Revista Duo - 034

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Matéria Extra

Do Haiti a Joinville A pluralidade de Joinville, aliados com as oportunidades profissionais tem trazido a cidade muitos negros estrangeiros. Segundo dados da Polícia Federal, Joinville conta com mais de mil refugiados haitianos. Eles tentam recomeçar a vida, deixando pra trás a vida sofrida repleta de tragédias naturais enfrentadas nos pais da América Central. Este é o caso de Bolibar Rosemond Negriel, de 29 anos. Ele está na cidade há quase um ano e agora se prepara para trazer a mulher e dois filhos para cá. “Eu sou de Porto Príncipe. Em 2010, minha cidade foi devastada por um terremoto. Lá não há trabalho, e a vida está bastante precária. Vi meus filhos passarem fome, então decidi que era preciso fazer alguma coisa. Viajei por toda a américa do Sul. Um pouco vim de carona, outra de ônibus, sempre contando com a ajuda das pessoas. Assim vim parar em Joinville. A cidade é linda, muito gostosa e tem bastante emprego. Por isso decidi ficar aqui”, conta o refugiado que trabalha em

uma prestadora de serviços de limpeza. “No fim do ano, vou trazer minha mulher e meus filhos. Estou guardando dinheiro para isso. Aqui nossa família vai ser feliz novamente. Aqui temos

respeito, oportunidades. É difícil ficar longe da família, viver num país diferente, mas aos pouquinhos estou alcançando meus sonhos. Joinville agora é o meu lar”, enfatiza Negriel.

Você sabia? 20/11 É o Dia da Consciência Negra. A Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003 incluiu a data no calendário escolar, tornando obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-brasileira nas escolas. Com isso, os professores devem preparar aulas sobre história da África e dos africanos; luta dos negros no Brasil; cultura negra brasileira; e o negro na formação da sociedade nacional. O Dia da Consciência Negra é feriado em mais de 400 municípios, em homenagem a Zumbi dos Palmares, um dos líderes do Quilombo dos Palmares, localizado na Serra da Barriga, na divisa entre Alagoas e Pernambuco. Zumbi nasceu em Palmares, Alagoas, em 1655. Mesmo nascido livre, foi capturado e entregue a uma família portuguesa. Aos 15 anos, ele fugiu para seu local de origem, tornando-se o líder mais famoso do quilombo por ter lutado contra a opressão portuguesa. Morreu em 20 de novembro de 1695. Religiões de matriz africana são praticadas por 0,3% da população, de acordo com (IBGE). Estas religiões são as que mais sofrem discriminação. De acordo com os dados do Disque Direitos Humanos, o Disque 100, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência

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da República (SDH), de 2011 a 2014, do total de 504 denúncias, 213 informaram a religião atacada. Em 35% desses casos, trata-se de religiões de matriz africana. O Candomblé é uma religião africana trazida para o Brasil no período em que os negros desembarcaram para serem escravos. A religião cultua os que orixás, deuses das nações africanas de língua ioruba. Cada orixá possui sua personalidade habilidades distintas, bem como preferências ritualísticas. Os rituais do candomblé são realizados em templos chamados casas, roças ou terreiros e é feita pelo pai de santo ou mãe de santo. Em ritmo de dança, o tambor é tocado e os filhos de santo começam a invocar seus orixás para que os incorporem. O ritual tem no mínimo duas horas de duração. O candomblé não pode ser igualado à Umbanda. No candomblé, não há incorporação de espíritos, já que os orixás que são incorporados são divindades da natureza; enquanto na umbanda, as incorporações são feitas através de espíritos encarnados ou desencarnados em médiuns de incorporação. Existem pessoas que praticam o candomblé e a umbanda, mas o fazem em dias, horários e locais diferentes.


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