Oficinas de Experimentação

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o ã ç a t n e m I R E P x O F I C I N A S de e

um a pr át i c a pedagógi c a activa Project o ARTES ANATO XXI - Novas Prática s de Integra ção Sócio- Profiss ional (EM/12 9) - P.I.C. EQUAL



um a pr át i c a pedagógi c a activa

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FICHA TÉCNICA

O EDIÇÃO e PRODUÇÃ TEXTOS CA e PAGINAÇÃO CONCEPÇÃO GRÁFI IMPRESSÃO EXEMPLARES DEPÓSITO LEGAL

Monte, a.c.e

no e Noélia Alves bocho, Carmen Caeta Marta Alter, Inácia Re Sugo Design Guide, artes gráficas 1000 099990

distribuição gratuita


ENQUAD RA M E N T O Os Ofícios Tradicionais no âmbito do sector do artesanato surgem como pouco atractivos para os jovens não constituindo uma opção enquanto escolha da sua actividade profissional. Para esta realidade contribui a imagem tipificada que os jovens nutrem sobre o artesão. Esta é caracterizada por vários factores, tais como a difícil comercialização dos produtos artesanais, a morosidade na sua produção, ausência de inovação e utilização de diferentes técnicas e materiais, por parte do artesão e, por sua vez, a fraca rentabilidade da actividade. Por outro lado, as unidades de ensino que desenvolvem a educação dos jovens para as artes, não fomentam o estabelecimento de uma relação de aprendizagem/ conhecimento sobre o profissional do artesanato, característico da sua região. Existe, por sua vez, da parte do público jovem um alheamento em relação aos profissionais destas áreas, o que não estimula o interesse pelas ofícios tradicionais. É esta a problemática que enquadra a narrativa de prática proposta pelo presente documento. Por um lado, a desvalorização da profissão de artesão, e dos valores culturais a esta associados, característico de uma determinada região (Alentejo) e, por outro lado, a inexistência de articulação entre os conteúdos programáticos das unidades de ensino de artes, ao nível do ensino secundário, e o ensino dos ofícios tradicionais artesanais, como um mecanismo susceptível de estimular o interesse dos jovens pelos ofícios artesanais. Os ofícios tradicionais são aqui entendidos como um legado cultural, o testemunho de saberes e técnicas antigas, de gostos e saberes. Estes atributos permitem construir uma ligação afectiva a cada peça de artesanato criada, identificando a história de uma comunidade e do seu criador. A dimensão colectiva aliada à singularidade que cada artesão aplica na peça que produz, constitui o suporte da intervenção realizada pelo Projecto Artesanato XXI - Novas Práticas de Integração Sócioprofissional. As escolas surgiram como o espaço adequado para o trabalho a realizar pelo Projecto, na tentativa de apresentar à comunidade escolar o artesanato nesta sua dupla vertente. As actividades foram assim planeadas para escolas secundárias com a opção de artes, do Distrito de Évora. Privilegiou-se uma actuação com vista à sensibilização dos jovens para o exercício de um oficio artesanal, como mecanismo de valorização da imagem da profissão de artesão, junto da população jovem, particularmente aquela que já optou pela área das artes em termos de percurso escolar.

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Assim, a estratégia definida pelo Projecto para aproximar o conhecimento sobre os ofícios artesanais dos jovens da região, pautou-se pela integração das actividades do projecto, destinadas à experimentação e produção de peças artesanais, em três escolas secundárias públicas da região, com a área de artes na sua componente lectiva. Estas escolas são a Gabriel Pereira de Évora; a Públia Hortênsia de Castro de Vila Viçosa e a Conde de Monsaraz em Reguengos de Monsaraz. As actividades ocorreram durante dois anos lectivos 2002/03 e 2003/04, tendo os trabalhos começado logo na fase inicial do Projecto “Acção 11 (A1)”, momento em que foi efectuado o diagnóstico sobre a imagem da profissão de artesão, junto dos jovens e professores da área das oficinas de artes, das três escolas. Também nesta fase, foram inquiridos alguns artesão da região, na perspectiva de analisar as diversas ideias a explorar no desenvolvimento do Projecto, no que respeita ao papel do artesão enquanto mestre no ensino do seu oficio. As actividades de experimentação/concepção nas escolas iniciaram-se durante a Acção 22 (A2). A escola participou na fase de concepção das actividades o que permitiu ajustar as mesmas ao contexto e formas de funcionamento da instituição. Os mecanismos de funcionamento das actividades, a forma de implementação na comunidade escolar, a relação/articulação estabelecida entre os vários intervenientes (jovens, artesãos e professores), produziu uma aprendizagem de características inovadoras, e particulares à realidade vivida nas três escolas intervenientes no projecto. A descrição da presente prática assenta nesta aprendizagem única, de características inovadoras, isto é, que conduziu à implementação de uma prática pedagógica activa nas escolas, com processos de trabalho inovadores, envolvendo diversos intervenientes, professores, artesãos e jovens. É importante realçar o trabalho realizado em parceria

1 A A2 do projecto Artesanato XXI realizou-

com entidades distintas, os resultados atingidos com esse trabalho, bem como as pon-

se entre 19 de Novembro de 2001 e 19 de

tes criadas para a continuação das actividades iniciadas.

Maio de 2002. 2 A A1 do projecto Artesanato XXI reali-

O tempo de caracterização da prática são os dois anos de execução da A2 do projecto Artesanato XXI, tendo como alvo de análise os vários intervenientes na Actividade “Oficinas de Experimentação”.

zou-se entre 19 de Junho de 2002 e 19 de Junho de 2004.


modelo de gestão do projecto

3 Parceria de Desenvolvimento do Projecto, integra as entidades com responsabilidade na execução das actividades de

Para o funcionamento/gestão do projecto foi concebida e implementada uma estrutura muito flexível de forma a permitir realizar articulação, na execução das actividades, entre as entidades que integram

Projecto ( Monte, Ciranda, Aliende, ADMC,

a PD3, e outras também importantes na realização das actividades.

