TCC arqurbuvv REQUALIFICAÇÃO DE ESPAÇOS SUBUTILIZADOS: LAZER E CULTURA EM BAIXIOS DA TERCEIRA PONTE

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UNIVERSIDADE VILA VELHA ARQUITETURA E URBANISMO

MARIA CAROLINA GATTI ANDRADE

REQUALIFICAÇÃO DE ESPAÇOS SUBUTILIZADOS LAZER E CULTURA EM BAIXIOS DA TERCEIRA PONTE

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

VILA VELHA 2020


MARIA CAROLINA GATTI ANDRADE

REQUALIFICAÇÃO DE ESPAÇOS SUBUTILIZADOS LAZER E CULTURA EM BAIXIOS DA TERCEIRA PONTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Prof. Ana Paula Rabelo Lyra Co orientador: Izabela Uliana Pellegrini

VILA VELHA 2020


MARIA CAROLINA GATTI ANDRADE

REQUALIFICAÇÃO DE ESPAÇOS SUBUTILIZADOS LAZER E CULTURA EM BAIXIOS DA TERCEIRA PONTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Vila Velha, como requisito para obtenção do grau de Bacharel em Arquitetura e Urbanismo. Parecer da Comissão Examinadora em 30 de junho de 2020.

COMISSÃO EXAMINADORA ______________________________ Prof. Drª. Ana Paula Rabello Lyra Universidade Vila Velha Orientadora ______________________________ Arq. Izabela Uliana Pellegrini, Me. em Arquitetura e Cidade, Universidade Vila Velha Avaliador Interno ______________________________ Arq. Raquel Correa Mesquita, Me Arquitetura e Cidade Avaliador Externo

em


AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por me acompanhar em cada etapa, me concedendo forças e perseverança para seguir em frente a cada obstáculo dessa trajetória. À minha família que em todos os momentos estavam presentes e acreditaram no meu sonho, obrigado pelo apoio. Em especial minha mãe, Claudinete Gatti, obrigada por ser meu alicerce e por me proporcionar a oportunidade de realizar esse sonho e pelas incansáveis orações, sem você nada seria possível. As amigas que a arquitetura me deu, vocês fizeram os dias difíceis serem mais fáceis, obrigada pela amizade e por proporcionar ao longo desses anos momentos de muita alegria, juntas vencemos essa etapa, tenho vocês guardadas em meu coração com muito carinho: Fabíola Pachalian, Karen Peixoto e Rafaella Vettorazzi. Agradeço imensamente, a minha orientadora Ana Paula Rabello Lyra, que com sua sabedoria e dedicação colaborou grandemente para o desenvolvimento dessa pesquisa, a Fabiane Maforte, pelas recomendações que foram fundamentais para o desenvolvimento do meu trabalho e a todos que contribuíram de alguma forma o meu muito obrigada!

A todos a minha profunda e eterna gratidão por dividirem comigo esse sonho!


RESUMO

A precariedade da maioria das áreas e caminhos destinados a circulação de pedestres na cidade contemporânea, sugere a existência de uma grande carência no desenho dos espaços livres de uso público. O aumento constante do uso de veículos individuais, incentivados por um planejamento que prioriza uma malha viária estruturada de forma pontual e disruptiva, compromete ainda mais a apropriação desses espaços que por consequência permanecem vazios e ociosos. Verifica-se, nesse contexto, que os projetos urbanísticos têm priorizado infraestruturas adequadas a circulação dos veículos, deixando o pedestre em segundo plano. Essas ações geram, por consequência, espaços residuais, que fragmentam o tecido urbano e prejudicam os fluxos e as conexões locais. O presente estudo tem por objetivo elaborar uma proposta projetual para ocupação de uma dessas áreas residuais da cidade. Para tanto, procura compreender, através de uma breve revisão bibliográfica, os impactos que esses espaços geram na permeabilidade urbana da cidade. Busca em alguns referenciais teóricos e práticos o embasamento e alguns exemplos que revertem tais fragmentações com a inserção de novos espaços destinados ao lazer e apropriação públicos. Realiza, em seguida, um diagnóstico da área escolhida como objeto dessa monografia, com o intuito de identificar as potencialidades e fragilidades da área de intervenção. A área está situada em uma parcela do baixio da Ponte Deputado Darcy Castello de Mendonça, conhecida como Terceira Ponte, no Bairro Enseada do Suá, em Vitória, E.S. Propõe por fim um projeto para gerar conexão, segurança, novos usos e movimentação para o local que se encontra atualmente sem vida e alheio a cidade. A proposta estruturada na forma de um Parque Linear denominado “Parque Vida Enseada” surge como alternativa para tornar tais espaços reintegrados ao meio urbano, através da promoção de novas oportunidades de encontro das pessoas em espaços livres existentes da cidade. Palavras-Chave: espaços públicos, fragmentação urbana, baixios de ponte, permeabilidade urbana, dignidade urbana.


ABSTRACT The precariousness of most areas and paths intended for pedestrian circulation in the contemporary city, suggests the existence of a great lack in the design of free spaces for public use. The constant increase in the use of individual vehicles, encouraged by planning that prioritizes a road network structured in a punctual and disruptive way, further compromises the appropriation of these spaces that consequently remain empty and idle. In this context, it appears that urban projects have prioritized appropriate infrastructures for the circulation of vehicles, leaving the pedestrian in the background. Consequently, these actions generate residual spaces, which fragment the urban fabric and impair local flows and connections. This study aims to develop a project proposal for the occupation of one of these residual areas of the city. To this end, it seeks to understand, through a brief bibliographic review, the impacts that these spaces generate on the urban permeability of the city. Searches in some theoretical and practical references the basis and some examples that reverse these fragmentations with the insertion of new spaces destined to leisure and public appropriation. It then performs a diagnosis of the chosen area as the object of this monograph, in order to identify the strengths and weaknesses of the intervention area. The area is in a part of the Ponte Deputado Darcy Castello de Mendonça, known as Terceira Ponte, in the Enseada do Suá neighborhood, in Vitória, E.S. Finally, it proposes a project to generate connection, security, new uses and movement to the place that is currently lifeless and alien to the city. The proposal structured in the form of a Linear Park called “Parque Vida Enseada” appears as an alternative to make these spaces reintegrated into the urban environment, through the promotion of new opportunities for people to meet in existing free spaces in the city. Keywords: public spaces, urban fragmentation, low-lying bridges, urban permeability, urban dignity.


LISTA DE FIGURAS

Figura 1: A mudança na cidade para a inserção de novas vias na Praça do Saldanha em Lisboa. ................................................................................................................. 25 Figura 2: Obras da terceira ponte.............................................................................. 28 Figura 3: Enclaves fortificados .................................................................................. 30 Figura 4: Central Artery em Boston. .......................................................................... 31 Figura 5: Rua entre muros ........................................................................................ 32 Figura 6: Áreas residuais nas imediações do viaduto no bairro Lagoinha e Belo Horizonte. .................................................................................................................. 33 Figura 7: Congestionamento Av. 23 de maio, São Paulo. ......................................... 34 Figura 8: Praça Henrique Bender, no Rio Grande do Sul, com iluminação precária. 37 Figura 9: Avenida Pedro Basso arborizada em Foz do Iguaçu, PR .......................... 42 Figura 10: Exemplo de plataforma ............................................................................ 43 Figura 11: Evolução do projeto.................................................................................. 46 Figura 12: Os baixios do viaduto sendo usado para estacionamento ilegal. ............. 47 Figura 13: Bancos em concreto multifuncionais. ....................................................... 48 Figura 14: Grafite artístico do parque. ....................................................................... 49 Figura 15: Iluminação do parque. .............................................................................. 50 Figura 16: Foto do projeto A8erna............................................................................. 51 Figura 17: Implantação do projeto. ............................................................................ 52 Figura 18: Marina. ..................................................................................................... 53 Figura 19: Área destinada ao grafite e o skate. ......................................................... 54 Figura 20: Área destinada ao supermercado. ........................................................... 54 Figura 21: Vista da intervenção. ................................................................................ 55 Figura 22: Vivência no espaço público. ..................................................................... 55 Figura 23:Vitalidade no espaço. ................................................................................ 56 Figura 24: Arte de rua através do grafite com cores vivas. ....................................... 57 Figura 25: Atividades desenvolvidas no parque. ....................................................... 57 Figura 26: Centro gastronômico La Morera. .............................................................. 58 Figura 27: Restaurante Yumi Yumi. .......................................................................... 59 Figura 28: interior dos restaurantes........................................................................... 60 Figura 29: Área externa. ............................................................................................ 60 Figura 30: Playground na área externa. .................................................................... 61 Figura 31: Fachada do Mercado. .............................................................................. 61 Figura 32: Implantação do projeto ............................................................................. 71 Figura 33: Perspectiva do projeto de revitalização .................................................... 71 Figura 34: Perspectiva do projeto de revitalização .................................................... 72 Figura 35 : Imagem da área abrangida pelo Zoneamento ZOP 4 ............................ 74 Figura 36: Imagem da área abrangida pelo Zoneamento ZOP 2 ............................. 74 Figura 37: Imagem da área abrangida pelo Zoneamento ZOC ................................ 75


Figura 38:Imagem da área abrangida pelo Zoneamento ZPA.................................. 76 Figura 39: Trânsito típico 8h da manhã ..................................................................... 88 Figura 40: Trânsito típico 15h da tarde...................................................................... 88 Figura 41:Trânsito típico 18h da tarde....................................................................... 89 Figura 42: Trânsito típico 21h da noite ...................................................................... 89 Figura 43: Visual próximo a Pedra ............................................................................ 90 Figura 44: Visual próximo à área predominantemente residencial ............................ 90 Figura 45: Visual Shopping Vitória ............................................................................ 91 Figura 46: Visual travessia Av. Nossa Senhora dos Navegantes.............................. 91 Figura 47: Visual canteiro Central Nossa Senhora dos Navegantes ......................... 91 Figura 48:Visual da Rua Tenente Mário Francisco Brito ........................................... 92 Figura 49: Visual terreno próximo ao corpo de bombeiros ........................................ 92 Figura 50: Visual baixio da Rua Ten. Mário Francisco Brito ...................................... 92 Figura 51: Frente do corpo de bombeiros ................................................................. 93 Figura 52: Frente TRT ES ......................................................................................... 93 Figura 53: Vista da Terceira Ponte. ........................................................................... 94 Figura 54: Infraestrutura terceira ponte. .................................................................... 95 Figura 55: Trabalhadores utilizando estacionamento para estar. .............................. 95 Figura 56: Estacionamento informal .......................................................................... 96 Figura 57: Área de estudo à noite. ............................................................................ 96 Figura 58: Implantação geral ................................................................................... 108 Figura 59: Corte esquemático do setor – Corte A ................................................... 110 Figura 60: Prancha projeto estudo preliminar do Setor Vivência............................. 111 Figura 61:Área de exposição artística e sanitários .................................................. 112 Figura 62:Área de exposição artística ..................................................................... 112 Figura 63: Área de permanência ............................................................................. 113 Figura 64:Área de permanência e coworking alternativo ........................................ 113 Figura 65:Área de permanência .............................................................................. 114 Figura 66:Restaurante e Área de permanência....................................................... 114 Figura 67: Área de permanência e Coworking Alternativo ...................................... 115 Figura 68: Área de permanência e Coworking Alternativo ...................................... 115 Figura 69: Vista de fora do setor ............................................................................. 116 Figura 70: Canteiro com instalação artística. .......................................................... 116 Figura 71:Corte esquemático do setor – Corte B .................................................... 118 Figura 72: Prancha projeto estudo preliminar do Setor Atração .............................. 119 Figura 73: Portal Luminoso, banco integrado, exposição artística e café pub ........ 120 Figura 74:Portal Luminoso, banco integrado, exposição artística e café pub ......... 120 Figura 75: Portal luminoso, banco integrado e vista dde uma das esculturas. ........ 121 Figura 76:Quiosques, área do skate, espaço de jogos ........................................... 121 Figura 77:Quiosques, área do skate, espaço de jogos ........................................... 122 Figura 78: Quiosques, área do skate, espaço de jogos, espelhos d’água e balanços luminosos. ............................................................................................................... 122


Figura 79: Espaço de jogos, espelhos d’água e balanços luminosos. .................... 123 Figura 80: espaço de jogos, espelhos d’água e balanços luminosos e mobiliário lúdico. ...................................................................................................................... 123 Figura 81: Corte esquemático do setor – Corte C ................................................... 124 Figura 82: Prancha projeto estudo preliminar do Setor Integração ......................... 125 Figura 83:Banco integrado e Pet Park .................................................................... 126 Figura 84: Pet Park ................................................................................................. 126 Figura 85: Pet Park, Loja Pet e área de permanência............................................. 127 Figura 86: Banco integrado com mesas e quiosque. .............................................. 127 Figura 87:Área de permanência, parede de escalada e plataforma da tirolesa. ..... 128 Figura 88: Vista de cima da plataforma da tirolesa. ................................................ 128 Figura 89: Vista de fora do final do parque, área de permanência, elevador e escada da tirolesa e para ciclo. ........................................................................................... 129 Figura 90: Vista aérea do final do parque. .............................................................. 129


LISTA DE MAPAS

Mapa 1: Cidade de Vitória demarcada no mapa do ES ............................................ 67 Mapa 2: Bairro Enseada do Suá demarcado no mapa da Cidade de Vitória ............ 67 Mapa 3: Bairro Enseada do Suá ............................................................................... 67 Mapa 4: Mapa de limites do Bairro Enseada do Suá ................................................ 68 Mapa 5: Área do projeto ............................................................................................ 70 Mapa 6: Zoneamento ................................................................................................ 77 Mapa 7: Usos ............................................................................................................ 79 Mapa 8: Raio de abrangência das praças ................................................................. 82 Mapa 9: Gabarito....................................................................................................... 84 Mapa 10: Morfologia das quadras ............................................................................. 85 mapa 11: Morfologia Edificações .............................................................................. 86 Mapa 12: Pontos Nodais ........................................................................................... 87 Mapa 13: Mapa comportamental ............................................................................... 97 Mapa 14: Mapa síntese ............................................................................................. 99



S U M Á R I O

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INTRODUÇÃO....18

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O DESENVOLVIMENTO DA CIDADE E SUAS FRAGMENTAÇÕES ...... 23 2.1 A EXPANSÃO URBANA EM REGIÕES METROPOLITANAS ..24 2.2 TIPOS DE FRAGMENTAÇÕES NAS CIDADES ........................... 29 2.3 OS ESPAÇOS RESIDUAIS E A PERMEABILIDADE URBANA .....34

