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Impresso Especial 050200138-0/2001-DR/RJ

CREA-RJ

em revista Nº 44 AGOSTO 2004

COLOSSO NAVAL

As tecnologias inovadoras que garantem as aventuras náuticas de Amyr Klink

Inovação tecnológica entra na agenda nacional

CORREIOS



em revista Uma nova dinâmica Como as pessoas, as organizações também aprendem todo dia. E o nosso aprendizado cotidiano é resultado dessa forte interação do Conselho com os profissionais, as empresas e a sociedade. O novo modelo de gestão do Crea-RJ está embasado exatamente nesse conhecimento dos valores, da cultura, das expectativas e necessidades de cada profissional. Administrar esse conhecimento implica em conceber e viabilizar projetos que se reflitam na melhoria de qualidade na vida profissional de todos nós. Um bom exemplo: a Cooperativa de Crédito recém-lançada pelo Crea-RJ. Significa obtenção de recursos a taxas reduzidas, bem inferiores àquelas praticadas pelo mercado financeiro. É como se você tivesse um banco só seu, de sua propriedade, uma vez que o lucro é distribuído entre os cooperados. Outro exemplo: o Plano de Saúde Crea-RJ/Unimed, possibilitando aos profissionais, entre outras vantagens, o reembolso de até 30% na anuidade 2005. Mais um: o Fundo de Pensão dos Profissionais do Crea-RJ, cujo planejamento está sendo concluído. Relevante iniciativa é o Clube de

Vantagens Crea-RJ, em fase de implantação, para oferecer aos profissionais - através de convênios em diferentes áreas - descontos variados em diversos setores e serviços. O lançamento do Selo Crea-RJ de Responsabilidade Social (focado na inclusão digital, no primeiro emprego tecnológico e na Agenda 21 bem como do Certificado de Conformidade com o Exercício Profissional já estão, ambos, em fase de consulta pública. “Crea-RJ em Revista” nos dá oportunidade de levar até você informações sobre todos esses assuntos. No dia 28 de agosto terá lugar, na sede do Crea-RJ, o 5º Congresso Estadual de Profissionais. O tema é “Exercício Profissional e Cidades Sustentáveis” e a campanha de divulgação já está na rua, nos outdoors e outros canais de mídia. Participe, inscreva-se, apresente seus trabalhos. Esta edição da “Crea-RJ em Revista” está especialmente sedutora. Você vai descobrir, por exemplo, que de aventureiro Amyr Klink não tem nada. É tudo planejamento e tecnologia. Vai se espantar com o baixo índice de inovação tecnológica em nosso país, com o número pouco ani-

mador de novas idéias registradas. Mas também vai, em compensação, se orgulhar com a trajetória bem sucedida da organização fundada em 1981, pelo saudoso Betinho, e inteiramente dedicada às causas sociais. Completando, os leitores receberão um presente muito especial: um encarte com a primeira parte de um leventamento histórico sobre os 70 anos de história do Conselho, dos nomes e dos feitos que marcaram época. “Crea em Revista” será sempre um instrumento motivador. Para que você compartilhe conosco este desafio por um novo Crea-RJ dinâmico, abrangente, descomplicado e realizador. ENGº REYNALDO BARROS Presidente em revista

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INSPETORIAS DO CREA-RJ Angra dos RReis eis Rua Professor Lima, 160 / 101 - Centro - CEP 23900-000 Telefax: (24) 3365-2135 / 3365-3600 e-mail: insan@crea-rj.org.br

Miguel PPereira ereira Av. da Paz, 115 / sala 6 - Centro - CEP 26900-000 Telefax: (24) 2484-5035 e-mail: insmp@crea-rj.org.br

Araruama Avenida Presidente John Kennedy, 82 / sala 13 - Centro CEP 28970-000 Telefax: (22) 2665-4511/(22) 2665-7389 e-mail: insar@crea-rj.org.br

Niterói Av. Roberto Silveira, 245 - Icaraí - CEP 24230-151 Telefax: (21) 2711-1317 / (21) 2610-9832 e-mail: insni@crea-rj.org.br

Armação de Búzios Av. José Bento Ribeiro Dantas, 5400 / sala 27 Manguinhos - CEP 28950-000 Telefax: (22) 2623-3032 / (22) 2623-2866 e-mail: insbu@crea-rj.org.br Barra do PPiraí iraí Praça Nilo Peçanha, 27 / 2 anexo - Centro - CEP 27123-020 Telefax: (24) 2442-0234 / (24) 2442-0342 e-mail: insbp@crea-rj.org.br Barra da Tijuca Av. das Américas, 700 bl 8 lj. 103 D - CEP 22640-100 Telefax: (21) 2494-7397 / (21) 2493-9592 e-mail: insba@crea-rj.org.br Cabo FFrio rio Av. Nilo Peçanha, 73 / loja 5 - Centro - CEP 28901-970 Telefax: (22) 2645-6524 / (22) 2647-2329 e-mail: insco@crea-rj.org.br Campo Grande Estrada do Cabuçu 271, loja - J - Centro - CEP 23052-230 Telefax: 2413-9992 / 2415-2522 e-mail: inscg@crea-rj.org.br Campos de Goytacazes Praça São Salvador, 41 / sobreloja 7 - Centro - CEP 28010000 Tel: (22) 2733-1474 - Fax: 2733-2662 e-mail: insca@crea-rj.org.br Cantagalo Rua Getúlio Vargas, 82 - Centro - CEP 28500-000 Telefax: (22) 2555-5442 / (22) 2555-4808 e-mail: insct@crea-rj.org.br Duque de Caxias Rua Marechal Deodoro, 557 / sala 406 - Bairro Jardim 25 de Agosto - CEP 25071-190 Telefax: (21) 2671-9352 / 2671-8951 e-mail:crea-rj.caxias@ig.com.br Ilha do Governador Estr. do Galeão 2500 / 201-B - Portuguesa - CEP 21931-003 Telefax: (21) 3393-4398 / (21) 3393-5286 e-mail: insig@crea-rj.org.br Itaocara Rua Cel. Pita de Castro, 230 / loja 102 - Centro CEP 28570-000 Telefax: (22) 3861-3288 e-mail: insic@crea-rj.org.br Itaperuna Rua Tiradentes, 50 - Centro - CEP 28300-000 Telefax (22) 3824-3387 / (22) 3824-4912 e-mail: insit@crea-rj.org.br Macaé Rua Conde de Araruama, 139 / 102 - Centro - CEP 27910-300 Telefax: (22) 2762-9550 / (22) 2772-4758 e-mail: insma@crea-rj.org.br Maricá Praça Conselheiro Macedo Soares, 206 / sala 1 - Centro CEP 24900-000 Telefax: (21) 2637-1931/ (21) 2637-2738 e-mail: insmr@crea-rj.org.br

Nova FFriburgo riburgo Praça Getúlio Vargas, 105 / 206 - Centro - CEP 28610-170 Telefax: (22) 2522-4890 / (22) 2523-5357 e-mail: insfi@crea-rj.org.br Nova Iguaçu Rua Dom Walmor, 383 / sala 208 - Centro - CEP: 26215-220 Telefax: (21) 2669-3166 / (21) 2668-3082 e-mail: insno@crea-rj.org.br Paraty Praça Monsenhor Hélio Pires, s/nº - Centro - CEP 23970-000 Tel: (24) 3371-2261 e-mail: inspa@crea-rj.org.br Petrópolis R: Barão do Amazonas, 88 - Centro - CEP 25685-070 Telefax: (24) 2242-2815 / (24) 2237-7997 e-mail: inspe@crea-rj.org.br R esende Rua Vila Adelaide, 201 - Jd. Brasília - CEP 27514-100 Telefax: (24) 3354-6233 / (24) 3355-0452 e-mail: insre@crea-rj.org.br Rio das Ostras Alameda Casimiro de Abreu, 292 / sala 7 - Centro CEP 28890-000 Telefax: (22) 2764-6966 / (22) 2764-7417 e-mail: insro@crea-rj.org.br São Gonçalo Rua Alfredo Backer, 115 / 204 e 205 - Mutondo - CEP 24452-001 Telefax: (21) 2602-5801 / (21) 2602-7249 e-mail: inssg@crea-rj.org.br Teresópolis Av. Lúcio Meira, 330/201 - Centro - CEP 25953-001 Telefax: (21) 2742-7179 / (21) 2643-5288 e-mail: inste@crea-rj.org.br Três Rios Rua Bernardo Belo, 20 / loja - Centro Telefax: (24) 2255-1557 / (24) 2252-1092 e-mail: instr@crea-rj.org.br V alença Rua Raphael Januzz, 15 / sala 406 - CEP 27600-000 Telefax: (24) 2453-3164 e-mail: insva@crea-rj.org.br V olta RRedonda edonda Rua 21, 48 - Vila Santa Cecília - CEP 27260-610 Tel: (24) 3342-4570 Fax: (24) 3342-9820 email: insvo@crea-rj.org.br Posto de Atendimento da Eletronuclear BR 101 - KM 132 - Prédio do Comissionamento - sala B15 Itaorna - CEP 23900-000 Tel: (24) 3362-1439 e-mail: eletronuclear@crea-rj.org.br Atendimento: 10 às 17h - (terça-feira) Posto AAvançado vançado de PPetrópolis etrópolis Av Koeller, 260 - Centro - CEP 25685-060 Tel: (24) 2237-7286 e-mail: avancadopetro@ig.com.br Horário de Atendimento: 12:30 às 18:30 h Posto de Atendimento São PPedro edro D´Aldeia Rua Teixeira Brandão, 19 / sala 4 - Bairro Estação Tel: (22) 2627-9672 Horário de Atendimento: 9 às 17h (2ª e 5ª feiras)

Todas as Inspetorias que estão sem o horário de atendimento discriminado funcionam de 9 às 18h.

em revista EXPEDIENTE P residente REYNALDO ROCHA BARROS Engenheiro Eletricista e de Segurança do Trabalho 1º Vice -P residente -Presidente JAQUES SHERIQUE Engenheiro Mecânico e de Segurança do Trabalho 2º Vice -P residente -Presidente JOSÉ SCHIPPER Engenheiro Civil 1º Secretário OLÍNIO GOMES PASCHOAL COELHO Arquiteto e Urbanista 2º Secretário RICARDO NASCIMENTO ALVES Técnico em Eletrônica 3ª Secretária TENEUZA MARIA F. PEREIRA Engenheira Operacional / Mod. Constr. Civil 1º TTesoureiro esoureiro PAULO ROBERTO SAD DA SILVA Engenheiro Mecânico e de Segurança do Trabalho 2º TTesoureiro esoureiro ALEXANDRE SHEREMETIEFF JÚNIOR Engenheiro Mecânico 3º TTesoureiro esoureiro OSVALDO HENRIQUE DE SOUZA NEVES Engenheiro Agrônomo

COORDENADORES DDAS AS CÂMARAS ESPECIALIZAD AS ESPECIALIZADAS Engª Civil: ABÍLIO BORGES Engª Elétrica: LUIZ ANTÔNIO COSENZA Engª Industrial: GIL PORTUGAL FILHO Geologia e Minas: ANDRÉ CALIXTO VIEIRA Engª Química: ORLANDO ORMÊNIO CASTELLO BRANCO Agrimensura: SÉRGIO DA COSTA VELHO Arquitetura: RAPHAEL DAVID DOS SANTOS FILHO Agronomia: LUIZ RODRIGUES FREIRE COMISSÃO EDIT ORIAL EDITORIAL Orientador: RICARDO DO NASCIMENTO ALVES Membros Efetivos: CLENILSON SILVA DE PAULA, IVO COSTA DE LIMA, MARIA LUIZA POCI PINTO E SÉRGIO DA COSTA VELHO. Suplentes: ÉRIEL DE VELASCO BARCELOS e JACQUES JAYME HAZAN Assessor de Mark eting e Comunicação: LUIZ FERNANDO MOREIRA Marketing Jornalista RResponsável: esponsável: CORYNTHO BALDEZ (MT. 25489 ) R edação: ÂNGELO ACAUÃ, CORYNTHO BALDEZ, RENATO KANDHALL E VIVIANE MAIA Colaboradores: BÁRBARA RANGEL, MELISSA ORNELAS, PHELIPE CRUZ, TATIARA LEON E PABLO CHRISTHIAN Fotografia: EQUIPE CREA Diagramação: ATUANTE - COMUNICAÇÃO E SOLUÇÕES GRÁFICAS Impressão: ESDEVA Capa: AKPE/AMYR KLINK


em revista SUMÁRIO LEGISLAÇÃO

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Resolução 218 em debate

VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL

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5º CEP: Primeiros Encontros mobilizam profissionais

INOVAÇÃO

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O futuro do sistema de inovação tecnológica do país

TECNOLOGIA

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A sofisticação tecnológica por trás das aventuras de Amyr Klink

ENERGIA

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Governo investe em fontes alternativas

ARTIGO TÉCNICO

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Deslizamento de Encostas: técnicas de prevenção

ENTREVISTA

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Assessor do Confea acompanha novas leis que tramitam no Congresso

SANEAMENTO

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Centro Experimental de Tratamento de Esgotos aprimora qualidade do serviço

INCLUSÃO SOCIAL

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Responsabilidade social: ações devem começar dentro da empresa

ARTIGO TÉCNICO

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Prateleiras de Luz: conforto e economia de energia elétrica

SEGURANÇA DO TRABALHO

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PrevenRio debate fortalecimento da Engenharia de Segurança

QUALIFICAÇÃO

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Programa Progredir: cursos para enfrentar um mercado de trabalho competitivo em revista

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Coluna dos leitores Todas as contribuições de profissionais e leitores da Crea em Revista são muito bem vindas. Como toda publicação, temos limitações de espaço, portanto, é recomendável que o colaborador mantenha contato prévio com os editores para conhecer os espaços disponíveis. Além disso, para uniformizar as contribuições encaminhadas elas são submetidas à Comissão Editorial do Crea, que dá a palavra final sobre a oportunidade da publicação.

