Jornal Escolar

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E scola Secundaria joao de Deus Junho 2012

Número 63 0,50 €

ENTREVISTA COM

JOÃO RICARDO PEDRO

PRÉMIO LEYA 2011 pág.12-17

INÊS SIMÕES

VENCE CONCURSO CNL NA FASE DISTRITAL pág.3

PROJETO COMENIUS BILATERAL VIAGEM À BÉLGICA pág.2 DESPORTO págs. 5,6,7 12º 5 VENCE COM ACURTA -METRAGEM “A BICICLETA” pág.8 ESPAÇO ECO-ESCOLAS págs. 8,9 FÓRUM ÁGUA JOVEM pág.10 VISITA AO PARLAMENTO EUROPEU E COMISSÃO EUROPEIA pág. 10 CAFÉ-CONCERTO pág. 19 CRÓNICA SOCIEDADE PERFEITA pág. 21 RECUPERAÇÃO DO ANTIGO MOBILIÁRIO pág. 23


EDITORIAL

Despedidas e Sangue novo

de Laura Mariana

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ste mês de Junho é, não só o terminar de mais um ano de trabalho árduo e o iniciar das merecidas férias, mas também altura de despedidas para professores e alunos. O Preto no Branco sofre por isso perdas: parte da equipa de redatores que têm vindo a contribuir para a continuidade deste jornal deixa-nos para se juntar ao ensino superior e seguir com os seus estudos. No entanto, não é por isso que o espírito do jornal morre! Junho não fica marcado apenas pelas despedidas. Na verdade, nada é mais marcante do que a entrada de sangue novo na equipa do jornal. Os caloiros, apesar de inexperientes e um pouco hesitantes, têm garra e vontade de tomar o touro pelos cornos, de deixar marca no jornal. Pretendem cobrir os eventos do nosso liceu como o Café Concerto e as conversas com autores, e trazer novos temas ao jornal sem alterar a qualidade a que todos já se habituaram. Eles provam que a vontade de participar sobrepõese à inexperiência e esperam ver o seu trabalho recompensado pela experiência gratificante que é publicar. Divirtam-se e aproveitem as férias! “Preto no Branco, mais comunicação na escola.”

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Visita à Bélgica

Escola

Projeto Comenius Bilateral: Aprendizagem da língua estrangeira através dos Estilos de Vida Contemporâneo

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o passado dia 15 de Maio, os alunos do Programa Comenius Bilateral deslocaram-se à cidade de Namur , na Bélgica. Este projecto durou 13 dias e contou com a presença de alunos do 10º D e do 12ºB, assim como da Professora Rosária Irene, coordenadora do projecto, a Professora Ana Pinto e o Director da escola secundária João de Deus, Fernando Gomes. Durante vários dias, os alunos tiveram a oportunidade de visitar várias cidades das quais se destacaram Liége, Dinant e Bruges e outros países como Luxemburgo e França. Em colaboração com os alunos da escola de hotelaria Ilont Saint Jacques, os alunos portugueses puderam exercer várias actividades em conjunto com o confeccionar os seus próprios pratos de comida, ir ao oceanário, visitar a “Citadelle” , andar de teleférico, visitar grutas, fazer visitas guiadas a caves de champagne, fazer um curso de francês e muitas outras acções. Durante este projecto podemos contar com inúmeras surpresas como banquetes, pratos bastante elaborados confeccionados pelos alunos da escola hoteleira e principalmente um grande convívio entre os alunos belgas e os alunos portugueses. Seguidamente iremos mostrar várias opiniões acerca da visita: “ Foi uma experiência única que aprofundou os nossos conhecimentos e permitiu-nos conhecer novas culturas e pessoas e permitiu o desenvolvimentos dos nossos laços de amizade” Ana Mafalda Sarmento -12ºB

Gostei muito de ir á Bélgica foi muito diferente e inovador. Adorei principalmente ir a Bruges e conhecer tanta variedade de chocolates e poder fazer a visita de barco pelos canais. Quero voltar!” Inês Metelo – 12ºB “Foi lindo, espero repetir. Adorei a companhia e conhecer a população de Namur e toda a cidade. Foi uma oportunidade única na vida e que espero voltar a ter” Vanessa Pereira – 12ºB


Escola

Inês Simões vai representar o Algarve no Concurso Nacional de Leitura por Ana Sofia Jesus

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Fase Distrital do Concurso Nacional de Leitura decorreu no dia 18 de Abril no Auditório Municipal de Olhão. As alunas Ana Sofia Jesus do 10ºC, Laura Sousa do 12ºD e Inês Simões do 12ºH foram representar a nossa escola. Fizemos uma entrevista à aluna vencedora do 1º Prémio, Inês Simões do 12ºH, que nos deu a sua opinião sobre a fase distrital e que se prepara agora para representar o Algarve e a Escola Secundária João de Deus na última fase em Lisboa.

Livros e filmes para férias “O teu rosto será o último” de João Ricardo Pedro “Os Malaquias” de Andrea del Fuego “Os poemas” de Gastão Cruz “A criança em ruínas” de José Luís Peixoto

Preto no Branco: Inês, que livros Inês Simões na prova do CNL distrital leste para a fase distrital? Inês Simões: Li O Perfume de Patrick Süskind e A Arte de Morrer Longe de local está ainda por definir mas será algures em Lisboa. Mário de Carvalho. P/B: Qual foi a tua opinião sobre essa selecção de livros? IS: Penso que o livro de Mário de Carvalho foi uma escolha adequada, por ser um escritor português contemporâneo que aborda temas pertinentes com humor. Contudo, creio que existem livros bem mais interessantes do que O Perfume e que teriam encaixado melhor no concurso.

P/B: Que livros foram seleccionados? IS: O Grande Gatsby de F. S. Fitzgerald, África Minha de Karen Blixen e Amor de Perdição de Camilo Castelo Branco.

P/B: O que pensas sobre essa escolha de livros? IS: O de F. S. Fitzgerald já li e é um dos meus livros de eleição. O África Minha já vi o filme e gostei muito, P/B: Quais eram as tuas expectativas e o de Camilo Castelo Branco sempre me despertou uma enorme curiona fase distrital? IS: Eu sabia que o concurso iria aval- sidade mas nunca tive oportunidade iar o nosso conhecimento das obras de o ler. através de duas componentes distintas: uma escrita e uma oral. Na P/B: E que expectativas tens para esta última fase? primeira considerava que tinha alIS: Boa pergunta. Eu sei que esta últigumas hipóteses de passar. Já na sema fase irá recair mais na oralidade gunda estava ciente das minhas limi- e, por isso, sinto-me um pouco insetações ao nível da comunicação. Mas gura. Ainda por cima, a data quase surpresa, passei! coincide com a época dos exames o que irá dificultar a leitura dos livros. P/B: Quando e onde será a etapa fi- Contudo, a escolha das obras agranal? da-me o que irá certamente facilitar IS: Irá decorrer no dia 29 de Junho. O o processo.

“RAFA” de João Salaviza “Aconteceu na Argentina” de Christopher Hampton “Downton Abbey” uma série britânica “Sweeney Toold” de Tim Burton

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A Novela pícara O Prof. Dr. Artur Gonçalves, da Universidade do Algarve proferiu uma palestra sobre “A novela pícara”. “Esta palestra foi muito interessante, visto que, no âmbito da disiplina de literatura Portuguesa, ajudou no estudo da Peregrinação e também ajudou na identificação entre um heroí pícaro e um peregrino. O que nós não gostamos , foi que, a certa altura o professor deixou de ter uma linguagem adequada à audiência.” Ricardo Grelha e João Pacheco, 10ºC

Projeto comenius matemática A Escola Acolhe alunos participantes no projeto Comenius

“A palestra com o professor Artur Gonçalves foi incrivelmente didáctica, transmitiu-nos uma torrente de informação com a qual nunca tinhamos tido contacto, introduzindo conceitos que desconhecemos totalmente e que, por isso, muito nos enriqueceu. O professor conseguiu manter a nossa atenção, no entanto a partir de um certo momento tivemos um pouco da dificuldade em acompanhar o ritmo do ensino.” Sofia Jesus, 10ºC

MOSTRA DE FÍSICA-QUIMÍCA

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Escola

Visita à CIMPOR


À conversa com

É possível conciliar a prática de desporto com a Escola?? O Preto no branco conversou com os atletas Beatriz Afonso, Inês Glória, Pedro Borralho e Pedro Pinto do Clube Faro XXI, que frequentam o 10º ano da nossa Escola.