3

REFERENCIAIS DE INTEGRAÇÃO EM ESPAÇOS FRAGMENTADOS..............39 3.1 REFERENCIAIS TEÓRICOS... 40 3.2 REFERENCIAIS PRÁTICOS....45 3.2.1 UNDERPASS PARK – TORONTO, ONTÁRIO, CANADÁ... 46 3.2.2 PROJETO A8erna - KOOGAAN DE ZAAN - HOLANDA.................... 51 3.2.3 INK BLOCK PARK – BOSTON – ESTADOS UNIDOS........................ 55 3.2.4 CENTRO GASTRONÔMICO LA MORERA – POLANCO – CIDADE DO MÉXICO...........................................58 3.3 TABELA SÍNTESE................... 62


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DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE ESTUDO....................65 4.1 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDOS...............................................................66 4.1.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO...................................................... 67 4.1.2 PERFIL SOCIOECONÔMICO DA ÁREA DE ABRANGÊNCIA................................................ 68 4.1.3 PROPOSIÇÕES MUNICIPAIS EXISTENTES PARA A ÁREA........................................................ 69 4.2 ASPECTOS MORFOLÓGICOS....................... 72 4.2.1 ZONEAMENTO.............................................. 73 4.2.2 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO..................... 78 4.2.3 MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE............... 87 4.2.4 ANÁLISE VISUAL.......................................... 90 4.3 MAPEAMENTO COMPORTAMENTAL........... 93 4.4 POTENCIALIDADES E VULNERABILIDADES............................................ 98

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PROPOSTA DE REQUALIFICAÇÃO NOS BAIXIOS DA TERCEIRA PONTE....101 5.1 CONCEITO E PARTIDO .............................. 102 5.2 PROPOSTA PROJETUAL............................ 102 5.2.1 SETORES.................................................. 110 5.2.1.1 SETOR VIVÊNCIA.................................. 110 5.2.1.1 SETOR ATRAÇÃO.................................. 117 5.2.1.1 SETOR INTEGRAÇÃO........................... 124 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................. 132 REFERÊNCIAS ................................................... 136



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1 INTRODUÇÃO

A descontinuidade caracterizada pela fragmentação dos caminhos destinados a circulação de pedestres na cidade contemporânea sugere uma grande fragilidade no desenho dos espaços livres de uso público. Verifica-se a presença de inúmeros obstáculos, sejam eles por precariedade dos revestimentos das calçadas ou pelo sentimento de insegurança que resulta das características dos espaços de transição da cidade. A consequência disso é a evasão dos pedestres dos espaços livres de uso público e o aumento constante do uso de transportes individuais, incentivados por um planejamento que prioriza a malha viária. O referido cenário sugere que essa valorização do automóvel ocorreu a partir do rápido processo de industrialização e urbanização das cidades. Esse estudo parte da premissa que o planejamento da cidade nesse período pós-industrial promoveu soluções com base no racionalismo funcional modernista que se estruturaram de forma pontual e disruptiva. O foco concentrou-se no fornecimento de infraestrutura adequada aos veículos, deixando o pedestre em segundo plano. Essas ações acabaram por gerar espaços residuais na malha urbana, que fragmentam o tecido urbano e prejudicam os fluxos e conexões locais. Este trabalho de conclusão de curso tem por objetivo elaborar uma proposta projetual para ocupação de uma dessas áreas residuais da cidade. Para tanto, propõe estudar os impactos que esses espaços têm na cidade, as consequências e as opções para tornar tais espaços reintegrados ao meio urbano, como alternativa para o encontro das pessoas em espaços livres da cidade. A proposta visa reverter aqueles espaços que de certa forma prejudicam e até desvalorizam o meio em que estão inseridos, pois geram a sensação de abandono e afastam os pedestres, por serem negligenciados pelo poder público e pobres de infraestruturas. Durante o dia a maioria desses espaços são utilizados como estacionamento e a noite são pontos de insegurança, por falta de iluminação e equipamentos atrativos ao uso das pessoas, fatos que tornam tais espaços das cidades cada vez mais vazias. O olhar holístico e sensível do Arquiteto e urbanista pode identificar potencialidades nesses espaços esquecidos e propor novos usos para qualificá-los. A proposta é


19 transformar esses terrenos subutilizados para valorizar os espaços em que estão inseridos. Esses locais por muitas vezes são vistos como improdutivos e sem solução, mas devem ser avistados como uma oportunidade de melhorar a cidade e promover encontros e vivências no meio urbano. A área escolhida como objeto dessa monografia está situada em uma parcela do baixio da Ponde Deputado Darcy Castello de Mendonça, conhecida como Terceira Ponte, no Bairro Enseada do Suá, em Vitória, E.S. A escolha do espaço se deu através da proximidade e inquietação da autora, assídua no convívio com a área situada no caminho de seu estágio. Esse convívio favoreceu sua percepção em relação a potencialidade que identificou neste local nobre e contraditoriamente, subutilizado. Ocasião que pôde também observar os impactos que o local trazia para o entorno ao causar sensação de medo, abandono e esquecimento por quem ali transitava. Trata-se de um estudo qualitativo que adota como procedimento técnico a revisão bibliográfica, documental e o levantamento de campo, além do estudo de referenciais projetuais que passaram por transformações análogas a que se deseja alcançar no resultado desse Trabalho de Conclusão de Curso. Para o embasamento teórico foi feito, uma breve revisão bibliográfica utilizando como descritores, palavras chaves como vitalidade urbana, permeabilidade urbana, fragmentação e ruptura urbana e requalificação de áreas residuais. O resultado desta busca consolidou-se no repertório utilizado para sistematização da fundamentação teórica deste trabalho. Esse material contemplou ainda alguns exemplos de áreas requalificadas análogas ao objeto deste estudo. Destes, foi possível extrair as problemáticas e soluções de áreas fragmentadas e como revitalizá-las, bem como, identificar alguns referenciais práticos analisados para obter-se exemplos de intervenções de sucesso que contribuíram para a cidade e a sociedade. Esses estudos foram distribuídos em cinco capítulos estruturados da seguinte forma: no segundo capítulo que sucede a esta introdução, foi apresentado um breve histórico do planejamento urbano e suas consequências na configuração do tecido urbano, com os desdobramentos dessa configuração em áreas fragmentadas, identificadas nesse estudo por diferentes tipos de rupturas urbanas e finalizando com alguns referenciais teóricos que explicam um pouco dos impactos dessas rupturas na fruidez urbana.


20 No terceiro capítulo foram expostos alguns exemplos de intervenções aplicadas em locais que podem ser comparáveis a área de intervenção escolhida como objeto desse estudo. Para tanto, o capítulo foi subdividido em três partes, a primeira, para apresentar os referenciais teóricos que traz propostas de autores que descrevem sobre a influência desses espaços na cidade, a importância da mudança e planejamento dessas áreas e os caminhos a serem adotados nessas intervenções para que se obtenha êxito na transformação e qualificação desses locais. A segunda parte do capítulo apresenta alguns projetos que materializaram tais referenciais na transformação de baixios de ponte, quando as reverteram em áreas integradas e úteis a cidade. O capítulo se conclui com uma síntese dos apontamentos feitos pelos autores e as medidas aplicadas nos referenciais práticos exibidos no texto e estruturados no formato de uma tabela. O quarto capítulo é focado no diagnóstico da área de estudos para identificar a dinâmica local, a exemplo de quais atividades ocorrem nas proximidades e na área de estudo para que se possa utilizar todas as informações colhidas na elaboração de como e onde as atividades propostas podem contribuir para a vitalidade ou melhorar a qualidade do espaço, objeto de intervenção. O diagnóstico contemplou ainda o mapeamento e avaliação da área em dias e horários diferentes, para registrar as atividades e apropriações atuais na área de estudos. O quinto e último capítulo consiste na proposta projetual, que de acordo com seu conceito e partido procura reintegrar o espaço residual, tratado no meio que está inserido, através da inserção de novos usos que incentivem a vitalidade e a vivência no local. A proposta consolidada em um Parque Linear, chamado “Parque Vida Enseada”, torna o espaço uma nova opção de caminho, uma conexão e um ponto de encontro com sensação de segurança por ser bem iluminado e com atrativos compatíveis com a realidade local para estar sempre movimentado e vivo.


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Este capítulo apresenta um breve histórico sobre a origem da morfologia

fragmentada do tecido urbano das cidades. Tem início com uma breve retrospectiva sobre o planejamento urbano acelerado que alterou a forma da cidade e a configuração dos espaços livres urbanos. Segue com os resultados da investigação sobre os tipos de fragmentação da malha urbana responsáveis pelo que nesse estudo são identificadas como rupturas na cidade e conclui com um subcapítulo que busca nos referencias teóricos os motivos e as consequências dessas rupturas na fruidez urbana. 2 O DESENVOLVIMENTO DA CIDADE E SUAS FRAGMENTAÇÕES O capítulo finaliza destacando algumas das características que resultam desse urbanismo espraiado, seus Este capítulo apresenta um breve históricomodelo sobre ade origem da morfologia fragmentada

efeitos malha urbana e na sociedade do tecido urbano das cidades. Tem início comnauma breve retrospectiva sobre o queaconvive nesta urbe. planejamento urbano acelerado que alterou forma da cidade e a configuração dos espaços livres urbanos. Segue com os resultados da investigação sobre os tipos de fragmentação da malha urbana responsáveis pelo que nesse estudo são identificadas como rupturas na cidade e conclui com um subcapítulo que busca nos referencias teóricos os motivos e as consequências dessas rupturas na fruidez urbana. O capítulo finaliza destacando algumas das características que resultam desse modelo de urbanismo espraiado, seus efeitos na malha urbana e na sociedade que convive nesta urbe.


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2.1 A EXPANSÃO URBANA EM REGIÕES METROPOLITANAS

A expansão urbana no Brasil teve início a partir da década de 30 do século XX, onde foram identificadas as primeiras mudanças na economia e na sociedade. O crescimento e a ocupação da malha urbana assumem um papel de destaque em 1970, quando a população urbana supera a rural. Nesse período verifica-se um acelerado processo de urbanização acompanhado de uma considerável transformação no modo de vida cada vez mais urbano das cidades. Essa transformação urbana seguiu o rápido processo de industrialização da economia brasileira, iniciado na segunda metade da década de cinquenta (BRITO & SOUSA, 2005). Registra-se, como consequência desse período, um intenso crescimento dos meios de comunicação de massas e dos sistemas de transportes, resultando na estruturação do sistema urbano que permitiu a consolidação de uma malha que favorecia o espraiamento das cidades. Em função do período racional modernista enraizado no país a partir da década de 30, os investimentos na infraestrutura urbana se voltaram para um sistema de circulação e construção de rodovias. O desenho da cidade foi se consolidando com um modelo de mobilidade urbana baseado nos veículos motorizados individuais e sem considerar um desenho favorável aos pedestres. A partir de então, consolidou-se uma estrutura viária caracterizada por grandes deslocamentos, áreas afastadas e isoladas dependentes de automóveis ou transporte público. Esse modelo de planejamento tem sido reproduzido até os dias de hoje, fazendo com que sejam criadas regiões metropolitanas com ampla demanda de deslocamento e elevado índice de adensamento em áreas pontuais, comprometendo a circulação e produzindo inúmeras dificuldades na questão da mobilidade. (RIBEIRO, SILVA e RODRIGUES, 2011) O referido processo de urbanização e metropolização da sociedade brasileira ocorreu quase que simultaneamente e de forma abrupta. Fato atribuído às migrações internas impulsionadas pelo andamento da industrialização, o que resultou em um desenvolvimento caracterizado pela desordem e falta de planejamento. (RIBEIRO, SILVA e RODRIGUES, 2011) A situação descrita acima se intensificou com o aumento no número de automóveis nas cidades e por consequência, da própria estrutura da malha viária existente que deixou de atender aos novos usos e funções por conta dos altos congestionamentos.


25 Novas obras viárias foram financiadas para atender a demanda gerada, porém os recursos para solucionar esses problemas eram poucos, então foram realizadas obras pontuais que sacrificaram espaços públicos e pela falta de planejamento geraram espaços residuais sem estrutura (Figura 1). (CORRÊA, 2016)

Figura 1: A mudança na cidade para a inserção de novas vias na Praça do Saldanha em Lisboa.

Fonte: https://viagens.sapo.pt/viajar/viajar-mundo/artigos/grandes-cidades-da-europa-osurpreendente-antes-e-depois

A maneira como foi desenvolvido o urbanismo moderno intensificou esse processo de fragmentação enraizado nas cidades. Sendo responsabilizado por sua ideologia de separação por usos, de valorização das vias para veículos e o emprego de edifícios autônomos, resultando em cidades sem vida, vazias de pessoas e setorizadas. Esta heterogeneidade de classes criada por essa forma de desenvolvimento deu origem a especulação imobiliária, que tem como característica intrínseca a valorização ou desvalorização do solo. (CORRÊA, 2016) O cenário citado acima potencializou o mercado imobiliário que passou a exercer uma grande influência sob o metro quadrado construído, monopolizando as áreas infra estruturadas da cidade. Essa realidade favoreceu a ocorrência de um processo cada vez mais destacado de segregação socioespacial, onde pessoas de renda média e alta recebiam como oferta o modelo dos condomínios fechados, enquanto a população de renda mais baixa ocupava as áreas distantes. Nessas últimas, o Estado ofertava modelos de habitação social com um mínimo de infraestrutura, carentes de comércio e serviços locais que atendesse a demanda da população e


26 consequentemente, com menor valorização do solo. Estas últimas tendo como recurso de mobilidade o transporte público de massa, incipiente pela demanda da população que ali se estabelecia. (CORRÊA, 2016) Surge assim, uma cidade fragmentada tanto fisicamente como socialmente, em que as áreas destinadas a veículos ganharam cada vez mais força e os espaços de convívio e interação foram desaparecendo. (CORRÊA, 2016) Na região metropolitana de Vitória o processo de urbanização desordenado não se deu diferente dos demais estados e municípios brasileiros, pois o governo militar da década de 70, exigia a elaboração de Planos Urbanísticos onde os padrões compatíveis a realidade do país, adotavam como parâmetros, projetos que favoreciam a eficiência econômica e o crescimento urbano do local. (ESPINDULA e MENDONÇA, 2017). Verificou-se na realidade do projeto de expansão do centro para as áreas continentais de Vitória, um desenho urbano que mantinha o privilégio da malha viária em detrimento da mobilidade do pedestre. Os conceitos de crescimento urbano adotados na capital confirmavam a vertente econômica imposta pelos gestores públicos, pois com o crescente aumento demográfico e escassez de áreas do município de Vitória, o governo adotou medidas de expansão em direção ao continente. (ESPINDULA e MENDONÇA, 2017) Para esse feito, investiu-se em vários aterros que tinham também o objetivo de facilitar o trânsito, proteger o canal de acesso ao Porto, criar áreas de ocupação residencial, possibilitar a concepção de novas atividades comerciais de prestação de serviços e promover a urbanização da região. (ESPINDULA e MENDONÇA, 2017) A intervenção descrita acima teve como base o projeto do novo Arrabalde, que apresentava qualidades de preservação de marcos naturais com qualidades e potenciais para apropriação de áreas livres de uso públicas (CAMPOS JÚNIOR, 1996). Entretanto, o que se verifica na cidade adensada atual é que alguns desses monumentos foram escondidos pelas empenas dos edifícios que se verticalizaram adjacentes a estes. Ademais, a alternativa adotada dos aterros para extensão das áreas foi sendo ocupada por novos imóveis introspectivos, institucionais ou comerciais conectados por amplas vias arteriais de grande fluxo, caracterizadas neste estudo como um tipo de ruptura urbana por comprometer a conexão e fruidez segura, contínua e prioritária do pedestre (ROCHA et al, 2019).


