Intervenção Social - 36

Page 1


Interven~ao

Social

n°. 36 (1 semestre de 2010)

Aetas do seminario sobre Solidariedade e intergeracionalidade Solidarity between Generations

Universidade Lus fada Editora Lis boa • 2011


Mediateca da Universidade Lusiada-

Cataloga~ ao

na

Publica~ao

INTERVEN(:AO SOC IAL. Lisboa, 1985 lnterven~ao social I propr. lnstituto Superior de Servi~o Social de Lisboa ; dir. Maria Augusta Geraldes Negreiros . -N. 1 (Junho 1985)· . - Lisboa: lnstituto Superior de Servi~o Social de Lisboa, 1985. · 24 cm. · Quadrimestral ISSN 0874 -1611

1. S e rvi~o Social · Peri6dicos I · NEGREIROS, Maria Augusta Geraldes, 1941 -2003 CBC CDU ECLAS

HV4.158 364.442 .2(051 )"540.4" 02.05 .01

Ficha Ttk nica Titulo Proprietari o

Director Sudirector Secretariado Conselho cientifico nacional

Conselho cientifico internacional

Dep6sito Legal ISSN Local Ana Periodicidade Editora

Capa Fotocomposi~ao

lmpressao e Acabamentos

lnterven~ao

Fu nda~ao

social

N. ' 36

Minerva - Cultura - Ensino e l nvestiga~ao Cient ifica

Jorge Manuel Leitao Ferreira Duarte

Go n ~alo

Rei Vilar

Paula lsabel Marques Ferreira Jorge M.L. Ferreira (Universidade Lusiada de Li sboa I ISCTE); Marina Manuela Antunes (Universidade Lusiada de Lisboa); Duarte Rei Vilar (Universidade Lusiada de Lisboa I ISCTE); Maria Helena Fernandes Mouro (lnstituto Superior Miguel Torga); Helena da Silva Neves dos Santos Almeida (Faculdade de Psicologia e de Ciencias de Educa~ao, Universidade de Coimbra); Juan Mozzicafreddo (ISCTE); Maria lrene Lopes Bugalho de Carvalho (Universidade Lusiada de Lisboa); Marili a de Carvalho Seixas And rade (Universidade Lus6fona de Humanidades e Tecnologias de Li sboa); Maria do Rosario A. Oliveira Serafim (IS· CTE); Joao Ferreira de Almeida (Universidade Lusiada de Lisboa); Gabriela Moita (ISSSP) Andres Arias Astray (E.U. de Trabajo Social , Universidad Complutense de Madrid); Annamaria Campanini (Universita di Milano Bicocca); Belen Morata Garcia de la Puerta (Universidad de Granada); Edina Evelyn Casali Meireles de Souza (Faculdade de Servi~o Social - Departamento de Fundamentos do Servi~o Social , Universidade Federal de Juiz de Fora); Maria Eugenia Garma (Escuela de Trabajo Social, Facultad de Ciencia Politica y RR.II. , Universidad Nacional de Rosario); Juna Jesus Viscarret Garro (Universidad Publica de Navarra); Marie Lacroix (Faculte des Arts et des Sciences I Ecole de Service Social, Universite de Montreal); Rosana de C. Martinelli Freitas (Universidade Federal de Santa Catarina) 8980185 0874-1611 Lisboa 2011 Semestral Universidade Lusiada Editora Rua da Junqueira, 188-198 1349-001 Lisboa Tel.: +351 213611500 I +351 213611568 Fax : +351 213638307 URL: http : lleditora.lis.ulusiada .pt E-mail: editora@lis.ulusiada.pt Joao Paulo Fidalgo Alfredo Quingue Europress - Edi tores e Distribuidores de Publica~6es, Lda. Praceta da Republica, 15 2620-162 P6voa de San to Adriao Tel.: +35 1 218 444 340 I Fax: +351 218 492 061 E· mail: europress@mail.telepac.pt

Solicita-se permuta - On prie l 'echange - Exchange wanted - Pidese canje - Sollicitiamo scambio • Wir bitten um Austausch Mediateca da Universidade Lusiada de Lisboa Rua da Junqueira, 188-198 - 1349-001 Li sboa Tel.: +351 2136 11 617 I Fax: +351 213622955 E· mail: mediateca@lis.ulusiada.pt © 20 11 , Universidade Lu siada de Lisboa

Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida par qualquer processo electr6nico, medinico ou fotogrMico incluindo fotoc6pia, xeroc6pia ou gravac;:ao, sem previa da Editora

auto riza~ao

0 conteUdo desta obra

e da exclusiva responsabilidade dos seus autores e nao vincula a Universidade Lusiada.


Sumario Pag. 5-6

SuMAmo

EDITORIAL ................................................ ........... ........... ... ......... ......... ..... ........ ....

7

Apresenta~ao

... ........................ .. ................................................. ................ .......... ..

9

Ferramentas/Instrumentos para praticas intergeracionais em diferentes contextos sociais forge Ferreira ..... ... .. .... .. ..... ... .. .. .. ... .. .. .. .. ... .. .. .. ... ... .. .. .. ..... .. ... .. .. .. ... .... .. .. ......... .. ....... .

13

Sociedade contem poranea ea problematica do envelhecimento: a importancia da solidariedade intergeracional Maria Pereira Coutinho ... ... .. ....... ... .. .. .. .. ... .. .... ... ..... .. .. .. ... .. .. .. ... .. .... ... .. .. .. .. .. ... .. .. .. ...

27

Dialogos Intergeracionais Ana Cris tina Lott Dare ..... ..... .. .. ... ........... ... .. .. ..... ... .. .. .. ..... .. .. ... .. .. .. .. ... .... .. .. .. ..... .. ....

35

0 Servi~o Social ea Responsabilidade Social Empresarial: passado, presentee futuro Helena Mafalda Martins Teles ...... .. ........ .......... ............ .. .... .............. .. .. .... ..... .. .. .. .. ..

47

Social Support and Health-related quality of Life in Children and Adolescents: Focus Group Methodology Apoio social e saude relacionados corn qualidade de Vida em Crian~as e Adolescentes: Metodologia Focus Group Tiinia Gaspar; Margarida Gaspar de Matos; Jose Luis Pais Ribeiro; Isabelleal

63

Solidariedade intergeracional: envelhecimento demografico e opinioes dos portugueses Intergenerational Solidarity: aging and opinions of the Portuguese Stella Ant6nio ...........................................................................................................

87

Lusiada. Interven .;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

5


Sumario

Exemplo de boa pratica Francisco Jose Guerra ..... .. .............. .. ..... ........... ..... ....... .... .. ............ ................ ... .......

6

99

Lusiada. In terven.;ao Social, Lisb oa, n. 0 36/2010


d NIVERSIDA DE LUSfADA DE LJSBOA

C N

ONSULT O LOCA

DI V ISAO DE INFORMA<;:AO

E

A L

DOCUMENTA<;:AO, INVEST!GA<;:AO

EDITORIAL

0 n째 36 da revista "Interven<;ao Social" editada pelo Instituto Superior de Servi<;o Social de Lisboa - Universidade Lusiada de Lisboa, convida-nos a reflectir sobre dois temas de extrema actualidade - o dialogo intergeracional e a responsabilidade social. De algum modo, ambos os conceitos, ambas as tematicas, emergiram num tempo relativamente recente e reflectem as transforma<;6es sociais das ultimas decadas. Coma referem alguns dos autores, o dialogo intergeracional evoca, em primeiro lugar, a nova paisagem demogrcifica das sociedades europeias (e nao s6) em que, o prolongamento da vida (devido aos progressos na saude e bem estar humanos) faz aumentar, de forma significativa, o peso das gera<;6es mais idosas. Mas, simultaneamente, se a vida humana foi prolongada em duas ou tres decadas (em rela<;ao a apenas alguma decadas atras), as sociedades modernas e industrializadas tern remetido estas gera<;6es mais idosas para o estatuto de "nao activos", para urn estatuto muitas vezes de exclusao. Decorrente destas mudan<;as, o que esta em debate ea (re)constru<;ao de urn novo estatuto dos idosos na modernidade, e e, tambem, o combate aquela representa<;ao social dos idosos como cidadaos nao activos e nao interactivos, tantas vezes presente nos discursos das gera<;6es mais jovens. E se esta representa<;ao social dos idosos e dia a dia desmentida, par exemplo pela importancia que tern na ajuda aos filhos - ajuda econ6mica, e ajuda no exerdcio das fun<;6es parentais (a famosa institui<;ao nacional do "vozario") - o apelo ao dialogo intergeracional e, 0 apelo a reinven<;ao, a criatividade, a novas praticas de rela<;ao e de entreajuda, entre as gera<;6es mais jovens e mais idosas. Os artigos sobre este tema resultaram do "Seminario Comemorativo do Dia Europeu da Solidariedade Intergeracional" realizado em Abril de 2011 na Universidade Lusiada de Lisboa coordenado e organizado pela Cooperativa de Solidariedade Social CO(OP)RA<:,:AO e que teve a parceria do nosso instituto. Coma refere a apresenta<;ao deste evento, "0 relacionamento harmonioso e regular entre gera<;6es deveria ser urn acto espontaneo e simples. No entanto tornou-se necessaria a media<;ao de profissionais para incentivar e organizar esse

Lusiada. Interven.;:ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

7


Duarte Vilar

contacto. Dar inicio a urn plano de actividades de intercambio entre diferentes gera<;:6es, suscita muitas fantasias, medos e inseguran<;:as entre os profissionais, compelidos a iniciar essa aventura" (www.matesproject.eu). Os artigos constituem uma interessante complementaridade de perspectivas, desde as perspectivas mais eticas, passando pelos estudos de opiniao, pelas perspectivas de interven<;:ao tecnica e pela apresentac;ao de projectos concretos, como o desenvolvido a partir da Associac;ao Academica de Coimbra, ou de outras abordagens mais praticas como a aplicac;ao do design na promoc;ao da acessibilidade dos idosos as novas tecnologias. 0 segundo tema abordado na revista e a questao da responsabilidade social das empresas. Para la das diferentes formas como as empresas sao classificadas por diferentes posic;oes politico-ideol6gicas, ou pelas diferentes perspectivas de analise social, as empresas sao organizac;oes sociais de enorme relevancia social nas sociedades modernas. Elas sao, a par dos diferentes aparelhos do Estado, as instituic;oes fundadoras da modernidade. As empresas foram durante muitas decadas vistas como organizac;oes ligadas somente a produc;ao e circulac;ao das riquezas, ora promotoras do desenvolvimento e do progresso, ora promotoras da desigualdade e de injustic;as sodais. 0 conceito de responsabilidade social faz sobressair a dimensao eminentemente social das empresas numa dupla perspectiva: • a responsabilidade social das empresas face aos seus trabalhadores, nomeadamente face as suas condic;oes de trabalho, • e a responsabilidade social das empresas face as sociedades em que se inserem, numa 6ptica de solidariedade social, de participac;ao activa na resoluc;ao dos problemas sociais, de parceria corn outros sectores de intervenc;ao tais como o chamado 3° sector ou sector social. Pela sua novidade, este e, tambem, urn tema que carece ainda de muita investigac;ao e debate. A autora aborda especificamente o papel do Servic;o Social nas praticas empresariais de responsabilidade social, apontando pistas muito concretas para a actuac;ao dos profissionais desta area da intervenc;ao em meio laboral.

Duarte Vilar Subdirector da Revista Intervenr,;iio Social

8

Lusiada. Intervenc;:ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010


CO(OP)RA<;AO Dr. a Silvia Silva1

1

Tecnica da Cooperativa CO(OP)RA<;AO.

Lu siada. Interven<;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010

9



Co(op)ra<;ao Pag. 9-12

Seminario Solidarity Between Generations 1 28 e 29 de Abril 2011 Instituto Superior de ServiÂŤ;o Social - Universidade Lusiada de Lisboa

A CO(OP) RA~AO - Cooperativa de Solidariedade Social, CRL tern como urn dos eixos estrategicos a promo<;ao do dialogo intergeracional, sendo uma das primeiras organiza<;6es a realizar projectos intergeracionais no ambito do Programa Europeu Juventude em Ac<;ao. A aposta da cooperativa e envolver seniores e jovens no desenvolvimento do dialogo entre gera<;6es, mas tambem na promo<;ao efectiva da solidariedade intergeracional. 0 nosso percurso nesta area foi alicer<;ado corn o apoio da Associa<;ao Valoriza<;ao Intergeracional e Desenvolvimento Activo que, por sua vez, ajudou-nos atraves do excelente Guia de Ideias para Planear e Implementar Projectos Intergeracionais publicado no ambito do Projecto MATES- Mainstrearning Solidariedade Intergeracional (2008/2009), co-financiado pelo Programa Aprendizagem ao Longo da Vida. Este guia foi uma verdadeira inspirac;:ao para a elaborac;:ao dos projectos intergeracionais, abordando aspectos-chaves, tais corno: principios basicos das Pniticas Intergeracionais e exemplos pniticos de varios paises da Europa. 0 guia foi tambem relevante para o inicio da ideia para o Serninario Internacional e Comernorativo Solidarity Between Generations 2011, relacionado corn o Dia Europeu da Solidariedade entre GeraÂŤ;oes uma vez que a cooperativa pertence a Plataforma Europeia AGE. 0 Serninario Internacional Solidarity Between Generations foi realizado para promover o Dia Europeu. Alem disso, teve como objectivo ampliar o debate em torno da solidariedade entre gerac;:oes, tendo-se constituido tambem urna plataforma de partilha de experiencias e boas praticas entre organizac;:oes portuguesas e europeias. Este evento teve o forte compromisso do Instituto Superior de Servic;:o Social da Universidade Lusiada de Lisboa. 0 papel do Instituto no debate de ternas tao importantes foi urn passo significativo para o futuro, uma vez que 2012 sera o Ano da Solidariedade Intergeracional e do Envelhecimento Activo. Destacou-se neste seminario a definic;:ao de Solidariedade Intergeracional das Na<;6es Unidade (2007) "coesao social ou integra<;ao entre gera<;6es" e acentu-

Lusfada . Interven<;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

11


Silvia Silva

ou-se a ideia de que ela "perrnite transportar o conhecirnento ea cultura atraves da interdependencia geracional e das interac<_;oes atraves da idade: norneadarnente entre os jovens e os adultos ou idosos" . Prornoveu-se tarnbern a irnportancia das "Praticas Intergeracionais que procurarn juntar pessoas corn urn prop6sito, atraves de actividades que as beneficiern rnutuarnente e que prornovern urn rnelhor entendirnento e respeito entre gera<_;oes" (Pinto, et al., 2008/09, p. 20) . Por firn, perante os desafios do futuro, este seminario foi o prirneiro passo de rnuitos para o debate e a reflexao, ainda que irnperfeita e infinitarnente inacabado. Assirn, apela-se para a constru<_;ao de urna UE coesa socialrnente, fazendo-se esta coesao atraves de projectos sirnples, criticos e inovadores. Contudo, este nao e urn carninho facil, urna vez que: "0 relacionarnento harrnonioso e regular entre gera<_;oes deveria ser urn acto espontaneo e sirnples. No entanto tornou-se necessaria a rnedia<_;ao de profissionais para incentivar e organizar esse contacto. Dar inicio a urn plano de actividades de intercarnbio entre diferentes gera<_;oes, suscita rnuitas fantasias, rnedos e inseguran<_;as entre os profissionais, cornpelidos a iniciar essa aventura" (Pinto, et al., 2008/09, p. 7). Convidarnos todos a dar o prirneiro passo!

Obras Citadas Pinto, T. A., Hatton-Yeo, A., Marreel, 1., Waser, M., Lirnacher, A., Duaigiies, M., et al. (2008/09). Guia de Ideias para Planear e Implementar Projectos Intergeracionais. Lisboa.

12

Lusiada . Intervenc;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010


FERRAMENTASfiNSTRUMENTOS PARA PRATICAS INTERGERACIONAIS EM DIFERENTES CONTEXTOS SOCIAlS Jorge Ferreira 1

1

Doutor em Servi<;:o Social Director da Revista Interven<;:ao Social e do CLISSIS Professor Auxiliar da Universidade Lusiada Professor Auxiliar Convidado ISCTE - IUL

Lusfada. Interven-;:ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

13



Ferramentas/Instrumentos para praticas intergeracionais em diferentes contextos sociais Pag. 13-25

Resumo: "Uma sociedade para todas as idades". (Na<;6es Unidas, 2000). Uma sociedade em que cada pessoa corn os seus pr6prios direitos e responsabilidades tenha uma fun<;ao activa a desempenhar. Uma sociedade baseada nos prindpios da reciprocidade e da equidade. Na sociedade contemporanea para ah~m das rela<;6es intergeracionais na famllia e necessario ampliar essas rela<;6es a sociedade geral de forma a aumentar a solidariedade intergeracional entre pessoas adultas e pessoas de outras gera<;6es sem que tenham qualquer la<;o de parentesco. As praticas intergeracionais procuram maximizar os recursos sociais e comunitarios atraves do intercambio de aprendizagens entre pessoas de diferentes idades, de forma a desenvolver competencias individuais e sociais de forma adequada a melhoria da qualidade de vida das pessoas na sociedade actual. No tratamento deste tema importa reflectir sobre alguns fundamentos eticos que sao fundamentais ter em presen<;a ao nivel das praticas, das organiza<;6es e dos participantes por forma a garantir a genuinidade e sucesso das praticas intergeracionais, ou sejam: Dialogo Social e a Etica e Participac;ao. Para promovermos praticas intergeracionais entres os diferentes contextos sociais e gera<;6es: individuais, grupais, comunitarios, familiares e institucionais presentemente podem ser utilizados varios instrumentos, nomeadamente: - Metodo de coordenac;ao aberta - Diagn6stico participado - Formac;ao (aprendizagem ao longo da vida) -Novas Tecnologias - Parcerias/ Redes Sociais - Programas de natureza intergeracional - Avaliac;ao participativa Concluo esta comunica<;ao corn urn apelo a reflexao de todos os actores e sujeitos de ac<;ao, necessario a mudan<;a de mentalidades, modelo de gestao e qualifica<;ao das praticas sociais sustentadas em valores e direitos humanos adequados ao modelo social da sociedade contemporanea. Abstract:" A society for all ages." (UN, 2000). A society where every person with their own rights and responsibilities has an active role to play. A society based on principles of reciprocity and fairness. In contemporary society in ad-

Lusiada. Interven<;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

15


Jorge Ferreira

clition to the intergenerational relationships in the family is necessary to expand these relations to society generally to increase intergenerational solidarity among elderly people and people of other Generations who have no ties of kinship. The intergenerational practices seek to maximize social and community resources through the exchange of learning between people of different ages, in order to develop individual and social skills as appropriate to improve the quality of life in today's society. In the treatment of this subject matter to reflect on some ethical values that are fundamental to take presence in practices, organizations and participants to ensure the authenticity and success of intergenerational practice, or are: Social Dialogue and Ethics and participation. In order to promote intergenerational practice between the different gen eration s and social contexts: individu al, group, community, family and institutional presently can be used several instruments, includ ing: - Open method of coordination; - Diagn osis participated; -Training (lifelong learning); -New Technologies; -Partnerships I Social Networks; - Programs of intergenerational nature; - Participatory evaluation. I conclude this communication with a call for reflection by all the actors and subjects of action needed to change mentalities, management model and practice social skills in sustained human values and rights appropriate to the social model of contemporary society.

Introdw;ao

Come<;o esta comunica<;ao corn uma referenda as Na<;6es Unidas (2000), "Uma sociedade para todas as idades". Actualmente assistimos a uma mudan<;a do paradigma social que acompanha o processo de globaliza<;ao e mudan<;a da Sociedade e do Estado, corn fortes implica<;6es nas praticas sociais e na vida dos cidadaos. 0 Estado orienta-se por politicas neo-liberais, conduzindo a redu<;ao dos gastos pu.blicos corn o sistema de protec<;ao social e a diminui<;ao dos servi<;os sociais. Uma sociedade em que cada pessoa corn os seus pr6prios direitos e responsabilidades tenha uma fun<;ao activa a desempenhar. Uma sociedade baseada nos principios da reciprocidade e da equidade. Esta e uma sociedade que nos brinda corn maior esperan<;a de vida, propondo-nos o convivio entre diferentes gera<;6es por urn maior numero de anos. Na sociedade contemporanea para alem das rela<;6es intergeracionais na familia e necessario amp liar essas rela<;6es a sociedade geral de forma a aumentar a solidariedade intergeracional entre pessoas adultas e pessoas de outras gera<;6es

16

Lu sfad a. Interven <;ao Social, Lisboa, n. 0 36 /2010


Ferrarnentas/Instrurnentos para praticas intergeracionais ern diferentes contextos sociais Pag. 13-25

sem que tenham qualquer la<;o de parentesco. Outro principio importante a ter em considera<;iio nas pniticas sociais, esta relacionado corn o modelo de bem-estar social, em particular corn a garantia da dignidade humana e auto-determina<;iio de todo e qualquer cidadao independentemente da sua idade, reconhecendo cada ser humano coma uma pessoa corn capacidades para aprender e reaprender a ganhar novas competencias, enquanto membra de uma sociedade humana onde os valores da igualdade e da equidade presidem. Uma sociedade que diariamente abre a porta a novas formas de interac<;iio entre gera<;6es ao nivel familiar, comunitario e social. Vivemos hoje uma sociedade multigeracional e que quer ser intergeracional. Para isto e necessaria haver colabora<;ao entre as diferentes gera<;6es, considerada a chave para manter as estruturas sociais capazes de responder as necessidades das pessoas seniores. Tendo por referenda as preocupa<;6es das Na<;6es Unidas e da Uniao Europeia na promo<;iio e valoriza<;iio das rela<;6es intergeracionais entre pessoas de diferentes idades coma forma de aprofundar e melhorar a solidariedade entre gera<;6es, reconhece-se tambem o beneficia deste tipo de rela<;6es nomeadamente na promo<;ao de urn envelhecimento activo e corn melhor qualidade de vida evitando ou prevenindo o isolamento e da solidao em qualquer idade/ ou gera<;iio. As praticas intergeracionais procuram maximizar os recursos sociais e comunitarios atraves do intercambio de aprendizagens entre pessoas de diferentes idades, de forma a desenvolver competencias individuais e sociais de forma adequada a melhoria da qualidade de vida das pessoas na sociedade actual. Os intercambios intergeracionais nas familias, nas comunidades e ao nivel social sao indispensaveis para a preserva<;ao da sociedade actual. No tratamento deste tema importa reflectir sabre alguns fundamentos eticos que sao fundamentais ter em presen<;a ao nivel das praticas, das organiza<;6es e dos participantes por forma a garantir a genuinidade e sucesso das praticas intergeracionais, ou sejam:

Dialogo Social Dialogo social, coma promotor de coesao social, atraves de urn papel positivo de responsabilidade social dos cidadaos, das institui<;6es e dos profissionais no que respeita a influencia que assumem no comportamento e vida quotidiana das comunidades. Reconhece as vantagens dos sistemas de "flexiguran<;a", coma forma de protec<;iio dos trabalhadores na manuten<;ao ou obten<;iio do posto de trabalho atraves da mobilidade, melhoria das qualifica<;6es profissionais e da concilia<;iio entre a vida familiar, a vida profissional e os ciclos de vida.

