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NAÇÃO
Quem Vai Livrar o Turismo do Covid-19?

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Há dois anos que assistimos, impotentes, à morte lenta de um sector responsável por dezenas de milhares de postos de trabalho. As várias iniciativas postas em prática para minimizar falências não têm sido plenas e todos os dias os operadores fazem novas contas para conseguirem o milagre de voltar a abrir portas no dia seguinte. A vacina chegou a dar algum ânimo ao sector mas, agora, uma nova crise está de regresso. Afinal, quem vai trazer as “doses” para imunizar o Turismo?
Nos finais do ano pas-
sado, todos os dados indicavam que 2021 seria o ano do começo da recuperação da actividade turística e que 2022 era o arranque da sua consolidação. Ao contrário disso, vão chegando más notícias que não só suscitam medidas mais arrojadas com alguma urgência, como reacendem o debate sobre o velho problema do sector: a falta de competitividade explícita no fraco aproveitamento do potencial que o País apresenta.
Desta vez, os ânimos foram agitados pela suspensão, no início de Dezembro, dos voos e encerramento de fronteiras por parte dos países da União Europeia (UE), Reino Unido, EUA e não só, para alguns destinos da África Austral, incluindo Moçambique, temendo a rápida propagação da variante Ómicron do Covid-19, supostamente descoberta na África do Sul.
Algumas dessas restrições estão agora suspensas, mas tiveram de ser imediatamente contestadas (e ainda são) dentro e fora do País. Os hotéis, restaurantes e a área de eventos estão a registar cancelamentos que contrariam todas as contas que se faziam para este período de férias e festas. É a mesma crise que, acabada de ir embora, agora regressa e bate à porta de operadores ainda muito fragilizados: no ano passado, as perdas chegaram aos 4636 milhões de meticais em volume de negócios, uma média de 95% da produção total do sector, 18 mil trabalhadores foram despedidos e verificou-se uma taxa de crescimento de 32% negativos.
Até agora, segundo dados do Instituto Nacional do Turismo (INATUR), o Turismo gerou uma perda de 53% em termos de chegadas de turistas, comparativamente ao ano de 2019 quando se registou um número de pouco mais de dois mil turistas.
“Parte dos eventos que haviam sido marcados para Janeiro já foram cancelados e estamos a tentar encontrar formas de aliciar clientes a evitarem os cancelamentos. Mesmo assim, os meses de Dezembro e de Janeiro já estão com as contas comprometidas”, lamenta o director da cadeia de Hotéis VIP, um dos maiores grupos hoteleiros do País, Dado Gulamhussen.
O responsável exibia um semblante carregado de preocupação e um misto de frustração quando, a dada altura, desabafou: “Precisamos do mundo para termos os hotéis e restaurantes ocupados, já que são os turistas que vêm de fora os principais actores no que diz respeito a conferências internacionais, investimentos, seminários, etc”.
Baixar preços para sobreviver
A E&M falou também com operadores de Inhambane, uma das províncias mais turísticas do País, a par de Cabo Delgado. O ambiente, por lá, é também mau. Suzana Vidal, fundadora do Hotel Bahia – ao largo do Arquipélago de Bazaruto –, um dos mais frequentados e requisitados por turistas de todo o mundo, começa por lembrar que, no ano passado, “tivemos de tomar medidas drásticas. Despedimos grande parte dos nossos trabalhadores e reduzimos os custos ao mínimo e foi muito difícil fazer a escolha entre fechar a porta e mantê-la aberta, mas conseguimos sobreviver”. Já em 2021, começou a registar-se alguma recuperação que, embora lenta, já era animadora porque permitiu readmitir parte da mão-de-obra. Nos meses de Setembro e Outubro a situação melhorou ainda mais. “Cheguei a Outubro e disse para mim mesma que o pior já tinha passado, por ter sido um mês tão bom que os turistas vieram da Europa e de outras partes e o Turismo voltou a fluir”, disse.
Mas a crise não tardou e “o mês de Dezembro está muito fraco, o que contraria a tendência natural da época festiva, em que, mesmo com Covid-19, temos muitos moçambicanos e sul-africanos a procurarem pelos nossos serviços. Estamos outra vez a sofrer com as restrições. Tínhamos um casamento marcado, com pessoas que vinham de Israel e que traria convidados que vinham ficar por duas semanas, outros até passariam cá o Natal. Mas está tudo cancelado e estamos outra vez nesta


agonia e não vemos a hora disto acabar”, desabafou a empresária.
Suzana Vidal considera ser muito difícil traçar o cenário futuro e diz que não é preciso que a situação se estenda por muito mais tempo para que, já em Janeiro de 2020, tenha de voltar a mandar trabalhadores para casa, apesar de todo o pessoal do Hotel Bahia já estar vacinado e a aplicar todas as medidas anti-covid.
Ângela Caratelli, gestora do Vilanculos Beach Lodge, estância que só reabriu em Junho depois de ver reduzida a zero a sua taxa de ocupação dois dias após a eclosão da pandemia, diz que o seu empreendimento socorre-se do marketing, promoções e contacto com agentes de viagens e ex-clientes para tentar projectar-se. Também se registam cancelamentos na sequência das restrições mais recentes, o que está a reduzir artificialmente as tarifas para conseguir clientes.