27 Dentre os aterros realizados está o da Praia do Suá, efetivado na década de 70, território hoje do bairro Enseada do Suá, que foi elaborado com a justificativa de gerar uma nova centralidade para a região. A manobra citada era necessária pois o velho centro da cidade estava sobrecarregado, nele estava concentrado toda a rede de comércio e serviços, induzindo a população a se dirigir a parte central todas as vezes que fosse preciso realizar atividades cotidianas, o que levava a uma grande circulação de veículos nas vias principais e intensa aglomeração nas ruas da cidade. (ESPINDULA e MENDONÇA, 2017) Além dos fatos narrados, a existência do porto, do transporte ferroviário e das rodovias BR-101 e BR-262 tornaram Vitória um importante eixo de transporte de mercadorias do estado e as atividades industriais passava por um processo de evolução. Esses fatores contribuíram para que os projetos de urbanização fossem cada vez mais focados no sistema viário em favorecimento do veículo motorizado, sem contemplar espaços confortáveis, acessíveis e seguros para o pedestre. (ESPINDULA e MENDONÇA, 2017) Destaca-se nesse cenário, a construção da Terceira Ponte iniciada no final da década de 1970 e concluída no final da década de 1980, com a promessa de ser uma nova e mais rápida conexão viária entre os municípios de Vitória e Vila Velha. Essa conexão ocorreu a partir de uma área expandida do aterro do bairro Enseada do Suá, utilizada como canteiro de obras no período de sua construção. Com estas obras algumas quadras das imediações foram refeitas e adaptações foram realizadas como parte de um processo de desenvolvimento urbano (Figura 2). Durante os dez anos de sua execução a área permaneceu quase que totalmente desocupada, contando somente com a presença de algumas edificações. (ESPINDULA e MENDONÇA, 2017; IJSN, 1978)


28 Figura 2: Obras da terceira ponte

Fonte: https://www.capixabadagema.com.br/imagens-da-construcao-da-terceira-ponteligando-vila-velha-a-vitoria/

Após a conclusão das obras da ponte e a estruturação do sistema viário que daria acesso a ela, verificou-se aquela situação de introspecção e rupturas descritas parágrafos acima. Um grande surto de ocupação se sucedeu e o primeiro plano diretor de Vitória foi aprovado, reforçando o modelo de zoneamento modernista. O Plano permitia novos usos para a área com gabaritos altos concentrados nas zonas adjacentes ao acesso à terceira ponte. Atribui-se tais mudanças a pressões do mercado imobiliário. A paisagem do local se transformou radicalmente ao dar lugar a um bairro com população de renda média alta, sendo marcado por grandes edifícios residenciais, prédios empresariais e shopping centers. Os novos usos que favoreciam o comércio e as edificações residenciais apresentavam o modelo introspectivo com suas atividades privativas e muradas. Esta ocupação se contrastava com o potencial paisagístico do entorno, composto por um conjunto geográfico de diferentes elementos naturalísticos que valorizava a área. (ESPINDULA, 2014; ESPINDULA e MENDONÇA, 2017)


29 Todas as transformações ocorridas ao longo dos anos resultaram na ocupação e nos usos atuais da Enseada do Sua. Essas modificações impostas na paisagem local foram motivo de dúvidas quanto à ocupação da área e os impactos relacionados ao acelerado processo de ocupação que deveria advir deste conjunto. (ESPINDULA e MENDONÇA, 2017) Como consequência desta transformação cuja tipologia de assentamento tinha como foco os edifícios isolados e conectados por uma malha densa e ampla, verifica-se a presença de grandes espaços vazios, vias arteriais largas com grandes fluxos e glebas introspectivas consideradas pelo estudo do Grupo de Pesquisa Dignidade Urbana, coordenado pela Professora Ana Paula Rabello Lyra, como rupturas urbanas. Como já mencionado, o processo de urbanização da Enseada do Suá foi realizado com o objetivo de solucionar o problema de aglomeração que acontecia no centro de vitória, resultando em uma expansão espraiada que favoreceu o surgimento de áreas residuais que contribuíram para fragmentar o bairro. Esses espaços comprometem a integração da malha urbana, e prejudicam a caminhabilidade da população pedestre, tornando-os vulneráveis e geradores de insegurança e medo.

2.2 TIPOS DE FRAGMENTAÇÕES NAS CIDADES

As fragmentações urbanas são acontecimentos resultantes do processo de expansão urbana que permite a consolidação de elementos na paisagem da cidade que promovem uma ruptura no tecido urbano. (COELHO, 2016) Essas rupturas são caracterizadas por quebras de continuidade das redes de rua do tecido urbano que constituem a cidade, ocasionando em uma grande diferenciação quando relacionada ao tecido que o cerca. (COELHO, 2016) Esses contrastes são elementos muito marcantes e constituintes da fragmentação do tecido urbano o que gera grandes impactos nos deslocamentos pedonais, bem como, significativas problemáticas na acessibilidade e integração no padrão racional predominante do entorno. (COELHO, 2016) Esse conceito de ruptura e fragmentação pode ser tratado como social quando caracterizado pela diferenciação por poder aquisitivo que acaba por gerar a fragmentação em seu estado físico. Esses são materializados, por exemplo, pelos


30 enclaves fortificados e periferias (Figura 3), características resultam também do planejamento desordenado que em função do rápido crescimento da população no espaço urbano, geram especulação imobiliária e vazios urbanos.

Estes últimos

identificados por espaços residuais e os limites (PANTALEAO&FERREIRA,2011; COELHO,2016 e MAIA,2019). Figura 3: Enclaves fortificados

Fonte: http://www.mesalva.com/forum/t/a-formacao-de-enclaves-fortificados-no-espacourbano-e-resultado-da/12579/2

Em seu livro “A imagem da cidade”, Kevin Lynch (2006) afirma que os limites são quebras de continuidade lineares no tecido urbano como por exemplo as margens de rios, cortes de ferrovias ou pontes, glebas em construção, grandes extensões muradas ou com paredes cegas. Em sua obra ele cita o elevado Central Artery (Figura 4), localizada em Boston, elemento que pode ser comparado a terceira ponte, que liga as cidades de Vitória e Vila Velha, que como a Artery, é inacessível a pedestres, e tem grande destaque na imagem da cidade, sendo visível em vários pontos da cidade. É um caso que, segundo o autor, pode ser nomeado como “limite fragmentário” que acaba formando um grande corte na malha urbana, aparentemente desmembrando a cidade, sendo nomeadas por Lynch (2006) como “limites elevados”, que em seus baixios acabam por criar os “triângulos esquecidos" entre os espaços, também chamado de áreas vulneráveis (LYNCH,2011).


31 Figura 4: Central Artery em Boston.

Fonte:https://www.google.com.br/url?sa=i&url=https%3A%2F%2Fwww.flickr.com%2Fphotos%2F281 75182%40N07%2F3554214790&psig=AOvVaw0889XbkepAe5vrZ0wpF_ZN&ust=1594042208653000 &source=images&cd=vfe&ved=0CAIQjRxqFwoTCNDbwsOdtuoCFQAAAAAdAAAAABAH

Esses limites e rupturas desorganizam o meio urbano e tornam o espaço negligenciado e inseguro, o que desincentivam a frequência dos pedestres nas ruas e levam ao usuário desenvolver formas errôneas de se proteger desta sensação de insegurança. A situação citada torna favorável a oferta de um modelo de ocupação introspectivo, como por exemplo a construção de shopping centers e condomínios fechados. (CALDEIRA, 2000; CORRÊA, 2016) A procura de moradia e uma vivência mais segura, direciona as classes sociais mais privilegiadas a optarem por espaços nos quais identificam como uma espécie de “porto seguro”. São famílias que buscam locais afastados da sociedade em geral que ofereçam tranquilidade e segurança, com ocupações distantes dos centros urbanos. Esses condomínios fechados deram origem aos enclaves fortificados cercados por muros, controlados por guaritas e circuitos de monitoramentos. São propriedades que ocupam grandes glebas do município sem se integrarem a malha urbana existente. (CALDEIRA, 2000; CORRÊA, 2016) Dentro desses condomínios são criadas áreas de uso comum, o que acaba por segregar cada vez mais as classes sociais e desincentivar a procura por espaços públicos de interação social, comercio e serviço. Esses enclaves configuram-se como


32 se fosse uma cidade rodeada por muros paralela ao espaço urbano já existente, resultando em uma cidade cada vez mais vazia e sem vida. Os espaços adjacentes a esses grandes paredões são caracterizados pela arquitetura do medo, pois a sensação ao se passar nesses locais com grandes trechos de muro é de insegurança (Figura 4), não há vigilância natural, é como estar vulnerável a qualquer acontecimento sem ninguém ver, alertar ou ajudar se acontecer qualquer coisa (JACOBS,2007 e LIRA, 2014).

Figura 5: Rua entre muros

Fonte: https://novaziodaonda.wordpress.com/2019/10/24/beco/

Outro resultado da urbanização desordenada das cidades, são as rupturas por vazios urbanos (Figura 5), que geram descontinuidades nos tecidos da cidade. No campo do Urbanismo o termo vazio urbano foi tendo seu significado alterado, onde anteriormente eram considerados como uma contraposição aos espaços construídos,


33 compreendendo as áreas de lazer e interação social como um espaço vazio. Porém essa denominação passou a retratar a ausência de elementos construídos e usos, podendo se tratar de terrenos baldios, objeto de especulação ou não, áreas ociosas, residuais ou subutilizadas. Esses espaços podem estar inseridos tanto em áreas periféricas como em centros urbanos. (MAIA, 2019) Figura 6: Áreas residuais nas imediações do viaduto no bairro Lagoinha e Belo Horizonte.

Fonte: http://m.cbn.globoradio.globo.com/media/audio/251587/vazios-urbanos-podemser-transformados-em-espacos-.htm

Neste presente trabalho teremos como objeto de estudo uma área residual subutilizada, localizada no Bairro Enseada do Suá, que é caracterizada por ser um espaço infra estrutural e baixio de ponte. Espaço esse que também sofre influência por outros tipos de limite, dentre eles estão o Shopping Vitória que é considerado um enclave fortificado e a própria malha urbana que promove várias rupturas na área, junto à Terceira ponte que corta o bairro de uma maneira muito brusca. Esse conjunto morfológico cria um cenário de ruptura, isolado pela inserção desses elementos segregadores, onde o próprio desenho e ocupação inibem sua apropriação e uso, cortando o padrão do espaço. Uma outra ruptura por malha urbana acontece em função da larga Avenida Nossa senhora dos Navegantes, que de um lado temos uma malha urbana com grandes lotes e altas construções e das outras edificações com o gabarito baixo e quadras de menor extensão e de caráter mais residencial. Os itens seguintes desse capítulo apresentam algumas características da influência que esses


34 espaços residuais e limites têm no espaço e na permeabilidade urbana. (ESPINDULA, 2014; ESPINDULA e MENDONÇA, 2017)

2.3 OS ESPAÇOS RESIDUAIS E A PERMEABILIDADE URBANA

Segundo pesquisas feitas por Vinícius M. Netto as cidades brasileiras têm os sistemas viários mais fragmentados do mundo, uma posição lamentável, resultante de uma produção urbana improvisada a partir de decisões individuais, que não tiveram como conduta a integração e otimização do sistema já existente. Esse padrão é descrito pelo autor como “colcha de retalhos”, dando origem a uma grande descontinuidade entre ruas e espaços subutilizados, sem planejamento, que sobram entre a intervenções pontuais que estruturam essa malha viária. Os efeitos dessa situação são vistos diariamente no trânsito, marcado por constantes congestionamentos, essa conexão de diversas atividades urbanas, nessa delicada estrutura, resulta em uma acessibilidade precária e vias cada vez mais sobrecarregadas (Figura 6). (NETTO, 2016) Figura 7: Congestionamento Av. 23 de maio, São Paulo.