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Estive no evento “Café da Manhã com a Construção Civil”, no Sofitel Rio Palace, e assisti às apresentações dos presidentes do SINDUSCON e do CREA, sobre os cenários e as perspectivas do setor no estado do Rio. Gostei muito da demonstração de apoio ao nosso segmento demonstrada pelo Reynaldo. Engenheiro Jorge Zarur. Construtora Prêmio. (Por e-mail)

Parabéns pelo brilhante trabalho dos senhores, que vem trazendo ilustrações e informações a todos de nossa empresa. Trabalhamos, além de produtos de rede, com barreiras corta-fogo. Continuem assim. Norton Jovianos dos Santos. Gerente Regional Rio. DPR Telecomunicações (Por e-mail)

Gostaria de deixar registrado o elogio ao atendimento, o interesse em colaborar, a eficiência e a presteza da funcionária Tânia Jardim, que me deu as informações necessárias e o apoio na emissão de minha carteira provisória de engennheiro de segurança do trabalho. Adriano Maciel Horta.

O Crea está melhorando. Não concordo, no entanto, com o valor de R$ 41,00, 15% de um salário mínimo, para me dar um documento garantindo que paguei a minha anuidade, cujo comprovante perdi. Antônio Carlos Assis Brasil. Videocom Brasil.

Faltam pessoas para atender no horário de almoço. Estive no prédio nesse intervalo e só havia uma pessoa atendendo. O tempo de espera é absurdo, precisa ser revisto. Carlos Alberto Reis (carta na caixa de sugestões)

O atendimento via telefone deste órgão é ineficiente. Deveria melhorar ou cancelar. Não existe meio atendimento. Espero que a crítica contribua. Márcia Carolina (por e-mail)

em revista


LEGISLAÇÃO

Atribuições:

mudanças geram polêmica

DEBATE SOBRE AS ALTERAÇÕES NA RESOLUÇÃO 218 ENVOLVEM ADAPTAÇÃO À NOVA LDB

A

Resolução 218 será reformulada. Elaborada em 1973, trata dos limites de atribuição de cada modalidade profissional, ou seja, ela delimita as funções que cada área tecnológica pode exercer. Desde então existe a discussão em torno da possível revisão dos termos nela contidos. A principal alegação é que a 218 não atenderia às mudanças constantes na área tecnológica, educacional e, principalmente, às necessidades de crescimento do profissional do Sistema Confea/Crea. Mas foi o advento da nova LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) em 1996, que realmente deu início às discussões no âmbito do Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia. Segundo Adilson de Lara, arquiteto e assistente da Comissão de Educação do Confea, o motivo para a mudança na Resolução é simplesmente o fato de que a lei que regulamenta o ensino no país foi mudada. “A 218 que está em vigor foi elaborada com base no currículo mínimo, mas a nova LDB o extinguiu”, disse Adilson. O presidente do Confea, engenheiro Wilson Lang, argumenta que, se o anteprojeto da Resolução for aprovado, o profissional conquistará novas competências através do ensino continuado em outras áreas, diferentes da qual ele se graduou, o que irá representar uma revolução nas carreiras, pois “quebrará o gesso” que impede a movimentação do segmento profissional em questão. “A Resolução 218 é fundamental para o exercício profissional. A sua flexibilização vai permitir a circulação horizontal e vertical dos profissionais”, definiu Lang. Contudo, nem todas as áreas da engenharia estão satisfeitas com o anteprojeto apresentado. É o caso da Engenharia de Segurança do Trabalho que vem apre-

sentando descontentamento com relação a essas mudanças. O principal argumento da classe é que, segundo o novo projeto, praticamente todos os mecanismos voltados para a proteção do trabalhador passarão a fazer parte dos grupos e sub grupos da Engenharia de Produção. “Nesse projeto que está sendo apresentado pelo Confea, a engenharia de segurança apareceu de uma forma muito transversal em todas as modalidades como uma atividade ou como um sub grupo”, disse o engenheiro mecânico e de segurança do trabalho Jaques Sherique, vice-presidente do Crea-RJ e presidente da SOBES-Rio. Para ele, nem o problema das áreas de sombreamento (existência de profissionais que atuam em setores para os quais não estão legalmente autorizados) será resolvido se o texto atual for aprovado. “Esse projeto é um retrocesso, ele vai segmentar a engenharia a fim de acabar com as dúvidas em relação às áreas multidisciplinares, mas na verdade o que cria são zonas de conflito muito mais específicas”, conclui o engenheiro, apimentando a discussão. A oportunidade de todos os profissionais do Rio de Janeiro participarem será na Teleconferência do Confea sobre reforma universitária, diretrizes curriculares e duração dos cursos de graduação, no próximo dia 23 de agosto, com transmissão gratuita na sede do Crea-RJ, às 17 horas. (B.R.)

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VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL

Cidades para o futuro 5º CEP: ENCONTROS REGIONAIS APONTAM EIXOS PARA AÇÃO PROFISSIONAL

C

om o objetivo de discutir e propor políticas, estratégias e programas de atuação, bem como afirmar a importância dos profissionais das áreas tecnológicas no desenvolvimento nacional e propiciar uma integração maior com a sociedade, o Crea-RJ realiza dia 28 de agosto o 5º Congresso Estadual

de Profissionais (5º CEP), em sua sede, de 9h às 18h. Os Encontros Regionais, de 8 de julho a 27 de agosto, já vêm discutindo e aprovando teses e propostas sobre formação profissional e políticas públicas dentro do eixo temático Exercício Profissional e Cidades Sustentáveis. Os delegados

eleitos nos Encontros Regionais participarão do 5º CEP, que também elegerá delegados estaduais com direito a voz e voto no 5º Congresso Nacional de Profissionais (5º CNP), a ser realizado na cidade de São Luis – MA, no período de 3 a 4 de dezembro de 2004. Encontro de Friburgo O primeiro encontro regional do Estado do Rio de Janeiro aconteceu em Nova Friburgo, em 8 de julho, na sede do Clube de Diretores Lojistas daquele município, e reuniu profissionais de Nova Friburgo, Cantagalo, Itaocara e Teresópolis. Além das propostas e moções apresentadas, no final foram eleitos 8 delegados que terão direito a voto

A CONSTRUÇÃO DA SUSTENTABILIDADE FICOU PERDIDA NO SÉCULO XX no Congresso Estadual. O assessor do Crea-RJ e relator do 5ºCEP, arquiteto Canagé Vilhena, destacou a importância desses encontros. - Eles têm um caráter especial porque, pela primeira vez, vamos ter uma oportunidade de fazer propostas dirigidas ao poder público e mostrar para a sociedade a importância do exercício profissional. Até porque 8

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João Santucci, Reynaldo Barros, Jaques Sherique e Canagé Vilhena

estamos diante de um novo século onde a questão da sustentabilidade das cidades é a mais importante para a vida humana. No século XX, o progresso criou a dívida ambiental e agora teremos que fazer uma reflexão séria a respeito da construção da sustentabilidade que ficou perdida no século passado. Para o engenheiro civil Paulo Roberto Gomes, inspetor do CreaRJ em Nova Friburgo, este 5º Congresso vem ao encontro dos anseios dos profissionais da região que sentem falta de uma aproximação maior com o Crea-RJ. “É importante que o Conselho venha a Nova Friburgo fazer este Congresso com um tema tão relevante, que estamos acompanhando ao longo dos anos”, frisou o inspetor. Cabo Frio mobilizada O segundo Encontro Regional aconteceu no dia 15 de julho, em Cabo Frio, no Clube Tamoyo, onde estiveram reunidos mais de quarenta profissionais dos municípios de Cabo Frio, Araruama, Iguaba, São Pedro D’Aldeia e Armação dos Bú-

Encontro de Petrópolis

zios. No encontro, foi discutida a tese apresentada e eleitos por consenso os 11 delegados que participarão do 5o. Congresso Estadual de Profissionais, no final de agosto, no Rio de Janeiro. Na ocasião, o coordenador do 5º CEP, engenheiro Jaques Sherique, disse que o profissional tem papel decisivo perante este tema. “Este é o foco principal, que o profissional pense a sua atividade com responsabilidade social, hoje o grande tema na nossa sociedade”, frisou. Ele afirmou, ainda, que ninguém pode pensar “em construir um prédio ou uma casa se isto ofender o direito de cidadania do vizinho, o meio ambiente ou a qualidade de vida das pessoas daquela região”. Já para o presidente da Associação de Arquitetos e Engenheiros da Região dos Lagos (ASAERLA), engenheiro Fernando Luiz Cardoso, o evento é uma oportunidade única para o profissional se conscientizar sobre a questão do desenvolvimento sustentável. “Na nossa região, a nossa Associação sempre lutou pela recuperação de áreas indevidamen-

te ocupadas. Não temos ocupações em morros e isso já é uma grande vitória, embora ainda existam agressões ambientais em dunas e na região da orla”, destacou. Encontro em Petrópolis No dia 22 de julho foi a vez de Petrópolis sediar o terceiro Encontro Regional, que também recebeu participantes dos municípios de Três Rios e Magé no auditório da Universidade Católica da cidade imperial. Cerca de trinta profissionais da região discutiram o tema Exercício Profissional e Cidades Sustentáveis. Foram apresentadas cinco moções e uma proposta e eleitos seis delegados que irão representar a região no Congresso Estadual. Os outros encontros regionais aconteceram em Macaé, no dia 27 de julho; em Volta Redonda, em 5 de agosto; Angra dos Reis, dia 12 de agosto; Duque de Caxias, em 20 de agosto; e no Rio de Janeiro, em 27 de agosto. Na próxima edição, conheça as propostas aprovadas no 5º Congresso Estadual. (R.K.)

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INOVAÇÃO

O desafio do presente

P

ode a previsão de um engenheiro transformar uma indústria inteira? A resposta é sim e está estampada bem no site da Intel, o maior fabricante de microchips do mundo. Não é por acaso: em 1965, Gordon Moore, que mais tarde fundou a Intel ao lado de Bob Noyce, previu que a capacidade de um chip de computador se duplicaria a cada dezoito meses. A teoria persiste até hoje e ficou conhecida, entre os engenheiros, como a Lei de Moore. Os especialistas indicam que, provavelmente, ela se manterá por, pelo menos, duas décadas, permitindo aceitar que uma operação que, hoje, requer 24 horas para ser concluída, gastará míseros 20 segundos para obter o mesmo resultado. Curiosamente sua previsão ocorreu no mesmo ano que o economista e demógrafo inglês Thomas Malthus disse que o mundo implodiria (propôs, num ensaio, que o crescimento da população crescia em progressão geométrica e a produção de alimentos, em progressão aritmética, provocando desequilíbrio, fome e pobreza em todo o planeta. Seu estudo ficou conhecido como a Teoria Malthusiana, que previa, entre outras coisas, o caos completo por volta de 1965). Por analogia, foi feita uma comparação do crescimento da tecnologia com a curva de incremento da população mundial. Neste caso, a constante populacional, igualmente exponencial, é

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em revista

Por Pablo Christhian

bem menor, jogando ao chão as previsões mais catastróficas, fundamentando, de quebra, os ambientalistas ligados à corrente tecnológica-industrial. Sociedade do conhecimento O uso da tecnologia como repositório de informação, substituindo meios estáticos, sugere uma ampliação da malha participativa, maior dinamismo, variedade, volume de informação e, muito provavelmente, definirá uma intrincada repaginação do mapa da empregabilidade, com a extinção de alguns empregos tradicionais e o surgimento de outros, especializados no uso dessas novas tecnologias. É a hora da Sociedade do Conhecimento, um sistema convergente de dados, indexado, rápido e totalmente disponível. É como se fundissem grandes bibliotecas, bancos de teses, trabalhos, propostas, catálogos, guias de referência, tudo num só espaço virtual, com acesso por demanda ilimitado, síncrono ou não. É graças a esse desafio, que já faz parte da realidade, que expressões como “o mundo só tem seis pessoas” passaram de proposições matemáticas a experiências facilmente demonstráveis. Para quem não conhece, a teoria dos “seis graus de separação” foi formulada pelo psicólogo americano Stanley Milgran, em 1967. Ele estudou redes sociais nos EUA e concluiu que uma mé


