5ª série - 1ªEdição - Outubro 2013 -

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Mundo Contemporâneo 5ª SÉRIE - EDIÇÃO Nº1 - Outubro 2013

Um cartão vermelho ao governo: Autárquicas 2013 Pág. 8 e 9

“Eu tenho SWAG e tu?” Pág.14

Chega ao fim uma das melhores series de sempre. Pág.17 e 18 Merkel volta a vencer as eleições na Alemanha. Pág.27

Rui Costa, campeão mundial de ciclismo Pág. 20 e 21


Outubro 2013

ÍND EDITORIAL « POLÍTICA « 9

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Autárquicas 2013:Um novo paradigma político PS continua a pontuar para os Olhanenses

Sul Informação campeão na cobertura da noite eleitoral algarvia

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INTERNACIONAL « As alterações Climáticas e as suas proporções Aldeia Global : Portugal jovem no Estrangeiro

15 Merkel consegue melhor resultado eleitoral desde 1990 Edward Snowden não alcançou o Nobel da Paz 16 SOCIEDADE « 18

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“Eu tenho SWAG e tu?” Desenvolvimentos no caso Maddie McCann

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Ensino Superior sem alunos

ECONOMIA « 20

Sucesso por conta própria

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DICE » CIÊNCIA E TECNOLOGIA Cidades em cortiça Lapas Incomuns

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» ARTES E CULTURA Blue Jasmie 24

All hail the King: o legado de Breaking Bad Pokemon X&Y: O regresso ao futuro

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» DESPORTO Primeira vitória no circuito ATP para Portugal Primeiro português da história a conquistar o título de campeão do mundo de ciclismo

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Seleção portuguesa regista o 3º lugar no mundial de hóquei em patins Mundial de trampolim realizado em solo português

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» MODA A moda vista como um ciclo

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As 7 maravilhas de um guarda-roupa O que usar nesta estação

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Mundo Contemporâneo

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Editorial Novo ano, equipa nova. É este o mote para dar continuidade a este projeto, que vai para o seu quinto ano de duração. Passando de geração em geração entre alunos de Ciências da Comunicação, a «Mundo Contemporâneo» surge, agora, com uma nova equipa, apta para continuar a elevar o nível jornalístico até agora exibido nas séries anteriores. No corrente ano pretendemos fornecer uma vasta informação, objetiva e clara, de forma regular, sobre os mais variados assuntos, tanto a nível nacional como internacional. A aposta num design de qualidade e inovador é indispensável, tendo o primordial intuito de manter um equilíbrio entre a informação transmitida, nunca esquecendo de cativar os leitores. A «Mundo Contemporâneo» assume-se como um espaço independente, diverso e arrojado, regendo-se pelos valores éticos e deontológicos do jornalismo. Defende a livre expressão de ideias, a leveza informativa e a distinção clara entre opinião e informação. O pluralismo de conteúdos e matérias é e será para nós uma missão a seguir. A direção da revista assume então que cada contributo e tempo despendido por cada um de nós, valeu a pena para que a revista e a sua redação chegassem a bom porto. Nesta revista que é tão nossa que «constitui já um marco no curso» queremos expressar de forma inequívoca os valores que nos regem e a nossa identidade. O que todos sentimos com o culminar do primeiro número desta serie, lembra-nos que embora tenhamos origens, percursos de vida, opiniões ou pensamentos diferentes, os nossos corações batem em uníssono para que consigamos ter uma revista coesa, integra e cheia de qualidade. A Direção - Miguel Domingos, Fernando Gamito, Joana Pedroso

DIREÇÃO DIRETOR GERAL Miguel Domingos

DIRETOR DE ARTE Alexandre Carvalheiro

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Mundo Contemporâneo OUTUBRO 2013

DIRETORES-ADJUNTOS Fernando Gamito

Joana Pedroso

DIRETORES DE ARTE ADJUNTOS Diogo Simão

Fernando Gamito

Miguel Domingos


Artes e Cultura Coordenador Diogo Simão Politica Coordenador Marta Cardoso

Filipa Barão

Catarina Perez

Raquel Figueiredo

Alexandre Carvalheiro

Ângela Pescadinha

Catarian Lopes

Catarian Vicente

Raquel Gerreiro

Inês Oliveira

Inês Coelho

Moda Coordenador Raquel da Costa Ciências e Tecnologia Coordenador Filomena Pires

Catarina Arraes

Internacional Coordenador Duarte Drago

Patricia Victório

Desporto Coordenador Bruno Martins

Dinis Mestre

Diogo Gonçalves

Catarina Martins

Mariana Gonçalves

Mariana Vilaça

Economia Coordenador Ana Margarida Sociedade Coordenador Carina Fernandes

Tiago Pais

Carolina Hermano

Claudia Henriques

Daniela Filipe

Isarina João

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POLÍTICA

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Autárquicas 2013: Um novo paradigma político

s urnas já fecharam, os resultados já saíram. De norte a sul do país acreditase terem acontecido verdadeiros “milagres”. Os independentes tiveram grande força nestas eleições, algo bastante incomum em Portugal. Partidos que durante anos içaram as suas bandeiras nas mesmas autarquias, viram este ano o povo a decidir retirálas, afirmando-se fartos das mesmas políticas, ou simplesmente porque acharam o candidato do partido concorrente melhor para a sua autarquia. Vejamos o Porto, capital da região norte de Portugal, desde sempre afirmado como autarquia de direita, autarquia PSD, dá a vitória a um independente. Pensando bem, esta autarquia está no top 4 das mais povoadas do nosso país, colocandose entre as mais importantes e com mais poder no panorama nacional. Esta vitória só prova o grande crescimento dos votos nos candidatos independentes. Assinalei as surpresas de norte a sul no país, mas realmente o mapa que achei mais chocante foi talvez o das ilhas, mais concretamente o arquipélago da Madeira. Naquilo que considerávamos o “jardim” laranja, volvidos quatro anos o partido social democrata perde sete das onze autarquias na ilha principal. Será isto um cartão vermelho ao governo regional? Falo agora mais diretamente

da única autarquia algarvia que ao fim de 16 anos de liderança do PSD, decide que chegou a hora de voltar às origens. Silves, deixa de ostentar a cor laranja e passa a ser regida por um partido de esquerda, tendo a CDU ganho a Câmara Municipal

cas levadas a cabo pela autarquia, mas realmente nas urnas nas eleições anteriores o voto recaía sempre no partido laranja. Sempre com a mesma candidata, Isabel Soares. O PSD somou vitórias consecutivas até que a lei que delimita o número de mandatos a três, fez com que a até então presidente da câmara não pudesse recandidatar-se ao cargo. Surgiu então este ano Rogério Pinto, como numero um na lista do partido laranja na corrida à câmara. Este já tinha feito parte das listas vencedoras anteriores, estando neste momento a assumir o cargo de presidente da câmara por ter sido eleito número dois, há quatro anos atrás, e Isabel Soares, ex-presidente da autarquia, ter abdicado do posto no final do ano passado.

Assinalei as surpresas de norte a sul no país, mas realmente o mapa que achei mais chocante foi talvez o das ilhas, mais concretamente o arquipélago da Madeira. Naquilo que considerávamos o “jardim” laranja, volvidos quatro anos o partido social democrata perde sete das onze autarquias na ilha principal. Será isto um cartão vermelho ao governo regional?

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de Silves, com uma diferença significativa em relação aos concorrentes. Sinceramente, eu com 20 anos não me lembro de governar outro partido em Silves para além do PSD, mas realmente como pude constatar nos registos, Silves sempre se assumiu como uma autarquia de esquerda, uma autarquia de ideais comunistas. Surgiam queixas de todas as freguesias relativamente às políti-

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candidatura do PSD à autarquia de Silves, contava com Rogério Pinto como número um na lista. Este é natural da freguesia de Armação de Pêra, vila que conta neste momento como a quarta maior freguesia em número de eleitores no concelho, tendo sido destronada do seu anterior terceiro lugar aquando da criticada reorganização de freguesias. Esta reorganização fez com que o município ficasse com apenas seis freguesias, das anteriores oito. Esta é também a freguesia que mais pontos percentuais ofereceu ao PSD nas eleições autárquicas. Assumindo-se desde há muito como freguesia de direita e totalmente


POLÍTICA a favor do Partido Social Democrata. Este apoio remonta ao nascimento desta freguesia e observou-se mais uma vez este ano com a eleição da lista social-democrata para mais um mandato. A CDU ganha então as maiores, mais importantes e mais antigas freguesias do concelho. A Coligação Democrática Unitária ganha, não só para as presidências de freguesias como para a autarquia, em Silves e São Bartolomeu de Messines. Porém, na freguesia de São Marcos da Serra, a população decidiu eleger para representante da sua freguesia um candidato do PSD, mantendo a concordância na votação para a Câmara Municipal com as freguesias referidas anteriormente, elegendo a CDU. Aos meus olhos, também no concelho de Silves foi dado um cartão vermelho ao governo. Foi não só o cansaço acumulado das políticas do governo mas também a inércia que o PSD Silves tem passado para os seus eleitores. Os escândalos económicos, os processos jurídicos a que estão sujeitos membros das listas vencedoras noutros anos, mas fundamentalmente os rumores de desvio de capital por parte dos anteriores representantes. Penso que principalmente o histórico do PSD na Câmara Municipal de Silves foi decisivo no momento da votação, ultrapassando a importância das políticas desenvolvidas pelo mesmo partido, ou até mesmo o candidato deste ano, ou a concorrência. A partir de agora as pessoas esperam uma mudança nas políticas desenvolvidas, um maior desenvolvimento da economia municipal e mais ajudas à população. Na minha ótica a CDU tem agora uma tarefa espinhosa à sua frente para os próximos quatro anos. O concelho inteiro aguarda que aquilo que foi prometido seja concretizado. Considero que nestes próximos quatro anos um dos maiores problemas dos líderes autárquicos, verificado também em anos anteriores, é uma enorme quantidade de “bairrismos” que privilegia certas freguesias do concelho em detrimento de outras. Falamos de uma presidente natural de Messines, casada com o eleito presidente da junta de freguesia de Messines, ambos CDU, que terá de provar a todo o concelho que não há motivos para preocupações pois será imparcial e dará de igual forma ou de forma nivelada resposta às necessidades de cada freguesia, mas que acima de tudo desenvolverá cada uma delas, olhando atentamente e individualmente para cada uma e para as suas próprias necessidades. Falamos de um concelho, a meu ver, muito difícil de governar pois estende-se da serra ao mar, tendo freguesias de muita história e pouco turismo e outras de muito turismo e pouca história. Freguesias diferentes, necessidades diferentes. Mudou o partido na liderança, alguma coisa terá de mudar. Para bem? Para mal? Esperemos mais quatro anos, veremos o que o povo terá a dizer.

