior integração na economia digital e pelo recurso às novas tecnologias”.

No discurso de vitória, o atual presidente do PSD, agradeceu a todos os militantes que participaram nas eleições, à estrutura da campanha e, em particular, a José Silvano, “Foi muita gente e a maior parte dessas pessoas não as conheço sequer, mas trabalharam para que eu pudesse ganhar”, disse Rio, deixando “um grande agradecimento a todos”.

Por outro lado, Rangel também agradeceu a todos que o ajudaram na campanha, todos que votaram nele e parabenizou Rio pela vitória. Reforçou também que estava preocupado com as eleições legislativas, e que persistia na ideia de que a união era a melhor maneira de fazer política. Informou que iria continuar no cargo de eurodeputado, e que estaria empenhado no Parlamento Europeu.

Para finalizar, o candidato vitorioso deixou claro que os seus objetivos são ganhar as eleições legislativas em janeiro, resumindo: “Naturalmente, uma vez que sou candidato, o que espero é ganhar estas eleições e, depois, o mais importante é, no dia 30 de janeiro, estar o partido em condições de ganhar as eleições legislativas. Esse é que é o grande objetivo e o que Portugal mais precisa”.

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Mundo Contemporâneo #SOCIEDADE

Beatriz Costa

Margarida Moreira

E este ano não há fes Vai fazer dois anos que a pandemia chegou às nossas quietas e simples vidas. É verdade, simples e sossegadas, mas sem preocupações, que nos dias de hoje se tornaram hábitos imprescindíveis na nossa rotina. Antes de toda esta situação da pandemia, alguma vez pensámos que seria necessário usar máscara para fazer umas simples compras no supermercado? Ou entrar numa loja, e sermos praticamente perseguidos por lojistas, porque não colocámos álcool gel nas mãos? Entrar no mínimo em cinco lojas num shopping passou a significar ter as mãos peganhentas, como crianças que não sabem comer um simples doce. É a realidade, há uns tempos nenhuma destas situações nos passava sequer pela cabeça.

O constante aumento dos casos, tornou a situação cada vez mais real e preocupante. Os abraços e beijos, como forma de cumprimentar, foram praticamente postos de lado e rapidamente substituídos por toques de cotovelo meio estranhos. Os convívios e festas deram-nos descanso por uns belos meses, mas a saudade de socializar, fora das nossas queridas redes sociais, rapidamente apareceu. O trabalho remoto, as aulas online e a quarentena foram momentos desafiadores. O que fazer tantos dias trancados em casa? Dormir, ler, ver televisão, comer, arrumar, limpar … como se costuma dizer “gira o disco e toca o mesmo” …. Ufa! Tornou-se cansativo fazer o mesmo circuito em casa dias e dias seguidos, dias estes perseguidos por um tédio constante.

Jantares, almoços ou simples lanches de aniversário foram adiados para datas incertas. Datas festivas em tempo de pandemia, como o Natal e a passagem de ano, para muitas pessoas, perderam o significado que tinham em anos anteriores. Sem dúvida que nos fizeram refletir ainda mais sobre o significado dos mesmos, sobre a sorte que temos em ter família e amigos, com quem nos juntamos, ano após ano, para celebrar o mais simples que a vida nos dá. Muitas famílias viram a necessidade de diminuírem o núcleo familiar que se juntava ao redor da mesa. Outras, não deixaram que a pandemia lhes impedisse de passar bons momentos em família, mesmo que isso significasse aglomerados e possíveis riscos e consequências. Apesar de todos os apelos, ficou então ao critério de cada um fazer o que mais considerava correto.

O mesmo aconteceu na passagem de ano. A pandemia não impediu os jovens de se juntarem como antes, e de fazerem a festa. Irresponsabilidade? Talvez sim. Talvez muitos deles tenham contribuído para o aumento do número de casos nos dias seguintes. Mas o que fazer, quando se é jovem e se quer viver tudo ao máximo, sem nunca perder nenhum momento? Mesmo que seja em plena pandemia?

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Mundo Contemporâneo #SOCIEDADE

sta?

Deste lado, muitos de nós temos a sorte de não ter perdido ninguém por conta do corona vírus, mas é certo que todos nós passámos a conhecer alguém que ficou infetado. É uma questão de tempo, o vírus chegará a todos.

Pergunto agora, em tempos mais calmos, mas sem nenhumas certezas do que virá a acontecer, que lições levamos de tudo isto para o futuro da nossa sociedade?

Impõem-se as questões: como serão as festas? Como será o Natal deste ano? Como será a grande festa de boas-vindas a 2022?

Depois de confinamentos, e de vaga atrás de vaga, este ano foi-nos oferecida a esperança da imunidade de grupo que, através da vacina, nos iria permitir voltar à nossa vida normal, aos convívios, às noitadas, às festas, às jantaradas com os amigos e com a família.

Como mais de 85% dos portugueses vacinados, todos nós pensamos como será o Natal e a passagem de ano deste ano, como será a maneira mais adequada de vingar o passado ano de 2020. É claro que todos temos a consciência de que o temido vírus SARS-COV-2 ainda não desapareceu das nossas vidas, nem do mundo, mas onde é que traçamos a linha entre a diversão, o “viver a vida”, a segurança e proteção de nós próprios e dos outros? Mais entre os jovens do que entre os mais adultos, existe uma dificuldade em encontrar essa linha tão nublada.

Este ano queremos aproveitar o que não aproveitámos no ano passado, queremos beber o que não bebemos, dançar o que não dançámos, festejar o que não festejámos. Queremos voltar à rotina festiva que já começou em novembro, combinar em que casa vamos passar a consoada e o dia de Natal, quem leva a sobremesa, as bebidas, etc. Voltar às conversas entre amigos sobre onde vamos passar a meia-noite de 31, se vamos para fora, onde ficamos, que tema e decoração. Fazer contas à vida na altura mais agitada do ano.

Acreditamos que não é pelas restrições que possam ou não vir a ser impostas, que esta ideia de grande festa não vi ser concretizada, todos nós temos uma vontade de vingar as festas que perdemos, apoiada pela vacinação que não vai deixar passar este ano despercebido.

Nós queremos, a restauração quer, o comércio quer, todos queremos estas festas. Este ano vamos voltar a juntar-nos às nossas famílias no Natal, e aos amigos na última noite de 2021.

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Mundo Contemporâneo #SOCIEDADE

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Mundo Contemporâneo #SOCIEDADE

Beatriz Guerreiro

Maria Serrano

O sentido de humor na sociedade contemporânea O humor é uma temática presente no quotidiano do ser humano desde as civilizações mais primitivas. Um estado de espírito, muitas vezes utilizado a favor da vida e das relações, que faz parte da história da humanidade e, inclusive, é um mecanismo de defesa, uma válvula de escape de uma rotina quase que impiedosa de sobrevivência naqueles tempos mais difíceis. Torna qualquer comentário mais leve, uma das qualidades mais raras mas fundamental, e que torna a vida mais passível de ser vivida dentro de todas as dificuldades que ocorrem ao longo do tempo. Este traz um novo olhar à realidade, tornando-a engraçada e crítica.

A utilização do humor como forma de divertir e entreter um público é tão antiga quanto a ideia de sociedade. A verdade é que o humor tem tido um papel fundamental na desconstrução dos valores morais da sociedade. As pessoas riem-se das piadas que lhes são dirigidas, porque o humor incorpora fenómenos de identificação .

No mundo em que vivemos hoje, o humor tem-se tornado cada vez mais presente no nosso quotidiano. Tornou-se num meio de ganhar dinheiro, ao qual cada vez mais pessoas aderem e, com isto, o humor vem ganhando mais destaque. Um exemplo disso é o “stand-up”, onde tantas pessoas se reúnem num local para ouvir comediantes contarem piadas. Tornou-se de tal forma popular que já existem lugares próprios para se realizarem este tipo de espetáculos. Afinal, é nos tempos de hoje, em que a vida, por vezes, não se encontra da melhor forma nem com um rumo de felicidade, que a sociedade busca aderir ao humor. É indubitável que o humor abre vínculos sociais e possibilita a criação de críticas atenuadas de temáticas atuais.

No entanto, quando extrapolados os limites, pode gravemente ferir grupos minoritários e abrir caminhos para o bullying e para a agressão psicológica. Nesse sentido, é necessário que sejam tomadas medidas para que uma ferramenta de prazer humano não se confunda com uma de ódio. O humor, com uma temática alvo de diversas críticas por parte do público, é considerado, por vezes, exagerado, até chegar ao ponto da ofensa.

Portanto, as questões que se colocam são: onde é que o humor deixa de ser humor e passa a ser uma ofensa?

Onde é que deixa de ser um fator positivo, para passar a ser negativo? É com base numa entrevista realizada ao humorista Dário Guerreiro, mais conhecido como “Môce Dum Cabréste”, natural da zona de Portimão, que nos é explicado o fator do humor. São esclarecidas questões que colocam o humor numa vertente tanto positiva como negativa. Desta forma, como convidado para esta entrevista, Dário Guerreiro vai expor a sua opinião sobre como a sociedade – nomeadamente a sua elite – lida com o humor.

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Mundo Contemporâneo #SOCIEDADE

Beatriz Guerreiro em entrevista com Dário Guerreiro

Beatriz Guerreiro - Para ti, o humor tem limites?