Fonte: https://www.metrojornal.com.br/foco/2018/08/03/apos-chuva-e-acidentes-pelacidade-sao-paulo-tem-transito-recorde-nesta-sexta.html

Qualquer tecido materializado na cidade deveria ser responsável por constituir e estimular a vida urbana. Todavia, a construção de edifícios independentes, tanto funcional como espacialmente, em relação ao sítio, acaba por induzir a segregação


35 espacial. Tem-se presenciado frequentemente fortes mudanças que alteraram o modo de usar a cidade, principalmente essas formas de construir que fragmentam o espaço, dificultando a apropriação do pedestre em ambientes públicos e induzindo a dependência veicular, gerando altos custos ambientais e sociais. A reprodução de tecidos urbanos a partir dessa configuração de edifícios isolados tem sido um fator relevante na fragmentação da cidade, visto que se desconectam do seu entorno e dos espaços públicos adjacentes, prejudicando cada vez mais a permeabilidade da cidade. (NETTO et al, 2017) A permeabilidade urbana tem uma interface direta com as possibilidades de integração exterior x interior das pessoas com os espaços, seja ela física ou visual. Esses espaços permeáveis visam permitir a livre transição entre as edificações da cidade, reduzindo obstáculos físicos e visuais, para estimular o uso do território até como caminho para outros locais, facilitando os fluxos e estimulando a circulação do pedestre, buscando motivar a vitalidade e fortalecer a afinidade entre o indivíduo e o meio em que ele está inserido. (REIS, 2018) O Planejamento urbano dito desordenado favorece o crescimento da sensação de perigo de que cada vez mais os espaços públicos virem áreas inutilizáveis entre limites privados, o que afasta usuários e prejudica a inter-relação da população. “Nesse árido espaço residual, as interações humanas se reduzem a um conflito entre automóveis e pedestres, possuidores e despossuídos, quer se trate de pedir esmolas e vender quinquilharias no sinal, de colisões entre veículos e pedestres indisciplinados, de furtos cometidos quebrando janelas ou de roubos de veículos.” (BAUMAN, 2009, p. 71-72)

A urgência de construir cidades que integrem as comunidades é grande, essa tarefa não é nada fácil, mas é essencial para alimentar a sociedade e os ambientes precários que se desenvolveram em função da rápida globalização. A esperança é que o planejamento do espaço público e do privado sejam minunciosamente planificados, para que se possa ter uma relação harmônica entre eles, fornecendo ao espaço maior fluidez e que seja estimulante convidando aos usuários a frequentarem a propriedade urbana, dando mais vida a cidade. Para isso, é necessário criar uma variedade de usos alternativos, agindo como catalisadores, e não como barreiras para a interação humana. (BAUMAN, 2009)


36 Os espaços residuais subutilizados, tendem a prejudicar essa permeabilidade entre os locais, ao passo que áreas degradadas geralmente são evitadas por usuários, pela sua ligação direta com a sensação de medo e insegurança, afastando-os. Os habitantes utilizam e tendem a frequentar mais os espaços onde sentem segurança, pois a degradação física e os sinais de descuidos de um local, podem alertar ao criminoso sobre a vulnerabilidade daquele espaço, causando sensação de abandono, levando a uma maior incidência de crimes. O fluxo de pessoas em um local é de grande importância, pois quanto maior é a presença delas, maior é a capacidade de vigilância natural, gerando um risco maior ao criminoso. Nesse cenário, a probabilidade de cruzar com mais pessoas durante sua evasão, aumentaria e assim por consequência, aumentaria também a possibilidade de ser perseguido, inibindo por conseguinte a ocorrência de possíveis ações antissociais. (SOARES & SABOYA, 2019) O espaço é um componente importante para a segurança, pois um local sem visibilidade pode ser um fator impulsionador para que o transgressor cometa a infração, ao passo que a confiança de impunidade é bem maior. O receio da punição pode desmotivar um crime, pois quanto mais pessoas, aumenta – se o número de possíveis testemunhas, sendo assim, o risco de ser visto cometendo o ato e acabar na prisão, é maior. (SOARES & SABOYA, 2019) A iluminação também é um aspecto preponderante na segurança de um local, espaços escuros são associados a lugares perigosos (Figura 7), pelo fato de comprometer a visibilidade dos recintos, servindo como uma espécie de proteção aos agressores, principalmente quando o ato ocorre a noite, o que reforça a ideia de que áreas bem iluminadas permitiriam uma maior vigilância natural, inibindo essas ações. (SOARES & SABOYA, 2019).


37 Figura 8: Praça Henrique Bender, no Rio Grande do Sul, com iluminação precária.

Fonte: https://portal.conlicitacao.com.br/licitacao/noticias/apos-reforma-pracaevangelica-segue-sem-iluminacao-publica/

Esse elemento bem demarcado através de níveis diferentes de iluminação, acabam por conduzir os usos, como por exemplo, as áreas que se deseja incentivar determinado uso em um dado horário, devem ter uma iluminação mais intensa com vegetações que não a bloqueiem impedindo a vigilância natural. (CPTED, 2013) Uma boa iluminação dos percursos também é de suma importância, deve atender as mesmas condições de segurança que são utilizadas nas ruas, já que tem o papel de orientar, conferir uma maior segurança e permitir a visualização e utilização do espaço no período noturno. (CPTED, 2013; GEHL, 2014) Verifica-se ao se transitar pela cidade que as citadas rupturas urbanas carecem de uma boa iluminação e favorecem, portanto, a ocorrência de atividades ilícitas que inibem sua apropriação para atividades que promovam trocas sociais saudáveis, que cumpram a função social de lazer prevista no Estatuto das Cidades. Situação que sugere um planejamento urbano que desperdiça os recursos de infraestruturas existentes nas proximidades dessas áreas negligenciadas. No próximo capítulo são expostos alguns exemplos de propostas com solução para os problemas provocados por esses espaços abandonados, trazendo autores que explicitam sugestões e teorias para reintegração dessas áreas a malha urbana.


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39

Esse capítulo apresenta exemplos de intervenções aplicadas em diferentes locais do mundo que apresentam tipologia

morfológica análoga a área de intervenção escolhida como objeto desse estudo. Para tanto, o capítulo foi subdividido em três partes, a primeira para apresentar os referenciais teóricos de um repertório de características relevantes para traduzir vitalidade a espaços residuais urbanos. Nessas propostas os autores descrevem sobre a influência desses espaços na

cidade, a importância da mudança e planejamento e os caminhos a serem seguidos para uma maior excelência no 3 REFERENCIAIS DE INTEGRAÇÃO EM ESPAÇOS FRAGMENTADOS planejamento desses locais. Na segunda, são apresentados alguns projetos que transformaram baixioslocais de ponte Esse capítulo apresenta exemplos de intervenções aplicadas em diferentes do em áreas integradas úteis a cidade. mundo que apresentam tipologia morfológica análoga a área deeintervenção escolhida capítulo foi encerra com uma síntesea como objeto desse estudo. Para tanto, oO capítulo subdividido emtabela três partes, apontamentos feitos pelos autores e as primeira para apresentar os referenciais dos teóricos de um repertório de características medidas aplicadas nos Nessas referenciais práticos relevantes para traduzir vitalidade a espaços residuais urbanos. propostas os exibidos no texto. autores descrevem sobre a influência desses espaços na cidade, a importância da mudança e planejamento e os caminhos a serem seguidos para uma maior excelência no planejamento desses locais. Na segunda, são apresentados alguns projetos que transformaram baixios de ponte em áreas integradas e úteis a cidade. O capítulo encerra com uma tabela síntese dos apontamentos feitos pelos autores e as medidas aplicadas nos referenciais práticos exibidos no texto.


40 3.1 REFERENCIAIS TEÓRICOS

Durante décadas o tráfego de automóveis vem sendo priorizado, e em contrapartida, a paisagem urbana e a vida nas cidades cada vez mais deterioradas. Enquanto o tráfego de veículos motorizados permanece mais aparente, os espaços projetados e equipados para a ocupação de pedestres nas cidades ficam cada vez mais oculto e limitado. A partir dessa realidade e da crescente angústia das comunidades que convivem com esse cenário surgem as críticas seguidas de proposições para recomposição da vitalidade da cidade que, segundo GEHL (2014), deve ter o mesmo nível de intervenção que as demais intervenções urbanas promovidas e/ou aprovadas pelo poder público. Autores como Jane Jacobs (2000), Jeff Speck (2016) e Jan Gehl (2014) estudam a vida na cidade com o intuito de trazer soluções para as citadas problemáticas, relacionadas a constituição de lugares sem vida. Eles escreveram livros para fornecer conhecimento sobre uma cidade com vitalidade, caminhável e humana, destinada a apropriação espontânea de seus moradores, com exemplos práticos que ilustram suas teorias. Esses referenciais teóricos sobre a vitalidade nos espaços da cidade servem de base para a definição das principais diretrizes utilizadas em projetos de requalificação de cidades que têm como foco, as pessoas. Para os referidos autores, uma boa cidade deve oferecer oportunidade de uma caminhada tranquila, permanência seguras, espaços que possibilitem encontros com diferentes meios de apropriações, para isso é importante que tenha escala a nível do pedestre e um desenho favorável ao uso e permanência das pessoas. (GEHL, 2014) O espaço urbano pode ser planejado com o objetivo de ser belo, mas deve-se tomar o cuidado para que os aspectos funcionais não sejam negligenciados. Um espaço bonito com detalhes minunciosamente pensados é sim um atributo, porém não é um aspecto suficiente para suprir algumas condições básicas que um determinado espaço urbano requer, como segurança, clima e oportunidades de permanência. As experiências visuais acontecidas nos espaços por sua beleza, podem ser reforçadas e até ampliadas por outros sentidos, como por exemplo, o ruído de água, o vapor, impressões sonoras e aromáticas, trazendo para a vida urbana experiências sensoriais inclusivas. (GEHL, 2010)


41 Uma estratégia para melhoria na qualidade do espaço urbano, é o planejamento com foco no destaque das qualidades espaciais do local, podendo gerar novas combinações, principalmente quando se há uma ligação com cursos e espelhos d’água, verdes e paisagismo. Assim nascem novas experiências e novas paisagens, belos espaços e detalhes cuidadosamente planejados fornecem experiências valiosas, além de acrescentar uma maior importância aos diversos atributos que o espaço tem a oferecer para os habitantes da cidade. (GEHL, 2010) A requalificação como instrumento de melhoria do espaço degradado, negligenciado ou abandonado é uma ferramenta muito importante para recuperar o local e valorizar a área de uso público, utilizando meios que forneçam qualidade de vida para as adjacências e os usuários, por meio de dinamização econômica e social. (MOURA et al, 2006.) A requalificação “Procura a (re)introdução de qualidades urbanas, de acessibilidade ou centralidade a uma determinada área (sendo frequentemente apelidada de uma política de centralidade urbana).” (MOURA et al, 2006. p.20) Essas mudanças acabam valorizando o local e suas adjacências, fornecendo mais cultura, atividades econômicas, encontros sociais e qualidade paisagística, já que a intervenção citada constitui novos caminhos e padrões para a utilização do espaço, fornecendo uma melhor organização espacial, podendo até ajudar a desenvolver atividades econômicas. (MOURA; GUERRA; SEIXAS; FREITAS, 2006.) Os elementos verdes, em suas variadas formas são composições inerentes ao espaço urbano e sua requalificação, principalmente em contextos de clima quente, favorecem o microclima local. A inserção do verde promove conforto ao pedestre e possibilita outras composições urbanas. Além de atributos estéticos, a arborização oferece sombra, equilibra a temperatura local, absorve as águas da chuva e os gases poluentes emitidos pelos veículos (Figura 08). Oferecem também impactos positivos na caminhabilidade, tornando os caminhos mais agradáveis ao suavizar as distâncias, dando a impressão de que o percurso é mais curto, essa sensação é sentida tanto pelo pedestre quanto pelo motorista. (SPEK, 2016 e GEHL, 2014)


42 Figura 9: Avenida Pedro Basso arborizada em Foz do Iguaçu, PR

Fonte: https://www.bocamaldita.com/wp-content/uploads/2013/10/Pedro-Basso.jpg

Segundo Gehl “Além de suas qualidades estéticas imediatas, os elementos verdes da cidade têm valor simbólico. A presença do verde remete a recreação, introspecção, beleza, sustentabilidade e diversidade da natureza.” (GEHL, 2010, p. 180) Porém a arborização dos espaços deve ser bem pensada para evitar a obstrução de algumas linhas de visão e acabar por produzir áreas vulneráveis. Para evitar que isso aconteça, recomenda–se que as extremidades dos percursos tenham vegetações de baixo porte, como por exemplo pequenos arbustos. Quando houver a implantação de vegetações de médio e grande porte, indica-se que estas tenham a copa alta, para permitir a visibilidade a nível do pedestre. (CPTED, 2013) Os espaços de uso comum devem promover permeabilidade visual, relação interna X externa, para que possam ser vigiados ou controlados pelos usuários das imediações, para este feito os caminhos devem ter linhas de visões claras, principalmente quando há mudança de nível ou sentido. (CPTED, 2013) Um dos problemas mais enfrentados hoje em dia são as vias de faixas múltiplas, resultando em ruas mais difíceis do pedestre atravessar e mais fáceis para o motorista acelerar. Neste caso recomenda-se projetar nas adjacências elementos visuais que pela atratividade, estimule a redução da velocidade, associada a redutores inseridos na forma de um desenho voltado para priorizar o pedestre. Para Speck (2016), não é o crime a maior das ameaças à segurança do pedestre e sim os veículos que trafegam em alta velocidade, os engenheiros projetam ruas para velocidades altas, com a


43 justificativa de um tráfego mais livre e ruas mais seguras, algo que soa bastante contraditório na medida em que o fluxo de pedestres fica comprometido proporcionalmente ao aumento da velocidade das vias destinadas a circulação dos veículos motorizados. (SPEK, 2016) Algumas estratégias veem sendo utilizadas para o controle do tráfego de veículos motorizados, medidas chamadas de traffic calming, com o objetivo de melhorar o comportamento dos motoristas, diminuir o número de acidente e favorecer o tráfego seguro de pedestres. Dentre as medidas indicadas por esse modelo estão as faixas de pedestres elevadas (Figura 9), em ângulo reto em relação à direção do tráfego, para controlar a velocidade e favorecer a passagem de pedestres. Essas faixas devem ser bem marcadas e conter pavimentação especial com cores ou texturas que a destaquem do piso adjacente. (BRITO, 2012) Figura 10: Exemplo de plataforma

Fonte: http://ribeiraotopia.blogspot.com/2015/05/travessia-elevada-para-pedestres.html

Os pedestres precisam sentir segurança, conforto e se sentirem atraídos pelo espaço livres de uso público, para que optem por circularem a pé. Ainda em relação ao verde e o pedestre, apesar de encantadores, saudáveis e necessárias, as áreas verdes devem ser projetadas para evitarem a criação de espaços monótonos com grandes áreas dispersas, pois dependendo de sua dimensão, falta de estímulo e diversidade, geram dispersão. Áreas abertas de dimensões moderadas e bem planejadas podem estimular pessoas a caminharem, porém se o objetivo for fazer com que os indivíduos usem a caminhada como forma de transporte do dia a dia, áreas abertas muito


44 grandes ou fragmentadas que constituem rupturas devem ser eliminadas por desestimular a atividade recreativa. (SPEK, 2012; JACOBS, 2000) Os melhores espaços para se investir na caminhabilidade são ao longo das áreas de circulação compostas por edifícios capazes de atrair e assegurar uma vitalidade ao local. Muitas vezes as cidades apresentam redes de caminhabilidades ocultas, esperando profissionais com um olhar sensível, que as percebam e sejam capazes de faze-las emergir, através de um projeto cuidadosamente pensado e planificado. A única parte da cidade que pertence a todos os indivíduos de um determinado local são as áreas livres de uso público, portanto, investir nessas áreas beneficia todos os cidadãos de uma vez só. (SPEK, 2016)

“A reputação de cada cidade está, em grande parte, nos atributos físicos de sua área central. Se o seu centro não parece bom, a cidade não parece boa. As pessoas não vão querer se mudar para lá e será muito mais difícil sentirse bem em relação ao lugar que escolheram para viver. Um centro urbano bonito e vibrante, por outro lado, pode ser a maré alta que levanta todos os barcos.” (SPEK, 2016, p. 226)