A mesma técnica está a ser seguida por muitos outros operadores. “Os nossos preços agora estão pela metade porque estamos à procura de clientes e, se não fizermos isso, não vai dar certo. O Hotel Polana também está a fazer o mesmo. Antes cobrava entre 10 e 20 mil meticais por noite, mas hoje cobra muito menos porque precisa de ter pelo menos o valor de quarto para pagar as suas despesas fixas mensais”, explicou Dado Gulamhussen, Gestor dos Hotéis VIP.
Encontrados 'prevenidos'
Nem sempre é preciso estar/ser desatento para perder. De acordo com Dado Gulamhussen, isto acontece numa altura em que o sector até já se estava a preparar para evitar um novo recuo provocado, quer por novas variantes, quer pela eclosão da quarta vaga da doença. “Há pouco tempo, surgiu uma campanha promovida pelo Ministério da Saúde e do Turismo, para vacinar todos os intervenientes, colaboradores e actores da indústria do Turismo, incluindo a parte da restauração e de eventos. Esta iniciativa veio juntar-se ao processo que a CTA – a principal organização do sector privado nacional – e o próprio Governo estavam a levar a cabo desde meados deste ano, quando receberam grandes quantidades de doses da vacina”, esclareceu gestor dos Hotéis VIP. O propósito central, prosseguiu, “era criar condições para que o sector transmitisse segurança a quem vem de fora, e estivesse preparado para que, quando houvesse a necessidade de receber turistas, não tivesse grandes dificuldades, sobretudo nas festas de Natal e do fim de ano, quando se regista o pico do turismo. Mas, agora, com esta nova estirpe, regredimos”, lamentou.
Necessidade de apoios
“Quero reiterar que o sector do turismo está a precisar de ajuda financeira e de descontos nos custos fixos como electricidade, obrigações fiscais, etc. O próximo ano não vai ser fácil – vamos precisar de apoio”, apela Ângela Caratelli. Aliás, a tónica de discussão é quase sempre a mesma desde que a pandemia começou. “Na crise anterior, houve momentos em que tive de dizer às autoridades que se pagasse salários não poderia pagar impostos e vice-versa. Tendo optado por pagar os salários, acumulei multas em impostos, que só paguei quando a situação recuperou”, desabafou Suzana Vidal.
Outra grande estratégia para dar a volta por cima em situações de crise, de acordo com esta empresária, é a aposta no turismo interno. “O que nos salvou no ano passado foi o turismo nacional, porque assim que o Covid-19 atacou, direccionámos imediatamente as nossas energias para captar o turismo nacional: reduzimos consideravelmente os preços e os mantemo-los baixos para moçambicanos e residentes em Moçambique”, explicou.
Crise actual vs problemas estruturais
Muito crítico em relação ao que o sector do Turismo é hoje e o que acredita que poderia ser se explorado no seu máximo potencial, Quessanias Matsombe, operador turístico com várias estâncias no distrito de Bilene, em Gaza, preferiu tocar em aspectos estruturais a serem corrigidos. Afinal,

acredita que se a indústria fosse forte teria construído bases suficientes para resistir à crise do novo coronavírus.
“O bilhete electrónico é um meio que poderia facilitar o acesso ao nosso país, já que facilita a obtenção do visto de entrada a quem tem a possibilidade de pagar com o seu cartão de crédito, no lugar de proceder como actualmente, em que é preciso que o turista tenha de enfrentar a burocracia das embaixadas e outras representações diplomáticas”, criticou em jeito de sugestão.
“Não basta ter praias limpas, mais de 2000 quilómetros de costa, camarão, gastronomia de invejar, povo alegre e hospitaleiro… é preciso um plano estratégico para capitalizar esses recursos todos”, sugeriu.
Avançou o exemplo de países, como as Seicheles, que “não têm fauna nem flora, têm praias iguais às de Moçambique e outras até cheias de rochas, mas estão avançados. Até a Eswatini, que é um território reduzido, sem praia e sem qualquer tipo de atracção que não exista em Moçambique, segue à frente nas estatísticas do Fórum Económico Mun-
dial sobre o Turismo. A diferença é que os suazis, mesmo não tendo nada, optaram por vender a sua cultura, o que nós não conseguimos fazer”, argumentou o empresário.
E mostrando uma certa indignação com as opções nas políticas de desenvolvimento, foi um pouco mais longe: “No nosso país, as pessoas estão mais preocupadas com o gás, pensa-se que tudo o resto tem de passar pelo gás. Olhe só para a agricultura! Agora que tem um ministro que pensa fora da caixa está a dar passos. Com cerca de dois anos à frente do sector começa a trazer resultados visíveis ao nível da produtividade”, concluiu.
Dado Gulamhussen, gestor dos hotéis VIP, segue na mesma linha: “Para podermos nos reinventar temos de criar pacotes turísticos apetecíveis, promoções, ofertas diversificadas. E as empresas que estão neste ramo como a Linhas Aéreas de Moçambique (LAM) têm de rever os seus preços para possibilitar a prossecução deste objectivo”. Mas é preciso muito mais: que os diversos intervenientes se juntem pela causa e produzam soluções viáveis para todos. “A agência de viagens Cotur, por exemplo, consegue fazer um pacote turístico completo, com um preço final que inclui passagem, hospedagem, alimentação, visita a reservas, museus, manifestações culturais diversas, etc. e a LAM pode fazer o mesmo. Não posso acreditar que, para irmos a Pemba, por exemplo, tenhamos de despender

mais de 25 mil meticais só na compra do bilhete de avião”, questionou. Para o responsável, esta é uma das razões por que não se consegue fazer uma aposta focada no turismo doméstico, levando a que as pessoas prefiram juntar as suas poupanças para passarem férias em lugares mais distantes como Portugal, África do Sul, entre outros destinos.