Achas que o facto de seres humorista influencia a tua opinião?

Dário Guerreiro - Para mim, o humor não tem limites. Eu acredito que cada pessoa deve poder fazer humor com os temas que lhe apetecer. Nem todas as pessoas têm a mesma capacidade e mestria para fazer humor com qualidade e, portanto, quando se começa a fazer humor com temas que são um pouco mais controversos, podemos correr o risco de não fazer humor de muita qualidade e, consequentemente, de forma mais ou menos unânime, grande parte das pessoas podem não achar piada a esse humor. E, por isso, não valorizam que é e que se trata de humor. Relativamente ao facto de eu ser humorista, se isso influencia a minha opinião? Acho que é inverso, não é o facto de eu ser humorista que me faz acreditar que o humor não tem limites, ou seja, é precisamente o facto de eu acreditar que o humor não tem limites que me fez tornar humorista.

BG- A dor e a tristeza podem ser amenizadas pelo humor?

DG- Qualquer coisa pode amenizar a dor e a tristeza. Uns utilizam ferramentas como chorar e desabafar, e outros o utilizam o humor. Cada pessoa desenvolve as ferramentas que acha melhor para lidar com as adversidades.

Eu acho que o humor é a melhor porque acaba por ser contraditório, rimos de uma coisa que nos faz tristes e chorar. Não pode ser mais eficaz tu quereres não estar triste com uma situação do que rires ou aprenderes a rir dessa situação. Se tu estás triste, nada te vai fazer deixar de ficar triste mais depressa do que rir. No entanto, para conseguirmos chegar lá é necessário todo um processo de desconstrução mental e de preparação prévia que nem todas as pessoas têm capacidade para fazer.

BG- O sentido de humor deve ser encarado como uma forma de estar na vida?

DG- Não é obrigatório que seja. Mas eu acredito mesmo que facilita. Quem tem o sentido de humor muito presente no seu quotidiano vive a vida de forma um bocadinho mais feliz do que as outras pessoas. É muito mais benéfico e proveitoso tu abordares a tua vida de um ponto de vista mais risonho e com recurso ao humor do que uma perspetiva mais cabisbaixa, mais séria, levando as coisas demasiado a sério. Não é bom para ti! Desgasta-te emocionalmente, stressa-te, todas as pessoas precisam de se divertir e de espairecer. A vida já é uma me*** por si só, vamos estar a acrescentar mais me*** à me*** que a vida é? Vamos utilizar coisas que facilitem a vida e que a tornem mais prazerosa.

BG- Achas que as pessoas que utilizam o sentido de humor, utilizam-no para uma tentativa de integração social ou porque são simplesmente muito seguros de si?

DG- Uma coisa não implica a outra. Quem usa o humor como ferramenta pode usá-lo pelas mais variadas razões e nenhuma delas está errada. Podes utilizar o humor para chamar a atenção de umas miúdas, para teres temas de conversa com os teus amigos, para lidar com as tristezas e as frustrações ou simplesmente porque te apetece rir e te apetece espairecer. Todas as razões são boas e legítimas para recorreres ao humor.

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Mundo Contemporâneo #SOCIEDADE

BG- Qual o maior problema do humor em Portugal atualmente?

DG- É, sem dúvida, o facto de o humor não ter mercado, isto é, as pessoas não consomem o humor, consomem os seus humoristas preferidos. O humor, do ponto de vista genérico, não tem uma indústria em Portugal. Ao contrário do que acontece nos Estados Unidos, na Austrália ou no Reino Unido, em que as pessoas saem de casa, vão a um clube de “stand-up” ou a um bar só para ver “standup” independentemente do humorista, em Portugal, isso não existe praticamente. As pessoas consomem humor quando o humor é facultado pelos comediantes favoritos delas, ou seja, não querem correr riscos de conhecer “coisas novas”. Os teatros e os auditórios em Portugal só esgotam com meia dúzia de comediantes muito bons. Em Portugal, não existe essa procura do humor pelo humor e isso compromete muito o desenvolvimento do humor.

BG- Quem tem sentido de humor é, consequentemente, mais feliz?

DG- Não existe um sentido de humor, existem vários.

Toda a gente tem sentido de humor, uns estão é mais desenvolvidos do que outros. Não existe ninguém que não goste de rir. Há pessoas que têm capacidade de se rirem de mais situações e de coisas mais rebuscadas do que outras, que são um bocadinho mais conservadoras no seu sentido de humor. Por isso, sim, quem se ri mais vezes, em princípio, é mais feliz.

BG- Alguma vez deixaste de fazer alguma piada por receio da repercussão negativa? As críticas conseguem desanimar-te?

DG- Eu não deixo de fazer piadas quando estou no meu núcleo de amigos porque tenho medo das suas consequências, mas quando nós temos uma profissão que é pública e as pessoas reconhecem-nos pela nossa capacidade de fazer rir os outros, temos de ser um bocadinho mais cautelosos. Acabamos por desenvolver uma autocensura em que deixamos de fazer uma piada ou outra com medo de que a piada não “bata” o suficiente para as nossas expetativas, ou até que recebamos uma ordem de críticas negativas que nos desmotivem de fazer piadas no futuro. Mais depressa deixo de fazer uma piada porque acho que não tem piada suficiente do que propriamente em relação ao tema sobre o qual a piada é. Ou seja, se eu estiver orgulhoso e convicto da piada eu não vou ficar preocupado com as críticas que ai vêm, porque passa a ser uma mera questão subjetiva.

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Mundo Contemporâneo #INTERNACIONAL

COP26 – A ÚLTIMA

OPORTUNIDADE DE SALVAR O P

Durante o período de 31 de outubro a 13 de novembro de 2021, decorreu em Gla maior evento anual que se debruça sobre o clima mundial – a COP 26.

A sigla COP significa “Conference of the Parties”, ou seja, faz alusão ao órgão de tomada de decisões da Convenção-Q como principal objetivo reunir os vários governos envolvidos, para se discutir o quão tem sido aplicado o Acordo de

A primeira conferência (COP1) ocorreu em 1995, na cidade de Berlim. Quer isto dizer que, neste ano, se realizou o todo o mundo, na luta contra o aquecimento global.

A COP26 contou com a participação de cerca de 25 mil pessoas, entre políticos, ativistas, cientistas, empresários e dade de partilhar ideias inovadoras e algumas soluções. Porém, o foco manteve-se na presença dos mais de cem lí ausência do Presidente chinês, Xi Jinping, representante de um dos países mais poluentes a nível mundial, e do Pres

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Mundo Contemporâneo #INTERNACIONAL

PLANETA

asgow, no Reino Unido, o

Quadro das Nações Unidas, que tem Paris.

o 26º encontro dos vários países de

jornalistas, que tiveram a oportuniíderes mundiais, que contou com a sidente russo, Vladimir Putin.

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Mundo Contemporâneo #INTERNACIONAL

Lia Revés

Tomás Lopes

O Acordo de Paris Foi no ano de 2015, em Paris, na titulada COP21, que cerca de 55 países concordaram em trabalhar juntos contra o aquecimento global, concebendo o Acordo de Paris.

•

O Acordo tem como prioridade fundamental conter a subida da temperatura média anual para que não exceda 1,5ºC. Para tornar esse limite possível, foi constituído um plano com os seguintes elementos relevantes:

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O acordo e o esforço por parte dos governos em manter a temperatura média anual abaixo de 2ºC acima dos níveis pré-industriais.

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O contributo dos países em apresentar planos de ação nacionais, que permitam a redução das emissões de gases com efeito de estufa.

• •

A ambição necessária na execução dos planos de ação, de cinco em cinco anos.

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A apresentação de relatórios públicos sobre o seu desempenho.

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A solidariedade perante os países que possuam maiores dificuldades de concretização, como os países em desenvolvimento, o que inclui prestar financiamento na ajuda da redução das emissões e na criação de resiliência aos efeitos das alterações climáticas.

A importância da COP26 A conferência de 2021 foi assinalada como uma última oportunidade para evitar que o mundo entre em processo catastrófico devido aos efeitos das alterações climáticas, o que destaca o caráter essencial da COP26 no combate ao aquecimento global.

COP26 – a conferência Após duas semanas de negociações, foram registados progressos significativos em relação aos compromissos assumidos no domínio do Acordo de Paris. Contudo, a meta definida para a moderação da subida da temperatura média até 1,5ºC ainda não foi atingida, logo, serão necessários mais esforços das nações.

Deste modo, foram tomadas novas medidas (algumas renovadas, por não terem sido atingidas como previsto), resultantes da COP26, tais como: • A necessidade de todos os esforços globais para não exceder o valor de referência de 1,5ºC. Para tal, será preciso reduzir as emissões de GEE (Gases com Efeito de Estufa) em 45% até 2030, assim como atingir a neutralidade das emissões até 2050.

• A mobilização de 100 mil milhões de dólares (cerca de 88 mil milhões de euros) por ano até 2025, a fim de ajudar os países em desenvolvimento no combate aos efeitos das alterações climáticas.

• O adiamento das definições sobre o fundo de perdas e danos para a próxima COP, em 2022. Isto para que as nações mais vulneráveis consigam lidar com os impactos devastadores das mudanças climáticas, e reduzam as suas emissões ao ponto de se adaptarem aos seus efeitos.