por Mariana Simões Preto no Branco: Em que altura entraram para o clube? Entramos na altura em que frequentávamos o ensino básico. P/B: De onde veio esse interesse ou influencia para este tipo de modalidade? Beatriz: ganhei interesse quando fui vencedora do corta-mato (da escola) no 5º ano, mas também fui influenciada pela minha mãe. Inês: a minha curiosidade foi originado por parte do meu professor de educação física no 7º ano, que por sua vez é um dos treinadores do clube, que vendo o meu jeito pela modalidade me convidou a entrar no mesmo. PBorralho: após assistir a vários treinos da minha irmã, comecei a ganhar o meu próprio interesse e decidi entrar, também influenciado pela mesma. PPinto: o meu interesse surgiu após ter ganho os megas no meu 5º ano. P/B: Falando um pouco mais da história do vosso clube, como é que o mesmo foi fundado? Quais são as suas origens? A sua origem é a partir do director da escola Dr. Neves Júnior e do professor/treinador, que se formou Faro XXI ficando a ser um clube federado. P/B: Quantos títulos já ganharam? Já ganhamos vários títulos, mas podemos destacar: B: 300 barreiras – 2º e 3º lugar. I: 2 recordes regionais de disco e dardo. PB: Recorde Regional 60 barreiras infantil. PP: Recorde regional triplo salto juvenil P/B: Esta modalidade que têm após a escola, atrapalha-vos de alguma

forma? Não. Ficamos apenas com menos tempo, o que nos faz saber gerir e organiza-lo melhor de forma a não o desperdiçar. P/B: Os vossos pais apoiam-vos? Ou discordam dizendo que têm pouco tempo para a escola? Recebemos apoio familiar total, mas avisam-nos sempre que não nos podemos esquecer dos estudos. O que realmente vemos, pois está reflectido nas notas e todos são óptimos alunos. P/B: Qual é o vosso objectivo em ter este desporto? O nosso objectivo é ocupar os tempos “mortos” – livres que temos, e sermos campeões nacionais. P/B: O que é que é preciso ter para praticar Atletismo? É necessário ter sobretudo força de vontade, gostar, determinação e ter sempre em conta que o atletismo é um desporto de paciência, e que todo o trabalho que fazemos durante um tempo reflecte-se no seguinte. P/B: Qual é a vossa perspectiva futura em relação a isto? Pretendem continuar, têm alguma meta a alcançar? Pretendemos continuar desde que não prejudique os estudos. B e I: provavelmente só até ao 12º

ano. PB e PP: pretendemos continuar no futuro, após 12º ano. P/B: E quanto ao peso que este desporto tem na vossa vida, como é que o classificam? Metemos o atletismo primeiro que muitas coisas, como termos de renunciar a muitas ocupações da nossa idade como ir a festas dias antes de provas, ou também antes de provas não podermos ir à praia por nos “cortar a forma” e ficarmos menos reactivos. Mas isto ronda tudo à volta de escolhas e esta é a nossa. P/B: É difícil para vocês abdicarem dessas coisas? Às vezes, mas “quem corre por gosto não cansa”. E nós temos como lema, “sofres mais quando corres ou quando não sais para correr?”. Nós nunca perdemos a esperança, e também temos os nossos amigos dentro do desporto, e se queremos cumprir os nossos objectivos temos de fazer esforços. P/B: Querem deixar algum apelo ao Atletismo, neste caso, do clube Faro XXI? Sim, que apesar de ser um desporto individual é “colectivo” e requer qualidade e quantidade para equilibrar.

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DESPORTO ESCOLAR

Escola

corta-mato

Equipa Feminina Juvenil representante da escola

Desporto Escolar- Tenis de mesa . Desporto Escolar 2012: Campeonato Prof. Luis Horta regional Tenis Vilamoura,- escalão Alunos no Nacional: Nuno Costa e Aldeia das açoteias dia 15 de FeverJuniores Masculinos: 1º José Caseiro. Equipas masculinas e femininas José Queirós quilho (ao centro) 2º Vasco Vilhena( que representaram a nossa escola. 3º à esquerda)3º Jose Cavaco( à direita) lugar masculino por equipas Treinador: Prof. João Dias

Provas de Natação

Regional Feminino Vilamoura : 1º (esquerda) Rita Correia 3º Diana Aulas de Karaté Bárbara

Aulas de dança e capoeira

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Escola

Vontade de vencer - a equipa de volei por Mariana Simões

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ara sermos felizes temos de atingir objectivos, metas, e é com orgulho que as temos de cruzar. É com dedicação, seriedade e esforço que temos de dar o máximo de nós para alcançar objectivos. Não é por acaso que os nossos ídolos estão no “aus” em que estão, que chegaram ao topo, que conseguem fazer os movimentos fáceis e difíceis dentro de campo com uma originalidade e uma potência incomparável, e é com base nestes exemplos, com o nosso orgulho e ego pessoal que temos de nos esforçar a cada dia. Temos que deixar muito de nós em cada treino, e dar o melhor nos torneios. Não é por ser um desporto escolar que vamos deixar tudo para trás, que não vamos ligar ou que nos vamos desinteressar, pelo contrário. É por ser um desporto escolar que nos temos de dedicar, não só para mostrarmos o que valemos em campo, como para treinar para se quisermos dedicarmo-nos num clube, mas sobretudo

para honrar a escola e deixá-la com os melhores pareceres e troféus possíveis. Todos temos uma paixão, algo em que acreditamos, que gostamos de fazer e que se for preciso, metemos em primeiro lugar. Há quem tenha a música, há quem tenha o basquetebol, há quem tenha os livros, o xadrez, e há quem tenha o voleibol. E tudo isso deve ser respeitado e executado com

amor, porque se estivermos a fazer algo de que não gostemos ou se formos obrigados a tal, nada corre bem, e nem sequer nos podemos enriquecer com tal. Por isso, acho que todo o gosto e trabalho executado pela equipa de voleibol da nossa escola deve ser reconhecido, pois foi com muito esforço e dedicação que chegamos ao nível em que estamos e que havemos de continuar.

Projecto Primavera Por Valentyna Fita

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Projecto Primavera foi uma iniciativa da Escola Secundária João de Deus com o objectivo de promover a prática de modalidades desportivas ao ar livre como basquetebol, futebol, entre outras e o convívio entre os alunos, e o espirito de equipa, organizado pelos professores de educação-física, expressões e coordenadora da eco-escola. Esta actividade decorreu nas piscinas municipais de Faro nos dias 17,18,19 de Abril.

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12º5 no 1º congresso de multimédia do Algarve

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turma 12º5, do Curso Profissional de Multimédia, esteve presente no 1º Congresso de Multimédia do Algarve, nos dias 3 e 4 de Maio no INUAF, em Loulé. O Congresso visou especialmente o enriquecimento mútuo, o intercâmbio informativo e um debate da vertente multimédia nas diferentes áreas de comunicação. Estiveram presentes personalidades tais como: António Pascoalinho - crítico / Historiador de cinema; Nuno Ribeiro - Director da ETIC - Algarve; Nuno Silva - Locutor - Rua 80 - RÁDIO RUA; Júlio Martin da Fonseca - Actor/ Encenador/ Docente do Inuaf / Estal; Vasco Célio - Fotografo; Octávio Alcântara – fotógrafo /docente

Escola

Visita à ETIC

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turma do 12º 5 (Profissional de Multimédia) visitou no passado dia 19 de Abril a Escola Técnica de Imagem e Comunicação (ETIC) em Portimão. Esta visita aconteceu no seguimento da presença do Director da ETIC, Nuno Ribeiro, na ESJD no âmbito do conjunto de (mini) palestras "Exdo INUAF/IADE; Júlio Heitor - locuperiências na 1ª Pessoa" que o 12º5 tor/produtor criativo; Patricio Faísca tem vindo a dinamizar desde o início e Sonat Duyar - new light pictures; do ano lectivo. Nuno Mesquita - arqui300; Manuel Camara - ydreams; entre outros. Os alunos assistiram à apresentação de vários trabalhos profissionais e conversaram com os autores sobre o processo de criação.

12º 5 vence com a curta “A bicicleta” no Brasil O Sr. Manuel é o protagonista da curta-metragem “A bicicleta”.

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filme "A bicicleta", realizado pela turma 12º5 do curso profissional de Multimédia, venceu o prémio de melhor filme, no festival do minuto, no Brasil. O Festival do Minuto foi criado no Brasil em 1991, tendo inspirado a criação festivais do minuto em mais

de 50 países. Desde 2007, o Festival tornou-se permanente e online, lançando temas e premiando os melhores trabalhos todos os meses. Todos os vídeos são avaliados por uma equipa de curadores.A nota da curadoria está expressa através dos reloginhos, a do público pelas estrelinhas. O Fes-

tival do Minuto poderia também ser chamado do Festival da Ideia, já que este é o critério mais relevante na avaliação dos vídeos. Offline, o Festival é exibido anualmente em mais de 300 centros de cultura de 200 cidades brasileiras.