Alexandre Carvalheiro

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POLÍTICA PS continua a pontuar para os Olhanenses

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esde a Revolução de 1974 que Olhão tem sido entregue, em todas as eleições, ao Partido Socialista. Nestas autárquicas de 2013 não deixou de ser diferente. O presidente eleito foi António Miguel Ventura Pina, economista, natural e residente em Olhão. De acordo com o Sul Informação, o PS conseguiu apenas 33,3% do total dos votos, bem abaixo dos mais de 45% que obteve em 2009. O PSD manteve sensivelmente os mesmos pontos de há quatro anos, a rondar os 27%. A CDU teve uma subida considerável e foi a terceira força mais votada (12,22% contra 10,11% de 2009) e o BE desceu dos 11,6% de 2009 para 9,6% em 2013. O PS venceu, sem a habitual maioria absoluta e perdeu um vereador, o PSD arrecadou dois mandatos, e as restantes forças políticas um vereador por partido: CDU e Bloco de Esquerda, os independentes não conseguiram alcançar a vereação. Na Assembleia Municipal, a distribuição de deputados será 8 para o Partido Socialista, 6 para o Partido Social Democrata, 3 para Coligação Democrática Unitária (CDU), 3 para o Bloco de Esquerda e 1 para o Novo Rumo (Movimento Independente). António Pina considerou que «É preciso aceitar com humildade a decisão dos eleitores e governar sabendo explicar aos olhanenses e à oposição aquilo que são as nossas decisões. Abriu-se um novo ciclo, que impõe uma nova forma de fazer política». Para o novo mandato indica ainda: «A minha prioridade são as Pessoas e a promoção da Empregabilidade. Temos que promover o desenvolvimento económico através de políticas concertadas (…) na captação de investimentos, na fixação de empresas, e consequentemente, consiga aumentar a oferta de emprego e melhore a qualidade de vida dos Olhanenses; temos que ambicionar mais e melhor!” Ângela Pescadinha

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António Pina: O recém eleito presidente do municipio de Olhão


POLÍTICA

Sul Informação campeão na cobertura da noite eleitoral algarvia

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ste ano fica marcado pela limitação da cobertura televisiva das autárquicas devido à falta de meios, um sinal notório da crise instaurada. No entanto, a crise e a falta de meios não deve servir de desculpa para fazer um mau trabalho. Prova disso foi a cobertura do Sul Informação, o jornal online que já é uma referência no Algarve e Baixo Alentejo apesar dos seus curtos dois anos de existência. Para perceber a razão desta liderança o Mundo Contemporâneo (MC) entrevistou o Sul Informação (SI). Mundo Contemporâneo: Como fizeram a cobertura das autárquicas no dia/noite das eleições para terem tido 14 mil leitores no rescaldo das Eleições Autárquicas? Sul Informação: Dividimos a nossa pequena equipa de 4 jornalistas – 3 repórteres e 1 fotojornalista – pelos pontos do Algarve, onde as expectativas eram maiores, tendo um dos jornalistas ficado na redação, atento aos dados oficiais, recebendo a

informação dos jornalistas em campo, fazendo contactos com candidaturas e fontes colocadas em diversos pontos do Algarve. Toda a informação recolhida foi divulgada de três formas diferentes, mas complementares – em destaque no site, colocámos um acompanhamento ao minuto das eleições, que começou às 8h30. Durante o dia fomos dando informações curtas sobre os casos, a evolução das taxas de votação e algumas questões práticas. A partir das 19h00, começámos a colocar dados sobre as eleições, taxas de abstenção, resultados concelho a concelho (e também algumas freguesias), reações, etc. Tudo isso foi acompanhado de algumas fotos nos vários locais. Ao mesmo tempo, fomos publicando notícias no próprio site, com o desenvolvimento de questões que íamos colocando no acompanhamento ao minuto. Ao fim da noite e no dia seguinte, publicámos também pequenas reportagens, reações, análises de resultados. Todas essas informações eram ao mesmo tempo partilhadas no Facebook e no Twitter.

SI: Como, na maioria dos casos, íamos dando a informação em primeira mão, ou seja, antes de todos os outros, antes até dos órgãos nacionais ou da Agência Lusa, houve cada vez mais gente ligada ao nosso site, ao longo de domingo, durante a madrugada e na segunda-feira. Fomos o único órgão de informação regional a fazer este tipo de cobertura exaustiva, pelo que tivemos em permanência muitos leitores a acompanhar o nosso trabalho. Sabemos – porque constatámos em várias páginas de Facebook, blogues e até em sites – que grande parte da informação partilhada sobre a noite eleitoral no Algarve tinha o Sul Informação como origem. MC: Ser um meio de comunicação online é uma vantagem para este tipo de cobertura, comparativamente com rádios ou jornais por exemplo?

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POLÍTICA

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sempre ir atualizando as informações, com novos dados que nos chegaI: Em relação às rá- vam, coisa que os jornais impressos dios nacionais, não têm bem mais dificuldade em fazer. me parece que tenhamos vantagens, uma vez que também elas acompan- MC: Como foi feito o acomharam ao minuto as eleições no Al- panhamento das campanhas eleigarve – casos da Antena1 e da TSF. torais por parte do Sul Informação Quanto às rádios locais, não sei exata- e quais as suas dificuldades? mente que trabalho terão feito, mas presumo que tenha sido mais virado SI: Devido às regras impostas para o seu concelho ou a sua área de pela CNE, e tendo nós uma equipa reescuta, como é normal. De qualquer duzida, decidimos não fazer reportamodo, as rádios locais têm, na sua gem das campanhas eleitorais. Seria generalidade, grande falta de meios virtualmente impossível acompanhar humanos, em especial de jornalistas, o que dificulta o seu trabalho. Sei que houve rádios locais a dar notícias de resultados e de casos tendo apenas como fonte o Sul Informação (que umas vezes citaram e outras não...)

que nos era enviada ou que pedíamos e nem todas as candidaturas estavam preparadas para trabalhar com os media). Preparámos e publicámos ainda artigos genéricos – por exemplo anunciando todas as candidaturas dos partidos, sobre as listas de independentes, etc. O Sul Informação foi ainda parceiro num debate que ocorreu em Faro com todos os candidatos, tendo a sua diretora sido a moderadora. No dia seguinte, publicámos também um artigo de fundo sobre esse debate, da autoria de outro jornalista da nossa equipa. Toda a nossa cobertura da campanha (e précampanha) eleitoral teve como linha orientadora o equilíbrio e a isenção, procurando, dentro dos nossos constrangimentos de meios, dar igual oportunidadeatodos. MC: Como é que o Sul informação vê o acompanhamento das eleições autárquicas por parte dos outros órgãos de comunicação e se notam diferenças relativamente a outros anos? I : Estas Eleições Autárquicas, mercê das regras impostas pela CNE, foram bastante atípicas em termos de cobertura noticiosa. Foram, portanto, bastante diferentes, já que se fez pouca reportagem com os candidatos no terreno e quase não houve debates. Nas televisões não houve mesmo, nas rádios foi havendo

“Toda a informação recolhida foi divulgada de três formas diferentes, mas complementares – em destaque no site, colocámos um acompanhamento ao minuto das eleições, que começou às 8h30 (…) Ao mesmo tempo, fomos publicando notícias no próprio site, com o desenvolvimento de questões que íamos colocando no acompanhamento ao minuto. Ao fim da noite e no dia seguinte, publicámos também pequenas reportagens, reações, análises de resultados. Todas essas informações eram ao mesmo tempo partilhadas no Facebook e no Twitter.” Sul Informação

Quanto aos jornais impressos, é óbvio que o facto de sermos um jornal online é uma vantagem. Primeiro porque os jornais impressos têm horas de fecho de edição que não se compadecem com os atrasos no apuramento de resultados (daí alguns erros nas edições de segunda-feira do Correio da Manhã, do Público). Esse é um constrangimento temporal que nós, como jornal online, não temos. O nosso único constrangimento temporal era o tentar dar sempre a informação o mais rapidamente possível, em primeira mão, mas devidamente confirmada! Além disso, como meio online, do qual se espera rapidez (com rigor!), podíamos

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todos, por isso, por mais que isso nos tenha custado, não acompanhámos nenhum. No entanto, fomos sempre noticiando ações de campanha que foram ocorrendo por todo o Algarve (embora não tenhamos, mais uma vez, sido exaustivos, porque dependíamos em grande parte da informação

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POLÍTICA alguns, a nível de rádios locais também, mas não em todos os concelhos. Apesar deste bom desempenho de cobertura eleitoral vindo de uma equipa pequena, nem todos os media locais conseguem fazer este acompanhamento. É o caso da RUA FM, com uma equipa fixa de duas pessoas e meia onde se incluem o diretor e o sonoplasta. «Para que fosse um acompanhamento com uma qualidade razoável, implicava uma equipa que, de momento, não temos.» Explica-nos Pedro Duarte, diretor de antena. «A falta de jornalistas (e repórteres) é a razão principal. O acompanhamento das ações de campanha é impossível (são muitas) e a necessidade de um tratamento igual e isento é muito complicado. É sempre possível fazer entrevistas e debates, mas pouco pessoal levou-nos a fazer as parcerias.» A rádio cujos únicos sócios são a Universidade do Algarve e a AAUalg «foi parceira na promoção e transmissão das sessões de esclarecimento realizadas pela Faro 1540, transmitimos um debate organizado pela Civis e desafiámos os candidatos a responder o que faltava a Faro para ser ou se afirmar como uma cidade Universitária.» Quanto ao acompanhamento em si das autárquicas a nível local, Pedro Duarte considera que «Os debates também me parecem muito pouco esclarecedores. Parece-me que haveria mais que poderia ser feito para transmitir as ideias dos partidos e confrontálas com perguntas da sociedade. O acompanhamento da noite eleitoral, também pode ser uma opção, já que os media nacionais fazem uma visão mais geral e muito fica por explorar

a nível regional. Que me lembre, foi a 1ª vez que vi ser feito como aconteceu com o Sul Informação, mas para a rádio deveria haver repórteres nas sedes de campanha ou nas distritais dos partidos, assim como comentadores no estúdio.» Quanto ao acompanhamento das autárquicas por parte de outros órgãos de comunicação: «Que me lembre, foi a 1ª vez que vi ser feito como aconteceu com o Sul Informação, mas também só agora haverá ferramentas para que esse acompanhamento seja feito de uma forma atrativa.