É também muito importante ter cautela para que os espaços abertos não fragmentem o tecido urbano ao invés de contribuir para a integração e permeabilidade da cidade. Nesse sentido, vale pensar em equipamentos variados para atrair um público diversificado para o espaço urbano, assim como se deve investir na inserção de equipamentos atrativos para diferentes idades que funcionem em diferentes dias e horários da semana. Essa inserção favorece a apropriação de lugares localizados em entornos com uso prioritariamente comercial, onde a evasão acontece e os espaços ficam ociosos e vazios fora do horário comercial. (SPEK, 2016 e JACOBS, 2007) Como contribuição para a vitalidade dos espaços, é importante a previsão de vários pontos de entrada e saída, otimizando as conexões e a integração com os percursos adjacentes, de modo a promover a conectividade e gerar maior movimentação local. (CPTED, 2013 e GEHL, 2014) Uma recomendação muito relevante para aumentar o uso e vigilância natural do ambiente é programá-lo e planejá-lo para que aconteçam várias atividades, ou seja, incentivar o uso misto. A implantação de atividades como atividade de rua, cafés,


45 quiosques, playgrounds e bibliotecas ambulantes podem contribuir bastante para diversificar as atividades e atrair mais usuários para o local. (CPTED, 2013) As instalações artísticas e obras temporárias produzem uma preciosa contribuição para os espaços urbanos, visto que, a atração de diversas experiências e um só local e a imprevisibilidade, geram uma certa curiosidade o que atrai cada vez mais usuários de diferentes segmentos. (GEHL, 2014) Estimular o uso em diferentes horários também é muito importante para a vitalidade do espaço, então, o planejamento desses ambientes deve prever um design que possibilite o uso noturno das atividades. É de extrema importância que os locais que forem utilizados a noite estejam bem visíveis, com iluminação adequada e distante de áreas vulneráveis. (JACOBS, 2007 e CPTED, 2013) Pode-se destacar também como um ponto de atenção para o planejamento de revitalização das áreas que a manutenção e gestão desses espaços é muito considerável, pois carecem de uma boa conservação, dando prioridade a limpeza, a retirada de grafites criminosos e reparação de iluminação danificada. (CPTED, 2013)

3.2 REFERENCIAIS PRÁTICOS

Este tópico irá apresentar alguns projetos que promoveram a revitalização de espaços negligenciados do meio urbano, situados em baixios de ponte. Com o aumento da densidade urbana e a constante valorização do automóvel, os espaços destinados ao convívio de pedestres ficam cada vez mais escassos, então é fundamental que os arquitetos e urbanistas tenham um olhar capaz de enxergar em lugares subutilizados o potencial para se tornarem espaços de lazer e integração da cidade. (MOK, 2018)


46 3.2.1 UNDERPASS PARK – TORONTO, ONTÁRIO, CANADÁ

Figura 11: Evolução do projeto

Fonte: https://www.asla.org/2016awards/165332.html

Projetado em conjunto pelo PFS Studio e The Planning Partnership, agências com experiência em requalificar espaços negligenciados dentro do meio urbano. O Underpass foi aberto ao público em 2012, como parte das iniciativas de revitalização da orla de Toronto. (ASLA, 2016) O Underpass Park é um grande exemplo de transformação de um vazio urbano em um espaço aberto de uso público, contribuindo positivamente para a integração e vitalidade da cidade. Esse projeto é um referencial prático perfeito para este trabalho, pois trata exatamente dos preceitos e problemáticas existentes no terreno escolhido como objeto de estudo deste trabalho, um local evitado por pedestres, abandonado e perigoso, usado como estacionamento informal e atividades ilegais (Figura 11). (ASLA, 2016)


47 Figura 12: Os baixios do viaduto sendo usado para estacionamento ilegal.

Fonte: https://www.asla.org/2016awards/165332.html

A cidade de Toronto no Canadá, onde se localiza a intervenção, vinha esgotando seus esforços para revitalizar uma espécie de canal presente na cidade, o Waterfront Toronto, então os autores do projeto escolheram este espaço completamente negligenciado, que separava os bairros e gerava insegurança, para torna-lo em um local que contribuísse para o meio urbano gerando atividades que atraísse a comunidade para o local e como consequência a revitalização da orla do canal. (ASLA, 2016) A estruturação do projeto se baseou nas lacunas criadas pelos pilares que estruturam a ponte, e sua infraestrutura em si, que serve como proteção climática, podendo oferecer atividades o ano todo, independente da situação climática. (ASLA, 2016) Grande parte do local foi deixado aberto para permitir a permeabilidades e flexibilizar as atividades presentes, algumas estruturas multifuncionais de concreto foram cuidadosamente locadas para definir zonas de atividades, fornecer assento e direcionar o movimento por todo o local. (ASLA, 2016)


48 Figura 13: Bancos em concreto multifuncionais.

Fonte: https://www.asla.org/2016awards/165332.html

Os assentos com tampo de madeira sob iluminação branda oferecem um aconchego em contraponto as estruturas rígidas e robustas da infraestrutura dos viadutos. As ondulações desses bancos oferecem leveza e interesse visual, enquanto a vegetação oferece um ar de “respiro” em um local estritamente urbano (Figura 12). (ASLA, 2016) O grafite artístico com cores vibrantes formam uma espécie de galeria aberta que incentivam artistas a contribuir com seus talentos (Figura 13), tornando o parque um espaço comunitário colaborativo, criando nos usuários um sentimento de pertencimento ao local, o que é muito importante para a conservação dos espaços, com isso o projeto traz a total transformação do espaço, tornando-o divertido e movimentado. (ASLA, 2016)


49 Figura 14: Grafite artístico do parque.

Fonte: https://www.asla.org/2016awards/165332.html

A iluminação bem planejada desempenha um papel artístico e funcional. Os arcos formados pela parte estrutural da via, são iluminadas e com cores vibrantes, guiando caminhos e proporcionando a sensação de segurança, o que contribui para a vitalidade noturna do local. As luzes de LED instaladas no piso, em constante mudança, proporcionam diferentes dimensões de iluminação, criadas para despertar interesse visual e incentivar o uso de alguns caminhos, principalmente durante a noite (Figura 14). (ASLA, 2016)


50 Figura 15: Iluminação do parque.

Fonte: https://www.asla.org/2016awards/165332.html

Parte do teto do viaduto é coberto por peças hexagonais exclusivas criada pelo estúdio do artista e arquiteto Paul Raff. Uma obra de arte espelhada que ilumina as áreas cobertas, aumentando a influência da iluminação natural durante o dia e enriquecendo ainda mais o local durante a noite, quando a iluminação é totalmente acionada. (ASLA, 2016) Através de um planejamento consciente que procurou contribuir com a vitalidade na cidade, com sua estrutura flexível e multidimensional, o Underpass Park se tornou um espaço de lazer que atrai pessoas, incentiva a arte de rua, oferece eventos de skate, apresentações de dança, entre outros. (ASLA, 2016)


51 3.2.2 PROJETO A8erna - KOOGAAN DE ZAAN - HOLANDA

Figura 16: Foto do projeto A8erna.

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-135024/projeto-urbano-a8erna-ativar-oterrain-vague/52121537e8e44e4bf90001ec-projeto-urbano-a8erna-ativar-o-terrainvague-foto

O A8erna é um projeto de revitalização urbana que ocupa os baixios de um viaduto que corta drasticamente o tecido urbano da cidade Holandesa Koogan de Zaan ao meio, a via tem o nome de A8, de onde veio o nome do projeto. (BARATTO, 2013) O projeto foi realizado por um escritório de arquitetura chamado NL, que enxergou a necessidade de integrar o espaço abandonado na cidade e a possibilidade de implantar atividades que convidasse os pedestres a estarem no meio urbano e controlar o vandalismo no local. (BARATTO, 2013) A concepção do planejamento faz parte de uma série de intervenções aproveitando a infraestrutura da ponte como uma cobertura, inserindo atividades e equipamentos necessários para atrair a comunidade local e visitantes. (BARATTO, 2013)


52

Figura 17: Implantação do projeto.

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-135024/projeto-urbano-a8erna-ativar-oterrain-vague/52121537e8e44e4bf90001ec-projeto-urbano-a8erna-ativar-o-terrainvague-foto

O parque urbano é composto por diferentes usos para atrair vários tipos de usuários, como recomenda Speek (2016), Jacobs (2007) e Gehl (2014), dentre eles estão uma galeria de grafite, quadra poliesportiva, pista de skate, mercado, floricultura, uma peixaria e estacionamento que atende a 120 veículos, e por ser ás margens do rio Zaan foi projetado uma pequena marina (Figura 17) o que valoriza um elemento que já era integrante do espaço como recomenda Gehl em seu livro cidade para pessoa, que diz: “Além do trabalho independente com espaço e detalhes, muitas vezes é possível fazer grandes melhorias de qualidade se um espaço urbano for projetado para destacar as qualidades especiais do local. Combinações novas e atraentes são possíveis quando o espaço urbano pode ser ligado diretamente a superfícies aquáticas e beiras de cais, quando o contato com parques, flores e paisagismo fica garantido, quando os espaços podem ser orientados perfeitamente em termos de clima local.” (GEHL, 2014, p. 117)


53 Figura 18: Marina.

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-135024/projeto-urbano-a8erna-ativar-oterrain-vague/52121537e8e44e4bf90001ec-projeto-urbano-a8erna-ativar-o-terrainvague-foto

O Escritório utilizou como objeto de integração com o espaço adjacente, complementar ao projeto do redesenho da orla que estava deteriorada, uma parada de ônibus e praças. A estratégia de instalar um ponto de ônibus foi muito inteligente, partindo do ponto que sempre terão pedestres passando pelo espaço, o que aumenta a vigilância natural do local ao fornecer às pessoas uma maior sensação de segurança. (BARATTO, 2013) Os detalhes projetados foram planejados a partir do ponto de partida inicial do estudo da área de intervenção, um diagnóstico feito para observar o comportamento dos usuários. Cita-se como exemplo, a escolha do material que compõe a fachada do mercado, feita com chapas de metal encrespadas para desmotivar a pichação e grafite em locais que não sejam na pista de skate e a galeria, espaços destinados a esses usos (Figura 18). (BARATTO, 2013)


54

Figura 19: Área destinada ao grafite e o skate.

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-135024/projeto-urbano-a8erna-ativar-oterrain-vague/52121537e8e44e4bf90001ec-projeto-urbano-a8erna-ativar-o-terrainvague-foto

Antes da intervenção o terreno era também utilizado como estacionamento informal, onde os carros erem parados de forma desordenada, então os arquitetos responsáveis pela intervenção projetaram o estacionamento em torno do supermercado, de forma que fosse funcional, comportando o maior número de carros possível, sem que tomasse o espaço do pedestre, o protagonista do projeto (Figura 19). (BARATTO, 2013) Figura 20: Área destinada ao supermercado.

Fonte: https://www.archdaily.com.br/br/01-135024/projeto-urbano-a8erna-ativar-oterrain-vague/52121537e8e44e4bf90001ec-projeto-urbano-a8erna-ativar-o-terrainvague-foto

Assim, com todos os atributos citados o terreno que antes era um elemento de extrema força, que fragmentava e dividia a cidade, se transformou em um elemento de integração e vivência na cidade. Um local que anteriormente era subutilizado,


55 passa a ser um espaço dinâmico com diferentes usos, um espaço vivo em meio a cidade. (BARATTO, 2013)

3.2.3 INK BLOCK PARK – BOSTON – ESTADOS UNIDOS

Figura 21: Vista da intervenção.

Fonte: https://undergroundinkblock.com/

O Ink Block Park Boston foi projetado para conectar os bairros que eram cortados por uma área negligenciada localizada nos baixios de um viaduto da Rodovia Interestadual 93, na cidade de Boston. A empresa responsável pelo local é a National Development. (UNDERGROUND IN BLOCK, 2018) Figura 22: Vivência no espaço público.

Fonte: https://www.bostonherald.com/2017/09/10/ink-block-park-new-boston-hot-spot/


56

O espaço é tratado pelos administradores como uma espécie de centro cultural que inspira diariamente quem por ali transita, frequenta e visita. Segundo a empresa administradora o parque é voltado para jovens profissionais que estão chegando para residir na cidade, partindo da ponte que, esses indivíduos precisam de lugares para descontrair. (UNDERGROUND IN BLOCK, 2018)

Figura 23:Vitalidade no espaço.

Fonte: https://digboston.com/lysten-up-local-music-takes-over-downtown/

Um local onde as pessoas podem contemplar a arte de rua de artistas locais e até internacionais, bem como, usufruir de uma extensa gama de atividades, como eventos culturais, físicos e sociais. O que gera nos usuários o sentimento de pertencimento diminuindo os episódios de vandalismo. (UNDERGROUND IN BLOCK, 2018) O programa de murais de grafites artísticos forneceu um ar de alegria para o espaço, gerando uma atração cultural e criativa. (UNDERGROUND IN BLOCK, 2018)


57 Figura 24: Arte de rua através do grafite com cores vivas.

Fonte: https://digboston.com/lysten-up-local-music-takes-over-downtown/

O parque é contemplado por: ciclovia, calçadões para pedestre, espaço para cães, quadra de basquete, espaço aulas de ginástica em grupo, dança e apresentações, bem como estabelecimento de alimento e bebida. (UNDERGROUND IN BLOCK, 2018)

Figura 25: Atividades desenvolvidas no parque.

Fonte: https://undergroundinkblock.co


58 3.2.4 CENTRO GASTRONÔMICO LA MORERA – POLANCO – CIDADE DO MÉXICO

Figura 26: Centro gastronômico La Morera.

Fonte: https://mxcity.mx/2015/06/la-morera-el-mercado-gourmet-de-la-colonia-polancoubicado-abajo-de-un-puente/

A partir de algumas intervenções urbanas que a Cidade do México vem desenvolvendo, a fim de revitalizar vazios existentes com usos potenciais, foi criado uma espécie de centro gastronômico nos baixios de um viaduto, o La Morera, em Polanco na Cidade do México. (CHILANGO, 2015; ABILIA, 2013) O projeto foi idealizado por Diego Zúñiga, fundador do Grupo Zwark, que começou o projeto em 2009, com o desígnio de resgatar um espaço público e gerar coexistência e segurança na cidade. O projeto visava transformar o espaço que era completamente degradado, com lixo, vandalismo e estacionamento informal em um lugar de vivência urbana. (CHILANGO, 2015; ABILIA, 2013) O local é composto por diversas lojas de pequeno porte, onde variedades distintas de alimento são servidas, sob o lema que nenhum comerciante deve comercializar o mesmo produto que o outro. Essa diversidade de culinária atrai diferentes tipos de pessoas, o que traz vivência para o espaço, tanto durante o dia como a noite, como destacam Speek (2016), Jacobs (2007) e Gehl (2014) em suas obras. (CHILANGO, 2015; ABILIA, 2013)


59

Figura 27: Restaurante Yumi Yumi.