PRESIDENTE FALA EM DOBRAR, ATÉ 2006, OS INVESTIMENTOS NAS ÁREAS DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO

dia de muito poucos contatos separava quaisquer pessoas do planeta (seis em seu estudo original). Essa conectividade, somada às iniciativas rumo ao desenvolvimento tecnológico, configuram um futuro bastante interessante. Cenário de investimentos O Brasil é detentor, na América Latina, da mais bem arranjada teia de ciência, tecnologia e inovação, sendo, em decorrência disso, responsável por notórias realizações. Talvez os principais feitos, reconhecidos internacionalmente, sejam a exploração de petróleo em águas profundas e os feitos da Embrapa na área de pesquisa, com uma sucessão de recordes acumulados no agro-negócio. Mais recentemente, o país vem investindo em segmentos estratégicos, como a nano e a biotecnologia, com mercado potencial de algumas dezenas de bilhões de reais só nos próximos dez anos. Na esfera governamental, o assunto ganhou contornos acentuados e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fala em dobrar, até 2006, os investimentos nas áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação. Mesmo assim, a conjuntura não é das mais animadoras: além dos recursos escassos, permanecemos com nossas exportações alicerçadas, basicamente, por produtos primários. O percentual das exportações de produtos de alta e média tec-

nologia é de 32,9% (a taxa coreana é de 66,7%). No tocante a tecnologias antigas, o painel é razoável. Dados de 2002 do Índice de Avanço Tecnológico do Relatório de Desenvolvimento Humano da ONU apontam que temos 238 linhas telefônicas fixas e móveis para cada mil habitantes. Registramos cerca de duas patentes por milhão de pessoas (nos Estados Unidos, são 289 e no Japão, 994). O Ministro da Ciência e Tecnologia, Eduardo Campos, tornou público que “os pesquisadores brasileiros respondem por apenas 1,5% da publicação mundial de artigos em periódicos especializados”, com o agravante de que, dos 40 mil profissionais ocupados com P&D nas empresas, menos de 1000 têm doutorado. “Esperamos, com a Lei de Inovação, desenhar o ambiente propício a parcerias estratégicas entre as universidades, institutos tecnológicos e empresas, estimulando a participação de instituições de ciência e tecnologia no processo de inovação e fomentando a inovação nas corporações privadas”, conclui o ministro.

BRASIL REGISTRA CERCA DE DUAS PATENTES POR MILHÃO DE PESSOAS. NOS ESTADOS UNIDOS, SÃO 289 E NO JAPÃO, 994

Ações de empresas O paradigma a ser quebrado está na distribuição dos quadros entre governo e iniciativa privada: nos EUA, 72% dos pesquisadores estão nas empresa e 18%, em órgãos de pesquisa. No Brasil, é justamente o contrário. Nesse desequilíbrio, a comunidade empresarial acena com algumas ações positivas, através de estudos com compostos pneumáticos da multinacional Michelin, com sua fábrica em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, ou de empresas como a Timken, de Nova Friburgo, fabricante de rolamentos e colunas de direção para automóveis e caminhões do Brasil e do exterior, que investem uma parcela considerável do seu orçamento em pesquisa e não mostram o mínimo de arrependimento: “incorporando inovações à nossa linha de produtos, extrapolamos expectativas e exigências legais de segurança e conforto. Graças a isso, estamos ampliando nossa participação junto às montadoras nacionais e conquistamos fatias importantes no mercado exterior”, assegura o Gerente de Engenharia da companhia, Engenheiro Mecânico Carlos Henrique Ferrari Martins. As perspectivas de apoio a esse crescimento existem: de 2004 a 2007, os investimentos totais do governo federal em CT&I alcançarão R$ 37,6 bilhões, 54% a mais que o investido entre 2000 e 2003. Está previsto, também, incentivar o

em revista

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INOVAÇÃO

incremento na participação de agentes públicos e privados no setor, vinculando as iniciativas à política federal para indústria, tecnologia e comércio exterior, com foco

em bens de capital, semicondutores, software e medicamentos, bem como os três “eixos do amanhã” biotecnologia, nanotecnologia e biomassa.

Luz no fim do túnel Lei de Informática (benefícios até 2016) Programa de Apoio à Pesquisa em Pequenas Empresas (Pappe) Programa de Criação de Tecnologia (Criatec) Projeto Mobilizar para Inovar Fundo de Pesquisa de Ciência e Tecnologia (Funtec/BNDES), com recursos da ordem de U$ 60 milhões (ainda em discussão) Lei de Inovação (em discussão no Senado), com o somatório de 10 anos de discussões entre as universidades, os institutos de pesquisa e o setor produtivo. 1ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia 1as Olimpíadas de Matemática das Escolas Públicas Programa Ciências de Todos Prêmio Jovem Cientista Prêmio FINEP de Inovação Tecnológica. O julgamento dos trabalhos já entregues será no próximo dia 9 de setembro e a premiação, no dia 30 do mesmo mês, Dia Nacional da Inovação, sempre na sede da FIRJAN. A cerimônia nacional ocorrerá em Brasília, em 10 de novembro.

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Longa vida à luz

O Engenheiro carioca Paulo Acioly desenvolveu um dispositivo, que batizou de long-alux, capaz de aumentar quatro vezes a vida-útil das lâmpadas fluorescentes tubulares, através de pequenas alterações no reator de partida. Se imaginarmos o que um supermercado gasta com a compra e reposição, digamos, de 1.500 lâmpadas tubulares, já dá para projetar a reviravolta que o aparelhinho pode causar, sem falar no aspecto ecológico, visto que o descarte de lâmpadas é responsável por cerca de 40 milhões de carcaças anuais, exigindo rigoroso controle, devido aos vapores de mercúrio, altamente tóxicos, liberados com a quebra dos tubos. O invento pode, simplesmente, reduzir esse índice, no mínimo, à metade. O longalux tem ART de propriedade intelectual, o que garante a autoria do projeto de engenharia.


Brasil: Recursos do Governo Federal aplicados em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), 1996-2002 Fonte: Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi). Extração especial realizada pelo Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro). Elaboração: Coordenação-Geral de Indicadores - Ministério da Ciência e Tecnologia. Notas: Valores monetários expressos em milhões de R$ de 2002, atualizados pelo Índice Geral de Preços - Disponibilidade Interna (IGP-DI) (médias anuais) da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Brasil: Dados brutos da base de dados da Anpei: despesa média por empresa com Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia Não-Rotineira (P&D&E), 1993-1999 Fontes: Para o período 1993-1998:Anpei. Base de Dados sobre Indicadores Empresariais de Inovação Tecnológica. S.Paulo: Anpei, 1999. Para 1999: Anpei: Indicadores Empresariais de Inovação Tecnológica. São Paulo: Anpei, 2000.

Brasil: Número de pessoas com formação superior dedicadas a atividades inovativas nas empresas industriais, “Universo Anpei”(1), 1993-1999

Brasil: Concessão de patentes pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), segundo origem do depositante, 1995-2002

Fonte: Dados Brutos: Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras (Anpei).

Fonte: Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).

Elaboração: Coordenação-Geral de Indicadores - Ministério da Ciência e Tecnologia.

Elaboração: Coordenação-Geral de Indicadores - Ministério da Ciência e Tecnologia.

Nota: (1) sobre o “universo Anpei” e o método de expansão dos dados primários, ver nota específica.

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CAPA

Aventura e tecnologia O QUE HÁ POR TRÁS DAS EMPREITADAS DO NAVEGADOR SOLITÁRIO Imagine atravessar o Oceano Atlântico, sozinho, num barco a remo. Imagine, então, passar todo o inverno isolado no meio da imensidão antártica, circunavegar o Pólo Sul e fotografar, pessoalmente, diversas imagens da aurora austral. Pense, também, em construir um barco moderno, muito moderno, pela módica quantia de U$ 5 milhões, sem igual no seu país, talvez no mundo. Pense, agora, em desenvolver plataformas de concreto flutuantes para ancoradouros e participar do mais avançado projeto brasileiro com óleo diesel. Muita aventura? Loucura? Pode até ser, mas, acredite, é tudo verdade e essas experiências respondem pelo nome de Amyr Klink, paulista, 48 anos, casado, pai de duas filhinhas, morador de Paraty, no Sul Fluminense.

CREA EM REVISTA chegou a esse administrador de empresas através do Engenheiro Civil Fred Lowndes. Com especialização nos EUA e tendo trabalhado em empresas como a General Motors e o Grupo Votorantin, ao aposentar-se, Fred decidiu abandonar a agitação urbana e refugiar-se em Paraty, onde divide seu tempo entre a administração de sua confortável pousada, construída por ele mesmo, seu escritório de engenharia e os passeios no seu veleiro Cicerone, igualmente protagonista de várias viagens internacionais. Fundador da Associação de Engenheiros de Paraty, foi quem proporcionou o contato com o “capitão Klink” e desfez a idéia de aventura: “Não tem amadorismo nas expedições de Amyr, tudo é meticulosamente planejado. Há uma equipe de técnicos trabalhando, pesquisando e dando suporte. Na terra ou no mar, o importante é ser rápido e sério e ele sabe disso. Seus méritos são resultado disso”. Tecnologia avançada Autor de três best-sellers, um livro de fotos e um documentário, Amyr Klink é um dos nomes mais requisitados, hoje, para palestras em

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todo o país. Seu lado empresarial, sua visão vanguardista e a obstinação por novos desafios sugerem uma série de provocações para corporações dos mais diversos segmentos. De suas propostas, abriu-se um novo horizonte para a engenharia naval brasileira: a embarcação não deve nada a nenhuma estrangeira e a tecnologia empregada é um genuíno orgulho nacional. Muitas das inovações, desde os fundamentos de meteorologia e geografia à construção naval, passando pelas telecomunicações, a fotografia e a parafernália eletrônica, estão presentes nos 28,8 metros de comprimento do Paratii II, um colosso naval assinado pelo engenheiro brasileiro Thierry Stump. O casco chega a ter, em alguns pontos, 2 cm de espessura, devido à necessidade de navegar em áreas com gelo. Os mastros de 32 m são eletrônicos e podem ser controlados com um simples apertar de botões. Para águas rasas, existe um dispositivo que recolhe o leme e a quilha. A casa de máquinas conta com motores MERCEDES BENZ especiais e um mecanismo de refrigeração de baixíssimo consumo de energia, desenvolvido pela EMBRACO. Há equipamentos para aproveitamento de energia eólica e solar e o banheiro possui um sistema especial de descarga, com tratamento de dejetos. Nenhum peso na embarcação é “morto”, não há chumbo para o seu equilíbrio e nenhum tipo de cabo. Os dois mastros de fibra

Paratii II: cascos com 2 cm de espessura para enfrentar geleiras e mastros eletrônicos de 32 m controlados por botões

de carbono e a hidrodinâmica do casco são os responsáveis pela estabilidade. Apesar das dimensões, o veleiro tem a mesma mobilidade de um barco pequeno.

TECNOLOGIA DO BARCO DE KLINK NÃO DEVE NADA A NENHUMA ESTRANGEIRA Todo em alumínio aeronáutico e naval, tem soldagem especial, levando magnésio na composição, protegendo o barco da corrosão e dispensando pintura, o que evita a poluição do mar. O Paratii II é capaz de viajar até dois meses sem uso das velas, graças aos mais de 30 mil litros de diesel anti-congelante da PETROBRÁS. O óleo especial tem alta qualidade de ignição, escoamento a temperaturas inferiores a 10ºC, pode ficar estocado por mais

de 3 anos sem oxidar e nível de emissões quatro vezes menor do que o padrão utilizado nas capitais brasileiras. As severas condições de uso representam o teste ideal e uma antecipação do óleo diesel que será utilizado, a partir de 2006, nas regiões metropolitanas brasileiras, quando passa a vigorar a nova legislação ambiental, que exige a produção de combustíveis com menor impacto ao meio ambiente – “Eles são pessoas espetacularmente sérias”, revela Klink. A preocupação com a eficiência, a conservação de energia, a limpeza e a proteção ao meio ambiente é uma constante: “as condições praticamente obrigam. Meus pais não são brasileiros e, de onde vieram, não há essa abundância de recursos que temos aqui. Assimilei essa cultura. No Brasil, o desperdício é tão grande que chega a ser um afronta. Nas minhas viagens, vi coisas belíssimas como a aurora austral e os cristais de gelo