• O combate aos combustíveis fósseis, para conter o aumento médio da temperatura global.

• Quanto ao Acordo de Florestas, este irá comprometer os países a deter e a reverter a perda e degradação das florestas até 2030. Inclui, também, a proteção das comunidades indígenas, o financiamento contra a destruição de florestas e o reforço das medidas regulatórias que evitem essa mesma destruição.

• A confirmação de cerca de 103 países em cortar 30% das emissões globais de metano até 2030.

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Mundo Contemporâneo #INTERNACIONAL

• O acordo dos Estados Unidos da América e da China. As duas superpotências que são responsáveis por 40% das emissões globais, comprometeram-se a não importar produtos que possam contribuir para a destruição de florestas, e ainda afirmam conseguir gerar 100% de eletricidade sem carbono até 2035.

Acordo dos Estados Unidos e da China A dois dias do fim da cimeira, os Estados Unidos e a China anunciaram um acordo conjunto com vista a aumentar a cooperação climática na próxima década.

Apesar das tensões entre as duas superpotências, os Estados Unidos e a China são dos maiores emissores de CO2 do mundo, daí a importância de atingirem a meta dos 1,5ºC.

ou “Why We Swim” de Bonnie Tsui. Estes livros são rapidamente associados a ativistas como a sua “grande” parceira, Greta Thunberg. Trata-se de uma leitura inserida na vertente climática, que analisa de uma forma persuasiva o quanto a humanidade precisa dos recursos naturais, argumentando sempre com soluções para os problemas em causa.

Para além deste envolvimento, Emma Watson usou igualmente a sua conta Instagram para a divulgação de todo este processo no decorrer da COP26, tendo dado constantemente a conhecer ao mundo a sua visão dos acontecimentos e o próprio evento.

Greta Thunberg

Desta forma, ambos concordaram em trabalhar juntos para reduzir as emissões até 2025, bem como para protegerem as suas florestas e reduzirem a sua utilização de carvão.

Por outro lado, a COP26 acolheu o protagonismo de Emma Watson e Greta Thunberg, duas grandes ativistas que fazem de tudo para salvar o planeta das alterações climáticas.

Emma Watson Greta Thunberg é uma ativista ambiental sueca, que ficou conhecida pelas suas manifestações nas escolas em prol das alterações climáticas. Atualmente, é das ativistas mais destacadas, tendo adquirido um estatuto de ícone do movimento pelo clima. De momento, tem um impacto significativo, especialmente nos mais jovens.

Todavia, relativamente à COP26, a jovem Greta manifesta-se contra os acordos firmados na cúpula do clima, ao afirmar que “Não é segredo que a COP26 é um fracasso.

Devia ser óbvio que não podemos resolver a crise com os mesmos métodos que colocaram em primeiro lugar”.

A atriz Emma Watson, popularizada pelo papel de Hermione Granger na saga Harry Potter, tem feito uma campanha marcante, especialmente em temas como os direitos das mulheres e a igualdade de género.

Em 2017, iniciou a sua jornada como ativista, juntando-se à causa “The Book Fairies”, quando começou a depositar vários livros feministas por diferentes sítios, no âmbito do Dia da Mulher. Esta vontade de mudar o mundo incentiva Watson a desempenhar esta missão de “fada”, que deixa livros nas ruas por onde passa para quem os encontrar.

Assim, a ativista Thunberg critica os vários líderes mundiais, referindo que não fazem o suficiente, pois são apenas políticos e pessoas com poder, que fingem levar o futuro do planeta a sério. No seu discurso na cúpula da Youth4Climate em Milão, Itália, Greta Thunberg disse até: “Reconstruir melhor. Blá, blá, blá. Economia verde.

Blá blá blá. Net zero até 2050. Blá blá blá. Clima neutro.

Blá, blá, blá. Isto é o que ouvimos dos nossos chamados líderes. Palavras que parecem ótimas, mas até agora não levaram a nenhuma ação. As nossas esperanças e sonhos afogam-se nas suas palavras e nas suas promessas vazias”.

Durante a conferência da COP26, a atriz escondeu mais de 40 livros em Glasgow, em homenagem ao lançamento da nova causa #COPBook Fairies. Estas leituras estão relacionadas com as alterações climáticas, como é o caso de: “How Women Can Save The Planet” de Anne Karpf, - 21 -

Mundo Contemporâneo #INTERNACIONAL

Joana Coelho

Carolina Coelho

Francisca Pereira

Entrada pérfida na Europa

Uma nova crise humanitária deflagrou com milhares de migrantes, principalmente oriundos do Médio Oriente, que cruzaram ou tentaram cruzar a fronteira nos últimos meses, para passar da Bielorrússia para países da União Europeia (UE), como a Polónia, a Lituânia ou a Letónia A Europa acusa o regime de Alexander Lukashenko de ter orquestrado, no início de agosto, a chegada do fluxo migratório, em particular através da emissão de vistos, em resposta de retaliação às medidas restritivas impostas por Bruxelas contra a Bielorrússia.

Desde outubro de 2020 que se tem vindo a impor progressivamente um conjunto de sanções económicas ao regime bielorusso, contra os atos de inaceitável violência praticados pelas suas autoridades sobre manifestantes pacíficos, os atos de intimidação, e as prisões e detenções arbitrárias que se seguiram à reeleição presidencial fraudulenta de Lukashenko, em agosto do mesmo ano.

No dia 21 de junho de 2021, a UE chegou a acordo sobre um novo pacote de sanções a aplicar, devido à repressão persistente de dirigentes da oposição, e à aterragem

forçada de um voo da Ryanair em Minsk, capital bielorussa, a 23 de maio de 2021. O Conselho Europeu condenou veementemente a aterragem ilegal, que pôs em perigo a segurança aérea, para a detenção pelas autoridades bielorrussas, do jornalista Raman Pratasevich e da sua esposa Sofia Sapega.

Deste modo, o já quarto pacote de sanções contra o seu país, terá motivado Alexander Lukashenko a vingar-se das sanções ocidentais adotadas. Ao agir desta forma, o líder bielorusso procura impor as suas condições à UE, de levantamento das sanções e do seu reconhecimento enquanto único dirigente legítimo na Bielorrússia, uma vez que a UE não reconhece os resultados das eleições bielorrussas, pois não considera que tenham sido nem livres, nem justas.

Mapa demarcado, para destacar a fronteira da Polónia com a Bielorrússia

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Mundo Contemporâneo #INTERNACIONAL

Imagem simbolizadora da presença de soldados polacos na fronteira com a Bielorrússia

Por conseguinte, Bruxelas acusa Minsk de orquestrar uma crise migratória artificial e de instrumentalizar migrantes sob esses fins políticos. Uma vaga migratória organizada, portanto, de milhares de refugiados que continuam a tentar entrar sobretudo na Polónia, vindos da Bielorrússia, na esperança de alcançar a União Europeia, depois de chegarem ao país com vistos turísticos e de serem conduzidos até à fronteira.

A Polónia enviou milhares de soldados para a sua fronteira com a Bielorrússia, que abrange mais de 400 quilómetros, e construiu uma cerca de arame farpado ao longo de uma secção. Além disso, estabeleceu um estado de emergência local que proíbe jornalistas e ativistas de viajarem para a zona fronteiriça.

Impedidos de entrar em território da União Europeia e incentivados a o seguir caminho contrário, estes migrantes Embora a situação não seja recente, a fronteira pola- continuam em acampamentos precários na zona de fronco-bielorussa tem sido, desde este verão, o principal teira, sem saída e expostos a temperaturas agrestes. cenário de uma grande e crescente crise migratória. Com a situação a deteriorar-se de dia para dia, a Polónia A 15 deoagosto, após somente dez dias uma ofensiva territórioa afegão, os talibã conquistaram Cabul pela seDesde início deste ano, o serviço de de fronteiras polacopelo anunciou, 15 de novembro, que vai começar a construir gunda vez na história, instalando-se triunfalmente no palácio presidencial, de onde havia desertado umas horas mais registou mais de 34 mil tentativas de cruzar a fronteira um muro na fronteira com a Bielorrússia até dezembro. cedo o presidente Ashraf Ghani. No dia seguinte, milhares de afegãos tentaram fugir desesperadamente do país a ilegalmente. O objeto do incremento de tensões entre Para além disso, o Conselho Europeu anunciou no mespartir do aeroporto de Cabul.

Varsóvia e Minsk dá-se por a Polónia se encontrar sobre mo dia que ampliou o seu regime de sanções de lista nea fimdade podervitória agorado visar pessoas e entidades que o corredorode massainteiro de migrantes Enquanto mundo assistia que e se Lukashenko questionavaabriu. sobre asgra, razões rápida grupo terrorista, um retorno, mesmo que do fosse sintético, e mais antigaorganizem do Afeganistão impunha-se, depois da ou contribuam paraparticularmente atividades que facilitem a A operação político visa ào história coraçãorecente da Europa e não partida dos soldados americanos do seu solo, a 30 de agosto. passagem ilegal das fronteiras externas da UE, tal como propriamente a Polónia em si. as companhias aéreas que pactuem com aquilo que o Uma evolução histórica na qual se viu esta nação aproximar-se sucessivamente da URSS, ser invadida por esta, afunbloco europeu classifica comodurante um ataque O polaco, Mateusz descredarprimeiro-ministro na guerra civil, ser dominada pelaMorawiecki, primeira vez pelo grupo islamita, e depois sofrer, vintehíbrido anos, acontra intera União. veu a crise migratória na fronteira oriental da UE, como venção americana. “a maior tentativa de desestabilizar a Europa” (desde a DuranteFria). a Guerra Fria, a ajuda estrangeira maciça levou em Cabul de um estrato social privilegiado partir de Munique, a Presidente da Comissão Europeia, Guerra “Fechar a fronteira polaca é uma questão de aoAsurgimento e isolado da realidade das províncias, aliciado com a entrada no mundo moderno.

