Belo desastre

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América não tinha voltado ao Morgan desde que reatara o namoro com Shepley. Quase nunca ia almoçar comigo, e seus telefonemas eram raros e espaçados. Não me ressenti com o casal por isso. Para falar a verdade, eu estava feliz que América estivesse ocupada demais para me ligar do apartamento dos meninos. Era estranho ouvir a voz de Travis ao fundo, e eu ficava com um pouco de ciúme por ela estar passando um tempo com ele e eu não. Finch e eu nos víamos cada vez mais, e, de forma egoísta, eu me sentia grata por ele estar tão sozinho quanto eu. Íamos para a aula juntos, comíamos juntos, estudávamos juntos, e até Kara acabou se acostumando a tê-lo por perto. Meus dedos estavam começando a ficar amortecidos com o ar gélido enquanto ficávamos do lado de fora do Morgan para que ele fumasse. — Você consideraria parar de fumar antes que eu tenha uma hipotermia por ficar aqui, parada, para te dar apoio moral? — perguntei. Finch deu risada. — Eu te amo, Abby. Amo mesmo, mas não. Nada de parar de fumar. Abby? Eu me virei e vi Parker vindo pela calçada com as mãos enfiadas nos bolsos. Seus lábios estavam secos sob o nariz vermelho, e dei risada quando ele colocou um cigarro imaginário na boca e soprou uma baforada de ar enevoado por causa do frio. — Você poderia economizar muito dinheiro desse jeito, Finch — ele. — Por que todo mundo resolveu me encher o saco por causa do cigarro hoje? — ele perguntou, irritado. — E aí, Parker? — perguntei. Ele tirou dois ingressos do bolso. — Aquele filme novo sobre o Vietnã já estreou. Você disse que queria ver outro dia, então arrumei uns ingressos pra hoje à noite.


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