Disco no Risco - poemas musicados de Ledusha

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Bianca Zampier | Bruna Lucchesi | Dimitri BR | Gustavo Galo | Júlia Rocha

Juliana Perdigão | Luca Argel | Mariano Marovatto | Natasha Felix | Peri Pane

OUÇA AQUI DISCO NO RISCO NAS PLATAFORMAS DE ÁUDIO tratore.ffm.to/ledushadisconorisco

cc: Dimitri BR, Estela Rosa

ei leda, ledusha, dimi e estela aqui na conversa com a gente!

muita alegria acompanhar esse caminho, teus poemas se tornando canções, cantadas. no domingo te contei bastante sobre a história do disco né? começou assim: a estela rosa (do “mulheres que escrevem”, lá do rio) postou poemas teus em 2021, no dia do teu aniversário. dimitri aproveitou o acaso solar e musicou “moço lindo” - que você dedicou ao cazuza. escrevi a ele contando da tua canção com o peri, e logo a gente se perguntava: e se desse um disco?

e deu mesmo! um disco no risco, como não podia deixar de ser.

júlia rocha e gustavo galo (lírio participou da sessão de gravação)

cada artista escolheu um poema teu pra musicar e pôr sua voz, cada uma a seu estilo. o otávio carvalho, meu querido amigo e produtor dos meus discos, está cuidando da mixagem e masterização das músicas. o disco está ficando lindo, e vai sair pelo pequeno imprevisto, selo aqui de são paulo, do ota com o eduardo lemos (o edu), pra se juntar às comemorações pelo teu niver deste 2023 - 70 anos, uma data redonda, um disco, muitas voltas.

estamos muito felizes e torcendo pra que este disco, feito no risco e no capricho, possa levar as finesses & fissuras da tua obra a muitos novos olhos & ouvidos. é isso, ledusha querida!

beijos de galo, dimitri, estela e todo mundo que faz o disco no risco <3

Lembro como se fosse hoje, eu entrando naquela casinha na Vila Mariana e vendo muitas pessoas celebrando uma mulher. Eu já tinha ouvido falar dela, já tinha lido muitos poemas, eu amava aquela escrita. Mas sabia pouco de quem estava por Dezembro de 2016, a Luna Parque relançou um dos livros mais marcantes para a poesia. Risco no Disco, da Ledusha, ganhou uma reedição depois de 35 anos. Sei que não eram só as minhas pernas que tremiam ao pensar em ver Ledusha ali, na nossa frente, sorrindo com a caneta dos autógrafos na mão. Eu não era a única, éramos eu e todas as outras mulheres naquela casinha na Vila Mariana. Ledusha rindo. Ledusha um pouco tímida. Ledusha cercada de pessoas. Ledusha

Ver uma poeta mulher tão importante para a poesia e para a música sendo celebrada em vida foi um marco não só para quem estava ali, mas também para quem viria a conhecer Ledusha por conta daquela segunda edição. O costume era ver homenagens póstumas. Mas naquele dia não, aquele dia era vida. E foi um marco.

Só fui capaz de tomar coragem no fim da noite, quase quando não era mais possível falar com aquela figura. Segurei meu Risco no Disco 2ª Edição, olhei para a mesa central e fui. Pedi a Ledusha que autografasse meu exemplar. Em meio a conversas e risadas com todos ao redor, ela pergunta meu nome. Eu respondo: Estela. Ela retruca: que nome bonito. E começa a assinar. Para por um segundo e se dá conta de que cometeu um erro de grafia, ao invés de Estela, ela escreveu Esta la. Se virou rindo para pedir desculpas e disse: que vergonha, errei seu nome, es crevi Estala. Eu disse que amei esse rebatismo que acontecia ali, naquele instan te. Então ela sorriu e finalizou o autógrafo: Estala, estalemos! Beijos, Ledusha. E aqui estamos nós, Ledusha, estalando ao som de seus poemas, colocando o Disco no Risco, criando mais um marco e celebrando, novamente, essa tua vida imensa e sempre cheia de pique.

Obrigada pela ousadia e pela tua eletricidade contagiante.

atenção por sua linguagem ágil, mistura de referências literárias e pop, melancolia e humor.