Na década de 1960, soviéticos e interesse nacional. Mas atualmente é a estabilidade e a Ursula Von der Leyen, adiantou ainda que estão também americanos competiram através de financiamento para atrair o Afeganistão nas suas áreas de influência. Neste “jogo”, segurança de toda a União Europeia que está em jogo”, em curso esforços conjuntos com os principais países de os soviéticos venceram numa primeira fase, como o golpe de estado de 1978 o demonstra. escreveu ainda o chefe do Governo polaco, através da origem e de trânsito dos migrantes. Tais esforços conduziram, até à data, no à decisão do Iraque deosuspender rede social movimentos Twitter.

Enfrentam de resistência cujos líderes se haviam estabelecido país vizinho, como Paquistão temque, na tentativa de enfraquecer a URSS, prestou considerável assistência a esses partidos, comos o apoio dos porariamente os voos para juntamente Minsk e facilitar regressos Estados Unidos, China, Arábia Saudita, entre Toda voluntários a ajuda americana foiLituânia. canalizada por meio de generais a partir da Morawiecki argumentou igualmente que todaoutros. a Europa paquistaneses e dos seusdaserviços secretos.

Apesar dos das advertências dos ocidentais familiarizados com o terreno, já sofre as repercussões crise com os aumentos foram os partidos extremistas e os mais antiamericanos que tiveram maior investimento. preços da energia, em função da redução drástica do Paralelamente, Bruxelas procura manter a pressão na fornecimento de gás aos países europeus.

Rússia, por estimar que o Presidente russo tem de usar a influência que tem sobre Alexander Lukashenko.

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Mundo Contemporâneo #CIÊNCIA

Gonçalo Sofrino

Cancro: o mutante da nossa vida O cancro é um dos assuntos mais polémicos do século. São inúmeras as vezes que nos recordam que determinados produtos alimentares são nocivos para o nosso bem-estar e podem levar à proliferação de células cancerígenas.

Algo que não é do conhecimento comum, é o facto de nós, eu e o leitor, termos células cancerígenas no nosso organismo. A única razão que nos impede de desenvolver esta doença é a questão destas células cancerígenas, que se encontram no nosso organismo, não estarem em grandes quantidades, pois são eliminadas naturalmente por células “nk”. Estas células, ditas “nk”, são também conhecidas como “Natural Killer Cell” ou “células exterminadoras naturais”.

Estas células são glóbulos brancos (ou linfócitos) citotóxicos, que são de extrema importância para o correto funcionamento do nosso corpo. Têm a função de eliminar células cancerígenas de diferentes linhagens. É graças a elas, que alguém considerado “saudável” continua são, pois não deixam que mais células cancerígenas proliferem.

As células, para além de serem as unidades básicas da vida, asseguram a continuidade dessa mesma vida, enquanto se dividem e originam novas células. Para crescerem, reconstruírem-se e reproduzirem-se, é necessária a sua divisão.

Podemos afirmar que o cancro acontece quando se dá a reprodução descontrolada de células mutadas. O ciclo celular corresponde ao conjunto de processos que irão atuar nas células, desde o seu surgimento até que estas se dividem em duas, dando origem ao processo de divisão celular.

O ciclo atrás referido apresenta alguns mecanismos de controle, que têm como função regular o processo da síntese proteica e da divisão celular. Estes mecanismos são intitulados de “CheckPoints” e são de extrema importância. É devido aos erros nos checkpoints que ocorre a proliferação descontrolada das células, o que pode resultar na formação de tumores. O ciclo celular é constituído por duas fases, a interfase e a meiose. A interfase requer uma intensa atividade metabólica para conduzir ao crescimento celular. Está dividida em três etapas: G1, S e G2. Existem 3 checkpoints para assegurar o crescimento controlado de uma célula. Estes estão localizados no fim de cada etapa (G1, S e G2). Quando algum dos checkpoints deteta algum tipo de erro, não se dá a proliferação celular de células designadas como “mutante”. Podemos definir mutação como qualquer modificação brusca de genes, podendo provocar uma variação hereditária ou uma mudança no fenótipo. O fenótipo é definido como as características de um certo indivíduo, sendo então a sua manifestação genética. O cancro é um exemplo destas mutações genéticas, associadas a erros nos checkpoints.

Atualmente, são inúmeros os processos que existem para tratar doenças como o cancro. Com o avanço da medicina, já estão disponíveis os seguintes métodos: • Cirurgia; • Radioterapia; • Quimioterapia; • Terapêutica Hormonal; • Imunoterapia; • Transplante de células estaminais.

Assim, é importante realçar a ideia de que, na infeliz eventualidade de termos de lidar com uma doença tão severa como o cancro, já existem inúmeras técnicas criadas com a finalidade de nos tratar. Ter cancro não é sinal de fraqueza nem é motivo para se desistir de lutar. Para além dos métodos existentes para a combate contra o cancro, existem também inúmeras instituições focadas em desenvolver novas estratégias de tratamento e encontrar soluções para este problema tão ameaçador. Existe sempre uma alternativa, se não agora, então no futuro.

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Foto de GlobalData Thematic Research

Mundo Contemporâneo #CIÊNCIA

O uso da Nanotecnologia no combate ao cancro Hoje em dia, quando se está a lidar com o cancro, a sua deteção prematura é um fator extremamente importante para o seu combate e para a aplicação de um tratamento correto e de sucesso.

A identificação do cancro nas suas fases iniciais, revelou-se mais complicada do que o esperado, através do uso de métodos tradicionais de diagnóstico.

Devido a estes problemas, a nanotecnologia mostra ser muito útil devido às suas pequenas dimensões. Graças a isso, a nanotecnologia consegue distinguir as células normais das células de cancro, e chegar a estas no seu momento fértil, quando começam a se separar e espalhar, tornando a doença mais fácil de curar.

Todo o processo da evolução do cancro que acontece dentro do nosso corpo, acontece a uma nano escala – ou seja, num tamanho de 1 a 100 nanometros. Para termos em conta do quão pequeno isto é, podemos compará-lo com um outro objeto. Por exemplo, um fio de cabelo humano tem cerca de 100,000 nanometros.

A nanotecnologia consiste em manusear os nanômetros – unidade métrica que corresponde à bilionésima parte do metro, para manipular a matéria de um átomo, ou de uma molécula. No decorrer dos anos, tem vindo a ser utilizada em vários ramos das ciências, nomeadamente a tecnologia, a física, a química, a engenharia e claro, a medicina.

Como é que esta tecnologia tão inovadora surgiu? Foi em 1981 que conseguimos, pela primeira vez, ver um átomo individualmente. Isto deu-se devido à criação da STM (Scanning Tunneling Microscope), em português “Microscópio de corrente de tunelamento”, um dos instrumentos mais importantes nesta ciência, que permitiu a observação de átomos e, por contrapartida, deu início à nanotecnologia.

A nanotecnologia na saúde é uma das inovações mais revolucionárias dos últimos tempos, que tem vindo a trazer progressos muitos significativos nesta área. Como referimos previamente, esta tecnologia tem acesso às células mais profundas do nosso organismo, sendo assim, uma mais-valia na medicina, pois chega onde o equipamento médico não consegue.

Catarina Lopes

Com o seu desenvolvimento, podemos chegar a criar drogas artificiais, regenerar os tecidos corporais humanos e lutar contra vírus e bactérias.

Nos dias de hoje, esta tecnologia é a nossa maior esperança na cura de doenças como Alzheimer e cancro.

A corrida para a cura contra o cancro nunca esteve tão acelerada como agora. À volta do mundo, a taxa de mortalidade devido ao cancro tem vindo a aumentar cada vez mais. Segundo a GLOBOCAN 2018 (Global Cancer Observatory), o número de casos de cancro poderá chegar aos 18 milhões. Várias previsões também sugerem que, por volta de 2030, cerca de 30 milhões de pessoas irão morrer de cancro, anualmente. Conforme referimos no ponto anterior, a melhor chance de combater estas doenças e evitar a sua taxa de mortalidade, é detetá-las nas suas fases iniciais. Atualmente, as técnicas de imagem como o raio-X, a ressonância morfológica (MRI) a endoscopia e o ultrassom, juntamente com a análise morfológica de tecidos (histopatologia) e células (citologia), são exames demorados. Pela altura que estas análises detetam o cancro, o tecido já sofreu uma mudança significativa, ou seja, as probabilidades de que milhares de células de cancro já se tenham espalhado, são extremamente altas.

No que toca ao diagnóstico do cancro, nanopartículas estão a ser aplicadas para capturar biomarcadores (indicador mensurável da severidade, ou presença do estado de alguma doença) nomeadamente a procura do ADN de um tumor circular, células tumorais, proteínas associadas ao cancro e exossomas. A vantagem das nanopartículas na deteção do cancro é que estas podem eventualmente ser capazes de detetar as células malignas, apontar a sua localização no corpo e matar as células antes que se espalhem.