TEAR, CEARTE, UE, Câmara Municipal de

Neste sentido foi constituída uma PA4 onde estão incluídas as esco-

Arraiolos)

las, que desde o início assumiram um papel activo e preponderante

4 Parceria Alargada do projecto, integra entidades que a um nível diferente do da PD tem a responsabilidade de apoiar

no desenvolvimento da intervenção. Foi assim criado um modelo de gestão participada do projecto, de modo a permitir a sua implementação no terreno, com base na colaboração de diversas entidades.

a execução das actividades e validar as

Este implicou a existência de diferentes responsabilidades por tipo

estratégias definidas no seio do projecto

de entidade, bem como, a definição de momentos diferentes de os-

(Escola Secundária Gabriel Pereira, Escola

cultação dessas entidades. A responsabilidade de gestão do projecto

Secundária Publia Hortênsia de Castro,

centrou-se ao nível da PD, composta por um número mais reduzido de

Escola Secundária Conde de Monsaraz, Câmara Municipal de Évora, Câmara Municipal do Redondo, Câmara Municipal de

entidades, sendo estas as responsáveis pelo controlo do projecto.

Borba, Centro de Formação Profissional de

Com as entidades da PD foi estabelecido um Acordo de Parceria, se-

Évora, ADIM e TRILHO)

gundo os critérios definidos pela EQUAL. Para a PA foram estabelecidos Protocolos de Colaboração, entre a PD e as diversas entidades in-

5 A PT integra as seguintes PD transnacionais: Grupo Visual Leitrim – projecto CASE (Irlanda), cujo projecto pretende desenvolver de forma sustentada o artesanato como

tegrantes da PA, com indicação das responsabilidades por parceiros. Este modelo integra também uma Parceria Transnacional5 (PT), que

fonte de emprego e reforçar o espírito em-

permitiu articular a PD, bem como algumas das actividades do projec-

presarial no sector; VIZO - projecto STEP

to, com outros projectos transnacionais com intervenções semelhan-

(Bélgica), contacto que surgiu através do

tes. A PT foi entendida desde o início do projecto como uma mais va-

parceiro Irlandês, que pretende fomentar o

lia para o mesmo , uma vez que possibilitou a apresentação/discussão

espírito empresarial através da concepção de instrumentos que capacitem o desenvolvimento de competências individuais.

de problemáticas comuns, com vista à procura de respostas adequadas a cada contexto, partindo de experiências particulares.

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Constrangimentos ao Funcionamento do Modelo de Gestão No modelo de gestão previsto, não foi possível implementar a estrutura definida para o funcionamento da PA. Este aconteceu de forma segmentada por grupo

Documento de trabalho concebido numa reunião da PD

de entidades, existindo diferenças em termos da participação das entidades correspondentes a cada um dos grupos. No caso de escolas, a participação no projecto foi muito distinta, tendo algumas assumido uma participação activa, logo desde o início, mantendo a mesma relação ao longo de todo o Projecto. Por outro lado, existiram escolas que apenas participaram na fase inicial do projecto, não permanecendo um continuar desta relação. Estas diferentes participações das escolas conduziram a resultados diferentes do Projecto.

Reunião de Balanço de Competências com os Artesãos do Projecto

Assim, consideramos que, apesar de não se ter conseguido respeitar as orientações definidas em termos de organização da PA, foi extremamente importante o papel de determinadas entidades da PA, no desenvolvimento do Projecto, como foi o caso das escolas. Pela flexibilidade existente e pelo conhecimento que se foi adquirindo, ao longo do tempo, entre os vários intervenientes, a relação de trabalho construída nas escolas, envolvendo jovens, professores e artesãos, tornou-se mais informal e de características inovadoras em termos da relação jovem/artesão/professor.

Reunião de elementos da PD, para a construção do Projecto


modelo de avaliação do projecto

A metodologia de avaliação desenvolvida caracterizou-se por uma avaliação contínua “on going”, baseada na identificação dos problemas reconhecidos no contexto de intervenção e consequentemente na verificação dos objectivos propostos, definidos em função dos problemas. O testemunho dos públicos e intervenientes no projecto mostrou-se fundamental para o processo de avaliação, permitindo identificar os resultados atingidos com a execução do projecto, bem como as valias e constrangimentos integrados nos agentes. De forma complementar à avaliação foi desenvolvido o processo de Balanço de Competências para os técnicos, públicos e agentes do projecto, o qual permitiu identificar a capacitação dos mesmos durante e no final da sua participação no Projecto. A metodologia de Avaliação utilizada permitiu um melhor conhecimento do projecto por parte dos seus intervenientes, uma vez que todos participaram activamente neste processo. Por outro lado, possibilitou o desenvolvimento de capacidades técnicas e pessoais que conferiram no desempenho das actividades de projecto, bem como, das demais actividades profissionais, um melhor desempenho e, consequentemente, mudanças de procedimentos e atitudes profissionais A metodologia de avaliação implementada foi decisiva para o ajustar da actividade “oficinas de experimentação” ao contexto e aos públicos aos quais se destinou. Realizaram-se três momentos de avaliação, com todos os públicos participantes, em momentos decisivos sobre o rumo da intervenção. Estes serão apresentados pormenorizadamente, noutro ponto deste documento.