DESPERDÍCIOS NA CANTINA por Catarina Noronha , João Dias , João Valente 11ºH Conclusão: Ao escalão A são forneci-

Análise das SENHAS COMPRADAS/LEVANTADAS NÃO dos, sem quaisquer custos as senhas para o almoço; são os alunos que UTILIZADAS Desperdícios percentuais face ao número de alunos que comem na cantina Resultados: ALUNOS SEM ESCALÃO- 31.65% ESCALÃO B- 16.22% ESCALÃO A- 50.53% ADULTOS- 1.6 %

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percentualmente existem em menor número na escola mas são estes que desperdiçam mais! Algo tem de ser feito! Proposta: Para resolver este problema propomos uma sanção para os alunos com escalão que adquirem a senha e depois não a utilizam.


Escola

Espaço eco-escolas

O que gastamos em papel na ESJD…alguns números por Catarina Mestre e Bernardo Sebastião do 11º G Média de folhas por mês: 104.100 : 3 = 34.700 folhas por mês Média de folhas por ano lectivo (9 meses): 34.700 x 9 = 312.300 folhas por ano lectivo Número de alunos da escola:

Número de resmas gastas em três meses nos diferentes espaços da escola Fonte: Dados fornecidos pelos vários serviços da escola.

Média anual de folhas por aluno 312.300 : 906 = 345 folhas Boas notícias…Faturação da EDP desce em 2011 na ESJD por Leonor Albuquerque, Mariana Antão e Tomás Veiga, 11º G

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través da análise do gráfico e da tabela com os valores das faturas, verificase que a escola já reduziu o seu consumo energético desde 2009. Concluiu-se que o consumo energético (indicador faturação) diminuiu 16%. Mas achamos que é possível diminuir ainda mais este consumo energético, através da implementação de medidas de poupança energética na nossa escola com recurso a formas de energia renováveis.

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Escola

Vencedores do II Forúm da Água Jovem Viagem à Bélgica

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o dia 23 de Maio realizou-se a entrega de prémios do II Forum Água Jovem, concurso promovido pela Administração da Região Hidrográfica do Algarve (ARH) em parceria com a empresa Águas do Algarve o Zoomarine e outras empresas que também patrocinaram este evento em que participam todas as escolas do Algarve, quer do ensino Básico quer Secundário. Este ano a aluna SOFIA SANTOS, com um vídeo, trouxe o 2º prémio para a nossa escola e as alunas Cristiana Bento, Elisa Ferreira e Joana Teixeira uma menção honrosa com o trabalho “Voluntariado Ambiental para a Qualidade da Água”. Os organizadores e patrocinadores ofereceram a todos os participantes no concurso e seus professores uma abastecimento público do barlavento visita de estudo à barragem de Ode- algarvio; à ETA de Alcantarilha e ao louca, local de captação de água de Zoomarine. Sabiam que os alunos do 11ºB e C, em parceria com a Câmara Municipal de Faro vãi no dia 4 de junho ao Instituto Geográfico de Ordenamento do Território (IGOT), da Universidade de Lisboa apresentou os 8 trabalhos que realizaram com propostas de melhorias do Concelho de Faro? Vão lá estar também todas as escolas do país participantes no projeto “Nós propomos”.

Visita de Estudo ao Parlamento Europeu e Comissão Europeia Legendas das fotografias por Sofia Jesus. Os alunos de ambas as turmas estão num jardim ao pé do museu da guerra.

Os alunos no parlamento europeu.

Alunos com o atomium.

Propriedade: Escola Secundária João de Deus Autor do logotipo Ingo Martins

Redactores Ana Isabel Teixeira Ana M. Sarmento Ana Sara Teixeira Ana Sofia Jesus Andry Talyzin Bernardo Sebastião Catarina Abrantes Catarina Ferreira Catarina Gomes

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Direcção Laura Mariana

Catarina Mestre Catarina Noronha Catarina Rodrigues David Craveiro Erika Xavier Francisco Afonso Rita Inês Metelo João Dias João Pacheco João Valente Johnny Drumms Laura Mariana

Leonor Albuquerque Mariana Antão Mariana R. Maia Mariana Simões Patricia Emídio Ricardo Grelha Sarah Virgi Tatiana Costa Tomás Veiga Valentyna Fita Vanessa Pereira Vicente Lourenço

Os dispositivos de um jogo que os alunos fizeram no parlamento onde vestiam a pele de um eurodeputado, e aprendiam como é o trabalho de um.


Escola

Serafim cantou e encantou por Andry Talyzin reportagem fotografica de Johnny Drumms

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o dia 12 de Abril, na biblioteca da nossa escola realizou-se uma sessão com o comediante Jorge Serafim, que se tornou conhecido pela sua participação em programas como “Levanta-te e Ri”, na SIC. Pelas 10h e 20min, juntaram-se na biblioteca três turmas do 10º ano, C, I e J que desfrutaram de uma hora de boa disposição. A sessão começou com Serafim a contar umas piadas e brincadeiras simples. Tentando animar alguns dos presentes que se apresentavam mais sérios, Serafim mostrou-se determinado a levantar o bom humor, usando pequenas características que avistava para lançar uma piada. Após as piadas iniciais sobre os estilos de cabelo da juventude, ou o modo de comer pizza, e ainda uma pequena referência ao futebol, Jorge Serafim prosseguiu a contar diferentes histórias, algumas estrangeiras de regiões asiáticas, outras locais, do próprio Algarve. Desde o conto sobre

o parvo e o padre, ao da velha Miséria, não esquecendo o do bobo que fez chuva, Serafim encantou os olhares dos alunos fazendo-os, por um lado rir intensamente, por outro ficar pensativos sobre a vida. Não podemos esquecer o momento de canto que foi delirante. Através de algumas opiniões, pude verificar que foi uma actividade cinco estrelas organizada pela biblioteca, que permitiu suscitar um pouco o gosto por contos, abrindo um pouco os horizontes ao ouvir contos árabes e portugueses, todos mostrando lições de vida, para nos acautelarmos no caminho...

Quinzena da filosofia

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programa deste ano da quinzena da filosofia abarcou as seguintes atividades: exposição de trabalhos de alunos, de filmes para pensar, de revistas de temática filosófica (biblioteca), apresentação pública de trabalhos (sala de aula), uma ida ao teatro (peça sobre bullying intitulada “A 20 de novembro”) e uma sessão de cinema (sessão especial para a escola em parceria com o Cineclube de Faro). A todas as turmas envolvidas, os nossos parabéns!

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À conversa com

Escritor veio à escola

Conversa animada com João Ricardo Pedro

Entrevista

por Catarina Gomes reportagem fotográfica de Johnny Drumms

por Ana Sara Teixeira, Cata reportagem fotográfica de

o passado dia 16 de Maio de 2011, veio a nossa Escola Secundária João de Deus o ex-desempregado engenheiro electrotécnico e agora escritor João Ricardo Pedro. Durante cerca de duas horas, as turmas 11ºF,11ºI e 12ºI conversaram com o escritor sobre o seu primeiro livro ‘’ O teu rosto será o ultimo’’ e vencedor do Prémio Leya 2011. Neste encontro com os alunos, o escritor falou um pouco de si e explicou como escreveu o seu livro. Durante a palestra, pôs-se á disposição para responder a todas as curiosidades dos alunos e professores presentes. Perante muitas perguntas o escritor João Ricardo Pedro explicou alguns pormenores interessantes e curiosos acerca do livro, tal como a razão por que decidiu escrever o livro, o tempo que o levou a fazer, as suas dificuldades ao longo do processo criativo, como atribuiu o título etc… Referiu ainda o impacto do livro na sua vida e também explicou que o seu livro não é apenas uma história, são várias todas elas aglutinadas numa só que resultou neste sucesso ‘’ O teu rosto será o último’’. No final da palestra João Ricardo proporcionou uma sessão de autógrafos aos seus leitores e concedeu uma entrevista ao Preto no Branco.