Lusfada. Interven<;ao Social, Lisboa,

11.

0

36/2010

17


Jorge Ferreira

A Etica e Participa~iio

- "A evolw;ao etica e deontol6gica das profiss6es na actualidade, ( ... ), postula urn novo humanismo: o humanismo social, baseado sabre a etica da convio;ao ( ...),a etica da responsabilidade - que inclui para alem dos objectivos a analise dos meios, das diferentes op<;6es ea avalia<;ao das suas consequencias, assim coma a nossa capacidade empatica, e a etica da discussao, que sup6e a elabora<;ao colectiva, a partir da livre discussao entre pessoas implicadas, e que inclui ter de partilhar, elaborar, decidir em rela<;ao a projectos comuns, corn todo o que significa de negocia<;ao, concess6es, e acordos." (Robertis, 2003:11). No dominio etico o profissional deve saber respeitar e usar na sua interven<;ao os principios de singularidade, de liberdade e autodetermina<;ao de cada cidadao, o respeito de intimidade e a vida privada do sujeito, a autonomia da pessoa reconhecendo-lhe competencias e capacidades, e de interdependencia face aos direitos e deveres que sao reconhecidos a todo o Cidadao em sociedade. E tambem importante real<;ar a etica da responsabilidade social e a etica da comunica<;ao. A Etica e hoje uma disciplina que desafia 0 Agir Humano. Esta tern coma tarefa essencial fornecer os fundamentos que orientam a ac<;ao e capazes de captarem no proprio agir politico (na sua dimensao de processo etico-polftico) as directrizes deontol6gicas que se constituem coma elementos basicos da profissao na sua pratica quotidiana. A sociedade actual, marcada pela era da globaliza<;ao (mundializa<;ao) procura na etica o desafio aparticipa<;ao no debate contemporanea sabre as manifesta<;6es da nova questao social, bem coma os efeitos desta no processo etico. A filosofia actual que norteia a no<;ao de Bem-Estar social baseia-se em principios de cidadania, participa<;ao e responsabilidade partilhada o que promove a constru<;ao dos pressupostos e fundamentos eticos para a organiza<;ao das praticas sociais e estabelece em simultaneo uma rela<;ao de controlo que por vezes e facilitadora da interven<;ao profissional (em particular dos assistentes sociais) e noutras limita a sua actua<;alF.--Para fazermos uma reflexao etica, precisamos de compreender o Homem coma "sujeito racional capaz de escolher valores e ac<;6es que conduzam a liberdade entendida coma urn bem". Apoiando-nos na perspectiva da Etica do Discurso, segundo K.O. Apel (1970) e J. Habermas (1973), podemos identificar o desafio que a ciencia e a tecnica colocam ao agir humano para a elabora<;ao de uma etica actual. A sociedade actual promove coma necessidade urgente uma "etica da responsabilidade solidaria", capaz de afrontar os desafios da contemporaneidade e de assegurar aos Homens a capacidade de lhes responder. Para promovermos praticas intergeracionais entres os diferentes contextos sociais e gera<;6es: individuais, grupais, comunitarios, familiares e institucionais presentemente podem ser utilizados varios instrumentos, nomeadamente: - Metodo de coordena<;ao aberta - Diagn6stico participado

18

Lu siada. Interven ,;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010


Ferramen tas/Instrumentos para pnHicas intergeracionais em diferentes contextos sociais Pag. 13-25

- Forma<;ao (aprendizagem ao longo da vida) -Novas Tecnologias - Parcerias/ Redes Sociais - Programas de natureza intergeracional - Avalia<;ao participativa Passamos agora a uma abordagem individual de cada instrumento.

Metodo Coordenac;ao Aberta

A resolu<;ao do parlamento europeu sobre o modelo social europeu (2005) recomenda a utiliza<;ao do metodo de coordena<;ao aberta, como instrumento eficaz para a defini<;ao de politicas pu.blicas nos dominios do emprego, da protec<;ao social, da exclusao social, da igualdade entre o genera no mercado laboral, das pensoes, dos cuidados de saude, possibilitando urn refor<;o dos processos sociais e da coopera<;ao entre organiza<;5es/institui<;5es e servi<;os. Tambem em Portugal o XVII governo definiu o metodo de coordena<;ao aberta para o estabelecimento de uma politica social, fundamentado numa perspectiva transversal entre os diferentes sectores: educa<;ao, saude, seguran<;a social e familia. (Instituto de Seguran<;a Social:2007). 0 modelo de coordena<;ao aberta, promovido pela Uniao Europeia e pelo Estado portugues representa urn desafio para as politicas publicas, bem como para a qualifica<;ao das praticas profissionais, enquanto instrumento reconhecido como eficaz para a defini<;ao de politicas publicas no dominio da protec<;ao social.

Diagn6stico participado 0 Diagn6stico, inclui fazer o despiste da situa<;ao; identificar os indicadores sociais e de risco relativos a situa<;ao; fazer urn estudo aprofundado baseado no pedido, na sinaliza<;ao feita, ea avalia<;ao do caso e ou da situa<;ao. Como meios de diagn6stico (caracteriza<;ao s6cio-familiar, informa<;ao Social, genograma e ecomapa): • Caracterizac;ao s6cio familiar, e urn instrumento utilizado no ambito do Acompanhamento Social, cujos objectivos diferem de acordo corn a situa<;ao do sujeito. • Informac;ao Social, e urn instrumento de interven<;ao social que assume particular pertinencia e importancia na fase da sinaliza<;ao de uma situa<;ao/problema de natureza social. • Na interven<;ao corn familias o assistente social utiliza tambem Genograma e o Ecomapa. Ao falarmos de diagn6stico participado, este requer uma estrutura diferente ou seja em que todos os adores e sujeitos participem na sua constru<;ao atraves

Lusfada. Interven~a o Social, Lisboa, n .0 36/2010

19


Jorge Ferreira

da aplicac;;ao do metodo do Focus Group utilizando a tecnica de grupos de discussao.

Formac;;ao (aprendizagem ao longo da vida)

No quadro das alterac;;6es de paradigma de Sociedade e de Estado (anos 90) revelou-se como necessario uma redefinic;;ao do papel e atribuic;;ao do cidadao em sociedade (autonomia e participac;;ao). Os participantes nestes programas intergeracionais devem adquirir as competencias necessarias para a realizac;;ao das actividades do respectivo programa. Neste domfnio privilegiam-se as tecnicas: trabalho em equipa; habilidades comunicacionais (falar em publico), dramatizac;;ao, tecnicas de memorizac;;ao, guias de acc;;ao; role playing e outras.

Novas Tecnologias

0 progresso das tecnologias e a sua implementac;;ao e adequac;;ao as novas exigencias da sociedade contemporanea no dominio do modelo liberal e no domfnio d as famllias, produz uma maior necessidade na melhoria das qualificac;;6es de todos os cidadaos por meio da formac;;ao ao longo da vida, para que os cidadaos enfrentem melhor os desafios resultantes da globalizac;;ao. Isto recomenda-nos maior atenc;;ao ao modelo de desenvolvimento local no contexto global de cada Estado-membro, da Uniao Europeia e do processo da globalizac;;ao. Assistimos, a uma ideia de estado promotor dos direitos e necessidades basicas dos cidad aos (direitos constitucionais) e a urn processo de regulac;;ao que este assume corn a sociedade civil atraves d a acc;;ao social local, como forma de proximidade do cidadao.

Parcerias/ Re des Sociais

"0 trabalho em parceria pode, neste contexto, ser urn processo criativo contribuindo para novas praticas democraticas. A participac;;ao e autonomia sao essenciais, mas nao chegam como valores: a participac;;ao democratica, o respeito mutuo e a responsabilidade individual devem ter real expressao ao nivellocal. ( ... ), Uma parceria locale uma rede de relac;;6es e de solidariedades ao nivel de urn territ6rio espedfico permitindo a criac;;ao de outras dinamicas de intervenc;;ao e a convergencia de esforc;;os e de objectivos corn uma diversidade de parceiros para a correcc;;ao de determinado problema, atraves de soluc;;6es aceites por todos" . (Serafim, 2001:102). 0 modelo ecol6gico, sustentado na perspectiva da interacc;;ao entre o ho-

20

Lusfada. Intervenc;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010


Ferramentas/lnstrumentos para praticas intergeracionais em diferentes contextos sociais Pag. 13-25

mem e o meio social, definindo urn continua intercambio adaptativo do ciclo de vida. Caracteriza-se essencialmente corn problemas do meio ambiente, desenvolvendo nas pessoas, nas comunidades uma co-responsabiliza<;:ao na melhoria do ambiente social e quotidiano. A observa<;:ao constitui-se neste modelo como uma ferramenta essencial. Os modelos comunicacionais, no debate contemporanea sobre o Servi<;:o Social identificam-se estes modelos como fundamento da ac<;:ao social, assumindo maiores pertinencias as dimens6es interaccionistas, fenomenol6gicas e hermeneuticas. Estes modelos estabelecem elementos importantes na compreensao da complexidade da conduta humana, atraves da rela<;:ao e da rela<;:ao interpessoal, verificamos atraves da integra<;:ao do sujeito no meio, da subjectividade da ac<;:ao, as vivencias e experiencias, dando muito relevo as quest6es relacionais. Os modelos de convergencia, estes constituem-se como urn desafio a sua consolida<;:ao no decurso do seculo XXI, segundo Restrepo (2003:82), "El construccionismo, la Cibernetica de segunda orden y teorias como las del casos y la complejidad los nutren y orientan." Isto e, sao modelos que suportam a interven<;:ao do assistente social nos prindpios da diversidade e do respeito pelas diferen<;:as. Prop6e ac<;:6es plurais e humanistas, sustentadas em prindpios de responsabilidade social, eticos, de eficiencia e eficacia e na qualidade de servi<;:o prestada ao cidadao. Inscrevem na sua ac<;:ao os conceitos de concerta<;:ao, concilia<;:ao, harmoniza<;:ao, coesao, direito a informa<;:ao e trabalho em rede, como parametros essenciais para estabelecer urn equilfbrio entre competitividade e qualidade de vida dos cidadaos e das comunidades. 0 modelo de redes sociais, e potenciador de novas formas de compreender e ler a sociedade, bem como implica uma nova pratica profissional na medida em que obriga este a mudar o seu papel de responsavel pela gestao dos problemas das pessoas ou da familia a ser coordenador e gestor dos recursos sociais de apoio e ajuda a pessoa e ou familia em necessidade deixando a esta a responsabilidade individual do seu problema. A interven<;:ao em rede ganha pertinencia na sociedade contemporanea como modelo alternativo na pratica do assistente social ao nfvel das respostas aos problemas e necessidades das pessoas, num quadro de globaliza<;:ao. (Jurgen Nowak, Rosario Serafim, Dulce Sim6es, Ferreira, Marilia Andrade). Segundo Nowak2, "A globaliza<;:ao econ6mica de mercados e produtos ( ... ). A globaliza<;:ao informatica corn a utiliza<;:ao do telefone m6vel, fax, televisao por sah~lite e internet. A globaliza<;:ao financeira ea unidade de urn mercado financeiro mundial. A globaliza<;:ao ecol6gica como urn facto de que o tema e na unidade. A globaliza<;:ao cultural( .. .), (a "holly-Woodija<;:ao "e "McDonaldija<;:ao do mundo)." (Nowak, 2001:155). Segundo o autor podemos identificar n a sociedade contemporanea tres tipos de redes, ou sejam: 2

Capitulo 6 - 0 trabalho Social de Rede. A A plicar;ao das Redes Sociais no Trabalho SWocial. (pp 149 -184) in "100 anos de Servir;o Social". Ed. Quarteto. Coimbra.2001

Lusiada. Interven<;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010

21


Jorge Ferreira

- As redes sociais primarias ou micro-sociais, centrada na vida quotidiana dos elementos que constituem o agregado familiar e o meio social envolvente (membros da familia, vizinhos, amigos, ... )." - As redes sociais secundarias ou macro-sociais, definidas como o conjunto de servi<;:os, recursos e servi<;:os sociais comunitarios que interagem corn o cidadao na resolu<;:ao dos problemas sociais em quest?o. -As redes sociais terciarias que integram os grupos de auto-ajuda, os servi<;:os especializados de apoio ao cidadao no tratamento dos compromissos entre o cidadao eo Estado e os servi<;:os sociais (publicos e Privados). As redes sociais implicam tres niveis de actores numa mudan<;:a social e organizativa dos servi<;:os sociais: o nivel individual (participa<;:ao), o nivel de grupo (responsabilidade social) eo nivel institucional (democratiza<;:ao). A tecnica de analise de redes sociais urn instrumento util para analisar as fragilidades ou potencialidades num plano de interven<;:ao social, apresentar sugest6es de melhoria durante as fases de desenvolvimento da ac<;:ao, identificar riscos e prevenir situa<;:6es que coloquem em risco o bem - estar e os direitos de cidadania dos sujeitos de aten<;:ao. Esta tecnica pode ser aplicada atraves da base informatica UNICET.

Programas de natureza intergeracional

Os programas sao vistos aqui como instrumentos na 6ptica de promo<;:ao das praticas intergeracionais porque eles sao mais respostas ou medidas de operacionaliza<;:ao de politica social. Como refere Esping-Andersen (1999), introduziu na sua obra o conceito de "desfamiliariza<;:ao", caracterizado sobre o papel da familia e, do papel da mulher na provisao do bem-estar, e em que medida as familias absorvem riscos sociais. "Por nivel ou grau de desfamiliariza<;:ao, Esping-Andersen entende o nivel ou grau de redu<;:ao em que os cidadaos se encontram na sua dependencia relativamente aos cuidados da familia em termos de provisao de bem-estar. Esta desfamiliariza<;:ao pode ser conseguida fazendo transitar esses cuidados familiares para o mercado (comprando servi<;:os ate ai prestados pela familia) ou para as institui<;:6es do Estado-Providencia (pelo fornecimento de servi<;:os publicos de provisao de bem-estar) ". (Pereirinha, 2008:89). Numa sociedade em que assistimos a mudan<;:as nos modelos familiares levando a diminui<;:ao dos contactos intergeracionais intrafamiliares, os programas intergeracionais podem refor<;:ar a rela<;:ao entre pessoas de diferentes idades. 0 planeamento deste tipo de programas intergeracionais deve implicar que todas as pessoas abrangidas pelo programa devem intervir na sua elabora<;:ao, que o compreendam, e que reconhe<;:a a participa<;:ao no programa da gera<;:ao intermedia como facilitadora para a continuidade do mesmo. Urn programa que tenha urn impacto positivo para alem das gera<;:6es participantes que deve privi-

22

Lusiada.

Interven~ao

Social, Lisboa, n. 0 36/2010


Ferramentas/Instrumentos para praticas intergeracionais em diferentes contextos sociais Pag. 13-25

legiar a melhoria da qualidade de vida das diferentes gera<;6es. Este tipo de programas, proporcionam urn meio de transmissao da cultura e tradi<;6es as novas gera<;6es. Mas estes programas propiciam ainda: - Descoberta de novas realidades e experiencias de vida; Auto-estima; Motiva<;ao; Maior Tolerancia; Partilha de conhecimentos; Promover comunidades mais inclusivas; Melhorar o capital social atraves da promo<;ao de redes sociais e sistemas de apoio comunit<irio, transmissao de valores, intercambio de experiencias, e aquisi<;ao de estilos de vida saudavel. 0 impacto destes programas intergeracionais consiste no aumento de oportunidades que os seniores tern de envelhecer de modo activo porque sao objecto e sujeitos activos de solidariedade intergeracional.

Avalia~ao

participativa

Os programas e actividades intergeracionais devem ser monitorizadas, devendo implicar uma avalia<;ao participativa que possibilite ao profissional fazer uma boa observa<;ao participante e a recolha de informa<;ao necessaria que permita verificar o cumprimento dos objectives. Neste ambito as praticas sociais ao nfvel dos seus profissionais e das suas institui<;6es, prop6e: - Escutar e observar os participantes: o seu estilo de participa<;ao, a sua implica<;ao, o grau de interac<;ao entre as diferentes gera<;6es em presen<;a, e os temas que mais interesse tern para os participantes. Podemos aplicar distintos metodos e tipos de avalia<;ao que podem ser aplicados a programas e actividades intergeracionais: avalia<;ao de monitoriza<;ao, de objectives, impactos e participativa. , A que elegi para vos £alar hoje foi a avalia<;ao participativa. Este tipo de avalia<;ao ganha impacto ao nfvel da avalia<;ao: Institucional e Programas Sociais. A avalia<;ao participativa consiste na partilha corn os agentes e participantes envolvidos, permitindo para alem de uma avalia<;ao, uma apropria<;ao reflexiva entre os diferentes actores da ac<;ao polftica e do programa. Envolvimento e participa<;ao dos proponentes, gestores, executores e sujeitos no proprio processo avaliativo. E urn tipo de avalia<;ao que procura ser capaz de apreender o pluralismo social e perseguir corn novas abordagens metodol6gicas. Tern por natureza: Incorporar os sujeitos na avalia<;ao: - Coloca no debate a diversidade de opini6es, valores, exerdcios, expectativas e representa<;6es que se tern da ac<;ao dos programas sociais. - Junta: gestores, comunidade e especialistas. - Para alem de medir os objectives atingidos preocupa-se corn a capacidade das respostas do programa as necessidades do grupo-alvo. A avalia<;ao participativa utiliza como instrumentos: • Defini<;ao de indicadores,

Lu slada. Interven<;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

23


Jorge Ferreira

• Aplica<;ao de questionarios, • Entrevistas, • Observa<;ao participante, • Escalas Neste tipo de avalia<;ao podemos destacar as seguintes potencialidades: • Desencadeia urn processo de aprendizagem social, • Socializa e acrescenta novas informa<;6es e novos conhecimentos em muitos casos segmentados, • Avalia resultados e impactos na altera<;ao da qualidade de vida dos sujeitos participantes e das comunidades. De seguida apresentamos 6 prindpios metodol6gicos: 1 - Autenticidade e compromisso: o especialista contribui corn o seu saber na area de avalia<;ao, 2- Antidogmatismo: consiste em nao aplicar de forma rigida algumas ideias preestabelecidas ou prindpios ideol6gicos, 3 - Restitui<;ao sistematica: consiste no retorno de informa<;ao aos grupos de base, de forma organizada e sistematica. 4 - Feedback aos especialistas: diferencia<;ao de papeis entre executores e especialistas. Gera articula<;ao te6rica e pratica facilitadora de uma visao integrada de todo o conhecimento. 5 - Ritmo e equilibrio de ac<;ao-reflexao: as bases registam a informa<;ao e sistematizam-na. A informa<;ao e processada para urn nivel geral de reflexao e daqui passa de novo as bases de uma forma mais objectiva. 6 - Ciencia e tecnicas: em qualquer situa<;ao podemos realizar uma tarefa cientifica corn o uso de recursos locais. Outro aspecto a assinalar e o uso da metodologia qualitativa, fundamental para descobrir 0 sentido e 0 significado que os participantes atribuem a interac<;ao promovida entre diferentes gera<;6es. Uma tecnica muito utilizada e a Entrevista individual e ou grupal, outra e os registos diarios e os relat6rios sociais, que facilitam a sistematiza<;ao, o pensamento ea reflexao. Concluo esta comunica<;ao corn urn apelo a reflexao de todos os actores e sujeitos de ac<;ao, necessaria a mudan<;a de mentalidades, modelo de gestao e qualifica<;ao das praticas sociais sustentadas em valores e direitos humanos adequados ao modelo social da sociedade contemporanea.

Bibliografia Ballesteros, Rodo Fernandez. (2009). Envejecimiento activo. Contribuciones de la Psicologia. Madrid. Ed. Piramide. Ballesteros, Rodo Fernandez. (2009). Psicologia de la Vejez. Una psicogerontologia aplicada.Madrid. Ed. Piramide. Garcia, Lourdes Bermejo. (2010). Envejecimiento Activo y Actividades Socioedu-

24

Lusfada. Interven<;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010


Ferramentas/ Instrumentos para praticas intergeracionais em diferentes contextos sociais Pag. 13-25

cativas corn Personas Mayores. Guia de buenas practicas. Serie Gerontologia Social. Madrid . Ed. Medica Panamericana. Qu aresma, Maria de Lourdes, e al). (2004). 0 Sentido das Idades da Vida. Interrogar a solidao e a dependencia. Gerontologia Social. Lisboa. Ed. CESDET. Zastrow, Charles H . (2010) . The Practice of Social Work. A comprehensive worktext. 91h . Edition. UK. Ed. Brooks/ cole, cengage learning.

Lusiad a . Interven .;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010

25



SOCIEDADE CONTEMPORANEA EA PROBLEMATICA DO ENVELHECIMENTO: A IMPORTANCIA DA SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL Maria Pereira Coutinho 1

1

Professora No ISSSL - Universidade Lusiada Lisboa/Investigadora CLISSSIS

Lusiada. Intervenc;:ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

27



Sociedade contemporanea ea problematica do envelhecimento: a importancia da ... Pag. 27-34

Introdm;ao Neste D ia Europeu da solidariedade intergeracional, e-rne extrem amente grato partilhar corn os presentes, embora sucintamente, dado o tempo d e que disponho, algumas ideias sobre uma questao que a todos nos interpela: "Sociedade contemporanea e problematica do envelhecimento: a importancia da solidariedade intergeracional". Nao vou fixar a minha aten.:;:ao, nem na analise dos conceitos implicados na analise da questao, nomeadamente sobre o proprio conceito de gera.:;:ao e sobre a no.:;:ao de bem-estar, nem nas varias abordagens te6ricas , actualmente presentes, no debate das rela.:;:oes intergeracionais. A abordagem que me propus seguir sobre o referido tema nao atende, astanto aos aspectos econ6micos (preocupa.:;:ao que e hoje muito valorizada e sim, que esta focalizada na previdencia social e na d istribui.:;:ao dos dinheiros publicos, corn uma forte conota.:;:ao politica), mas, pretende fundamentalmente, numa atitude reflexiva, perspectivar os aspectos ligados a urn autentico desenvolvimento humano e, nessa medida, de solidariedade intergeracional. Numa sociedade corn as caracteristicas da nossa e corn uma popula.:;:ao cada vez mais envelhecida, como e a portuguesa, e importante perceber como e que as gera.:;:oes mais jovens se relacionam corn a mais envelhecida e vice-versa. Para isso, torna-se necessaria o conhecimento desta sociedade que afecta tanto as crian.:;:as e os jovens coma as gera.:;:oes mais velhas. Prestando aten.:;:ao ao processo do envelhecimento, importa valorizar, efectivamente, o potencial humano de cada etapa da vida, nao em termos de conflito de gera.:;:oes, tema em rela.:;:ao ao qual muito se tern escrito e muitos estudos tern sido feitos, mas em termos de uma atitude de autentica solidariedade e partilha. Neste sentido e de acordo corn o titulo que m e foi dado, dividi esta minha curta comunica.:;:ao em tres partes: 1. Sociedade contemporanea 2. Problematica do envelhecimento 3. Importancia da solidariedade intergeracional.