para zonas como Lisboa e o Porto. Ou seja, escolher alguns dos municípios mais importantes, aqueles que têm maior peso a nível nacional, quer pela população que têm, quer pela importância estratégica que têm, como é o caso por exemplo de Faro, que não sendo um dos municípios mais populosos do país quando comprado com concelhos à volta de Lisboa e do Porto, tem no entanto um peso regional importante, é uma capital regional importante e portanto mereceu uma cobertura muito significativa com ações de campanha dos vários candidatos a serem acompanhadas por repórteres da antena 1 a partir de Faro. No caso do Algarve foi feita uma cobertura de seis concelhos, os mais importantes em termos populacionais como Faro, Loulé e Portimão e depois outros concelhos onde havia Parece-me que pode ser uma linha dados curiosos porque ali concorriam a ser ultrapassada daqui a 4 anos.» candidatos que já tinham sido presidentes ou que ainda estavam a ser Claro está que com os meios presidentes em concelhos vizinhos, de um grupo de informação à qual o caso de Tavira, o caso também de a Antena 1 pertence, é possível Castro Marim, e optámos também fazer-se uma cobertura autárquica por fazer a cobertura num concelho local diferente dos concorrentes pequeno do barlavento, Vila do Bispo. meios de comunicação regionais, tal como nos contou Mário Antunes C: Que vanda delegação algarvia da Antena 1. tagens tem o Mundo Contemporâneo: grupo RTP em cobrir as eleições auComo foi feito o acompanhamen- tárquicas comparativamente a outto das eleições autárquicas no ros meios de comunicação, quanAlgarve por parte da Antena 1? to aos nacionais e aos regionais? A1: Esta cobertura trouxe ob Antena 1: A antena 1 optou por fazer uma cobertura no Algarve viamente vantagens para a antena semelhante àquela que foi decidida 1 em termos da concorrência, sobr-

«Que me lembre, foi a 1º vez que vi ser feito como aconteceu com o Sul Informação, mas para rádio deveria haver repórteres nas sedes de campanha ou nas distritais dos partidos, assim como comentadores no estúdio.» Pedro Duarte, Rua FM

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POLÍTICA etudo com órgãos de comunicação locais e regionais uma vez que à escala nacional a cobertura da antena 1, na minha opinião, não teve paralelo. As televisões, como se sabe, não fizeram ações de campanha, as outras rádios nacionais não têm o mesmo tipo de dispositivo localizado espalhado pelo país que lhes permita estar em cima dos acontecimentos da mesma forma que tem o serviço público da rádio, a antena 1, e portanto a nossa comparação seria com órgãos de informação regionais, no caso jornais e rádios locais no Algarve e, efetivamente, desse ponto de vista eu acho que a nossa cobertura de alguma maneira sai a ganhar porque os órgãos de informação locais raramente conseguem, por dificuldades várias nomeadamente de recursos humanos, sair das fronteiras do próprio município. A antena 1 deu apesar de tudo uma abrangência mais regional em termos de cobertura desta campanha das eleições autárquicas. E mesmo comparado com os jornais regionais, como se sabe são praticamente todos semanários e, portanto, para um acompanhamento permanente a par e passo do que ia acontecendo

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nos vários concelhos do Algarve, o melhor mesmo seria acompanhar os jornais de campanha na antena 1 porque os jornais têm essa limitação de só ao final de uma semana trazerem publicadas as notícias do que ia acontecendo das ações de campanha e das propostas dos candidatos. MC: Que consequências tiveram os cortes na RTP nos últimos anos na cobertura das eleições autárquicas, quer em rádio quer em televisão? A1: É um facto, mas isso aconteceu na RTP como aconteceu em praticamente todos os outros órgãos de informação nacionais e não só. A antena 1 por exemplo há quatro anos tinha estudos de opinião em mais de uma dezena de municípios entre eles Faro, com várias sondagens que foram sendo publicadas ao longo da campanha, o acompanhamento foi feito ainda em mais municípios, houve repórteres que se podiam deslocar para mais sítios, houve coberturas inclusivamente na noite eleitoral com meios de satélite que são naturalmente caros,… Houve um conjunto de meios

de cobertura da campanha e depois da noite eleitoral que este ano não foi possível reunir por razões que se prendem naturalmente com cortes no orçamento, mas isso é também um sinal de que o país está em crise e daí também o facto de ter havido uma cobertura muito menor por parte de quase todos os órgãos de informação relativamente a estas eleições autárquicas. Mário Antunes da antena 1 não fez a comparação com os meios de informação online, como o Sul Informação, que a par da antena 1 conseguiu fazer uma cobertura positiva destas eleições autárquicas. É de reter que, apesar das limitações de recursos humanos e financeiros, é sempre possível fazer bom jornalismo.

Marta Cardoso


INTERNACIONAL Merkel consegue melhor resultado eleitoral desde 1990

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s eleições, na Alemanha, ficaram marcadas pela grande vitória de Ângela Merkel. A chanceler alemã conseguiu um resultado histórico que poderá influenciar o futuro da Europa. Ângela Merkel deu ao seu partido uma quase maioria absoluta no resultado das eleições legislativas alemãs, no passado dia 22 de Setembro. A CDU (União Democrata Cristã) conseguiu 41,5% dos votos, alcançando o melhor resultado desde a reunificação alemã, em 1990. Por sua vez, o Partido Social Democrata conseguiu 25,7%, seguido pelo partido Die Linke (esquerda), com 8,6% dos votos. Apesar deste resultado, o partido recusou-se, desde o início, a participar na coligação governamental. Assim sendo, seguem-se os Verdes, com 8,4% dos votos. Fora do parlamento fica o antigo parceiro de coligação da CDU, com apenas 4,8%. E, o anti euro AfD, com 4,7% dos votos. Segundo uma fonte do Jornal i, para a chanceler alemã este foi um “super resultado”, o partido conseguiu mais 7,8 pontos percentuais do que em 2009. Para o terceiro mandato, o partido de Ângela Merkel vai ter de coligar-se com outro dos partidos. A oposição (SPD) e os Verdes são ambos uma possibilidade. O partido conservador encontra-se no poder à oito anos. Estes resulta-

dos demonstram que o partido de Merkel representa estabilidade democrática para os eleitores alemães. No que diz respeito ao futuro da Europa, com o resultado destas eleições, as opiniões diferem. No entanto, à partida, esta vitória implica para os portugueses cortes e aumento de taxas. Merkel é, assim, considerada a mãe da Alemanha e a madrasta da Europa. Para os alemães que, no dia dos resultados eleitorais, esperavam a chanceler enquanto gritavam “Magie, Magie”, esta vitória significa prosperidade económica. Para a Europa significa mais políticas de austeridade. Estas políticas são feitas por meio de acordos entre a Alemanha e os restantes estados europeus, deixando a Europa dependente da Alemanha. De certa forma, é possível afirmar que o modelo económico alemão pode vir a tornar-se o europeu. Do ponto de vista dos partidos portugueses, o PS e o Bloco de Esquerda consideram uma má notícia, no entanto o PSD e o CDS defendem a vitória de Merkel. Para o PCP a vitória da chanceler não é relevante para Portugal. As opiniões diferem, mas indiscutível é o facto de Angela Merkel ser uma das mulheres mais influentes e poderosas da Europa. Inês Oliveira

Ângela Merkel festeja a sua vitória Outubro 2013 Mundo Contemporâneo

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INTERNACIONAL

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Aldeia Global : Portugal jovem no Estrangeiro

uma altura em que o nosso país atravessa uma fase económica controversa é normal que se questionem todas as estruturas e elementos negativos que vieram por acréscimo numa época de recessão. Um dos assuntos muito debatidos e que criou bastantes manifestações foi o facto do nosso Primeiro Ministro Pedro Passos Coelho ter referido numa frase muito polémica que os nossos jovens deveriam arranjar uma solução profissional fora de Portugal. Fizemos, no âmbito desta questão, uma entrevista a Armando Costa, um jovem de nacionalidade portuguesa que, com 25 anos, se “aventurou” numa procura de reconhecimento profissional num país que não era o seu. Algum tempo depois de estar em Inglaterra, mais propriamente em Londres, o entrevistado conseguiu um cargo de Gerente de eventos na empresa COMPASS GROUP ROUX, onde teve a hipótese de trabalhar para Michel Roux Jr. Foi num ambiente muito informal e acolhedor que houve a oportunidade de entrevistar Armando Costa que nos deu uma explicação resumida das diferenças entre as oportunidades que Londres colocou ao seu alcance e que em PortuAmando Costa, entrevistado pela MC gal não seria possível, pelo menos neste momento.

Mundo Contemporâneo – Qual é o nível de escolaridade que possui neste momento?

Armando Costa – Tenho o 11º ano completo.

MC – Quando resolveu emigrar para fazer face à monotonia ou escassez de empregos ao seu alcance em Portugal, já tinha alguma proposta de emprego em Londres? AC– Não tinha nada, parti à descoberta. O primeiro trabalho (breve pausa)… foi muito curioso (risos) foi à porta de casa que entrei num restaurante para pedir emprego, falei com algumas pessoas que lá estavam a trabalhar e fiquei. MC - A seu ver quais são as diferenças mais evidentes entre Londres e Portugal na relação Trabalhador – Entidade patronal? AC – A maior diferença é que lá não se saltam procedimentos, as horas a mais, a ética de trabalho, a organização é tudo muito diferente. Eles analisam a pessoa pela experiência profissional que tem e não pelo facto de ter um curso superior entre outros. É obvio que há cargos que exigem uma formação superior, mas há mais oportunidades independentemente do nível de escolaridade. MC – Neste momento acha que é necessário os jovens emigrarem para poderem alcançar um futuro profissional mais promissor? AC – Claro que sim. Infelizmente em Portugal neste momento, humm… (pensativo) é necessário. Pois emigrar é sem dúvida uma mais-valia do ponto de vista profissional e pessoal.