Embora seja uma área relativamente nova, e que ainda está a dar os seus primeiros passos, é surpreendente poder ver os seus resultados, e a sua contribuição para as ciências, nomeadamente na criação de chips, biomateriais, semicondutores, entre outros…

Certamente um dia, será possível ver mais um grande avanço na luta contra o cancro, ligado à nanotecnologia.

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Mundo Contemporâneo #CIÊNCIA

David Ca

fotografia de S Migaj em Unsplash

Meditação é a m para uma mu

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Mundo Contemporâneo #CIÊNCIA

arvalho

mudança individual udança global

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fotografia de Jared Rice em Unsplash

Mundo Contemporâneo #CIÊNCIA

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Mundo Contemporâneo #CIÊNCIA

Meditação é definida pela empresa Headspace, especialista na área, como o treino da nossa consciência e de uma perceção saudável da realidade. Não se trata de tentar eliminar os pensamentos ou sentimentos, mas sim aprender a observá-los sem julgamentos. Aprender a meditar é como aprender qualquer outra habilidade, é preciso praticar com regularidade para nos sentirmos confortáveis. Não existe meditação perfeita, existe apenas o ato de meditar.

Sam Harris, neurocientista e praticante de meditação há mais de 30 anos, declarou que o inimigo de qualquer prática de meditação é estar perdido em pensamentos, é pensarmos sem sabermos que estamos a pensar. O problema não são os pensamentos por si só, pois nós precisamos de pensar para fazermos quase tudo o que faz de nós humanos, para raciocinar, planear, ter relações sociais e para fazer ciência. Pensar é indispensável, mas a maior parte de nós passa cada momento da sua vida a pensar sem saber que o está a fazer.

A prática teve origem no Oriente e foi também lá que teve o seu grande desenvolvimento, sempre associada a religiões como, por exemplo, o Budismo. Sendo esta afirmação factual, também é verdade que hoje em dia ela é bastante simplista, no sentido em que já existem muitos estudos acerca dos seus efeitos positivos no cérebro humano, no ensino e em contexto laboral. Limitá-la somente à religião é retirar-lhe o seu verdadeiro valor e potencial. Sam Harris no seu livro “Waking Up” afirma que é preciso distinguir espiritualidade de religião, pois pessoas de diferentes religiões e pessoas sem religião alguma, têm os mesmos tipos de experiências espirituais, no entanto, esses estados mentais são interpretados de maneira diferente.

Apesar de ser uma prática sobretudo oriental, é notório o crescente interesse do Ocidente nos seus benefícios.

Quando se fala de ensaios clínicos envolvendo meditação, o número disparou de apenas um, entre 1995 e 1997, e onze, entre 2004 e 2006, para 216 entre 2013 e 2015. A meditação nos últimos anos tem sido bastante pesquisada também na linha da psicologia cognitivo-comportamental pois, além de influenciar mudanças na redução do stress e ansiedade, também se caracteriza pela premissa fundamental de que a interpretação dos factos é mais importante que os factos em si. Como tal, esta prática é descrita como uma forma de tratamento mental com o objetivo de educar a mente.

O cérebro humano pode ser treinado como um músculo, o que significa que uma atividade mental repetitiva, como meditar, pode fortalecer interações benéficas de neurónios. A maleabilidade cerebral tem o nome de neuroplasticidade, que consiste precisamente na capacidade do sistema nervoso de se adaptar e moldar em função de estímulos externos. Um estudo realizado pelo Dr. Manish T. Meshram, professor na Gautam Buddha University,

sobre a Evolução e dimensões da Mindfulness no mundo contemporâneo, concluiu que esta prática tem efeitos a nível individual, comportamental e de saúde, bem como a nível estrutural e funcional do cérebro. Os resultados mostraram que os praticantes têm alterações nos seus cérebros em zonas relacionadas com a atenção, empatia, compaixão e regulação emocional. A suportar esta conclusão está também a investigadora do departamento de psiquiatria de Massachusetts e professora assistente de Psicologia na Escola Médica de Harvard, Sara Lazar, que discursou numa TED Talk para o canal de youtube TEDx Talks, e explicou que meditar altera a densidade de massa cinzenta em zonas relacionadas com a aprendizagem, memória e regulação emocional.

Na área do ensino grande parte dos jovens estudantes sofre ansiedade e stress, principalmente no que diz respeito aos momentos de avaliação ao longo do ano letivo. Um estudo de 2009 intitulado de Mindfulness for adolescentes: A promising approach to supporting emotion regulation and preventing risky behavior, concluiu que adolescentes sentem elevados níveis de stress e ansiedade relativamente a testes, expetativas de realização e interações com professores e que isso pode prejudicar o seu rendimento académico. Mais tarde, em 2015, num estudo intitulado de Mindfulness Based Meditation to Decrease Stress and Anxiety in College Students por Mandy Bamber, professora assistente na Universidade da Flórida, e Joanne Schneider, psicóloga, foi concluído que, apesar de níveis suaves de ansiedade poderem aumentar a eficácia e o funcionamento intelectual, quando estes níveis se encontram elevados, são prejudiciais para os resultados escolares. Com a prática de meditação, a longo prazo, é possível treinar a nossa atenção para que não tenha julgamentos, isto é, para que um aluno ao receber uma má nota, por exemplo, não seja consumido por emoções negativas apesar de reconhecer que tal aconteceu. Também a cognição pode ser afetada por esta prática no sentido em que ela pode influenciar positivamente alguns estilos de pensamentos distrativos e ruminantes.

Meditar é talvez das práticas que menos exige de nós enquanto pessoas pois apenas 10 minutos diários já fazem uma enorme diferença. Não exige quaisquer tipos de materiais, sendo apenas necessário um sítio para sentar de forma confortável, sem qualquer tipo de custos para ser realizada. Quando alguém decide aprofundar os seus conhecimentos acerca da meditação, muitas vezes tem de se deslocar à Ásia e viajar entre vários países deste continente, com a missão de dialogar e aprender com famosos “gurus”, não sendo, obviamente, algo mau, diz bastante sobre as diferenças destes dois lados do globo neste contexto.

O poder para mudar a nossa vida está a uma distância tão curta que torna difícil acreditar que algo tão acessível seja tão transformador e benéfico.

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Mundo Contemporâneo #CULTURA

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Mundo Contemporâneo #CULTURA

Ema Silvestre

Ana Cortinhas

Glória - A primeira série portuguesa original da Netflix À conversa com Pedro Lopes e Afonso Pimentel Foi no passado dia 5 de novembro de 2021 que estreou, na Netflix, a primeira série original portuguesa “Glória”. Esta é uma série da autoria de Pedro Lopes que contém a realização do premiado cineasta Tiago Guedes.

“Glória” é um thriller de espionagem histórico, que se passa na aldeia ribatejana Glória, e que decorre durante o período da Guerra Fria, nos anos 60. Esta série conta a história da RARET, um centro norte-americano de transmissões que emitia propaganda Ocidental para o Bloco de Leste. Esta é protagonizada pelo engenheiro João Vidal, que pertence a uma família ligada ao regime fascista português, e que é recrutado pelo KGB, vai assumir várias missões de espionagem de alto risco que podem mudar o curso da história portuguesa e mundial.

Pedro Lopes é um argumentista de cinema e da televisão portuguesa. A sua mais recente produção foi precisamente Glória e tivemos a honra de conversar com ele acerca desta série.

Como surgiu a ideia de escrever “Glória”?

PL- Cresci a ouvir histórias da rádio, o Serão para Trabalhadores, o Festival da Canção Portuguesa, a Volta a Portugal em Bicicleta, mas também outras histórias, em que que se falava na RARET e nas emissões da Rádio Moscovo. O meu avô materno trabalhou na Emissora Nacional e visitava, frequentemente, a RARET, por isso foi um assunto que me interessou desde sempre e que, ao crescer, fui percebendo que quase ninguém sabia desta história, sendo que o centro retransmissor estava instalado num terreno de 200 hectares e funcionou de 1951 a 1996.

Qual foi a sua inspiração para criar as personagens da série?

PL- Não sei, não houve uma inspiração direta em ninguém, se é isso que me estão a perguntar. A única coisa que sabia, no início, é que queria uma personagem que sentíssemos que está em construção, que tenta perceber qual é o seu lugar no Mundo e como pode fazer a diferença. Mas é uma personagem em desequilíbrio, porque rapidamente compreende que é apenas uma peça de uma grande engrenagem. E depois de ter a personagem do João Vidal, foi povoar aquele universo com outras personagens, com histórias próprias, mas que também desafiam o protagonista, e que podem ser aliados ou opositores, dependendo da fase em que estamos da narrativa.

Pedro Lopes criador e argumentista da série

Pode contar-nos um pouco sobre o processo da série para chegar à Netflix?

PL- Ao longo dos anos fomos tendo algum contacto nos mercados e festivais, como o de Berlim. E depois surgiu a possibilidade de fazer um pitch, que correu muito bem, e, após a escrita do episódio-piloto, tivemos luz verde.

Como se sente por ser o primeiro autor de uma série portuguesa original da Netflix?