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CAPA

em suspensão. São semelhantes aos que se formam em freezers, só que com cerca de 9 cm, presos em superfícies de metal. Mas, também vi bastante lixo flutuante. Nas ilhas subantárticas, a presença humana praticamente acabou com as aves, por causa dos ratos que levaram com seus barcos. É visível o retrocesso das geleiras. Da última vez, avistamos campos de gelo a mais de 2 mil km da Antártica, icebergs com 100 km de extensão navegando em alto mar. O planeta está sendo atingido”. Da literatura ao mar Curiosamente, sua trajetória foi meio ao acaso: “Eu nunca tive oportunidade de freqüentar um clube de velas. Os esportes náuticos, no mundo, têm uma popularidade e uma atenção muito maiores do que aqui, porque, lá, se olha não o aspecto esportivo, mas, principalmente, o aspecto educativo da vela. É formadora do caráter dos jovens, mais do que uma oportunidade de esporte. E eu acabei descobrindo o mundo das navegações através da literatura. Na verdade, foi através de um curso de francês, quando eu já tinha uns 20 ou 25 anos de idade. Comecei a ler muito em francês para dominar a língua. Não gostava muito de ler sobre literatura e aí descobri alguns relatos de viagem e fui percebendo que o assunto era interessante. Aos poucos, percebi que muitos tinham passado com seus barcos em Paraty e 16

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notei que muitos dos autores eram pessoas que conheciam muito melhor do que eu a Baía de Paraty. Eram barcos que eu já tinha visitado, que eu acabei encontrando em alguma situação e aquilo foi criando uma paixão. Era o final da década de 60 e, enquanto os americanos estavam no movimento hippie, a França estava num processo interessante e o mesmo movimento se transformou numa corrida para os barcos. E, de repente, todo mundo descobriu que, com quase nenhum dinheiro, se construía um barco no quintal de casa e saía pelo mundo”. Dessas viagens que, mais tarde viraram livros, soube de um francês que tinha atravessado o Atlântico Norte e se impressionou pelo planejamento, pelas características do barco e a logística. Criticando a idéia, tomou conhecimento de uma corrente que permitia uma travessia equivalente no Atlântico Sul. Foi assim que surgiu a idéia de percorrer, remando, a Travessia Raymond, valendo-se de zero de experiência (nunca tinha feito uma travessia oceânica) e muito estudo. Foi mais ou menos nessa época que começou a estabelecer contatos com profissionais da área tecnológica, engenheiros, projetistas navais, deixando escapar algumas críticas. “Os engenheiros têm uma informação muito fechada, principalmente na engenharia naval. Eu falo isso de brincadeira, provavelmente, muitos engenheiros vão me

atirar pedras na cabeça, mas o problema é que, em geral, ele se fia exclusivamente ao conjunto de normas e regras que aprendeu e tenta impor isso ao longo da sua vida, em todos os momentos. Não consegue admitir, por exemplo, um conceito novo. Posso garantir que 99,9% dos engenheiros navais estudando hoje no Brasil, nunca construíram um barco com as próprias mãos, não sabem laminar uma peça, nunca montaram um molde pra fazer laminação ou fez o processo completo sozinho. Quando tem chance, o faz junto com dez amigos, na oficina, no estaleiro. Manda fazer, mas não sabe como fazer”, completando, em seguida: “quando a gente montou um estaleiro, começou a desenvolver certas tecnologias novas com algumas empresas para poder aplicar e poder formar pessoas. Encomendavase a um escritório de engenharia uma porta estanque a tantos quilos de pressão por centímetro quadrado, todos desenhavam a porta, os fechos, as dobradiças, só que a porta pesava 122 quilos e, para funcionar, não poderia ultrapassar vinte. Então, é um lado interessante, aparece esse trabalho de experimentação, principalmente no uso de compostos, materiais, fibra de carbono, todos os múltiplos de epóxi, as resinas, a gente acaba conhecendo pessoas que têm uma habilidade espantosa ou os que têm formação acadêmica e, por alguma


PONTÕES FLUTUANTES

razão, desenvolveram habilidade manual. O Thierry Stump (engenheiro naval), por exemplo, é um profissional que aprendeu todas as etapas necessárias para você transformar um projeto em barco de verdade, porque projetar é uma coisa importante, mas é apenas uma das etapas. Desenvolver a estrutura fiscal, legal e trabalhista é outra etapa que, aparentemente, não tem nenhuma importância, mas que, se você não passar por isso, não vai chegar no final. Ele sabe trabalhar com fornecedores diferentes para problemas diferentes, conhece todas as etapas necessárias para você chegar e transformar uma idéia numa obra pronta. Assina a maior parte dos projetos que a gente faz aqui, mas sua presença vai muito além disso, representa a solução de engenharia para problemas”. Para o navegador solitário, o Brasil detém tecnologia suficiente para desenvolver máquinas ousadas, com um custo operacional mínimo. Perguntando sobre qual será a próxima empreitada, Amyr Klink surpreende, mais uma vez: já está empenhado em restaurar e dar aproveitamento turístico à mansão em que viveu a família de Thomas Mann, em Paraty. A histórica construção é belíssima, tem mais de 100 anos, fica sobre um platô debruçado no mar e é prato cheio para arquitetos, turistas e curiosos. Palmas para o capitão. (A.A.)

Entre roupas impermeáveis e botas antiderrapantes, a empresa de Amyr Klink apresenta uma inovação capaz de evitar problemas habituais com atracação. Um módulo flutuante com altura constante em relação ao nível da água, facilitando o embarque e desembarque de pessoas e materiais, com tecnologia especial e barata. As normas existentes no exterior, os critérios e as recomendações foram adequados à realidade brasileira e, com preços tropicalizados, pioneiro, 100% nacional, todo em material reciclável e com ancoragem simplificada, o sistema é ecologicamente correto, servindo, ainda, como abrigo para a fauna local. As principais vantagens envolvem o espaço (boa superfície para circulação) e a estabilidade (leves, têm pouca oscilação). Os píeres flutuantes, além de manterem a dinâmica e a renovação hidrica do local, também podem ser utilizados como atenuadores ou quebra ondas flutuantes. Do ponto de vista social, este negócio gera cerca de 7,5 empregos por embarcação, sem contar a otimização e a multiplicação do número de vagas. Economicamente, se tomarmos como exemplo a Hidrovia Paraná-Tietê (2.400 km), quando for realizada a eclusagem de Foz do Iguaçu, este “canal navegável” chegará a cerca de 6.000 km de SP a Mar Del Plata, projetando oportunidades excepcionais.

Plataformas flutuantes com tecnologia especial e barata desenvolvida por Amyr Klink

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ENERGIA

Fontes alternativas PROGRAMA DO GOVERNO PREVÊ INVESTIMENTOS DE R$ 8,6 BILHÕES EM ENERGIA EÓLICA, DE BIOMASSA E HIDRÁULICA

A

instabilidade no fornecimento de energia elétrica experimentada recentemente no Brasil e a crescente preocupação com as questões ambientais levantaram a discussão acerca da importância de promover investimentos em fontes alternativas de produção energética. Sob esta perspectiva, até o final do ano de 2006, o Brasil passará a contar com um potencial de 3.300 MW, gerados por fontes eólica, biomassa e pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Essa é a proposta do Proinfa– Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica – criado em 26 de abril de 2002, pela Lei nº 10.438 e revisado pela Lei nº 10.762, de 11 de novembro de 2003, que estabelece a produção de 1.100 MW por cada fonte e é coordenado pelo Ministério de Minas e Energia. Para a realização do Programa 70% dos investimentos serão garantidos pelo BNDES e o mesmo percentual da produção de energia terá garantia de compra pela Eletrobrás. Com as mudanças determinadas pela Lei nº 10.762, o Proinfa passou a assegurar um maior número de estados na participação do Programa, o incentivo à indústria nacional – 60% do custo total da construção 18

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Esvaziamento de reservatórios ocorre por falta de planejamento

dos projetos devem ser brasileiros – e a exclusão dos consumidores de baixa renda no pagamento da compra da nova energia. Mais de 100 empreendimentos O presidente da Eletrobrás, Silas Rondeau, diz que o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica vai resultar em investimentos de R$ 8,6 bilhões, já que o percentual mínimo de nacionalização dos empreendimentos será de 40%. “Segundo as projeções, a compra de energia ao longo de 20 anos totalizará aproximadamente US$ 12 bilhões, cerca de US$ 600 milhões por ano”,

afirma Rondeau. De acordo com ele, foram selecionados 115 empreendimentos, de um total de 261 apresentados. Os preços para as energia eólica, de biomassa e hidráulica (PCHs) seriam, respectivamente, de US$ 60, US$ 50 e US$ 40. Entretanto, o engenheiro Roberto Araújo, consultor do Ilumina – Instituto de Desenvolvimento Estratégico do Setor Energético, questiona a viabilidade econômica do Programa. Segundo ele, a tarifa de energia no Brasil é uma das mais caras do mundo, equivalendo às pagas no Japão e EUA. “O repasse das contas com os gastos feitos pelo Proinfa, através da compra garantida pela Eletrobrás, certamente vai trazer aumentos significativos para os consumidores”, afirma. Para Araújo, não há demanda de consumo que justifique o tamanho dos investimentos. O que precisa ser feito é um acompanhamento e controle da produção e utilização da energia hidráulica. Ele afirma que antes do “apagão” de 2001, vários especialistas do setor elétrico já tinham alertado para o esvaziamento dos reservatórios das hidrelétricas e que o problema só chegou a tais níveis por falta de planejamento. “O que precisa


Luz Para Todos haver no Brasil é uma política séria de conservação de energia. O Brasil está entre os países com maior índice de transformação da água das chuvas em rios. Seria um absurdo não aproveitarmos esse potencial”, esclarece.

ESPECIALISTA QUESTIONA VIABILIDADE ECONÔMICA DO PROINFA E DEFENDE POLÍTICA SÉRIA DE CONSERVAÇÃO Embora o Ministério das Minas e Energia justifique a criação do Proinfa alegando a privilegiada situação do território brasileiro em termos de utilização de fontes renováveis de energia, o consultor do Ilumina é categórico: “para o mercado cativo, aquele que é obrigado a comprar a energia de um só produtor – no caso nós, a população, só vale a pena estimular a utilização desse potencial onde a demanda supere os gastos com os investimentos. Do contrário, os sistemas isolados de energia (como os propostos pelo Programa) só deveriam ser implantados onde o sistema interligado ainda não tenha chegado”. (V.M.)

Acreditando ou não que a energia produzida por fontes alternativas seja o futuro para o consumo no Brasil, o governo federal sabe que os investimentos na extensão do sistema interligado de energia são fundamentais para o desenvolvimento do país, tendo em vista que, atualmente, dezenas de municípios brasileiros ainda encontram-se excluídos do abastecimento de energia. O Programa Luz paraTodos, também coordenado pelo Ministério de Minas e Energia, tem como objetivo levar energia elétrica para mais de 12 milhões de pessoas até 2008, prevendo um orçamento de R$ 7 bilhões, realizado em parceria com as distribuidoras de energia e os governos estaduais. O governo federal destinará 5,3 bilhões ao programa e o restante será partilhado entre governos estaduais e agentes do setor. Pela atual legislação do setor elétrico, as concessionárias de energia teriam prazo até dezembro de 2015 para eletrificar todos os domicílios sem acesso à energia no Brasil. Entretanto, o governo acredita que, utilizando a distribuição de energia, promoverá, além da facilidade ao acesso a serviços de saúde, educação e abastecimento de água e saneamento, o desenvolvimento social e econômico das comunidades, a redução da pobreza e aumento da renda familiar, o que justificaria a antecipação das metas em 7 anos.

Sistema de energia solar

Sistema de energia eólica

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ARTIGO TÉCNICO

Deslizamentos de encostas

Por Fábio Teodoro de Souza

ESTUDO MOSTRA COMO TÉCNICAS DE MINERAÇÃO DE DADOS PODEM AJUDAR NA PREVENÇÃO DE ACIDENTES NO RIO DE JANEIRO

D

urante o processo de crescimento das grandes cidades, muitas áreas próximas às encostas são ocupadas pela população, devido à urbanização. A ocupação desordenada dos morros altera as características físicas do ambiente natural, provocando a diminuição das áreas de vegetação, o acúmulo de lixo em locais impróprios, etc. A alteração do ambiente natural promove novas configurações dos terrenos íngremes, que se tornam suscetíveis a ocorrências de acidentes geotécnicos (deslizamentos ou escorregamentos) durante as chuvas intensas. Estudos têm mostrado, MENEZES et al. [1], que a cidade do Rio de Janeiro possui características físicas (posição geográfica e topografia) e padrões atmosféricos favoráveis ao desenvolvimento de fenômenos meteorológicos causadores de chuvas intensas. O conhecimento dos padrões existentes entre os diversos fenômenos relacionados aos escorregamentos, permite o estabelecimento de critérios determinan-

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tes para a emissão dos alertas e a conseqüente mobilização das instituições responsáveis para o auxílio à população habitante das regiões das encostas. Em meados dos anos 60, chuvas intensas castigaram toda a cidade do Rio de Janeiro, causando diversos escorregamentos danosos à população. A Figura 1 ilustra um escorregamento ocorrido no mês de Fevereiro de 1967, próximo à Rua das Laranjeiras.