1. Sociedade contemporanea

E, hoje, sobejamente conhecido que a sociedade contemporanea se encontra num processo rapido e profunda de transforma.:;:ao social e cultural; nela estao Lusiada. Interveno;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

29


Maria Pereira Coutinho

presentes determinadas dificuldades de funcionamento, tanto nas institui<;:6es responsaveis pela coesao social, como nos modos atraves dos quais se formam as identidades individuais e colectivas, podendo, assim, ÂŁalar-se de crise, nao s6 social e cultural mas, fundamentalmente, de crise do homem. De facto, todas as analises apontam para problematicas culturais, por vezes contradit6rias, que afectam dimensoes fundamentais da existencia humana, corn repercuss6es directas no campo social. Caracterizada pela perda de sentido para a vida humana, controlada pelo progresso cientifico e tecnol6gico e ao qual nao sao alheios, prioritariamente, os interesses econ6micos, o homem tornou-se, coma dizia Herbert Marcuse, o acess6rio da maquina produtiva e do aparelho de domina<;:ao. Deste modo, a razao tornou o homem num prisioneiro. Varios fi16sofos modernos explicaram, de varios modos, esta situa<;:ao hist6rica do homem, na qual corrup<;:ao, mentira e violencia se tornarem, para ele, realidade "natural": K. Marx, quando, sob uma forma muito propria, ilustra a aliena<;:ao do homem; Kosick ao salientar a "reifica<;:ao" actual do homem; M. Heidegger quando fala de que vivemos na "inautenticidade"; Unamuno ao afirmar que o homem corre o risco de se trocar por urn outro eu, urn eu de mercado, sujeito a oscila<;:ao dos pre<;:os; Jtirgen Habermas ao considera que, na sociedade actual, o "mundo-da-vida" esta colonizado pelo "sistema", atraves de uma racionalidade estrategico-instrumental, comprometendo a identidade individual e colectiva. 0 contexto cultural e social em que vivemos e, de facto, urn contexto novo, complexo e dificil marcado pela modernidade, pela p6s-modernidade e pelo poder enorme das tecnologias da informa<;:ao e da comunica<;:ao (TIC). Estamos perante uma sociedade marcada pela cultura moderna que valoriza: a seculariza<;:ao (perda da referenda do religioso, para a convivencia social e para os pianos pessoais de vida); a autonomia (valor acima de qualquer outro para a plena conquista de si mesmo); o pluralismo (eleito como valor moral, possibilitador da convivencia das liberdades e das decisoes colectivas) . A p6s-modernidade: valoriza o individualismo e a independencia; o efemero, o imediato e o vazio; prescinde de normas e de valores universais; e perpassada por urn pensamento debil, sem principios a priori. As TIC vao conquistando, cada vez mais, espa<;:os d a vida humana; nelas, se baseiam, cada vez mais, como elemento econ6mico, mercadoria altamente qualificada, a produtividade e a competitividade, corn urn impacto enormemente significativo nao s6 na produ<;:ao de bens e de servi<;:os, mas tambem no conjunto das rela<;:6es sociais e nos padroes de conduta. 0 homem desta sociedade virtual (a sociedade em rede, coma refere Manuel Castell) e urn homem-produto. De referir, ainda, que estamos perante uma sociedade onde, a par de enormes progressos, cientificos e tecnol6gicos, predomina a adop<;:ao de eticas de cariz hedonista e utilitarista e onde tern vindo a acontecer: perda do la<;:o social; perda da identidade, uma vez que atinge a representa<;:ao que cada urn tern de si

30

Lusiada . Interven<;:ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010


Sociedade contemporanea ea problematica do envelhecimento: a importancia da ... Pag. 27-34

proprio, sobretudo a nfvel mais pessoal; desqualifica<;:ao de aspectos da cultura de varios sectores da popula<;:ao; necessidade de reconstru<;:ao ilimitada da personalidade e da capacidade de aprendizagem ao longo da vida; exigencias de mobilidade; imprevisibilidade, incerteza e inseguran<;:a; perda da privacidade; aumento das desigualdades sociais e da exclusao social.

2. Problematica do envelhecimento

E corn este contexto de sociedade que sao confrontados os responsaveis politicos, os responsaveis sociais, os responsaveis da educa<;:ao e, sobretudo, as famflias. Em rela<;:ao as familias, que valorizamos preferencialmente, todas as transforma<;:6es sociais e culturais referidas as atingem, como nao podia deixar de ser, afectando o seu papel no reconhecimento da identidade individual e a sua fun<;:ao sociabilizadora. Em toda esta situa<;:ao social e cultural, fica tambem comprometido o reconhecimento do valor e do papel que a pessoa do idoso ocupa na estrutura<;:ao da nossa sociedade, sendo afectado o proprio conceito d e envelhecimento. 0 envelhecimento foi, desde sempre, motivo de reflexao para o ser humano. Contudo, ao longo do tempo, o conceito de envelhecimento e as atitudes perante o idoso tern vindo a mudar reflectindo o nfvel de conhecimentos sobre fisiologia e anatomia human, bem como a cultura e as rela<;:6es sociais de cada epoca. Na nossa sociedade, o envelhecimento tornou-se urn fenomeno muito relevante, devido, sobretudo, a sua implica<;:ao na esfera socioeconomica. Nos seculos passados, a velhice era considerada urn acontecimento excepcional, encarado corn respeito e orgulho. No actual contexto cultural e social, o envelhecimento esta a ser considerado como urn problema eminentemente social, devido ao aumento da esperan<;:a de vida e nas respectivas consequencias, a nfvel social, da saude e da economia e, sobretudo, devido a redu<;:ao das taxas de natalidade. Tornou-se, assim, hoje, urn problema delicado, a nfvel mundial, aparecendo como urn dos grandes desafios do seculo XXI. Aquilo que existe e, porem e sobretudo, urn problema da sociedade para corn os seus cidadaos de mais idade. Do ponto de vista social, as mudan<;:as, na perspectiva do envelhecimento demografico, correspondem as altera<;:6es da estrutura etaria da popula<;:ao, corn a existencia de urn duplo envelhecimento: envelhecimento na base (diminui<;:ao da percentagem de crian<;:as e jovens) e envelhecimento no topo (aumento significativo da popula<;:ao idosa) . Num seculo, a percentagem de jovens passou d e 45% para 15% ea de idosos (maiores de sessenta e cinco anos) passou de 5% para 20% . As estatfsticas demograficas indicam que, no seculo XVII, 1% da popula<;:ao atingia os sessenta e cinco anos; no seculo XIX, 4% da popula<;:ao atingia os sessenta e cinco anos; hoje em dia, dois ter<;:os da popula<;:ao ultrapassa os sessenta e cinco anos e urn ter<;:o ultrapassa os oitenta anos. Em Portugal, a percentagem Lusiada. Intervenc;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

31


Maria Pereira Coutinho

de idosos corn mais de sessenta e cinco anos era: em 1960, 8%; em 1975, 12%; em 2000, 16,4%; ea previsao para 2020 e de 18% . Estas transforma<;6es demograficas, resultantes, particularmente, do aumento da esperan<;a de vida, tern levado ao reconhecimento de que as rela<;6es de cuidado dentro das familias sao cada vez mais importantes, assistindo-se a urn maior numero de pedidos relativamente a recu rsos e cuidados entre os membros das familias. Existe urn consenso sobre o facto de as familias serem o palco onde as rela<;6es se desenvolvem, sendo os cuidados de apoio moldados pelos valores e pelas experiencias que decorrem ao longo da vida. 0 problema e que as familias estao a sofrer altera<;6es tanto em termos de forma como de significado, indo para alem da estrutura das familias nucleares, acontecendo urn alargamento das fronteiras do grupo de parentesco, em termos de rede de rela<;6es de parentesco, encontrando-se a no<;ao tradicional de parentesco perante urn desafio. Sao de considerar, ainda, as consequencias da revolu<;ao reprodutiva, relativamente as modifica<;6es que operam nas estruturas relacionais.

3. Importancia da solidariedade intergeracional Todos os aspectos referidos relatives as transforma<;6es d a sociedade actual e a problematica d o envelhecimento sao, assim, elem entos a considerar na reflexao sobre as rela<;6es intergeracion ais, em termos de solidariedade. Neste sentid o, no contexto d a sociedade contemporanea e perante as dificuldades nela existentes, compreend e-se o facto de as analises prospectivas acentuarem : a necessidade d o desenvolvimento da capacidade de "viver juntos", enquanto constrw;ao de uma ordem social sustentavel; a exigencia de novas tomadas de consciencia, sobretudo a nivel etico, e o apelo a solidariedade. E, pesem, embora, as profundas transforma<;6es na familia que condicionam o apoio ao idoso, valoriza-se a rela<;ao dos av6s corn os netos, dando, aos primeiros, novo sentido para a vida e, aos netos, uma mais-valia na sua educa<;ao, sobretudo ao n ivel dos valores eticos e religiosos, numa autentica perspectiva de educa<;ao intergeracional. Esta rela<;ao integra-se na busca de sentido para a vida e na sabedoria, aperfei<;oando o equilibrio entre a cogni<;ao e a afectividade. As rela<;6es intergeracionais entre os membros da familia sao mantidas por urn conjunto de factores tais como: la<;os de afecto, sentimentos de reciprocidade sobre a vida, sentimentos de obriga<;ao, incentives econ6micos e valores culturais. Sao estas rela<;6es que se tornam, ao nivel da sociedade, elementos eficazes de coesao, de partilha e de solidariedade entre os cidadaos, desempenhando a velhice urn papel importante. A velhice e, de facto, urn tempo diferente, mas, nela, a felicidade continua a ser razao de viver. A velhice continua a ser urn tempo de sonhos, de projectos, de realiza<;6es e de esperan<;as. Dela, Anselm Gruen enumera as seguintes virtudes:

32

Lusfada. Interven<;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010


Sociedade contemporanea ea problematica do envelhecimento: a importancia da ... Pag. 27-34

a paciencia, a mansidao, a liberdade, a gratidao eo amor. Nela se mostra como e importante envelhecer em conjunto e que ha urn dinamismo maravilhoso que urge aproveitar no casal, na familia, no grupo de arnigos, na equipa dos antigos companheiros de trabalho Encontramo-nos perante a sabedoria que implica capacidade de compreensao, de comunica<;ao e de julgamento e integra qualidades cognitivas, reflexivas e afectivas, bem como capacidade de dialogo e de aprendizagem corn os mais jovens. Tern, pois, muita razao o proverbio: "quando ÂŁores velho, aconselha-te corn urn jovem sensa to". E neste contexto de solidariedade intergeracional que se descobrem as virtudes de cada gera<;ao e se demonstra a Importancia da solidariedade intergeracional que, corn justi<;a, da sentido a vida e contribui para urn autentico desenvolvimento humano, quer individual, quer social. E sendo, na nossa epoca, a exigencia da Justi<;a e a questao do Sentido as quest6es maiores dos homens, e atraves da justi<;a e do sentido que se desenham as novas fronteiras das solidariedades inter-humanas. Apela-se, por isso, a etica, salientando que qualquer actividade, inserida na comunidade humana, deve ter em considera<;ao a radical dignidade das pessoas envolvidas. A etica opera como que urn chamamento ao qual cada consciencia humana responde pessoalmente e de modo aut6nomo, no dinamismo da sua auto-realiza<;ao, implicando, na sua essencia, uma abertura ao sentido, indissoluvelmente ligada a abertura aos outros, a coexistencia e, nessa medida, a solidariedade.

Conclusao Marcada por uma 16gica impessoal e de controlo social, vivemos numa sociedade em que a personagem principal nao e o homem mas a maquina. Organizada para o quotidiano, centrada no resultado tecnico e econ6mico e numa cultura hedonista na qual se implantou o utilitarismo, corn debilidade das cren<;as, e onde e not6rio o ocaso da "moral do clever" e da normatividade etica, corn dificuldades a nivel dos quadros de referenda para a orienta<;ao da ac<;ao. E, uma vez que esta em questao a existencia de uma referenda universal para toda e qualquer realidade, fica comprometida a propria humanidade e o seu suporte cognitivo e moral. Compreende-se, assim, o apelo a cidadania e a solidariedade, nomeadamente a solidariedade intergeracional. Im porta, porem, para que haja uma autentica solidariedade intergeracional, focar a questao complexa d a justi<;a social entre gera<;6es e apontar, sobretudo, para a necessidade de repensar, quer o pretenso Estado de Bem-Estar, quer a sociedade, quer, ainda, a familia como fonte provedora de suporte nao s6 dos idosos, mas das diferentes gera<;6es.

Lusiada . Interven.;ao Social, Lisboa, n .0 36/ 2010

33


Maria Pereira Coutinho

A questao da solidariedade intergeracional apresenta-se, assim, como uma questao etica, como uma questao de humaniza<;ao da sociedade que, de forma critica e participativa, urge construir, assente na dignidade da pessoa enquanto ser de rela<;ao.

Bibliografia Beck-Gernsheim, E.,(2002) . Reinventing the family. In search of new life styles. Cambridge, Polity Press. Castells, M ., (1997). La era de la Informaci6n. Economia, Sociedad y cultura, 2째 vol., Madrid, Alianza ed .. Coutinho, M. Pereira, (2002). Racionalidade comunicativa e desenvolvimento humano em Jurgen Habermas. Bases de um pensamento educacional, Lisboa, Colibri. Esping-Andersen, G., Sarasa, 5.,(2002). "The generational conflict reconsidered" in Journal of European Social Policy, v. 12, n. 1, pp. 5-21. Pernancies, A, (1997). Velhice e Sociedade: Demografia, Familiae Politicas Sociais em Portugal, Oeiras, Celta Ed. Pernancies, A, (2008). Questi5es demograficas- Demografia e Sociologia da Popula(:i'io, Lisboa, Ed. Colibri. Gruen, Anselm, (2010). Sublime arte de envelhece e tornar-se uma ben{:i'io para os outros, 2a ed., Prior Velho, Paulinas Ed. Hoff, A., (2009). "As altera<;6es das rela<;6es intergeracionais nas sociedades europeias" in 0 Tempo da vida. Forum Gulbenkian de Saude Sabre o Envelhecimento, Cascais, Principia. Walker, A. (1993). "~ntergenerational relations and welfare restructuring: the social construction of an intergenerational problem" in Bengston, V. L., Hengston, V. L., Henbaum, A. (eds.), The changing contract across generations. New York, Aldine De Gruyter.

34

Lusiada.

Interven~ao

Social, Lisboa, n. 0 36/2010


DIALOGOS INTERGERACIONAIS

Ana Cristina Lott Darel

1

Doutoranda em Design - Faculdade de Arquitectura da Universidade Tecnica de Lisboa

Lusiada. Interven<;iio Social, Lisboa, n. 0 36/2010

35



Dialogos lntergeracionais Pag. 35-45

l.INTRODUc;Ao 0 ciclo de vida do ser humano que tern na velhice a consequencia do seu processo natural, tern sido urn motivo de preocupa<;ao para humanidade desde o inicio da civiliza<;ao, e principalmente desde o final do Sec. XX e inicio do Sec. XXI.

(Fonte:http: I /bpO.b lo gger.com/ _ YFimVzwLCm4/SAN_bQ5qRkl/ AAAAAAAAASo/ C84yRQZ3Qx g/ s1600-h / envelhecer_paradoxo. jpg)

No entanto, o envelhecimento nao e urn estado, mais sim uma degrada<;ao progressiva e diferencial, afetando todos os seres vivos, sendo o seu termo a morte do organismo. Embora seja uma fase previsfvel da vida dos indivfduos, o envelhecimento nao e geneticamente programado. Nao existe genes que determinam coma e quando envelhecer, mas sim genes variantes cuja expressao favorece a longevidade ou reduz a dura<;ao do ciclo de vida (Dare, 2010). A questao relativa ao envelhecimento pode ser analisada sob duas perspectivas: a perspectiva da individualidade, onde o envelhecimento esta assente numa maior longevidade dos individuos, consequencia de um aumento da esperanc;a media de vida e pela perspectiva demogrtifica, definida pelo aumento de pessoas idosas na populac;iio total. Esse aumento da populac;iio idosa e conseguido em detrimento da populac;iio jovem e/ou em detrimento da populac;iio ativa (Dare, 2010).

Lusfada. Interven<;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

37


Ana Cristina Lott Dare

0 processo de envelhecimento da popula<;ao exerce urn impacto sabre a rela<;ao intergeracional, causando mesmo uma tensao entre os diferentes individuos. As mudan<;as demograficas nao devem ser vistas apenas coma urn conflito por recursos entre os jovens e os idosos, mas entendidas coma oportunidades, e consequentemente e preciso que haja urn dialogo entre as gera<;6es.

(Fotografia de Ana Cristina Dare)

0 objective e a melhoraria da comunica<;ao entre os diferentes grupos etarios, assegurarando que todos se beneficiem, ajudando, dessa forma, a reduzir as inibi<;6es e preconceitos, promovendo o respeito e a solidariedade.

2. A NEW PARADIGM: THINKING ABOUT THE DESIGN 2.1. TECNOLOGIAS DIGIT AIS

A crescente importancia do computador, que se encontra presente no dia-a-dia, evidencia a importancia para que o idoso consiga interagir corn este tipo de equipamento, promovendo a sua participa<;ao e intera<;ao ativa na sociedade. Corn o envelhecimento ocorrem altera<;6es em diversas fun<;6es perceptivas ea nivel fisico, que podem comprometer a utiliza<;ao deste tipo de equipamento pelos idosos. A acuidade visual e urn dos exemplos dessas altera<;6es relacionadas a idade, nao restrigindo a sua utiliza<;ao, mas gerando alguma dificuldade. No entanto, esses individuos tornam-se receptivos, principalmente no uso do e-mail, coma uma forma de comunica<;ao eficiente, promovendo urn crescimento da intera<;ao social (TEIXEIRA, 2011). No entanto, ha necessidade da promoc;ao de alternativas de acessibiliades ao computador para estes individuos: - Configurar a usabilidade, tornando mais facil a visualiza<;ao das guias e utiliza<;ao dos softwares existentes;

38

Lusiada. Intervenc;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010


Dialogos lntergeracionais Pag. 35-45

(Fonte: http: / / il.r7 .com/ data / file s/2C92/94A3/24E6/ AC23/ 0124/ED5B/7FC 1 I 4EBO / computadorsimples-g-20091113.jpg)

- Promover uma maior interactividade no acesso a internet e na utiliza<;ao doe-mail, de forma intuitiva; - Facilitar a utiliza<;ao dos icones a introduzir nos textos; - Teclas e caracteres dimensionados para facilitar a digita<;ao e a leitura;

(Fonte: http:/ /www.oribatejo.pt/wp-content/uploads/ 2009 /11/ magalh %C3%A3es-idosos.jpg)

Lusiada. Interven.;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

39


Ana Cristina Lott Dare

-

Ferramen tas au mentativas.

Design by NG WEI JIE

(Fonte: http:// greaterthan60.com / files/ projects/ enlarged/ 63.jpg)

2.2. EXERGAMES

Urn estudo desenvolvido no Sam and Rose Stein Institute for Research on Aging, da Universidade da Carolina do Norte, San Diego School of Medicine, USA, revelou que os idosos que praticam o "exergames" (video games que combinam jogos corn exercicios) sofrem uma redu<;ao dos sintomas da chamada SSD (Subsyndromal Depression). Num estudo piloto, os pesquisadores descobriram que corn o usos dos exergames, houve melhoras significativas no humor, na saude mental e na qualidade de vida desses idosos. A SSD e uma tipo de depressao comum entre os idosos, associada a urn certo sofrimento, incapacidade funcional, sendo no seu tratamento utilizado uma medica<;ao muito cara. A pratica do exercicio fisico e recomendada, pais causa uma melhoria nesse tipo de depressao, mas menos de 5% dos idosos o fazem regularmente.

40

Lusiada. Interven c;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010


Dialogos Intergeracionais Pag. 35-45

(Fonte: http:/ jwww.whereageisanattitude.com/ wp-content/ up loads/ 2010/02/ Age-is-an-Attitude-Senior-Citizens-W ii.jp g)

Este estudo piloto contou corn a participa<;ao de 19 idosos, entre os 63 e 94 anos, utilizando uma Wii da Nitendo. 0 controlo remota da Wii sem fios detecta os movimentos do corpo, possibilitando aos idosos movimentarem os bra<;os e as pernas, simulando a pratica de desporto, como tenis, golfe, baseball, boliche e box. Depois de algumas instru<;6es iniciais, os idosos escolhiam o jogo, e o praticavam durante sessoes de 35 min., 3 vezes na semana. Os participantes acharam os jogos divertidos, sentido-se desafiados a conseguirem progressos, atribuindo atributos como diversao, esfor<;o mental e limita<;6es fisicas. 0 resultado apresentado foi de que mais de urn ter<;o dos participantes diminui em 50% os sintomas da doen<;a, melhorando os estimulos cognitivos e a qualidade de vida. Os exergames podem proporcionar aos idosos uma pnitica regular de exerdcios fisicos e proporcionar urn alto nivel de satisfa<;ao, no entanto os seus utilizadores devem ter cuidado na pratica dos exergames pois existem riscos potenciais de sofrerem lesoes. No entanto, a equipa de investiga<;ao adverte que as conclusoes foram baseadas num pequena amostra, devendo ser experimentada numa amostra m ais alargada, para urn melhor controlo d as variaveis.

Lusiada.

Interven~i'io

Social, Lisboa, n. 0 36/2010

41


Ana Cristina Lott Dare

2.3 E-HEALTH

(Fonte: http:/ / ec.europa.eu/ information_ society/ activities/health/whatis_ehealth/ index_en .htm)

Segundo a Organiza<;ao Mundial de Saude (OMS), o e-health e o uso das tecnologias de cornunica<;ao e inforrna<;ao para a saude (TIC) . Sendo urn contributo na p resta<;ao de urn servi<;o de saude rnais eficiente para todos os cidadaos, focada na rnelhoraria do acesso, da eficiencia, da efetividade e da qualidade dos processos clinicos e assistenciais necessarios a toda a cadeia de presta<;ao de servi<;os de saude. Incluern urna rede de inforrna<;ao, dotada de registos electr6nicos, servi<;o de telernedicina, que possibilitarn o diagn6stico, tratarnento, acornpanharnento e gestao de saude.