Fonte: https://mxcity.mx/2015/06/la-morera-el-mercado-gourmet-de-la-colonia-polancoubicado-abajo-de-un-puente/

Este núcleo dispõe um grande número de produtos gourmet a qualquer hora do dia, ele é adequado tanto para o horário de almoço quanto para um Happy Hour com os amigos ao sair do escritório ou para passar tempo com a família, participar de eventos culturais de música, possibilidades que incentivam frequentemente as pessoas a frequentarem o local. (TIME OUT, 2019) A distribuição dos espaços e mobiliários torna o ambiente sociável que motiva a vivência local, com mesas dispostas no centro do mercado com até 4 lugares, bancada alta de bar que serve também para comer e a área externa com mesas grandes e cadeiras confortáveis e convidativas (Figura 27). (TIME OUT, 2019)


60 Figura 28: interior dos restaurantes.

Fonte: https://www.timeoutmexico.mx/ciudad-de-mexico/restaurantes/centro-culinario-lamorera

Figura 29: Ă rea externa.

Fonte: https://br.pinterest.com/pin/344736546468216235/?lp=true

Foram previstos lazer no ambiente externo, tanto para os pets quanto para as crianças, onde foram instaladas mesas para jogos e playgrounds, fato que convida pais com filhos pequenos e donos de animas (Figura 29). (TIME OUT, 2019)


61

Figura 30: Playground na área externa.

Fonte: https://grupozwark.com/en/realestate/

Os materiais mais evidentes na arquitetura do centro gastronômico é o concreto, a madeira e o aço, uma linha de construção que coopera para a integração com o espaço fazendo com que nunca se esqueçam que estão embaixo de um viaduto (Figura 30). (TIME OUT, 2019) Figura 31: Fachada do Mercado.

Fonte: https://grupozwark.com/en/realestate/


62 3.3 TABELA SÍNTESE

ESTRATÉGIA

RECOMENDADO PELOS TEÓRICOS

UTILIZADO NOS REFERENCIAIS PRÁTICOS

USOS

SEGURANÇA

1. Promover a vigilância natural (JACOBS, 2007; CPTED, 2013 e GEHL, 2014)

2. A iluminação é muito importante para possibilitar o uso da área a noite e pode ser usada para incentivar caminhos e determinados usos, como por exemplo, onde eu quero que seja mais frequentado forneço uma iluminação mais forte. (JACOBS, 2007 e CPTED, 2013)

1. A diversidade de usos incentivadas em todos os projetos objeto de referenciais práticos atrai diferentes tipos de usuários, em diferentes horários, favorecendo a vigilância natural do espaço. 2. A iluminação do projeto Underpass desempenha um papel artístico e funcional. Os arcos formados pela parte estrutural da via, são iluminadas e com cores vibrantes, guiando caminhos e proporcionando a sensação de segurança, o que contribui para a vitalidade noturna do local. As luzes de LED instaladas no piso, em constante mudança, proporcionam diferentes dimensões de iluminação, criadas para despertar interesse visual e incentivar o uso de alguns caminhos.

1. Diversidade de usos para gerar mais vitalidade (SPEK, 2016 e JACOBS, 2007)

1. O parque urbano A8erna é composto por diferentes usos para atrair vários tipos de usuários, como recomenda Speek (2016), Jacobs (2007) e Gehl (2014), dentre eles estão uma galeria de grafite, quadra poliesportiva, pista de skate, mercado, floricultura, uma peixaria e estacionamento que atende a 120 veículos

2. Utilizar vegetação nos espaços o tornam mais agradáveis e até ajudam a regular o clima. (SPEK, 2016 e GEHL, 2014)

2. As vegetações instaladas em trechos do Underpass Park fornecem uma espécie de “respiro” em um local estritamente urbano, tornando o local mais agradável e fresco.

3. Promover atividades que integrem o novo espaço com a cidade existente e com os usos costumeiros das adjacências (GEHL, 2014)

4. Gerar conexões e caminhos (CPTED, 2013 e GEHL, 2014)

1. Desenvolvimento de projetos na escala do homem, paisagens ao nível dos olhos

3. O projeto A8erna utiliza como objeto de integração com o espaço adjacente algumas alternativas essenciais, como por exemplo o redesenho da orla que estava deteriorada, uma parada de ônibus e praças. A estratégia de instalar um ponto de ônibus foi muito inteligente, partindo do ponto que sempre terão pedestres passando pelo espaço, o que aumenta a vigilância natural do local, o que fornece às pessoas uma maior sensação de segurança. 4. No Underpass Park a estruturação do projeto se baseou nas lacunas criadas pelos pilares que estruturam a ponte, e sua infraestrutura em si. Grande parte do local foi deixado aberto para permitir a permeabilidades e flexibilizar as atividades presentes, algumas estruturas multifuncionais de concreto foram cuidadosamente locadas para definir zonas de atividades, fornecer assento e direcionar o movimento por todo o local. 1. Mínimos detalhes foram projetados para oferecer conforto ao o usuário no projeto do underpass, como assentos com tampo de madeira sob iluminação branda oferecem um aconchego em contraponto as estruturas rígidas e robustas da infraestrutura dos viadutos. As ondulações desses bancos oferecem leveza e interesse visual.

ESCALA

(GEHL, 2014)

2. Promover atividades que integrem a comunidade com o novo espaço e com a cidade (GEHL, 2014) 3. Promover conservação, pois espaços degradados afastam os usuários e passam imagem de abandono e insegurança (GEHL, 2014)

2. No projeto Underpass o grafite artístico com cores vibrantes, forma uma espécie de galeria aberta, que incentivam artistas a contribuir com seus talentos, tornando o parque um espaço comunitário colaborativo, criando nos usuários um sentimento de pertencimento ao local, o que é muito importante para a conservação dos espaços, com isso o projeto traz a total transformação do espaço, tornando-o divertido e movimentado. 3. Os projetos citados nos referenciais práticos usam como uma estratégia de conservação o sentimento de pertencimento gerado nas pessoas, se elas gostam de estar no espaço, não vão querer estraga-lo e muitas vezes podem até proteger o local contra atos de vandalismo. Porém não se pode confiar somente na boa vontade dos usuários, como o INK BLOCK PARK, alguns desses espaços têm uma empresa que administra e conserva o local.



64


65

Os projetos de novas áreas urbanas devem ser idealizados a partir de conceitos estabelecidos com base na realidade e demandas locais, prenunciadas pelas potencialidades das atividades que podem acontecer no espaço que se deseja qualificar. Estudar como funcionam os espaços e quais atividades ocorrem neles é um importante ponto de partida. As informações referentes aos condicionantes, físico, ambientais, legais e comportamentais da área de intervenção contribuem para elaboração de propostas coerentes com o objetivo estabelecido para a 4 DIAGNÓSTICO DA ÁREA DE ESTUDOtransformação do objeto de estudos. Esse capítulo apresenta os resultados desse levantamento das características da área de Os projetos de novas áreas urbanas devem ser idealizados a partir de conceitos estabelecidos com base na realidade eestudos. demandas locais, prenunciadas pelas Essaacontecer metodologia identificação área, potencialidades das atividades que podem no de espaço que seda deseja contempla o mapeamento qualificar. Estudar como funcionam os espaços e quaisainda atividades ocorrem neles é um comportamental paracondicionantes, registrar as diferentes importante ponto de partida. As informações referentes aos físico, formas do contribuem local. Essa etapa ambientais, legais e comportamentais da área de deapropriação intervenção para é realizadaestabelecido com o intuitopara de se obter um elaboração de propostas coerentes com o objetivo a transformação planejamento efetivo que potencialize os usos do objeto de estudos. qualificados já existentes, complementando-os Esse capítulo apresenta os resultados desse levantamento das características da área com as carências identificadas. de estudos. Essa metodologia de identificação da área, contempla(GEHL, ainda 2010) o mapeamento comportamental para registrar as diferentes formas de apropriação do local. Essa etapa é realizada com o intuito de se obter um planejamento efetivo que potencialize os usos qualificados já existentes, complementando-os com as carências identificadas. (GEHL, 2010)


66 4.1.

CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO

A área escolhida para intervenção fica no bairro Enseada do Suá, localizado na porção leste de Vitória, um bairro proveniente do processo de expansão do centro histórico do município a partir do Plano do Novo Arrabalde em direção ao continente. A intervenção foi viabilizada por um grande aterro que ampliou a extensão de terras antes ocupadas pelas praias do Suá e Enseada. A nova faixa de areia ampliou o potenciou de ocupação do município que passou a sediar novas centralidades para a região. Outro marco desta expansão foi a construção da Terceira Ponte que permitiu uma interligação rodoviária entre os municípios de Vitória e Vila Velha. (ESPINDULA e MENDONÇA, 2017) Com a conclusão das obras da terceira ponte houve um surto de ocupação, que resultou em diversos problemas urbanos relacionados a esse cenário, favorecendo a ocupação espraiada e o surgimento de áreas residuais. Essas áreas ociosas, além de gerarem insegurança e medo, comprometem a integração da malha urbana, e prejudicam a caminhabilidade dos pedestres. (ESPINDULA e MENDONÇA, 2017)


67 4.1.1 LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE INTERVENÇÃO

O Bairro Enseada do Suá está situado na porção insular leste da ilha de Vitória, conforme ilustrado no mapa abaixo. O bairro dá acesso as ilhas do Boi e do Frade, posicionadas a direita do território conforme ilustrado no mapa 2.

Mapas 1,2 e 3: Localização do bairro

Mapa 2: Bairro Enseada do Suá demarcado no mapa da Cidade de Vitória

Mapa 1: Cidade de Vitória demarcada no mapa do ES Mapa 3: Bairro Enseada do Suá Fonte: Produzido pela autora.


68 A Enseada do Suá faz limite ao norte com o bairro Praia do Canto, ao sul e leste, com a Baia de Vitória, e a oeste, com Jesus de Nazareth, Praia do Suá e Santa Helena. (Mapa 3) Mapa 4: Mapa de limites do Bairro Enseada do Suá

ÁREA DE INTERVENÇÃO

Fonte: acervo Lydia Drago (Ateliê I/UVV)

Dentro do bairro Enseada do Suá, em Vitória, foi identificado um espaço urbano subutilizado, identificado como uma ruptura urbana por comprometer e limitar a fruidez do pedestre. Essa ruptura fragmenta o tecido urbano da área, pelo fato de desintegrar o espaço e gerar descontinuidade nos fluxos do pedestre. A área delimitada (mapa 4) fica situada nos baixios da terceira ponte, conhecida como um grande marco visual do município e estado do Espírito Santo. A área foi escolhida pelo fato de apresentar grande potencial para remediar a referida ruptura.

4.1.2 PERFIL SOCIOECONOMICO DA ÁREA DE ABRANGÊNCIA

Observa-se nas tabelas 1 e 2, do Censo Demográfico de 2010, que mais da metade dos moradores possuem idade variando entre 25 a 64 anos e renda acima de 10 salários mínimos, podendo ser considerado um bairro de classe média alta. Essa realidade vai de encontro as características e perfis das residências localizadas no


69 bairro que segundo o SINDUSCON, possui um dos metros quadrados mais caros do município.

Tabela 1:População residente por sexo e grupo de idade no bairro Enseada do Sua

Tabela 2:Domicílios particulares permanentes, segundo classes de rendimento nominal mensal domiciliar no bairro Enseada do Suá

4.1.3 PROPOSIÇÕES MUNICIPAIS EXISTENTES PARA A ÁREA

Durante o levantamento de dados sobre a área de estudos foi identificada uma proposta projetual para uma área adjacente a área de intervenção proposta neste trabalho de conclusão de curso. A área localizada atrás do Shopping vitória próxima ao acesso à Ilha do Boi (Mapa 5), hoje se encontra com infraestrutura e segurança precária, conhecida por ter


70 frequentemente usuários de drogas e delinquentes, no ano de 2019 foram registrados mais de 100 casos de furto, quase 150 roubos a patrimônio e duas tentativas de homicídio. (FOLHA VITÓRIA, 2020) Mapa 5: Área do projeto

ILHA DO BOI

Fonte: Produzido pela autora.

A fim de mudar a paisagem da região e por queixas dos moradores da falta de espaços livres de uso público com equipamentos de lazer na orla da Baia de Vitória e nas proximidades do Shopping, foi criado um projeto de revitalização para a área com um investimento orçado em 12 milhões. O projeto propõe a inserção de um espaço de 16 mil metros quadrados de praças arborizadas, iluminadas e espaços exclusivos destinados a circulação de pedestres e com a oferta de segurança, dentre outros equipamentos recreativos. (FOLHA VITÓRIA, 2020) Segundo reportagem no jornal Folha Vitória (2020), o projeto é de autoria do Engenheiro Civil Diocélio Grasselli, com paisagismo do escritório Burle Marx e teve como objetivo priorizar o pedestre e atender aos moradores da área. (FOLHA VITÓRIA, 2020)


71 Figura 32: Implantação do projeto

Fonte: https://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/02/2020/vitoria-ganha-espacopublico-com-16-mil-metros-quadrados-na-enseada-do-sua

O projeto contará com iluminação de cabeamento subterrâneo para fornecer uma ambiência mais agradável para os usuários com um paisagismo mais “limpo”. (FOLHA VITÓRIA, 2020) Figura 33: Perspectiva do projeto de revitalização

Fonte: https://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/02/2020/vitoria-ganha-espacopublico-com-16-mil-metros-quadrados-na-enseada-do-sua


72 Figura 34: Perspectiva do projeto de revitalização

Fonte: https://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/02/2020/vitoria-ganha-espacopublico-com-16-mil-metros-quadrados-na-enseada-do-sua

Na proposta publicada pelo Jornal Folha Vitória (2020) fica a dúvida em relação as conexões entre a área do shopping e a área dos bairros Ilha do Boi e Enseada do Suá, que se encontram isolados e fragmentados pela própria estrutura do Shopping Vitória e malha viária que a circunda. A ruptura causada por esses elementos é intensificada pela terceira ponte que criou várias áreas ociosas em seus baixios que ficam localizados no interstício entre o Shopping e a área residencial e comercial do bairro Enseada do Suá.

4.2 ASPECTOS MORFOLÓGICOS

Neste tópico serão analisados os aspectos morfológicos referentes ao uso e ocupação do espaço em que se insere o terreno objeto deste estudo. Procura-se, através deste levantamento, identificar as formas e composições que estruturam o espaço e a relação destas com as variadas apropriações identificadas e que influenciam na vivência do local.


