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Ministro da Fazenda, Nelson Barbosa | VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL

Orçamento 2016. Governo faz corte extra de R$ 21 ,2 bi e prevê queda de 3,05% no PIB O governo federal autorizou um corte adicional de gastos de R$ 21,2 bilhões no Orçamento de 2016, informou ontem o Ministério do Planejamento por meio do relatório de receitas e despesas deste ano. O valor se soma ao bloqueio de R$ 23,4 bilhões anunciado em fevereiro, totalizando um corte de R$ 44,6 bilhões. A meta de superavit primário – economia para pagar juros da dívida pública – foi fixada em R$ 24 bilhões para o governo central (União, Previdência e Banco Central) neste ano. O governo já informou que encaminhará ao Congresso uma proposta para poder abater R$ 84,2 bilhões do objetivo fiscal. Com isso, as contas públicas poderiam fechar o ano com um rombo de R$ 60,2 bilhões.

Segundo o relatório divulgado ontem, o corte adicional se deve à uma revisão, para baixo, das estimativas de receita líquida de transferências de R$ 20,2 bilhões. O governo federal também prevê para este ano uma queda maior do PIB do que a calculada em fevereiro. Em lugar da retração de 2,94% estimada no mês passado, a equipe econômica trabalha agora com contração de 3,05%. Já a previsão de inflação para 2016 aumentou, de 7,1% para 7,44%. O relatório traz atualização das previsões de arrecadação, gastos e metas do governo, além de revisão das projeções de indicadores econômicos. O documento é encaminhado ao Congresso e passa a servir de base para o acompanhamento da execução do Orçamento. METRO

Política monetária. BC diz que juro não deve cair agora O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, descartou ontem a possibilidade de reduzir os juros básicos mesmo diante da economia fraca. Segundo ele, os riscos recentes, as expectativas e as taxas de inflação, junto com os mecanismos de indexação na economia, além de problemas fiscais, “não permitem admitir a hipótese de flexibilização das condições monetárias”. Em audiência na Comissão de Assuntos Econômicas do Senado, Tombini destacou a importância do ajuste fiscal como algo “crucial e imprescindível”, e disse que há muito o que ser feito para resgate da confiança na economia. O presidente do BC também citou fatores que ajudam a tirar força da inflação, como

SÃO PAULO, QUARTA-FEIRA, 23 DE MARÇO DE 2016 www.metrojornal.com.br

{ECONOMIA}

o menor repasse da alta do dólar sobre o real para os preços neste ano, destacando ainda o menor ajuste dos preços administrados e a fraqueza na economia, bem como o ambiente externo com tendência de menor crescimento. Tombini repetiu que o BC trabalha para trazer a inflação para dentro do objetivo neste ano e fazê-la convergir para o centro da meta em 2017, de 4,5%. Segundo ele, em março, a inflação acumulada deve cair para “um dígito alto”. Tombini também posicionou-se contrário ao uso das reservas internacionais para outros objetivos. “O momento é de resguardar o nosso colchão de liquidez”, disse, acrescentando que o atual nível do colchão, de US$ 370 bilhões, é “moderado”. METRO

Brasil fecha 104 mil vagas de trabalho formais em fevereiro Crise. Foi o pior resultado registrado para o mês em 25 anos, segundo dados do governo. Nos últimos 12 meses, país já perdeu 1,7 milhão de postos com carteira assinada O Brasil manteve a tendência de perda contínua de empregos diante da acentuada deterioração da economia. Em fevereiro, foram fechadas 104.582 vagas formais de trabalho, pior resultado para o mês desde o início da série histórica em 1992. Os números do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) foram divulgados ontem pelo Ministério do Trabalho. Nos dois primeiros meses do ano, o país já acumula 204.912 postos fechados, com ajustes, chegando nos últimos 12 meses a uma perda líquida de 1,707 milhão de empregos, o que equivale à diminuição de 4,14% no contingente de trabalhadores com carteira assinada no país. Em fevereiro, sete dos oito setores registraram fechamento de vagas, com destaque para a perda de 55.520 postos no comércio que, sozinho, respondeu por pouco mais da metade dos cortes

