Adventist World (Abril 2009)

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mas por alguma razão tornaram-se fracos em sua caminhada. Mesmo assim, acham conveniente e seguro permanecer; possivelmente, haja um trabalho em jogo, ou isso envolva questões familiares importantes. Essa é uma triste realidade. Para essa realidade, o Senhor diz: “Deixe que fiquem. Não é uma boa ideia deixar essas pessoas no ostracismo ou como responsáveis pelo terreno; não façam uma limpeza geral. Eu mesmo irei realizá-la quando achar melhor. É muito arriscado deixar que você faça isso.” Podemos perguntar: “Certamente é bom fazer uma limpeza – não faz sentido? Que risco há nisso?” ■ O risco é muito alto por causa de minha própria humanidade. Não seria possível que eu cometesse um engano ao avaliar outra pessoa? Tenho certeza, realmente, de que conheço completa e apuradamente o que há no interior da outra pessoa? Certamente, Deus sabe. E se uma pessoa se torna difícil na igreja, especialmente se for um adolescente, não é possível que tal comportamento seja assim porque Deus, de algum modo, está lidando com ele ou tocando em sua vida? Só Deus sabe o que é necessário para nosso crescimento pessoal; eu não sei. ■ O risco é muito alto porque hoje ainda é o dia de salvação. Pode ser que sejamos capazes de identificar e rotular o “joio”, mas não podemos nos esquecer de que Deus ainda não terminou Seu trabalho. Não estou falando sobre aqueles, em nossas igrejas, que abertamente abusam ou desobedecem aos ensinos da Palavra de Deus. Essas pessoas devem ser disciplinadas pela igreja, para sua própria salvação. A Bíblia dá à igreja a autoridade e a responsabilidade de responder a tais situações. Ao contrário, estou falando de um número maior de pessoas que podem estar gastando seu tempo à margem do reino de Deus. Temos muitos jovens que desaparecem

da igreja porque se sentem indignos e rejeitados. Fazemos com que se sintam espiritualmente fracassados. Nós presumimos a mente de Deus muito facilmente. Não é possível que Ele seja mais generoso do que eu? Vejam essas palavras vindas da pena inspirada de Ellen White: “Conquanto em nossas igrejas, que pretendem crer em verdades avançadas, haja pessoas em faltas e erros, como o joio em meio do trigo, Deus é longânimo e paciente … Ele … não destrói os que são vagarosos em aprender a lição que lhes quer ensinar; ... Não devem os membros da igreja tomar alguma resolução espasmódica, zelosa, precipitada, ao excluir os que eles porventura considerem de caráter defeituoso.” ı ■ O risco é demasiado elevado, porque a própria igreja é prejudicada por pessoas que se intrometem, mesmo que levemente, na vida e opiniões de outras pessoas. E o estrago pode se espalhar rapidamente; o ambiente pode se deteriorar de tal modo que as pessoas boas podem ser levadas a se sentir inseguras em seu lar espiritual. O ambiente da igreja tornase desagradável e indesejável, em vez de um lugar onde as pessoas se sintam confortáveis e desejadas, salvas e seguras, aceitas e livres. ■ Arrancar as ervas daninhas do jardim é muito perigoso porque eu, o investigador, prejudico a mim mesmo com essas atividades. Minha missão equivocada altera meu caráter e minha personalidade se torna sem atrativos. Sou lembrado pelas palavras de um dos meus ex-professores, falando a alguém que, por algum motivo, se vangloriava de seus feitos e criticava as realizações dos outros: “Então, você se acha perfeito, mas tem que ser hostil por causa disso?” Nossas congregações devem ser lugares de cura e renovação. Devem ser lugares atrativos para receber os

infiéis. Devem ser lugares onde os fiéis sintam-se em casa: valorizados e aceitos. Não devem ser campos de batalha, mas cidades de refúgio. Será que a igreja onde você e eu adoramos pode receber tal título? Que tipo de ambiente espiritual estamos criando? Se sua igreja não é a sociedade espiritual mais atrativa e convidativa de sua comunidade, o que você fará para mudar esse quadro? Nossas igrejas não são clubes exclusivos para os que são bons e merecedores. Deus constantemente está justificando pecadores; eles devem ser calorosamente recebidos em nossas igrejas, pois ela é o seu legítimo lar. Serei franco com você: Detestaria gastar meu tempo circundado por pessoas que pensam que tudo o que fazem é perfeito. Eles se tornam arrogantes, frios e judiciosos para com aqueles que ainda necessitam crescer. Cristo nos aceitou a todos “quando ainda éramos pecadores” (Rm 5:8). A aceitação é o fôlego da humanidade. Onde ela é negada, nossa respiração vacila. O ar se torna rarefeito e a vida, insuportável! Está ao nosso alcance criar e modelar o ambiente espiritual de nossas comunidades para o futuro. Meu apelo é que criemos um lar feliz, familiar, acolhedor, no qual as pessoas possam se comunicar, compreender uns aos outros, respeitar o lugar uns dos outros e reconhecer que o Senhor está sempre em ação, tornando melhor aquilo que, em nossa opinião, pode ser imperfeito. 1

Ellen G. White, Testemunhos para Ministros, p. 45, 46.

Jan Paulsen é o presidente mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia.

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