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RIO DE JANEIRO, TERÇA-FEIRA, 22 DE ABRIL DE 2014 www.readmetro.com

{CULTURA}

‘O Emmy não mudou em nada minha vida’

CULTURA

Atriz foi sabatinada no MIS | FOTOS: BRUNA PRADO/ METRO RIO

Fernanda Montenegro. Em depoimento ao MIS, a única brasileira já indicada ao Oscar e vencedora do Emmy revela detalhes dos bastidores do teatro, das novelas, das minisséries e dos filmes que encenou ao longo de 69 anos de carreira

“O famoso tapete vermelho, infelizmente, infestou todo o Brasil. Hoje em dia, em qualquer prêmio, tem o maldito tapete vermelho.” FERNANDA MONTENEGRO, ATRIZ

políticos. “A plateia está baseada no ‘baratinho’. Sinto saudade de um teatro que já não existe mais. A plateia não sabe pagar por um bom espetáculo”, reclamou. Fernanda começou a carreira na Rádio MEC, em 1945, com um curso para formação de radialistas. Fun-

Na TV, atriz viverá homossexual

No Solar de Botafogo

Maria de Medeiros

A atriz, diretora e cantora portuguesa apresenta seu novo álbum, “Pássaros Eternos”, no Solar de Botofogo. Na rua General Polidoro, 180, Botafogo. Tel.: 2543-5411. Amanhã, às 21h30. R$ 60. 18 anos.

“Prêmio a gente ganha, e volta para a casa quieto. Ganhei o Emmy, mas isso não mudou em nada na minha vida”, destaca Fernanda Montenegro. A atriz ganhou o Emmy Internacional, em 2013, com o especial de fim de ano da TV Globo “Doce de Mãe”. Durante o depoimento no MIS, Fernanda demonstrou não se importar com premiações. Única brasileira indicada ao Oscar (em 1999, por “Central do Brasil”), a atriz esqueceu o convite da cerimônia no hotel. Ela criticou o maior prêmio norte-americano do cinema. Segundo Fernanda, o Emmy é maior em relação ao Oscar, pois envolve delegações de diferentes países, como Índia e Austrália. “O Oscar é um prêmio norte-americano. E lá é um jogo de poder, uma guerra sem pólvora”, atacou. Na TV, entre 30 novelas

Com uma plateia de quase 100 pessoas, a atriz Fernanda Montenegro, de 84 anos, subiu mais uma vez ao palco, mas sem decorar roteiros. Após 43 anos, ela retornou ao Museu da Imagem e do Som (MIS), na última quarta-feira, para a série “Depoimentos para a Posteridade”. Primeira atriz a depor pela segunda vez no MIS, Fernanda foi sabatinada pela presidente do museu, Rosa Maria Magalhães, o autor de novelas Gilberto Braga, a crítica teatral Barbara Heliodora, a atriz Jacqueline Lawrence, a produtora Carmen Mello, o ator Otávio Augusto, a teatróloga Maria Inês de Almeida e a professora da PUC Tereza Miranda. Com 69 anos de carreira, Fernanda recorda com saudosismo e carinho as encenações no teatro: foram mais de 80 peças. Ela destaca a importância do marido Fernando Torres (morto em 2008, aos 80 anos) na carreira, principalmente no teatro. “Se não fosse esse companheiro de vida, eu não seria eu”, explica. Durante o encontro, Fernanda também criticou as iniciativas do governo de diminuir o preço dos ingressos de espetáculos a R$1, R$5. Segundo a atriz, a cultura está nas mãos dos damental na entrada para o teatro, a atriz destaca que o curso lhe deu referências culturais, como a leitura dos romances do século 19. E ela explica que, sem a literatura, não há ideias “vivas” para a dramaturgia. “Tem certos autores que você tem que ler. Não sei como é a formação de um ator hoje. Não sei se ele tem tem-

po de ler ou se apenas lê um resumo na internet”. Além da série “Doce de Mãe”, exibida na TV Globo, Fernanda também vai participar da primeira direção teatral: um monólogo com o ator Otávio Augusto. A peça será uma adaptação do livro “Nelson Rodrigues por Ele Mesmo”, de Sônia Rodrigues, filha de Nelson. METRO RIO

FERNANDA MONTENEGRO Atriz conta ao Metro que vai fazer uma organização cênica em monólogo

Fernanda critica o Oscar, o maior prêmio do cinema

“Posso dizer que o filme ‘O Amor nos Tempos do Cólera’ foi um erro. Os anglo-saxões não entendem os latinos.” e minisséries em que participou, estão “Baila Comi-

go” (1981), de Manoel Carlos, “Guerra dos Sexos” (1983), “Cambalacho” (1986), “Belíssima” (2005) e “Passione” (2010), de Sílvio de Abreu. No início de 2015, Fernanda vai participar de uma novela de Gilberto Braga. Com a atriz Nathalia Timberg, ela vai formar um casal homossexual na trama. METRO RIO.

Pela primeira vez, em 69 anos de carreira, a atriz vai participar da direção de um monólogo relacionado a Nelson Rodrigues (19121980). A previsão de estreia do espetáculo é para este semestre. Como é estrear uma peça como diretora? Eu tenho muito cuidado de falar diretora. Vamos dizer que estou fazendo uma organização cênica. Não é que eu queira driblar responsabilidades. É uma direção, sem dúvida nenhuma, mas é

uma “antedireção”. Como dominar isso dentro do teatro? Fui dirigida a vida inteira, tenho uma experiência de quem sofreu direção. Outra coisa é você organizar um espetáculo. Com muitos projetos, você pensa em dar uma pausa? Penso sempre que daqui a pouco vou parar, mas como os convites continuam, e são excelentes, digo ‘meu Deus, eu vou ficar em casa olhando para a parede?’. Então vou lá e faço. E não sinto falta de nada. Deixo a vida me levar. METRO RIO


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