ESJD: O que o levou a escrever esta obra? Foi a vontade de escrever não esta em particular, calhou ser esta mas o facto que me motivou foi o desejo e a vontade de escrever um livro. Depois as próprias circunstâncias da escrita e um bocado por acaso calhou ser esta, a história foi mais ou menos como se fosse (…) (parte de texto perdida)

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Prai aos vinte e tal anos começou a surgir a ideia que se calhar eu era capaz de escrever um livro, se calhar isso era uma coisa que me iria dar um grande prazer, depois as circunstâncias da vida permitiram ter esse tempo, pensei: bem ou é agora ou nunca. ESJD: Tornou se uma paixão escrever? Tornou se um prazer grande, muito grande mesmo. Com momentos de dificuldade e duvida, e de facto exige um esforço muito grande porque é um trabalho que se estende durante muito tempo, e é preciso encontrarmos sempre energia e vontade, e acho que isso só é possível com o prazer grande que isso tem, e descobri que é de facto uma das coisas que me da mais prazer e de facto aquela coisa de me levantar de manha e saber que vou passar o resto do dia a escrever, enchia-me de alegria mesmo, e como eu só escrevia aos dias de semana, porque aos fins de semana descansava e estava com os meus filhos, às vezes domingo à noite as pessoas tem aquela tristeza de irem para escola ou de irem trabalhar e eu sentia o contrário sentia, domingo a noite eu estava cheio de vontade que chegasse segunda-feira de manhã para começar a escrever.


À conversa com

a João Ricardo Pedro rina Rodrigues e Catarina Abrantes Johnny Drumms ESJD: Inspirou se em alguma personalidade para escrever? Não, foi só, como à bocado eu disse a minha ficção, ou a ficção que me interessa ou se calhar a maior parte da ficção de literatura assenta um bocado nas nossas memorias sempre, e portanto não há de facto uma relação direta em nada do que eu tenha vivido ou alguém que tenha conhecido e o livro que acabou por ser escrito, mas de facto isto tem a ver com as minhas memórias: o ambiente geográfico, o contexto histórico, o país portanto era algo muito familiar, e por isso a esse nível acabou por ser muito fácil criar personagens a partir daí, a partir dessas realidades. ESJD: Quando andava no secundário sempre quis ingressar no curso de engenharia eletrotécnica ou pensou seguir algo relacionado com as letras? Não, eu fui sempre um aluno entre o fraco e o mediano nunca chumbei mas passava sempre à rasca, com a exceção da matemática em que eu era muito bom aluno sem grande esforço e se calhar por causa disso fui para um curso de ciências, porque eu comecei a ler muito tarde já tinha praí uns 17 anos, durante o liceu não tinha hábitos de leitura e não tinha uma relação com a leitura de espécie nenhuma e portanto nunca fui bom aluno a português nem a línguas e de facto a matemática por natureza eu era bom aluno e isso se calhar levou me ao curso de ciências e quando me começo a interessar por literatura começo a tornar-me de facto um leitor a sério, já estava a tirar o curso de engenharia e então esta paixão ficou um bocado desfasada das decisões que depois tomei na minha vida.

ESJD: Não se arrependeu nem um bocadinho? Arrependi-me na altura, mas depois era mais ou menos como percebemos que entramos no comboio errado e não podemos sair em andamento e depois de facto nunca tive a coragem de fazer uma rutura. Foi um bocado a própria vida que depois fez a rutura comigo, foi a engenharia que rompeu comigo e eu vi me solteiro e foi aí que então comecei a escrever. ESJD: Se tivesse uma nova oportunidade de trabalho no âmbito das ciências, da engenharia aceitava? Não para já não, porque ainda não tenho neste momento bem presente se quero fazer uma carreira como escritor, não penso nisso. O que eu sinto neste momento é um impulso e uma vontade grande em escrever, e é o que eu estou a fazer e enquanto sentir essa vontade, que nunca será por obrigação fazer não sei quantos livros, em não sei quantos anos, com qualquer espécie de pressão exterior de escrever mais, mas enquanto sentir esse impulso interior e essa vontade e tiver esse prazer em escrever vou continuar, se alguma vez acabar tenho que pensar na minha vida.

ESJD: O que o levou a participar no concurso? Eu estava a escrever e já sabia do concurso, que tem um aspecto muito apelativo que é o prémio de cem mil euros. Eu sabia que quando acabasse o livro tinha que fazer aquele percurso sempre muito complicado de ir as editoras e tentar editar, tentar que sejam pelo menos mil exemplares, tentar vender pelo menos vender seiscentos livros, que em Portugal é muito difícil, pelo menos num primeiro livro fazer isso. E eu tinha consciência que ao participar neste concurso e eventualmente se o ganhasse, iria passar uma série de etapas que realmente os escritores passam, e não é só o dinheiro que recebi mas de repente tudo isto dá uma visibilidade ao livro, é um livro com muita sorte, porque acaba, para primeiro livro não há memória recente de um primeiro livro de um escritor em um ou dois meses ter vendido tantos exemplares e já estão a trabalhar na quarta edição e eu tenho consciência que isso devese também em parte aos méritos que o livro tem mas se calhar fundamentalmente à visibilidade que o prémio dá do livro. Foi uma sorte que o livro teve, ganhar este prémio.

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ESJD: Esperava ganhar? Esperava na medida que se não esperasse não tinha concorrido não é?! Não só esperava como tinha uma grande esperança, o que é um bocado absurdo porque para já ainda ninguém tinha lido o livro, e as primeiras pessoas a ler o livro foram o júri. Portanto eu nunca tinha tido a opinião de ninguém a dizer-me que o livro era bom ou mau, portanto só eu é que sabia dos méritos e dos defeitos do livro e ainda conhecia menos as pessoas que estavam a concorrer comigo e os livros não é!? Não faço ideia, se calhar se eu lesse os outros livros que também tiveram em concurso até ia achar que eram melhores que o meu. Mas não sei porque tinha um, como se diz, um felling de que ia ganhar. ESJD: Se não tivesse ganho o prémio Leya teria continuado a escrever? JRP: Isto vem dar mais confiança não é, eu para mim, se tivesse escrito o livro e não tivesse ganho o prémio, só o facto de o conseguir editar, ou de alguma editora estar interessada em fazê-lo, para mim já era, era onde estava a fasquia: ‘Se algum dia alguém quiser editar isto e se conseguir vender alguns exemplares, para mim vai ser já uma grande alegria’. Obviamente que o prémio coloca isto num patamar totalmente diferente, não só tenho o reconhecimento de um júri, o que me dá mais confiança, como não só o livro chega a mais pessoas como chega a certas pessoas que se calhar não lhe iam tocar…. E já tive a opinião de outros escritores por ter ganho o prémio, por curiosidade leram o livro, e é muito gratificante não é? É extraordinário quando um leitor comum nos diz que gosta do livro e que se emocionou, mas ainda tem um significado especial quando certos escritores que nós admiramos vêm ter connosco e dizem que leram o livro e que adoraram. Isso obviamente dá muita confiança não é? Para quem

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quer continuar a escrever e acho que neste momento é determinante e isso também me dá muita energia para continuar. ESJD: Ao longo da sua vida houve um livro ou um escritor que o marcou e que o tenha influenciado e influenciado a sua escrita/ o livro? JRP: Há, há. É sempre difícil perceber depois até que ponto eles nos influenciam, mas há vários escritores que em determinada época tiveram importância na minha vida. Eu comecei só por ler autores estrangeiros, Kafka, Albert Camus, Hemingway, Tolstói, Dostoievski, mas, e como leitor dava-me muito prazer e foram os escritores que me fizeram crescer como leitor, mas depois há um momento determinante na minha vida que é a época em que eu começo a ler os escritores portugueses, e isso muda tudo porque quando estamos a ler um livro sobre a guerra civil espanhola ou sobre uma família de Moscovo ou sobre uma história passada no Mississipi, nós podemos interessar-nos muito pelo livro, mas são sempre coisas distantes da nossa realidade. Quando lemos um autor português, e ainda por cima contemporâneo, parece que estamos a ler as histórias dos nossos vizinhos não é? De repente cria-se, é mais fácil criar uma afetividade com isso. De facto quando descobri os escritores portugueses nomeadamente o José Cardoso Pires, o António Lobo Antunes, a Lídia Jorge, não só me fascinei com os livros deles, mas cria logo uma afetividade diferente, porque eram livros que se passavam em realidades que eram as minhas, passavam-se num país que era o meu e isso de facto foi muito importante para mim. ESJD: Os seus pais sempre o apoiaram nas suas decisões, particularmente na escrita deste livro? JRP: Quer dizer, eu quando comecei a escrever o livro já não estava sob alçada deles, não é? Mas eles ao

À conversa com

princípio ficaram um bocado apreensivos, acharam um bocado estranho, e eles durante dois anos se calhar andaram preocupados comigo sem nunca me terem dito isso, e acredito que não tenha sido fácil para eles saber que tinham um filho, com as responsabilidades familiares que eu já tinha, eu acho que de vez em quando eles telefonavam à minha mulher a perguntar se eu estava bom da cabeça. Depois o prémio vem ajudar, quer dizer, depois quando eu recebo o prémio ‘pronto, correu bem isto’. ESJD: Como constrói as suas personagens? Qual a sua origem? JRP: Elas acabam por surgir por acaso, de repente, de repente aparece, não é, por exemplo o Duarte, de repente aparece-me o Duarte, quer dizer, depois é preciso dar-lhe um nome… E depois mesmo que isso não apareça no livro, de repente cria-se dentro de mim uma imagem muito forte do que é aquela pessoa, não só física, como mental, e de repente aquelas pessoas começam a ser muito verdadeiras dentro de mim, e isso é um dos lados mágicos de quem escreve é como se de repente aquilo começa por ser uma invenção e rapidamente se torna numa realidade, e então acaba por não haver de facto um trabalho de