PL- Só agora, durante o período de promoção, com as entrevistas, comecei a pensar no assunto. Na altura, achei que estava a fazer o meu percurso, há mais de vinte anos que trabalho nesta indústria, por isso nada disto surgiu de um dia para o outro.

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Qual é a palavra ou expressão que melhor define “Glória”?

PL- É difícil, até porque o exercício foi não tornar, nem a história, nem as personagens, simplistas, por isso vou escolher “um retrato de um país”.

Existe a possibilidade de ser lançada uma segunda temporada?

PL- Neste momento estamos motivados na promoção desta temporada, que estreou há duas semanas.

Ao nível cultural o que é que recomenda aos nossos leitores? Pode ser um filme, livro, etc?

PL- Normalmente, leio muita coisa ao mesmo tempo, literatura, ensaio, romances gráficos. Há uns tempos, li um diário gráfico que gostei muito, o “Heimat”, que é um livro da Nora Krug, e recomendo também “Os diários do Corona”, do meu amigo Bruno Borges. Quanto a filmes, e nesta fase em que o resultado de bilheteira ainda está muito afetado pela pandemia, aconselho a irem ver cinema nacional.

Através de uma conversa via zoom, tivemos também a oportunidade de conversar com o ator que interpreta Gonçalo, Afonso Pimentel.

Como surgiu o convite para participar na série?

AP- O convite surgiu numa fase bastante particular, ainda durante o primeiro lockdown, quando achávamos que o mundo ia acabar em 15 dias (risos). Eu estava no Alentejo, estava com a minha família, tínhamos ido lá passar 4 dias (…) entretanto, ficámos todos fechados e acabámos por não voltar para Lisboa. Isto já era uma coisa que já vinha a ouvir falar há 2 ou 3 anos, ou seja, da possibilidade da SPi fazer a primeira série portuguesa para a Netflix, mas era assim uma coisa ainda meio na nuvem, não se sabia exatamente se e quando iria acontecer. De repente, recebemos um convite por parte do Tiago Guedes (o realizador). Foram-nos dadas algumas informações, principalmente em que época é que isto se passava, à volta de que tema, mas tínhamos muito pouca informação e o Tiago pediu que nós fizéssemos um self-tape, um casting, completamente livre. Não nos foi assignado nenhum texto, não nos foi assignado nenhuma personagem, foi nos assignado características de uma determinada personagem, mas não era específico, sabíamos à partida que não estávamos a fazer especificamente só para aquela, ou seja, era um grupo de atores com os quais ele queria trabalhar e que queria perceber de que forma é que cada um melhor encaixaria na tal personagem. Portanto, foi assim uma coisa um bocadinho às cegas (…) e eu peguei num poema de um amigo meu que esteve no Ultramar e que viveu aquela época e dei-lhe uma roupagem diferente, ou seja, com base nesse poema acabei por fazer um monólogo e como estava no Alentejo e com a minha família toda lá, a hipótese, o tempo e o espaço para poder conseguir fazer um casting desses era muito reduzida;

Entrevista via zoom da esq. para a direita: Afonso Pimentel; Ema Silvestre e Ana Cortinhas

não tinha espaço para o fazer; então acabei por fazê-lo à noite numa casinha da árvore que eu e os meus filhos temos estado a construir há uns anos. Ficou um objeto giro, mas estranho; aquilo que poderia ser para a personagem do João, poderia ser para outras tantas personagens e isso acabou por ser um processo engraçado, acho que até para o próprio realizador. Foi muito interessante e foi assim que surgiu o convite. Fomos avançando e só mais tarde é que me foi proposta a personagem do Gonçalo.

Qual foi a cena que mais gostou de gravar?

AP- A que mais gostei de gravar foi a cena da tortura, a cena final porque também foi feito numa fase já final da rodagem, ou seja, eu já estava muito mais certo de como era aquele Gonçalo e de como é que ele reagiria, estava mais confortável como ator. O desafio ali era outro. Era um desafio de, já tendo tu a personagem, sabendo como o gajo se move, como é que respira, como é que hesita, depois disso tudo estar definido, era desmontar tudo isso que já tinha sido feito, ou seja, como aquela falsa segurança que ele tinha, aquela “cagança” que ele tinha, isso depois tudo é destruído. Deu-me gozo sobretudo por isso, já tens a personagem, já tens ali aquela base e depois é pegares nessa base, que é um desafio também grande: “como é que esse gajo destrói tudo isso agora?”, “como é que ele de repente está todo perdido?”, “como é que agora de repente, os contactos que ele tem já não o podem salvar quando foram os próprios contactos que ele tem que o entalaram?”

Qual foi o maior desafio ao interpretar Gonçalo?

AP- O maior desafio foi fugir a algumas coisas que estavam apontadas no guião, que continuam na série, mas que eram perigosas: como a questão do machismo e da relação com as mulheres. O Tiago não queria que esta personagem fosse um marialva, um gajo que estava sempre a falar de mulheres como aquela frase que diz “as estrangeiras são todas umas put*s” quando está lá em cima no meio da antena. Essa frase sempre me assustou um bocadinho quando falávamos com o Tiago.

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Então nós estamos a tentar fugir deste gajo ser meio javardo relativamente à ligação com as mulheres e de repente queremos manter esta frase? Que risco é que isto acarreta até para aquilo que queremos que se pense do Gonçalo? Decidimos também ali uma série de coisas, por exemplo, que este gajo não teve assim tantas relações com mulheres como diz que teve ou como se pensa que teve até porque o seu foco é muito mais político e social. Havia também muitas referências no guião a esta ligação com as mulheres e sobre aquilo que ele pensa das mulheres, não só a nível sexual, mas também a nível de trabalho, como, por exemplo, a forma como ele trata a Úrsula e era uma coisa que não estava escrita, mas que nós introduzimos, que é o desprezo com que ele fala com todas as colegas mulheres só porque são mulheres e porque na cabeça dele, acha que deveriam ter trabalhos menores e que não deveriam estar ali. Pegar em toda essa sua opinião política e social que ele tem e ser essa a defesa dele; na cabeça dele é por isso que ele fala desta maneira e que age desta forma e que trata a Úrsula com desprezo quando vai buscar a bobine. Até porque ele vivia muito nessa ideia, que era muito comum na altura e que hoje ainda existe, de que a mulher tinha um lugar e o homem tinha outro e que ela não deveria estar ali; na cabeça dele nem se discute isso. Para mim foi a maior dificuldade, olhar para aquelas personagens no tempo delas e não no tempo de hoje.

Há alguma história engraçada dos bastidores que possa partilhar?

AP- Há várias! Não é propriamente uma história, mas só ajuda a contar o quanto especial e estranho foram aqueles tempos enquanto estivemos a filmar. Normalmente, nas rodagens, quando a malta acaba de filmar, vai sempre beber umas cervejas no fim do dia para relaxar e eu estava muito curioso como isso iria ser nesta rodagem porque os bares estavam fechados, os restaurantes estavam abertos, mas era só para comer e era só até x horas. Aconteceu, pelo menos duas vezes, a malta da iluminação arranjar alguém que ia comprar carne, peixe e hambúrgueres vegetarianos durante o dia e depois no fim do dia ficávamos no próprio décor, fazíamos uns grelhados e acabávamos por estar lá um bocadinho a relaxar. Na altura nem sequer pensámos, mas, de repente, foram tempos em que nós andámos a fazer churrasquinhos em antigas instalações da CIA, portanto é assim uma história gira para contar aos netos (risos).

Afonso Pimentel interpreta a personagem Gonçalo

Fugindo um pouco do tema Glória, que livros, espetáculos, filmes ou outros, recomendaria aos nossos leitores?

AP- Acho que é mais fácil responder de outra maneira, até para não ser sectarista. Há uma campanha do Teatro Nacional, neste momento, protagonizada pela Rita Blanco, que tem a ver com as prendas de Natal este ano e o Teatro Nacional criou o Cheque Teatro, ou seja, podes oferecer bilhetes para espetáculos. Todos nós, muitas vezes não temos muitas ideias do que é que podemos dar no Natal, muitas vezes gastamos 15/20€ numa coisa que a pessoa não vai usar e, se calhar, se esses 15/20€ fossem investidos em cultura, seria uma forma muito mais inteligente de o fazer. É uma ideia muito gira.

Qual é a palavra ou expressão que melhor define “Glória”?

AP- “Inesperado” em termos de projeto porque acho que há 6 anos atrás, ninguém acreditaria que estaríamos a fazer uma série para uma distribuidora mundial desta vergadura e que estaríamos a estrear num dia em 190 países ao mesmo tempo. E é inesperado pelo guião, pela história em si.

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Receção ao Caloiro UAlg 2021 Sofia Pereira

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Após um ano letivo sem Receção ao Caloiro, a Associação Académica da Universidade do Algarve voltou a proporcionar este evento segundo as medidas da DGS, acompanhado de toda a segurança e divertimento como atração principal. O mesmo decorreu entre os dias 25 e 27 de novembro, sempre das 22h às 04h e os preços variavam entre estudantes/ex-estudantes da UAlg e público geral.

