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resolver problemas da sua vida quotidiana. Assim, é necessário considerar que a cognição na vida adulta «conhece» outro tipo de operações para além das operações formais: as operações pós-formais. A discussão neste campo consiste na exploração do que constitui «as operações pós-formais»; isto é, a actividade cognitiva após o estádio de operações formais identificado por Piaget como o fim do desenvolvimento intelectual na infância e adolescência. O pensamento dialéctico é descrito como a forma de pensamento adulto pós-formal no qual os modos de pensamento universal e relativo coexistem. A sua essência é a contínua exploração das inter-relações entre regras gerais e necessidades contextuais. A exploração das contradições e discrepâncias entre o geral e o particular é visto como uma oportunidade para o desenvolvimento pessoal (Brookfield, 1998, p. 292).

Assim, as operações pós-formais na vida adulta acentuam o pragmatismo na resolução de problemas da vida real, a possibilidade de múltiplas soluções, a coexistência entre a relatividade do pensamento (contextualidade) e a universalidade do mesmo (regras gerais). O raciocínio do adulto não segue a lógica formal, sendo, por isso, contextualizado, apresentando, consequentemente, flexibilidade cognitiva. Desta forma, o raciocínio dialéctico (raciocínio que tem em conta a contextualidade e as regras gerais) é fundamental na interpretação nas experiências do indivíduo adulto dirigindo a sua acção. As mudanças ao longo da vida adulta não se limitam apenas ao nível cognitivo, tornando-se necessário conceber esta etapa como um período evolutivo. A vida adulta é percepcionada como a fase em que o indivíduo atinge a maturidade. No entanto, tal não significa que a maturidade seja algo de estático, sendo «adquirida» mal o indivíduo atinja a idade adulta. Diversas correntes epistemológicas (corrente progressista, corrente behavorista, corrente humanista, corrente crítica, corrente construtivista) têm bastante influência na análise desta etapa, significando tal facto que não existe uma visão unívoca e singular desta. Desta forma, procurar-se-á descrever as diversas perspectivas acerca das transformações que acompanham o indivíduo na fase adulta.

Fases do ciclo de vida Jovem Adulto 1. Entrada no mundo adulto (22-28 anos) 2. Transição dos 30 anos (28-33 anos) 3. Estabilização (33-40 anos) Meia Idade 1. Transição para a meia idade (40-45 anos) 2. Entrada na meia idade (45-50 anos) 3. Transição dos 50 anos (50-55 anos) 4. Culminar da meia idade (55-60 anos) Velhice 1. Transição para a velhice (60-65 anos) 2. Velhice

A investigação ligada ao estudo do ciclo de vida «está interessada nas respostas que as pessoas criam em relação à idade e mudanças das expectativas sociais à medida que avançam através das fases da idade adulta» (Cross, 1984). Não se trata de uma perspectiva de desenvolvimento, pois estas fases do ciclo são concebidas de uma forma horizontal, sucedendo umas às outras, não sendo necessariamente melhores que as anteriores. Assim, esta perspectiva acentua o facto de se poderem identificar períodos de transição e mudança na vida da pessoa, estando esses períodos ligados não só à idade do indivíduo, como também às expectativas sociais que envolvem o mesmo.

Levinson (1974, 1978) considera que a vida adulta é marcada por períodos de estabilidade e transição. Aos períodos de transição sucedem-se momentos de integração, a que correspondem mudanças na estrutura do indivíduo, ou seja, na forma de ele se ver a si próprio, o mundo e os

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TEXTO 10 A VIDA ADULTA: UMA VISÃO DINÂMICA


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