73 4.2.1 ZONEAMENTO

O Zoneamento previsto na lei municipal que delibera como deve ser o desenvolvimento e funcionamento da cidade ficou omissa em relação a área de intervenção. O Plano Diretor do município de Vitória (PDU) trata da compreensão da aplicabilidade de regras urbanísticas fornecidas por mapas, desenhos e tabelas que apresentam critérios de uso e ocupação no espaço urbano. O PDU também é o instrumento básico do planejamento e de desenvolvimento urbanístico, trazendo assuntos como sustentabilidade, mobilidade urbana e proteção do patrimônio natural e edificado. (VITÓRIA, 2018) A área objeto de estudo desta monografia não é pertencente a nenhum zoneamento do Plano diretor do Município de Vitória, o que dá mais ênfase ao abandono e negligência da área. Para esse estudo foi feito um levantamento a partir das zonas limítrofes ao terreno. Como indicado no mapa 6, o entorno da área tem os zoneamentos ZOP 2, ZOP 4, ZOC 2 e ZPA 3, caracterizados de acordo com o PDU conforme descritos a seguir. ZOP - Zonas de Ocupação Preferencial: são qualificadas por áreas com maior possibilidade de concordância de usos residenciais e não residenciais, grande potencialidade de adensamento, tendo como diretrizes, induzir os processos de transformações urbanas, preservar marcos e visuais da paisagem urbana, bem como incentivar o uso misto. (VITÓRIA, 2018) A atual ocupação abrangida pelo zoneamento ZOP é identificada prioritariamente por abrigar edificações Institucionais e torres de escritórios com térreo misto de serviços e comércio. Esta zona também apresenta como inserções mais recentes a de residências multifamiliares, confirmando a recomendação de uso misto do Plano Diretor, além do respeito pela preservação do marco visual do Convento da Penha.


74 Figura 35 : Imagem da área abrangida pelo Zoneamento ZOP 4

Fonte: Google Earth Figura 36: Imagem da área abrangida pelo Zoneamento ZOP 2

Fonte: Google Earth

ZOC - Zonas de Ocupação Controlada: caracterizadas pelo uso diversificado, ordenados pela coerência e exigências urbanísticas quanto a previsão apropriada de aparelhamentos públicos e infraestrutura urbana, tendo como objetivo: harmonizar o sistema viário e o adensamento construtivo, compatibilizar e preservar a paisagem urbana e os marcos visuais, bem como, aperfeiçoar a qualidade da mobilidade urbana. (VITÓRIA, 2018)


75 Verifica-se no entanto que a área destinada ao zoneamento ZOC é ocupada pelo Shopping Vitória, uma edificação privada, introspectiva que nega completamente o entorno, contradizendo o disposto no PDM descrito acima, além de não valorizar e nem preservar nenhum aspecto da paisagem local, pois a inserção do Shopping Vitória, caracterizada como um enclave fortificado (CALDEIRA, 2011) constitui uma ruptura fragilizando a integração e conectividade com o entorno adjacente. Figura 37: Imagem da área abrangida pelo Zoneamento ZOC

Fonte: Google Earth

ZPA 3 - Zona de Proteção Ambiental 3 – são espaços indicados para uso recreativo, turístico, educativo e esportivo de baixo impacto, marcados pela presença de características

arqueológicas,

históricas,

naturais

e

paisagística,

que

são

especialmente proeminentes para a comunidade. A ocupação dessas áreas deverá ser restrita, para resguardar a paisagem e os sítios históricos, bem como, conservar os ambientes naturais e a cultura material e imaterial pertinente ao território. (VITÓRIA, 2018) Apesar de desprovida de suportes que valorizem o potencial paisagístico total da área, a ocupação existente hoje se enquadra nas recomendações do PDM. O local conta com ciclovia, píer, percursos para caminhadas e outros atrativos de lazer passivo.


76 Figura 38:Imagem da รกrea abrangida pelo Zoneamento ZPA

Fonte: Google Earth


77 MAPA 6: Zoneamento

Ă REA DE ESTUDOS

Fonte: Produzido pela autora.


78 4.2.2 USO E OCUPAÇÃO DO SOLO

Como pode ser percebido no próximo mapeamento (mapa 8) o local tem predominância dos usos comerciais conjugados com serviços, temos Shopping Vitória que é um exemplo marcante desse uso, bem como os usos institucionais que pode ser exemplificado pela Assembleia Legislativa e o Tribunal Regional do Trabalho. Essa homogeneidade de usos prejudica a vitalidade urbana pois durante o dia e durante a semana o movimento no local é intenso, mas durante a noite e nos finais de semana, o local de torna morto e sem vida, segundo Jacobs os núcleos ativos da cidade são fruto de locais com atividades diversificadas e com a escala humana valorizada, como em parques, que favorecem a convivência. Para contribuir para a vitalidade urbana são necessários diferentes usos, paisagens diferentes e interessantes. (JACOBS, 2007) Como acontece no bairro foco do estudo, Jacobs (2007) diz que largas vias de tráfegos e conjuntos institucionais extensos prejudicam a funcionalidade do espaço, pois atalham as conexões dos espaços. (JACOBS, 2007) Essa realidade é intensificada pelos usos introspectivos que possuem características de perfil de usuários que se deslocam através de automóveis privados, reduzindo a quantidade de pessoas circulando a pé pelas áreas livres que também se apresentam escassas e desprovidas de atrativos na região.


MAPA 7: Usos

ÁREA DE ESTUDOS EM CONSTRUÇÃO

Fonte: Produzido pela autora.

79


80 Os espaços públicos têm uma grande importância no meio urbano, desempenhando funções estéticas e funcionais, possibilitando uma espécie de “respiro” para quem utiliza os espaços da cidade com frequência. Para que as áreas livres possam cumprir suas funções e atender a demanda da população é necessário observar algumas questões, principalmente no que diz respeito às distâncias dessas áreas até suas edificações. Os deslocamentos pendulares devem estar aproximadamente a 230 m de distância das moradias que pretende atender, esta distância equivale a 3 minutos de caminhada. (SABOYA, 2007) Ao analisar o mapa 8 e com base nos argumentos citados no parágrafo anterior podese observar que os equipamentos urbanos de lazer e permanência existentes na Enseada do Suá não atende a todas as áreas do bairro. Partindo deste princípio, entende-se que uma área de lazer e permanência nos baixios da terceira ponte preencheria essa carência com um espaço que está fora do raio de abrangência das praças que existem no local. Além das praças não abrangerem o entorno mais próximo do terreno indicado para requalificação, alguma delas não têm equipamentos que gerem lazer para a população, como a praça do papa (raio 1) que é dedicada a eventos, e a praça doutor Demócrito Freitas (raio 4) que somente tem bancos e canteiro. A referida carência de espaços de lazer pode ser endossada por uma entrevista prestada pelo professor de urbanismo da Universidade Vila velha (UVV) Giovanilton Ferreira, à folha vitória, que diz: “Ter espaços públicos em uma região é sempre muito importante. Fizemos um trabalho com os alunos na região da Praia do Suá e uma das solicitações dos moradores é um espaço para eles, que o bairro não tem. Tem a Praça do Papa, que é uma área com um objetivo específico, de receber eventos. Por isso é importante estabelecer áreas públicas em conformidade com as atividades que são exercidas pela comunidade da região e as características do local” (Vitória, 2018)

Os equipamentos públicos para acomodar atividades infantis, esporte e pet park mais próximos encontra-se na praça do Cauê (raio 5), porém há uma distância física desestimulante, pois para uma pessoa que mora na Enseada usufruir dessa praça, teria que percorrer um caminho muito maior, tendo que ir até as proximidades do sinal da avenida Beira Mar. Além da distância, o fluxo intenso e o barulho do trânsito é outro fator desmotivador, este fato ocorre pela praça estar localizada no trajeto que privilegia


81 o escoamento do trânsito que chega da terceira ponte, tendo grandes engarrafamentos no seu entorno gerando uma grande poluição sonora que também desmotiva o caminhar até o local.


MAPA 8: Raio de abrangência das praças

82

LEGENDA 1. PC PAPA JOÃO PAULO II 2. PC ISABELA NEGRI CASSANI 3. PC JOSÉ FRANCISCO ARRUELA MAIO 4. PC DOUTOR DEMÓCRITO FREITAS 5. PC CRISTOVÃO JAQUES - CAUÊ 6. PC DA ITÁLIA 7. PC DA CIÊNCIA E TECNOLOGIA NENEL MIRANDA 8. PC DOS DESEJOS OBS: Raio de abrangência de 230 metros ÁREA DE ESTUDOS

8 7

5 4

3 2 1

Fonte: Produzido pela autora.

6


83 Além dos usos, algo que influencia muito no espaço é o gabarito das edificações, que consiste na quantidade de andares que um edifício tem. A importância de analisar este elemento é muito grande, para saber se a cidade e as edificações foram planejadas de acordo com a escala humana. Como podemos perceber no mapa 6 o bairro Enseada parece ter realidades morfológicas contrastantes, na porção superior direita da Avenida Nossa Senhora dos Navegantes e acima da área de intervenção existe apenas uma construção ocupando a gleba que é o Shopping Vitória, enquanto a área imediatamente inferior a esta, é composta prioritariamente por edifícios de até 4 pavimentos e residenciais, apesar de apresentar também alguns serviços institucionais e da área da saúde. Todos com usos voltados ao seu interior. Ainda em relação a análise deste quadrante, destaca-se na porção a esquerda da Avenida Nossa Senhora dos Navegantes a verticalização como contraste a porção direita, com predomínio de edifícios com mais de 20 pavimentos na porção superior esquerda. Edificações residenciais que se localizam ilhadas pela via de acesso a quem chega da terceira ponte, sentido Vitória que está sempre congestionada. Esses contrastes evidenciados pelas massas introspetivas hora horizontais e hora verticais que predomina a ocupação do bairro é destacada pelo autor Jan Gehl (2014), em seu livro cidade para pessoas, como um limitador por promover a perda da conexão com a cidade e consequentemente prejudicar a caminhabilidade das pessoas por entre esses espaços que sobram entre as edificações muradas e vias de trânsito intensos.


MAPA 9: Gabarito

Ă REA DE ESTUDOS

Fonte: Produzido pela autora.

84


85 Os Mapas 10 e 11 ressaltam duas configurações na morfologia do bairro, de um lado quadras pequenas e padronizadas, de outro, quadras muito grandes e de diferentes formas, locadas por edifícios altos, desfavorecendo a escala humana, limitando as possibilidades de encontros e prejudicando a caminhabilidade local. Destacam-se ainda o contraste entre dimensões de quadras e edificações identificadas nas imagens destacadas pelas figuras fundo dos mapas 10 e 11.

Mapa 10: Morfologia das quadras

Fonte: Produzido pela autora.


mapa 11: Morfologia Edificaçþes

Fonte: Produzido pela autora.

86


87 4.2.3 MOBILIDADE E ACESSIBILIDADE

Para propor qualquer uso para a área de estudos, foi preciso analisar os aspectos de mobilidade do seu entorno. Na transversal com o terreno temos a Avenida Nossa Senhora dos Navegantes que é uma via bastante larga, com três faixas por sentido, e de tráfego intenso, sendo um perigo para o pedestre que deseja atravessar a avenida, esse fato pode desincentivar os usuários a frequentarem o terreno, seria indicado para amortecer e conscientizar os motoristas alguma das medidas de Traffic Calming citadas no capítulo 3.1, como a faixa elevada, que fornece mais segurança ao usuário. Exatamente nesta mesma avenida de grande fluxo é que são encontrados dois pontos nodais indicados no mapa 12. MAPA 12: Pontos Nodais

Fonte: Produzido pela autora.

O fluxo do trânsito foi analisado a partir de visitas a campo e pela ferramenta de trânsito típico do Google Maps que calcula a média do trânsito em um determinado período. Para demonstrar como se desenvolve o trânsito no entorno da área de estudo em um dia de semana, serão apresentados fluxogramas de diferentes horários. (figuras 36 a 39)


88

Figura 39: Trânsito típico 8h da manhã

Fonte: Google Maps.

Figura 40: Trânsito típico 15h da tarde

Fonte: Google Maps.


89

Figura 41:Trânsito típico 18h da tarde

Fonte: Google Maps.

Figura 42: Trânsito típico 21h da noite

Fonte: Google Maps.


90 4.2.4 ANÁLISE VISUAL

Como observado nas imagens abaixo pode-se dizer que o local é cercado por vias exclusivamente para automóveis, onde se vê a presença de calçadas, mas sem muita infraestrutura. Essa situação sugere uma falta de valorização do usuário, evidenciando uma carência de estruturas para incentivar o uso dos pedestres. As edificações fechadas e de grande escala acabam por reforçar a sensação de desconexão e aridez do espaço. Figura 43: Visual próximo a Pedra

Fonte: Google Earth.

Figura 44: Visual próximo à área predominantemente residencial

Fonte: Google Earth.


91 Figura 45: Visual Shopping Vitรณria

Fonte: Google Earth. Figura 46: Visual travessia Av. Nossa Senhora dos Navegantes

Fonte: Google Earth. Figura 47: Visual canteiro Central Nossa Senhora dos Navegantes

Fonte: Google Earth.


92 Figura 48:Visual da Rua Tenente Mรกrio Francisco Brito

Fonte: Google Earth. Figura 49: Visual terreno prรณximo ao corpo de bombeiros

Fonte: Google Earth. Figura 50: Visual baixio da Rua Ten. Mรกrio Francisco Brito

Fonte: Google Earth.


93 4.3 MAPEAMENTO COMPORTAMENTAL

A área de estudo é alvo de muita vulnerabilidade, pelo fato que não tem nenhuma infraestrutura, passar no local a noite gera sentimento de insegurança, o espaço é ladeado de áreas institucionais que homogeneíza o uso mais próximo ao local. De um lado do terreno tem o Corpo de Bombeiros que tem seu limite demarcado por um gradil e do outro a sede do TRT – Tribunal Regional do Trabalho que está em suas fases conclusivas de construção tendo seus limites demarcados por tapumes. Sua construção indica a inserção de mais um edifício que nega o entorno ao voltar suas atividades para o seu interior. Figura 51: Frente do corpo de bombeiros

Fonte: Acervo pessoal da autora. Figura 52: Frente TRT ES

Fonte: Acervo pessoal da autora.


94

Esses espaços possuem áreas extensas de estacionamentos voltadas para a área de estudo o que podem ser áreas potenciais para se integrarem com o projeto de revitalização do espaço situado no baixio da terceira ponte. Almeja-se que propostas como estas possam estimular a humanização e revisão dessas áreas áridas destinadas ao estacionamento de carros, para que sejam revertidas em áreas livres para apropriação e uso público. Figura 53: Vista da Terceira Ponte.