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CARACTERIZAÇÃO DA NARRATIVA DE PRÁTICA BEM SUCEDIDA “OFICINAS DE EXPERIMENTAÇÃO - UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA ACTIVA”

Objectivos e Finalidade da Prática Experimentar a concepção e execução de produtos artesanais, num processo conjunto que envolve os jovens, do ensino secundário que frequentam a área de artes, os professores responsáveis por essa área e os artesãos, integrado no espaço da sala de aula. Sensibilizar os jovens para a profissão de artesão, valorizando a imagem do profissional do sector Articular o programa lectivo da área de artes com o trabalho prático do artesão Identificar uma prática de trabalho entre o artesão e a escola, possível de manter após o final do projecto. Destinatários (público-alvo) Jovens do 10º ao 12º ano da área das artes, das escolas secundárias: Gabriel Pereira de Évora, Públia Hortensia de Castro de Vila Viçosa; Conde de Monsaraz de Reguengos de Monsaraz. Estes jovens estão a finalizar o seu trajecto escolar, encontrando-se em fase de escolha de um percurso profissional. Beneficiários Artesãos das áreas da tecelagem, tapeçaria, olaria e decoração de cerâmica, madeira e pedra Professores da área de artes Escolas secundárias envolvidas no projecto

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Parceiros envolvidos na implementação da prática No desenvolvimento da presente prática estiveram comprometidos Actividade de experimentação, na área da cerâmica, na Escola Gabriel Pereira, no ano lectivo 2002/03, em Évora

parceiros da PD e parceiros da PA. As entidades da PD envolvidas foram o Monte, a Aliende, a ADMC, a Ciranda, a TEAR e o CEARTE. Estas foram as que no projecto representaram as diferentes áreas de artesanato dinamizadas, bem como a formação na área do artesanato. A sua implicação no Projecto foi muito distinta, atendendo às responsabilidades inicialmente assumidas, aquando da planificação do mesmo. No entanto, verificou-se ter existido sempre uma articulação estreita para o desenvolvimento das actividades nas escolas. Estas entidades assumiram a responsabilidade de execução da actividade por áreas de artesanato: o Monte responsabilizou-se pela dinamização da área da tapeçaria, a Aliende responsabilizou-se pela dinamização da área da olaria e decoração de cerâmica e tecelagem, a ADMC a área da pedra, a Ciranda a decoração de madeira em pintura alentejana, a TEAR a olaria e decoração de cerâmica e o CEARTE responsável pela actividade formativa ligada ao sector. Para além destas, as oficinas de experimentação foram também desenvolvidas por artesãos independentes, tendo em conta características particulares possuidas, ao nível do desempenho de um oficio artesanal. O tipo de relações estabelecida, bem como o envolvimento dos vários intervenientes distinguiu-se em função das áreas de artesanato dinamizadas e da opção das escolas pelas áreas.

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descrição da implementação da prática A problemática que enquadra o projecto Artesanato XXI relaciona-se com a forma como são vistas as profissões ligadas ao trabalho manual. Na nossa sociedade estas profissões normalmente são associadas a pessoas idosas, com poucos rendimentos económicos e poucas habilitações literárias. A informação que os jovens têm sobre estas profissões é escassa e o contacto directo com a realidade da profissão é muito raro. Foi neste sentido que uma parceria composta por diferentes entidades, com experiência de trabalho na área do artesanato, procurou intervir de forma a promover a mudança ao nível da imagem que os jovens têm sobre o artesanato e a profissão de artesão. Na procura da valorização destas profissões,

Actividade de sensibilização, na área da cerâmica, na Escola Gabriel Pereira, em Évora

junto da população jovem, considerámos que deveria ser privilegiado o trabalho com as escolas, com vista ao desenvolvimento de actividades de promoção/sensibilização para este grupo. Neste sentido, o contacto realizado para o desenvolvimento das actividades de experimentação foram as escolas do ensino secundário do distrito de Évora, cujos alunos optaram por cursos artísticos. A profissão de artesão/artista nunca será um trabalho para muitos, pois só por vocação as pessoas procuram estas áreas profissionais. Os estudantes ao fazerem a opção por cursos artísticos revelaram uma certa apetência para estas áreas, constituindo o público alvo adequado ao projecto. Com o intuito de sensibilizar os jovens do ensino secundário da área das oficinas de artes para a prática de um oficio tradicional surgiram as oficinas de experimentação. A realização destas actividades nas escolas ocorreu durante 2 anos lectivos, 2002/03 e 2003/04, existindo diferenças nestes momentos. A introdução destas actividades nas escolas envolvidas no Projecto, passou por várias etapas. Num primeiro momento realizaram-se reuniões da equipa nuclear do Projecto com os Presidentes do Conselho Executivo das escolas e elementos do corpo de docentes da área de artes, das respectivas escolas. Logo neste primeiro momento os resultados da abordagem realizada nas três escolas foram diferentes. De forma a tornar mais perceptível a descrição da intervenção realizada, dividimos a apresentação pelas três escolas envolvidas no projecto: Escola secundária Gabriel Pereira em Évora, Escola Secundária Publia Hortênsia de Castro em Vila Viçosa e Escola Secundária Conde de Monsaraz em Reguengos de Monsaraz.

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Planificação da actividade de experimentação, na área da madeira, na Escola Gabriel Pereira, no ano lectivo 2003/04, em Évora


ESCOLA SECUNDÁRIA GABRIEL PEREIRA, DE ÉVORA A primeira intervenção realizada na escola passou pela demonstração das 5 áreas de artesanato à comunidade escolar. No caso da escola Gabriel Pereira os resultados atingidos foram muito positivos, tendo existido uma participação permanente dos jovens e professores nos vários atelies montados para demonstração e experimentação do oficio artesanal. Neste primeiro contacto dos jovens com os artesãos foi possível identificar o principal interesse manifestado pelos jovens em relação às diferentes áreas de artesanato apresentadas, o que de certo modo condicionou a escolha realizada à posterior pelo jovem durante as actividades de experimentação. Esta escola aderiu prontamente à proposta de realização das actividades de experimentação, sugerindo a sua execução dentro da sala de aula em detrimento da oficina do artesão. A planificação das sessões de trabalho, nas quatro áreas de artesanato, foi realizada com a participação dos professores e dos artesãos existindo uma articulação do programa lectivo às actividades de experimentação. Para além da articulação de horários realizou-se também a identificação das matérias-primas necessárias para a realização das actividades bem como de “ferramentas” / equipamentos. No caso desta escola, foi disponibilizado, para utilização nas actividades, algum do equipamento existente na escola para a área das Artes. O trabalho realizado com a Escola Gabriel Pereira distinguiu-se desde a fase inicial, do trabalho realizado nas demais escolas. No ano lectivo de 2002/03 as oficinas de experimentação realizadas na escola incidiram em 3 das 5 áreas de artesanato dinamizadas: a tecelagem, a olaria e decoração de cerâmica e a decoração de madeira com pintura alentejana. No ano lectivo de 2003/04 existiu uma alteração