A tão conhecida quinta-feira académica, foi marcada pelas atuações da Versus Tuna, Real Tuna Infantina, Feminis Ferventis e a fechar com o DJ André Salgueiro. Já a sexta-feira contou a com a presença do cantor Petr Gdsoon, terceiro classificado do concurso “Música JA”, da autoria do Instituto Português do Desporto e Juventude de Faro, Aragão, PutzGrilla e terminou com Noxwell. Por fim, a noite de sábado iniciou-se com Doodz, seguiu com T-Rex e encerrou com ILoveBaileFunk. Para além de ser um evento musical, este não deixou de lado a tradição e foi também ele palco do emblemático traçar da capa, de modo a colmatar os últimos dois anos que a pandemia privou às praxes.

A uma semana do evento, a Associação Académica viuse reticente quanto à sua concretização, dado à tendência para o agravamento do atual estado pandémico. No entanto, foi garantido que as medidas de segurança seriam implementadas. Como o nome indica, tratando-se de um evento para os caloiros, a escolha destas datas contou com a inclusão dos novos alunos de todas as fases. A realização desta iniciativa foi ainda aprovada pela Direção-Geral da Saúde que permitiu a sua concretização com a maior normalidade dentro dos possíveis.

Foram três dias que certamente superaram expectativas. Compreendeu-se que o público poderia estar hesitante perante um acontecimento desta dimensão, mas as saudades deste evento académico falaram mais alto. A alegria esteve nos brindes entre estudantes, nos pulmões levados ao extremo a acompanhar a música que passava e nos sorrisos capturados pelos flashes. Por tudo o que a pandemia tirou, foi agora importante o que se recuperou: mais felicidade e um melhor aproveitamento daquilo que em tempos era dado como garantido e agora é um luxo.

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Foto de Mariana Cavaco

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ESTREOU EM NOVEMBRO SPENCER e a angústia perfeita de Kirsten Stewart

Beatriz Castilho

Spencer estreou nos cinemas portugueses a 4 de novembro e é um drama biográfico realizado por Pablo Larraín (conhecido por Jackie e Ema), escrito por Steven Knight, autor de Peaky Blinders, que retrata a vida da princesa Diana (Kristen Stewart) num fim-de-semana de Natal. Passa-se na residência real Sandringham House com a presença de toda a família real, incluindo o príncipe Carlos (Jack Farthing).

O filme retrata perfeitamente a tensão existente no casamento dos dois, culminado por rumores de casos extraconjugais e a pressão da Coroa, que expõe a vulnerabilidade de Diana e a fragilidade do seu estado mental.

Steven Knight brilha como guionista neste filme com o método arrojado e inusual de retratar a família real. Afirmou à IndieWire que «queria que se parecesse como uma história de terror porque é um conto de fadas. E a maioria dos contos de fadas são apenas histórias de terror com um final feliz». Larraín e Knight foram a conjunção perfeita para realizar este filme, onde ambos decidiram sair da bolha do mainstream media e focarem-se num público-alvo que entenda a verdadeira essência deste projeto e a sua cinematografia intimidante. Kristen Stewart toma este desafio com sucesso e torna-se, facilmente, a maior qualidade deste filme. É de notar que o papel da princesa já tomou várias facetas, mas Stewart entende e mostra, na perfeição, a atitude angustiante e deprimida de Diana em detalhes como o seu tom de voz dorido, os olhos chorosos e o seu olhar virado para o chão. No início, a sua postura pode parecer estranha, mas, no momento em que o filme atinge (um dos seus vários) pontos de clímax, é impossível reconhecer onde Stewart acaba e Diana começa.

Todos os cenários são desenhados e criados com um tom melancólico e fechado para ajudar a audiência a envolver-se, completamente, na perspetiva de Diana, entendendo a ténue linha entre a sua sanidade mental e a preocupação pelos filhos. O filme deixou para trás a família real e focou-se inteiramente na princesa, com metáforas evidentes, referências a Ana Bolena e adição de personagens fulcrais (e baseadas em pessoas reais que interagiram com a verdadeira Diana Spencer). É inovador, profundo e doloroso – realçando as inúmeras cenas que puxam pelos “cordões” do coração do público, nomeadamente a sequência do primeiro jantar de família – mas a verdadeira estrela deste filme é Kristen Stewart .

Os seus dias de Twilight foram um começo sensacional, mas o seu potencial é agora.

Red (Taylor’s Version) é o segundo álbum da coleção de regrava

o quarto álbum de estúdio de Swift, onde a mesma saiu do seu elem acrescento de uma versão integral de 10 minutos do single “All Too W

O álbum quebrou recordes mundiais e é uma imagem perfeita do qu distintas e toda uma nova linguagem de escrita de músicas como nun anterior, nomeadamente na “NothingNew” que conta com vocais de Swift, que ganhou o Grammy para melhor álbum com Folklore, entr de não podermos esperar algo fresco e inovador, a compositora exc músicas antigas transformaram o álbum, que se poderia considerar Red (Taylor’s Version) pode parecer um golpe comercial, mas, logo p revisitável e, neste caso, é necessário e um prazer.

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ETERNALS é quase tudo e quase nada Estreou nas salas de cinema portuguesas a 4 de novembro e superou Spencer nos números de bilheteira. O filme, realizado por Chloe Zhao (conhecida pelo seu filme vencedor de Óscares, Nomadland), passa-se dentro do universo cinemático da Marvel (MCU) e retrata a história do começo do planeta Terra.

Os Eternos são seres imortais que “nasceram” durante a antiga Mesopotâmia, com o propósito de a defender de monstros chamados Deviants.

Enquadra-se na fase 4 do MCU, ou seja, depois do blip do Endgame (aproximadamente após 8 meses) e na mesma altura que Spider-Man: Far from Home. Com este projeto, a Marvel conseguiu introduzir inúmeras novas personagens neste universo incluindo: Ikaris (Richard Madden), Sersi (Gemma Chan), Thena (Angelina Jolie), Druig (Barry Keoghan), Lauren Rildloff (Makkari), o Cavaleiro Negro (Kit Harrington) e, possivelmente o mais antecipado, Starfox (Harry Styles), entre outras personagens.

Devido à nova fase do MCU, o filme foi esperado com uma enorme ânsia pelo público e promovido com vários posters dos atores, surgindo especulações e rumores seguidos de teorias de conspiração – o que já é o usual no que toca a filmes da Marvel. No entanto, isto não jogou a seu favor. As expetativas eram muito altas e a história complexa, a mistura dos efeitos especiais em conjunto com cenários desenhados em panos verdes, tornou-se num filme aborrecido, apressado e sustentado apenas pela representação dos atores que o fazem.

Apesar de existirem alguns pontos positivos na realização deste filme, estes devem-se apenas a atores como Keoghan e Jolie que desempenharam papéis deveras interessantes e inovadores.

No caso de Jolie, esta toma o papel de Thena, uma imortal afetada mentalmente por forças maiores e que batalha (durante a maior parte do filme) entre o seu lado negro e o que acha correto. Keoghan representa Druig, que possui poderes telepáticos e se torna um anti-herói no decorrer da história, uma personagem com várias camadas emocionais e éticas fortificando o seu peso e importância neste filme. É também notável referir o facto de que “Eternals” passa a ser o primeiro filme com representação da comunidade surda, dentro da MCU, através da personagem Makkari.

O filme perde a sua magia no meio de imensos nomes importantes, transformando-se num verdadeiro cliché, a juntar-se ao diálogo insuficiente no conteúdo e nas cenas de batalha que se tornam confusas e cheias de falhas. Contudo, e como já é esperado em projetos cinemáticos da Marvel, as cenas pós-créditos deixaram a incógnita perfeita do que realmente será a fase 4.

ações da cantora Taylor Swift e foi lançado, mundialmente, a 12 de novembro. O seu antecedente foi lançado em 2012 e foi mento country e explorou novos territórios pop. É composto por 30 faixas, em que doze dessas foram adicionadas com o Well”.

ue Taylor Swift se tornou como artista e génio literário. É composto por metáforas, eufemismos, humor sarcástico, emoções nca antes vista por parte da cantora. As novas colaborações deram uma perspetiva moderna em músicas escritas na década e Phoebe Bridgers e que contém poemas sobre a efemeridade do seu sucesso como mulher. rou numa nova jornada de regravações com o intuito de voltar a ganhar poder legal dos seus próprios projetos e, apesar cedeu as expetativas. As pequenas mudanças de melodia, as adições de onomatopeias mínimas e novas colaborações em desatualizado, numa mina de ouro musical. pela primeira faixa é evidente a genuinidade deste projeto e o que Swift pretende com as suas regravações – o passado é

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André Medeiros

Guilherme Gonçalves

PGL MAJOR STOCKHOLM 2021: PÓDIO OPÕE G2 E NAVI Dentro do conceito de desporto é-nos apresentado um vasto leque de opções para a sua definição. Com o passar do tempo, em conjunto com os avanços tecnológicos, os desportos eletrónicos, também conhecidos por eSports, começam a surgir, e a serem cada vez mais reconhecidos e aclamados mundialmente. Alguns destes começam a ter mais visibilidade do que muitos dos desportos considerados tradicionais, tais como o Futebol, o Basquetebol, entre outros.

No topo das audiências, no que toca a desportos eletrónicos, surge-nos o jogo Counter-Strike: Global Offensive, mais conhecido como CS: GO, um jogo FPS, first person shooter, da produtora Valve. Este jogo online, onde os jogadores se enfrentam em diferentes modos de jogo, sendo o mais conhecido o modo competitivo. Com equipas de cinco contra cinco, onde se opõem duas classes de jogadores, os terroristas e os contraterroristas, têm como objetivo fazer com que os terroristas não levem para a frente a sua missão de fazer explodir uma bomba, conquistando assim uma ronda, fundamental para aumentar a sua pontuação na classificação geral do jogo.