(Fonte: http :/ jwww .hea lthcare. philips .com/pwc_h c/main / shared / Assets/ Images/ Homeheal the are/ Teleheal th/ Solutions/ psg_telehealthdevices_main_ en2.jpg)

42

Lusfada . Inte rv en~a o Social, Lisb oa, n .0 36 /2010


Dialogos Intergeracionais Pag. 35-45

As condi<;6es de saude dos pacientes podem ser monitorizadas remotamente, corn o apoio dos prontuarios electr6nicos, que permitam o acesso do profissional a todo o hist6rico do paciente, sem necessidade de desloca<;6es, ampliando o atendimento as areas mais remotas e rurais. As TIC podem funcionar como urn meio para o relacionamento interpessoal, como tambem intergeracional, contribuindo para uma maior percep<;ao de presen<;a, amenizando, assim, o sentimento da solidao. Os chats funcionam como uma ferramenta on de os pacientes possam interagir corn outros pacientes corn o mesmo diagn6stico, numa troca de experiencia e num melhor entedimento. Os suportes sociais online revelam-se, por vezes, mais eficazes que os apoios presenciais, pois geram processos inter-relacionais dinamicos entre familiares e amigos, em especial, os que se encontram distantes.

2.4 PROJETO INTERGERACIONAL EM EVORA

dadas Projecw in~eracimutl "De Maos Dadas"

(Fonte: http:// www.cm-evora.pt/ pt/ conteudos/ areas+tematicas/ evora ++cidade+educadora/ projectos j De+maos+dadas.htm)

0 projecto De Maos Dadas foi implementado pela Camara Municipal de Evora, no ano lectivo de 2004/2005. Este projeto convida aos idosos a urn volutariado no acompanhamento de alunos do pre-escolar e do 1째 Ciclo do Ensino Basico, em percursos pedonais, na desloca<;ao entre a respectiva escola e as cantinas onde sao feitas as refei<;6es. Dessa forma, promove a interactividade e a aproxima<;ao de duas gera<;6es, devolvendo aos idosos o sentido de utilidade e aos mais novos o sentido de perten<;a e identidade. Devido ao seu carater inovador ao nivel das estrategias nao formais na promo<;ao do pedestrinaismo, foi distinguido pela Comissao Europeia de 2008, por estar de acordo corn os pincipios da Semana Europeia da Mobilidade e por ser urn projeto que contribuem para a seguran<;a das crian<;as e para a promo<;ao do andar ape.

Lusfada. Interven<;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

43


Ana Cristina Lott Dare

(Fonte: http:// www.cm-evora.pt/ pt/ conteudos/ areas+tematicas/ evora ++cidade+ed ucadora/ projectos / Almocos+de+ Miudos+com +Graudos++ Voluntariado+de+ A.htm)

No contexto deste projeto, e na promo<;ao da qualifica<;ao das refei<;oes, foi criado o Almo<;o dos miudos corn os graudos, que consiste no acompanhamento e apoio as crian<;as (6 a 10 anos) nos refeit6rios escolares, dando urn apoio quer aos alunos quer aos funcionarios. Corn este projeto, pretende-se estimular o encontro intergeracional, fomentando uma aprendizagem informal por parte dos alunos e voluntarios, valorizando saberes e experiencias de vida enriquecedora por parte dos idosos, numa perpesctiva de integra<;ao.

3. CON CLUSAO 0 convivio social, uma boa infra-estrutura urbana, o acesso e qualidade de servi<;os sociais, o suporte familiar e a habita<;ao, sao a base para a promo<;ao da felicidade e satisfa<;ao dos individuos idosos e uma importante ferramenta para a inclusao social. 0 grande desafio ao qual a sociedade se propoe e conseguir uma sobrevida cada vez maior, corn uma melhoria cada vez mais significativa na sua qualidade, p ermitindo que as altera<;6es biol6gicas nao sejam urn impedimenta para que os anos vividos corn idade avan<;ada tenham, de fato, mais significado (DARE, 2010) . Devido ao fen6meno de urn contingente cada vez maior do numero d e idosos, torna-se importante a existencia de meios que possibilitem ao desenvolvimento de boas praticas que resultem no convivio intergeracional corn qualidade, promovendo o desenvolvimento pessoal atraves da intergeracionalidade (CUNHA; MATOS, 2010) .

44

Lusfada.

Interven~ao

Social, Lisboa, n. 0 36/2010


Dialogos Intergeracionais Pag. 35-45

4. REFERENCIA BIBLIOGRAFIA

Costa, Wend ell . 2011. Videogarnes pod ern ajudar no cornbate a depressao. Available: http:// consoleacadernico.wordpress.corn/ 2010/03/19/ videogarnespodern-ajudar-no-cornbate-a-depresso j (Accessed 5th October 2011) Cunha, Bebiana; MATOS, Paula Mena. 2010. Rela.:;oes Intergeracionais: Significados de adolescentes sobre av6s e idosos In Aetas do VII Sirnp6sio Nacional de Investiga.:;ao ern Psicologia, 2010. Avaiable: http:/ jwww.actassnip2010.corn/ conteudos/ actasjPsiFarn_5.pdf Dare, A. C. L. 2010. Design Inclusivo: o impacto do ambiente domestico no utilizador idoso, Lisboa, Universidade Lusiada Editora. De Maos Dadas. 2011. Available: http:/ jwww.crn-evora.pt/pt/conteudos/ areas +terna tic as/ evora ++cidade+ed ucadora/ projectos / De+rnaos+ dadas. htrn (Accessed 5th October 2011) Carnara de Evora apresentou projecto de convivio intergeracional. 2011 . Available: http:/ /www.rnetronews.corn.pt/2011/04/11/carnara-de-evora-apresentou"projecto-de-convivio-intergeracionalj (Accessed 5th October 2011) Teixeira, Raquel Barbosa. 2011. Qual a rela.:;ao do idoso corn o cornputadorAvaiable: http:/ /www.rnvirtual.corn.br/rnidiaedujartigos_onlinej25.pdf (Accessed 5th October 2011) Tessari, Olga Ines. 2008. 0 rnundo digital na terceira idade. Available: http:/ j www.olgatessari.cornjid478.htrn (Accessed 5th October 2011)

.i1CiAUD

FCT Fundas:ao para a Ciencia e a Tecnologia MINISTERIO DA ClENCIA, TECNO!.OGIA E ENSINQ SUPERIOR

Lusiada. Interven<;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010

45



0 SERVI<;O SOCIAL E A RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL: PASSADO, PRESENTEE FUTURO

Helena Mafalda Martins Teles 1

1

Doutoranda em Servic;:o Social; Investigadora no CLISSIS.

Lusiada. Intervenc;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

47



0 Servic;o Social ea Responsabilidade Social Empresarial: passado, presentee futuro Pag. 47-61

Resumo: 0 tema de estudo e a responsabilidade social empresarial (RSE), que se caracteriza pela integra<;:ao voluntaria de preocupa<;:6es sociais e ambientais por parte das empresas. A RSE tern como principal objectivo a responsabiliza<;:ao das empresas na coesao social e no desenvolvimento de medidas que vao alem do mero cumprimento das obriga<;:6es legais. Entende-se que o Servi<;:o Social devera intervir na RSE, u sando as suas competencias e as suas habilidades na cria<;:ao de mecanismos que visem a melhoria da qualidade da interven<;:ao levada a cabo pela responsabilidade social das empresas, junto dos seus colaboradores e da sociedade, na medida em que as determina<;:6es especificas de reestrutura<;:ao produtiva - inova<;:6es tecnol6gicas, mercado global e altera<;:6es dos processos de trabalho - e das rela<;:6es laborais carecem de uma interven<;:ao multidisciplinar. Palavras-Chave: Responsabilidade Social, Servi<;:o Social e Empresas. Abstract: The th eme of this study is the CSR (Corporate Social Responsibility), w hich is ch aracterised by the volun tary adoption and integration of social an d environmental concerns by the companies. The main goal of the CSR is the comp anies' accoun tability in w h at concerns social cohesion and t development of measures that go beyond the simple fulfilment of its legal obligations. It is understood that Social Work sh ould have a role in the CSR, using its skills an d abilities in the creation of mechanisms that seek the improvement and quality of the intervention carried out by the corporate social responsibility towards its employees and the society, considering the specific factors of the productive restructuration - technological innovations, global market and changes on the labour processes - and the industrial relations which requires a multidisciplinary intervention. Key-words: Social Responsibility, Social Work and Companies.

Lusiad a. Intervenc;ao Social, Lisb oa, n. 0 36/2010

49


Helena Mafalda Martins Teles

Introdm;ao Desde a ultima decada do seculo XX, a responsabilidade social das empresas e tema de debate na sociedade, especialmente no ambito da gestao e da adrninistra<;ao, tendo vindo a desenvolver-se e a ter mais visibilidade. As empresas devem identificar as suas lacunas no ambito da RSE e intervir em consonancia corn urn conjunto de objectivos de que se destacam o alcance das metas nacionais definidas para o desenvolvimento sustentavel, o incentivo aos novos comportamentos nas dimensoes interna e externa, e a melhoria da performance empresarial (Guimaraes, 2006). Tratando-se de uma responsabilidade social, esta podera ser urn potencial campo de interven<;ao para o Servi<;o Social, pese embora o facto de os estudos publicados abordarem essencialmente as dimensoes da etica e da responsabilidade ambiental, corn especial enfoque para o desenvolvimento sustentavel. Pretende-se corn este artigo compreender se a responsabilidade social empresarial sera urn campo profissional para o Servi<;o Social contribuindo para melhorar, por urn lado, a eficiencia e a eficacia dos trabalhadores e, por outro lado, a canaliza<;ao dos investimentos sociais das empresas para o combate efectivo dos problemas sociais, criando espa<;o para a melhoria da qualidade de vida e do bem-estar dos trabalhadores e da sociedade em geral.

A Responsabilidade Social Empresarial e o Mercado Livre A responsabilidade social empresarial nao e uma moda, mas, sim, urn conjunta de ae<;:oes coordenadas e necessarias que visam o equilibrio global ideal do sistema s6cio-econ6mico. A Comissao das Comunidades Europeias caracteriza-a como "a integra9iio voluntaria de preocupa9oes sociais e ambientais par parte das empresas nas suas opera9oes e na sua interac9iio cam outras partes interessadas" (Uniao Europeia, 2001, paragrafo 20). Trata-se de urn conceito que tern subjacente a contribui<;ao empresarial "para uma sociedade mais justa e para um ambiente mais limpo. (...) Esta responsabilidade manifesta-se em rela9iio aos trabalhadores e, mais genericamente, em rela9iio a todas as partes interessadas afectadas pela empresa e que, par seu turno, podem influenciar os seus resultados" (Uniao Europeia, 2001, paragrafo 8). 0 actual funcionamento da economia de mercado a que Adam Smith chamou "mao invisivel", apresenta uma lacuna no que concerne a protec<;ao das condi<;oes dos trabalhadores e da sociedade em geral. Para que exista uma economia de mercado livre, na sua concep<;ao pura, tera de ser baseada na livre troca de mercadorias, tendo subjacente a lei da oferta e da procura (Alvarez Civantos, 2006). A dinamica do mercado perrnite a gera<;ao de riqueza no curto prazo, nao considerando os factores a longo prazo, isto e, nao integra a considera<;ao de salvaguarda do mercado no futuro. Eai que reside o problema. Nao se procura a

50

Lusiada. Interven<;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010


0 Servi<;o Social ea Responsabilidade Social Empresarial: passado, presentee futuro Pag. 47-61

defesa do livre mercado. Tal como funciona a economia de mercado, pode levar ao paradoxo de ser a causa do desaparecimento da sua propria condi<;:ao, pois qu alquer transac<;:ao econ6mica depende, nao apenas da lei da oferta e da procura, mas tambem dos individuos que a realizam. Se as pessoas envolvidas vivem num clima de incerteza, de instabilidade e de desequilibrio social, econ6m1co ou ambiental, a oferta e a procura estao em risco de ser seriamente afectadas (Alvarez Civantos, 2006). E nesta lacuna do mercado econ6mico actual que a RSE actua, procurando urn equilibrio, uma estabilidade social e ambiental, que permita urn desenvolvimento econ6mico sustentavel.

Modelo Liberal

I

Mercado Sofisticado

I

Mercado Selvagem I Nada: RSEpor imposi<;ao

Tudo: RSE por adesao ... voluntaria

Mercado Responsavel

Mercado Distraido I

I

Modelo Social Europeu Figura 1: Modelos econ6micos vs. RSE (Santos, 2006, p. 199).

Estado e Economia 0 Estado e as empresas sao os dois actores corn maior influencia no sis-

tema social, sendo que as actividades do Estado (Alvarez Civantos, 2006) afectam as empresas, as organiza<;:6es e as entidades publicas, as ONG e ate mesmo o meio ambiente. No entanto, a imporHincia da empresa como urn actor social e determinada pelo seu poder econ6mico e pela sua influencia social. Hoje em dia, muitas empresas tern urn or<;:amento maior do que o de muitos Estados, e popula<;:6es inteiras dependem das empresas localizadas no seu territ6rio. Existe uma dependencia econ6mica e, correspondentemente, uma unidade de poder, o que p oderia qu alificar-se com o o eclipse do poder pu blico e de valores sociais que

Lusfad a . Interven <;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

51


Helena Mafalda Martins Teles

correspondem a essa garantia. Quando o Estado tern de defender urn interesse directo da empresa, esta indirectamente a apoiar o bem-estar da comunidade, defendendo os valores de equilibrio social, que constituem a sua essencia (Alvarez Civantos, 2006). As teorias liberais rejeitam qualquer interven(_;ao do Estado e defendem o livre mercado ea sua auto-regula(_;ao. No entanto, a radicaliza(_;ao das posi(_;oes liberais nao e totalmente sensata, na medida em que a interven(_;ao estatal podera beneficiar o mercado livre, por urn lado, atraves de uma correcta utiliza(_;ao das receitas publicas e, por outro lado, ao ajudar a integra(_;ao de disciplina (sem d istor(_;ao da concorrencia), permitira urn aumento de mercado e da eficiencia econ6mica.

A importancia das parcerias na RSE Existem parcerias publico-privadas quando o parceiro privado assume o compromisso de disponibilizar ao Estado, ou a comunidade em geral, uma certa u tilidade mensura vel, mediante a opera(_;ao e manuten(_;ao d e uma obra/ ac(_;ao por ele p reviam ente projectada, financiad a e constru id a. Nos ultimos anos, regista-se urn aumento da colabora(_;ao entre o sector publico eo p rivado, corn vista ao desenvolvimento de sinergias, que visam intervir de forma adequada na resolu(_;ao d e problemas sociais, econ6micos ou ambientais. Desta forma, tambem as parcerias orientadas para a RSE articulam diferentes organiza(_;oes do sector privado e do sector publico, em combina(_;ao corn organiza(_;oes da sociedade civil. A actividade da RSE pressupoe o investimento de tempo, de energia, de capital e de outros recursos, visando a resolu(_;ao dos problemas sociais vigentes. Estas actividades envolvem o trabalho de diversas organiza(_;oes, que produzem sinergias ao nivel da cultura, das redes de trabalho e das competencias (Santos, 2006). Segundo o Mendes (2004), os dominios de interven(_;ao das redes existentes em responsabilidade social sao diversificados, isto e, dependem do prop6sito da parceria. Estas podem estar orientadas para: a) o desenvolvimento econ6mico local; b) a cria(_;ao de emprego; c) a reabilita(_;ao das infra-estruturas comunitarias; d) o beneficia de servi(_;os, melhorando o acesso aos mesmos; e) a promo(_;ao da saude e da educa(_;ao; f) o decrescimo do crime e da violencia; g) a obten(_;ao de uma maior tolerancia etnica; h ) a minimiza(_;ao de situa(_;oesjrisco de exclusao; i) a aceita(_;ao da diversidade na comunidade e no local de trabalho; j) a melh oria da qualidade de vida. As parcerias da RSE permitem criar mecanismos praticos para alcan(_;ar os resultados de uma forma mais eficaz e eficiente. E de salientar que as parcerias

52

Lusiada.

Inte rve n ~a o

Social, Lisboa, n. 0 36/ 2010


0 Servic;o Social ea Responsabilid ade Social Empresarial: passado, presentee futuro Pag. 47-61

acarretam custos para todos os intervenientes. No entanto, o sucesso ou o fracasso da sua "exis tencia mede-se niio apenas pelo nivel de interven ~iio e de resolu~iio de problemas, mas igualmente pelas sinergias e pela mu l tiplica~iio de impactes que asua volta conseguem gerar. 0 valor destas parcerias implicadas na melhoria da comunidade em geral ultrapassa em muito o seu prop6sito, objectivo ou actividade para a qual foram criadas" (Santos, 2006, p. 166). As experiencias existentes em termos de parcerias da RSE mostram, porem, claramente que, apesar dos cu stos e do facto de nem sempre se cumprirem totalmente as expectativas da cria<;ao de parceria entre o sector privado e o sector publico, delas resulta urn conjunto de beneficios para as organiza<;6es participantes, constituindo-se por si s6 uma mais-valia para a sustentabilidade da RSE.

As pniticas da RSE e o Servicso Social A participa<;ao no mercado livre nao e uma decisao puramente econ6mica. Tern tambem subjacentes criterios sociais. As regras do mercado livre sao provenientes de todos os actores sociais que comp6em o sistema s6cio-econ6mico, especialmente da propria comunidade (urn conjunto de individuos), dos meios de comunica<;ao social, dos lideres de opiniao e das pr6prias empresas. A origem das regras e diversificada, portanto, a correc<;ao dos desequilibrios do sistema econ6mico, social e ambiental requer uma ac<;ao em todas as suas fontes de produ<;ao ou de origem (Alvarez Civantos, 2006). De entre as praticas de RSE alvo de analise2, e de todo importante apresentar uma sintese das praticas que poderiam vir a ser desenvolvidas, algumas por equipas multidisciplinares, pelo Servi<;o Social.

2 Efectuada aos relat6rios de sustentabilidade de 2007, publicados pelas empresas e efectuados segundo padrao do modelo da GRI, efectu{unos um levantamento das pniticas socialmente responsaveis de empresas do sector agro-alimentar (Delta Cafes, SGPS, SA e Nestle Portugal, SA), da ban ea (Banco Comercial Portugues, SA, Grupo Banco Espirito San to, SA, Grupo Banco Santander Totta, SA, Grupo Banif SGPS, SA e Gmpo Caixa Geral de Dep6sitos) e das telecomunica~oes (Grupo P01tugal Telecom, SGPS, SA, Grupo Sonaecom, SGPS, SA e Vodafone Portugal - Comunicac,;oes Pessoais, SA).

Lu siad a . Interven c;ao Social, Lisboa, n .0 36 /2010

53


Helena Mafalda Martins Teles

Destina tarios

Praticas da RSE

Sociedade

• Elaborat;ao, promot;ao e coordenat;ao de projectos sociais do interesse dos colaboradores e da sociedade • Apresentat;ao de projectos para a melhoria da qualidade de vida da comunidade/sociedade • Acompanhamento dos projectos (co)financiados pelas empresas • Trabalho em parceria corn o sector publico, institut;6es nao governamentais e outras empresas

Colaboradores

• Planos de carreiras, modelos de avaliat;ao • Planos de format;ao social • Esclarecimento das pollticas de protect;ao estatais e da empresa • Articulat;ao corn a medicina do trabalho • Processo de recrutamento e gestao de recursos humanos • Act;ao social para os grupos desfavorecidos • Promot;ao da segurant;a e da higiene no trabalho • Acompanhamento individual dos trabalhadores corn problemas sociais • Colaborat;ao do assistente social corn o medico dentro da empresa • Relat;6es humanas na empresa e na organizat;ao tecnico-social do trabalho

- - -

-

- ---

-

-

Quadro 1: Praticas da RSE no ambito do Servit;o Social. Por empresa entende-se urn organismo social constituido por recursos humanos, tecnicos e materiais naturais, tendo como principal objectivo a obtent;ao de lucros ou a prestat;ao de servit;os a comunidade. Desta forma, as empresas, e em particular a RSE, sao urn campo de act;ao do Servit;o Social, devendo o sector privado ser vista coma urn campo de saida profissional para os assistentes sociais. Muito embora a maioria das universidades corn licenciatura em Servit;o Social indique as empresas coma saida profissional, e sabido que este campo d e act;ao e pouco escolhido. Face ao exposto, consideramos que o campo de act;ao do Servit;o Social devera ser amplamente estudado e que devera existir urn maior investimento, por parte das universidades, para alargar os seus planos de estudo, inserindo a RSE coma urn campo de act;ao emergente do Servit;o Social. Conforme enunciado no quadro 1, existem imensas e diversas praticas levadas a cabo pela RSE que, se fossem efectuadas por equipas multidisciplinares que incluissem o Servit;o Social, teriam resultados bem mais positivos. Corn os contributos do Servi<;o Social, e numa abordagem sistemica dos problemas so-

54

Lusfada.

Interven~ao

Social, Lisboa, n. 0 36/2010


0

Servi~o

Social ea Responsabilidade Social Empresarial: passado, presentee futuro Pag. 47-61

ciais, os mesmos seriam ultrapassados mais rapidamente, intervindo-se numa perspectiva de preven<;ao e de resolu<;ao. No entanto, consideramos pertinente que a interven<;ao do Servi<;o Social nas empresas parta de uma boa base te6rica apreendida durante a licenciatura. Para finalizar, gostariamos de apresentar urn esquema que de uma forma simples indica que a expansao da ac<;ao social da RSE s6 podenl. evoluir positivamente se tiver presente as seguintes premissas: serem integradas voluntariamente as preocupa<;6es sociais e ambientais (na produ<;ao e na interac<;ao corn os seu s stakeholders) (Uniao Europeia, 2001, panigrafo 20); existir uma alian<;a entre a RSE e a estrategia empresarial; ser uma ac<;ao longa e constante; mostrar-se viavel, e, no caso de obten<;ao de resultados positivos, as ac<;6es serem reproduzidas. S6 assim se legitima uma interven<;ao no ambito da ac<;ao social.

Volw1taria Aliada a uma

estrate ~ia

Longa e constante Observada e via vel Reproduzida

Legitimidade Resultados Metodologia Parcerias /Rede Visao

Quadro 2: Os inputs de "VALOR" para a expansao da ao;ao social da RSE (Luis Martinez, Carbonell, & Aguero, 2006, p. 148).

Modelo de

interven~ao

do

Servi~o

Social empresarial: sistemico-social

No que concerne ao modelo sistemico o mesmo assenta em tres grandes pressupostos que de uma forma generica revolucionaram a analise do modelo sistemico, a saber: 1. Metafora organica do universo (funcionamento do organismo vivo) . 2. 0 nascimento da ciencia do p rocedimento da informa<;ao (cibernetica, introdu<;ao de conceitos como input, output e retro-alimenta<;ao) . 3. Interesse pelas interac<;6es dos sistemas abertos como o meio, visao ecol6gica (Jesus Viscarret, 2009). Pincus e Minahan (1973), citados por Jesus Viscarret (2009), sao urn marco

Lusiada.