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MC – A sua experiência revelou-se enriquecedora? Mundo Contemporâneo Outubro 2013


INTERNACIONAL AC – Tanto do ponto de vista profissional como pessoal (sorri), sem dúvida alguma. Conheci sítios e pessoas, tive experiências que em Portugal seria muito difícil acontecer. MC – Por fim Armando, sente que o seu Curriculum é mais valorizado agora em Portugal pela sua passagem por Inglaterra? AC – Sem dúvida alguma, as pessoas fazem logo perguntas e dão especial atenção ao facto de ter trabalhado para Michel Roux Jr. Foi assim que terminou a entrevista que nos leva a simples questões sobre o nosso país, será uma Utopia pensar no nosso país como uma casa para um futuro? Futuro para o qual trabalhamos desde o 1ºano até, por exemplo, ao Ensino Superior. Ou analisando de um ponto de vista não económico voltámos ou nunca deixámos de ser “estrangeiristas” desde a época de Eça de Queirós, como ele tanto critica na obra Os Maias? Patrícia Victório

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As alterações Climáticas e as suas proporções

Relatório elaborado pelo Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, sigla em inglês), concluiu que o aquecimento global sentido no planeta Terra é responsabilidade humana. Na conferência de apresentação do relatório, Rajendra Pachauri, presidente do IPCC referiu que “A atmosfera e o oceano aqueceram, diminuiu a quantidade de neve e de gelo, o nível do mar subiu e a concentração de gases com efeito de estufa aumentou”, “Isto é o que estamos a fazer ao clima”. A temperatura global aumentou 0,85 graus Celsius entre 1880 e 2012. Em Portugal poderá aumentar entre dois a três graus centígrados e a precipitação diminuir de 24% a 30% até ao final do século. Na Península Ibérica foram considerados dois diferentes cenários: um moderado que prevê uma redução de 20% das emissões de dióxido de carbono (CO2), e um aumento de 20% do peso da energia renovável, o outro cenário marcado pelo aumento das temperaturas, diminuição e grande oscilação da precipitação. A previsão de uma subida do nível das águas de 26 a 82 centímetros devido à fusão de gelos e dos glaciares no Ártico e na Antártida põem em risco as zonas costeiras portuguesas. O governo português já se precaveu e vai lançar um programa de adaptação às mudanças climáticas. No âmbito do programa “AdaPT” (Adaptar Portugal às Alterações Climáticas) vai ser lançado em Portugal um site de informação, estratégias municipais, ações de sensibilização e projetos-piloto. Todos estes projetos contarão com a ajuda financeira de 3,5 milhões de euros por parte do programa “EEA Grants”. O ministro do Ambiente, Ordenamento do Território e Energia, Jorge Moreira da Silva garante uma comparticipação nacional. Inês Coelho

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INTERNACIONAL Edward Snowden não alcançou o Nobel da Paz De acordo com a carta publicada no jornal sueco “Västerbottens-Kuriren” e também endereçada ao Comité Nobel, Stefan Svallfors, um professor de Sociologia na Universidade Umea (Suécia) terá mesmo proposto o ex-analista da Agência de Segurança Nacional e CIA para nobel da paz. Na carta, Stefan Svallfors alega que “Edward Snowden - num esforço heroico com altos custos pessoais - revelou a existência e a dimensão da vigilância que o governo dos EUA dedica às comunicações eletróicas em todo o mundo, em violação das leis nacionais e dos acordos internacionais”. Para o professor, essa ação “ajudou a tornar o mundo um pouco melhor e mais seguro”. Segundo Stefan Svallfors, a atribuição do prémio a Snowden ajudaria o Comité norueguês a recuperar a credibilidade que tinha após o “descrédito em que incorreu pela decisão precipitada e mal concebida de atribuir ao Presidente dos EUA, Barack Obama, o prémio em 2009”. Apesar da proposta e do mediatismo em que o caso de Snowden está envolvido, o Nobel foi atribuído à Organização para a Proibição de Armas Químicas, graças aos seus esforços para a eliminação das mesmas. Duarte Drago

Edward Snowden

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SOCIEDADE “Eu tenho SWAG e tu?” O que é o SWAG? Apesar de ser um termo bastante usado por muitas pessoas, na sua maioria adolescentes, nem todos sabem o seu verdadeiro significado. O SWAG foi criado na década de 60, tendo como acrónimo: Secretly We Are Gay (Secretamente Nós Somos Gays). Mais tarde, o seu conceito foi-se alterando, representando assim uma forma irreverente de vestir, agir, pensar e comunicar. Os adolescentes da atualidade vivem numa sociedade que em nada tem a ver com as gerações passadas, sendo muito mais evoluída, materialista, tecnológica e superficial. Estes caminham com SWAG, têm como mantra o YOLO (You only live once, Apenas Vivemos Uma Vez) e o seu melhor amigo é o Facebook. Regem-se pela quantidade de likes que têm, tornando-se cada vez mais importante ser social. Assumem mesmo que para se ser popular é necessário “ter muitos likes nas fotos”, referiu uma jovem de 14 anos. Assim percebe-se que esta nova fornada de seres humanos vive obcecada em atingir a mesma popularidade dos seus ídolos, utilizando para isso o mundo virtual. Também a escola agora deixa de ser um local onde se adquirem e debatem conhecimentos para passar a ser uma passerelle, onde os jovens ostentam roupas de marca e telemóveis topo de gama. As crianças nascem com a tecnologia na mão. É quase como se hoje em dia elas já viessem programadas para trocar a chupeta pelo Ipad. “Nesta geração os jovens andam muito mais descobertos, só vejo traseiros à mostra, muitos fumadores e alcoólicos, tudo isto para se mostrarem”, men-

cionou um entrevistado de 36 anos. Rodeados de regalias e por uma sociedade que lhes oferece tudo de mão beijada, a maior parte dos adolescentes vive num mundo onde quem tem estilo está no topo da pirâmide e todos os outros são apenas seguidores. Um universo à parte, onde as marcas, a beleza e o número de amigos ditam quem segue e quem é seguido. Esta nova geração, que se orgulha de viver intensamente, perde a cada dia que passa os valores morais, a noção de respeito não só pelos outros, como também por eles mesmos. É como se todos os princípios morais lhes fossem retirados, e infelizmente, para o futuro da humanidade só lhes restasse ambição. Contudo uma ambição que em nada tem a ver com a construção de um mundo melhor, mas sim com a ascensão na plataforma virtual. Vivemos rodeados por crianças que não aceitam ser designadas como tal, e por adolescentes que apesar de tentarem passar uma imagem muito mais adulta, não sabem se quer dar uma definição de termos que eles próprios utilizam. No mundo onde vivem, não existe lugar para crise, para trabalho e principalmente para o pensamento, uma vez que pensar exige trabalho. E qual é a necessidade de trabalhar quando somos bonitos, populares e cheios de SWAG? Contudo, os adolescentes não são apenas for-

mados pelos swaggers, existe uma aparente minoria que não concorda com nada daquilo e que se recusa a ser colocada na mesma categoria que os de mais. A Mundo Contemporâneo abordou um grupo de jovens estrangeiros que expressaram a sua opinião relativamente a esta temática. Reconhecem que esta nova geração tem ao seu dispor diversas oportunidades, mas que no entanto não as aproveitam da melhor forma. Ao contrário de outros entrevistados que afirmavam jamais querer pertencer a geração dos pais, estes defendem que seria melhor viver numa geração onde a tecnologia não ditasse todas as regras e onde existisse mais respeito pelo próximo. Segundo eles, a geração passada era constituída por jovens muito mais criativos: “they would have an idea, and actually do it (…) now someone goes out and everything is already done for you” – “eles teriam uma ideia e concretizavam-na (…) agora alguém pensa em algo, e já tudo está feito por nós”, mencionaram. São estas exceções que nos fazem acreditar que esta geração não está totalmente perdida e que ainda existem adolescentes nos quais é possível confiar o futuro da humanidade, sabendo-se à partida que esta não se vai tornar num qualquer reality show.

Um universo à parte, onde as marcas, a beleza e o número de amigos ditam quem segue e quem é seguido.

Carina Fernandes, Daniela Filipe e Isarina João Outubro 2013 Mundo Contemporâneo

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SOCIEDADE Ensino Superior sem alunos

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s dados revelados pela Direção Geral do Ensino Superior (DGES) indicam um decréscimo do número de alunos a frequentar as universidades portuguesas. Nos institutos politécnicos do interior, 66 cursos ficaram sem qualquer aluno colocado na 1ª fase de candidaturas. Em 2013, dos 100 000 alunos que realizaram exames nacionais no Ensino Secundário, apenas 40 000 concorreram ao Ensino Superior. 93% dos candidatos conseguiu colocação na 1ªfase do concurso nacional de acesso ao Ensino Superior. Existiam 51.461 vagas por preencher, das quais 28.487 correspondiam às universidades públicas e 22.994 aos institutos politécnicos. No total, sobraram 14.176 vagas, mais 1870 em comparação a 2012. Desta forma, o compromisso com a Europa de 40% de diplomados em 2020 está em risco. A Universidade do Porto foi a instituição de ensino superior mais procurada pelos candidatos. Esta possuía o maior número de vagas disponíveis e as candidaturas em 1ª opção ultrapassaram em 66% a oferta. A Universidade do Algarve, através do apoio de várias empresas ofereceu um ano de propina paga aos 12 alunos de 1º ciclo do curso de Engenharia Civil, que ingressassem no Ensino Superior. Contudo, esta oferta não alterou a situação, uma vez que apenas três candidatos entraram na 1ª e 2ª fase. Ainda assim, no 1º semestre deste ano letivo, perto de 500 estudantes de 50 nacionalidades diferentes escolheram a UAlg como principal destino. Claudia Henriques Para saber mais www.dges.pt

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SOCIEDADE Desenvolvimentos no caso Maddie McCann

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caso de Madeleine McCann, desaparecida no Algarve em 2007, está a ter novos desenvolvimentos. A polícia britânica juntamente com a polícia judiciária retomou as investigações com base nas pistas anteriormente adquiridas. Seis agentes da delegação de Faro formaram uma equipa para ajudar na “Operação Orange”. A polícia britânica investiga agora todas as pistas relativas ao caso. Uma delas, a nova análise de gravações telefónicas feitas na época e ainda o retrato robot de um homem que terá sido visto a sair do local onde Maddie desapareceu, com uma criança loira ao colo. Estes novos desenvolvimentos foram lançados no passado dia 14 de Outubro no programa Crimewatch da BBC. Os pais, Kate e Jerry MacCann mantêm-se esperançosos quanto à descoberta de novos elementos que possam ajudar na

investigação. Também durante a exibição deste programa, uma menina de três anos representou o que poderá ter acontecido naquela noite de 3 de Maio. O caso Maddie tornou-se mediático devido à rapidez de propagação das notícias pelos vários meios de comunicação social, atingindo proporções anormais no que ao panorama nacional diz respeito. Madeleine MacCann desapareceu no dia 3 de Maio de 2007, num apartamento da aldeia da Luz, no Algarve. Os pais jantavam com um grupo de amigos aquando do acontecimento. Se Maddie estiver viva, tem hoje 10 anos de idade.

