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Serras de negras cismas; o Outeiro; Cemitério de sombras à moitinha; Ecos de frauta; gritos de carreiro; Serões, mal o Inverno se avizinha; Lobos sobejos quando a noite acena; Fontes chamando as moças à tardinha; Fumo subindo, enegrecendo a cena; Primaveris centeirais de Abril; Um Penedo da Pena, sem dar pena; Silêncios de Valongo e de Toimil; Casebres que, ao luar, visita Deus; A Chula; o Terço; e temos Leomil. Porque te chamam terra de Judeus? Será pelo cenário do Outeiro, Enegrecendo a luz que cai dos céus? Será pelos teus vultos de carreiro, Batidos pela chuva e pelo vento, Mas fortes como troncos de pinheiro? (…)

Terra de Leomil, como adivinho, Adivinhei-te a alma que dormia Como escondida ave no seu ninho. E pareceste-me idílica e sombria: Teus fundos vales e serras contrastando, Como contrasta a noite com o dia! Terras de Leomil, teus campos vejo-os; Teus campos vi; teus campos hei-de ver… Meus olhos não se fartam, de sobejos!

Chula de Leomil, Chula batida, Já não és a alegria do Outeiro De que saudades andas tu vestida?

Em Setembro de tardes que eram oiro, De vindima em vindima, fez de ti Eco da Beira Alta sobre o Doiro.

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Terra de Leomil, onde eu sorri Para quatro capelas milagrosas, Tão milagrosas que as descobri! Traçam uma cruz na terra dos Judeus, E essa cruz livra-a de qualquer peste, Ou de castigo a desabar dos céus! Lá fica S. Vicente a sudeste. Santa Cristina, piedosamente, Essa converte os ventos do Nordeste. São Roque louva o sol, fica a nascente. E Santa Cruz oferece a sua cruz Ao sol – para o Calvário do poente! Por gritos, ecos, pragas, acordadas, As serras que tu tens na tua frente Lembram superstições petrificadas!

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