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em termos das áreas de artesanato dinamizadas, tendo em conta o interesse

Planificação da actividade de experimentação

manifestado pelos jovens em trabalhar novos produtos, com diferentes artesãos. Como forma de dar resposta à opção dos jovens dinamizou-se a área da olaria e decoração de cerâmica com utilização de novas técnicas, a área da madeira na produção de móveis e a área da pedra. A alteração das áreas

Escola Gabriel Pereira em Évora ano lectivo 2003/04, na área de cerâmica

de trabalho foi acompanhada de mudanças em termos do número de jovens intervenientes. Podemos verificar através do gráfico seguinte, as alterações ocorridas em termos de público das actividades, durante os dois anos lectivos, existindo sempre um número elevado de participantes. Verifica-se um ligeiro aumento do número de participantes nas actividades, de um ano lectivo para o outro. Em 2002/03 participaram 46 alunos e no ano seguinte 58. Ao longo dos dois anos a área da olaria manteve-se como a mais

Experimentação

participada pelos jovens (24 jovens no 1º ano e 31 no 2º), tendo existindo diferentes escolhas relativas às demais áreas de artesanato. Em 2002/03 estas foram a tecelagem e a decoração de madeiras, sendo que em 2003/04 as opções foram trabalhar em madeira e a pedra. O corpo de docentes, da área de artes, que participou nas actividades de experimentação foi o mesmo ao longo dos dois anos lectivos, o que permitiu estreitar formas de procedimentos e melhorar a intervenção, de ano para ano, em função dos problemas identificados e das necessidades evidenciadas pelos públicos participantes. A entrada do artesão no espaço da aula do professor foi realizada, em termos

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gerais, com base no reconhecimento de saberes/técnicas dominados pelo

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artesão, aos quais se aliou a vontade de aprender/enriquecer técnica e pesso-

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almente do professor. Foi a abertura do professor à mudança que permitiu a realização das oficinas de experimentação, tendo existido por parte de alguns

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ano lectivo 2000/03

35

15

dos intervenientes, a necessidade de maior período de tempo para integrar

5

esta inovação.

0

ano lectivo2003/04


Tão importante quanto a abertura dos professores à partilha e aprendizagem de novos saberes foi a disponibilização por parte da escola do equipamento necessário à realização das actividades. O facto de pontualmente tal não ter acontecido, alterou o desenvolvimento das actividades, tendo penalizado as aprendizagens, quer do jovem como do artesão. A realização das actividades de experimentação durante dois anos lectivos levou à participação de pessoas distintas (jovens, artesãos e professores), o que trouxe alguns cuidados para a integração dos novos elementos na instituição escola. Os artesãos envolvidos foram os seguintes: O Sr. Francisco Rosado, mais conhecido por Mestre Chico Tarefa, nos trabalhos em Olaria; Conceição Gaivão e Cristina Claro na decoração de cerâmica; Carlos Filipe e António Redondo na Escultura em pedra; Teresa Branquinho, Carmo Grilo , Helena Loermans na Tecelagem; Isabel Ourives e Etelvina Santos na pintura alentejana; Maria José Casas Novas na Tapeçaria, e Helder Cavaca na madeira. Sem o empenho e esforço destes artesãos esta actividade não poderia ter sido desenvolvida, todos mostraram uma grande vontade em participar e dinamizar as sessões de trabalho com os jovens, mostrando-se motivados e entusiasmados com o tipo de trabalho realizado. O desenvolvimento das actividades de experimentação permitiu aos jovens e aos professores adquirirem conhecimentos em áreas artesanais, através das demonstrações e explicações feitas pelo artesão envolvido no projecto, tais como, Teresa Branquinho, Carmo Grilo, e Helena Loermans contribuíram para um melhor conhecimento de como se trabalha em tecelagem, qual o processo que a lã passa até chegar a uma típica manta tradicional. O Mestre Chico Tarefa com a sua perícia na roda, e na ligação que estabelece entre os jovens, captando-lhes toda a atenção devida para as suas mãos envolvidas no barro, levantando e fazendo nascer uma nova peça em poucos segundos, sempre acompanhada de explicação de como se deve e não se pode proceder para conseguir o pretendido. Conceição Gaivão e Cristina Claro na decoração de cerâmica, sempre atentas ao interesse do jovem em experimentar OLARIA E DECORAÇÃO DE CERÂMICA

novas coisas, e prontas a facultarem essas experiências dando-lhes a possibilidade de aumen-

TAPEÇARIA

tarem os seus conhecimentos artísticos.

TECELAGEM

Ao nível da decoração de madeira com pintura alentejana, o trabalho realizado pelas artesãs

DECORAÇÃO DE MADEIRA TRABALHOS EM MADEIRA

Isabel Ourives e Etelvina Santos foi extremamente gratificante para o jovem, pela aprendiza-

TRABALHOS EM PEDRA

gem da perícia no contorno do desenho e na conjugação das cores.

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A artesã Maria José Casas Novas com a boa disposição de explicar o ponto de Arraiolos, que deve ser feito com atenção e cautela, também se mostrou uma pessoa atenta ao desenrolar do projecto dos jovens com quem trabalhou. O Hélder Cavaca, artesão na área da madeira, com pouca experiência no desenvolvimento do trabalho com os jovens, mostrou-se interessado em ultrapassar as dificuldades que surgiam e conseguiu o envolvimento dos jovens na realização dos seus projectos individuais. Esta actividade foi introduzida no 2º ano lectivo, devido ao interesse demonstrado pelos professores envolvidos no projecto em realizarem actividades diferentes às do ano anterior. O artesão António Redondo, surgiu no projecto apenas no desenrolar do 2º ano lectivo, pela grande vontade demonstrada por alunos e professores da Escola de Évora em participarem em actividades ligadas à pedra, tendo assim como resultado a concepção e realização de escultura em mármore pelos alunos. Mostrou-se interessado e com um grande poder de comunicação. É de salientar que a actividade que teve mais aderência, quer pelo sexo feminino quer pelo masculino foi a olaria, pela magia de ver nascer uma peça de um pedaço de barro, quer pela simpatia inerente ao Mestre Chico Tarefa.