Vistos de entrada, a secular 'dor de cabeça'
A actual crise entra numa altura em que está em cima da mesa uma questão tão antiga quanto preocupante: a questão da dificuldade da emissão de vistos de entrada, tida como uma barreira substancial à entrada de turistas e à competitividade deste sector.
A CTA chegou a reunir-se com os Serviços Nacionais de Migração (SENAMI) para abordar e tentar resolver em definitivo esta questão.
Entre outros assuntos está a morosidade na concessão de vistos, esclarecimento sobre requisitos para obtenção de vistos de negócio e de trabalho de curta duração, a falta de harmonização dos requisitos necessários para a concessão de vistos nas várias embaixadas de Moçambique (os requisitos exigidos pelas diferentes embaixadas não estão harmonizados), dificuldades na concessão de vistos de residência e dificuldades para obter DIRE na província de Sofala.
Mas quais são os problemas em concreto?
Vistos de Curta duração
De acordo com a CTA, nota-se que, embora o Decreto nº 37/2016, de 30 de Dezembro, que estabelece o regime jurídico de contratação de mão-de-obra estrangeira, tenha estabelecido o regime de trabalho de curta duração, cujos requisitos para a aprovação da comunicação de trabalho sejam menos rigorosos, o Decreto 108/2014, que estabelece o regime jurídico do cidadão estrangeiro, não prevê este regime simplificado, fazendo com que algumas embaixadas e representações consulares continuem a exigir os requisitos previstos para a obtenção de vistos de trabalho, tais como o contrato de trabalho, certificado de habilitações literárias e quitação.
Sobre este assunto, o SENAMI diz que emitiu uma instrução para que os funcionários harmonizem os procedimentos com os requisitos constantes no Decreto nº 37/2016, de 30 de Dezembro. Assim sendo, nos casos de pedido de vistos de trabalho de curta duração, concedido aos especialistas para prestação de serviços urgentes, o SENAMI já não tem solicitado documentos como contrato de trabalho, certificado de habilitações literárias e quitação do INSS.
Residência permanente
A CTA apresentou, igualmente, a preocupação dos empresários em obter um visto de residência e dificuldade de DIRE na província de Sofala. Sobre esta questão, o SENAMI esclareceu que este é automaticamente concessionado aos investidores, que pretendem investir no País um valor igual ou superior 500 mil dólares, nos termos do Artigo 17 do Decreto 3/2017, de 24 de Março. Já em relação ao processo de emissão de DIRES na província de Sofala, nega que o mesmo já tenha sido interrompido.
Outros dados a ter em conta
Uma pesquisa de José Julião da Silva, quadro da Universidade Pedagógica de Maputo, com o título “Turismo em Moçambique: oportunidades, desafios e riscos” faz um overview oportuno sobre o que se passa neste sector e que vale a pena visitar ao abordá-lo a fundo.
De acordo com o autor, a localização geográfica de Moçambique é um dos principais factores que contribuem para a vulnerabilidade do país aos eventos extremos, na medida em que
Apesar de o Decreto de 2016 estabelecer um regime de contratação de mão-de-obra estrangeira menos rigorosa, esta regra não tem sido observada nas diferentes embaixadas

alguns dos ciclones tropicais e depressões são formados no Oceano Índico, atravessam o Canal de Moçambique e afectam a zona. Por outro lado, o país apresenta uma extensa linha da costa, sendo atravessado pela maior parte dos rios internacionais que desaguam no Oceano Índico, facto que faz com que algumas áreas costeiras estejam sujeitas a cheias e inundações (exemplos são vários e podem ir desde as cheias que, tiveram lugar nos anos 2000 e 2001 no Sul e Centro de Moçambique, aos ciclones Idai e Kenneth, mais recentemente).
“Situações como estas, provocadas por desastres naturais, afectam não apenas as actividades directamente associadas ao Turismo, mas toda a cadeia de produção e oferta de bens e serviços, facto que evidencia o grau de inter-relação da indústria do Turismo com outros sectores e revelando, ademais, a sua dependência do funcionamento de infra-estruturas públicas”, constata o autor, no estudo publicado há dois anos.
Em termos da vulnerabilidade, prossegue, os dados históricos mostram que as regiões Centro e Sul do País são as mais propensas a riscos de cheias, secas e ciclones tropicais.
Um breve olhar sobre os efeitos do covid-19 no sector levam José Julião da Silva a lembrar que desde princípios de 2019, entre os diferentes sectores eco-
nómicos, o turístico tem sido um dos mais afectados. Ora, considerando que as facilidades turísticas como hotéis e outras formas de alojamento, restaurantes entre outras, fo-
ram criadas essencialmente para servir viajantes internacionais e nacionais, pode-se facilmente compreender como os mesmos estão a ser afectados. “Esta situação afecta não apenas o sector turístico directamente, mas toda a sua cadeia produtiva”, enfatizou.
Em jeito de conclusão, a pesquisa indica que as oportunidades para o desenvolvimento do Turismo em Moçambique são muitas e diversificadas, a maioria das quais resultantes das condições físico-naturais, que se juntaram a aspectos de natureza cultural, que beneficiaram da extensa abertura para o Oceano Índico.
