Garotag3

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Isso não estava bom. Definitivamente não estava bom. Nate tinha levado Blair para ver O quebra-nozes nos últimos três natais e, embora ele soubesse que era muito idiota, sempre gostara. Era meio que uma viagem: na primeira cena, durante uma festa de Natal, a árvore no palco era só uma árvore normal de tamanho médio. E aí, depois que a menininha dorme e começa a sonhar, a árvore sai do chão, transformando-se em uma árvore bombada de esteróides - era maior até do que a árvore do Rockefeller Center. E depois todos os brinquedos ganham vida e começam a brigar. Era sensacional. Nate puxou o celular do bolso. - Tem um jantar com seu pai amanhã à noite, né? Jenny assentiu. - Então vamos ver se eles têm entradas para a matinê. Jenny se apoiou no balcão de perfumes, dominada por aqueles sintomas de gripe novamente. Nate ia levá-Ia ao balé! Como ela poderia não amar Nate? d tenta escrever sobre sexo de um jeito novo Assim que as provas acabaram na quinta-feira, Dan foi para a cafeteria sino-cubana favorita na Broadway e pediu um café com leite e rolinho primavera. Depois pegou um novo bloco preto e uma caneta esferográfica preta. A semana toda ele ficou tentando escrever alguma coisa meio decente para manter com a proposta para a universidade, mas tudo que escrevia era um completo lixo. Ele nunca teve problemas para escrever antes - em geral, as palavras simplesmente fluíam dele. É claro que ele foi distraído pelas provas, mas isso ainda não era justificativa. Ele estava com bloqueio de escritor. Dan bebeu um gole, pingando gotas de café com leite em toda a primeira página em branco do bloco. De certa forma, ter bloqueio de escritor o associava aos grandes. Tolstoi teve. Hemingway teve. Ele não tinha certeza se seus existencialistas franceses favoritos tiveram, mas deduziu que provavelmente todos deviam passar por isso uma vez ou outra. Isso não tornava as coisas menos dolorosas, porém. Na verdade, era excruciante. Coitadinho, que alma atormentada. Dan sabia, só de olhar para o velho bloco preto, que a última vez em que escrevera alguma coisa de valor foi antes do Dia de Ação de Graças, antes que ele e Vanessa se beijassem pela primeira vez e percebessem que estavam apaixonados. Ele girou o rolinho primavera em um molho grosso de ameixa e deu uma mordida. Além da morte, o amor era seu tema favorito, mas, agora que estava amando, as palavras que usava para escrever sobre ele pareciam superficiais e toscas. Se ele ao menos pudesse encontrar um novo ângulo para abordar o tema do amor. Mergulhou o rolinho primavera no molho e deu outra dentada. A gordura quente do rolinho escorreu pelo pulso. Uma garçonete esbarrou no cotovelo dele com o quadril e ele deixou cair o que restava do rolinho na caneca, espalhando café com leite por toda parte. A maioria das pessoas se irritaria, mas para Dan foi um momento de iluminação. Sexo!, pensou ele. O sexo era a expressão física definitiva do amor, e era por isso, embora nunca o tinha feito, que ele queria que acontecesse no momento certo, quando a única forma de dizer o que verdadeiramente queria dizer era fazer amor. Dan tirou a tampa da caneta. Ele leu muita teoria crítica para saber que alguns dos maiores clichês para escrever sobre sexo era usar imagens de flores desabrochando, o nascer do sol e fogos de artifício. Ele também sabia que era possível fazer alguma coisa que não


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