Interven~ao

Social, Lisboa, n. 0 36/2010

55


Helena Mafalda Martins Teles

de referenda te6rico do modelo sistemico-social. Estes autores indicam que os quatro sistemas basicos sao: o sistema do agente de mudan<;a; o sistema dos clientesjutentes; o sistema dos destinatarios; e, por fim, o sistema de ac<;ao. De entre as diversas formas de ac<;ao e de fun<;6es que o modelo sistemico-social preve, as principais sao: consultoria, educa<;ao, negocia<;ao, interven<;ao directa, procura de novos recursos, media<;ao, entre outras. Sao tambem estes autores que definem de forma clara as principais fun<;6es a ser realizadas pelos assistentes sodais que adoptem este modelo de interven<;ao, a saber: a)Ajudar as pessoas a implantar a sua capacidade de resolver os seus problemas; b) Ser urn elo de liga<;ao entre as pessoas e os sistemas dos recursos; c)Facilitar a interac<;ao, modificar as conex6es ja existentes ou criar novas conexoes entre pessoas e sistemas sociais; d ) Colaborar na promo<;ao da mudan<;a de medidas sociopoliticas; e)Distribuir os recursos materiais existentes; f) Ser urn agente de controlo social. Eatraves do processo de interven<;ao (projecto de altera<;ao) que o assistente social avalia as situa<;6es e toma as decisoes, no que concerne as necessidades que devem ser alvo de interven<;ao, para a concretiza<;ao dos objectivos propostos. Dentro da metodologia proposta pelos autores, o processo de interven<;ao tera d iversas "fases" e recorre as seguintes tecnicas: a) Avalia<;ao do problema (identifica<;ao do problema; analise do sistema; fixa<;ao de metas e objectivos; identifica<;ao de tarefas e estrategias; estabiliza<;ao dos esfor<;os para a mudan<;a; declara<;ao exigida na avalia<;ao do problema); b) Recolha de dados (entrevista, observa<;ao, utiliza<;ao de documenta<;ao existente); c)Estabelecimento dos contactos iniciais; d) A negocia<;ao de urn contrato; e)Forma<;ao dos sistemas de ac<;ao; f) Manuten<;ao e coordena<;ao dos sistemas de ac<;ao; g) 0 exercicio de influencia; h) Complemento da ac<;ao para a mudan<;a: o Fazer uma avalia<;ao do processo de mudan<;a; o Finalizar o relacionamento criado durante o processo; o Fazer corn que a mudan<;a bem-sucedida ocorrida perdure (Jesus Viscarret, 2009). Ainda de acordo corn o modelo sistemico, a avalia<;ao e urn aspecto fulcral que deve estar presente em todas as fases da interven<;ao. A avalia<;ao e entendida como uma garantia de viabilidade e responsabilidade na interven<;ao, que tern uma dupla finalidade: por urn lado, observar o cumprimento dos objectivos e, por outro lado, assegurar simultaneamente a responsabilidade sobre o servi<;o que se esta a prestar. A avalia<;ao tera de se fazer obrigatoriamente no final do processo de interven<;ao e tambem durante o mesmo. E a avalia<;ao ao longo de

56

Lusiada . Interven.;ao Social, Lisboa, n .0 36/201 0


0

Servi~o

Social ea Responsabilidade Social Empresarial: passado, presente e futuro Pag. 47-61

todo o processo de interven<;ao que permite verificar se estao a ser cumpridas as metas e os objectivos, tornando possivel, no caso de incumprimento, uma reflexao sobre se os metodos ou os objectivos devem ser redefinidos. A este processo chama-se feedback (Jesus Viscarret, 2009) .

Considera~,;oes

Finais

A natureza eo ambiente de trabalho sao muhi.veis, as empresas e os trabalhadores estao a ser cada vez mais afectados pelos acontecimentos e pelas politicas econ6micas territoriais e/ ou mundiais. As mudan<;as demograficas eo ambiente econ6mico sao factores que tern impacto sobre o dia-a-dia dos empregados. Os programas de interven<;ao desenvolvidos pelos assistentes sociais deverao, pois, ir ao encontro das novas necessidades sentidas pelos trabalhadores. No inicio do seculo passado provou-se nao apenas que a maquina rendia mais se fosse mais bem cuidada, mas tambem que a maquina-homem podia tomar-se mais produtiva, desde que submetida a tratamento cientifico. Na organiza<;ao cientifica do trabalho e necessaria ter em considera<;ao tambem as exigencias psicofisiol6gicas do homem. No entanto, os conflitos criados pela aplica<;ao de sistemas demasiado rigidos da divisao do trabalho, de metodos opressivos de controlo, de formulas abusivas de salarios, entre outros, revelam que a analogia do homem e da maquina era fundamentalmente ilus6ria. E o homem, na sua totalidade, corn aspira<;oes, corn exigencias espirituais, afectivas, familiares, que e preciso ter em considera<;ao. Ha que ter presente que o rendimento do trabalhador e tanto mais elevado quanto maior foro seu nivel de motiva<;ao. 0 actual conceito de produtividade encerra em si urn aspecto novo: a valoriza<;ao do trabalhador como personalidade humana. Nao sendo o trabalhador visto apenas como urn elemento de produ<;ao, mas considerado pela empresa como uma individualidade corn as suas implica<;oes pr6prias. As empresas estao lentamente a introduzir novas tendencias sociais, tais como: a implanta<;ao de projectos irreversiveis, nos quais se envolvem e corn que se preocupam, e que, acima de tudo, permitem urn desenvolvimento dos destinatarios; fomenta<;ao e desenvolvimento de redes de parcerias entre varias institui<;oes de diversos sectores. 0 resultado esperado e a inversao da l6gica empresarial no funcionamento social, isto e, os projectos desenvolvidos deverao estar inseridos e dar resultados na actividade produtiva da empresa. E assim que se apresenta urn novo modelo de gestao empresarial, no que concerne as ac<;oes sociais, as quais devem funcionar a partir de uma nova abordagem que incide, tanto sobre a solu<;ao de problemas sociais, como no diagn6stico das mesmas, abrindo dessa forma urn novo campo de participa<;ao do Servi<;o Social nas empresas. Atente-se na forte aposta no voluntariado corporativo e noutras praticas sociais, corn as empresas a abrir novas pontes para facilitar o

Lusiada.

Interven~ao

Social, Lisboa, n .0 36/2010

57


Helena Mafalda Martins Teles

acesso as IPSS, as ONG e a comunidade em geral, ao beneficiarem dos recursos do voluntariado das empresas. 0 envolvimento das empresas nao eshi s6 a contribuir para a ampliac;ao dos recursos disponiveis, esh'i tambem a facilitar a expansao de novas modelos de desenvolvimento. Em articulac;ao corn os novas modelos de produc;ao, importa sintetizar as principais mais-valias de uma intervenc;ao do Servic;o Social aliado as praticas da RSE. Destinatarios

Valor gerado

Ao;oes

Sociedade

• Financiamento de projectos • Participac;ao activa na elaborac;ao dos projectos • Criac;ao de parcerias e constituic;ao de redes de RSE • Apoio tecnico a IPSS e ONG

• Melhoria da qualidade de vida da comunidade e da sociedade em geral • Transferencia de conhecimentos e metodologias • Melhoria das relac;oes entre a empresa ea comunidade/sociedade • Acompanhamento dos projectos sociais

Colaboradores

• Defesa e promoc;ao dos direitos humanos, laborais • Formac;ao ao longo da vida • Voluntariado • Donativos/premios • Promoc;ao da saude e da seguranc;a • Criac;ao e/ ou articulac;ao de respostas sociais para a familia dos trabalhadores

• • • •

Ausencia de sanc;oes Aumento da motivac;ao Reforc;o dos valores empresariais Maior aplicac;ao dos colaboradores • Novas competencias

Quadro 3: Acc;oes e o valor gerado pela RSE - dimensao social

A responsabilidade social e, realmente, uma conquista dentro da propria empresa. Esta tern de avanc;ar, num determinado momento, partindo do zero, ate a responsabilidade social, que terci de estar integrada em todos os departamentos da empresa. Consideramos pertinente a explanac;ao de alguns beneficios econ6micos directos das empresas ao adoptarem a RSE. Importa referir que a introduc;ao da protecc;ao social na empresa pode, em casos extremos, provocar urn desequilibrio s6cio-econ6mico. Dai que seja extremamente importante o programa de implementac;ao gradual de politicas de protecc;ao social. Consideramos que, atraves de uma intervenc;ao baseada no modelo sistemico-social, este e o caminho para se alcanc;ar o equilibrio ideal do sistema

58

Lusiada . Intervenc;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010


0

Servi~o

Social ea Responsabilidade Social Empresarial: passado, presentee futuro Pag. 47-61

s6cio-econ6mico que o Banco Mundial3 pretende que seja atingido. A interven<;ao dos assistentes sociais nos locais de trabalho podeni estar na vanguarda da pnitica do Servi<;o Social. Parece-nos ser urn desenvolvimento promissor, abrindo novos canais para ajudar as pessoas, as familias e as comunidades. Desta forma, urn maior numero de pessoas podera beneficiar das competencias dos assistentes sociais. Intelectual e profissionalmente preparados para intervir no meio social, poderao prestar servi<;os sociais aos trabalhadores e as comunidades das empresas. A contrata<;ao de assistentes sociais por parte das empresas cria, por urn lado, uma promissora oportunidade de emprego e, por outro lado, da aos seus trabalhadores acesso a servi<;os sociais. A parceria entre empresarios, trabalhadores e institui<;6es indica que existira urn aumento da coordena<;ao ao nivel da interven<;ao social na comunidade. Cabe as escolas de Servi<;o Social a adapta<;ao dos pianos de estudo para este novo impulso da oferta empresarial. Destacamos a necessidade de combinar indicadores especificos para medir as ac<;6es desenvolvidas pelo Servi<;o Social na RSE corn os tradicionalmente utilizados na avalia<;ao da eficacia da empresa. A ac<;ao social empresarial tern repercuss6es no ambito da gestao empresarial, pelo que os indicadores existentes nas empresas deverao ser desenvolvidos de forma a permitirem avaliar a eficacia das praticas desenvolvidas. 0 desenvolvimento continuo de regulamentos e normas sobre a RSE poderia delimitar o potencial das ac<;6es sociais que, em muitos casos, se encontra fora da empresa. S6 quando a avalia<;ao de impacto e feita de forma integrada corn os indicadores tradicionalmente utilizados pela empresa para avaliar a sua eficacia, s6 entao, o Servi<;o Social pode ser considerado na estrategia da empresa.

BIBLIOGRAFIA

Alvarez Civantos, 6. (2006). Mercado Sostenible y Responsabilidad Social. Hacia la Responsabilidad de Ios Actores Sociales. Granada: Editorial Comares. Banco Comercial Portugues, S.A. (2009). Relat6rio de Sustentabilidade 2007. Obtido de Millennium bcp: http:/ jwww.millenniumbcp.pt/pubs/pt/investidores/ informacaofinanceira/ relatorioe contas / rc2007 anualj Banif- Grupo Financeiro. (2009). Relat6rio de Sustentabilidade 2007. Obtido de Ban3

Relat6rio do Banco Mundial de 1991, afirma que nao existem provas de que a economia dependa da existencia de desigualdades sociais, nem de que esta desigualdade permita urn maior crescimento econ6mico. Antes pelo contrario, as evidencias apontam para uma direo;:ao oposta. Que uma maior desigualdade socialleva a urn menor crescimento econ6mico. 0 apelo tern subjacente que as ac<;:i5es dos Estados e das empresas deverao ter em considera<;:ao, e nao poderao ir contra, os interesses de todas as partes afectadas pelas suas actividades que podem causar desequilibrios nos sistemas s6cio-econ6micos limitados territorialmente ou mesmo no sistema global.

Lusiada.

Interven~ao

Social, Lisboa, n. 0 36/2010

59


Helena Mafalda Martins Teles

co Internacional do Funchal: http:/ /www.grupobanif.pt/xsite/GrupoBanif/ GrupoBanif/Institucional. jsp?CH =4864 Delta Cafes SGPS, S.A. (2009). Relat6rio de Sustentabilidade Delta 2007. Obtido de Grupo Nabeiro: www.deltacafes.pt Grupo Banco Espirito Santa, S.A. (2009). Relat6rio de Sustentabilidade 2007. Obtido de Banco Espirito Santa, SA.: http:/ jwww.bes.pt/sitebes/crns. aspx?plg=9C065F A6-B9D9-49A7-BC9B-4B12 7F43117B Grupo Banco Santander Totta, S.A. (2009). 07 Relat6rio de Sustentabilidade. Obtido de Santander Totta: http:/ jwww.santandertotta.com/ csgs/Satellite? Asset/STotta_contenedorAgrupaci pagenarne=SantanderTottaFGSAgrup onPDF &cid =1127564502380&indiceMenu =30&idMenu =1127562854826&id NietoSecundario=1127564501647&idBisnietoSecundario=4&id OpcionSel =1127562854826 Grupo Caixa Geral de Dep6sitos. (2009). Relat6rio de Responsabilidade Social 2007. Obtido de Caixa Geral de Dep6sitos, SA. : http:/ jwww.cgd.pt/Corporativo/ Inforrnacao-Financeira/ CGD / Relatorios-Contas /2007/ Pages/ Relatorio-CGD-2007.aspx Grupo Portugal Telecorn SGPS, S.A. (2009). Relat6rio de Responsabilidade Social 2007. Obtido de PT: http:/ jwww.telecorn.pt/InternetResource/PTSite/PT/ CanaisjSobreaPT / sustentabilidad e2/ publicacoes/ Guirnaraes, P. (2006). Responsabilidade Social: urna rnissao ernpresarial. In Cadernos de Economia (Vol. 77, pp. 124-128). Lisboa: POLIMEIOS-Prodw;ao de Meios, Lda. Jesus Viscarret, J. (2009). Modelos y Metodos de Interuenci6n en Trabajo Social. Madrid: Alianza Editorial. Luis Martinez, J., Carbonell, M., & Aguero, A. (2006). Los Stakeholders y la Acci6n Social de la Empresa. Madrid: Marcial Pons Ediciones Juridicas u Sociales. Mendes, T. (2004) . Parcerias para a Promor;iio Local do Emprego. Lisboa: Tese de Doutorarnento. Acessivel no ISCTE. Nestle Portugal, S.A. (2009). Criar e Partilhar Valor: Relat6rio de Sustentabilidade 2007. Obtido de Societe des Produits Nestle, SA.: http://www .nestle. pt/ CrnsPage .aspx?Pageindex=46 Ribeiro, M. H. (1964). Papel do Servi~o Social na forrna~ao da cornunidade de trabalho (continua~ao): a adrnissao dos trabalhadores. In Elo: Seruir;o Social Corporativo e do Trabalho, n. 0 3 (pp. 6-16) . Lisboa: Junta da Ac~ao Social. Centra de Estudos Sociais e Corporativos. Santos, M. J. (2006). Responsabilidade Social nas PME: Casos em Portugal. Lisboa: RH Editora. Sanae Distribui~ao, S.A. (2009). Relat6rio de Sustentabilidade 2007. Obtido de Sonae:http:/ / www .sonae.corn/ channelDetail.aspx?channelld =D3A74347430B-4EE4-AF51-20F952E1745A Uniao Europeia. (2001) . Livro Verde: promover um quadro europeu para a responsabi-

60

Lusiada. Intervenc;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010


lidade social das empresas. Bruxelas: Conselho da Uniao Europeia. Vodafone Portugal - Comunica~oes Pessoais, S.A. (2009). Relat6rio de Responsabilidade Social 07. Obtido de Vodafone: http:/ jwww.vodafone.pt/main/ A+ Vodafone/PT /Responsabilidade SocialjRelatoriosAnuais.htm

Lusiada . Intervenc;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

61



SOCIAL SUPPORT AND HEALTH-RELATED QUALITY OF LIFE IN CHILDREN AND ADOLESCENTS: FOCUS GROUP METHODOLOGY

APOIO SOCIAL E SAUDE RELACIONADOS COM QUALIDADE DE VIDA EM CRIANC::AS E ADOLESCENTES: METODOLOGIA FOCUS GROUP

Ta.nia Gaspar1 Margarida Gaspar de Matos 2 Jose Luis Pais Ribeiro 3 Isabelleal4

1

PhD Universidade Lusiada de Lisboa, CMDT/ IHMT/ UNL PhD Faculdade de Motricidade Humana/UTL; CMDT/ IHMT/ UNL 3 PhD Faculdade de Psicologia e Ciencias da Educa<;ao/UP 4 PhD Instituto Superior de Psicologia Aplicada 2

Lusiada. Intervenc;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010

63



Social Support and Health-related quality of Life in Children and Adolescents: Focus .. . Pag. 63-85

ABSTRACT: The present study has the following main objective, to characterize the Health-Related Quality of Life (HRQoL) of children and adolescents attending the 5th grade and 7th grade in Portugal. The HRQoL will be assessed by analysing the children's and the adolescents' perception of their own HRQoL, by considering the parents' perception of their children's HRQoL and finally by considering the education professionals' perception of children' and adolescents' HRQoL. Was used a qualitative methodology and focus groups as methodology. The sample included 53 children and adolescents,36 parents, 34 teachers and 17 educational assistants. 16 focus groups were developed. An interview guide was elaborated for the focus groups. The results of this research identified the HRQoL risk groups, namely girls, adolescents (the older group), pupils with low SES, pupils from the community of countries with Portuguese language and pupils with chronic disease. The results revealed that the HRQoL in children and adolescents is influenced by physic health factors, psychological and social factors and by health behaviours. However psychological factors demonstrated a higher effect, either regarding a direct or indirect impact, in the HRQoL of children and adolescents. Were present suggestions and implications for HRQoL intervention and promotion, regarding an ecological and developmental approach. Key Words: Children Adolescent; Quality of life; social support

INTRODUCTION Social Factors that Influence the Quality of Life in Children and Adolescents Quality of life and well-being involve more than the absence of maltreatment and deficits, they also require strength and positive qualities in the context and family of children and adolescents. There are several indicators that can used to measure well-being in children and adolescents, including the development of social behaviour and cognitive development. The psychosocial development should be considered from an ecological perspective that focuses on multiple levels of analysis on children/ adolescents, parents and family, peers, community and society (Gaspar, Matos, Gon~alves, Ferreira & Linhares, 2006, Matos et al.,

Lusfada. Interven.;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

65


Tania Gaspar;Margarida Gaspar de Matos; Jose Luis Pais Ribeiro; Isabel leal

2003, 2006; Nelson, Laurendeau & Chamberland, 2001). The positive and healthy psychosocial development is influenced by individual and ecological factors (Bronfenbrenner, 2001, 2005). Eccles and Gootman (2002) consider that a positive youth development depends on the five C (competence, confidence, character, connection" connecting" and affection/ support" caring") . The positive development is negatively related to risk behaviours and behavioural problems and positively related to well-being and perceived quality of life. The behaviours of children and adolescents are affected by various factors such as personal characteristics, family and the socioeconomic status, parenting style, parental stress and life events. Socioeconomic disadvantage, social isolation, poor living conditions, single parents, violence, and interpersonal conflicts between family members, parental psychopathology, high levels of stress and lack of social support are generally associated to behaviour problems (Bronfenbrenner, 1986). There are several factors that influence the health-related quality of life of children and adolescents. The factors found can be organized into two broad categories: (1) personal characteristics and (2) social characteristics. Studies on the subjective well-being of children and adolescents are recent and should focus on the relationship between demographic variables (e.g. age, gender and socioeconomic status), intrapersonal characteristics (e.g. self-concept, extraversion, locus of internal control) and welfare (Gaspar, Matos, 2008; Gaspar et al., 2006; Gaspar, Matos, 2008; Gaspar et al, 2009; Gaspar, Matos, Ribeiro Leal, Erhart & RavensSieberer, 2010; McCullough, Huebner & Laughlin, 2000). The development and psychosocial well-being must be considered from an ecological perspective that focuses on multiple levels of analysis to children or adolescents, parents and family, peers, school and community (Gaspar et al., 2006, Matos et al., 2003; 2005; 2006; Nelson, Laurendeau & Chamberland, 2001). As part of promoting a positive health of children and adolescents, there are focused positively guidelines that identify different areas of positive results, including the perception of subjective well-being and social support (Gaspar, Matos, 2008; Gaspar et al, 2009; Gaspar, Matos Ribeiro Leal, Erhart & RavensSieberer, 2010; Helgeson, 2003; Kana'Iaupuni, Donato, Stainback & Thompson-Col6n, 2005). Positive health, well-being and the HRQoL are affected by social support (Coventry, Gillespie, Heath & Martin, 2004; Ethgen, Vanparijs, Delhalle, Rosant, Bruyere & Reginster, 2004). The social network and the perceived social support are extremely important for children's and adolescents' development. The structure and functions of social support are related to specific aspects of their welfare, particularly regarding self-concept, adjustment, and social skills as protective factors against stressful life events (Boosman, Meulen, Geert & Jackson, 2002). Social support can be considered a strategy that provides a good adaptation of the individual to new or potentially stressful situations, reducing the tension

66

Lusiada. Interven<;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010


Social Support and Health-related quality of Life in Children and Adolescents: Focus ... Pag. 63-85

and sense of uncontrol. Gender differences were found regarding the social support: girls had higher values than boys. Whether within family or peers, girls seek support and share feelings, while boys tend to act as if the problem did not exist, externalizing sentiments and adopting compensation behaviours (substance abuse, violent behaviour). Behind these results may be cultural and psychosocial factors such as self-image, pre-set social roles and perception of virility (Costa & Leal, 2006). Promoting health-related quality of life in children and adolescents The promotion of quality of life in children and adolescents requires a developmental and an ecological approach (Bronfenbrenner, 2001; 2005). Positive and healthy development, potential behaviour, beliefs and attitudes changes exist as a result of a global influence of the relationship regarding the individual's development, of biological and psychological factors, family, community, culture, physical environment and historical niche. The settings for an adaptive development emerge from this two-way interaction between the individual and his context, promoting the well-being and quality of life of both components (Lerner, Almerigi, Theokas & Lerner, 2005; Lerner et al., 2005). Increasingly, HRQoL and child and adolescent development studies give more attention to the interaction between the multiple contextual variables of the life of child and of the developing adolescent. Progressively more, this investigation has to do with the protective nature of the partnership between home, school and community. The positive involvement of parents the children's school life has been associated to positive outcomes both for parents and for children (Matos, Dadds & Barrett, 2006). In more developed societies, the emphasis given to health services has moved to health promotion and education, trying to get individuals to adopt healthy lifestyles from the early ages for a better quality of life. This explains the increasing importance given to health promotion works developed either in school or family context (Nickerson & Nagle, 2005; WHO, 1999). Once identified the risk factors, they become the entry point or focus of strategies and actions for health promotion (Muuss & Porton, 1999; Nutbeem, 1998, Resnick et al., 1999). With regard to health promotion it is essential to have a sense of the effectiveness of promotion on intervention programs developed to benefit and to bring rigor to the achieved objectives. Thus, if education is an intentionally and systematically process-oriented communication to achieve certain goals, we must therefore understand the evaluation components of these objectives. In a study by Mclntyre and Araujo (1999) the authors assume that the researcher should ask himself questions before the intervention, that should not only set clearly defined objectives, and behaviours to observe and modify, but also the research theoretical basis. This is essential to verify the compliance of the objectives set at the beginning of the research and the feedback from participants in order to continue or modify the research if necessary. Finally, after the intervention, it is important to compare the objectives sought and truly accomplished, to observe the events or changes and draw conclusions for research and for future investigations. It is

Lusiada . Interveno;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010

67


Tania Gaspar'Margarida Gaspar de Matos; Jose Luis Pais Ribeiro; Isabelleal

through the evaluation of interventions that can be drawn conclusions from the results and analysis of the necessary changes. The theoretical models of psychology related to Health Promotion can be grouped as follows: theories of psycho-educational and dissemination of information, cognitive theory, with emphasis on the process of decision-making models based on Learning Theories; theories based on motivation and emotions, and theories of social influence and marketing. The most recent programs used in health promotion seem to be based on theories of knowledge, such as the Health Belief Model, Theory of Reasoned Action, Theory of Planned Behaviour and the Theory of Information-Motivation-Behavioural Skills. These models of Cognition seem to have in common in one hand the assumption that risk behaviours to health have theirs origins in cognitive variables that cause it, and in the other hand that these cognitive factors predispose the individual to choose health risk behaviours. These theories and models of behaviour draw the programs that outline the health-promoting and preventive interventions for risk behaviour. We can conclude that the assessment of the effectiveness of health promotion programs is viewed as paramount in conducting thorough investigations and methodical (Mclntyre & Araujo, 1999). The psychological and cognitive development of children and adolescents depends on the quality of relationships with their parents. Programs that address the qu ality of these relationships can substantially improve the emotional, social, cognitive and physical development of children and adolescents. The school is a social structure crucial for the education of children and adolescents preparing them for life, however, it should be more educational to have a broader approach, a promoter of social and emotional development of healthier students. The WHO has developed an educational curriculum of life skills in which teachers can promote psychosocial competence among students, such as problem-solving skills, critical thinking, communication and interpersonal skills, empathy and managing emotions. These skills enable children and adolescents to develop a positive mental health and a greater well-being. It is essential to promote a good socio-cultural environment, both in school and in the community, through the development of skills of tolerance, empathy and equality between boys and girls, and between different ethnic, religious or social groups. This action aims also to establish more and better connections between school, family and community by encouraging creativity, academic skills and promoting self-esteem and self-confidence in children and adolescents (Matos 2005; WHO, 2001).