Apesar disso, no entanto, os desafios são igualmente significativos, resultando da capacidade limitada deste espaço em responder às necessidades e exigências do turismo. Este facto, segundo o autor, prende-se com o baixo nível de desenvolvimento que o País apresenta, caracterizado por apresentar carências a todos os níveis e em todos os sectores.“Esta reduzida capacidade de resposta local e nacional, conduz ao crescimento do investimento externo, contribuindo para o crescimento da dependência externa”, constatou.
“Além disso, convém referir o seguinte: se a localização geográfica de Moçambique constitui um dos seus elementos mais favoráveis, e que permite ao país ter vantagens comparativas em relação a alguns sectores, constitui também uma das principais condições que contribuem para a vulnerabilidade do País, sobretudo em relação a eventos extremos como, por exemplo, ciclones que afectam as áreas costeiras que são privilegiadas pelo Turismo, aumentando, igualmente, a propensão para a ocorrência de inundações”, repisou.
Conclui ainda que “o desenvolvimento do Turismo envolve alguns riscos, alguns dos quais resultantes da própria essência desta actividade, caracterizada por ser alimentada por viajantes, visitantes, ou seja, indivíduos 'estranhos aos destinos turísticos'". Isto é, "não havendo viagens, o turismo pára, o que tem implicações em todas as áreas de actividade com as quais o turismo tem relação”, conclui.

Turismo Vai Recuperar. Mas Quando?
Alberto Pitoro • Director de Tesouraria do Absa Bank Moçambique
Anível global, o Turismo é dos sectores que mais se tem ressentido das consequências do COVID-19, devido à mobilidade restrita e ao distanciamento social que vem vigorando. Em Abril de 2020, a Organização Mundial do Turismo (OMT) referia que quase todos os destinos globais (96%) tinham implementado restrições ou banido as viagens desde Janeiro do mesmo ano.
Em Moçambique, o sector do Turismo também foi bastante afectado. O inquérito sobre o impacto do Covid-19, realizado pelo Instituto Nacional de Estatística (Abril-Junho de 2020), indica que no sector de Alojamento, Restauração e Similares, de um total de 5669 empresas inquiridas, 97,1% tinham sido afectadas. No segundo trimestre de 2020, o PIB do sector do Turismo caiu em 35% relativamente a igual período de 2019. Em 2020, a economia Moçambicana registou uma recessão de 1,3%, onde o sector do Turismo registou uma queda em 22,54%, devido às limitações internas, impostas pela vigência dos Estados de Emergência e Calamidade Públicas desde Março de 2020, e externas.
Com a implementação de programas de vacinação, sobretudo nos países desenvolvidos, as restrições às viagens e à prática de actividades impulsionadoras do turismo foram gradualmente aliviadas em 2021. Em Julho, a OMT indicava que, desde Junho, apenas 29% (64) de todos os destinos do mundo estavam com as fronteiras totalmente fechadas ao turismo internacional. O que de certa forma os dados indicavam uma ligação entre a velocidade da vacinação e a flexibilização das restrições.
Em Moçambique, com o alívio das restrições, à medida que a vacinação avançava e a pandemia se mostrava controlada, mesmo com o surgimento da segunda e terceira vagas (Janeiro e Julho de 2021, respectivamente), o sector do Turismo registou alguma tendência de recuperação conforme dados do Instituto Nacional de Estatística. Após um abrandamento da recessão no primeiro trimestre do ano (15,13%), o sector registou taxas de crescimento positivas no segundo (4,03%) e terceiro (5,09%) trimestres, em relação a períodos homólogos de 2020.
Desde Outubro, o País convive com medidas restritivas do Estado de Calamidade Pública de nível 1, e taxas de infecção, internamento e óbitos muito baixas, mantendo-se, entretanto, vedada a frequência às praias, uma das principais impulsionadoras do turismo. Por isso, o sector aguardava, com bastante optimismo, pelo levantamento desta restrição no final do ano, o que poderia conduzir a uma robusta recuperação em 2022.
Contudo, a actual escalada global de casos de COVID-19, associados à nova variante Ómicron, coloca em risco essa expectativa. As restrições às viagens mantêm-se. Em alguns países, foram recentemente agravadas, com destaque para o banimento, sobretudo por países europeus e americanos, das ligações aéreas com certos países da África Austral, incluindo Moçambique.
Neste momento, Moçambique está também perante uma subida exponencial de casos de COVID-19, tendo passado rapidamente de 20 casos novos, a 30 de Novembro, para 443 casos novos, a 11 de Dezembro. Neste contexto, que cenário se pode desenhar para o Turismo nacional?
Em primeiro lugar, a escalada de casos reduz as possibilidades de alívio adicional das restrições em vigor, sobretudo da proibição de frequência das praias. Em segundo, na eventualidade de uma quarta vaga, com impacto semelhante ou superior ao da terceira vaga, torna-se iminente um agravamento das res-

A nova variante da Covid-19 e a escalada global do número de casos voltam a trazer preocupação ao sector do Turismo
trições. Nesse caso, a experiência com as vagas anteriores sugere que medidas mais severas poderão prevalecer, pelo menos, durante todo o primeiro trimestre de 2022. Assim, um relaxamento pós quarta vaga poderá ocorrer no segundo trimestre, o que significa a perda completa de uma temporada de Verão para o Turismo.
Em terceiro, o crescimento de 5,10% do sector no terceiro trimestre do 2021, em termos absolutos, corresponde a 73% do nível registado no terceiro trimestre de 2019, ou seja, uma queda de 27%, comparativamente ao período pré-pandemia.