A ALTERAÇÃO DO AMBIENTE NATURAL PROMOVE MUDANÇAS NOS TERRENOS ÍNGREMES, QUE FICAM SUSCETÍVEIS A ACIDENTES GEOTÉCNICOS DURANTE CHUVAS INTENSAS Nessa época então foi criada a Fundação Geo-Rio, com o principal objetivo de elaborar e organizar o plano de proteção das encostas. Mais recentemente, em 1996, a Geo-Rio criou o

Figura 1 – Escorregamento ocorrido em Fevereiro de 1967

Sistema ALERTA-RIO [2], com o objetivo de emitir boletins de alerta à população sempre que houver previsão de chuvas intensas e que possam gerar escorregamentos nas encostas. O sistema de alerta utiliza, em tempo real, imagens de radar meteorológico, dados de estações pluviométricas instaladas no município e de estações meteorológicas, imagens de satélite etc. Os dados são analisados por geotécnicos e meteorologistas. A implementação dos novos modelos desenvolvidos com as técnicas em Data Mining deveria manipular os dados relacionados aos acidentes geotécnicos de forma automática, gerando relatórios de análise em tempo real e contribuindo com informações úteis para o processo de tomada de decisão. Os relatórios anuais da GEO-RIO [3] descrevem os re-

gistros de escorregamentos. Em cada registro são anotados o bairro em que ocorreu o acidente, a data, a hora, a tipologia do acidente, o volume escorregado e as conseqüências causadas pelos escorregamentos. O presente estudo analisou o histórico de escorregamentos ocorridos entre 1998 e 2001, totalizando 1266 registros. O banco de dados ainda foi enriquecido com a condição de “Não Ocorrência”, para que os modelos também identificassem os padrões de chuva que não provocam acidentes. Cada registro foi associado a diversos índices de chuva acumulada (ICA) e às características do solo onde foram deflagrados os acidentes. Foram calculados ICA´s, referentes à 15, 30, 45, 90 minutos; 1, 2, 3, 4, 6, 8, 12 horas e 1, 2, 3, 4, 5 e 6 dias, SOUZA e EBECKEN [4], [5] e [6]. Os dados de chuva, medidos a cada 15 minutos, foram obtidos da rede automática de 30 pluviômetros instalados no município do Rio de Janeiro. As características do solo foram extraídas do banco de dados da SMAC [7], que monitora diversos parâ-

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ARTIGO TÉCNICO

Figura 2 – Imagem do Satélite LANDSAT do município do Rio de Janeiro

metros para cada um dos 159 bairros existentes no município. A figura 2 ilustra uma imagem de satélite utilizada pela SMAC no levantamento das características do solo. A Figura 3 ilustra a divisão do município considerando a rede pluviométrica (esquerda) e a divisão atualmente adotada pela Geo-Rio (direita). Metodologia e Resultados Foram construídos modelos SOUZA and EBECKEN [8] utilizando as técnicas em Data Mining considerando três abordagens: (1) predição de escorregamentos com redes neurais artificiais (RNA) e com regras de classificação, (2) predição de escorregamentos com regras de associação e (3) predição do volume de chuva nos próximos minutos, horas ou dias. Todos os modelos construídos obtiveram boa performance de pre-

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Figura 3 – Áreas para previsão de escorregamentos

dição. A Figura 4 ilustra o resultado da predição do volume da chuva nas próximas 6 horas usando RNA. Este modelo de predição do volume das chuvas nas próximas 6 horas, pode ser acoplado à regra de associação descoberta pelas técnicas de Data Mining, LIU et al [9]. Em 117 vezes que o ICA ultrapassou 43.7 mm, ocorreram acidente em 90.6 % das vezes. Trabalhos Futuros A metodologia de análise de-

senvolvida apresenta bons resultados, mas certamente atingirá melhor performance com a inserção de novos dados. Pretende-se ainda melhorar a acurácia dos modelos utilizando técnicas de ponderação, DUDA et al [10], Boosting, TING and ZHENG [11] e Bagging, HAN and KAMBER [12], e construiindo um sistema computacional que disponibilizaria um mapa com níveis de risco, em tempo real, em função dos níveis de chuva medidos.


Referências: [1]

MENEZES, W. F., et al., 2000, “Estudo do Ambiente Favorável à Propagação de Sistemas Convectivos de Mesoescala sobre o Município do Rio de Janeiro”, In XI Congresso Brasileiro de Meteorologia, Rio de Janeiro.

[2]

ALERTA-RIO, 1996, “Condições das Chuvas e Probabilidade de Escorregamentos no Município do Rio de Janeiro”, http://www2.rio.rj.gov.br/georio/site/alerta/alerta.htm.

[3]

GEORIO, 1998 a 2001, Relatórios de Escorregamentos, In: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro.

[4]

SOUZA, F. T., EBECKEN, N. F. F., 2003, “A Data Mining Approach for Landslide Analysis Caused by Rainfall in Rio de Janeiro”, International Conference on Slope Engineering, pp.611-616, 8-10 December, Hong Kong.

[5]

SOUZA, F. T., EBECKEN, N. F. F., 2004, “Preparação de Dados de Chuvas Intensas utilizando técnicas de Mineração de Dados”, Revista Brasileira de Recursos Hídricos, pp. 181-187, vol. 9, número 2, Julho, Porto Alegre.

[6]

SOUZA, F. T., EBECKEN, N. F. F., 2004, “Landslides Data Preparation for Data Mining”, IX International Symposium on Landslides, pp. 429-434, June 28 to July 2, Rio de Janeiro.

[7]

SMAC, 1999, Mapeamento e Caracterização do uso das Terras e Cobertura Vegetal no Município do Rio de Janeiro entre os anos de 1984 e 1999, In: Secretaria Municipal de Meio Ambiente, Prefeitura do Rio de Janeiro.

[8]

SOUZA, F. T., EBECKEN, N. F. F., 2004, “A Data Mining Approach to Landslides Prediction”, Paper accepted at the Data Mining 2004, Fifth International Conference on Data Mining September, Malaga, Spain.

[9]

LIU, B., HSU, W., CHEN, S., MA, Y., 2000, “Analyzing the Subjective Interestingness of Association Rules”, IEEE, University of Singapore.

Figura 4 – Predição do volume de chuva nas próximas 6 horas

Regra 10: SE ICA (6 horas) > 43.7 mm, ENTÃO Acidente (9.2% 90.6% 117 106)

Entre 1998 e 2001, foram registrados 1.266 escorregamentos no Rio de Janeiro

Agradecimentos: À FAPERJ pelo financiamento e às instituições que forneceram os dados: GEORIO; SMAC; DHN; SERLA; INMET; UERJ; UFRJ; Wyoming University; DECEA; CPRM.

[10] DUDA, R. O., HART, P. E., STORK, D. G., 2001, Pattern Classification, Wiley Interscience. [11] TING, K. M., ZHENG, Z., 1998, “Boosting Trees for Cost-Sensitive Classifications”, Tenth European Conference on Machine Learning, LNAI-1398, Berlin, pp. 190-195. [12] HAN, J., KAMBER, H., 2001, Data Mining - Concepts and Techniques. Resumo da tese de doutorado, defendida na Coppe/UFRJ, intitulada “Predição de Escorregamentos das Encostas do Município do Rio de Janeiro Através de Técnicas de Mineração de Dados”.

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ENTREVISTA

De olho nas novas leis

T

ramitam hoje no Congresso Nacional cerca de 200 projetos de leis de interesse dos profissionais e do Sistema. Com o intuito de qualificar o trabalho de acompanhamento das matérias legislativas, o Confea criou, há 11 anos, uma Assessoria Parlamentar. O objetivo da Assessoria, além da identificação das proposições e do acompanhamento do processo legislativo, é também de atuar no Legislativo de modo a interferir na aprovação ou rejeição dos projetos, de acordo com o posicionamento e manifestação do Sistema Confea/Crea frente a cada matéria. O resultado desse trabalho já apresenta resultados expressivos. Projetos que levavam anos para o Confea apresentar um posicionamento, hoje são apreciados em poucos meses, com a participação de todo o Sistema. Nesta entrevista, Carlos Murilo Frade Nogueira, arquiteto e assessor do Confea para assuntos parlamentares, faz uma análise sobre os principais projetos de leis em tramitação no Congresso. Crea em Revista - Quais são os principais projetos para o Sistema que tramitam hoje no Congresso Nacional? Carlos Frade - O Sistema sempre atuou no Congresso muito mais para defender sua legislação do que 24

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para aperfeiçoá-la ou propor novas leis. Há matérias positivas e de grande importância para o exercício das nossas profissões e para a sociedade. Dessas, eu destacaria o projeto da Engenharia Pública - PL 889/03, do deputado Zezéu Ribeiro; o PLS 117/03, do senador Sibá Machado, que corrige, com a revogação da Lei 7.399/85, uma antiga distorção na regulamentação das atividades dos geógrafos; o PL 5979/01, que regulamenta a Inspeção Técnica Veicular; o PL 6699/ 02, que tipifica como crime o exercício ilegal de nossas profissões, além dos diversos projetos que instituem políticas nacionais, como a de Saneamento, a de Resíduos Sólidos, a de Mobilidade e Acesso ao Transporte, a de Segurança e Saúde do Trabalho, entre outros. Quanto aos projetos nocivos ao Sistema, ressaltaria o que regulamenta a profissão de Mestre de Obras (PLS 18/ 03) e todos aqueles que criam novos conselhos, mesmo que relativos a profissões alheias ao Sistema. Crea em Revista - Entre eles, quais já estão em fase final de decisão? Carlos Frade - Acredito que depois do recesso legislativo de julho, até o final do ano, o Congresso deve aprovar o projeto da Inspeção Veicular, que deverá abrir um bom campo de trabalho para técnicos e engenheiros mecânicos e propiciar

maior segurança do trânsito, o projeto da nova Lei de Falências, além do projeto das Parcerias Público-Privada, o chamado PPP, que poderá incrementar os empreendimentos da construção em geral. Outra matéria na agenda do Congresso e do governo é o da Biossegurança. Apesar de ser um tema abrangente e polêmico, há uma clara disposição política de levá-lo adiante. Crea em Revista - Em que consiste o projeto de recuperação judicial e extrajudicial de empresas, conhecido como a nova Lei de Falências (PLC 71/03)? Carlos Frade - Na verdade esse projeto não afeta diretamente os profissionais do Sistema. É uma norma mais de cunho econômico e social, cujo objetivo é tentar recuperar empresas em processo de concordata, resguardando ao máximo os direitos dos consumidores afetados pela falência das empresas. O Confea acabou interferindo no trâmite desse projeto porque na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado foi aprovado um substitutivo que atribuía somente ao profissional contabilista a competência para realizar a avaliação dos bens e ativos do devedor. Ou seja, criava uma reserva de mercado para uma única categoria. Isso descartaria do processo o engenheiro de avaliação que, em alguns casos e em determinadas fases, tem impor-


SISTEMA CONFEA/CREA ACOMPANHA PROJETOS DE INTERESSE DOS PROFISSIONAIS EM DISCUSSÃO NO CONGRESSO NACIONAL

tante papel no processo de avaliação de bens tangíveis (imóveis e equipamentos). Crea em Revista - Existe no Congresso o PL 889/03, cujo objetivo é dar assistência gratuita em programas para construção de moradias econômicas. O Crea-RJ já realiza, junto com as Prefeituras Municipais e as Associações de Engenheiros e Arquitetos, o Projeto “Casa Da Gente”, que visa a dar assistência técnica direta e gratuita a projetos de obras populares, com interesse social, como construção e reforma de moradias. Como seria na prática, caso seja aprovado, a implementação do projeto em todo o Sistema? Carlos Frade - Essa é uma iniciativa do deputado Zezéu Ribeiro (PT/BA) que prevê a instituição de um Programa Nacional de Assistência Técnica à Moradia Econômica (ATME). Porém, não atribui a responsabilidade da implementação ao Sistema Confea/ Crea. A intenção é exatamente de viabilizar e incentivar programas como esse do Crea-RJ, cabendo a iniciativa sempre ao poder público. E aí, não entra só o poder público municipal, mas também o estadual e o federal. Crea- em Revista - Os projetos PL 3156/92 e PL 2634/92 defendem a extinção da cobrança

da ART. Como o Confea vem atuando em relação a estes projetos e ao dos Geógrafos? Quais as conseqüências caso sejam aprovados? Carlos Frade - O projeto da ART é o mais antigo problema do Confea no Congresso. A receita da ART permite aos Creas manterem um valor de anuidade quase três vezes menor daquela paga pelo médico e cerca de quatro vezes menor do que a da OAB. A taxa constitui, assim, um fator socializante das despesas dos profissionais com o Sistema, já que, com ela, acaba pagando mais quem de fato demanda mais serviços de fiscalização prestados pelo Crea. E esse é o grande argumento que se tem para defender a manutenção da cobrança da ART. Outra atuação recente do Confea foi elaborar e encaminhar ao senedor Siba Machado o projeto dos geógrafos. Vale dizer que a revogação da Lei nº 7.399/85, que permite aos mestres e doutores em Geografia (mesmo sem a graduação) o registro e a atuação plena da profissão, é uma reivindicação da categoria há quase 20

anos. E nesse processo de luta, que somente uma nova lei poderá resolver o problema, o Crea-RJ teve papel crucial desde o início, pois a partir da sua insistência que se culminou com a apresentação do projeto no Senado. Crea em Revista - O Confea adotou há pouco tempo uma nova sistemática interna de acompanhamento dos projetos de interesse do Sistema. Como vem funcionando e como o senhor qualificaria a participação do Sistema nesse novo processo? Carlos Frade - De fato, há mais de um ano temos trabalhado com uma nova rotina interna de análise e deliberação da matéria legislativa. Foi uma conquista importante, já que, além de definir etapas, prazos, responsabilidades e modos de operação, o sistema implantado pela Portaria 59/03, do Confea, garante não só a transparência do processo como também a participação de todos aqueles que compõem o Sistema. Assim, com a nova rotina, tudo isso ficou mais claro, mais rápido e mais organizado. (T.L.)

