Farmácia Portuguesa, Nº 186

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entrevista O privilégio de integrar o ambiente ANF FP – Como é que se deu a aproximação às farmácias portuguesas? JM – De certa forma, a nossa história está muito ligada à da própria ANF. Fomos dos primeiros a trabalhar com a associação na dinamização das farmácias, ainda no tempo da Difarma. A Pierre Fabre teve um papel fundamental nessa fase. Tive o privilégio de me integrar no ambiente da ANF e de contar desde o início com o conselho do João Cordeiro, que me ajudou imenso. Tive ainda como “professores” outros dois farmacêuticos de excelência: o Almeida Nifo e o António Veiga. Já faleceram ambos, eram da velha guarda embora completamente diferentes, o primeiro com grande abertura para a dermocosmética, o segundo com maior resistência. Mas tinham ambos uma grande capacidade de ensinamento e ajudaramme imenso a triunfar. FP – Valeu a pena essa aposta na farmácia? JM – Claramente. Aliás, a base do sucesso da Pierre Fabre em Portugal está nessa aposta. Actualmente, somos líderes junto da farmácia. É o canal nº1 em distribuição, representando 55 por cento das vendas directas, a que somam entre 25 a 30 por cento das vendas dos armazenistas. As parafarmácias equivalem a qua-

tro, cinco por cento, enquanto os espaços de saúde são responsáveis por 10 a 15 por cento, sobretudo o El Corte Inglés. A farmácia portuguesa é a mais evoluída, a mais competente, a mais organizada, a mais forte e a mais bonita do mercado europeu. Esta é a grande realidade. Para um laboratório como a Pierre Fabre, com uma estratégia farmacêutica e ética, é muito fácil trabalhar num mercado assim. FP – Foi fácil penetrar no circuito da farmácia em Portugal ou houve resistência? JM – A primeira marca Pierre Fabre lançada em Portugal foi a Klorane, a 27 de Novembro de 1979. Recordo que na altura foi um escândalo, porque um champô custava 95 escudos, mais do dobro do único que existia na farmácia. Foi um escândalo mas ao mesmo tempo um sucesso. E foi a partir desse sucesso que fomos lançando os outros produtos, bem como alguns medicamentos dermatológicos. Mas foi difícil. Na década de 80 havia muitos farmacêuticos que resistiam à existência de produtos de cosmética nas farmácias, por acreditarem que a farmácia devia ser um espaço apenas do medicamento. Um dos homens que mais lutou contra esta atitude e a quem muito se deve o desenvolvimento da dermocosmética na farmácia foi o antigo directorgeral da Cosmética Activa Maia de Carvalho. Devo louvar igualmente a ANF, que

sempre promoveu a farmácia. Não é por acaso que, quando se faz um inquérito à população, o grau de satisfação é elevadíssimo. É verdade que no início se colocaram problemas de penetração, mas a nossa argumentação venceu, porque é uma argumentação científica. E toda a nossa estratégia é farmacêutica. Temos conselheiras nas farmácias, convidamos os consumidores a experimentar os nossos produtos e a comprovar os nossos valores – naturalidade, qualidade, ausência de efeitos secundários. O próprio farmacêutico funciona como conselheiro e o consumidor prefere a farmácia.

Aniversário da Avène com campanha nas farmácias FP – A Avène é a marca emblemática do grupo. O que está na base desse sucesso? JM – A Avène como marca independente nasceu em 1990, quando a Pierre Fabre comprou as termas de Avène, transformando-as num pequeno paraíso. É o maior êxito mundial do grupo e de todas as marcas lançadas ultimamente. E o sucesso deve-se à qualidade dos produtos. No início foi muito complicado convencer os médicos sobre as propriedades calmantes e anti-irritantes da água de Avène. Diziam que ficava mais caro do que prescrever whisky da

De certa forma, a nossa história está muito ligada à da própria ANF. Fomos dos primeiros a trabalhar com a associação na dinamização das farmácias, ainda no tempo da Difarma. A Pierre Fabre teve um papel fundamental nessa fase. 60


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