A OMT espera que em 2021 o movimento de turistas internacionais permaneça 70% a 75% abaixo dos níveis de 2019, um declínio semelhante ao de 2020. Quase metade dos especialistas inquiridos (45%) espera que o turismo internacional retorne aos níveis de 2019 em 2024 ou mais tarde, enquanto 43% apontam para uma recuperação em 2023. Para África, 50% acredita no retorno em 2023, e 43% em 2024 (7% em 2022).
No actual estágio, o sector do Turismo nacional poderá registar, no quarto trimestre de 2021, um tímido crescimento positivo em relação ao quarto trimestre de 2020. Porém, o volume de actividade continuará abaixo do nível registado no período pré-pandemia (2019) em mais de 15%. Para que, em Dezembro de 2022, o Turismo retorne aos níveis de 2019, deverá crescer trimestralmente a uma taxa anual constante de 12,9%, incluindo o quarto trimestre do corrente ano, o que se mostra pouco provável e traça um quadro sombrio para o sector em 2022.
Havendo alguma relação entre as taxas de vacinação e a abertura ao turismo, Moçambique enquadra-se ainda no grupo com taxas de vacinação muito baixas (13,8%, 9 Dez) comparativamente à media global (44,29%), das Américas (57,53%), da Europa (54,14%) e da África do Sul (25,2%), embora superior à média Africana (5,72%).
A adesão massiva à vacinação poderá contribuir para a retoma mais rápida do sector do Turismo, assim como da economia em geral, reflectindo o longo caminho por percorrer durante os próximos anos.
Turismo Ganha Nova Variante de Preocupação: a Incerteza
Podem as restrições nas ligações aéreas afectar o comércio e o desempenho macroeconómico de Moçambique, sendo o mar a principal via do comércio internacional? Especialistas dizem que sim e explicam porquê
Texto Celso Chambisso • Fotografia D.R
Tudo começa no Turismo, o sector directamente penalizado, mas pode ir muito mais longe. E a primeira questão seria: como pode ser afectado o comércio das economias cujas ligações aéreas foram suspensas, uma vez que o maior volume de garga do comércio internacional é por via marítima e ferro-portuária e não aérea? A resposta parece óbvia. Mas a cadeia de efeitos oferece um campo muito amplo de análise e pode descortinar potenciais ameaças à retoma da estabilidade.
Mais do que discutir a legitimidade ou não da própria suspensão dos voos – como se tem feito desde que a medida foi anunciada no início de Dezembro corrente –, a E&M foi ouvir especialistas sobre o que realmente pode acontecer a partir daqui, e caso a suspensão seja mantida por um, dois, três ou mais meses. É que as contestações emitidas por diversas organizações nacionais, regionais e até internacionais, que se seguiram ao anúncio do isolamento da região, dão a entender que a medida pode trazer efeitos perniciosos, mas que ficam ocultos na ausência de uma análise profunda.
Com a ajuda de três economistas, fica nítido o futuro imediato e preocupante, da economia moçambicana (e de todos as economias abrangidas, claro), embora ainda haja, neste momento, poucos dados que conduzam a uma leitura concreta das projecções.
As condições vão mudar
Em anonimato (por razões de ordem profissional), um economista nacional, especialista em estudos de projecções macroeconómicas e que produz relatórios periódicos de conjuntura, começou por criticar: “Isto reflecte algum pânico dos países que restringiram as ligações aéreas com a África Austral. Reflecte alguma falta de conhecimento, mas também alguma falta de sensibilidade”. E depois esclareceu que “terá impacto mais severo sobre o Turismo, mas o comércio também vai ser afectado”. Como?
Mesmo assumindo que a maior parte das trocas comerciais externas são feitas por mar, o economista explicou que as rotas aéreas também são utilizadas para transportar certas componentes em equipamentos e realizar determinadas operações.
“Há projectos que estão a ser implementados, que requerem a movimentação de técnicos e pessoal qualificado, e que poderão sofrer e ficar prejudicados com esta situação”, sublinhou.
A gravidade dos efeitos a este nível pode levar, segundo o economista, a que “provavelmente o PIB do último trimestre possa situar-se um pouco abaixo do que seria caso não tivéssemos restrições, por haver sectores que serão directamente afectados (como o Turismo). Mas, se houver o levantamento das restrições, pode ser que a tendência de recuperação se mantenha no próximo ano”.
Insegurança dos investidores
Entretanto, mais do que o impacto no comércio, o economista fala de “um conjunto de resultados de que não nos devemos esquecer, e que têm impacto sobre as expectativas”, já que uma mudança brusca no ambiente de negócios gera alterações imediatas nas decisões dos investidores. “E este fenómeno pode resultar numa menor aceleração da actividade económica, ocasionada por um menor fluxo de investimentos e, em último plano, ter impacto negativo sobre a recuperação da estabilidade económica”.