Carolina Hermano

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ECONOMIA Sucesso por conta própria Numa altura em que a economia do nosso país continua tudo menos estável, são cada vez mais os jovens que optam por abrir os seus próprios negócios. Em áreas mais ou menos exploradas são muitos aqueles que conseguem obter o sucesso por conta própria. São chamados de “jovens empreendedores” e, segundo muitos, são aqueles que vão conseguir salvar o nosso país da crise. É o caso de Jorge Santos. Desde sempre dentro do ramo automóvel e com uma habilidade que se vê pouco hoje em dia, pegou em si e na sua própria experiência e abriu a Full Batery. “ Desde novo que sempre trabalhei e tive contacto com baterias, do ramo automóvel. Sendo que em Faro é um negócio pouco explorado e como me encontrava sem trabalho, decidi criar a minha própria empresa, Full Batery, que se destina à distribuição, manutenção e montagem de baterias, em que numa primeira fase será só da vertente automóvel. Fiz uma prospeção de mercado e notei que era um mercado pouco explorado e que, em muitos casos, não oferecia quaisquer garantias e que tinha, ainda,

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inúmeras vertentes por explorar. Ainda mais por nos encontrarmos numa altura de “transição” em relação às energias limpas e renováveis”. Estes jovens empreendedores criam, na grande maioria, os seus negócios como necessidade mas será que também vêm os seus próprios negócios como opções de carreira? Segundo Jorge, a necessidade acaba por ir um pouco ao encontro de fazer do negócio uma carreira. “Nos dias de hoje, começa por ser uma necessidade devido à falta de emprego e de dinheiro que se faz sentir em todo o país. As pessoas precisam de dinheiro e acredito que nós, jovens, além do dinheiro também precisamos de nos sentir ativos, sentir que, de alguma maneira, estamos a contribuir para que as coisas mudem. Tentar ter um papel ativo na nossa sociedade. Assim, a necessidade acaba por ir ao encontro de fazer uma carreira na área do negócio. No meu caso, começou por ser uma necessidade mas que, ao tornar-se rentável, acaba por ser também aquilo em que gostaria de fazer carreira.”


ECONOMIA

Porém, fazer crescer o negócio não é fácil, não há dinheiro, o que torna o poder de compra cada vez menor. Assim, segundo o nosso entrevistado, é imprescindível ter determinadas características. “É preciso saber gerir o negócio, saber o que estamos a fazer. Creio que, no início, temos sempre que facilitar a nossa relação com o cliente, tentando sempre garantir que este volte. Temos de ser perseverantes, não desistir aos primeiros obstáculos pois nem todos os dias vão ser bons. Mas acho que, acima de tudo, temos que ter gosto por aquilo que fazemos.” Atendendo a que o mercado não está fácil, Jorge refere a falta de apoios contando apenas com o apoio dos seus clientes, pais e amigos. Faz referência também às dificuldades que sentiu na criação do negócio. Ana Margarida Ruivo

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Ciência e Tecnologia Lapas Incomuns

As nossas novas amigas, as Lapas Quem nunca disse ao perder o seu telemóvel, “podes ligar-me por favor?”, a fim de conseguir localizar o dito aparelho? Agora, esta situação pode ser alargada a animais e crianças, ou aos mais variados objetos, desde chaves a tablets e carteiras. Como? Passo a apresentarvos a Lapa, um pequeno objeto de 5 gramas e 27x27x6 milímetros, que pode ser colado/ligado aos mais variados aparelhos, e não só, de forma a poder localizá-los. A Lapa, nome que traduz completamente o conceito, surgiu “pelas mãos de quatro amigos com experiência nas principais áreas que compõem a Lapa: o especialista em Hardware João Lobato Oliveira (Doutorado em Engenharia Informática), o programador de Software Luís Certo (estudante de Doutoramento em Engenharia Informática), a designer gráfica Cassandra Carvas (Mestre em Arquitetura), e o designer de produto Miguel Gomes (Mestre em Arquitetura) “ na cidade do Porto, em Novembro de 2012. Com perfuração para porta-chaves, saídas de som, e forma curvilínea para evitar o desprendimento involuntário, a Lapa dá-nos a chance de localizar objetos perdidos através do computador ou telemóvel (com uma aplicação), fazendo com que a mesma apite e assim indicar se estamos longe ou perto do que queremos, dentro do seu alcance de funcionamento. No caso de duas ou mais Lapas, estas podem ser organizadas por cores para melhor organização e distinção através do nosso Smartphone (iOS com Bluetooth 4.0, ou Android 4.1 ou mais recente e Bluetooth

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4.0). Para além disso existe ainda o ‘Modo de Segurança’ que avisa automaticamente o dono da Lapa que acabou de deixar o seu pertence para trás. Como cereja no topo do bolo, a Lapa possui ainda a sua própria rede social, acessível em qualquer computador, na qual se pode localizar objetos que não sejam os nossos. No caso de um outro utilizador que tenha perdido os seus pertences fora da sua zona de funcionamento da própria Lapa, a nossa App enviar-lhe-á um alerta com a respetiva localização. Mas sempre mantendo a privacidade alheia. Assim a Lapa, apesar de poder ser colocada na grande esfera do Big Brother em que nos encontramos hoje em dia, revela-se uma ajuda inusitada para os fracos de memória e distraídos, como é o meu caso. Filomena Pires


Ciência e Tecnologia Cidades em cortiça A exposição Futuro Perfeito, um dos principais polos de exibição do programa “Close, Closer” dá um lugar de destaque à cortiça no evento que se realiza em Lisboa, de 13 de Setembro a 15 de Dezembro, no Museu da Eletricidade. A exposição é realizada pela empresa Corticeira Amorim que se associa pela segunda vez consecutiva ao evento Trienal de Arquitetura de Lisboa. O Museu da Eletricidade apresenta estas cidades imaginárias onde a cortiça Amorim foi utilizada no local e modelada para se assemelhar a um terreno, floresta e com túnel de acesso. Liam Young, Curador da Exposição Futuro Perfeito, apresenta o resultado desta pesquisa coletiva sobre os espaços, os objetos, as culturas e as histórias de uma cidade futurista. Uma situação urbana imaginária que combina a tecnologia com um futuro sustentável e adaptável a várias caraterísticas. Nas palavras de Liam Young “A exposição foi concebida como um fragmento de uma paisagem da cidade do futuro. O seu elemento central para conectar e enquadrar a obra é um grande e espetacular terraço, inteiramente revestido a cortiça Amorim.” O chão do local, de cortiça, transmite uma atmosfera totalmente diferente e o local é protegido do ruído e do frio. O objetivo desta seleção foi dar ao visitante uma imagem de terreno desenvolvido naturalmente no local, contrariando a tendência do artificial. A cortiça é um material natural que aponta para uma oportunidade de abranger o futuro com oportunidades mais favoráveis e ambientais. Carlos de Jesus, Diretor de Comunicação e Marketing da Empresa, explica que “Com esta participação na Trienal de Arquitetura de Lisboa, a Corticeira Amorim pretende reforçar a ideia que a cortiça não deve ser dissociada da reinvenção e do futuro da construção e da arquitetura”. Nesta ultima edição, a Trienal continua à procura de soluções alternativas na arquitetura, não descartando situações económicas e sociais e onde a produção tem como chave a inovação. Catarina Arraes

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CULTURA

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Blue Jasmine

deve grande mérito, interpreta Jasmine, uma socialite abalada pela ma tragé- morte do marido e pela perda do dia grega en- seu milionário estilo de vida, caintregue em Louis Vuitton, num do na miséria. Jasmine já não é a clássico formato de Woody Allen. ‘mulher-troféu’ na primeira vez em Woody Allen está de volta às salas de que os nossos olhos se cruzam com cinema, desta vez muito bem acom- ela no grande ecrã, mas de alguma panhado pela atriz Cate Blanchett, e forma o estatuto continua lá. O seu prestes a ser homenageado com o passado também, envolto no som de Prémio Cecil B. De Mille – atribuído ‘blue moon’ na voz de Julie London pela Associação de Imprensa Es- – ‘Blue moon, you saw me standtrangeira de Hollywood. A distinção ing alone. Without a dream in my será entregue durante a cerimónia da heart. Without a love of my own.’.71ª edição dos seus prémios, agen- a mesma música que lhe relembra dada para 12 de Janeiro de 2014. o momento em que conheceu Hal. Hal (Alec Baldwin), o seu O realizador norte-ameri- marido, representa a alta sociedade, cano nunca escondeu a sua queda pela vida citadina, e por entre Nova a alta fasquia do ‘menos comum Iorque e San Francisco, a acção dos mortais’, a perfeição masculina encarrega-se de nos arrastar pelos proporcional à inesgotável conta horizontes do drama e das neuroses bancária que (o) conduziu à luxúria. reativas a que Allen nos tem habitu- A classe digna de ‘sentir o perfume ado, fazendo-nos chegar à explosão de jasmim’. Uma relação traduzide uma narrativa pessoal centrada da na infidelidade e na corrupção. na personagem principal, Jasmine. «O homem de sonho» de Jasmine. A personagem principal Não é segredo que o públi- atravessa diferentes expoentes de co feminino adora o realizador: ele entende as mulheres e valoriza os loucura, traduzidos pela paranóia pormenores a que nós tanto da- e pela neurose do que foi e já não mos importância. É habitual vê-lo é, ou nunca terá sido. Jeanette – fazer de uma cidade, um completo depois Jasmine- nunca foi verdamundo à parte do que estamos ha- deira consigo própria, e se a ilusão bituadas. Woody Allen toca-nos a servia de forma satisfatória, é o com tal beleza e classe que sen- choque de realidade que lhe fragtimos a cidade a emergir de nós. menta a sanidade em pedaços, lib A estrutura deste filme é ertando à superfície da trama uma bipartida, alternando entre o in- mulher instável e confusa sempre esquecível passado e o presente na presença de uma boa quantiangustiante da protagonista, o dade de humor negro, e claro, de que nem sempre permite um de- uns quantos Prozac, Xanax acomsenrolar fluído da acção, cen- panhados por um refinado Martini. Após a morte do marido, trando-se, na maior parte das cenas, em diálogos retóricos, inte- a protagonista procura um novo riores ou solitários da protagonista. começo em San Francisco. Recor Cate Blanchett, à qual o filme rendo à sua excêntrica e espontânea irmã ‘Ginger’ (Sally Hawk-

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ins) com quem sempre manteve uma relação distante e que encara a vida e as pessoas de forma completamente inversa à arrogância de Jasmine, o caos instala-se. Assim que aterra em San Franscisco, é-nos mostrada a sua «pobreza» que se resume a voar em primeira classe com três clássicas Louis Vuitton… Pobres dos ricos, hein? Para Ginger, o amor importa, mas, segundo a sua irmã, o seu namorado não serve as suas necessidades e não a conduzirá para além do fracasso. Na sua realidade «és por ter», excluindo assim emoções e valores, dando apenas lugar a ocas convenções sociais. Concluindo, ‘Blue Jasmine’ possui um dos enredos mais cruéis para com a personagem principal na larga coletânea de filmes de Woody Allen, arrasando de forma impiedosa a mulher egoísta e neurótica pela qual nutrimos 90 minutos de pena ao longo da ação. É um filme envolvente, quase de forma sufocante. «Quanto mais alto se sobe, maior é a queda». O realizador está de parabéns assim como Cate Blachett que merece sem qualquer margem para dúvidas, o óscar.