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SANEAMENTO

Pesquisa e prática

na busca da qualidade de vida

N

um momento em que o Brasil está perto de ver aprovado pelo Congresso o Anteprojeto da Política Nacional de Saneamento, iniciativas como o Centro Experimental de Tratamento de Esgotos do Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente (CETE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) demonstram que a utilização indiscriminada dos recursos hídricos, o alarmante número de 60 milhões de brasileiros que não possuem rede de coleta de esgoto e a poluição descontrolada produzida por dejetos in natura não são mais apenas preocupações para o futuro. Apoiado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e a FINEP, o CETE é uma central de operações, processos e tecnologias de tratamentos de esgotos, voltado para o

ensino e pesquisa de graduação e pós-graduação dos cursos do Instituto Politécnico e da COPPE – Coordenação de Pós-graduação e Pesquisa de Engenharia. Tem ainda a função de centro de capacitação e treinamento em operação e manutenção de estações de tratamento de esgotos, visando a assistir às empresas e concessionárias públicas e privadas, que prestam serviços de saneamento e de tratamento de água. Tecnologias monitoradas O CETE está localizado na Ilha do Fundão e o material para estudo vem da estação elevatória do Fundão (CEDAE), que recebe os esgotos coletados de toda a cidade universitária. No Centro, o esgoto é distribuído por diversas tecnologias diferentes, as

quais são monitoradas e analisadas, em separado, por estudantes bolsistas de iniciação científica, mestrandos e doutorandos de diferentes especialidades. De acordo com o professor e coordenador do CETE, o engenheiro sanitarista Eduardo Pacheco Jordão, a importância das pesquisas e dos treinamentos realizados no Centro refletirá no aumento das taxas de distribuição de água e esgoto para a sociedade. “Da população urbana no Brasil, apenas 25% são servidos por esgoto. Se apenas esta parcela é atendida, significa que há uma imensa defasagem no atendimento e de mão-de-obra especializada. Por isso não estamos apenas fechados para a pesquisa e o ensino, buscamos também oferecer treinamento aos funcionários de empresas interessadas”, afirma.

O CETE foi desenvolvido pelo Departamento de Recursos Hídricos e Meio Ambiente da UFRJ 26

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Projeto em debate

Soluções para quem precisa O desenvolvimento das diferentes tecnologias empregadas para o tratamento de esgoto visa a encontrar caminhos que facilitem a implantação e barateiem os custos com este serviço. “O CETE trabalha no aprimoramento e desenvolvimento de tecnologias novas ou alternativas, que possam oferecer menores custos e maior eficiência. Queremos dividir com quem precisar as soluções que encontramos com nossos estudos”, analisa o professor.

CENTRO EXPERIMENTAL DE TRATAMENTO DE ESGOTOS APRIMORA TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS PARA AUMENTAR EFICIÊNCIA E REDUZIR CUSTOS DO SERVIÇO Além de pesquisas em sistemas de tratamento de esgoto propriamente ditas, o CETE realiza diversos estudos em áreas complementares, como é o caso da parceria feita com a EMBRAPA com recursos da FINEP, para o desenvolvimento da cultura de milho com esgoto tratado. O objetivo é minimizar o uso da água tratada durante o plantio dos grãos. O professor Jordão afirma que, além de evitar o desperdício de água potável durante a ir-

rigação das plantações, os resíduos de fósforo, potássio e magnésio, entre outros minerais, tornam a água utilizada muito nutritiva para o cultivo. Sobre a importância da participação da universidade na busca e orientação de soluções para os problemas sociais, o professor Jordão alerta: “estamos voltados para o estudo e determinados a ceder a tecnologia pesquisada. Todos temos que estar comprometidos. A UFRJ é uma universidade pública e é parte de nossa responsabilidade trabalhar para o bem de toda a sociedade”. (V.M.)

Centro também é usado para capacitar mão-de-obra

CETE fez parceria com EMBRAPA para desenvolver cultura de milho com esgoto tratado

O Congresso brasileiro se prepara para votar a Nova Política Nacional de Saneamento Ambiental, após quase dez anos de discussões acerca de um modelo adequado e democrático. De acordo com o presidente da Federação Nacional dos Urbanitários, José Eduardo de Campos Siqueira, o texto do Anteprojeto é um avanço, pois cria toda uma regulamentação para o setor – à qual todas as empresas prestadoras terão que se adequar, além de compreender serviços como saneamento ambiental, abastecimento de água, esgotamento sanitário, manejo de resíduos sólidos e manejo de águas pluviais urbanas, promovendo uma visão integrada dos serviços envolvidos. José Eduardo aposta no sucesso do Anteprojeto e na universalização do saneamento proposta pela lei, mas faz críticas à possibilidade de empresas privadas assumirem o serviço. “Acreditamos na vontade do governo em levar saneamento e água a toda a população. Mas acredito que o setor deveria ser preservado sob o domínio público. Queremos evitar a mercantilização. Afinal, qual empresa que objetiva o lucro vai querer subir uma favela para levar esgoto para uma pessoa que poderá ser inadimplente? Todo o dinheiro arrecadado deveria ser reinvestido a fim de melhorar cada vez mais as condições apresentadas. E é claro que, numa empresa particular o grosso do dinheiro vai ser revertido como lucro e não em investimentos”, finalizou.

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RESPONSABILIDADE SOCIAL

Ações devem começar dentro da empresa

“P

ara promover ações sociais, uma empresa deve antes estar preocupada na relação justa de trabalho com os seus funcionários. A diversidade existente no Brasil tem de ser representada dentro da própria empresa”. Assim acredita Núbia Gonçalves, coordenadora de Relações Institucionais do Ibase. Fundada em 1981, sob a liderança do sociólogo Herbert de Souza, a instituição sem fins lucrativos tem como um de seus objetivos incentivar as empresas brasileiras a se envolver com as questões sociais. “O trabalho precisa ser transparente, prezando a ética empresarial, combatendo as desigualdades e respeitando as diversidades”, afirma a coordenadora.

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O balanço social, campanha lançada em 1997 pelo sociólogo Betinho, que presta contas à sociedade sobre as ações das empresas no campo social, tornou-se um modelo importante para a divulgação dos princípios éticos das instituições. No programa elaborado pelo Ibase, a empresa revela para o público o que faz por seus profissionais, dependentes, colaboradores e comunidade. Afinal, “não adianta estar fazendo belos projetos sociais nas comunidades se internamente a relação com os funcionários não é justa”, explica Núbia. Projeto de sucesso Diversas empresas passaram a assumir esta postura social no Brasil. Um das primeiras foi o Institu-

to Xerox, que através de projetos comunitários de sucesso com o da Vila Olímpica da Mangueira, em 1996, vem colhendo os frutos desta iniciativa. Considerado um dos melhores projetos sociais de países do Terceiro Mundo, a vila oferece assessoria jurídica e fisioterápica à comunidade e abriga um posto médico que também atende outras comunidades e da Baixada Fluminense. No campo esportivo, o centro olímpico, com uma área de 35 mil metros quadrados, abriga diversas quadras poliesportivas de atletismo. O projeto, que favorece cerca de 1.500 crianças por ano, pede, como principal condição para o ingresso na Vila, que o menor esteja devidamente matriculado nas esco-


Selo de RResponsabilidade esponsabilidade Social Crea-RJ: inscrições já começaram

las, evitando assim o abandono dos estudos e incentivando o ensino. Para o diretor do Instituto Xerox, José Pinto Monteiro, o sucesso de projetos como o da Vila Olímpica da Mangueira pode ser explicado pela iniciativa da própria comunidade que, junto com funcionários da própria empresa, construíram e desenvolveram o projeto em conjunto. “Durante esses quase 20 anos, o compromisso, a participação efetiva da comunidade e suas lideranças comunitárias formaram a base do sucesso”, afirma. Para ele, o desempenho e a aceitação do projeto na Mangueira só foi possível com a ajuda de figuras importantes da comunidade. “Só com a liderança da Tia Alice, a aprovação e empenho de Dona Zica e Dona Neuma e as demais personalidades da Mangueira que o projeto criou valores importantes que o diferenciaram de uma proposta de transformação daquela política pública compensatória”, reconhece. José Monteiro Pinto, no entanto, parece não se preocupar com o marketing social gerado com a divulgação destas iniciativas na mídia. “Quanto mais se divulga as ações sociais de uma fundação ou empresa, um número maior de pessoas passa a se preocupar com o assunto”. Porém, a única preocupação do empresário é na obrigatoriedade de estar sempre publi-

cando estas atividades. “Deste jeito, algumas organizações ainda em desenvolvimento assumem uma postura socialmente responsável apenas por obrigação e esta não é a proposta”, diz.

XEROX FOI UMA DAS PIONEIRAS, PATROCINANDO PROJETOS COMUNITÁRIOS DE SUCESSO, COMO O DA VILA OLÍMPICA DA MANGUEIRA Dentre os outros projetos sociais criados pelo Instituto Xerox estão a “Biblioteca Digital” que, com a evolução da tecnologia, permitiu a reedição de títulos esgotados e a publicação de obras inéditas para o suporte digital. Para a publicação de obras produzidas pela comunidade literária e acadêmica, o projeto “Fábrica de Livros” fez-se necessário, imprimindo os trabalhos no tempo e na quantidade que o autor preferir. Outra iniciativa na área cultural está o Centro Cultural Cartola que, com o apoio do Ministério da Cultura, apóia a arte, a educação e a cultura, estimulando a inclusão do indivíduo na sociedade e o preparando profissionalmente. (P.C.)

O reconhecimento de ações de responsabilidade social que ocorrem dentro das empresas da área de tecnologia foi o que motivou o CreaRJ a criar o “Selo de Responsabilidade Social”. Com esta iniciativa, o Conselho pretende distinguir, anualmente, as empresas de Engenharia, Arquitetura e Agronomia, Geologia, Geografia e Meteorologia que desenvolvem ações que estimulam, principalmente, a aplicação do “Primeiro Emprego Tecnológico”, da “inclusão tecnológica”, dos princípios da “Agenda 21” e atendam às funções sociais do “Estatuto das Cidades”. Segundo o presidente do Crea-RJ, a formulação do Selo de Responsabilidade Social para a área tecnológica foi baseada “em alguns princípios do código de ética dos profissionais do Sistema Confea/Crea que manifestam o compromisso social”. Para concorrer ao Selo com inscrições abertas no período de 16 de agosto a 30 de setembro - o comprometimento das empresas registradas no Crea-RJ deve atender aos requisitos internacionais de responsabilidade social, que não apóia o trabalho forçado, o trabalho infantil e se preocupa com as condições de saúde e segurança dos trabalhadores. “Além do cumprimento das questões inerentes ao exercício profissional”, lembra Reynaldo Barros.

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ARTIGO TÉCNICO

Iluminação natural e economia de energia

Simulação de ambiente planejado para receber luz natural

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Por: Patricia Sales, Sabrina Cordeiro e Wânia Nascimento. Arquitetas especialistas em eficiência energética em edificações.