É nas expectativas dos investidores que incide também a visão do economista Roque Magaia, da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) – a maior organização patronal do País. “As expectativas serão, em grande medida, afectadas por factores de incerteza. A questão da no-
va variante ainda não é conhecida, nem a sua natureza, nem a sua evolução futura, o que pode acabar por distorcer as projecções macroeconómicas que tinham sido feitas para o curto e médio prazo”, explicou. E prosseguiu: “Essa incerteza faz com que os agentes económicos privilegiem uma postura cautelosa nas suas actividades. Por exemplo, os investidores nas Bolsas de Valores perdem o apetite em segurar os títulos e procuram libertar-se porque os activos financeiros correm o risco de se tornarem voláteis. Este é apenas um exemplo do que vai acontecer com todos os indicadores macroeconómicos, sobretudo a taxa de câmbio, que influencia a inflação e o comércio externo”, explicou Roque Magaia, para quem a gravidade da instabilidade vai depender do tempo que estas restrições vão durar.
Aliás, o mesmo entendimento tem Michael Sambo, do Instituto de Estudos Sociais e Económicos (IESE), ao revelar que “caso estas medidas se prolonguem poderão reflectir-se na economia. Basta olhar para a estrutura do Investimento Directo Estrangeiro (IDE) que vai muito além do Investimento Directo Nacional, e que é realizado maioritariamente por companhias de capital estrangeiro que precisam da circulação de bens de capital como de pessoas com compromissos no exterior”.

Efeitos serão em cadeia
Ao contrário do economista que falou à E&M em anonimato, Roque Magaia não vê consequências tão graves ao nível do comércio externo, porque “as restrições têm que ver com a circulação de pessoas e não de carga, uma vez que as fronteiras não foram encerradas nem os Portos foram fechados, significando que o volume de carga continua a obedecer o seu fluxo normal”.
Mas reconhece que a medida, que já afecta directamente o sector do
Com muitos turistas a cancelarem as viagens ao País, outros sectores da economia serão negativamente afectados, garantem os economistas
POSSÍVEIS PERDAS NAS EXPORTAÇÕES…
O peso do comércio com os cinco maiores destinos das exportações nacionais, no conjunto dos que restringiram as ligações com Moçambique, ultrapassa os 28%, o que é significativo e pode ser impactante se o comércio tiver de ser afectado por esta medida
10,2
634,7
3
104,7 3 5,7
109,6 206 6,7
238,6
Espanha Singapura Holanda Itália Reino Unido
Total 28,6% 1293,6
… POSSÍVEIS PERDAS NAS IMPORTAÇÕES
Aqui, o peso seria relativamente menor, mas não menos penalizador, visto que a economia moçambicana, sendo pouco produtiva, é muito dependente das importações
5,6
3,5
362,8
1,7
109,8 127,5 1,97 154,1 2,4 230,3
Itália Reino Unido EUA Portugal Singapura
Peso em % do total Em milhões USD
Total 15,17% 984,5
FONTE Anuário estatístico de 2020
Turismo, e que agora experimenta o cancelamento de mais de 70% das reservas, vai impactar indirectamente sobre outros sectores. “Há muitos sectores que, por estarem associados ao Turismo, poderão sofrer quedas de desempenho, como o comércio interno e os Transportes”, esclareceu.
Assim, empresas como agências de viagens e área da restauração vão sofrer. E a cadeia de efeitos não pára por aqui: “Os fornecedores de produtos alimentares aos restaurantes, que estão na Agricultura e no Comércio, também serão impactados”, concluiu Roque Magaia.
Já o economista Michael Sambo, pesquisador do (IESE), acrescentou que “mesmo sendo verdade que o maior volume de comércio não seja feito por via aérea, esta é a que mais flexibiliza a deslocação de pessoas, que são as principais responsáveis pelos acordos de comércio e que, muitas vezes, têm de fazer visitas para conferir a qualidade dos produtos a encomendar, negociar as transacções presencialmente, para depois serem enviados por via marítima ou terrestre, conforme o caso”. Isto é, “o próprio comércio internacional sofre restrições”, segundo o pesquisador.
Além disso, no campo das relações com o exterior, no que diz respeito ao turismo de negócios, por exemplo, nem toda a interacção pode ser feita online. Ou seja, há questões relacionadas não só com a verificação dos produtos, e que acabam por se estender para a necessidade de movimentação de expedientes que exigem a presença física de pessoas que garantem os investimentos. “Então, neste caso, poderá haver impacto negativo nos investimentos por via da negociação, assim como poderá reduzir o volume de comércio”, explicou o pesquisador do IESE.
Riscos cambiais e de inflação
Além das restrições nas ligações aéreas e a cadeia de efeitos daí resultante, a quarta vaga, por si só, que incide mais nos principais parceiros de cooperação de Moçambique, é também um indicador para o qual se deve ficar em alerta. “É que as restrições, podendo ser severas nesses países, vão afectar a capacidade de dar vazão às encomendas que já foram feitas, o que pode atrasar as entregas, levando à subida do preço dos produtos importados.
Situação similar já foi verificada nos Estados Unidos, em que produtos de primeira necessidade chegaram a ficar mais caros por causa da demora na entrega devido ao Covid-19. Esse é um risco real para o nosso caso também, mas no curto prazo, lembrando que Moçambique é um país que depende muito de importações para o consumo, comércio e até em matéria-prima para a indústria”, observou Michael Sambo.
Covid-19 vs interesses SADC/UE
Está em vigor, desde 2016, um acordo entre a União Europeia (UE) e seis países da África Austral, nomeadamente Moçambique, Botsuana, Lesoto, Namíbia, África do Sul e Suazilândia (contempla os cinco abrangidos pelas restrições já referidas). Tal acordo concede às suas exportações um acesso imediato, isento de direitos e sem contingentes, ao mercado da UE.