Raquel Figueiredo


CULTURA All hail the King: o legado de Breaking Bad

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s marcas deixadas por uma das melhores séries de todos os tempos aos olhos de um fã de longa data Existem histórias que mudam a humanidade como a conhecemos: «A Bíblia», «O Senhor dos Anéis» de J. R. R. Tolkien, «O Padrinho» de Francis Ford Coppola… Todas elas em meios e eras diferentes. A nossa era vai ficar marcada pela história personificada nas figuras de Bryan Cranston e Aaron Paul. Falamos de «Breaking Bad». A história desenrola-se em Albuquerque, Novo México, e gira em torno de um professor de química do ensino secundário: Walter White (Cranston). Pai de um filho com paralisia cerebral e casado com uma mulher grávida, recebe a notícia de que tem um cancro pulmonar. Confrontado com estes factos, Walter começa a produzir e traficar metafetaminas, com o auxílio de um ex-aluno, Jesse Pinkman. No início, apenas pensava em produzir droga suficiente para pagar os seus tratamentos e sustentar a família após o seu falecimento, mas a sua ganância combinada com a facilidade com que se «orienta» no meio, leva à criação de um alter-ego equiparável apenas ao próprio Tony Montana (Scarface). A quantidade e qualidade do seu produto rapidamente chamaram à atenção da DEA, onde trabalha o seu cunhado Hank, que investiga exaustivamente o produtor da metafetaninas conhecido por Heisenberg: o alter-ego do protagonista. Apesar de ser recente, esta série é uma forte candidata ao título de melhor série de sempre, estando cotada no IMDB com 9.5 em 10. Os esquemas alucinantemente inteligentes, criados pelos escritores da série, tornam Breaking Bad cada vez mais viciante e interessante à medida que o vemos. Nunca sabemos o que poderemos esperar no episódio seguinte, porque, ao contrário da maioria das séries, esta trata-nos como seres capazes de pensar por nós próprios, não precisando que nos «guiem» pelos corredores convulsivos dos episódios. Aliás, esse é o prémio que recebemos por seguir a criação de Vince Gilligan: as constantes reviravoltas na narrativa e nas atitudes das personagens, deixam-nos mais

vezes perplexos do que muitos números de magia. Walter torna-se rapidamente uma personagem enigmática, quer pelas suas ações impulsivas, quer pelas suas emoções contraditórias. O seu intelecto permite que esteja quase sempre um passo à frente das situações durante todas as suas desventuras. A família torna-se na «razão» que dá a si próprio para justificar as atrocidades que comete. De um pai pacato e inocente a um sociopata sem escrúpulos, W.W torna-se um parceiro instável para o seu sócio Jesse. Jesse, um viciado em drogas, com grandes problemas familiares, torna-se o aliado ideal pela facilidade com que é manipulado. Este, no entanto, serve como contraponto da série: a transformação de Walt num «demónio» sem escrúpulos, é contrastada pela elevação e redenção de Jesse por todo o mal que fez inconscientemente. O seu sofrimento e perda é um dos temas constantes nas séries, sendo que, no fim, é provável que ele seja a personagem que mais merece a vida. Toda esta saga é pautada por uma grande espetacularidade, pois consiste em intrigas e esquemas, que tornam o seu final imprevisível. A forma como acaba marca de certa forma os espetadores desta produção, na medida em que ao longo dos episódios nos vamos identificando com certas personagens e no final essa identificação já não é a mesma: eles mudaram, e nós mudámos com eles. E essa é a magia desta obra-prima: num mundo em constante estado de limbo, em que tudo permanece na mesma, basta inteligência e imaginação para nos fazer sentir vivos novamente.

All hail King Heisenberg!

Dinis Mestre Outubro 2013 Mundo Contemporâneo

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CULTURA Pokemon X & Y : O Regresso ao Futuro!

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A má notícia é que vai haver duas versões deste novo Jogo: O Pokémon X e o Pokémon Y, confranchise de desenhos animados mais tendo cada um deles 5 espécies exclusivas que nos conhecida do mundo, volta às luzes forçarão a tomar uma decisão difícil. A não ser que da ribalta com o seu primeiro jogo em 3 Dimensões! optemos por nos submeter a uma taxa anual de 3 euros que nos oferecerá um sistema completo de Pokémon, o conceito japonês para “mon- armazenamento de Pokémon online, que nos perstros de bolso”, surgiu em 1996, sob a forma de um mitirá guardar milhares de criaturas online que o jogo jogo para a consola portátil, Game Boy. Os anos que por si só não suportaria. Esta nova vertente também se seguiram revelariam a verdadeira extensão do possibilitará a oportunidade de receber Pokémons fenómeno que estava à frente da juventude mundial. de amigos, expandido ainda mais a lista de capturas. Ao fim de quase 20 anos de lu Sendo esta a marca de jogos mais ven- tas, treinos e capturas, esta poderá ser a dida na altura, passou por um rápido processo evolutivo que lhe ofereceu outras vertentes como uma solução para finalmente “Apanhá-los todos!” Satoshi Tajiri adorava apanhar insectos, e tinha série de animação, jogos de cartas, filmes, figu- ras de acção e toda uma gama de produtos únicos. um sonho: ter a seu lado criaturas gigantescas que lhe Pertencendo à Nintendo, ainda nos dias de ofereceriam amizade e protecção. E da sua imaginação hoje somos surpreendidos e seduzidos por este nasceu um mundo paralelo ao nosso, repleto de maconceito, visto que as inovações parecem não ter gia, descoberta e aventuras! Um mundo em que não fim: no dia 12 de Outubro, as lojas e os supermer- interessa as rugas que temos na cara, mas sim a jovicados deram lugar a filas intermináveis de fãs an- alidade do nosso coração: e com Pokemon X e Y TU siosos por conseguir o seu jogo Pokémon X e Y. estás convidado a tornar-te uma criança novamente. Trata-se do primeiro jogo Pokémon que conta com gráficos em 3D, graças à nova consola Nintendo 3DS. Podemos manter as expectativas elevadas, porque o jogo vai incluir uma nova região e 69 novas espécies para capturarmos e investigarmos. Catarina Perez Outro conceito que está a deixar os fãs de Pokémon muito curiosos é o de estarem agora disponíveis “Mega evoluções”, razão pela qual vai ser possível sentirse a nostalgia ao utilizarmos Pokémons iniciais da primeira geração, mas com a particularidade de se tornarem numa criatura ainda mais poderosa durante a batalha. Para os mais viciados que conseguem ultrapassar todas as etapas do jogo e concluí-lo em apenas algumas horas, o desafio encontra-se no modo história, previsto para durar mais de 50 horas, tendo ainda a hipótese de combater online contra outros treinadores, o que vai fazer com que o conteúdo do jogo seja quase ilimitado e dificilmente entediante. Desta vez, a Nintendo esmerou-se juntando as cinco gerações de jogos numa vasta experiência digital cativante e realista. A história acompanha a 15ª temporada da série de animação, dando-nos a oportunidade de viver o Mundo Pokémon a 100%.

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DESPORTO Primeira vitória no circuito ATP para Portugal O português João Sousa torna-se o primeiro português a alcançar uma vitória num torneio ATP, ao registar o triunfo na final de Kuala Lumpur, no dia 29 de Setembro. João Sousa, tenista profissional português de 24 anos, honrou da melhor forma o seu país, ao vencer, no dia 29 de Setembro, o Open da Malásia. O torneio realizou-se em Kuala Lumpur, e contou com a melhor prestação de um tenista português, até à data, em provas do circuito ATP. É facto que nenhum outro foi capaz de vencer uma destas provas, sendo João o primeiro a escrever o seu nome numa lista que se espera vir a aumentar. Não tardou muito até que fizesse as suas primeiras declarações após a vitória: «Ganhar o meu primeiro título aqui na Malásia é um sonho tornado realidade», afirmou ao site “Mais Futebol”. O tenista obteve consequentemente a melhor classificação de um português no ténis mundial, ao chegar à 51ª posição do ranking. Foi com um parcial de 2-6, 7-5 e 6-4 que o tenista venceu Julien Benneteau na final da prova,

após muito desgaste físico e força de vontade. Isto porque João começou por estar em desvantagem na prova, verificando as dificuldades que se previam frente a um francês com muita experiência em finais (Benneteau já havia participado em 8 finais , embora sem nunca ter levado a melhor). Mas o português, sem descredibilizar a experiência do adversário, demonstrou porque razão merecia um lugar na final. E fez mais do que isso. Demonstrou que em Portugal também se fazem campeões. A vencer por 5-4 no último set, deixou que alguma ansiedade fizesse escorregar a vantagem que alcançara de 3015 para 30-40. Mas, após empatar o resultado, teve a determinação necessária para fechar o encontro. Não no primeiro match-point, mas no segundo.

João Sousa acabaria então por festejar efusivamente a sua vitória no circuito mais importante do ténis mundial. A sua e a de muitos portugueses, que expiraram de alívio assim que se soltou o grito triunfante de João, em Kuala Lumpur. O troféu está em solo português.