À conversa com

construção muito racional, há sempre um aspecto que depois que, o livro tem que ter uma consistência, quer dizer, as idades das pessoas têm que ser consistentes, tem que, se aquele é avô do outro, aquilo tem que ser compatível com as idades, os sítios de origem… mas eu nunca esquematizei isso, quer dizer, nunca pensei que nasceram em tal dia, que eram assim ou assado, mas de facto eles tornaram-se, rapidamente tornaram-se muito reais dentro de mim e de facto isso é um dos mistérios da criação é como de repente isso aparece, e isso depois facilita muito escrevermos sobre eles, ou acerca deles ou inventar histórias para eles porque, parece que já são pessoas tão reais, parece que já não estamos a inventar nada, estamos a relatar. ESJD: Este livro retrata uma família de três gerações, quem é o seu elemento aglutinador? JRP: O livro é sempre um bocado escrito do ponto de vista do Duarte, não é? Agora de facto há situações em que o avô dele tem, e especialmente ao principio do livro, tem uma grande importância, não é? Apesar do Duarte, poder ser considerado a personagem principal, ou o protagonista, porque de facto é o elemento que atravessa todo o livro, mas de facto eu também tentei não focar apenas to-

das as atenções nele, e de facto acho que todas as personagens são ali muito importantes e tem aspetos que são muito relevantes no livro, mas de facto o Duarte foi aquele que na minha cabeça se tornou mais importante. ESJD: Porquê uma história sobre a revolução de 1974? JRP: Surgiu também por acaso. Quando eu inventei a história do Celestino e, porque uma ideia que também surge deste livro é que às vezes nos momentos históricos, nos dias históricos, naqueles dias que depois nós aprendemos na escola, também se passaram coisas comuns e passaramse outras coisas que não tiveram nada a ver com isso, e a história do Celestino é um bocado essa, é a historia de alguém que é morto no dia 25 de Abril, numa situação em que nada tem a ver com o 25 de Abril como data histórica e eu achei piada a isso. E depois interessou-me começar o livro com o 25 de Abril porque é um dia de grande afetividade para mim, não só é um dia importante na história de Portugal do século XX, porque é um momento charneira em que de facto o Portugal que está antes desaparece e passa a existir um novo país, portanto é um momento histórico decisivo e o meu livro também acaba por ser uma homenagem a isso, eu era muito pequenino no 25 de Abril, tinha um ano e tal, portanto não me recordo absolutamente de nada, mas desde muito pequeno na minha infância e adolescência criei sempre uma afetividade grande com esse dia por causa dos meus pais e da minha família e o começo do livro nesse dia é uma homenagem a isso. ESJD: Sente que como esta foi a sua primeira experiência no mundo da literatura teve alguma dificuldade em publicar ou temeu uma rejeição por parte das editoras? Temia isso, mas depois o prémio vem acabar com tudo isso, não é? Mas a ideia que eu tinha quando estava a

escrever o livro, e tinha o receio, era precisamente essa fase a seguir que é um bocado uma fase em que deixamos de ser escritores e passamos a ser vendedores, em que temos de andar a bater às portas todas e implorar e tentar convencer os editores de que o livro vale a pena ser editado, e de facto eu temia isso mas depois o livro teve a sorte de ganhar o prémio. ESJD: Sabemos que está a escrever outro livro, pensa no futuro publicálo? A minha espectativa é essa, se no fim conseguir chegar a um ponto em que me orgulhe, porque isso também é importante, é nunca fazermos as coisas por obrigação, não tenho uma data para escrever um segundo livro, ninguém me impõem isso nem eu permito nem eu imponho isso a mim próprio. Agora eu neste momento tenho um prazer enorme em levantar me todos os dias e escrever, se dentro de algum tempo eu chegar a algo que é um livro e que me orgulhe é claro que vou publicá-lo. ESJD: E será uma sequela? Para já não vai de certeza ser, já sei que não vai ser porque já o escrevi, mas isso da sequela, de facto o livro dispõem-se a isso, já vários leitores me disseram que lhes apetecia con-

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tinuar a ler sobre o Duarte, ou o que é que acontecerá depois, mas neste momento eu não tenho vontade disso porque também senti uma necessidade grande de fazer um corte, não só para não me repetir mas porque a própria escrita foi algo que exigiu muito de mim, a nível emocional e energia, porque é um livro com uma carga dramática intensa e de facto preciso neste momento de fazer uma ruptura com estas personagens. ESJD: Talvez mais tarde, para sabermos o final da carta de Policarpo, que ainda não se sabe? Talvez mais, é uma possibilidade, era uma coisa engraçada de Duarte ir a Buenos Aires, de conseguir encontrar as cartas que o avô tinha mandado e agora ser tudo ao contrário, a vida de Portugal ser relatada a partir de Buenos Aires com as cartas que o avô tinha mandado. Isso claro que é uma ideia fascinante mas neste momento não consigo encará-la como algo que eu queira trabalhar agora mas daqui a uns anos… ESJD: Que impressões têm retirado sobre as apreciações que têm feito do seu livro? Eu tenho tido muita sorte, ou o livro tem tido muita sorte, porque as pessoas que não gostam não dizem nada (risos),para já, e as pessoas que gostam vêem ter comigo, e a crítica especializada, a critica literária, recebeu muito bem o livro, o que é unanime mesmo, recebi só criticas boas o que é uma coisa rara, se calhar porque não pertenço ao meio e não tenho ódios ou ninguém me odeia ainda. Portanto foi muito bem recebido, isso também ajudou a muita gente querer ter vontade de ler o livro. E, de facto, uma das experiências mais gratificantes para mim foi ter estado agora alguns fins-de-semana na feira do livro em Lisboa onde estou a dar autógrafos e as pessoas que já leram o livro irem lá de propósito para me conhecerem, para que eu autografe e manifestarem

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À conversa com

que gostaram do livro e que se emocionaram, e tenho tido muita sorte e esta segunda fase após a escrita e publicação é depois o confronto com os leitores, é uma coisa que me dá muito prazer. ESJD: Então a literatura será agora um projecto a tempo inteiro? É, na medida em que me apetece que assim seja, eu ainda nem sei bem se é um projecto, um projecto implica sempre outras coisas que neste momento eu também não estou disposto, um projecto implica eu agora pensar que quero escrever um livro até 2014 ou escrever não sei quantos livros, agora eu de facto sinto um prazer em escrever e um impulso e essa vontade e tento preencher o máximo possível dos meus dias por isso. ESJD: E vai escrever só romances ou diversificar um pouco pelos outros estilos literários? Eu gosto muito de poesia mas tenho uma relação com a poesia que é, gosto muito de ler mas acho que não me sinto com capacidade de o fazer, pelo menos para já, porque requer outro tipo de capacidades que eu não as tenho mas se calhar gostava de um dia fazer um livro de poesia. ESJD: Agora quando está a escrever este novo livro não sente a pressão do sucesso do primeiro livro? Eu quando estou a escrever não penso nisso, mas de facto são muitas as pessoas que vêem ter comigo e me dizem, e alguns do meio, alguns escritores, este é um primeiro livro muito

bom, são muitas as espectativas, e eu costumo dizer a brincar, ‘estejam descansados que isto agora é sempre a descer’ (risos). Mas de facto, quando eu me sento agora a escrever esqueço-me disso e sinto me novamente um estreante e um principiante e esqueço que já escrevi um livro, até muitas das vezes poderia haver aquela sensação que tinha adquirido conhecimento e que ao escrever este livro tinha ganho uma serie de habilitações que agora facilitavam, mas eu nem sinto isso, sinto que todos os dias que me sento a escrever parece que é o primeiro dia que estou a escrever e deparo-me com as mesmas dificuldades e com os mesmos problemas que me deparei quando estava a escrever este livro, portanto eu tento esquecer esses momentos mas de facto sinto que á minha volta as expectativas se elevaram muito.