Na altura em que o mesmo entrou em vigor, as trocas comerciais estavam avaliadas em quase 64 mil milhões de euros, com os seis países da região a enviarem à UE principalmente minerais e metais e a comprarem produtos de engenharia, automóveis e químicos.
Acreditava-se que o acordo criaria condições para “auxiliar as populações a saírem da situação de pobreza através do apoio ao crescimento económico sustentável e a integração regional na África Austral, já que, hoje em dia, a África é o continente emergente e os Acordos de Parceria Económica poderiam maximizar este dinamismo”.
Mas veio o Covid-19 deitar abaixo a intenção (não se sabe em que medida terá sido antes explorada, se tiver sido) e hoje, quase que esquecido, o acordo cede lugar a acusações de desonestidade da SADC relativamente à UE quanto à decisão de suspender voos para os países da África Austral.
Há que lembrar, no entanto, que o argumento é o de evitar a propagação do vírus. Sublinhe-se que o Reino Unido já anunciou o levantamento das medidas restritivas.

Turismo Global Vai Recuperar. Quando? Ninguém sabe
Não é apenas a África Austral que poderá debater-se com a crise no turismo que já vem de 2020, mas todo o mundo, não obstante os avanços na vacinação. E fica cada vez mais claro que a pandemia veio levantar o véu a outras fragilidades que o sector já tinha antes
Texto Celso Chambisso • Fotografia D.R
Dois artigos recentes mostram o quanto o Turismo Mundial, se o observarmos de uma perspectiva mais macro, é fraco, desestruturado e incapaz de instaurar regras coordenadas ao nível global, principalmente em ambiente de pandemia, em que as economias se impõem pela qualidade do investimento feito no sector e pela sua competitividade no panorama global.
A primeira preocupação que veio à tona no início deste mês foi o facto de a própria Organização Mundial do Turismo (OMT) – criada em 1925 e que tem, entre outras, a responsabilidade de promover políticas e instrumentos de apoio ao turismo bem como disseminar o Código de Ética Mundial para o Turismo – não conseguir desempenhar cabalmente o seu papel. Esta questão foi levantada quando a Arábia Saudita – que, juntamente com Espanha, vai liderar um grupo de trabalho da OMT – defendeu que esta organização “é fraca” e precisa de um plano para ser mais forte, resiliente e sustentável. De acordo com o ministro saudita do Turismo, Ahmed Al Khateeb, a OMT “não é forte como a Unesco, por exemplo, que também é órgão das Nações Unidas”. “Se quisermos que o seja, sem um plano claro, não vamos conseguir”, defendeu.
O responsável referia-se ao facto de o transporte aéreo e a hotelaria, do sector do Turismo, terem sido, em todo o mundo, os mais afectados pela pandemia do covid-19, mas, infelizmente, não haver uma organização forte para liderar uma recuperação, papel que devia competir à OMT.
Fortalecer a organização vai exigir, segundo o responsável, “uma grande coordenação e cooperação internacional que esteve ausente durante grande parte dos últimos dois anos, e tornar mais eficientes e transparentes os métodos de trabalho para garantir benefícios reais e mensuráveis aos Estados membros”.
Terá sido justamente esta iniciativa saudita, de traçar um plano de fortalecimento da organização, que os levou Estados membros a solicitarem a transferência da sua sede de Madrid para Riad, capital da Arábia Saudita, e que se se reuniu nos últimos nove meses com os homólogos de mais de 100 países.
Um apelo à solidariedade
Não dispondo de instrumentos para induzir a tomada de medidas equilibradas na luta contra a pandemia, a OMT optou por pedir “unidade e solidariedade” diante das novas variantes, depois de vários países estabeleceram restrições que ameaçam a recuperação do sector do Turismo. “A solidariedade entre países tem caracterizado a nossa resposta comum à crise de saúde”, declarou o secretário-geral da OMT, Zurab Pololikashvili, antes de destacar que tal gesto “é mais importante hoje do que nunca, pois os nossos colegas em África enfrentam os desafios de uma nova variante”.
Este posicionamento é mais uma prova de que o sector, globalmente, não é feito de regras que estimulem um crescimento abrangente, já que decisões de uns podem determinar que os outros sucumbam perante a crise, ou que, na hipótese menos grave, haja uma recuperação assimétrica entre as economias.
Regras à parte, muitas organizações também já emitiram relatórios a fazerem previsões sobre o comportamento do Turismo em 2022. A maior parte está optimista, afinal, o progresso da vacinação contra o covid-19 em todo mundo vai subindo de ritmo, o que será determinante no recuo das restrições.

Turismo deve crescer 32% em 2022
O Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC na sigla em inglês), também defende que a recuperação do sector tem sido prejudicada pela falta de coordenação internacional, restrições de viagens e taxas de vacinação mais lentas em certos países. Mas, mesmo assim, faz boas projecções para 2022.
Começa por lembrar que, em 2019, o sector de Viagens e Turismo gerou quase 9,2 triliões de dólares para a economia global. No entanto, em 2020, a pandemia quase que parou completamente o sector, o que resultou numa queda de 49,1% (4,5 triliões de dólares). Embora a economia global deva constatar um aumento de 30,7% de turismo em 2021, isso representará apenas 1,4 trilião de dólares e será impulsionado, principalmen-

RECEITAS VOLTAM A CRESCER…
Muitos factores jogam a favor da produção de maior fluxo de receitas, mas a vacina desempenha um papel-chave
Em biliões de dólares
2019 9,2
2020
2021
2022 4,7
6,1
8
… POSTOS DE TRABALHO TAMBÉM
Á medida que a retoma se efectiva, o Turismo vai trazendo de volta toda a mão-de-obra que perdeu, podendo até reestabilizar-se já em 2022
Em milhões
2019
2020
2021
2022 268
287 330
338
FONTE Conselho Mundial de Viagens e Turismo
te, pelos gastos domésticos com as viagens.