João Sousa Bruno Martins

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DESPORTO Primeiro português da história a conquistar o título de campeão do mundo de ciclismo

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guês da Movistar manteve-se com os mais fortes na subida final, colia 29 de Setem- ando-se a Joaquim Rodriguez, que bro, o ciclista seguia isolado. Nos minutos finais português Rui Costa sagrou-se o português “sprintou” até à meta, campeão mundial de ciclismo sagrando-se campeão e deixando ao vencer a prova de fundos dos o espanhol em lágrimas. mundiais de Itália, em Florença. A Rui Costa, ciclista portu- corrida do ciclista da Póvoa foi guês com 27 anos consegue a praticamente perfeita. Enquanto os restantes ciclistas se iam despicamisola arco-íris. Depois de muito esforço e stando com a chuva, Rui Costa ia várias medalhas de pódio nas mais seguindo o seu percurso de forma variadas competições, eis a rec- tranquila, lado a lado com o então ompensa. Após a vitória na volta campeão Mundial Philippe Gilà Suíça e as duas vitórias na etapa bert. Os últimos vinte quilómetda volta à França, o ciclista portu- ros foram decisivos, uma vez que guês da Póvoa do Varzim sagra-se o português respondeu ao ataque campeão do mundo, podendo as- de Vicenzo Nibali , e levou consigo sim usufruir da camisola arco-íris Joaquim Rodriguez, o espanhol Alejandro Valverde e o colombidurante um ano. ano Rigoberto Uran, disputando a Rui Costa foi o primeiro última descida da prova. Uran saiu português da história do ciclismo em frente numa curva e o ciclista a ganhar um mundial, fazendo português viu assim a sua hipótese valer o esforço de 272 km e mais de chegar ao pódio mais próxima. de sete horas a pedalar. O portu- Valverde começou a enfraquecer, e, no último quilómetro, deixou

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Rodriguez isolado. Contudo, a concentração e o esforço de Costa fizeram com que este se aproximasse bastante do espanhol, deixando-o algo desconcentrado. Virado para trás para falar com o português, Rodriguez perde a calma e vê Rui Costa a “sprintar” para a meta, deixando-se ultrapassar. O luso vê o seu sonho de conquistar o arco-íris cumprido e ocupa assim o primeiro lugar do pódio em Florença, seguindo-se Rodriguez e Valverde que não esconderam o descontentamento. No quarto posto ficou o italiano Nibali, que, a correr “em casa”, foi o grande derrotado. Após a sua vitória em Florença o português declarou à TSF que conquistar a camisola arco-íris significa “uma vida”, afirmando que “Não esperava nada, estava em boa condição, mas nunca pensei ganhar aqui.” Mariana Vilaça

Rui Costa


DESPORTO Seleção portuguesa regista o 3º lugar no mundial de hóquei em patins

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equipa de Luís Sénica garante a medalha de bronze em Angola, no torneio que decorreu entre 20 e 28 de Setembro. Uma brilhante goleada frente ao Chile por 10-3 fez com que a equipa das quinas conquistasse o terceiro lugar no campeonato do mundo de hóquei em patins. Depois de bater as seleções do Chile (5-3), África do Sul ( 21-2) e Angola( 5-1) na fase de grupos, Portugal seguiu para os quartosde-final com a ambição de deixar a sua marca no torneio que marcou lugar em solo africano. O embate com a seleção de Moçambique culminou com uma vitória (6-0) e a equipa comandada por Luís Sénica encerrou a sua participação nas meias-finais, com uma derrota frente à Argentina, numa partida em que a arbitragem foi motivo de grande polémica. Terminaria assim a prestação da seleção portuguesa, que de forma muito honrosa representou o seu país na prova mais importante desta modalidade. «Fizemos o nosso plano de preparação, que foi cumprido de uma maneira muito positiva, com empenho da parte de todos os jogadores. Achamos neste momento, que estamos prontos. Queremos é começar a competição», foram as afirmações de Valter Neves, capitão da seleção nacional, em declarões à Lusa. A Mundo Contemporâneo contatou o jornalista do “Record” Fábio Lima, que acompanhou de perto este campeonato e que nos deu a sua opinião. Mundo Contemporâneo - Há quanto tempo é jornalista no jornal Record? Fábio Lima - Sou jornalista no Record desde junho de 2010, depois de ter estado a estagiar entre janeiro e maio desse mesmo ano.

MC - Como considera a experiência de estar em primeira mão num mundial de hóquei em patins? FL - Não se tratou de uma experiência nova, porque já tinha estado a cobrir o Mundial anterior, que foi na Argentina. É sempre melhor seguir as coisas de perto, sem ter de esperar pelas informações das agências. Também acabamos por entender quais as reais dificuldades que os próprios jogadores enfrentam no estrangeiro, algo que «por fora» talvez nunca compreenderíamos... MC - Para si, como foi a prestação de Portugal neste mundial? FL - Foi uma prestação «normal». É óbvio que Portugal tem toda a obrigação de lutar pelo título e esse, que era o objetivo principal, foi falhado. Mesmo assim, a forma como foi essa eliminação, acaba por atenuar o fracasso desportivo. MC - O que faltou a Portugal, à imagem do último mundial, para chegar à final? FL - O que faltou? Capacidade de decisão, de um português se assumir no momento da verdade. Não houve nenhum homem a decidir, como por exemplo se esperaria quando Luís Viana teve um livre direto a escassos segundos do final... A equipa de jogadores que deram tudo por tudo neste campeonato composta por: Guarda-redes: Ricardo Silva (Benfica), André Girão (AD Valongo) e Pedro Henriques (Benfica). Jogadores de campo: Valter Neves (Benfica), Ricardo Barreiros (FC Porto), Jorge Silva (FC Porto), Diogo Rafael (Benfica), João Rodrigues (Benfica), Hélder Nunes (FC Porto), Gonçalo Alves (UD Oliveirense) e Luís Viana (Benfica).

«Fizemos o nosso plano de preparação, que foi cumprido de uma maneira muito positiva, com empenho da parte de todos os jogadores. Achamos neste momento, que estamos prontos. Queremos é começar a competição»

Catarina Martins Outubro 2013 Mundo Contemporâneo

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DESPORTO Mundial de trampolim realizado em solo português

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ecorreu em Loulé a 4ª edição da taça do mundo de trampolim, entre os dias 5 e 7 de Setembro

A competição “Loulé World Cup” foi planeada e protagonizada pela Federação de Ginástica de Portugal, em parceria com a Associação de Pais e Amigos da Ginástica de Loulé (APAG). Segundo esta, apesar de algumas dificuldades no passado, conseguiu ano a ano melhorar as suas condições de treino e de material e é hoje um clube bastante valorizado, com potencial para organizar acontecimentos desta importância. O evento contou com a participação de vários ginastas consagrados, não só de outros países, como também de Portugal, tais como Ana Rente, André Lico, Denise Pieters, e a dupla Diogo Ganchinho e Ricardo Santos, todos atletas olímpicos que procuraram representar o nosso país da melhor forma. Esta foi a 4ª edição do evento, pertencente ao programa FIG de Taças do Mundo, sendo realizado nas especialidades de Trampolim Individual e Sincronizado, e Tumbling. De forma simultânea, foi também organizado o torneio “Loulé Cup”, com 31 participantes, na especialidade de duplo-mini trampolim, sendo a seleção nacional representada por Sílvia Saiote, que este ano já conquistou o bronze nos Jogos Mundiais na Colômbia. A atleta alcançou a prata no duplo-mini trampolim, e no trampolim individual. Com um desempenho exemplar, André Fernandes terminou no 1.º lugar. Por equipas, a seleção nacional conquistou, também, o ouro em duplo-mini trampolim. Estes resultados são bastante positivos para os atletas e para o país, elevando cada vez mais a fasquia, tornando a ginástica num desporto mais praticado, visível, profissional, e no qual são necessários mais apoios financeiros. [«seja é muito condicionante, não afirma se é ou não, torna a frase pouco percetivel?] Na prova “Loulé World Cup” foi possível observar bons resultados, onde a qualidade técnica é mais elevada. A ginasta Ana Rente conquistou a medalha de bronze em trampolim individual, conseguindo uma pontuação de 97,900. Após um exercício preciso e com grande técnica, conseguiu alcançar as finais, obtendo assim o 3º lugar na classificação final com 50,840 pontos. Ana Rente demonstra mais uma vez o seu valor, após ter marcado presença nos Jogos Olímpicos de Pequim em 2008, trazendo também a medalha de bronze para Portugal. A dupla de trampolim sincronizado, formada por Diogo Ganchinho e Ricardo Santos, esteve bastante perto de chegar ao pódio, mas, devido a um pequeno erro de Ricardo Santos, o atleta menos experiente desta dupla, no final do exercício, terminaram na 4.ª posição, com 44,900 pontos. Também Denise Pieters, outra das atletas portuguesas com melhores resultados, na categoria de tumbling, concluiu a prova alcançado o 5º lugar, com 62,800 pontos. A atleta está também de parabéns, mas com a esperança de conseguir uma melhor classificação numa outra oportunidade. Os restantes atletas portugueses a participar na taça do mundo foram Beatriz Martins e Samuel Castela na categoria de trampolim individual, Diogo Abreu e Tiago Lopes na categoria de trampolim sincronizado e Diogo Silva, Frederico Rodrigues, Ruben Soares e Nuno Silvano na categoria de tumbling.