A partir daí, circulando pela efervescente cena poética da época, Ledusha fez história ao lado de contemporâneos como Paulo Leminski, Chacal, Ana Cristina César e Cacaso, e de músicos como Cazuza, de quem viria a ser parceira na canção “Babylonest”. Voltou a São Paulo no final dos 80, onde assinou a coluna de poesia Risco no Disco no jornal Folha de S. Paulo (na década de 1990) e escreveu os livros Finesse & Fissura (Brasiliense, 1984); 40 Graus, (1990, Francisco Alves Editora); Exercícios de Levitação (2002, 7Letras); Notícias da Ilha – 31 anos de poesia (2012, 7Letras); e Lua na Jaula (2018, Todavia), que foi finalista do Prêmio Jabuti.

Sua obra é constantemente citada como influência por poetas das gerações seguintes, como Angélica Freitas e Marília Garcia - responsável pela reedição do Risco no Disco, por sua editora Luna Parque, em 2016. Em 12 de Julho de 2023, Ledusha completa 70 anos de uma vida intensa, caprichada e elétrica, celebrada no álbum Disco no Risco - poemas de Ledusha musicados por Juliana Perdigão, Dimitri BR, Natasha Felix & Bianca Zampier, Júlia Rocha & Gustavo Galo, Peri Pane, Bruna Lucchesi, Mariano Marovatto e Luca Argel, num lançamento conjunto de Mulheres que escrevem (RJ) e Pequeno Imprevisto (SP).

Juliana Perdigão | voz, guitarra, baixo e arranjo

gravada por Juliana Perdigão em Berlim (Alemanha)

mixada e masterizada por Otávio Carvalho no estúdio Submarino Fantástico, São Paulo (SP)

MOÇO LINDO

(Ledusha/Dimitri BR)

Para Cazuza

Queimar por queimar

iludo a eternidade afago os cabelos da noite

do livro notícias da ilha

Dimitri BR | voz, backings, violão nylon, violão aço, guitarras, baixo, programação de bateria, órgão e arranjo

base gravada por Dimitri BR no estúdio móvel Uirapuru, na Casa Verde da Colina, Curitiba (PR)

voz gravada por Gustavo Heilborn no estúdio DRS, Rio de Janeiro (RJ) mixada e masterizada por Otávio Carvalho no estúdio Submarino

Fantástico, São Paulo (SP)

e invariavelmente sonho as pérolas nos pés da loira linda

coleciono trens noturnos no verão faço milagres enquanto a delícia se espalha entre o coração e a crosta da terra essa incomum sensação de estar inteira versa sobre delírios antigos o futuro não existe (dizem) mas insisto vejo odor e movimento indizíveis a voltagem do amor me torna brisa entre tudo que seduz o voo da palavra que reluz e rapta ladina o silvo selvagem dos sátiros a seda suspensa da fala a sombra onde o silêncio sibila

dá um flagra no ego dá um flagra no ego

* reunião dos poemas entre tudo que seduz + entre tudo que reluz + tantas do livro finesse e fissura

Bianca Zampier | synths, loops & beats

produzida por Bianca Zampier no estúdio Casa Deserta, Rio de Janeiro (RJ)

Gustavo Galo | voz e violão

Allen Alencar | guitarra

Otávio Carvalho | synth

gravada, mixada e masterizada por Otávio Carvalho

no estúdio Submarino Fantástico, São Paulo (SP)

Peri Pane | voz, violão e assobio

Otávio Ortega | piano elétrico

gravada por Otávio Ortega no Estúdio 100 Grilos, São Paulo (SP)

mixada e masterizada por Otávio Carvalho no estúdio Submarino Fantástico, São Paulo (SP)

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do livro lua na jaula

Bruna Lucchesi | voz e violão

Otávio Carvalho | synth mixada e masterizada por Otávio Carvalho no estúdio Submarino Fantástico, São Paulo (SP)

ALI ONDE A AUSÊNCIA

(Ledusha/Mariano Marovatto)

ali onde a ausência habita um tigre assobia e levita

aqui onde a sombra hesita um sol se desvia e crepita do livro lua na jaula

Mariano Marovatto | voz, sintetizadores e arranjo gravada e produzida por Mariano Marovatto no Bairro Peixoto, Rio de Janeiro (RJ)

mixada e masterizada por Otávio Carvalho no estúdio Submarino Fantástico, São Paulo (SP)

augúrios do ouro de sete argolas no braço quem dera um horizonte houvesse e a alma despisse pela grama toda tralha --do livro lua na jaula

Luca Argel | voz, violão, arranjo

gravado e produzido por Luca Argel

nos estúdios Escalpo de Mársias, Porto (Portugal)

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