Outra pesquisa conduzida pela Oxford Economics em nome do WTTC calculou um cenário com base na implementação de vacinação global actual, confiança do consumidor e restrições de viagens em algumas regiões do mundo e revelou que, com a taxa actual de recuperação, a contribuição do sector de Turismo para a economia global poderia ver um aumento semelhante de 31,7% em 2022.
Recuperação dos postos de trabalho em 18%
No ano passado, o WTTC revelou a perda de 62 milhões de empregos em viagens e turismo em todo o mundo, mas, com o ritmo actual de recuperação, os empregos devem aumentar apenas 0,7% este ano. Da mesma forma, a pesquisa mostra um potencial mais promissor de empregos em todo o sector em 2022, em 18%.
“A nossa pesquisa mostra, claramente, que embora o sector global de viagens e turismo comece recuperar da devastação do Covid-19, ainda existem muitas restrições em vigor, uma distribuição desigual de vacinas, resultando numa recuperação mais lenta do que a esperada, de pouco menos de um terço este ano”, revelou a CEO do WTTC Julia Simpson.
Condições para o sucesso
Ainda de acordo com a WTTC, a contribuição do sector para o PIB global e o aumento do emprego podem ser ainda melhores se se atenderem a medidas como a permissão para viajantes totalmente vacinados moverem-se livremente, independentemente da sua origem ou destino final; a implementação de soluções digitais que permitam a todos os viajantes comprovar facilmente a sua situação em relação ao covid-19; o reconhecimento de todas as vacinas autorizadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS); um acordo de todas as autoridades de que as viagens são seguras, com protocolos aprimorados de saúde e segurança.
A pesquisa mostra que, se essas quatro regras fossem seguidas antes do final de 2021, o impacto na economia global e nos empregos poderia ser significativo, levando a contribuição do sector para a economia global a aumentar 37,5% – atingindo 6,4 triliões de dólares em 2021, contra os 4,7 triliões em 2020.
Viagens internacionais ficarão mais fáceis, diz a EIU
Analistas britânicos da Economista Intelligence Unit (EIU) publicaram, recentemente, um relatório em que revelam que depois do pico das restrições, em 2020, o sistema se ajustou.
“Mas um problema que não foi atenuado é o das viagens internacionais. Os aviões ainda estão frequentemente pela metade, na melhor das hipóteses, e muitos dos aeroportos do mundo permanecem escassamente povoados”,
TOP 10 PRINCIPAIS DESTINOS PARA 2022
A Lonely Planet, a maior editora de guias de viagem do mundo, divulgou uma lista dos destinos de eleição. Conheça-os
ILHAS COOK
O melhor destino é um grupo de 15 ilhas no Pacífico Sul, com vistas de tirar o fôlego.
A Noruega está consistentemente incluída nas listas dos países mais felizes do mundo. NORUEGA
MAURÍCIAS
É mundialmente conhecida como uma atracção incontornável.
Para explorar as ruínas maias, nadar em águas cristalinas e ver a vida selvagem, Belize tem tudo. BELIZE
ESLOVÉNIA
Tem grandes atractivos: um castelo de 900 anos e o rio Sava que atravessa três países.
É um território britânico ultramarino com 33 praias, temperaturas altas e boa comida. ANGUILA
OMAN
É o país da cordilheira onde se situa o Everest, o monte mais alto do mundo.
É das grandes atracções do Médio Oriente, com um lindo litoral e montanhas de até 2000 metros.
NEPAL
MALÁUI
Com o nono maior lago do mundo – o Lago Niassa – o país tem safaris de perder o fôlego.
O Egipto é o lar das Pirâmides de Gizé, uma das sete maravilhas do mundo. EGIPTO
Apesar de persistir o surgimento de novas variantes do novo coronavírus, muitas pesquisas acreditam que o rumo de 2022 será de recuperação do turismo global, seguramente por causa dos avanços na vacinação

destaca. Refere também que as chegadas internacionais caíram quase 75% em 2020, com 1 bilião a menos de pessoas a viajarem para o exterior. Assim, segundo a EIU, “os números para 2021 não devem ser muito melhores. Mas as perspectivas para 2022 parecem menos sombrias”.
A EIU acredita que, em 2022, “mais pessoas redescobrirão o prazer de entrar num avião para visitar cidades, assistir a um casamento de família há muito planeado ou tirar as férias dos sonhos”.
Projecta ainda que, “embora os executivos continuem a passar muito tempo sentados e em chamadas de vídeo, mais tempo também se reclinarão nas poltronas das classe executivas dos aviões”.
Também recorda que, nas décadas anteriores à pandemia, as viagens internacionais cresceram rapidamente, com o número de visitantes a países estrangeiros a triplicar entre 1990 e 2019.
Companhias aéreas de baixo custo, prosperidade crescente e mais tempo de lazer sustentaram esse crescimento. “Essas forças acabarão por se reafirmar”, projecta a EIU.
Assim, enquanto Moçambique não tem boas perspectivas, ao nível global a situação parece contrária.