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De 26 de Outubro a 7 de novembro, na arena “Avicii”, denominada em homenagem ao falecido Disc Jockey sueco, em Estocolmo na Suécia, realizou-se o mais importante Campeonato de CS: GO, o décimo sexto Major.

Para este torneio qualificaram-se 24 equipas, através de minitorneios de diferentes regiões do mundo (Ásia, Europa de Leste, Europa, América do Norte, Oceânia, América do Sul), para se enfrentarem em vários níveis de Competição (Legends, Contenders, Challengers).

Divididos por 3 grupos de 8 equipas, surgem as equipas da categoria “Legends” Natus Vincere (NAVI), G2 Esports, Gambit Esports, Ninjas in Pyjamas (Nip), Evil Geniuses, FURIA Esports, Team Liquid, Team Vitality. Na categoria de “Contenders” marcaram presença os Copenhagen Flames, Entropiq, Faze Clan, GODSENT, Renegades, Sharks Esports, TYLOO e Virtus.pro. Para terminar o leque de participantes, na categoria de “Challengers” tivemos os Astralis, BIG, ENCE, Heroic, MOUZ, Movistar Riders, paiN Gaming, Team Spirit.

Após concluídos todos os jogos entre todas as equipas nas respetivas categorias, a final foi disputada por 8 equipas diferentes (NAVI, Team Vitality, FURIA Esports, Gambit Esports, Heroic, Virtus.pro, G2 Esports, Nip).

Nos quartos de final houve os seguintes jogos: NAVI vs Team vitality; FURIA Esports vs Gambit Esports; Heroic vs Virtus. pro; G2 Esports vs Nip. Passaram 4 equipas aos quartos de final, sendo elas, NAVI, Gambit Esports, Heroic, G2 Esports.

Consequentemente, depois desta fase, passaram apenas 2 equipas à grande final (NAVI e G2 Esports). Estas jogaram 2 mapas. No primeiro mapa, a escolha foi Ancient, no qual os NAVI sobressaíram com uma vitória de 16-11. No segundo mapa, a escolha foi Nuke, onde os NAVI conseguiram obter a sua segunda vitória sobre os seus adversários (22-19).

Sagrando-se, assim, os campeões do Major.

Mais de 2,5 milhões de espectadores acompanharam, simultaneamente, a conquista da equipa NAVI, tornando-se o novo recorde de visualizações da história do CS: GO. B1ade, treinador da NAVI: “Grande jogo G2, levaram-nos ao limite. Obrigado a todos pelo apoio. Foi uma caminhada incrível para a nossa equipa. Finalmente conquistamos o Major, foi uma sensação inexplicável no fim da última ronda”.

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Tomás M

Belenenses SAD – SL ferida no futeb Decorreu, no passado dia 27 de novembro, o jogo da décima segunda jornada da Liga Portugal Bwin, que pôs frente a frente os ‘encarnados’ e os ‘velhos do restelo’, ainda que apenas tenham alinhado com nove jogadores.

A equipa da Belenenses SAD foi vítima de um surto de covid-19, que resultou em 15 casos entre equipa técnica e jogadores. Dificuldade acrescida, visto que a equipa já não podia contar com diversos jogadores ausentes por lesão para o jogo com o Benfica. Com toda esta situação, especulava-se bastante se o jogo iria realizar-se ou não, pois dos trinta jogadores que a B SAD tem inscritos na liga, apenas nove estavam disponíveis.

Segundo as regras do futebol, é necessário um mínimo de sete jogadores em campo para que a equipa possa alinhar. De relembrar, também, que um caso de covid-19 não obriga ao isolamento da equipa. Apesar de serem as autoridades de saúde a definir quem são os contactos de risco, cada clube tem o seu plano de contingência, segundo o Plano de Retoma do Futebol imposto pela Liga Portugal. Já na época passada, o Benfica teve 30 casos de covid-19 entre jogadores e equipa técnica e, mesmo assim, o seu pedido de adiamento do jogo com o Nacional da Madeira foi negado pela equipa madeirense, coisa que não aconteceu na meia-final da Taça de Portugal com SC Braga, mesmo tendo 17 jogadores positivos. Já o jogo entre Sporting e Gil Vicente, em setembro de 2020, quando ambas as equipas tinham infetados, foi adiado porque a autoridade regional do norte impediu os leões de viajar.

O Plano de Retoma da Liga diz também que, em caso de surto, as equipas podem pedir o adiamento dos jogos.

Então, depois de uma tarde de negociações e da obtenção dos resultados dos testes PCR da equipa do Belenenses, a equipa do Restelo apresentou-se com 9 jogadores em campo, sendo muitos deles jogadores dos sub-23 do mesmo clube e, até, com um segundo guarda-redes em campo, que jogou como avançado. Ao intervalo, o Benfica já vencia por sete bolas a zero, uma completa humilhação para os jogadores do Belenenses.

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Martins

L Benfica: mais uma bol português A controvérsia já era grande, pelas condições em que os jogadores da casa entraram em campo, mas aumentou com o resultado ao intervalo e, ainda, quando o árbitro terminou o encontro aos 47 minutos, por dois jogadores da Belenenses SAD estarem lesionados.

Desde então, o jogo foi notícia na imprensa nacional e internacional, onde se falou em “vergonha para o futebol”, “jogo mais controverso dos últimos anos”, “nódoa no futebol português”, entre outras coisas que se foram escrevendo. Foram atribuídas culpas ao SL Benfica, à Liga Portugal, à Direção Geral de Saúde, tendo a “batata quente” passado de uns para os outros. O Presidente do Benfica, Rui Costa, prestou declarações logo após o jogo, dizendo que ambas as equipas foram obrigadas a jogar pela Liga. Já a Liga diz que a responsabilidade de adiar ou não os jogos é das equipas. Por outro lado, a diretora da DGS, Graça Freitas, também prestou declarações, dizendo que não é responsabilidade da DGS nem do Ministério da Saúde o adiamento de jogos de futebol.

Alguns dias depois, a Belenenses SAD fez um apelo à Liga Portugal para que o jogo se repetisse, de forma a “respeitar a veracidade desportiva”, como foi escrito nesse apelo.

Como resposta, a Liga reforçou que nenhum dos clubes quis adiar o jogo. Como resposta, a equipa do Restelo insinua que o relatório do delegado da Liga foi manipulado.

A Belenenses SAD foi, ainda, alvo de um processo disciplinar por parte do Conselho de Disciplina da Federação, que teve por objeto a insuficiência numérica de jogadores no mesmo jogo contra o Benfica.

A verdade é que, para um jogo onde apenas se jogaram 47 minutos, a batalha fora das quatro linhas já dura há vários dias, enquanto as culpas continuam num jogo de ping-pong dos clubes para a Liga, da Liga para a DGS e da DGS para Federação. Ainda não se sabe quem vai ganhar com toda esta atribuição de culpas, mas quem perdeu foram os adeptos das duas equipas, que não puderam ver o jogo até ao fim, e o futebol português, que viu, mais uma vez, a sua imagem manchada.

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Resultados do sorteio para o torneio de qualificação da Copa do Mundo de 2022 de basquetebol feminino Artigo por Tomás Sousa

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O sorteio do torneio de qualificação para a Copa do Mundo de 2022 de basquetebol decorreu a 23 de novembro em Genebra, Suíça. O sorteio das eliminatórias marca a chegada de 16 seleções nacionais femininas que tentam disputar as 12 vagas para a Copa do Mundo de Basquete Feminino de 2022. Austrália, e a campeã olímpica, Estados Unidos da América (EUA), participarão nas eliminatórias, porém, ambas as equipas têm direito à qualificação automática para esta competição mundial.

Resultados do sorteio Grupo 1: Austrália; Coreia do Sul; Sérvia; Brasil Grupo 2: França; China; Nigéria; Mali Grupo 3: Bósnia e Herzegovina; Japão; Canadá; Bielorrússia Grupo 4: Rússia; Estados Unidos da América; Porto Rico; Bélgica Os torneios de qualificação irão decorrer em Belgrado (Sérvia), Osaka (Japão) e Washington, D.C. (EUA). Belgrado sediará dois torneios de qualificação, enquanto Osaka e Washington, D.C. farão cada um deles um evento. Estes jogos terão lugar entre 10 e 13 de fevereiro.

A Copa do Mundo de Basquetebol Feminino de 2022, 19ª edição, será realizada em Sydney, de 22 de setembro a 1 de outubro de 2022. Inicia-se com a fase de grupos, seguida dos quartos de finais a 29 de setembro de 2022.

Com os vencedores dos quartos de finais, realizar-se-á a semifinal a 30 de setembro, seguida da final, a 1 de outubro, e do jogo que dará título ao 3º classificado na competição.

A competição mundial de basquetebol feminino nasceu em 1953 e desde 1986 que é realizada de 4 em 4 anos, sendo que a mais recente realizada em setembro de 2018 decorreu em Tenerife, Espanha. Esta contou com os EUA, Espanha e Austrália no pódio. Os EUA foram os campeões das últimas três edições desta competição.

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Ciências da Comunicação | 2021/2022