Professora Leonor Serpa Branco, Escola Gabriel Pereira em Évora, no ano lectivo 2003/04

Pelo apresentado anteriormente destaca-se a participação e empenho dos professores de artes, envolvidos no Projecto, no desenvolvimento das actividades. Para estes a participação no Projecto foi entendida como uma forma de enriquecimento pessoal e profissional, tendo o grupo de professores manifestado interesse em participar em acções de formação com vista à aquisição de conhecimentos nas áreas de artesanato trabalhadas. Neste sentido e, de forma complementar ao trabalho desenvolvido nas oficinas de experimentação realizaram-se, no âmbito do projecto, acções de curta duração e workshops, na área da olaria e decoração de cerâmica destinados aos professores e artesãos, envolvidos no Projecto. Estes constituíram-se como momentos de aprendizagem únicos, que possibilitaram a partilha de saberes entre os artesãos e os professores, capacitando o professor para um melhor “acolhimento” da prática dos ofícios artesanais dentro da sua sala de aula.

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Actividade de experimentação, na área da decoração de madeira, na Oficina da Artesã Etelvina Santos, com a presença dos alunos da escola Gabriel Pereira, no ano lectivo 2002/03


ESCOLA SECUNDÁRIA PUBLIA HORTÊNSIA DE CASTRO, DE VILA VIÇOSA Nesta escola as primeiras actividades realizadas, as Actividade de sensibilização, na área da tapeçaria, na Escola Publia Hortênsia de Castro, em Vila Viçosa, no ano lectivo 2002/03

acções de sensibilização, não atingiram os resultados esperados. Não existiu participação dos jovens na experimentação das áreas de artesanato em demonstração na escola, à excepção da área da pedra. De certo modo, este resultado condicionou o desenvolvimento das actividades de experimentação, não tendo sido manifestado interesse pelos jovens em experimentarem as áreas de artesanato divulgadas. Nesta escola o processo de discussão entre a equipa do projecto e o presidente do conselho executivo da escola para o iniciar das actividades, teve resultados distintos. Durante o primeiro ano lectivo as activida-

30

des de experimentação ocorreram apenas nas pausas

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lectivas e nas oficinas de trabalho dos artesãos, uma

20

vez que a escola não permitiu a sua realização durante o período de aulas.

15 5

No ano lectivo de 2003/04 a escola considerou pos-

0

sível a realização das oficinas de experimentação dentro da sala de aula, durante o período de aulas.

ano lectivo 2000/03

ano lectivo2003/04

Esta alteração em termos do funcionamento da actividade nos dois anos de vigência do projecto, levou a diferenças em termos da participação dos jovens no

OLARIA E DECORAÇÃO DE CERÂMICA

projecto, quer em termos de número de participantes

TAPEÇARIA

como de áreas de artesanato dinamizadas. Podemos

TECELAGEM DECORAÇÃO DE MADEIRA

analisar esta alteração através da observação do se-

TRABALHOS EM MADEIRA

guinte gráfico:

TRABALHOS EM PEDRA

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Tal como já foi referido estes jovens participaram nas actividades durante as pausas lectivas, sendo as actividades desenvolvidas nas oficinas de trabalho dos artesãos (Carlos Filipe na área da pedra, Mestre Chico Tarefa na área da olaria e Maria José Casa Novas na área da Tapeçaria). Em 2003/04 a participação nas actividades de experimentação foi alargada a 39 jovens, tendo a maioria (25) obtado por trabalhar a área da olaria e decoração de cerâmica, com os artesãos Mestre Chico Tarefa e Cristina Claro. Este aumento do número de participantes deveu-se ao desenvolvimento das actividades durante o período de aulas. Nesta escola, do corpo de docentes da área de artes apenas participou um professor, o que limitou o impacto da inter-

Actividade de experimentação, na área da tapeçaria, no

venção na escola. Por outro lado, apenas foi disponibilizado

Centro de Apoio às Artes e Ofícios do Monte, no ano

o tempo de aula desse professor para a realização das várias

lectivo 2002/03

actividades solicitadas pelos jovens, durante o segundo ano lectivo, tendo condicionado o mesmo período de aula para a realização das várias actividades. Esta realidade penalizou o decorrer das oficinas de experimentação, uma vez que não foi possível limitar aprendizagem ao funcionamento de uma área de artesanato por período de aula. A fraca participação da escola no Projecto contrastou com a participação de uma aluna, Inês Falé , que escolheu a área da olaria. Ela participou desde o inicio nas actividades do projecto, tendo continuado a sua relação de trabalho com o artesão para além destas. No seguinte ponto deste documento iremos destacar o percurso realizado pela Inês ao longo do projecto, pela singularidade do mesmo no contexto da intervenção. Actividade de experimentação, na área da tecelagem, na Escola Publia Hortênsia de Castro, no ano lectivo 2003/04, em Vila Viçosa

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ESCOLA SECUNDÁRIA CONDE DE MONSARAZ, DE REGUENGOS DE MONSARAZ Em Reguengos de Monsaraz não foi possível realizar as actividades de experimentação, facto que se deveu a vários motivos, como a mudança de professor da disciplina de artes no decorrer do ano lectivo, reduzido n.º de alunos que frequentam a área de artes e o pouco interesse manifestado pelo conselho executivo da escola. A participação desta escola ficou cingida às actividades de sensibilização realizadas. Estas no entanto, não atingiram os resultados esperados, não constituindo o artesanato um motivo de interesse para os jovens.