À conversa com

ESJD: Tendo filhos pequenos, como é que estes reagem ao ver o pai na televisão? Eles são pequenos ainda e acham piada. ESJD: E o facto de verem o pai em casa a escrever? O mais complicado para eles era o facto de na escola perguntavam o que é que o pai fazia e eles não sabiam muito bem o que é que haviam de dizer. O meu pai passa o dia em casa ao computador. E aquilo era um bocado estranho não é, porque todos os outros diziam que os pais eram médicos, ou bancários ou professores, eles diziam o que é que a mãe era mas quando chegava a altura do pai eles não sabiam muito bem. Mas mesmo a nível familiar foi muito bom para mim porque ao trabalhar em casa e eu trabalhava geralmente até as 4:30h e 5h da tarde e depois ia busca-los á escola, também proporcionou um contacto com eles que a maior parte das crianças não tem, e eles também diziam que era o pai que lá em casa fazia a sopa e dava banho e fazia o jantar e essas coisas e isso era engraçado. A partir do momento em que eu ganhei o prémio e comecei a aparecer na televisão, então agora as professoras, então afinal o teu pai é escritor. E de facto eles não dão muita importância a isso, acham piada, eu acho que os colegas deles acham mais engraçado do que eles próprios e eles agora vão se habituando a isso e acham normal. ESJD: E o resto da família e os amigos, quando surge esta vontade de escrever? Eu quando anunciei que estava a escrever a maior parte dos amigos e das pessoas estranharam e disseram que tinha ficado maluco, e depois com o sucesso e com o prémio houve uma emoção generalizada e houve uma alegria enorme e durante estes dias tenho sido o herói das pessoas que me são próximas. ESJD: Já alguma vez se questionou

sobre o que os seus pais iriam pensar ao ler o livro, tendo este uma carga violenta e o palavreado forte? Eu pensei nisso, felizmente eles moram longe (risos), mas por exemplo quando a minha mulher esteve a ler o livro e ela vive comigo, eu só de saber que ela estava a ler o livro ali, eu não conseguia estar ao pé dela, porque não queria ver as reacções dela nem queria estar ali a sentir o que é que o livro lhe estava a causar. Felizmente ela gostou muito, mas relativamente ao pais é mais complicado, não só pela natureza do livro, pela violência que existe nalgumas situações. ESJD: E saber que talvez, mais tarde também os seus filhos vão ler o livro? Isso espero eu, que a minha relação com os meus filhos já seja muito diferente da relação dos meus pais comigo e que já é óptima. Eu pertenço aquela geração em que pela primeira vez os filhos começaram a tratar os pais por “tu”, portanto já sou um grande felizardo relativamente a isso, portanto já foi um grande avanço relativamente aos meus pais e os meus avós e espero que esse avanço ainda se dê mais com os meus filhos e espero que tudo o que estiver no livro seja fácil para mim falar com eles e eles comigo e tudo isto seja natural, porque espero que também seja nesse sentido que a sociedade está a evoluir, essa abertura, e por acaso uma das coisas que me deixou mais contente agora enquanto estive a falar com vocês foi, não só o facto de ter percebido a atenção que prestaram ao livro e a leitura atenta que fizeram dele, mas o à vontade, pelo menos aparente, com que colocaram certas questões e isso deixa-me muito contente, quer dizer, porque são questões delicadas do livro que são importantes e vocês não deixaram de as fazer e isso de facto é um grande avanço, se calhar há 20 anos seria impensável alunos de uma escola fazerem perguntas destas, e

se calhar seria impensável um livro destes originar uma sessão destas e portanto aí já é uma alegria enorme e depois é o á vontade com que vocês fizeram as perguntas deixa-me muito feliz e de facto, saio daqui com

aquela sensação que, como sociedade, estamos a caminhar no sentido certo.

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Crónica

Receitas

Uma das maravilhas de TIM BURTON

do nosso chefe... Critica cinematográfica ao filme “Eduardo Mãos de tesoura”

por Mariana Ramos Maia

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de Erika Xavier

Tarte de maçã Tarte de Maçã Super Rápida INGREDIENTES: Massa folhada fresca Maçã Golden Madura Açúcar Canela MODO DE PREPARAÇÃO: Coloca-se a massa folhada numa tarte ir de fundo amovível. Parte-se a maçã às fatias finas e forra-se o fundo da tarteira, polvilha-se com açúcar e canela. Põe-se por cima outra camada de maçã e polvilha-se novamente com açúcar em canela... Assim sucessivamente até completar a tarteira de maneira a ficar cheiinha. Vai ao forno até dourar.

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filme “Eduardo mãos de tesoura” é um filme que estreou nos anos 90, realizado por, na minha opinião, um dos melhores realizadores de sempre,Tim Burton. Os actores principais Johnny Depp e Winona Ryder contam a história de um rapaz criado por um inventor que falece antes de poder inventar as mãos. Eduardo vive sozinho numa mansão no topo da montanha até uma senhora da Avon o adoptar e este se apaixonar pela filha mais velha. Este amor é muito criticado pela vizinhança impossibilitando-os de o viver. Este filme é passado num bairro nos anos 90 na américa onde as cores são marcadas nas roupas, nas casas e nos

carros com principal contraste pala uma montanha nublada inspirada no filme do Drácula, este é um óptimo filme pois a banda sonora e as imagens conseguem transmitir todos os sentimentos que caracterizam as personagens.

O Deus das Moscas - William Golding por David Craveiro e Laura Mariana

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ltimamente só tenho lido porcaria. A culpa não e minha, mas sim da minha falta de tempo para ler algo inteligente (inteligente aqui sendo definido como algo que pesa mais que um tijolo). O Deus das Moscas, apesar de não se inserir nos critérios de inteligência anteriormente referidos, retrata muitíssimo bem a condição humana. Graças a este livro uma boa parte do meu tempo na última semana foi passado a imaginar qual dos meus amigos mais próximos comeria o meu cadáver em caso de isolamento numa ilha. O livro dá-nos a conhecer um grupo de rapazes londrinos que se veem afastados da civilização sem supervisão adulta. O que começa por parecer uma aventura rapidamente se transforma numa série de tentativas para construir uma sociedade funcio-

nal no meio de uma selva tropical. No entanto, apesar dos esforços, os conflitos entre os rapazes e a luta pelo poder tornaram o clima da ilha caótico conduzindo-os à autodestruição. Estas são as características de um livro cativante que leva ao extremo as suas personagens e não nos deixa parar de ler.


Escola

DIA DE MORAL

CAFÉ-CONCERTO 2012 por Sarah Virgi e Tatiana Costa

por Sarah Virgi e Tatiana Costa

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oram mais de 600 os alunos – oriundos de diversas escolas do Algarve, entre as quais a Escola Secundária João de Deus –, que se reuniram, mais uma vez em tantos anos de tradição, no passado dia 24 de Abril, no Parque Municipal de Loulé, para comemorar o “Dia de Moral”. Os alunos de EMRC da nossa escola não podiam, pois, ficar-lhe indiferentes. Esta é uma iniciativa que, conforme explica a directora do Secretariado da Pastoral Escolar da Diocese do Algarve, Edite Azinheira, visa “a

sensibilização e a valorização da disciplina”, bem como “a promoção das relações interpessoais” entre alunos e professores, para além do convívio e do divertimento. Com efeito, a jornada superou as expectativas, tendo envolvido diversas actividades lúdicas e desportivas, como insufláveis, trampolins, mini-golfe e ioga. Mais tarde, à noite, os alunos e professores foram convidados a assistir a um concerto no Pavilhão Desportivo Municipal de Loulé que incluiu as actuações da banda escutista Modu’S e de alunas da Escola Secundária José Belchior Viegas, de São Brás de Alportel.

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mais recente edição do CaféConcerto da Escola Secundária João de Deus teve lugar na noite de sexta-feira de 18 de Maio e contou com a participação de alunos, professores, funcionários, encarregados de educação, membros e amigos da instituição protagonista e outros cidadãos solidários. Sob a coordenação do professor Bruno Alexandre, as turmas de EMRC da nossa escola organizaram-se para concretizar esta belíssima iniciativa, que teve como principal objectivo a angariação de fundos que reverteram para o Refúgio Aboim Ascensão, em Faro. E o evento decorreu sem contratempos: pelas 19h00 realizou-se o jantar, na cantina da escola, e, logo a seguir, cerca das 20h30, deu-se início às actuações. Foram os artistas convidados: Cláudio, Vânio, Henrique Coelho, Sarah Virgi, Pedro Ling, Pedro Isqueiro, Daniel Dias, Luís Vale, Dibeatbox e Diogo Simão. Apresentado por João Martins e Filipa Cavaco, o concerto foi bem recebido pelo público. Em nome dos alunos de EMRC, agradecemos a participação de todos os que contribuíram para a materialização deste evento e prometemos repetir para o ano, porque, mesmo que o futuro seja incerto, ajudar é intemporal.