EMPIRICAL STUDY Research design The research was developed using a qualitative methodology. Was used a qualitative method of data collection through focus groups, the aim was thus to

68

Lusiada. Interven<;il.o Social, Lisboa, n .0 36/2010


Social Support and Health-related qu ality of Life in Children and Adolescen ts: Focus ... Pag. 63-85

obtain data to help to contextualize, clarify and deepen the knowledge on health-related quality of life in children and adolescents, risk factors and related protective factors and strategies and health promotion at this level. A focus group is a semi-structured interview, which involves a discussion and uses simultaneous responses in order to obtain information about a particular topic ('focus') . The aim is to get close to the opinions, beliefs, values, discourse and understanding of participants on the subject of investigation, assuming that all information given by participants is valid. In order to achieve the desired goal there has to be an analysis of the content of the speech produced by participants during the discussion group, this information will be organized by categories and subcategories that are representative and illustrative about the theme. In this research the main objective of the "focus group" is to generate different views and opinions about the quality of life in children and adolescents and its promoter factors .

Methodology

Participants In the qualitative study, based on the concept of quantitative study previously presented, was considered pertinent to investigate the populations belonging to three zones (Cascais, Marvila and Lumiar) with three different socioeconomic contexts, high, low and mediu m respectively and which had been previously contacted. The participants were: • 6 groups of children and adolescents, male and female, attending the 5th and 7th grades, with ages between 10-15 years of age from public schools; • 4 groups of parents of children and adolescents; • 4 groups of teachers; • 2 groups of educational auxiliaries. The 53 children and adolescents who participated in focus groups, 30 boys and 23 girls were grouped as follows: Zone 1 -5th grade - five boys and four girls; 7th grade - four boys and four girls; Zone 2 - 5th grade- six boys and four girls, 7th grade - five boys and four girls; Zone 3 - 5th grade - four boys and five girls; 7th grade - six boys and two girls. All groups (except in zone 1) included two or three elements of another nationality (from African countries) and elements with chronic illness. Regarding the focus groups of parents we found the following characterization: Location 1 - 8 parents (4 mothers and 4 fathers); Location 2 - 12 parents (3 mothers and 9 fathers); Location 3 -16 parents (2 focus groups: 5 fathers and 11 mothers), a total of 36 parents participated. Of the 34 teachers: Location 1 - 8 teachers; Location 2 - 17 teachers (two focus groups); Location 3- 9 teachers.

Lusfada. Interven c;ao Social, Lisb oa, n. 0 36/2010

69


Tania Gaspar'Margarida Gaspar de Matos; Jose Lu is Pais Ribeiro; Isabelleal

Two focus groups were set for the educational auxiliaries: Location 1 - 8 educational auxiliaries; Location 3- 9 educational auxiliaries.

Instrument At this stage the study has set a total of sixteen focus groups (three groups of children (Sth grade), three groups of adolescents (7th grade), four groups of parents, fo ur groups of teachers and two groups of educational auxiliaries, who were interviewed one at the time by applying the technique of data collection, focus groups or discussion groups focused on a theme, addressing different aspects of the health-related quality of life in children and adolescents (Detmar & European KIDSCREEN group, 2006; EMCDDA, 2000; Gaspar et al., 2006; Gaspar & Matos, 2009; Lambert, Hublet, Verduyct, Maes & Broucke, 2002; MacDougall & Baum, 1997; Matos, Gaspar, Simons-Morton, Reis & Ramiro, 2008, Matos, Gaspar, Victoria & Clement, 2002). Each discussion group of children and adolescents was constituted on average by 9 members; parent groups, teachers and educational auxiliaries had about 8 or 9 elements each. The protocol was followed given the necessary procedures for conducting focus groups proposed by Morgan, Krueger & King (1998), including the a priori establishment of categories and subcategories based on the reviewed literature. An interview guide w as develop ed for each group: students, p arents and education professionals, taking into account the research questions and objectives of the stu dy to better organize and gather information from d iscussion groups w ith different subjects, from the characteristics of recruitment and fro m the achievements' setting of the d iscu ssion groups. The d iscu ssion began with questions m ore op en and accessible, such as leisure time, rising to m ore subjective issu es, su ch as feelings an d m ood . The interviews were m oderated by the researcher that urged and m anaged the discussion using the interview guide taking into account the participation, needs and motivation of participants. All interviews began with the researcher explaining, in an appropriate language to the participants, the purpose and theme for the d iscussion group to "know and understand the social factors influencing the health-related quality of life in children and adolescents, and th e more effective strategies to promote such HRQoL". The investigator presented the essential rules to take into account, in particular, respect for the opinions of others, no right or wrong answers and the opportunity of all people to express themselves. It began with questions related to leisure activities and then all dimensions stipulated in the interview guide. Procedure The interviews were recorded on audio system and were transcribed and recorded in files "Word for Windows". Was used a qualitative methodology, a content analysis, the analyse the in-

70

Lusiada . Interven<;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010


Social Support and Health-related quality of Life in Children and Adolescents: Focus ... Pag. 63-85

terviews of children, adolescents, education auxiliaries and parents participating in focus groups or discussion groups focused on a theme. The data from the second phase, the qualitative study, was subjected to content analysis: definition of categories, recoding and registration of illustrative examples of each category identified. Previously, to the discussion groups with different groups, it was necessary to develop scripts of interviews, effective for the population target and the objectives pursued, in order to better organize m1d gather information. For the semi-structured interviews were created categories a priori for all groups, and after analysing the data it became necessary to adjust the structure of categorization pre-established so as to achieve a better exposure of the results. The pre-set categories were based on instrument KIDSCREEN (Gaspar & Matos, 2011) and knowledge acquired through a literature review on the subject. These several steps were considered: (1) identify the transcripts sections/phrases relevant to the dimensions and research issues, (2) establish different categories and subcategories based on the initial classification system, (3) describe the content expressed by each group of participants against each of the categories and subcategories, (4) select illustrative sentences for each category and subcategory for each group of participants. The phrases or content that were relevant but that were not included in any of the pre-set categories would be organized into new categories. Content analysis was conducted separately by two investigators and then compared to the control objective of subjectivity. Regarding the discussion groups, we sought to deepen their understanding about the health-related quality of life in children and adolescents, for them to understand the influence of social in their HRQoL

RESULTS Main objective was characterizing the perception of children and adolescents, parents, teachers and educational auxiliaries regarding children's and adolescents' quality of life using focus groups. In order to develop the data obtained in the quantitative study, the discussion groups were conducted to focus on the theme of quality of life, relating it with to personal and social factors to promote quality of life in children and adolescents and the role of various actors in promoting welfare and quality of life in these age groups. Through the speech, beliefs, attitudes and behaviours of young Africans and the intervention of the technical community, we sought to clarify the question of quality of life in children and adolescents, taking into account the "scenarios" and "actors" that surround them. As previously stated, was used a qualitative methodology in the analysis of interviews of children, adolescents, parents and the coaches who participated in discussion groups focused on the issue of quality of life. The results were orga-

Lusfada. Interven.,;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010

71


Tania Gaspar' Margarida Gaspar de Matos; Jose Luis Pais Ribeiro; Isabelleal

nized into categories and subcategories and presented according to the research questions, using examples and the direct speech of the participants. All these findings were accompanied by explanatory comments. Its content has been examined taking as starting point the structure originally proposed for classification. Adjustments were made originally to the proposed categories according to the contents developed by the participants. In order to present the results of the qualitative study, were presented the results of the analysis of interviews of children and adolescents, parents an d education professionals (teachers and educational auxiliaries) separately. All the cases were organized into one main category: social dimensions that promote quality of life in children and adolescents For each category and each subcategory were presented examples of the discourse of participants. Results of focus groups with children and adolescents. First, w ill be present the results obtained by analysing the speech of children and adolescents, presenting sequentially the main category and subcategories of analysis Family and friends). Family, family environment and neighbourhood This dimension covers various contents (1) p arental communication that reflects significant d iffe rences between the communication with the mother and father, (2) the activities w ith n uclear and extended family, (3) addresses the educational and parentin g practices ( 4) divorce/ separation/ aband onment. Some participants avoid and refuse to address this dim ension. In general, child ren and adolescents argue that fam ily togetherness is very important, refer to spen ding more time with their mother, with who they have a more frequent com munication but also more intense and som etimes inappropriate. Some describe their parents as being absent, some reflect a very negative feeling against the father, and others mention the father as someone w h o works hard, that is far away but that is calmer and more patient th an the mother. "My mother does not punish me, she does not tell me anything"; "Our parents blame us for things and we get angry because we know that we did not do anything and that we are being punished without any reason"; "My father is calmer, but I talk more w ith my mother" . Friends The speech of children and adolescents reflects the importance that the friendship has in their life and demonstrates a profound awareness of the meaning and operationalization of friendship . Most participants associated friendship to trust, support, sharing, understanding and respect even in disagreement. They mention too various activities they develop with friends like playing, talking and walking. The issue of sexual/ romantic pair also appears linked to friends; some

72

Lusiada . Interven<;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010


Social Support and Health-related quality of Life in Children and Adolescents: Focus ... Pag. 63-85

emerging gender differences and age were associated to this theme. A minority of participants reported not having friends and to not believe in friendship; this was associated to students from a disadvantaged socioeconomic status and belonging to minorities (ethnic minority or chronic illness). "I have no friends"; "Here at school, I have no friends, I only have friends in my neighbourhood"; "I can trust my friends"; "A friend is always there, helping us in bad times and giving us advice when we need". Results of focus groups with parents Now we will analyse the parents' results obtained, presenting them sequentially, including the main category and their subcategories of analysis. Family, family environment and neighbourhood In this dimension, parents mention topics related to parenting, family communication and reflect on the difficulty of being parents in today's society. Parents mention some daily activities that they develop with their children and that they believe to be important for the relationship. Some mothers mention the difficulty of the tasks that they do alone or the absence or separation of the father . Parents who have more than one child of different ages or gender reflect on the differences between them. Some parents show inadequate educational practices, while others have more suitable strategies. "My son is the one who motivates me to use Internet, sometimes we can also learn from children"; "With our children we make mistakes, excesses, we give them too much freedom and then try to fix it". Friends Some parents said they know their children's friends, others do not know how many friends or who are the friends of tJ:l.eir children. They stress that their children have friends since their childhood, especially where they live. Parents mention changes in the friendship over time, reporting that as the children grow they become more selective in choosing friends. The theme of loving couple/ sex was also discussed. A minority stated that their children and teenagers are always alone and without friends. "My son gives a high value to friendship. Without friendship he cannot live"; "Friends might be more important than I am (father)"; "I know his friends since childhood, I do not know his friends form school". Results of focus groups with education professionals (teachers and educational auxiliaries) Next we will present the results obtained by analysing the discourse of edu-

Lusiada. Intervenc;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

73


Tania Gaspar'Margarida Gaspar de Matos; Jose Luis Pais Ribeiro; Isabelleal

cation professionals (teachers and educational auxiliaries), presenting sequentially the main category and their subcategories of analysis. Family, family environment and neighbourhood The teachers and staff deal with various contexts related to the family, including (1) parental supervision, (2) communicating and affection, (3) activities jointly between parents and children, (4) divorce/separation. They mention that parents work hard and have limited availability to children, stressing too that they feel that parents do not respect the teachers, because they feel that the school is in charge of the education of the children and believe that parents are increasingly less participatory and involved in the school context. Especially in areas of a higher socioeconomic status, there is a noticeable increase of the number of divorces and separations which according to participants aggravates the situation of family conflict and separation . These parents, according to teachers and staff, demand too much of the children, especially regarding the school grades, making the adolescents more nervous and competitive. However, some students have a good family relationship. "Parents also tend to have less respect for teachers and feel that the school has to educate their children";" Parents demand a lot of their children, grades, exams, and their performance"; "Parents spend little time with them" . Friends Education professionals argue that at this age friends have a strong influence on the lives of students and on their well-being. They mention the various functions that the peer group has. We can find some differences in groups depending on the age; teens are more selective when it comes to friendships than children. Friends can also function as a negative influence, especially in the adoption of risk and maladaptive behaviours. They stress that the integration and membership of a group is very important and sometimes disastrous. Some participants refer to note some competition among peers. The issue of sexual/ romantic peer is also mentioned, from the 5th year that begins the interest in this subject (especially among girls), leading even to end friendship relations. Teachers reinforce that some parents (especially in a socioeconomic and cultural advantage context) control and are too active in choosing and maintain friendships of children. "At this time friends have a crucial role in the students' lives, the advice offriend s is far superior to the teacher's or parent's advice, they see friends as a bit of everything"; "Friends can be both, good or bad influences".

74

Lusiada . Interven,.a.o Social, Lisboa, n. 0 36/2010


Social Support and Health-related quality of Life in Children and Adolescents: Focus ... Pag. 63-85

DISCUSSION At this point going to be discuss the results obtained by analysing the speech of children and adolescents, parents and education professionals with respect to their perception of health-related quality of life in children and adolescents, discussing the main category (social dimensions that promote quality of life in children and adolescents) and their subcategories of analysis (Family and Friends). Discu ssion of the results obtained by analysing the sp eech of children and adolescents, parents and education professionals. Family, family environment and neighbourhood

This dimension covers various contents (1) p arental communication that reflects significant differences between the communication with the mother and father, (2) the activities with the nuclear and extended family, (3) addresses the educational and parenting practices (4) divorce/ separation/abandonment. Some participants avoid and refuse to address this dimension. In general, children and adolescents consider that family togetherness is very important, refer spending more time with their mother, to have a more frequent communication, but sometimes also more intense and inappropriate. They describe their parents as being absent, some reflect a very negative feeling against the father, and others mention the father as someone who works hard, that is far away but is calmer and more patient than the mother. In this dimension, parents reflected on the topics of parenting, family communication and reflect also on the difficulty of being parents in today's society. They mention some daily activities that develop with their children and they think this important for the relationship. Some mothers stress the difficulty of doing the tasks by themselves or in a situation of absence or separation of the father . Parents who have more than one child of different ages or gender reflect on the differences between them. Some parents show very inadequate educational practices, while others have more adequate strategies. Teachers and staff discuss various contents to the family dimension, including (1) parental supervision, (2) communicating and affection, (3) joint activities between fathers and sons (4) divorce/ separation. They mention that parents work hard and have limited availability to children, stressing too that students feel less respect for parents than for teachers, that p arents feel that school must educate their children and they also believe that parents are increasingly less participatory and involved in the school context. Especially in areas of higher socioeconomic status, there is a noticeable increase in the number of divorces and separations, which according to participants aggravates remoteness and family conflict. These parents according to teachers and staff require too much of children, especially in assessments of school creating more nervous and corn-

Lusiada . Intervenc;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

75


Tania Gaspar;Margarida Gaspar de Matos; Jose Luis Pais Ribeiro; Isabelleal

petitive children and adolescents. However, some students have a good family relationship. In this dimension the topics most discussed were educational styles, the activities between parents and children, the relationship referenced more often is with mothers than with fathers and the influence of divorce the children's HRQoL of children. The child and adolescent develop within a family context and are influenced by the characteristics of significant others of the same, especially the characteristics of the parents. The nature of early social and emotional development is the basis or foundation of what will be their social development throughout life. The characteristics of the family, education and family functioning are correlated with the welfare socio-emotional development of children and adolescents, including sensitivity and needs of the investment, the perception of parenting skills from their parents, instead of aggression, hostility, punitive and manipulative behaviour. The family functioning is very important for later social and behavioural adjustment (Kowat Krult Kramer & Crick, 2002; Tuijl et al., 2005). There are some important factors in overall well-being of children and adolescents, particularly in the prevention of risk behaviours: (1) parent-child communication, (2) educational styles, (3) involvement of parents, (4) activities that they develop together. However these factors are expressed differently according to age of child and adolescent and depending of the gender (Currie et aL 2000, 2001; Matos et al., 2003; 2005; 2006). In adolescents the family emerged as the main source of support (Ribeiro, 1999). Thus, it becomes important to understand the impact of emotional and social relationships in early emotional and cognitive structures that children use to construct their representations of the world, of themselves and others, and to identify several factors predictive of a subsequent academic performance, social competence and psychopathology (Kennedy & Kennedy, 2004; Walker & Taylor, 1991). According to Palmer and Hollin (2001) family functioning is critical to the subsequent social and behavioural adjustment. There are three aspects of parental behaviour related to the child's behaviour: consistent discipline, supervision of children's behaviour, understanding and caring parent-child interactions (Palmer & Hollin, 2001) . The parenting style appears as a variable adjustment of the child and of the adolescent; the offspring of democratic parents perform better in schoot have a better psychosocial development, more resilient responses in situations of stress, and greater social responsibility, self-regulation, appropriate assertiveness, individuality and independence. While parenting restrictive and authoritarian practices usually have negative consequences. In families with children and adolescents with behavioural problems there are erratic, rejecting, laxatives parenting patterns, where the children fails the internalisation of controlling their behaviour, and/ or strict discipline, with constant reproaches, coercive and aggressive interactions. Discipline should be consistent and contingent upon the behaviour of children and adolescents, so that they perceive the reprimand as valid and fair (Palmer & Hollin, 2001). Families of children with socially inappropriate beha-

76

Lusiada. Interven<;ao Sociat Lisboa, n. 0 36/2010


Social Support and Health-related quality of Life in Children and Adolescents: Focus ... Pag. 63-85

viours are characterized by strict discipline, and inconsistently or consistently inappropriate, little positive involvement with children and poor parental monitoring and supervision (Marinho & Caballo, 2002). The parental supervision is also considered an important factor in the context of parental education, a close supervision in childhood promotes parent-child bond and allows parents to teach children values and social norms, and it will be a good predictor of indirect supervision behaviour in older children. The influence of parenting styles on the behaviour of children and adolescents may be influenced by the process of mediating these cognitions. Several studies show the effects of early experiences on subsequent adjustment mediated by processing social information, namely the association between the discipline and aggressiveness, and cognitive distortions, such as causal attributions of hostility (Palmer & Hollin, 2001). We emphasize the association between marital changes (divorce and reconstruction of the family) and the adjustment of children and adolescents, taking into account the vulnerability and individual risk, family composition, stress and socioeconomic disadvantage, parental stress and family process disruptive (Hetherington, Bridge & Insabella, 1998). Children and adolescents living in monoparental families have a greater tendency to experience socio-emotional problems, including disruptive school behaviours, internalizing problems (anxiety, depression, anxiety, etc.), externalizing problems (violence, destructiveness, etc.), emotional problems, oppositional behaviour and requiring treatment. The causes for these socio-emotional problems are diverse, such as stress resulting from the divorce, moving house/ area, parental conflict/ marital before and after the divorce, the absence of a male model, disruptive parenting practices, stress to negotiate the children's custody, economic issues, etc. (Eamon & Zueh, 2001). Most studies conclude that the mother is more sensitive and involved with the child than the father. Parents are more involved with sons than with daughters, but this difference is more pronounced in older children (Pelchat, Bisson, Bois & Saucier, 2003), so the welfare of parents, usually the mother, including mental health and social and occupational functioning, are predictive variables of well-being, gathering socio-emotional development of children and adolescents (Nelson et al., 2001). For children and adolescents from families at risk, either because of psychological problems of the mother, either educational or social problems because of poverty, the father involvement is particularly important (Roggman, Boyce, Cook & Cook, 2002). Mezulis, Hyde and Clark (2004) add that the father's presence and involvement are associated with fewer problems in school and at home and better school performance.