Diogo Gonçalves

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MODA A moda vista como um ciclo

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mais que certo que a moda está presente em todo o mundo, mas de que maneira? E afinal o que é a moda, e até que ponto se tornou um ciclo? A moda é um fenómeno histórico-cultural que se altera no espaço e no tempo e cuja dimensão mais evidente é a das tendências do consumo no vestuário. Atualmente a moda está, sem dúvida, relacionada com tendências culturais à escala global, mas não foi assim em todas as épocas. Hoje em dia podemos ver que a moda muda ciclicamente, pois tudo o que se está a usar atualmente, já foi moda em períodos anteriores. O ciclo da moda foi-se estabelecendo ao longo dos séculos por uma questão de necessidade, se bem que aos poucos foi se tornando numa forma do mercado se organizar e ao mesmo tempo lucrar, pois se repararmos de meses a meses estamos a ser surpreendidos por mais uma tendência nova com novas cores, novos tecidos e novos padrões vindos dos mais variados estilistas existentes no mundo. Mas ‘novos’ na atualidade, porque em tempos anteriores, séculos ou anos atrás, já se viram essas mesmas cores e esses mesmos padrões. Nós precisamos de nos adaptar aos vários tipos de clima que fazem parte do nosso país e cidade, mas como sabemos a moda que sai em todas as revistas e

desfiles, é uma moda universal, por isso certas roupas não são tão direcionadas para uma sociedade e sim para outra. Por isso, somos quase obrigados a seguir o que é exposto nas lojas como tendência para a estação atual, se bem que há sempre uma área em quase todas as lojas com um estilo mais ‘antigo’ ou um tanto desatualizado, para aquelas pessoas que não se identificam com o novo estilo, a dita nova moda. Com tudo isto, quero dar um maior destaque ao ciclo da moda em si, ou seja, o facto de hoje em dia sermos cada vez mais surpreendidos com estilos de roupa que já se usaram muito antigamente. Mas é engraçado que certas pessoas ao verem fotos antigas dos avós ou bisavós que utilizavam esse mesmo tipo de roupa, achem que era feio e que nunca na vida usariam, sendo certo que

quando esse tipo de roupa estiver na moda, são logo influenciáveis e acabam por gostar e até vestir. Nos dias que correm vemos muitas raparigas a usarem no verão os tais calções de cintura subida típicos dos anos 50, e eternizados pela diva do cinema Marilyn Monroe. Realçava os seus pontos sexys num estilo ousado e era um modelo seguido pelas senhoras ou meninas mais ousadas. Este é apenas um exemplo de muitos que existem, pois em termos de vestidos, padrões, e acessórios, como colares grandes, de metais, com pérolas brilhantes, estão de novo na moda. Em suma, é realmente inevitável ser influenciado pela moda, ela está em tudo o que nos rodeia e cada vez mais se propaga nas variadas esferas sociais à escala global.

Raquel Guerreiro

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MODA As 7 maravilhas de um guarda-roupa Com os tempos mais frios a chegar, todos nós nos questionamos sobre quais serão as tendências desta estação e o que é que se poderá reutilizar do nosso armário. Quais serão as cores que mais se usarão? Quais os novos produtos que as marcas irão lançar? Quais as peças que nos vão assentar melhor e quais os custos disto tudo? Nesta altura de mudança de estação e de crise do orçamento familiar, são tantas as dúvidas e questões que nos assaltam a mente, que ninguém sabe para onde se virar e por onde começar. A chave, o segredo, para nos livrarmos da dor de cabeça que pode ser a moda e as suas novas tendências são nada mais, nada menos, que os chamados must-haves. Sim, must-haves, as peças que deve ter no seu guarda-roupa, por serem intemporais e poderem ser utilizadas em conjunto com todas as tendências que poderão aparecer. O primeiro é, e como não poderia deixar de ser, uma simples camisa branca. Existem no mercado inúmeros tamanhos de mangas, aplicações, cortes e feitios. A principal razão que nos leva a reconhecer esta peça como algo que todas as pessoas deveriam ter é por ser bastante versátil e a sua cor neutra condizer com todas as outras cores e padrões. Para não dizer que é a escolha perfeita para combinar com as calçaspadrão que são muito us-

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adas nos dias de hoje. O segundo must-have que proponho é um blazer clássico. Isto sim, nunca passa de moda e pode-se usar em qualquer altura e evento. É uma daquelas peças que se pode vestir com umas calças de ganga banais e um simples top branco e torna o conjunto numa vestimenta cheia de classe e sofisticação. Temos a possibilidade de escolher qualquer cor ou padrão ao nosso gosto, e assim dar um ar mais sofisticado a qualquer outfit. Como já foi referido, as banais calças de ganga são um must em qualquer closet. São tão banais que muitas vezes nos esquecemos de lhes dar o devido valor. Quem é que é capaz de viver sem umas? Mesmo inconscientemente, as calças de ganga são algo que usamos em 80% dos nossos dias e algo com o qual é tão fácil de combinar todas e qualquer peça que tenhamos no nosso armário. Sejam elas skinny, à boca-de-sino, de cintura subida, de cintura baixa, claras, escuras, com buracos, sem buracos, curtas, compridas, com ou sem aplicações, elas estão sempre presentes no nosso quotidiano e não acredito que al-

gum dia possamos viver sem elas. A camisa de ganga é uma coisa que também não poderá faltar. Apesar de ter sido recentemente trazida de volta dos anos 60, ela veio para ficar. Podemos usar por cima de qualquer t-shirt, ou abotoada até ao último botão para um ar mais clássico, conseguindo inovar esta peça sempre que é utilizada. Vestido preto, e está tudo dito, um little black dress, é tudo o que uma senhora precisa para ter um guarda-roupa completo. Para aniversários, um jantar de família, uma saída com o seu mais-que-tudo, ou até mesmo para um evento profissional. Um vestido é o que basta para melhorar a figura da mulher e tornar a sua presença notada. O que também veio para ficar, foram as clutches. Grandes ou pequenas, são um acessório que irá fazer imensa falta. E para terminar a nossa lista, um belíssimo casaco de cabedal, fica bem com todos os estilos e aquece no inverno, não deixando o nosso look do dia mal visto. Mariana Gonçalves


MODA O que usar nesta estação… Fique a saber todas as dicas sobre o que vestir na estação que se aproxima. Com a chegada do inverno a passos largos e, com a grande diversidade de peças e estilos que as lojas nos têm a oferecer, por vezes, torna-se difícil saber o que comprar para a estação mais fria do ano. No entanto, muitas das tendências do ano anterior permanecem ou afirmam-se com toda a sua força no nosso guarda-roupa. É de realçar que as tendências não foram feitas para serem seguidas à regra, mas sim para serem um suporte na forma como combinamos os mais variados estilos com o nosso gosto pessoal. Apesar do tempo ainda não convidar a deixar as peças mais leves de vez, antecipe-se e fique a conhecer os estilos que marcarão os meses mais frios. Preto vs. Branco São cores intemporais essenciais no guarda-roupa, concedem um ar muito sofisticado, cuidado e perfeito. Estas cores combinam muito bem, uma vez que são cores clássicas e fundamentais, transmitem charme e elegância. Para dar mais vida ao conjunto poderá conjugar com acessórios mais brilhantes e metalizados. Pode optar por um look só de uma cor (preto ou branco) ou então optar pela conjugação dos mesmos. Animal Print As mais variadas estampas encheram os desfiles de moda, apesar de esta tendência não ser exclusiva desta estação, ela renovou-se. O animal print surge em diversas cores, materiais e estilos. Estilo Masculino Surge o estilo masculino com cor-

tes retros e clássicos. As peças estruturadas ganham novo destaque no guarda-roupa feminino, bem como as calças de cintura subida, os coletes e fatos masculinos. Bordeaux, cor de vinho: O eterno e conhecido bordeaux regressa aos nossos guarda-roupas, quer em casacos, blusas ou calças. Esta cor é bastante associada ao outono/inverno devido à sua intensidade, permitindo-nos criar múltiplos conjuntos originais. Padrões florais O padrão floral promete desfilar pelas ruas neste inverno. Aparece em modelos contínuos, em diversos materiais e cores. Destacando-se não só no guarda-roupa como também nos acessórios. Esta tendência irá contrabalançar a grande marca do inverno que são os tons escuros, oferecendo um estilo romântico e bem feminino para esta estação. X a d r e z O padrão axadrezado é uma novidade nesta estação. É possível criar um look mais descontraído como um mais clássico, tudo depende da forma como as peças são conjugadas.

No que requer ao calçado destacase os botins, os nossos melhores amigos nos dias de chuva e frio. As ankel boots (botas até ao tornozelo) podem ser combinadas com qualquer tipo de roupa desde que sejam básicas, a altura do salto não importa. Bikers boots são óptimas para quem opta por um estilo mais masculino, pois estas são inspiradas nos motards. Bota sandália é uma excelente combinação para ser usada no outono. Os sapatos bicudos têm vindo a conquistar um espaço cada vez maior na moda de calçado. São vistos em vários modelos, cores e padrões, bem como a altura do seu salto. Os acessórios este ano passam novamente pelo estilo chamativo, nomeadamente colares e brincos com pedras grandes e brilhantes. As malas estruturadas estão sem dúvida na moda bem como, as bolsas de mão, confirmandose como tendência, sejam no formato carteira ou em modelos que remetem para maletas executivas.

A estação outono/inverno 2013/2014 aposta em vários estilos e numa paleta de cores bastante abrangente e diversificada, podendo assim, dar maior facilidade Azul, como o novo preto na conjugação das peças. Como já O tom escuro de azul é umas das foi referido, as tendências não são apostas mais clássicas para esta es- para serem seguidas à regra, mas tação, tal como o preto. Este con- sim para serem adaptadas ao nossegue fugir à banalidade do preto so gosto pessoal. Porque afinal… mantendo o toque intenso e ao são os nossos gostos que nos defimesmo tempo sofisticado das cores nem e nos fazem destacar perante mais escuras no inverno. Esta cor a sociedade, é isso que é a moda. é uma óptima opção para quem não se adapta a um look integral preto, pois o azul consegue abranger um variado leque de cores. Catarina Vicente e Calçados e Acessórios: Catarina Lopes Outubro 2013 Mundo Contemporâneo

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Diga “Vou lá [ao Dragão] ver o Sporting jogar e, se possível, ganhar. É lógico que espero ser mal recebido. Temos sido bem recebidos, porque não contávamos para o Totobola”. - Bruno de Carvalho

“Discordo da política do governo, o país está farto de conversas quer soluções” António José Seguro.

“O meu sorriso não engana”. - Cristina Ferreira “Não precisamos do segundo resgate”- Presidente Aníbal Cavaco Silva “No primeiro ano [1978] apontaram-me uma arma. Violaram-me no telhado de um prédio para onde fui arrastada com uma faca apontada às costas e assaltaram o meu apartamento três vezes”- Madonna

“É preciso demitir o governo todo”. - Jerónimo de Sousa “A erva é a melhor droga do mundo”- Miley Cyrus. “Ninguém está acima da lei”. - Presidente Aníbal Cavaco Silva “Estou muito orgulhosa do meu disco”- Paris Hilton “O mercado brasileiro é um objetivo meu e da Kelly. Neste momento estamos em alta em Portugal e gostávamos de passar essa imagem para o Brasil”. -Pedro Guedes

“A crise não se vence vendendo os anéis mas fortalecendo os dedos”. – António Costa


MC Ciências da Comunicação - 2ºano - 2013/2014

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