Actividades de Sensibilização, na área da cerâmica, tecelagem, madeira e

Sendo esta uma região muito ligada aos ofícios tradi-

pedra, realizadas na Escola Conde de Monsaraz em

cionais, a maioria dos jovens não manifestou interesse

Reguengos de Monsaraz,

em experimentar as áreas de artesanato em divulga-

no ano lectivo 2002/03

ção pelo Projecto, quer pelo facto de terem familiares ligados aos ofícios tradicionais, quer pelo desinteresse pela área. A excepção foi realizada por uma aluna, a Marta Paixão, que manifestou interesse desde o inicio em participar, particularmente na área da olaria. A participação desta jovem realizou-se de forma independente à escola, tendo tido o apoio da Associação de Artesãos da região, a TEAR - Associação Regional de Artistas Plásticos e Artesãos de Reguengos de Monsaraz, particularmente dos artesãos ligados à área da olaria e que se encontram envolvidos no Projecto, António Vilar de Souza e Maria José Cardoso de Souza .

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Oficinas de Experimentação . Uma Prática Pedagógica Activa

participantes das actividades de experimentação Os jovens foram os públicos privilegiados das actividades de experimentação, tendo participado 152 jovens ao longo dos dois anos do Projecto, correspondendo a 104 da escola Gabriel Pereira, 47 da escola Publia Hortênsia de Castro e 1 aluna da escola Conde de Monsaraz. Do grupo dos jovens intervenientes no Projecto destacamos dois, neste ponto do documento, pelo singularidade do percurso realizado, de acordo com a escolha manifestada, logo desde início, em termos de percurso profissional a seguir. Estes destacaram-se pelo interesse e empenho manifestado na realização das actividades, para além do planeado pelo projecto e assumido características pessoais, em termos de escolha de uma profissão na área do artesanato. Nesta situação existiram duas jovens, uma da escola Publia Hortênsia de Castro e outra da escola Conde de Monsaraz. Estas escolas foram as que no projecto tiveram uma participação mais fraca, como constatamos pelos números indicados anteriormente, o que poderá ter conduzido à distinção destes jovens dos demais. Da Escola Secundária Públia Hortênsia de Castro, de Vila Viçosa a aluna que se destacou foi Inês Falé, tendo ela participado desde o primeiro ano, nas actividades de projecto. A Inês frequentava uma das turmas participantes nas actividades e demonstrou de imediato aptidão para trabalhar o barro, tendo-se integrado na oficina de experimentação na área da olaria. A primeira peça realizada foi um testo (tampa). Daí em diante, concebeu algumas peças originais, consideradas como artesanato contemporâneo, um castiçal e um prato foram os produtos finais do ano lectivo 2002/03. Após o período de contacto entre artesãos, professores e alunos, a Inês desenvolveu a actividade, de forma permanente, junto ao Mestre Chico Tarefa na oficina deste, onde melhorou e aprofundou o conhecimento das diferentes técnicas empregues na actividade de oleiro e a utilização da roda. 20


A Inês teve uma boa adaptação ao projecto e às actividades desenvolvidas, facto que pode ter sido facilitado por esta já conhecer o Mestre antes de iniciar-se no projecto, visto serem ambos da mesma localidade6. No último ano lectivo a Inês fez em barro uma peça na roda e, empregando as restantes técnicas, fez uma árvore das quatro estações. Em simultâneo com o percurso escolar, nas hora vagas auxiliou o Mestre na sua oficina, com a tarefa de riscar/desenhar alguma da sua loiça. A Inês pretende aprofundar conhecimentos nesta área, quer seja para proporcionar o desempenho de uma actividades profissional, quer no seguimento de estudos nesta vertente. Neste caso particular consideramos que as actividades desenvolvidas atingiram os resultados esperados, tendo estimulado uma jovem para a prática de um oficio artesanal. Outra jovem que se destacou durante a realização das actividades de experimentação foi Marta Paixão, que frequenta a escola de Conde de Monsaraz. Desde o primeiro contacto realizado com esta escola a Marta destacou-se pelo interesse demonstrado pela olaria. Uma vez que a escola não participou nas actividades de experimentação, a jovem começou a frequentar a oficina de trabalho do artesão, António Vilar de Sousa, com a vontade de aprender a trabalhar o barro e a produzir as suas próprias peças. As idas à oficina, durante o primeiro ano lectivo tornaram-se uma constante, durante os períodos em que não tinha aulas. Esta prática manteve-se no segundo ano do projecto, tendo sido elaboradas várias peças originais, nascidas da criatividade da jovem e do saber técnico do artesão. A Marta pretende continuar a relação de “trabalho” criada com o artesão, numa perspectiva de iniciar uma actividade profissional na área, uma vez que possui uma grande vontade de se tornar uma artesã na área da olaria. Em termos de artesãos, destacamos aquele que estabeleceu uma relação mais imediata com os jovens e professores, nas duas escolas onde se desenvolveram as actividades de experimentação. Esta boa relação também se evidenciou no facto de a sua área de trabalho ter sido a que teve maior número de participantes durante os dois anos. Referimo-nos assim, a Francisco José Cidade Rosado, mais conhecido por Mestre Chico Tarefa. Nasceu e vive em Redondo. Come6 De Redondo

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Oficinas de Experimentação . Uma Prática Pedagógica Activa Actividades de Experimentação, na área da cerâmica, pela Inês Falé, na Oficina do Mestre Chico Tarefa

çou aos 13 anos como aprendiz do oficio de oleiro com o mestre Ezequiel Compainha, e aos 16 anos foi trabalhar para a olaria do mestre António Neves. Desde 1990 que trabalha com crianças na área da olaria na Oficina da Criança, na Biblioteca Municipal de Redondo, e em paralelo dedica-se à reprodução e decoração de peças de olaria tradicional de Redondo. A prática de trabalhar com crianças e jovens é notória, consegue captar-lhes toda a atenção e demonstrar-lhes as várias técnicas que podem empregar nos trabalhos feitos com barro. No projecto Artesanato XXI, foi o artesão que mais se destacou, que todos admiraram pelo seu poder comunicativo e persuasivo. É uma pessoa bem disposta, pronto a ajudar a ultrapassar as barreiras que se lhe apresentam no desempenho das suas actividades e, acima de tudo, aberto a novas ideias. Ensinar ou demonstrar para crianças ou jovens é um gosto, não só por mostrar como se faz, como se fazia todo o processo em olaria, mas também pela disposição em receber a criatividade e as novas ideias, que os jovens integram em cada trabalho que participam. Por outro lado, o Mestre adaptou uma metodologia de participação permanente do jovem e abertura para apresentar as suas ideias, tentando sempre dar respostas positivas, provocando uma cumplicidade de relacionamento, comum a todo o grupo de participantes. O desempenho do Mestre Chico Tarefa influenciou o facto da oficina de experimentação em olaria se constituir como a mais participativa. Foi uma actividade que deu frutos para ambas as partes, tanto para os alunos que tiveram a oportunidade de conhecer e trabalhar com barro, como para o Mestre Chico Tarefa por estar perante situações novas, que lhe permitiram introduzir novos elementos na produção das suas peças. 22