Friends The speech of children and adolescents reflects the importance that friendship has in their life and demonstrates a profound awareness of the meaning and operationalization of friendship. Most participants associated friendship to

Lusiada . Interven<;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

77


Tiinia Gaspar;Margarida Gaspar de Matos; Jose Luis Pais Ribeiro; Isabelleal

trust, support, sharing, understanding and respect even in disagreement. They note too various activities that develop with friends like playing, talk and walk. The issue of peer sexual/ romantic also appears linked to friends, there are some gender and age associated differences. A minority of participants reported having no friends and did not believe in friendship; this was more associated to students from a disadvantaged socioeconomic status and belonging to minorities (ethnic minority or chronic illness). Some parents said they know their children's friends, others did not know how many or who were the friends of their children. They stress that the children have friends since childhood, especially in the neighbourhood. Parents mention changes on friendships over time, reporting that the children become more selective in choosing friends as they grow. The theme of loving couple/ sex was also discussed. A minority stated that their children and teenagers are always alone and without friends. Education professionals consider that at this age friends have a strong influence on the lives of students and on their well-being. They mention the various functions that the peer group has for the students. Some differences related to age were found, teens are more selective when it comes to friends than children. Education professionals believe that friends can also function as a negative influence, especially in the adoption of risk behaviours and misfit. They stress that the integration and being member of a group is very important and at the same time it can be sometimes disastrous. Some participants referred to note some competition among peers. The issue of peer sexual/ romantic is also mentioned, since the 5th grade that they show interest in this subject (especially girls), leading even to end friendly relations. Teachers reinforce the notion that some parents (especially in a socioeconomic and cultural privileged context) control and have a role too active in choosing and maintaining the children's friendships . The three groups of participants recognized the importance that friends have for children and adolescents. Some gender and age differences were found in this dimension. Parents and school professionals point out that friends can also have a negative influence on the behaviour of children. Indeed friendships are crucial to social development of children and adolescents, according Hartput (1996, 1999). The relationship with peers is especially meaningful during childhood and adolescence contributing to the psychosocial adjustment of children/ adolescents, particularly for school adjustment, for psychological health (avoiding loneliness/isolation) and health behaviours, preventing behaviour problems because it establishes a clear link between peer acceptance and psychosocial adjustment (Bagwell, Schmidt, Newcomb & Bukowski, 2001; Erdley, et al. 2001). Along with the onset of adolescence there is a growing conflict in parent-child relations and the younger adolescents perceive the relationship with less support, relying on the peer group as their biggest source of support, with greater emphasis on loyalty between friends. The relations of friendship are thus an im-

78

Lusiada . Interven c;:ao Social, Lisboa, n .0 36 / 2010


Social Support and Health-related quality of Life in Children and Adolescents: Focus ... Pag. 63-85

portant aspect in the acquisition of autonomy by giving more support to the level of future intimate relationships, offering a purchase of social and emotional skills in these same relationships. Secure friendly relations, especially among girls, are positively related to liking and involvement with school, self-esteem, psychosocial adjustment and subsequent success in relationships, and negatively correlated to school problems, loneliness, identity problems and depressive symptoms. A good initial attachment with parents may serve as model for relations of secure friendship, as those related to social skills and interpersonal functioning and inversely correlated to anti-social behaviour. In older adolescents, it is also associated to a greater competence in problem solving and life satisfaction. Thus, in childhood the supportive relationships tend to be with parents and as children advance into adolescence they tend to approach their peers as a source of support, particularly in terms of intimacy and physical closeness relations, and this need decreases over time (Nickerson & Nagle, 2005). An investigation conducted by the authors, suggests that there are differences between children with a later childhood and adolescents who have an early adolescence, and children show greater confidence and ease of communication than teens, which have a greater insight and a more complex level of abstract and differentiated thinking. Moreover, according to the article there is a more critical age regarding the importance of peer influence, particularly in terms of crime and deviant behaviour. The relations of friendship in childhood will affect the social and emotional adjustment in the short, medium and long term. Children and adolescents require acceptance by peers and this is fulfilled by participation in the peer group, rising to a need for interpersonal intimacy. Moreover, the rejection of peers is an experience of stressful living and lack of support (Bagwell et al., 2001) . Thus, peer rejection and problems with friendships are factors of risk for adjustment difficulties. Having support from friends is a protective key and increases the capacity of children and adolescents to cope with stressed life events, protect them from the risk of being victims and provides support and encouragement throughout the school transitions. Moreover, certain relationships with peers may be a risk factor, namely conflicts with colleagues can lead to disturbances during the school year, children and adolescents with aggressive friends may come to adopt these same behaviours. The friendship has several functions, such as social provisions (affection, intimacy (sharing secrets and personal issues -trust, acceptance and perception of being understood) and perceived alliance of trust) and social support. The feeling of being able to trust a friend promotes feelings of security, rather than feelings of anxiety and vulnerability. The sense of belonging (when the children feel that belong someplace and are accepted by a group) is associated to the acceptance of peers than to friendship . To interact with other states their own competence and value, and promotes feelings of pride, self-esteem and self-acceptance, the companionship or artillery activities, not social isolation (Erdley et al., 2001). Parents have a direct and indirect influence in friendships, especially re-

Lusiada. Interven<;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010

79


Tania Gaspar;Margarida Gaspar de Matos; Jose Luis Pais Ribeiro; Isabelleal

garding to children. The indirect influence refers to the social skills that children and adolescents develop within the family, which will impact their relationships with peers. Such children have a more secure attachment with parents and will be more socially competent with peers. The direct parental influence on the friendships of children may be exerted by four ways: creator parents (parents seek friendships outside of the context that promotes a residential development of positive friendly relations) mediator parents (parents that foster and provide support for interactions with peers), supervisor parents (parents that observe the interaction of the children that think and intervene when necessary) and counsellor parents (that help the children to negotiate relationships with peers). For maintaining relationships with peers, including relationships with peers of other ethnic groups, children need the support and assistance from parents (Marinho & Caballo, 2002).

CONCLUSION This study aimed to characterize and understand the HRQoL and social factors associated promoters. Thus was the light of multidimensional definition of the HRQoL, which articulates the impact of social factors, especially Family and friends in HRQoL in children and adolescents. The current research highlights the strong impact, direct and indirect, of the social variables studied in HRQoL, as well as their relation with psychological dimensions of the instrument KIDSCREEN-52 (Gaspar & Matos, 2011). The subjective perceptions of well-being are considered important aspects in health promotion and are relevant indicators in the area of public health. The conclusion relates to the importance mainly of family relations, but also to support social well-being and the HRQoL of children and adolescents. Another worrying aspect is the perception of poor HRQoL associated with the school environment and learning, this aspect documented internationally in various world and European Studies (The KIDSCREEN Group Europe, 2006; UNICEF, 2007). We identified and characterized risk groups according to their levels of HRQoL, including girls, adolescents, and participants with low socioeconomic status, ethnic minorities and with chronic disease. This reinforces the impact of socioeconomic disadvantage in the HRQoL. These factors in a health context will influence the HRQoL of children and adolescents. As a consequence, it can be identified in children and adolescents at risk in terms of their subjective health, and provide these children with intervention programs, contextualized and evaluated. It is proposed an ecological and systemic approach in which it is evident the importance to health of interaction with groups such as family, school and social support, understanding of socioeconomic and cultural rights and their impact on health of this population adds to the need for information collection and evaluation of interventions

80

Lusfada. Interven<;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010


Social Support and Health-related quality of Life in Children and Adolescents: Focus ... Pag. 63-85

through the implementation of strategies based on qualitative methodologies, and theories of interpersonal communication and group dynamics. Given these findings, knowledge and understanding of social factors acquired through this research on HRQoL seem fundamental, as well as their promoters factors, and on each psychosocial reality were children and adolescents live with different levels factors linked to risk to protection. It is important to bear in mind that either the case or the contents of the interventions have to be objectified according to the specific needs and personal experiences, socio-cultural context of each particular group, i.e. the acquired knowledge should influence the strategies of action against the groups specific. The assessment of health-related quality of life in children and adolescents can gain the necessary knowledge to develop methods of promoting quality of life in these age groups. It is also important to identify the risk factors for the well-being of children and adolescents, and finally, inured to prevent these negative factors. Preventive programs are unable to cancel the risk, and sometimes do not have an effective role in reducing the risk exposure. In this sense, the objective of prevention may be reducing the impact of risk factors by promoting personal and social skills through the increase in parenting skills to deal with their children, increasing teachers' skills in dealing with students and also by optimizing the role of health professionals, social justice and solidarity to deal with their target audiences. It is of particular importance to promoting health and well-being associated with the promotion of health protective factors in children and adolescents, since these age groups have a fundamental impact on all the healthy development in later ages. Prevention programs should include the promotion of a positive social capital, promoting social inclusion, access to alternative spaces, protected and development of materials and structures for education and recreation. The concern about the quality of programming for weekend and vacation in schools and the community is an innovative strategy that may contribute to the promotion of subjective well-being of children and adolescents, to promote better relations between them and the family, friends, teachers and the rest of the population in the surrounding community, as well as for a reversal of inequality and social vulnerability situations. It may include a schedule of activities taking place at the weekend and school holiday time, with the help of animators and technical expertise, materials and production planning and implementing activities involving children and adolescents, parents and the community.

REFERENCES Bagwell, C.; Schmidt, M,; Newcomb, A. & Bukowski, W . (2001). Friendship and Peer Rejection as Predictors of Adult Adjustment. Child and Adolescent Development, 91, 25-49.

Lusfada. Intervenc;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010

81


Tiinia Gaspar'Margarida Gaspar de Matos; Jose Luis Pais Ribeiro; Isabelleal

Boosman, K., Meulen, M., Geert, P. & Jackson, S. (2002). Measuring young children's perceptions of support, control and maintenance in their social networks. Social Development, 1 (3) 386-408. Bronfenbrenner, U. (1986). Ecology of the family as a context for Human Development: Research Perspectives. Developmental Psychology, 22, 723-742. Bronfenbrenner, U. (2001). Human development, bioecological theory of. In N. J. Smelser & P. B. Baltes (Eds.) International encyclopaedia of the social and behavioural sciences (pp. 6963-6970). Oxford, UK: Elsevier. Bronfenbrenner, U. (2005). Making human beings human: Bioecological perspectives on human development. Thousand Oaks, CA: Sage. Costa, E., Leal, I. (2006) . Estrategias de coping em estudantes do Ensino Superior. Antilise Psicol6gica, 2 (24) 189-199. Coventry, W., Gillespie, N., Heath, A. & Martin, N. (2004). Perceived social support in a large community sample: age and sex differences. Soc Psychiatry Epidemiol, 39, 625-636. Currie, C., Hurrelmann, K., Settertobulte, W., Smith, R. & Todd, J. (2000) . Health and health behaviour among young people. HEPCA series. Copenhagem: World Health Organisation. Currie, C., Samdal, 0., Boyce, W. & Smith, R. (2001). HBSC, a WHO cross national study: research protocol for the 2001/2002 survey. Copenhagen: WHO. Detmar, S.; Bruil, J.; Ravens-Sieberer, U.; Gosch, A.; Bisegger, C. & the European KIDSCREEN group (2006). The use of focus group in the development of the KIDSCREEN HRQL questionnaire. Quality of Life Research, 1(5) 1345-1353. Eamon, M. & Zueh, R, (2001). Maternal Depression and Physical Punishment as Mediators of the Effect of Poverty on Socioemotional Problems of Children in Single-Mother Families. American Journal of Orthopsychiatrey, 71 (2) 218-226. EMCDDA (2000) . Understanding and responding to drug use: the rule of qualitative research. Belgium: EMCDDA. Erdley, C.; Nangle, D.; Newman, J. & Carpenter, E. (2001). Children's Friendship Experiences and Psychological Adjustment and Research. Child and Adolescent Development, 91, 5-24. Erhart M, Ottova V, Gaspar T, Jericek H, Schnohr C, Alikasifoglu M, Morgan A, Ravens-Sieberer U and the HBSC Positive Health Focus Group (2009). Measuring mental health and well-being of school-children in 15 European countries using the KIDSCREEN-10 Index. International Journal of Public Health, 54, pp160-166. Ethgen, 0., Vanparijs, P., Delhalle, S., Rosant, S., Bruyere, 0. & Reginster, I. (2004). Social support and health-related quality of life in hip and knee osteoarthritis. Quality of Life Research, 13, 321-330. Gaspar, T. & Matos, M.G. (Eds) (2011). KIDSCREEN - A Percepr;iio de Qualidade de Vida em Crianr;as e Adolescentes. Versiio Portuguesa dos Instrumentos. Lisboa: Placebo, Editora LDA Gaspar, T. & Matos, G. (2009). Adolescent's lifestyles, ethnicity and socioeconom-

82

Lusiad a . Interven <;ii o Social, Lisboa, n. 0 36 / 2010


Social Support and Health-related quality of Life in Children and Adolescents: Focus ... Pag. 63-85

ic status in Portugal. Cognition, Brain and Behavior 13, 1, 49-57 Gaspar, T.; Matos, M Ribeiro, J.; Leal, I.;. & Ferreira, A. (2009). Health-related quality of life in children and adolescents and associated factors Journal of Cognitive and Behavioral Psychotherapies, 9 (1), 33-48. Gaspar, T.; Matos, M.; Gon<;alves, A.; Ferreira, M. & Linhares, F. (2006). Comportamentos Sexuais, Conhecimentos e Atitudes face ao VIH/Sida em adolescentes migrantes. Psicologia, Saude e Doenr;:as, 7 (2) 299-316 Gaspar, T.; Matos, M.; Ribeiro, J.; Leal, I.; Erhart, M. & Ravens-Sieberer, U. (2010). Quality of Life in Children and Adolescents: Portuguese KIDSCREEN-52. Journal of Child and Adolescent Psychology,1 49-64. Gaspar, T. & Matos, M. (Eds) (2008). Versao portuguesa dos instrumentos KIDSCREEN-52: Instrumentos de Qualidade de Vida para Crianr;:as e Adolescentes. FMH: Lisboa Harding, L. (2001). Children's Quality of Life Assessments: a review of genetic and health related quality of life measures completed by children and adolescents. Clinical Psychology and Psychotherapy, 8, 79-96. Hartput, W. (1996). The Company They Keep: Friendship and Their Developmental Significance. Child Development, 67, 1-13. Hartput, W. (1999). The company they keep: friendships and their developmental significance. In R. Muuss & H. Porton (Eds.) Adolescent Behaviour (pp.144157). USA: McGraw-Hill College. Helgeson, V. (2003). Social support and quality of life. Quality of Life Research, 12 (1) 25-31. Hetherington, E.; Bridges, M. & Insabella, G. (1998). What Matters? What Does Not? Five perspectives on Association between Marital Transitions and Children's Adjustment. American Psychologist, 53 (2) 167-184. Kanna'Iaupuni, S.; Donato, K.; Thompson-Col6n, T. & Stainback, M. (2005). Counting on Kin: social network, social support and children health status. Social Forces, 83 (3) 1137-1164. Kennedy, J. & Kennedy, C. (2004). Attachment Theory: Implications for School Psychology. Psychology in the School, 41 (2) 247-259. Kowal, A.; Krull, J.; Kramer, L. & Crick, N. (2002). Children's Perceptions of the Fairness of Parental Preferential Treatment and Their Socioemotional WellBeing. Journal of Family Psychology, 16 (3) 297-306. Lambert, M.; Hublet, A.; Verduyckt, P ; Maes, L. & Broucke, S. (2002). Report ÂŤ Gender differences in Smoking in Young People Âť. The European Commission, Europe against Cancer. Brussels, Belgium: Flemish Institute for Health Promotion. Lerner, R.; Almerigi, J.; Theokas, C. & Lerner, J. (2005). Positive Youth Development. Journal of Early Adolescence, 25,10-16. Lerner, R.; Lerner, J.; Almerigi, J.; Theokas, C.; Phelps, E.; Gestsdottir, S.; Naudeau, SW.; Jelicic, H.; Alberts, A.; Ma, L.; Smith, L.; Bobek, D.; Richman-Raphael, D.; Simpson, I.; Christiansen, E. & Eye, A. (2005). Positive Youth Development,

Lusiada. Intervenc;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

83


Ta.nia Gaspar;Margarida Gaspar de Matos; Jose Luis Pais Ribeiro; Isabelleal

Participation in Community Youth Development Programs, and Community Contributions of Fifth-Grade Adolescents. Journal of Early Adolescence, 25, 1771.

MacDougalt C. & Baum, F. (1997). The devil's advocate: a strategy to avoid groupthink and stimulate discussion in focus group. Qualitative Health Research, 7 (4) 532-541. MacKenzie, N. (2000). Childhood obesity: strategies for prevention. Pediatric Nursing, 26 (5) 527-530. Mahoney, J.; Lord, H. & Carryt E. (2005). An Ecological Analysis of After-School Program Participation and the Development of Academic Performance and Motivational Attributes for Disadvantaged Children. Child Development, 76, 811-825.

Marinho, M.L. & Caballo, V. (2002). Comportamento Anti-Social Infantile seu Impacto para a Competencia Social. Psicologia, Saiide e Doenras, 3 (2) 141-147. Marsh, H. & Hattie, J. (1996). Theoretical perspectives on the structure of selfconcept. In B. Bracken (Ed.) Handbook of self-concept: Developmental, social and clinical considerations (pp. 38-90). New York: Wiley. Matos, M. (2005). Gestiio de Conflitos e Saiide na Escola. Lisboa, Faculdade de Motricidade Humana. Matos, M.; Dadds, M.; Barrett, P. (2006) Family-school issues and the mental health of adolescents: post hoc analysis from the Portuguese National Health Behaviour in School aged children survey. Journal of Family Studies, (2) 261-274 Matos, M.; Gaspar, T.; Simons-Morton, B.; Reis, M. & Ramiro, M. (2008). Communication and Information about "Safer Sex": Intervention Issues Within Communities of African Migrants Living in Poorer Neighborhoods in Portugal. Journal ofPoverty 12(3), 333-350 Matos, M., Sim6es, C., Carvalhosa, S., Reis, C. & Canha, L. (2000). A saiide dos adolescentes portugueses. Lisboa: Faculdade de Motricidade Humana /PEPTSaude. Matos, M.; Gaspar, T.; Vit6ria, P. & Clemente, M. (2003). Adolescentes eo Tabaco: rapazes e raparigas. Lisboa: Faculdade de Motricidade Humana, Concelho de Preven<;ao do Tabagismo e Minish~rio da Saude. Matos, M. e equipa do Projecto Aventura Social & Saude (2003). A Saiide dos Adolescentes Portugueses (Quatro anos depois) . Lisboa: Faculdade de Motricidade Humana. Matos, M., Sim6es, C., Tome, G., Gaspar, T., Camacho, I., Diniz, J. & Equipa do Aventura Social (2006) . A Saiide dos Adolescentes Portugueses- Hoje e em 8 anosMccullough, G.; Huebner E. & Laughlin, J. (2000) . Lefe Events, Self-Concept, and Adolescents' Positive Subjective Well-Being. Psychology in the Schools, 37 (3) 281-290.

Mclntyre, T. & Araujo, S. (1999) . Programas de promo<;ao da saude: Avalia<;ao da eficacia de urn programa de saude psicosexual para adolescentes (PPSA). A Avaliariio da promoriio da saiide psicosexual na adolescencia (pp. 616-631).

84

Lusfada. lntervenc;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010


Social Support and Health-related quality of Life in Children and Adolescents: Focus ... Pag. 63-85

Mezulis, A; Hyde, J. & Clark, R. (2004). Father Involvement Moderates yhe Effect of Maternal Depression During a Child's Infancy on Child Behaviour Problems in Kind er garden. Journal of Family Psychology, 18 (4) 575-588. Morgan, D.; Krueger, R. & King, J. (1998) The focus group guidebooks, vol. 1-6. Sage Publications. Muuss, R. & Porton, H . (1999) . Increasing risk behaviour among adolescents. In R. Muuss & H. Porton (Eds.) Adolescent Behavior (pp.422-431) . USA: McGrawHill College. Nelson, G.; Laurendeau, M. & Chamberland, C. (2001). A Review of Programs to Promote Family Wellness and Prevent the Maltreatment of Children. Canadian Journal of Behavioural Science, 33 (1) 1-13. Nickerson, A & Nagle, R. (2005) . Parent and Peer Attachment in Late Childhood and Early Adolescence. Journal of Early Adolescence, 25, 223-249 Nutbeam, D. (1998) . Health promotion glossary. Health Promotion International, 13 (4) 349-363. Palmer, E. & Hollin, C. (2001) . Sociomoral Reasoning, Perceptions of Parenting and Self-Reported Delinquency in Adolescents. Applied Cognitive Psychology, 15, 85-100. Pelchat, D.; Bisson, J.; Bois, C. & Saucier, J. (2003). The Effects of Early Relational Antecedents and Other Factors on the Parental Sensivity of Mothers and Fathers. Infant and Child Development, 12, 27-51. Resnick, M.; Bearman, P.; Blum, R.; Bauman, K.; Harris, K.; Jones, J.; Tabor, J.; Beuhring, T.; Sieving, R.; Shew, M.; Ireland, M.; Bearinger, L. & Udry, R. (1999). Protecting Adolescents from Harm: A finding from the national longitudinal study of adolescent's health. In R. Muuss & H. Porton (Eds.) Adolescent Behavior (pp.376-395). USA: McGraw-Hill College. Roggman, L.; Boyce, L.; Cook, G. & Cook, J. (2002) . Getting Dads Involved: Predictors of Father Involvement in Early Head Start and With Their Children. Infant Mental Health Journal, 23 (1-2) 62-78. Settertobulte, W.; Jensen, B. & Hurrelmann, K. (2001). Drinking Among Young Europeans. WHO: Regional Office for Europe, Copenhagen. Tuijl, C.; Branje, S.; Dubas, J.; Vermulst, A & Aken, M. (2005) . Parent-Offspring Similarity in Personality and Adolescents' Problem Behaviour. European Journal of Personality, 19, 51-68. Walker, L. & Taylor, J. (1991). Family interactions and the development of moral reasoning. Child Development, 62, 264-283 Word Health Organisation (1999) . WHO information series on school health. Document six. Preventing HIV/AIDS/STI and related discrimination: An important responsibility of health promoting schools Geneva: WHO. Retirado em 10 de

Dezembro de 2002 da World Wide Web: www.who.int/hpr/ gshi/ does. World Health Organization (2001). Mental health: strengthening mental health promotion. Fact sheet n째 220. Geneve: World Health Organization.

Lusiada. Interven<;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010

85



SOLIDARIEDADE INTERGERACIONAL: ENVELHECIMENTO DEMOGRAFICO E OPINIOES DOS PORTUGUESES INTERGENERATIONAL SOLIDARITY: AGING AND OPINIONS OF THE PORTUGUESE

Stella Ant6nio 1

1

Docente e Investigadora no ISCSP / UTL / Instituto Superior de Ciencias Sociais e Politicas da Universidade Tecnica de Lisboa

Lusiada. Interven<;ao Social, Lisboa, n. 0 36 / 2010

87



Solidariedade intergeracional: envelhecimento demografico e opini6es dos portugueses Pag. 87-97

"What has become obvious is that in the new demographic mix people need to embrace the need for mutually beneficial and satisfying relationships between generations." (Zaidi, Gasior and Sidorenko, 2010)

Nunca como hoje o numero de individuos corn 65 e mais anos, considerados como popula<;ao idosa, foi tao elevado. Segundo os dados de 2011, do World Population Data Sheet, do Population Reference Bureau, vivem hoje, no Mundo, cerea de 559 milh6es de individuos corn 65 ou mais anos, que representam 8% de toda a popula<;ao do planeta. Estima-se que, em 2030, atinjam mil milh6es. Nesta altura, no Mundo, urn em cada 8 individuos tera 65 anos ou mais. Em Portugal, sao ja urn milhao e novecentos mile representam 18% dos habitantes, prevendo-se que em 2030, representem 23%. Embora o fen6meno do envelhecimento demografico ou populacional, entendido como o aumento relativo da popula<;ao corn 65 e mais anos no total da popula<;ao, seja visivel em quase todas as regioes do Mundo, e na Europa que a propor<;ao de idosos face ao total da popula<;ao e mais expressiva e se-lo-a, pelo menos, ate 2030. Hoje por cada 100 europeus, existem 16 corn 65 e mais anos e estima-se que, em 2030, sejam 24. Dos dez paises mais velhos do Mundo, no que diz respeito a estrutura populacional, s6 urn nao e europeu. Encabe<;a a lista o Japao (23, %), seguindo-se a Alemanha (20,7%), e Portugal (17,9%) eo 6째, mais velho do Mundo eo 5째, mais velho da Europa (ver quadro 1).

