LONGEVIDADE / Caderno de Pesquisa

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tural como na França, na Alemanha, na Inglaterra. Lá eles convivem com o envelhecimento desde o pós-guerra. Você escreveu recentemente em sua coluna do jornal Folha de S. Paulo, que uma amiga sua não gostava de ser chamada de velha, nem de coroa, nem de idosa. E você pediu sugestões aos leitores sobre como classificar os 60+. Recebeu muitas sugestões? Recebi. Ganhou o termo “velho”. Mas teve uma, por exemplo, que disse gostar de “flor de outono”. Outra falou “jovem há mais tempo”, mas o que ganhou disparado foi “velho”. Mas a minha amiga Nalva [que motivou a coluna] fez 89 anos e disse que prefere dizer que está na flor de outono. Ela lançou recentemente um livro de poesias, gravou vários CDs de músicas clássicas e românticas ao piano, tem um livro de memórias. É impressionante a produção dela. E não é só ela. Tenho amigos de 89, de 91, 92, 94 anos. Eu amo essas pessoas. Aliás, eu agora só quero ser amiga delas. Por quê? Porque são as pessoas que mais me mostram que é possível eu chegar aos 90 com alegria, paixão, amizade, doçura. São pessoas maravilhosas e, para mim, não são velhas nem nada, são pessoas com quem eu quero conviver. Agora, eu escolho as pessoas com quem eu quero conviver. E as mais velhas são as mais bacanas.

OS BABY BOOMERS ESTÃO ENVELHECENDO (TRECHOS DO ARTIGO) Gisela G. S. Castro - Psicóloga, Mestre e Doutora em Comunicação e Cultura (UFRJ), com pós-doutorado em Sociologia na University of London. Docente e Pesquisadora do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Comunicação e Práticas de Consumo da ESPM. Nascida no pós-Segunda Grande Guerra, a geração baby boomer compreende contingentes de indivíduos hoje septuagenários e sexagenários. O estudo da construção social dos modos de ser e de doar sentido às diferentes etapas do ciclo da vida adquire especial significado quando se focaliza uma geração que de certa forma fundou um modelo de juventude até hoje considerado emblemático. Trata-se de uma geração que protagonizou transformações históricas em nossa sociedade. Miriam Goldenberg descreve esta geração como sendo composta por homens e mulheres que passaram por importantes mudanças na sociedade ou mesmo tiveram participação ativa nelas, tais como o movimento feminista, as mudanças no comportamento sexual, os novos modelos de casamento e de família, a entrada maciça das mulheres nas universidades e no mercado de trabalho, o uso da pílula anticoncepcional, o movimento da contracultura, a lei do divórcio, entre tantas transformações que ocorreram nos anos 1960 e nas décadas seguintes . Alinhados com esta perspectiva, Featherstone e Hepworth (1995) salientam que não seria razoável que os jovens frutos destas intensas transformações envelhecessem segundo

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