20161114_br_metro curitiba

Page 3

CURITIBA, SEGUNDA-FEIRA, 14 DE NOVEMBRO DE 2016 www.metrojornal.com.br

{FOCO}

Sérgio Bassi é médico cirurgião urologista, Mestre e Doutor pela Universidade de Paris (Sorbonne), membro das Sociedades Internacional, Brasileira, Americana, Europeia e Francesa de Urologia e diretor da clínica Griffon. Devido ao Novembro Azul, Bassi lançou neste mês o portal www.sexualidademasculina.com.br sobre o aparelho genito-urinário.

03|

DR. SÉRGIO BASSI

O homem ainda tem resistência em ir ao médico? Existe o machismo e o tabu na sociedade latina, mas existe uma outra coisa que explica muito mais. A menina com 10, 12, 14 anos para de ir no pediatra e a mãe passa a levar no ginecologista. O homem não tem isso e aí para de ir ao médico. Só vai quando tem sintomas depois dos 40 [anos] nos genitais por problemas urinários ou sexuais. Então ele não tá acostumado, esqueceu de ir num consultório, porque dos 10, 12 aos 40 não viu medico. Aí, quando tem problema, tem que ver o médico com um problema que envolve o machismo dele.

Especialista em Urologia fala sobre o porquê do homem não ter acompanhamento médico ao longo da vida e sobre os principais problemas e cuidados do sexo masculino em diferentes idades

‘HOMEM NÃO VAI A MÉDICO NENHUM DEPOIS DO PEDIATRA’ PRISCILLA FONTES

Quais os principais cuidados do homem quando jovem? É importante o cuidado com doenças sexualmente transmissíveis, porque o preservativo não é garantia total de segurança. O contato de genitais antes do sexo sem a camisinha, por exemplo, não é suficiente para pegar o vírus HIV, mas é suficiente para contrair HPV, clamí-

dia, fungos, triconomas e aí por diante. Também tem a moda muito grande hoje de ter musculatura, de aumentar ela. Toda e qualquer adição de hormônio sem orientação médica em qualquer idade pode ser prejudicial. Com mais idade pode afetar a próstata e mais jovem [a adição] informa ao testículo e hipófise que já tem hormônio, então acomoda e não

produz. Quando chega nos 40 [anos] e precisa, já tá atrofiado. E, claro, levar uma vida saudável. Como o câncer de próstata se manifesta? Ele é silencioso, não detecta por sintomas, cresce sem dar dificuldade urinária alguma – só com exames. Se detectar de forma precoce, tem 95% de cura, mas se não

cai para 30%. Já o tumor benigno da próstata gera dificuldade para urinar. Além da próstata, quais outros principais problemas do homem a partir dos 40 anos? Tem a questão da testosterona, que envolve o humor, memória, cansaço físico, mental, a gordura abdominal – que faz a barri-

guinha –, falta de desejo sexual, diminuição da massa muscular. A partir dos 40, 45 [anos], existe a queda no hormônio masculino, que é a andropausa. É possível fazer a reposição hormonal sem problemas para a próstata. Para ter ideia, mais de 50% dos homens que procuram um psiquiatra por estar se sentindo depressivo ou um clínico por cansaço

físico ou mental, ou porque tá engordando, com falta de memória, tem diminuição da taxa de testosterona. E no fundo não tem nada demais. É apenas a reposição hormonal que é necessária. É só repor e fica tudo normal. BRUNNO BRUGNOLO METRO CURITIBA

Movimento lança campanha por cateteres hidrofílicos A rotina de pessoas com lesão medular que têm o funcionamento de órgãos como bexiga e intestino alterados não é nada confortável. Muitos precisam fazer de quatro a seis vezes por dia o chamado cateterismo intermitente limpo – um procedimento para esvaziar a bexiga e evitar que o resíduo de urina que fica retido cause problemas como infecções urinárias e disfunções nos rins. Convivendo com a situação e próximo de amigos com a mesma necessidade, o músico Billy Saga, presidente da ONG Movimento SuperAção, iniciou uma campanha para o fornecimento do cateter hidrofílico, dispositivo que já vem lubrificado e ajuda a reduzir a incidência de infecção. “O cateter mais comum, distribuído pelo SUS, não é lubrificado, então é preciso manuseá-lo para passar algum produto como xilocaí-

Serviço Para apoiar pacientes e cuidadores que precisam realizar o cateterismo, foi lançado no ano passado o Projeto Vidas Secas do Complexo Hospital de Clínicas da UFPR. O Manual Ilustrado para Cateterismo Intermitente Limpo descreve o procedimento que permite ao paciente esvaziar completamente a bexiga. O material foi feito pelo urologista do HC e professor da UFPR, Rogerio de Fraga, e pela enfermeira e presidente Seccional Paraná da Associação Brasileira de Estomaterapia, Gisela Maria Assis. Para acessar o manual, abra o link a seguir: https://goo.gl/E3CI9F.

Billy Saga é cadeirante e faz o procedimento quatro vezes por dia | ÁTILA RODRIGUES

na ou um gel a base d’água, contatos que aumentam o risco”, disse Billy. Segundo a enfermeira responsável pelo ambulatório de disfunções miccionais do HC (Hospital de Clínicas), Gisela Maria Assis, o cateter comum remove células e pode causar trauma na uretra, que propiciam o surgimento de microorga-

nismos causadores de infecções. Portanto, o uso mais recomendado é do hidrofílico. “Ele é quase atraumático, pois tem lubrificação especial. O design também permite tocar apenas na parte mais distante, que não entra na bexiga. Já no comum é preciso tocar em tudo para lubrificar e se o usuário estiver em um local

com dificuldade para higienizar as mãos pode ser um problema”, explicou. Billy conta que viu casos de morte por casos de infecção que se tornaram crônicas e depois generalizadas. “O objetivo é sensibilizar, desmitificar esse assunto, queremos que o governo aja para prevenir, minimizar os riscos e não

remediar. Muitos usuários sequer têm ideia dessa tecnologia assistiva, que sem dúvida melhoraria a qualidade de vida das pessoas com deficiência. Todo o gasto em internação, antibiótico e terapia poderia ser usado antes.” O cateter hidrofílico custa cerca de 5 vezes mais que o normal e conseguir ele na rede pública não é fácil. Em vários locais do país, é preciso mover uma ação e aguardar a Justiça. Em Curitiba, segundo Gisela, a situação é me-

lhor. “Hoje em casos específicos com uma carta de um urologista se consegue em 90 dias, mas não é a realidade do Estado e do país”, diz. Entre os casos específicos estão os usuários com estreitamento da uretra, por exemplo, que só podem usar o hidrofílico. Como parte da campanha, a ONG Movimento SuperAção está com uma petição online no Avaaz e a #QualidadedeVida para que os usuários compartilhem experiências nas redes sociais. METRO CURITIBA


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.