U

m dos fatores que pode contribuir para o bem estar das pessoas e também para a economia de energia elétrica, em um ambiente construído, é o aproveitamento da luz natural. A sensação de se estar em um ambiente que permita ter contato visual com o meio externo, além de ser agradável, possibilita em determinados horários e condições climáticas, o desligamento da luz artificial, economizando energia. Para isto, o arquiteto tem à sua disposição diversos elementos arquitetônicos para o implemento deste conceito, tendo o cuidado de se analisar diversos fatores para não transformar a construção em verdadeiras “estufas”, ocasionando um “aumento de carga térmica” e conseqüentemente um sistema de ar condicionado com maior consumo de energia. Uma opção muito utilizada em países do hemisfério Norte para o aproveitamento da luz natural, é a light shelf (prateleira de luz). Uma prateleira de luz é um elemento arquitetônico, quase sempre horizontal, incorporado às aberturas em forma de peitoris ou soleiras, que divide uma janela em duas partes: superior, destinada à iluminação; e inferior, destinada à visibilidade e ventilação. A light shelf tem dupla função: sombreamento e redirecionamento da luz difusa para as áreas mais profundas e distantes da janela,

minimizando a necessidade do uso extensivo de iluminação artificial. Podem ser construídas com diferentes materiais (alumínio, chapas de ferro ou outros materiais metálicos, de concreto armado, de material plástico e de madeira) e em diferentes cores. Devido às suas características atendem simultaneamente a: possibilidade de ser elemento dinâmico, variando o ângulo de inclinação de acordo com os horários, visando direcionar melhor a iluminação; execução possível de ser harmonizada com o projeto da edificação; custo de execução compensado pela redução na sua manutenção, durabilidade em relação a persianas e cortinas usadas para sombreamento; situada acima da linha de visão, permitindo contato com o exterior; consequente melhoria da qualidade visual do ambiente. Podem, ainda, ter formas planas ou curvas e estar posicionadas na horizontal ou inclinadas em relação às fachadas, além da possibilidade de ser exterior, interior ao ambiente ou ambas. Critérios para utilização A estratégia de utilização desses elementos numa composição arquitetônica leva em consideração os critérios a seguir: orientação solar da fachada; ângulo do fluxo luminoso incidente em relação a superfície das estantes, que muda con-

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O CUSTO DE EXECUÇÃO DAS PRATELEIRAS DE LUZ PODE SER COMPENSADO PELA SUA DURABILIDADE

Figura 1 – Estante de Luz Inclinada FONTE: Eficiência das Estantes de Luz nas Aberturas – José Arthur Fell

forme à hora dia, o mês do ano e a orientação da fachada; refletâncias das estantes; profundidade de penetração do fluxo luminoso refletido no ambiente; distribuição da iluminância natural resultante no interior do ambiente; carga térmica resultante do fluxo luminoso que incide sobre a estante de luz e penetra no ambiente. Devem ser considerados diversos parâmetros para a otimização da reflexão da luz, como: altura do ambiente; profundidade; requisitos de sombreamento; posição dos vidros; acabamentos e refletâncias; inclinação das prateleiras; métodos usuais de construção, que fazem parte de uma análise detalhada própria de qualquer equipamento de iluminação. A iluminância uma vez refletida, se distribui no interior do ambiente de acordo com sua profundidade e com as refletâncias nas superfícies interiores. Conforme a distribuição 32

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do fluxo luminoso, tem-se a diminuição do fluxo luminoso (lux) incidente em uma superfície, proporcional ao aumento da distância entre a fonte emissora e a superfície receptora. Pode-se entender melhor a distribuição de iluminância em um ambiente através de uma representação gráfica com curvas isolux traçadas em plantas ou em elevações. A unidade de medida desta representação gráfica é o CLD (Coeficiente da Luz do Dia). O CLD pode ser descrito como uma relação percentual entre a iluminância em um ponto de um plano horizontal no interior de um ambiente (EP) (excluída a luz direta do sol) e a iluminância total e simultânea em um plano horizontal sob a abóboda celeste desobstruída (EE) – segundo as descrições de MOORE (1985, p.79) e MASCARÓ (1991, p.134). CLD = ( EP / EE ) . 100

Pode-se perceber, na figura 2, o comportamento da iluminância no interior do ambiente através da utilização de elementos junto à abertura. A colocação de uma estante de luz reflete a radiação solar para o interior do ambiente e minimiza o ofuscamento próximo à abertura. As estantes de luz permitem uma melhor distribuição da luz; mais uniforme. E sendo estrategicamente posicionadas e dimensionadas, podem contribuir para a redução de uso da luz artificial no fundo dos ambientes. Carga Térmica Dependendo da incidência de radiação solar as estantes de luz nas janelas dos edifícios ganham carga térmica. A absorção e a emissão de calor dependem da densidade dos materiais, da capacidade de con-

Figura 2 – Gráfico A: curva isolux para abertura larga. Gráfico B: curva isolux para abertura larga com estante de luz. A curva resultante com estante de luz diminui a iluminância na frente junto à abertura e a aumenta no fundo da sala. FONTE: Eficiência das Estantes de Luz nas Aberturas – José Arthur Fell


duzir calor e de sua capacidade térmica, absorvendo e depois emitindo calor para o ambiente.

A PRATELEIRA DE LUZ (LIGHT SHELF) É OPÇÃO MUITO UTILIZADA EM PAÍSES DO HEMISFÉRIO NORTE PARA O APROVEITAMENTO DA LUZ NATURAL A umidade aumenta a condutibilidade dos materiais mais utilizados na construção e diminuem sua resistência térmica. As estantes de luz que vierem a ser feitas em materiais como concreto, tijolo e reboco, ou madeira, terão sua condutibilidade térmica, no mínimo, dobrada quando úmidas, a menos que sejam impermeabilizadas. O ideal seria utilizar-se das espumas sintéticas, dos expandidos e dos isolantes, por terem pouca massa específica, junto com baixa condutibilidade e revestidas com uma lâmina de baixa emissividade, como o alumínio polido, por exemplo, que é um bom refletor. Fachada: posição das estantes de luz Possibilidades de localização das estantes de luz no peitoril em relação ao eixo da parede: projetada para fora, no eixo e para dentro. Pode-se dizer que, de maneira geral, as posições das estantes em re-

lação ao eixo da parede e ao ambiente faz com que: mais para fora = mais ofuscamento: mais luz de fundo; mais para dentro = menos ofuscamento: menos luz de fundo A comparação acima mostra que no caso de uma posição intermediária, pode-se conseguir maior equilíbrio das iluminâncias. Entretanto para cada edificação, na qual se venha a estudar detalhadamente os resultados quanto ao posicionamento e formas das estantes de luz, podem surgir novas possibilidades e resultados específicos. As regras acima são gerais, comuns a várias situações, servem como indicadores básicos, mas não

devem ser utilizadas a priori numa abordagem específica. As estantes de luz pivotantes (móveis em relação ao eixo da parede) podem ser em alguns casos, mais eficientes que as fixas, já que refletem em uma seqüência de inclinações os raios solares e podem ser utilizada como artifícios para a solução da questão. Estante X eixo da parede Existem sete situações básicas com diferentes relações entre a estante de luz e o eixo da parede. De todas resultam espaços limitados pelas medidas da estante e funcionam como uma reserva de espaço interno sobre a light shelf e para o ambiente.

Figura 3 – As sete posições da estante de luz e o espaço (nicho) resultante que serve de armário, balcão e para aparelhos de ar condicionado. FONTE: Eficiência das Estantes de Luz nas Aberturas – José Arthur Fell

Conclusão – Salienta-se que o emprego da light shelf deve ser muito bem estudado. Não adianta sair copiando elementos e estilos usados em outros países onde o clima é completamente diferente do nosso. Há ferramentas computacionais disponíveis e profissionais especializados para efetuar este estudo e determinar se a solução irá funcionar adequadamente, produzindo o conforto visual e térmico necessário, além da desejada economia no consumo de energia.

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SEGURANÇA DO TRABALHO

PrevenRio reacende

debate sobre valorização da Engenharia de Segurança

A

inspeção em um tanque separador de óleo e água, de 2 metros de profundidade, era uma das funções do Engenheiro Metalúrgico Gil Portugal Filho na Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta Redonda. Em 1991, enquanto caminhava pela mureta que cercava um destes tanques, resolveu descer por um lado não recomendado: um chão não nivelado de 40 centímetros de altura. “Meus pés bateram juntos, caindo sobre uma altura diferente uma da outra. Senti uma forte dor na perna direita”, conta Gil. “De noite, não consegui dormir. Fui ao hospital perto de casa e deixei escapar para o médico que o acidente tinha acontecido na siderúrgica”. Porém, esconder o acontecido, numa tentativa de evitar a burocracia que requer o preenchimento de inúmeros papéis, não adiantou. “Ele [o médico] chamou na mesma hora a ambulância da CSN e tive que ser tratado no hospital da companhia. E relatar todo o acidente”. O engenheiro, hoje coordenador da Câmara de Engenharia Industrial do Crea-RJ, reconhece a indisciplina. “Naquela época, por preguiça, não escolhi o lugar correto para descer do tanque. Tive uma atitude imprudente ao saltar daquela altura”, admite. Relatos como esse foram ouvidos por profissionais e autoridades do setor de Segurança e Saúde do Trabalho que, no início do 34

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mês de julho, estiveram presentes na PrevenRio. A feira de prevenção, realizada pela primeira vez no Rio de Janeiro, marcou o encontro de 10 mil profissionais durante os três dias de exposição e debates. “É necessário dar ênfase, discutir e apoiar estes eventos realizados no Estado que normalmente acontecem no sul do país”, disse o presidente do Sindicato dos Técnicos de Segurança do Rio de Janeiro, Elias Bernardino.

O evento, realizado em conjunto com o VII Seminário Nacional de Bombeiros, abrigou diversos expositores que demonstraram, em arenas montadas ao ar livre, salvamentos de vítimas de incêndio, afogamento (simulados na própria Baía da Guanabara) e o atendimento correto para primeiros socorros. Desatenção do governo A realização de um evento deste porte no Rio de Janeiro promoveu o


debate sobre a área de Segurança e Saúde do Trabalho, que andou enfrentando, no início do ano, ameaças de desmonte feitas pelo governo federal. A tentativa de esvaziamento do Departamento de Segurança e Saúde do Trabalho foi denunciada por toda a sociedade e acabou gerando Audiência Pública organizada pelo Crea no dia 1º de abril, na qual foi reivindicada também a suspensão do decreto que extinguia o cargo de auditor fiscal.

A LUTA PELO FORTALECIMENTO DO SETOR VEM ACOMPANHADA DE UMA BOA RAZÃO: AS MORTES E OS ACIDENTES OCORRIDOS EM AMBIENTES DE TRABALHO SÃO CADA VEZ MAIORES. Após diversas reuniões com o ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, a situação foi amenizada. Em 18 meses de governo Lula, o setor já apresentou seu terceiro diretor, o médico e auditor fiscal do Trabalho, Mário Bonciani. “Já tivemos três profissionais ocupando a área. Isto mostra que o governo de um trabalhador ainda não se acertou nas questões de saúde e segurança dos trabalhadores”, disse o engenheiro

Stand do Crea na PrevenRio, que reuniu 10 mil profissionais

Jaques Sherique, presidente da Sociedade de Engenharia de Segurança do Rio de Janeiro (SOBES-Rio) A luta pelo reconhecimento e a valorização da profissão de engenheiro de Segurança e Saúde do Trabalho vem acompanhada de uma boa razão: as mortes e os acidentes ocorridos em ambientes de trabalho são cada vez maiores. Segundo dados da última pesquisa do Ministério da Previdência Social, o Estado do Rio de Janeiro registrou um aumento de 35% no número de

acidentes de trabalho, passando de 19.148 casos em 2001 para 25.914 no ano seguinte. Desta elevação, a mais expressiva é a do número de doenças do trabalho, que teve um aumento de 44,87%, totalizando 1.653 casos. Diminuir estes números, no entanto, não deve ser uma responsabilidade somente dos profissionais de Saúde e Segurança do Trabalho, mas também de cada cidadão que se preocupa com a vida e o bemestar do trabalhador. (P.C.)

Durante a feira, bombeiros fizeram demonstrações de ações preventivas de segurança

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QUALIFICAÇÃO

Programa Progredir

promove capacitação de profissionais

P

alestras técnicas sobre gerenciamento de projetos, avaliação de impactos ambientais, introdução à legislação urbanística, durabilidade das estruturas na construção civil e técnicas de impermeabilização são algumas das oportunidades de aprimoramento para os profissionais da área tecnológica oferecidas pelo Programa Progredir, implantado em março deste ano pela nova gestão do Crea-RJ. Segundo a coordenadora do projeto, professora Dora Apelbaum, a idéia é promover, através de palestras e cursos, capacitação e atualização dos conhecimentos para um mercado de trabalho cada vez mais competitivo. Em 2004, foram contemplados: Miguel Pereira, Campo Grande, S. Pedro D’Aldeia, Resende, Angra dos Reis, Niteói, Cantagalo, Nova Friburgo e Araruama.

O arquiteto Carlos Eduardo Pimenta da Luz foi um dos participantes do Programa Progredir. Ele assistiu palestras sobre Tubulações de Cobre e Técnicas de Impermeabilização, realizadas neste primeiro semestre, na Inspetoria de Campo Grande, local onde reside. “Para os profissionais essa abordagem técnica é muito importante para a reciclagem do aprendizado. E esta complementação sendo gratuita é melhor ainda”, ressaltou Carlos Eduardo. A primeira palestra da Inspetoria da Barra da Tijuca, em setembro, abordará o tema Concreto de Alto Desempenho e será ministrada pelo engenheiro Geraldo Piccoli. Além disso, o Crea-RJ pretende firmar parcerias e a primeira será com a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), que pretende organizar cursos no espaço físico do Conselho.