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Pacotes e Pacotinhos para aquilo e o cansaço é tanto que prefere ficar sentado a ir buscar uma faca. Aí você comete o maior erro da sua vida: tentar separar os gémeos siameses que são os pacotes de Bolacha Maria. É um erro. Desista. Não tente. Você nunca vai conseguir. Esses pacotes evoluíram segundo as leis de Darwin durante décadas, sofreram a Selecção Natural e só os

de mim, impávido, mesmo a pedir uma facada. Só à facada. É a única forma de você conseguir abrir um desses monstros que protegem em demasia as bolachas. Você vai levantar-se, pegar numa faca e abrir, enraivecido, o pacote. De certo já não terá paciência para usar aquela fitinha vermelha na embalagem seguinte… faça como eu: esfaqueei os pacotes até eles lhe abrirem a porta do céu. Sem medo! Esfaqueei-os todos! Leite? Abertura fácil? Esfaqueiem. Bolachas? Invólucro? Esfaqueiem.

mais fortes estão vivos. É impossível destrui-los usando apenas o seu corpo e mente. Eles são indestrutíveis a menos que use contra eles uma lâmina. Falo por experiência própria e juro que nem à dentada se consegue rasgar aquele plástico azul onde se pode ler “Maria” a letras brancas. Juro-o pois já o tentei. Em desespero extremo, com a boca a salivar e o cérebro a ferver de raiva, mordi um pacote. Abocanhei-o mesmo. E sabem o resultado? Não rasgou! O pacote ficou a rir-se

Paté? Em vácuo? Esfaqueiem. Não que eu seja a favor da violência, longe disso!, mas que remédio tenho? Pacotinhos e mais pacotinhos, todos fechados a sete chaves como se protegessem o segredo para a vida eterna...! Fazem-nos sentir como Homo Sapiens a rodar objectos incessantemente e a estudar-lhes as formas. Fazem-nos sentir burros frustrados que necessitam desesperadamente de açúcar. Mas porque raio serão tão difíceis de abrir??

por Laura Mariana

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ois agora, quem não gosta de bolachinhas que se acuse! Vêem! Ninguém está de mão no ar! Todos adoram as ditas bolachinhas! E os bolinhos e os salgadinhos e as entradinhas e os patezinhos e… todas aquelas coisas boas e difíceis de desempacotar. A jornada começa no supermercado. À sua frente, jazem milhões de pacotinhos. Azuis, amarelos, vermelhos, às riscas, com bolinhas, ao xadrez, canelados, lisos, quadrados, de plástico, de papel,… para todos os gostos. Pois, é então que o comum dos mortais lança a mão sobre o mais famoso pacote: o pacote da Bolacha Maria. Barata, simples e saborosa. O sonho de qualquer guloso. Depois vem o sacrilégio que é o pagamento (porque apesar de baratas não deixam de ter um IVA digno de rei), as bolachinhas vão para a dispensa e você segue com a sua vida. Como todos sabemos, é à noite, mesmo antes de deitar que vem aquela vontade de petiscar a bendita da Bolacha Maria. Aquece-se o leite ou faz-se o chá e deixa-se a mente recordar o sabor a leite condensado da bolacha. Correse para a dispensa e ali estão elas! Você só quer duas, mas que remédio tem senão o de pegar em quatro resmas de bolachas?! É aqui que o martírio começa. Sente-se em frente ao seu chá. Você não quer senão chá e bolachas, você está com sono, você está cansado. À sua frente, não há mais nada senão uma chávena de chá e as quatros resmas de bolachas siamesas. Você olha

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Crónica


Crónica

SOCIEDADE PERFEITA

Páginas de Cidadania

por Catarina Ferreira

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sociedade ideal é uma equipa, cada passo sincronizado, para fazer o todo andar. Nesta comunidade cada pessoa tem acesso a uma igual área com vista à construção de uma habitação ao próprio gosto. À medida que os casais se juntam, uma das casas é doada à sociedade, de modo a servir de edifício público e quando do nascimento é dada uma porção igual de dinheiro a cada cidadão, cabendo a cada um geri-lo e promover atividades empreendedoras que lhes permitam arrecadar mais. O conceito de raça é completamente extinto, dando lugar a uma etnia, a

espécie humana. Porém esta espécie não vive num mundo seu, vive em paralelo com todos os outros seres vivos, com tantos direitos aos recursos naturais como os humanos. Não existe uma hierarquia com o Homem no cimo, o que desaprova qualquer movimento autoritário contra animais ou plantas, todas as atividades poluentes e todos os riscos que somos capazes de desenhar numa folha que não nos pertencem. A palavra religião é sinónima de crença. E crenças diferentes significam progresso. Como tal é importante que o meu direito acabe onde começa o

teu. Frequentemente existem debates para discutir as leis e a sua aplicação prática. Valores-chave são a honestidade, a sensibilidade e o crescimento de cada personalidade, numa ética que dita que “É bom tudo aquilo que consegue simultaneamente fazer alguém feliz e não magoar ninguém”. Aqueles que não respeitam esta ética são sujeitos a uma espécie de reabilitação, em que é nomeada uma pessoa, capaz de acompanhar o errante, levando-o ao caminho comum, o imortal e simples bem.

Proposta de SOCIEDADE PERFEITA por Laura Mariana e Valentyna Fita

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uponha que tinha acabado de acordar numa cama de hospital. Primeiro, apercebia-se de que tinha sofrido uma perda considerável de memória. Olhando para baixo, via que estava enfaixado dos pés à cabeça. Na se recordava do seu nome nem do seu sexo e raça - também não conseguia descobri-los através das ligaduras. Os factos acerca da família, ocupação, classe, capacidade, competências, etc., estão completamente perdidos. Nessa altura, um homem de bata branca entra na sala. “Bom dia” diz ele. “Sou o professor John Rawls. Amanhã a sua memória regressará. O que precisamos que nos diga é como gostaria que a sociedade fosse concebida, tendo sempre em mente que, a partir de amanha «, viverá na sociedade que tiver escolhido. Embora não saiba quais são os seus verdadeiros interesses, posso dizer-lhe que precisa de bens primários tanto quanto

possível.” Nestas circunstâncias o que seria racional escolher? Jonathan Wolf, Introdução à Filosofia Política. Se nos encontrássemos em condições idênticas às descritas por Jonathan Wolf criaríamos uma sociedade mais justa e com menos disparidades entre indivíduos pois a nossa situação seria ignorante, sem tendência a beneficiar grupos. Para a existência de uma sociedade justa o acesso ao sistema de saúde deveria ser igual e livre de custos para todos os cidadãos independentemente da sua faixa etária, nível de literacia, sexo ou raça. O acesso à educação seria livre de custos embora fosse obrigatória a permanência das crianças na escola até determinada idade. Depois disso a desistência seria opcional tendo o indivíduo consciência que essa decisão levaria ao maior ou

menor acesso a bens alimentares. Sendo que nesta sociedade o dinheiro não existiria, o método de pagamento de serviços e bens seria feito através de bens alimentares que seriam distribuídos consoante o grau de literacia do indivíduo, no entanto todos os cidadãos teriam acesso ao necessário a uma vida condigna. Tal como a desistência e a ingressão no mercado de trabalho seriam opcionais, o regresso à escola também seria livre e independente da idade do interessado. Isto permitiria a qualquer cidadão melhorar as suas condições de vida. Esta sociedade, não sendo baseada na moeda, iria ter como base o respeito entre indivíduos o que conduzia a um melhor ambiente entre pessoas. Este modelo permitir-nos-ia viver numa sociedade justa e igual mas ainda assim utópica e com defeitos a descobrir.

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Tomar banho uma, duas vezes ou nenhuma por semana. por Vicente Lourenço

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A grande por Francisco Afonso Rita

Parte o nobre templário De seu secular castelo. É membro da ordem, honorário, Cavaleiro divino do anel.