EVOLUÇÃO

400mil

Saldo de postos para meses de fevereiro, em milhares

300mil

280,8 176,6

200mil

139 100mil

150,6

148

73,3

84

9,2

123,5

0

-2,5 -100mil

-104,6

-200mil FONTE: CAGED/MTE

no país todo. Já a indústria eliminou 26.187 vagas de trabalho no mês passado. Foi registrada criação líquida de postos de trabalho apenas no setor de administração pública, com 8.583. Os Estados que mais fecharam postos de trabalho em fevereiro foram Rio de Janeiro (-22.287 vagas), São Paulo (-22.110 vagas) e Pernambuco (-15.874 vagas). Fevereiro foi o 11º mês seguido de fechamento de em-

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pregos com carteira no país. O pico de corte desde abril de 2015 ocorreu em dezembro, com a redução de mais de 596 mil empregos formais. O resultado do mês passado também foi muito pior do que a expectativa em pesquisa da agência de notícias Reuters junto a analistas, que apontava perda líquida de 41 mil empregos no mês em todo o Brasil. Em 2015, a contração da economia provocou o fecha-

Preço do bacalhau sobe 30,73% na Páscoa de 2016 Com a disparada do dólar, o almoço de Páscoa de 2016 está 15,17% mais caro do que no ano passado. Segundo pesquisa do Ibre-FGV (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), a taxa supera a inflação acumulada nos últimos 12 meses até fevereiro deste ano, que atingiu 10,37%, segundo o IPC da FGV. O câmbio teve impacto forte nos preços de produtos importados. Os itens para o almoço de Páscoa que mais subiram foram bacalhau (30,73%), vinho (28,36%) e azeite (25,07%). Segundo o economista do Ibre André Braz, os produtos nacionais também devem ficar mais caros: “Mesmo que [os produtos nacionais] não sofram in-

260,8

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ALMOÇO SALGADO Variação em 12 meses, em % IPC/FGV

Produtos sofrem impacto da alta do dólar | JOSÉ CRUZ/AGÊNCIA BRASIL

fluência direta do câmbio, acabam subindo de preço, porque acompanham o preço dos concorrentes”. Entre os destaques de alta estão a batata, com alta de 15,61%, e couve (16,26%), itens usados no preparo do almoço de Páscoa. METRO

10,37 Inflação dos itens para Páscoa 15,17 BATATA-INGLESA 15,61 COUVE 16,26 BOMBONS E CHOCOLATES 11,67 OVOS DE GALINHA 17,36 PESCADOS FRESCOS 8,47 ATUM 4,54 BACALHAU 30,73 SARDINHA EM CONSERVA 4,44 AZEITE 25,07 AZEITONA EM CONSERVA 12,99 VINHO 28,36 FONTE: FGV

mento de pouco mais de 1,5 milhão de vagais formais de emprego no ano, também o pior da história. Para 2016, as expectativas são de que o mercado de trabalho siga encolhendo. Em meio a uma crise política que afeta a confiança de modo generalizado, economistas consultados pelo Banco Central projetam uma contração de 3,6% na economia neste ano, após o tombo de 3,8% do PIB em 2015. METRO

Ovos de chocolate

Procon autuará empresas por reduzir peso O Procon de Porto Alegre abriu processos para apurar a conduta das fabricantes de ovos de Páscoa Nestlé, Garoto e Lacta. Segundo o órgão, as empresas reduziram entre 10% e 15% os pesos de produtos em 2016 e mantiveram os mesmos preços sem a devida comunicação aos consumidores. As empresas informaram que não foram notificadas. Nestlé e Garoto disseram ainda que atendem rigorosamente às exigências legais. A Mondelēz, dona da marca Lacta, afirmou que mudanças de peso estão comunicadas nas embalagens. METRO


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