“Estamos estreitando os laços para uma relação que vai beneficiar a todos”, afirmou Dora. Outra iniciativa do Crea-RJ pretende integrar estudantes de engenharia, arquitetura, agronomia, geologia, geografia, e meteorologia à instituição, com a proposta de divulgar o sistema, o código de ética e a regulamentação das profissões. Para isso, o Crea-RJ está lançando um concurso para dar título e slogan ao projeto. As inscrições podem ser feitas pelo site www.crearj.org.br, até o dia 15 de setembro. O estudante que criar a melhor campanha para o projeto será um convidado especial na delegação do Crea-RJ ao 5º Congresso Nacional dos Profissionais do Sistema Confea/Creas, a ser realizado em dezembro deste ano, em São Luiz do Maranhão, podendo, ainda, optar por dois cursos oferecidos pelo Conselho. (M.O.)

Confira a agenda de cursos e palestras do Programa Progredir:

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EVENTO

TIPO

LOCAL

DIA

HORÁRIO

DOCENTE

Avaliação de Impactos Ambientais e o Processo de Licenciamento

Palestra

Inspetoria Regional de Duque de Caxias

31 de agosto

18h às 20h

Engenheiro Pedro Paulo de Lima e Silva

Concreto de Alto Desempenho

Palestra

Inspetoria Regional da Barra da Tijuca

2 de setembro

18h às 20h

Engenheiro Geraldo Piccoli

Uma Solução de Baixo Custo para o Tratamento de Esgotos Sanitários

Palestra

Inspetoria Regional de Niterói

14 de setembro

18h às 20h

Engenheiro Carlos Alberto Branco Dias

Segurança e Educação no Trânsito

Palestra

Inspetoria Regional de Duque de Caxias

21 de setembro

18h às 20h

Engenheiro José Jairo Araújo de Souza

Uma Solução de Baixo Custo para o Tratamento de Esgotos Sanitários

Palestra

Inspetoria Regional de Niterói

14 de setembro

18h às 20h

Engenheiro Carlos Alberto Branco Dias

Legislação Urbanística e Edilícia

Curso

Instalações do CREA

14, 15, 20, 21, 22, 27, 28 e 29 de setembro/ 4 e 5 de outubro

18h às 20:30m

Arquiteto Canagé Vilhena da Silva

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NOTAS

este ano vai até o dia 20 de outubro. Maiores informações no site www.serla.rj.gov.br

Reynaldo Barros e Lúcio Mendonça (inspetor-chefe de Petrópolis)

Inauguração das novas instalações da Inspetoria de Petrópolis O Crea-RJ inaugurou, no dia 20 de julho, as novas instalações da inspetoria de Petrópolis, que passa a funcionar num belo casarão. No salão destinado ao Espaço Cultural, a inspetoria recebeu a exposição “Memória da Destruição: Rio – uma história que se perdeu 1889-1965”. Lançada durante a comemoração dos 70 anos do Crea, a exposição relata, através de fotos, as mudanças arquitetônicas sofridas pela cidade do Rio de Janeiro. Também foi inaugurada a nova sede da APEA, Associação Petropolitana de Engenheiros e Arquitetos. O presidente do Conselho, eng. Reynaldo Barros, foi homenageado com a medalha alusiva ao único ganhador do prêmio Nobel no Brasil, o médico Peter Brian Medawar, cidadão petropolitano que dá nome a uma das salas do Espaço. O evento marca o empenho da nova gestão em oferecer melhores condições de atendimento aos profissionais e ao público em geral.

Agronomia em discussão O III Congresso Mundial de Profissionais da Agronomia e o I Congresso Pan-Americano de Engenheiros Agrônomos ocorrerão simultaneamente em Fortaleza, Ceará, no período de 6 a 9 de outubro deste ano. Com o objetivo de valorizar o engenheiro agrônomo e o setor rural, enfocando sua importância estratégica, social e econômica para o mundo, os principais eixos temáticos a serem discutidos nos eventos serão educação superior agronômica, exercício profissional, pesquisa e a transferência de tecnologia, assuntos técnicos atuais e futuros, desenvolvimento rural sustentável e comércio e cooperação internacional. Informações (85) 241-3541. IV Encontro de Corais O IV Encontro de Corais, evento que reunirá o Coral Semeando SME-RJ, Grupo Vocal Gerando Vozes – Furnas, Coral do TCE-RJ e o Coral Sebrae, comemora este ano o quarto aniversário do Coral Crea-RJ e presta homenagem aos 70 anos do Conselho. O encontro será realizado no dia 18 de setembro, às 16 horas, no Espaço Cultural do Crea, localizado na rua Buenos Aires, 40/2º andar. P rojeto Cadastra Rio O Governo do Estado e a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano (SEMADUR), lançam, através da SERLA, o Projeto Cadastra Rio. Esse projeto corresponde à primeira etapa do Programa de Regularização dos Usuários dos Recursos Hídricos das Bacias Hidrográficas Estaduais e tem como objetivo saber como, onde e quem usa as águas superficiais e subterrâneas. Devem se cadastrar indústrias, agricultores, psicultores, mineradores, prefeituras e todos que dependem das águas dos rios, córregos, lagos, poços artesianos e freáticos do Estado do Rio de Janeiro, seja por captação de águas, extração ou despejo de esgotos direta ou indiretamente. O cadastramento é anual e o prazo para

Música Contemporânea no Crea No dia 8 de setembro o Crea-RJ irá brindar os moradores do Rio com um concerto de música contemporânea, que contará com a presença dos grupos de música experimental da UNIRIO e UFRJ. O evento terá início às 18h30m e será realizado no Espaço Cultural do Conselho, rua Buenos Aires, 40/2º andar. A entrada é franca. 4º Rio Sul Leite reúne grande público em RResende esende A 4ª edição do evento aconteceu no dia 22 de julho, atraindo centenas de profissionais do setor produtivo à Academia Militar das Agulhas Negras. Atendendo produtores, técnicos e estudantes ligados à atividade leiteira e difundindo informações voltadas para o aumento da produtividade no Sul e Centro-Sul Fluminense, a feira contou com a presença do inspetor-chefe do Crea-RJ em Resende, engenheiro agrônomo Mario Lucio Machado Melo Junior, que participou da mesa de abertura composta por Christino Áureo da Silva, Secretário de Estado de Agricultura, Abastecimento, Pesca e Desenvolvimento do Interior; Miguel Gilberto Dias, Secretário Municipal de Agricultura de Resende; Nilton Salomão, Presidente da EMATER-Rio e Paulo Carmo Martins, representante da Embrapa. Candidatos A Revista do Crea-RJ vai abrir um espaço de divulgação para o profissional do Sistema Confea/Crea, em situação regular perante o Conselho, que for candidato a qualquer cargo eletivo nas próximas eleições municipais. Os candidatos à prefeitura da capital, inclusive, estarão na sede do Crea conversando com os profissionais, durante os meses de agosto e setembro. Os interessados poderão acompanhar as visitas dos prefeitáveis em www.crea-rj.org.br. Os candidatos vinculados ao Crea que quiserem espaço na revista e no site deverão remeter texto com, no máximo, 10 linhas ou 750 caracteres, na fonte Times New Roman, corpo 12, acompanhado de foto, até o dia 31 de agosto, na rua Buenos Aires, 40, sala 708 ou pelo e-mail coryntho@crea-rj.org.br.

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AGENDA

Cursos ENGENHARIA DE CUST OS CUSTOS O Instituto Brasileiro de Engenharia de Cursos (IBEC) e a Universidade Federal Fluminense (UFF) realizarão, em parceria com o Crea-RJ, pós-graduação em Engenharia de Custos, Gestão em Construção Civil e Engenharia de Petróleo e Gás, com data prevista para iniciar em agosto. Ao término do curso, os profissionais ganharão certificado emitido pela UFF. As inscrições poderão ser feitas na secretaria do IBEC. Maiores informações: (21) 2223-1403 / 2233-0257 ou pelo e-mail: ibec@ibec.org.br. ATEL E CREA-RJ REALIZAM CURSO PPARA ARA COMUNID ADE TECNOLÓGICA COMUNIDADE A Associação dos Técnicos da Light (ATEL), com apoio do Crea-RJ, promoverá palestra e curso avançado de Proteção Contra Sobrecorrentes em Circuito de Distribuição, ministrados por Haroldo de Barros, no auditório do Crea-RJ – rua Buenos Aires, 40 – 5º andar, Centro. A palestra será no dia 24 de agosto, de 18h às 20h. As inscrições estarão abertas até o dia 20 de agosto. O valor da palestra para profissionais com registro no Crea-RJ em dia é de R$ 30,00 e para os demais é de R$ 60,00. Já o curso avançado será nos dias 5 e 6 de outubro, de 17h às 21h. Inscrições somente até o dia 01 de outubro. O valor é de R$ 110,00 para os profissionais devidamente registrados no Crea-RJ e para os demais é de R$ 220,00. Engenheiros, técnicos e estudantes poderão fazer as inscrições na ATEL - Av. Marechal Floriano, 168 – Entrada A – Térreo, Centro ou na sede do Crea-RJ. Informações: (21) 2206-9659 (Sra. Sheila) / 22117329 ou pelo e-mail atel@atel.org.br. ECONOMIA DE MEIO AMBIENTE O Núcleo Interdisciplinar de Estudos Ambientais e Desenvolvimento (NIEAD) da UFRJ realizará curso de treinamento profissional de Economia de Meio Ambiente, nos dias 1, 8, 15, 22, 29 de setembro, das

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Todos os cursos ministrados com parceria do Crea ou em suas dependências, obrigatoriamente, concedem descontos para profissionais do sistema Confea – Crea em dia com suas obrigações

9h às 18h. Com carga horária de 40 horas, o curso será voltado para profissionais, dirigentes de organizações não-governamentais, entidades de pesquisa e formadoras de opinião, que pretendem ampliar seus conhecimentos estruturais na área de meio ambiente. Maiores informações: (21)2270-8547 ou pelo email decccmn@acd.ufrj.br. TRA O DE ESGO TRATTAMENT AMENTO ESGOTT OS O Crea e a Atel realizarão de 4 a 6 de outubro o curso Projetos de Baixo Custo para Tratamento de Esgotos em Municípios de pequeno Porte e Empreendimentos Habitacionais, no auditório do 5º andar do Conselho. O evento ocorrerá de 18 às 21h e será ministrado pelo engenheiro civil Carlos Alberto Branco. O investimento é de R$ 120,00 e profissionais em dia com o Crea têm 50% de desconto. Informações (21) 2211-7329 ou (21) 2206-9659. SET OR ELÉTRICO PROMOVE SEMINÁRIO SETOR O 4º Seminário Nacional de Segurança e Saúde no Setor Elétrico será realizado no Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, nos dias 22 a 25 de agosto de 2004. No evento, realizado pela Funcoge e pela Eletrobrás com o apoio do Crea-RJ e outras organizações, será discutido o intercâmbio de experiências e a atualização técnica dos profissionais das áreas de SST, Operação e Manutenção e Sistemas Elétricos. Informações no endereço www.funcoge.org.br APOSENT ADORIA ESPECIAL E SEGURO APOSENTADORIA DE ACIDENTE DE TRABALHO No dia 9 de setembro, a Sobes-Rio promoverá um novo curso destinado a empresários, ongs, associações de classe e sindicatos, gerentes e profissionais da área de RH, segurança e sáude no trabalho. O curso “APRENDA COMO FAZER PPRA, PPP E O NOVO CÁLCULO DO SAT” orienta os participantes sobre as demonstrações ambientais e o pre-

enchimento do novo formulário do PPP, sua manutenção e atualizações, livrando as empresas de multa no valor de R$ 991,03 por empregado e com valores crescentes por reincidências, incluindo as instruções para o seguro de acidentes de trabalho. Informações em www.sobes.org.br PRÁTICA E CONCEITUAÇÕES SOBRE D ANOS NAS CONSTRUÇÕES Os profissionais interessados no segmento de Engenharia Legal têm mais uma oportunidade de conhecer de perto questões como pós-ocupação, danos nas construções, seus desdobramentos e conflitos e situações como assessoria, mediação, arbitragem, perícias e assistência técnica judicial, em curso específico, ministrado nos dias 20, 21, 22 e 23 de setembro de 2004, no Clube de Engenharia. As inscrições podem ser feitas na Associação dos Antigos Alunos da Politécnica (Largo de São Francisco, 1 – tel. 21 2221-2936), na FEBRAE (Av. Rio Branco, 124/20º andar – tel. 21 2507-8017) ou no próprio Clube, no 18º andar do mesmo prédio. JUSTIÇA AMBIENT AL LANÇA CD AMBIENTAL O documento ambiental mais esperado do ano será lançado na sede do Crea, no próximo dia 23 de agosto, às 18h. O CD Mapa da Justiça Ambiental contém um registro completo de casos de violações aos direitos humanos e à natureza no estado do Rio de Janeiro. Numa iniciativa do Ibase, junto com a FASE e o IPPUR/UFRJ, com recursos oriundos de medidas compensatórias, o projeto objetiva identificar, além dos conflitos, focos sociais de resistência ao modelo de desenvolvimento vigente. O evento contará com um debate entre os coordenadores do projeto, técnicos do Crea, representantes da Fiocruz, membros da Apedema, da CUT, do MST e da imprensa especializada.




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