Lusiada. Interven.;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010

89


Stella Ant6nio

Quadro 1 - Paises corn maior propon;ao de popula<;ao corn 65 e mais anos no M undo Paises Japao Alemanha Italia Grecia Suecia Portugal Bulgaria Austria Finlandia Let6nia

Pop. corn 65 e mais anos (%) 23,2 20,7 20,2 18,9 18,5 17,9 17,7 17,6 17,5 17,4

Fonte: Elabora<;ao propria corn dados retirados de www.prb.org - World Population Data Sheet 2011

0 envelhecimento demografico ou populacional resulta, fundamentalmente, de duas causas: 1) Baixa taxa da fecundidade e 2) Aumento da esperan<;a de vida, nao s6 a nascen<;a mas, tambem, aos 65 anos de idade. Contudo, convem ressalvar que a causa principal do envelhecimento demografico se acha na baixa da fecundidade e, nao tanto, no aumento da longevidade. Na Europa o numero medio de filhos por mulher em idade de procriar e de 1,6, muito abaixo do limiar de substitui<;ao de gera<;6es (2,1) . Em Portugal o numero e ainda mais baixo: 1,32. Nascem menos pessoas, mas tendem a viver ate idades cada vez mais avan<;adas. A esperan<;a de vida a nascen<;a na Europa e de 76 anos, para ambos os sexos, na Europa dos 27 e de 80 anos e em Portugal e de 79 anos. 0 indice de dependencia da popula<;ao idosa 2, na Europa dos 27, em 2009 era de 25,7% e, segundo as estimativas do European Demographic Data Sheet sera de 38%, em 2030. Para Portugal, e para os mesmos anos, os valores sao, 26,3% e 37,6%, respectivamente 3 . 0 que significa que em 2009, por cada 10 individuos, corn idades entre os 15 e os 64 anos de idade (activos), existiam cerea de 3 individuos corn 65 e mais anos na Europa e em Portugal e que, em 2030, havera 4 idosos por cada 10 activos. Rela<;ao expressa em percentagem entre a popula<;ao corn 65 e mais anos e a popula<;ao activa, que compreende a popula<;ao entre os 15 e os 64 anos de idade e expresso em percentagem. 3 European Demographic Data Sheet 2010 in www.iiasa.ac.at 2

90

Lusiada. Interven<;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010


Solidariedade intergeracional: envelhecimento demografico e opini6es dos portugueses Pag. 87-97

0 envelhecimento demografico ou populacional sendo uma das grandes conquistas da humanidade tornou-se num triplo desafio, em termos: a)econ6micos - face aos potenciais custos de uma popula<;ao cada vez mais envelhecida e corn necessidades especfficas, nos mais diversos nfveis; b) sociais - valoriza<;ao e integra<;ao da popula<;ao idosa, cada vez mais habilitada, nao s6 ffsica como intelectualmente; c) geracionais - os custos e despesas corn os mais velhos serao suportados pelos impostos e contribui<;6es sociais provenientes das gera<;6es mais jovens em actividade, ja muito sobrecarregados pelos encargos pr6prios e cada vez mais comprimidos pelo decrescimo da fecundidade e consequente decrescimo da popula<;ao activa (Ant6nio, 2008:10). 0 debate politico sobre as consequencias do envelhecimento demografico ou populacional centra-se, quase sempre, em torno das quest6es econ6micas, ou seja, nos custos que uma sociedade envelhecida acarreta ao nfvel das pens6es, sistema de saude e sistema da protec<;ao social, para as gera<;6es mais jovens, as que hoje constituem a popula<;ao activa e as que as substituirao amanha. Alguns autores, como por exemplo Bengtson (1993) ou Wallace (2001), consideram que a grande sobrecarga que representarao para a popula<_;:ao activa os custos de uma sociedade cada vez mais grisalha, e corn necessidades muito especfficas, levarao ao inevitavel conflito entre as gera<_;:6es mais jovens e as mais velhas4 • Segundo Wallace (2001:253) "A segunda metade do seculo XXI sera aquela em que a amea<_;:a de conflito entre as gera<_;:6es sera mais serio, em especial nos pafses que falharam nos esquemas das pens6es de pagamento faseado . Sob este cenario, os mais velhos irao usar o seu poder de voto para insistir no facto dos trabalhadores mais jovens amealhem para pagar-lhes as pens6es. Mas os jovens irao resistir corn o seu poder econ6mico, aumentando os salarios reais para os servi<_;:os que os mais velhos tern de pagar e escapando as contribui<_;:6es sempre que possivel, de modo que o fosso existente entre as economias legal e negra cresce ainda mais". Neste sentido, para a Comissao Europeia, a solidariedade ea cria<_;:ao de vinculos entre as gera<_;:6es mais jovens e as mais velhas nao devem ser encaradas em termos estritamente financeiros. E, recomenda que deve ser dada igual importancia a promo<;ao de coopera<;ao mutua e ao intercambio entre as gera<;6es, bem coma a urn melhor entendimento e novas formas de coexistencia (in Flash EB n°. 269- Intergenerational Solidarity, 2009:5). No presente artigo pretendemos, de forma breve, analisar os determinantes 4

A discussao em torno do possfvel e ou inevitavel conflito entre as gerac;:oes mais velhas (reformados) e mais jovens (populac;:ao activa) nao e recente. Ja nos anos trinta e quarenta, do seculo passado, em Inglaterra, se debatia esta questao (Phillipson, 1998:86).

Lusiada. Interveno;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010

91


Stella Ant6nio

do envelhecimento demografico ou populacional em Portugal e paralelamente fazer uma analise da opiniao dos portugueses face a solidariedade intergeracional. Recorremos para o efeito aos resultados do Eurabar6metra sabre Salidariedade Intergeracianal, realizado nos 27 paises da Uniao Europeia, em 2009.

1 - Envelhecimento Demografico em Portugal Coma determinantes fundamentais do envelhecimento demografico ou populacional, podemos apontar 5 : a) Baixa taxa da natalidade - verificam-se cada vez menos nascimentos. Hoje, a taxa de natalidade (9,5 %o) e inferior a taxa da mortalidade (10,0 %o). E, o indice sintetico de fecundidade (1,32 filhos p or mulher, entre os 15 e os 49 an os de idade) esta muito abaixo de 2,1 - limiar de substitui<;ao de gera<;6es. b) Fluxos migrat6rios, em que saem os jovens a procura de m elhores condi<;6es de vida, ficando os mais velhos para tras e p or outro lado, regressam a popula<;ao id osa emigrada ao Pais de origem . c) Aum ento da esperan<;a de vida quer a nascen <;a (76,1 an os para os Hamens e 82,1 anos para as Mulheres) quer aos 65 anos de idade (16,6 anos para os Homens e 19,9 para as Mulheres), conjugado corn a menor taxa de mortalidade infantil (2,4 %o).

2 - Solidariedade entre Gera;6es: A opiniao dos portugueses De seguida apresentam-se os resultados principais do Eurabar6metra sabre Salidariedade Intergeracianal, realizado nos 27 paises da Uniao Europeia, em 20096 • 0 estudo teve por objectivo analisar a opiniao dos cidadaos da Europa dos 27, tendo em conta os seguintes aspectos: 1 - rela<;6es existentes entre as gera<;6es mais jovens e mais velhos; 2 - custos de uma popula<;ao envelhecida, especialmente em termos de pens6es e cuidados; 3 - a necessidade de reformas no sistema de pens6es e da segu ran<;a social; 4 - formas pelas quais as pessoas mais velhas contribuem para a sociedade, financeiramente e por outros meios; 5 - possibilidades existentes para que os mais velhos possam viver de forma aut6noma; 6 - a presta<;ao de cuidados e apoio dos servi<;os sociais as popula<;6es 5

6

Dados retirados de www.pordata.pt 0 estudo foi realizado nos 27 paises da Uniao Europeia, em 2009, atraves de entrevistas por telefone, corn excep<;ao da Bulgaria, Eslovaquia, Estonia, Hungria, Let6nia, Pol6nia e Republica Checa, em que se fizeram tambem, entrevistas cara-a-cara, a individuos corn 15 ou m ais anos. A dimensao da amostra foi de 1000 e rep resentativa de cada p ais. Para mais detalhes ver Intergenerational Solidarity. A nalytical Report, Flash Eurobarom eter 269, Gallup Organisation, Europ ean Commission, April2009.

92

Lusiad a . In tervenc;:ao Social, Lisb oa, n. 0 36/2010


Solidariedade intergeracional: envelhecimento demografico e opini6es dos portugueses Pag. 87-97

mais velhas e 7 - o papel das autoridades publicas na promo<;ao da solidariedade intergeracional. Tendo em conta o objectivo do presente artigo, s6 se analisara a opiniao dos portugueses sobre: 1 - o tipo de rela<;6es entre os mais jovens e os mais velhos; 2 - os custos de uma sociedade envelhecida, em termos de pensoes e de cuidados aos mais idosos 3 - e formas de contribui<;ao da popula<;ao idosa para a sociedade. 1 - Relativamente ao tipo de rela<;6es existentes entre os mais jovens e os mais velhos os principais resultados sao: - 77% concordam (44% concordam totalmente e 33% concordam urn pouco) corn a afirma<;ao "os mais jovens e os mais velhos dificilmente chegam a acordo sabre o que e melhor para a sociedade". - 70 % dos portugueses concordam (35% concordam totalmente e 35% concordam urn pouco) corn a afirma<;ao Se os trabalhadores mais velhos trabalharem ate mais tarde, ficariio poucos empregos disponiveis para os mais jovens". - 56% concordam (23% concordam totalmente e 33% concordam urn pouco) corn a afirma<;ao Porque haveni mais eleitores idosos, nas tomadas de decisiio os decisores politicos, dariio menos atenr;iio anecessidades dos mais jovens" ; - 62% dos portugueses d iscordam totalmente corn a afirma<;ao as pessoas mais velhas siio urn Jardo para a sociedade"; 11

11

11

2 - Quanto aos custos de uma sociedade envelhecida, os resultados das opinioes sao: 11

-91% concordam ( 72% totalmente e 19% urn pouco) corn a afirma<;ao Os Governos deveriio disponibilizar mais dinheiro para as pensoes e assistencia aos mais velhos"; - 74% concordam (44% totalmente e 30% urn pouco) corn a afirma<;ao 0 governo deve faci litar para que as pessoas idosas possam continuar a trabalhar para alem da idade normal de reforma, se assim o desejarem"; - 81% concordam (54% totalmente e 27% urn pouco) corn a afirma<;ao "Nas pr6ximas decadas, os governos niio teriio capacidade para pagar as pensoes e assistencia aos mais velhos"; - 77% concordam (41% totalmente e 36% urn pouco) corn a afirma<;ao "Os trabalhadores seriio cada vez mais relutantes em contribuir cam impostos e contribuir;oes sociais para suportar a popular;iio idosa"; - 49% concordam (25% concordam totalmente e 24% urn pouco) corn a afirma<;ao o nosso governo esta a gas tar muito pouco cam a educar;iio e cam os mais jovens em comparar;iio corn pessoas mais velhas"; 11

11

Lusiada. Interven .;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

93


Stella Ant6nio

3 -No que diz respeito aos contributos dos mais velhos para a sociedade, os resultados sao: - 95% concordam (82% totalmente e 13% urn pouco) corn a afirma<;ao "A ajuda financeira dos pais e av6s e importante para os jovens adultos que estabelecem as suas pr6prias casas e familias" - 91% concordam (74% totalmente e 17% urn pouco) corn a afirma<;ao "As contribui<;ao das pessoas idosas que cuidam de familiares ou parentes niio e suficientemente apreciado em Portugal"; - 92% concordam (71% totalmente e 21% urn pouco) corn a afirma<;ao "As pessoas mais velhas diio um grande contributo asociedade atraves do trabalho voluntario em organizm;oes de caridade e na comunidade do seu pais" - 85% concordam (52% totalmente e 33% urn pouco) corn a afirma<;ao "0 desenvolvimento de produtos e servi~os que satisfa~am as necessidades das pessoas mais velhas tornar-se-a o principal motor da economia em Portugal"

3 - Sinteses e interaq:oes

Dos resultados acima referidos, podem inferir-se algumas sinteses, no que respeita a: 1) possiveis situa<;6es de conflitos entre as gera<;6es mais velhas e mais jovens; 2) solidariedade entre gera<;6es; 3) preocupa<;6es corn a futura capacidade financeira dos governos para apoiar a popula<;ao idosa e 4) o envelhecimento da popula<;ao como motor de desenvolvimento da economia. 1 - Possiveis conflitos entre GeraÂŤ;oes: - 0 peso dos que concordam (77%) que "os mais jovens e os mais velhos dificilmente chegam a acordo sabre o que e melhor para a sociedade". - A elevada percentagem (77%) dos que concordam que "Os trabalhadores seriio cada vez mais relutantes em contribuir cam impostos e contribui~oes sociais para suportar a popula~iio idosa"; - A grande percentagem de portugueses (70%) que concordam que "Se os trabalhadores mais velhos trabalharem ate mais tarde, ficariio poucos empregos disponiveis para os mais jovens". - Quase metade dos respondentes (49%) concordarem que o governo portugues gasta, comparativamente, mais corn os mais velhos do que corn os mais jovens. 2 - Solidariedade entre GeraÂŤ;6es: - A opiniao positiva dos portugueses (74%) quanto a permanencia dos trabalhadores mais velhos no mercado de trabalho para alem da idade da reforma, se assim o desejarem. - 0 peso dos que consideram que os mais velhos nao sao urn fardo para a sociedade (62%), que ajudam a familiae os membros mais jovens (95%)

94

Lusfada. Interven.;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010


Solidariedade intergeracional: envelhecimento demografico e opini6es dos portugueses Pag. 87-97

e que contribuem para a sociedade, atraves do voluntariado e ac<;6es de caridade (92%). - A grande maioria dos que responderam (91 %) concordarem corn a necessidade de os governos disponibilizarem mais dinheiro para as pensoes e assistencia aos mais velhos.

3 - PreocupaÂŤ;;oes corn a capacidade financeira dos governos para apoiar os mais velhos - Sao muitos (81%) os que concordam que nas pr6ximas decadas os governos nao terao capacidade para pagar as pensoes ea assistencia aos mais velhos. 4 - Beneficios do envelhecimento demografico ou populacional - A importancia que muitos (85%) atribuem ao desenvolvimento de produtos e servi<;:os que satisfa<;:am as necessidades das pessoas mais velhas coma principal motor da economia em Portugal.

Deve sempre ter-se presente que as opinioes dos portugueses apuradas no inquerito utilizado sao em si mesmas urn dado relevante para o enquadramento dos problemas do envelhecimento demografico em Portugal, mesmo quando essas opinioes nao correspondem a realidade dos factos, coma por vezes sucede. Assim e tendo-se tambem em conta o enquadramento demografico objectivo que acima se apresentou e possivel concluir-se pelo modelo seguinte, onde se desenham as principais implica<;:6es do envelhecimento populacional nas rela<;:6es intergeracionais.

Lu siad a . In terven <;ao Social, Lisb oa, n. 0 36/2010

95


Stella Ant6nio

Baixa

Maior

Fecundidade

Longevidade

Envelhecimento Demografico

Decrescimo da Popula<;ao Jovem (< 15 anos) e da Popula<;ao Activa (15-64 anos)

Aumento da Popula<;ao Idosa (65-84 anos) e muito Idosa (85 e + anos)

DESAFIOS Sociais

Econ6micos

Geracionais

OPORTUNIDADES

Valoriza<;ao das exp eriencias e dos contributos dos mais velhos; Maior solidariedade entre gera~_;oes.

96

Lusiada. Interven<;i'io Social, Lisboa, n. 0 36/2010


Solidariedade intergeracional: envelhecimento demogrMico e opini6es dos portugueses Pag. 87-97

BIBLIOGRAFIA

Ant6nio, Stella,(2010). Av6s e Netos. Rela96es Intergeracionais: A Matrilinearidade dos Afectos, Lisboa, ISCSP /UTL. Ant6nio, Stella (2009). "Urn Mundo Grisalho" " in Cadernos de Economia, Jul/Set 2009, pp. 21-28. Ant6nio, Stella (2008)."Prospectiva Demografica" in Cadernos de Economia, Jul/ Set 2008, pp. 7-12. Ant6nio, Stella, (2001) "Envelhecimento Demografico ou Populacional" in Hermano Carmo (Coord.) Problemas Sociais Contemporaneos, Lisboa, Universidade Aberta,, pp. 135-146 apRoberts, Lucy, (2007). "The Philosophies Underlying European Pension" in Retrait Et Societ - Selection, Pensions in Europe, 2007, pp. 9-30. Arber, Sara, Attias-Donfut, Claudine (eds.), (2000). The Myth ofGenerational Conflict. The Family and State in ageing societies, London, Routledge. Arber, Sara & Attias-Donfut, Claudine(2000). "Equity and Solidarity Across the Generations" in Claudine-Attias Donfut and Sara Arber (eds.), The Myth of Generational Conflict. The Family and State in ageing societies, London, Routledge, pp. 1-21. Campos, Ant6nio Correia de, (2000). Solidariedade Sustentada. Reformar a Seguran9a Social, Lisboa, Gradiva. European Commission, (2009). "Intergenerational Solidarity" in Flash Eurobarometer, European Commission, EB Series 269. Mendes, Fernando Ribeiro,(2004). Conspira9ilo Grisalha. Seguran9a Social, Competitividade e Gera96es, Oeiras, Celta. Nazareth, J. Manuel, (2009). Crescer e Envelhecer. Constrangimentos e Oportunidades do Envelhecimento Demogrrifico, Lisboa, Editorial Presen<;a. Population Reference Bureau, "World Population Data Sheet 2011" in www.prb.or. Wallace, Paul, (2001). Terramoto Geracional, Mem Martins, Publica<;6es Europa-America. Walker, Alan (2009). "Attitudes to Population Ageing in Europe. A comparison of the 1992 and 1999. Eurobarometer Surveys" in http:/ I ec.europa.eu/public_opinion/ archives/ ebs/ ebs_129 _en.pdf, consultado em 2009, Agosto, 10. Zaidi, Asghar; Gasior, Katrin and Sidorenko, Alexandre, Intergenerational Solidarity: Policy Challenges and Societal Responses, in www.imserso.es

Lusiada.

Interven~ao

Social, Lisboa, n .0 36 / 2010

97



EXEMPLO DE BOA PRATICA

Francisco Jose Guerra I

1

Universidade de Coimbra.

Lusiada. Interven c;ao Social, Lisboa, n .0 36/201 0

99



Exemplo da boa pratica Pag~ 99-102

0 Prajecto Lado a Lado deve grande parte da sua genese a necessidade da Associa<;ao Academica de Coimbra encontrar uma forma de ligar duas gera<;6es distintas residentes nesta cidade. De urn lado esta a popula<;ao mais idosa, corn idade superior aos 64 anos residente de Coimbra e na maioria tambem foi estudante la, do outra os jovens estudantes na maior parte passageiros de longa data por esta cidade, estando sempre presente o objectivo da realiza<;ao do seu curso a tempo certo. Tendo todos os dados e meios a disposi<;ao a Direc<;ao Geral da Associa<;ao Academica de Coimbra ajustou e potencializou estas duas gera<;6es criando urn prajecto social dinamico que permite o desenvolvimento da cidade, dos seus habitantes coma tambem dos seus estudantes. Foi assim que este Prajecto foi intraduzido pelos oradores convidados da Associa<;ao Academica de Coimbra, Philip Santos que ocupa o cargo Vice-Presidente da Direc<;ao Geral e Francisco Guerra na qualidade de Coordenador Geral do Pelouro da Ac<;ao Social da Direc<;ao Geral . 0 Prajecto consiste em proporcionar uma habita<;ao gratuita a estudantes carenciados da Universidade de Coimbra, em traca de acompanhamento e auxilio a idosos residentes na cidade, conjugando assim duas gera<;6es distintas. Tendo presente sempre coma horizonte enriquecer os participantes no projecto e simultaneamente a isto proporcionar uma melhor condi<;ao de vida a ambos. Isto permitira nao s6 que mais alunos consigam ter condi<;6es (sociais e financeiras) para frequentar o ensino superior, coma muitos idosos tenham ajuda nos seus afazeres diarios. A parceria come<;a quando a AA. C. tern conhecimento de estudantes interessados, coma tambem o nosso parceiro pratocolar e contactado pelo idoso. 0 nosso parceira protocolar e urn centra de acolhimento sediado numa freguesia da cidade de Coimbra, e o Centra de Acolhimento Joao Paulo 11 que esta envolvido no projecto desse a sua genese. Seguidamente o estudante e idoso iniciam urn processo de selec<;ao psicol6gica que verifica a "compatibilidade" de ambos, empatia e amizade entre os intervenientes sao aspectos que obviamente tambem teremos em aten<;ao. Passada esta fase ha duas situa<;6es: Ou o idoso tern urn quarto disponivel para o estudante permanecer no seu lar ou nao. Coma referimos na apresenta<;ao urn dos principais motores de motiva<;ao deste prajecto e o estudante nao ter qualquer encargo corn a habita<;ao. Se o idoso possuir urn quarto livre na sua residencia pessoal esse quarto ficara ocupado pelo estudante,

Lusiada. Interven<;ao Social, Lisboa, n. 0 36/2010

101


Francisco Jose Gu erra

durante o tempo que ambos se incluirem no projecto, caso contrario o estudante ficara numa residencia (sem qualquer custo para este) e acompanhara o idoso no seu tempo disponivel e de acordo corn as necessidades deste. No final a Associa<;ao Academica de Coimbra agradeceu o convite e salientou que a motiva<;ao e o motor de desenvolvimento crucial desta iniciativa assim como a camaradagem que expande o sentido da boa convivencia entre todos os envolvidos neste Projecto.

102

Lusiada. Intervenc;ao Social, Lisboa, n .0 36/2010



Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.