Memória e Identidade dos Moradores de Nova Holanda

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Bauman (2005) é outro autor que tem se ocupado mais recentemente sobre a questão da identidade. Ele nos apresenta o conceito de “modernidade líquida”, em que, entre outras coisas, há uma fragmentação das identidades e, mesmo em contexto de inseguranças e incertezas, as possibilidades de construí-las e reconstruí-las são cada vez maiores. Suas análises se aproximam, em certa medida, de Giddens (2002) no que se refere aos deslocamentos tempo-espaço que produzem um “desencaixe” que afeta a vida na modernidade e, consequentemente, as identidades de sujeitos e grupos sociais. Todavia, mesmo com perspectivas por vezes diferentes e até divergentes a respeito dos processos identitários, o que aproxima esses autores é a ideia de que as identidades são construídas e que há sempre uma constante tensão entre grupos e indivíduos na luta por sua afirmação. Bauman (2005) assim conclui:

“[...] A identidade só nos é revelada como algo a ser inventado, e não descoberto; como alvo de um esforço, ‘um objetivo’; como uma coisa que ainda se precisa construir a partir do zero ou escolher entre alternativas e então lutar por ela e protegê-la lutando ainda mais [...]” (p.21).

Para o presente trabalho, a ideia de autorrepresentação – imposta ou não –, construída em contextos de tensão e que mantém relação estreita com o discurso baseado na memória, está na base do que entendemos por identidade. Isso é fundamental quando pensamos nas identidades das favelas e favelados. Por outro lado, durante muito tempo o conceito de favela foi usado por diversos pesquisadores, cronistas e jornalistas das mais variadas matizes de pensamento sem que houvesse uma crítica a esse uso ou sobre sua fundamentação teórica e empírica. O último Censo do IBGE (2010) assim definia a favela:

01 // A favela como questão para a cidade do Rio de Janeiro

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