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nem menciono aqueles que tomam banho todos os dias. Essa malta deve andar a fazer natação sincronizada em aterros sanitários para terem uma necessidade tão grande de lavarem o corpinho. Porque é que desejam ficar carecas e com pele seca tão cedo? Vivemos numa sociedade com uma necessidade tão grande de tomar banho. Parece que se não passarmos por água o mais obscuro canto do nosso corpo, várias vezes por semana, ficaremos sujos e cidadãos de segunda aos olhos dos nossos espécimes. Como é que chegámos a este ponto? Especialmente tendo em conta a enorme escassez de água existente em todo o mundo. As pobres crianças no Sudão, Uganda ou Afeganistão, teriam uma enorme dificuldade para compreender como é que um europeu comum demora em média quinze minutos, a tomar banho, e o faz com uma regularidade de seis dias por semana. Já pensaram que o grande e eterno rei português D.Afonso Henriques deve ter tomado banho uma vez na vida – quando foi baptizado – e é um dos maiores heróis portugueses? Eu até acredito que se fosse jantar fora com ele, ser-me-ia difícil venerá-lo e manter uma conversa acerca da divertida morte dos infiéis em vez de dizer algo como: “Com todo o respeito devido ao primeiro rei de Portugal: sois um porcalhão e devíeis ter o cuidado de tomar banho e lavar o rabo para não sujar a cadeira em que estais sentado pois este é um restaurante muito fino e não fica nada bem” mas mesmo assim…ele é o fundador da nação conhecida mundialmente como o sítio

Crónica

“Hipocondria” fotografia de Ana Isabel Teixeira e Patricia Emídio. onde o Cristiano Ronaldo aprendeu a chutar uma bola! Merece ser respeitado. Outra coisa que também me faz confusão é o facto de ouvir frequentemente, quando alguém menciona por descuido que não toma banho há X dias, o seguinte reparo: “Tu não és humano. É impossível afirmar-se como ser humano alguém que não toma banho há X dias”. Isso não faz sentido nenhum. Pelo contrário, o tal não-tomador-de-banho-há-X -dias é bem mais ser humano do que o responsável pelo comentário (que se supõe ter acabado de se passar por água). Ao não tomarmos banho estamos a dar uma hipótese ao nosso corpo de ficar verdadeiramente humano (mas para tal convém que não andemos a fazer pesca submarina num mar de lama) não lavando as impurezas por ele produzidas e deixando-o tal como é. Ao não se tomar banho estáse a deixar o corpo como o corpo de um verdadeiro Homem. É caso para proferir: Homem mais Homem não há. Uma ideia para os mais duros: da próxima vez que desejarem testar a vossa virilidade, experimentem ver quanto tempo aguentam sem tomar banho.

Sai pelos verdes bosques Ultrapassa um alto muro, A paisagem de ciprestes É perfume de ar puro. A geada é remanescente De noite fria. Antagónica ao coração ardente Do que busca a aventura. Sai da floresta para a pradaria, Ao vento voa o seu manto. Segue rápido, noite e dia No horizonte traça-se um vulto. É a aldeia negra, Entre as montanhas Vida e pedra Veneno e aranhas. Segue pela obscura estrada Banhada por um crepúsculo eterno, Para a floresta sem vida Para a clareira do inferno. Revela-se então o poço antigo. O fatal vitral redondo. A capela escondida, O templo lúgubre. Que não se fale dos fantasmas, Da maldição enclausurada, Mas das entranhas da igreja, E a sua arvore dourada Empenhou então a espada O místico paladino, Venceu a sombra, uma lenda, E selou o seu destino.


Escola

viagem Segue por trilhos estreitos Entre escarpas e picos. O herói de tantos feitos De lendas e mitos. Depara-se então com lenda maior, O mais temido manto, Feito de água: O oceano. Pelo mar, anfitrião do desastre Desbrava em seu barco, Com um olhar mais alto que mastro, Um autêntico marco. Ergue-se o paternal farol, Nos limites da visão. Do lado onde se põe o sol É onde Deus nos dá a mão. Já lhe deu o nobre, Apos a longa travessia. Dorme agora o sono dos justos, Que enquanto justo o merecia. Parte á mais jovem alvorada, Vê aurora no céu escuro. Sobre a paisagem nevada, Tundra gelada sobre o mundo. Sob um indulgência tão pesada Empunha agora lança em vez da espada, O actor das peripécias E autor da fatalidade. Forte, avança pela paisagem branca Sem nunca olhar atrás. Já conquistou o palácio, E matou o satanás Badalada do regresso, e coa, No espaço e na alma do cavaleiro E o que fez ele foi riqueza magna Num oblívio do dinheiro E o que importa ser ele Homem? Importa para o tornar mais, Pois assim na finitude Logrou feitos imortais.

Recuperação dos antigos móveis da Biblioteca são hoje uma realidade

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esde o ínicio das obras de recuperação da Escola a Direção, professores e funcionários preocuparam-se em tentar preservar os móveis da antiga Biblioteca. As obras da Parque Escolar continuam, mas a Biblioteca já ocupa uma nova localização e um espaço moderno. Os móveis antigos foram colocados neste novo espaço, tornando a Biblioteca um espaço bonito e acolhedor. O trabalho de recuperação e adaptação dos antigos móveis da BE foi elaborado pelos Senhores Jorge Nobre, Rui Casimiro e Joaquim Santana que com pericia e sobretudo muita dedicação conseguiram recuperar uma parte da história desta Escola. O trabalho de excelência promovido por estes Senhores reflete-se nas estantes, nas mesas e cadeiras de madeira, além de outros móveis recuperados. A comunidade Escolar agradece todo o empenho e esmero que dedicaram ao mobiliário da nossa escola. Bem hajam, por tudo aquilo que nos deram.

Agradecimento A Escola Secundária João de Deus manifesta o seu reconhecimento ao E.P. de Faro, em especial aos Senhores Jorge Nobre, Rui Casimiro e Joaquim Santana, pelo trabalho que desenvolveram na recuperação dos móveis antigos da nossa biblioteca e realça o excelente comportamento que demonstraram durante o período de execução dos trabalhos, granjeando o respeito e consideração de toda a comunidade escolar. Gostaríamos também de manifestar o nosso agradecimento aos Senhores guardas prisionais que os acompanharem ao longo do período.

A Direção da Escola

Apesar de a Biblioteca ser um espaço moderno o antigo mobiliário enquadra-se na prefeição.

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Crónica

Efémero por Santury

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ou o racional, o justo, o correcto, o frio… Mostro o que ninguém quer ver, isolo-me de emoções, cornocópias afloreadas, brilhos de excitação, nada disso me interessa, nada disso me diz respeito, executo o meu dever. Sou o que dá ar à vida, sou a sua cor, os seus contornos, sou o que separa os homens dos animais, a sanidade da loucura, a ordem da debandada, do alvoriço. Todos me olham de soslaio, uns esperam que me apresse, batem com as unhas no tampo de uma mesa, impacientes, outros esperam que me atrase, esfregam as mãos suadas uma na outra, apreensivos com o que eu lhes trarei. Os loucos fixam-me também, muito atentos ao meu som, o som que ninguém ouve, o som que nunca se atrasa nem nunca se adianta, o som constante que soa com a arrogância de quem nunca olha para trás. Os loucos abanam-se sob o seu mesmo corpo ao meu som, tapando já os ouvidos para não me mais ouvir, mas é já sempre tarde, o som sistemático e constante deixa de lhes ser exterior, começam a ouvi-lo dentro das suas cabeças esvoaçantes, cabeças que vivem nos astros. Também eles não me dizem respeito, não são da minha responsabilidade. Outros precisam de mim, os adultos trabalhadores regem-se por mim, não têm nada por que ansiar, logo esses não desiludo, comando simplesmente. Digo-lhes onde ir, o que acabar,

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o que começar, acordo-os e deitoos, sou-lhes a vida, ao meu som podiam associar a batida dos seus próprios corações. Há um homem, um homem singular, a quem os humanos chamam Mário. Esse homem odeia-me, quando me olha todo ele é repulsa, é incapaz de me olhar de frente, é incapaz de me respeitar. Não há homem nenhum que não me respeite, por mais antipatia que me tenha, não há ninguém que não esteja obrigado a viver como eu mando, quando eu mando. Contudo, este homem é a verdadeira excepção, cobre-me, tapa-me, faz tudo para não olhar para mim, uma vez partiu-me até, jogou-me ao chão com a maior das fúrias. Este homem não é louco, também não é um trabalhador indiferente à vida e à sua passagem, pelo contrário, é isso que o aflige. O tempo. O homem tem medo de mim, do vazio que o tempo vai fazer dele mesmo. O homem sabe que o tempo avança numa linha

contínua, sabe que o dia nasce e que o dia cai porque a terra gira, sabe que não existe tal coisa como um dia que dura para sempre nem um relógio que ande ao contrário, mas, ainda assim, detesta-me. Soulhe a velhice, a morte, a tristeza, a solidão, a apoteose da infelicidade. Eu avanço sempre ao mesmo ritmo, ao mesmo som. Enlouqueço tanto que enlouquecer já não sei. Prossigo um caminho infinito, um caminho em que o início e o fim se amam demais para algum dia se largarem. Nunca saberei parar, se parar morro, de cansaço, da fatiga de reger a vida dos outros e de nunca ter uma própria. Um dia, Mário olhou-me, vi o seu rosto, pergaminho já muito escrito. Os seus olhos acompanhavam o compasso dos meus ponteiros, um mais rápido, outro mais devagar e outro que só os loucos têm tempo para ver mexer. Sorriu para mim e parou, não, Mário morreu, quem parou fui eu.


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