Actividades de Experimentação, na área da cerâmica, pela Marta Paixão, na TEAR

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Oficinas de Experimentação . Uma Prática Pedagógica Activa

momentos de avaliação durante as actividades de experimentação

As actividades de experimentação nas escolas foram construídas com a participação directa dos intervenientes directos das mesmas. De forma a tornar a oscultação mais rigorosa e metódica realizaram-se vários momentos de avaliação, ao longo dos dois anos do Projecto. Estes momentos de reflexão permitiram identificar os aspectos positivos e os negativos, no que diz respeito às demonstrações efectuadas, e o modo de delinear o tipo de intervenção a realizar durante o 2º ano lectivo, em que o projecto interviu. Estas sessões tiveram a participação dos vários intervenientes das actividades de experimentação, jovens, professores e alunos. Através da utilização de metodologias participativas realizou-se a reflexão conjunta sobre os aspectos que caracterizaram o decorrer das actividades e assim mudar, ou adaptar, melhor o Projecto à

1º Encontro de Avaliação entre os públicos das oficinas de experimentação, realizado na Escola Gabriel Pereira, em Dezembro de 2002

realidade vivida nas escolas, quer ao nível da participação de professores e de alunos, quer das condições físicas e tecnológicas das salas de trabalho. Os aspectos positivos salientados foram a possibilidade de trabalho em conjunto entre jovem e artesão, com a utilização de novas tecnologias e abertura de horizontes para o jovem. Os jovens passaram a considerar a actividade artesanal como uma profissão de “recurso” no caso de não conseguirem continuar o seu percurso escolar. Para o professor as actividades, embora provocando um acréscimo de trabalho, proporcionaram enriquecimento pessoal e profissional o que identifica um resultado bastante positivo da prática. No caso do artesão a experiência de trabalho com o jovem mostrou-se muito enriquecera, tendo desenvolvido, principalmente aspectos como a criatividade e a inovação. Neste último encontro utilizou-se a metodologia “empowerment

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2º Encontro de Avaliação entre os públicos das oficinas de experimentação, realizado na Escola Gabriel Pereira, em Novembro de 2003


evaluation”. Cada um dos participantes na sessão identificou os ganhos obtidos com a sua participação no projecto, bem como os principais aspectos negativos. Este tipo de avaliação possibilitou identificar as pontes para o futuro em termos da continuação da relação entre o artesão e a escola após o termino do Projecto, uma vez que este foi o interesse manifestado por ambas as partes. 2ª Mostra dos produtos realizados nas oficinas de experimentação, durante a Feira de S. João em Évora, em Junho de 2003

No final dos dois anos lectivos proporcionou-se a possibilidade de mostra dos produtos elaborados no âmbito da parceria jovem/artesãos/ professor, possibilitando a partilha do produto final com um grupo mais alargado do que a comunidade escolar. As duas mostras realizadas ocorreram durante um evento promocional

regional,

possibilitando

o contacto com a peça final a um número muito alargado de público. Este tornou-se um factor muito motivante para os alunos desenvolverem o seu trabalho.

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Oficinas de Experimentação . Uma Prática Pedagógica Activa

CONCLUSÃO

A prática pedagógica desenvolvida, constituiu uma inovação

área de trabalho futuro, realçando a importância do contexto

metodologia, na medida em que demonstra uma nova forma

cultural/social ao nível do trabalho a desenvolver na área do

de trabalho nas escolas, com intervenientes diferentes para

artesanato.

além dos principais actores da comunidade escolar, os jovens e o professor. Esta retracta a abertura da escola à comunida-

Para os jovens foi muito importante a materialização final do

de em que se insere, na perspectiva em que o artesão surge

produto, constituindo um estímulo para o desenvolvimento

como um mestre que detém conhecimento e saberes , carac-

da actividade e a aprendizagem inerente ao desenvolvimento

terísticos da cultura e património de uma região.

de um oficio artesanal. Para a maioria dos jovens que participaram no Projecto, esta participação não implica seguir

As actividade de oficinas de experimentação realizadas cons-

como opção profissão a actividade artesanal, implicando

tituem-se inovadoras em termos pedagógicos, uma vez que

sim um melhor conhecimento dessa profissão, bem como da

estimulam o ensino de técnicas e saberes artesanais no seio

comunidade em que se integra, desenvolvendo o gosto pelo

de uma sala de aula, enquadrado no programa lectivo da

sector. Alguns dos jovens passaram a considera o artesanato

disciplina de artes. Por outro lado, a construção programá-

como uma opção profissional “de reserva”, o que se mostrou

tica das sessões de ensino parte de um trabalho de equipa,

bastante importante em termos de interiorização das poten-

em que participa o professor, o artesão e o jovem, existido

cialidades desta área profissional.

uma partilha de responsabilidades em termos das opções tomadas, bem como, do percurso a realizar em cada uma das áreas de trabalho. A aprendizagem de um oficio artesanal integrou o programa lectivo da disciplina de artes, tendo o professor da disciplina, a oportunidade de tirar partido das diversas características desta realidade, quer em termos técnicos, metodológicos, culturais, como sociais. Os professores participantes nas actividades manifestaram interesse em continuar a relação de trabalho com o artesão, alargando o seu âmbito, no sentido de tornar a escola num centro de recursos técnicos na área dos ofícios/saberes tradicionais, ao nível da região Alentejo. Esta poderá constituir-se como uma

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As oficinas de experimentação constituíram assim, o colocar em prática de uma ideia muito simples: aproximar os jovens, a sua criatividade e imaginação, dos mestres artesãos, detentores de saberes e técnicas, tornando assim possível cativar novos empreendedores, criar novos produtos e novas leituras da realidade. Os parceiros do projecto pretendem que a ligação entre a escola, alunos e professores, as oficinas do artesão, e os centros de formação, constitua uma nova prática de trabalho com vista ao reforço da integração sócio-profissional dos jovens.


fluxograma do processo de construção da prática

Estabelecimento de Protocolo entre Artesão/Escola GESTÃO Planeamento interno na escola para integração nas práticas curriculares AVALIAÇÃO Definição de Espaço tempo do Artesão na Escola

Arranque das oficinas de experimentação GESTÃO Exposição das Peças GESTÃO Produção de Narrativa sobre a prática implementada VALIDAÇÃO

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Maria da Conceição da Costa Cabral Gaivão

Curso de na área da Decoração de Cerâmica

Cristina Maria Romão Baptista Claro

Curso de na área da Decoração de Cerâmica

Francisco José Cidade Rosado (Mestre Chico Tarefa)

artesãos . cerâmica

ficha técnica dos participantes no projecto

Participaram no projecto enquanto artesãs responsáveis pela área da decoração de cerâmica nas duas escolas secundárias, Públia Hortênsia de Castro em Vila Viçosa e Gabriel Pereira em Évora

Participou no projecto enquanto artesão responsável pela área da olaria nas duas escolas secundárias, Públia Hortênsia de Castro em Vila Viçosa e Gabriel Pereira em Évora

António Vilar de Souza Fundador e Presidente da TEAR - Associação Regional de Artistas-Plásticos e Artesãos

Participaram enquanto

no

artesãos

projecto respon-

sáveis pela área da olaria na escola secundária, Conde de Monsaraz em Reguengos de

Maria José Cardoso de Souza Curso de Formação Profissional em Olaria de Roda Representante da TEAR

Monsaraz


Participaram

no

projecto

enquanto artesãos responsáveis pela área da decoração da madeira nas duas escolas secundárias, Públia Hortênsia de Castro em Vila Viçosa

madeira

artesãos

e Gabriel Pereira em Évora

Maria Isabel Fernandes Ourives Curso de Formação Profissional em Pintura Alentejana Representante de “A Ciranda” - Associação de Artesãos e Artistas Plásticos da Região de Montemor-o-Novo

Etelvina Maria dos Santos Curso de Formação Profissional em Pintura Alentejana Representante de “A Ciranda” - Associação de Artesãos e Artistas Plásticos da Região de Montemor-o-Novo

Participou no projecto enquanto arte-

Helder Francisco Nabo Cavaca

são responsável pela área da madeira na Escola Gabriel Pereira em Évora

Participou no projecto enquanto artesão responsável pela área do trabalho em pedra nas duas escola e enquanto professor da área de artes da escola secundária Públia Hortênsia de Castro, em Vila Viçosa

pedra

10 anos de prática de trabalho na área da marcenaria profissional

Carlos Alberto Filipe de Almeida Bacharelato em Artes Plásticas- Escultura

Participou no projecto enquanto artesão responsável pela área do trabalho em pedra na escola secundária Gabriel

António Manuel Vieira de Carvalho Serra Redondo

Pereira em Évora Curso de Formação Técnica em Escultura

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Helena Maria Theodora Loermans

Curso de Formação Profissional em Tecelagem Manual

Maria Teresa Martins Branquinho

tecelagem

artesãs

Participaram no projecto enquanto artesãs responsáveis pela área da decoração de cerâmica nas duas escolas secundárias, Públia Hortênsia de Castro em Vila Viçosa e Gabriel Pereira em Évora

Curso de Formação Profissional em Tecelagem e Tapeçaria

Participou no projecto enquanto artesão responsável pela área da olaria

Maria do Carmo Jeremias Silva Grilo

nas duas escolas secundárias, Públia Hortênsia de Castro em Vila Viçosa e Gabriel Pereira em Évora

Maria José Bilro Casas Novas

Cursos de Formação Profissional em Tapetes de Arraiolos

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tapeçaria

Curso de Formação Profissional em Tecelagem

Participou

no

projecto

enquanto

artesão responsável pela área da tapeçaria na escola secundária Públia Hortênsia de Castro, em Vila Viçosa


professoras

Maria Leonor Serpa Branco Formação em Belas Artes - Pintura

Participaram

no

projecto

enquanto professoras da área de artes da escola

Ana Teresa Ribeiro Fialho de Sousa

secundária, Gabriel Pereira em Évora

Formação em Design Gráfico

Luísa Margarida Palma Coelho Gancho Formação em Design de Equipamento, Ciências da Educação, Etnografia e Etnologia

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índice 5 ENQUADRAMENTO 7 Modelo de Gestão do Projecto 8 Constrangimentos ao Funcionamento do Modelo de Gestão 9 modelo de avaliação do projecto 10 CARACTERIZAÇÃO DA NARRATIVA DE PRÁTICA BEM SUCEDIDA “OFICINAS DE EXPERIMENTAÇÃO - UMA PRÁTICA PEDAGÓGICA ACTIVA”

10 Objectivos e Finalidade da Prática 10 Destinatários (público-alvo) 10 Beneficiários 11 Parceiros envolvidos na implementação da prática 12 Descrição da Implementação da Prática 13 Escola Secundária Gabriel Pereira, de Évora 17 Escola Secundária Publia Hortênsia de Castro, de Vila Viçosa 19 Escola Secundária Conde de Monsaraz, de Reguengos de Monsaraz 20 Participantes das actividades de experimentação 24 Momentos de Avaliação durante as actividades de experimentação 26 CONCLUSÃO 27 Anexo I - Fluxograma do Processo de Construção da Prática 28 Anexo II - Ficha Técnica dos Participantes no Projecto

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OFICINAS

de

e x PERImenta

ção


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