Fonte: Acervo pessoal da autora.

Ao analisar os fluxos de pedestres no entorno por vários dias e horários diferentes pôde ser percebido um número considerável de pessoas que saem da Rua José de Alexandre Buaiz e passam entre as duas partes do terreno para acessarem a rua do Palácio da Justiça, onde tem uma área com vários restaurantes. A análise demonstra que durante o dia, passam muitas pessoas por ali que poderiam ser usuários do espaço se ele tivesse uma atividade que convidasse os pedestres a permanência segura. O local é um grande espaço coberto que pode ser utilizado independente das condições climáticas, esse espaço pode trazer a vitalidade e as conexões necessárias para ter pedestres frequentando–o a todo momento.


95 Figura 54: Infraestrutura terceira ponte.

Fonte: Acervo pessoal da autora.

Foram registradas imagens de trabalhadores utilizando uma ĂĄrea destinada a estacionamento para vivĂŞncia. (Figura 34) Figura 55: Trabalhadores utilizando estacionamento para estar.

Fonte: Acervo pessoal da autora.


96 Hoje o espaço é subutilizado como estacionamento informal, onde acontecem atividades de lavagem de carro. Figura 56: Estacionamento informal

Fonte: Acervo pessoal da autora.

Durante a noite a sensação de medo aumenta pela iluminação precária e pelo fato de os trabalhadores do horário comercial irem embora, deixando a área cada vez mais vazia. Figura 57: Área de estudo à noite.

Fonte: Acervo pessoal da autora.


MAPA 13: Mapa comportamental

Fonte: Produzido pela autora.

97


98

4.4 POTENCIALIDADES E VULNERABILIDADES

O espaço dos baixios da terceira ponte foi escolhido principalmente pelas potencialidades escondidas de baixo de um local abandonado, e por estar em uma parte infraestrutural e nobre da cidade. O terreno em questão tem um constante trânsito de pessoas a sua volta, indo e vindo que não conseguem usar o espaço como passagem pois está sempre cheio de carros, prejudicando a fruidez, onde poderiam ter diversos caminhos entre seus meios que convidassem os transeuntes a passarem por ali, trazendo vitalidade para o ambiente. Segundo o diagnóstico já apresentado pode-se observar que apesar do local ser cercado por diversos edifícios institucionais, há sim um número considerável de residências, que não têm uma área de lazer ou estar próximo para acolhê-los, o que seria uma opção de uso para dar a esse lugar, uma função que complementasse o meio que se insere, contribuindo com uma cidade que convide os seus usuários a estarem nos espaços públicos e interagirem com o meio urbano. Essa carência deste tipo de lugar foi notada pela iniciativa privada juntamente com o poder municipal que lançou um projeto que abrange a área atrás do shopping, com uma

proposta

de

revitalização

do

espaço.

A

proposta oferece

lazer e

consequentemente segurança para a comunidade residente das proximidades, já que, o local é identificado como perigoso pelos frequentes incidentes de assaltos e presença de usuários de drogas registrados na área. Essas reflexões serviram de base para elaboração da proposta de intervenção que visa promover uma integração deste espaço com o local adjacente em que está inserido, sendo assim no próximo capítulo será apresentada uma proposta de requalificação deste eixo recoberto pela terceira ponte.


MAPA 14: Mapa sĂ­ntese

Fonte: Produzido pela autora.

99


100


101

Neste capítulo serão apresentadas as proposições do projeto de requalificação dos baixios da terceira ponte. Este foi elaborado a partir da síntese do diagnóstico e do conceito descrito no capítulo precedente. As informações foram utilizadas com o intuito de propor um projeto que suprisse as carências da área, empregando todos os conceitos estudados durante este trabalho, inspirando-se nas estratégias 5 PROPOSTA DE REQUALIFICAÇÃO NOS BAIXIOS DA TERCEIRA PONTE dos autores e nos exemplos de intervenções apresentados. Neste capítulo serão apresentadas as proposições do projeto de requalificação dos baixios da terceira ponte. Este foi elaborado a partir da síntese do diagnóstico e do conceito descrito no capítulo precedente. As informações foram utilizadas com o intuito de propor um projeto que suprisse as carências da área, empregando todos os conceitos estudados durante este trabalho, inspirando-se nas estratégias dos autores e nos exemplos de intervenções apresentados.


102 5.1 CONCEITO E PARTIDO

Se fosse necessário descrever este projeto em apenas uma palavra, essa palavra seria CONEXÃO, pois além de querer reconectar o espaço com a cidade esse projeto tem por objetivo trazer uma nova conexão entre o usuário e o local, criar um novo sentimento, o de pertencimento, de bem-estar, de querer estar ali. Pretende-se oferecer uma nova experiência de vivência e qualidade para quem utiliza frequentemente e esporadicamente o local. Para tanto, foram previstas a introdução de novos usos e a concepção de caminhos que conectem e incentivem os pedestres a passarem e permanecerem no local. A proposta de criação de um espaço vivo levou em consideração os comportamentos já existentes no local, registrados através de mapeamentos, estudos e vivências sobre o espaço e seu entorno. Pela vontade de gerar vivência e vitalidade ao local deu-se o nome “Parque Vida Enseada”.

5.2 PROPOSTA PROJETUAL

O projeto teve por objetivo principal trazer um uso para um local que fragmentava a cidade e as pessoas davam a volta para não passarem em seu interior, então uma das principais estratégias foi trazer a diversidade de usos para incentivar o consumo do espaço como, caminho, conexão, ponto de encontro, lazer e etc, o que o mantém movimentado e vivo. O parque conta com três setores que serão detalhados logo mais à frente e todos eles buscam por chamar a atenção de quem passa, despertar curiosidade e convidar entrar. A tática de trazer o comércio para essa área foi uma maneira também de trazer renda para o local, através de aluguel de pontos, para que ele se mantenha sempre em boas condições. A diversidade de usos foi principalmente para chamar a atenção de diferentes tipos de usuários em diversos horários e dias diferentes, para que o esse novo espaço se torne um ponto de lazer nos fins de semana, um respiro no meio do caos da cidade. A ideia de trazer uma espécie de praça de alimentação para um dos setores foi tanto para atender os trabalhadores dos escritórios em horário de almoço, quanto para


103 receber famílias e amigos aos finais de semana e feriados para apreciarem uma música ao vivo e apreciarem a vivência do local. Para conectar esse espaço que era ruptura, procurou-se por desenhar uma paginação de piso que encaminhasse e induzisse o pedestre a passar por aquele espaço. O revestimento foi escolhido levando em conta a acessibilidade, a funcionalidade e a estética dos espaços, para isso foi escolhido o piso cimentício drenante na cor natural e grafite para compor o desenho do piso. Alguns eixos principais de passagem e conexão foram marcados por feixes de luz, como indução para utilizar o caminho. Este piso acompanha a cor das calçadas adjacentes que deixam destaque para os equipamentos inseridos sobre eles. Em alguns pontos foram utilizados o deck para trazer mais uma ambiência de aconchego e na pedra como um mirante, que revela uma linda vista do mar, da terceira ponte e da cidade de Vila Velha, bem como, é um ponto de chegada para a tirolesa que sai de um dos setores do parque.

Tabela 3: Tabela de pavimentação

IMAGEM

CARACTERÍSTICA

Piso Cimentício Drenante Cor: Natural

Piso Cimentício Drenante Cor: Grafite

Deck de Madeira Ecológica - WPC Fonte: Produzido pela autora.


104 Foi muito utilizado também o elemento da iluminação para chamar a atenção de quem passa pelo parque e para fornecer a sensação de segurança para quem deseja frequentar ou passar por ali durante a noite. Os pontos de comércio, espaço de jogos e coworking foram planejados em containers, o que traz mais rapidez e facilidade na execução desses estabelecimentos. A busca desse projeto é que ele traga vitalidade e mais segurança para o espaço e adjacencias, chamando atenção e despertando a curiosidade a quem passa perto do parque e queira visitar para ver o que acontece e queira levar amigos e conhecidos para apreciar, como um ponto de diversão nos fins de semana e um respiro na rotina tumultuada de quem trabalha em seu entorno. A locação de esculturas artísticas de grande escala para chamar a atenção nos canteiros que dividem os setores são mais uma forma de despertar a curiosidade de quem passa pelo local de carro, ônibus ou motocicleta. A escolha de aproveitar o local completamente com atividades para o pedestre sem considerar espaço para estacionamento se deu pelo fato de que o entorno do parque está cheio de locais destinados a este fim. As vegetações eleitas para compor o paisagismo dos espaços levou em conta o efeito estético provocado pelas mesmas, os aspectos físicos para não danificar o piso do espaço, os fatores biológicos para a inserção dessas espécies no clima local bem como gerar a sensação de bem-estar.


105 Tabela 4: Tabela de Paisagismo

IMAGEM

ESPÉCIE

PORTE

Ipê Branco (Tabebuia roseo-alba)

6-9 M

Pau Fava (Senna macranthera)

6-9 M

Murta de Cheiro (Murraya paniculata)

4-7 M

Beijo Turco (Impatiens walleriana)

0,1 - 0,6 M

Calendula (Calendula officinalis)

0,3 - 0,5 M

Ligustro (Ligustrum sinense)

0,8 a 1,8 M

Fonte: Produzido pela autora.

Foram escolhidas três espécies de árvores de pequeno a médio porte, que tem em sua composição flores ou folhagem colorida para trazer alegria e cor para o local, o Ipê Branco (6-9 M), Pau Fava (6-9 M) e a Murta de Cheiro (4-7 M). Para flores foram escolhidas duas espécies de fácil manutenção, sobrevivem facilmente em diversos locais e que trarão cor e alegria aos espaços, que são a Calêndulai e a Beijo Turco. E como arbusto foi escolhida a espécie Ligustro para compor os canteiros.


106 Todas as espécies citadas foram planejadas para trazer mais beleza para os espaços, tornando-os mais agradáveis e convidativos para estar e caminhar, despertando experiencias sensoriais através dos seus cheiros e cores. Outro ponto muito importante e pensado delicadamente foram os mobiliários usados nos espaços, cada um ressaltando a funcionalidade do local e da sua atividade, fornecendo diferentes formatos para agradar o maior número de usuários e deixar disponível para que utilizem da forma que preferir. Tabela 5: Tabela de mobiliários

IMAGEM

MOBILIÁRIO

CARACTERÍSTICAS

MEDIDAS

POSTE DE ILUMINAÇÃO

ALUMÍNIO

4 M DE ALTURA

LIXEIRA

ALUMÍNIO E MADEIRA

0,4 X 0,4 M

MOBILIÁRIO LÚDICO

ESTRUTURA METÁLICA E MADEIRA

VARIÁVEL

BANCO COM JARDIM INTEGRADO

MADEIRA E CIMENTO

VARIÁVEL

MESA COM BANCO TRIANGULAR

MADEIRA E ALUMÍNIO

TRIANGULO CADA LADO COM 1M

MESA COM BANCO GRANDE

MADEIRA E FERRO

1,8 X 0,7 M

MESA COM BANCO PEQUENA

MADEIRA E FERRO

0,8 X 0,7 M

Fonte: Produzido pela autora.

Mobiliários que despertam a curiosidade, tragam diferentes experiencias e que chamem a atenção também foram explorados para motivar o uso constante do local,


107 promover a convivência, atividades de alimentação, conversas, encontros em amigos, família etc. Os materiais utilizados foram escolhidos para dialogarem entre si e fornecer uma boa durabilidade sem necessidade de grandes manutenções em períodos curtos. O tipo de poste escolhido foi para impactar menos possível no todo da paisagem do parque, o mesmo ponto foi utilizado com as lixeiras que tem o mesmo materiais dos bancos. Como ferramenta de traffic Calming para fornecer mais segurança aos pedestres e desacelerar a velocidade dos veículos que passam no entorno do parque, foram instaladas quatro faixas elevadas apara acesso. Para melhor compreensão das instalações nos próximos tópicos serão seguidos por implantação geral e detalhamento de cada setor com planta aproximada e imagens 3D do projeto.


108

Figura 58: Implantação geral Fonte: Produção da autora.



110

5.2.1 SETORES

Neste subtópico serão apresentados em detalhes as proposições de cada setor e como as atividades contribuem para a vitalidade do espaço. Serão exibidas também imagens em perspectiva dos espaços para melhor compreensão do projeto.

5.2.1.1SETOR VIVÊNCIA

O setor vivência é um espaço que une trabalho, diversão, comida e arte. O local tem ambiente para exposições artísticas, com algumas que se renovam a cada determinada quantidade de tempo, despertando interesse e algumas que permanecem, ou seja, propondo arte como renovação do espaço para atrair pessoas, em um local atualmente inabitável e inseguro. Neste mesmo setor propõe-se um espaço destinado a alimentação, onde localizamse mesas de diversos tamanhos e formatos e um palco para apresentações musicais, este espaço motiva a permanência de pessoas tanto durante o dia em horário de almoço, em que as pessoas podem utilizar o local para consumir a comida oferecida pelos restaurantes ou a refeição que trouxeram de casa, levando em conta que alguns escritórios do entorno não permitem que seus funcionários façam suas refeições em seu interior. Para gerar ainda mais movimentação e vivência neste espaço foram locados dois espaços de coworking alternativo, onde as pessoas podem utilizar para trabalhar, estudar ou fazerem reuniões. Esses espaços seriam administrados por uma iniciativa privada onde os usuários pagariam para usar esse espaço mais reservado. Estes elementos citados, como coworking e restaurantes são projetados com estrutura em container o que facilita na concepção do espaço e traz um estilo industrial e moderno para o local. Figura 59: Corte esquemático do setor – Corte A Área de exposição artística

Banheiros

Restaurantes Palco

Fonte: Produzido pela autora

Coworking Alternativo


Figura 60: Prancha projeto estudo preliminar do Setor VivĂŞncia Fonte: Produzido pela autora.

A

111

A


112 Figura 61:Área de exposição artística e sanitários Fonte: Produzido pela autora.

Figura 62:Área de exposição artística Fonte: Produzido pela autora.


113 Figura 63: Área de permanência Fonte: Produzido pela autora.

Figura 64:Área de permanência e coworking alternativo Fonte: Produzido pela autora.


114

Figura 65:Área de permanência Fonte: Produzido pela autora.

Figura 66:Restaurante e Área de permanência Fonte: Produzido pela autora.


115

Figura 67: Área de permanência e Coworking Alternativo Fonte: Produzido pela autora.

Figura 68: Área de permanência e Coworking Alternativo Fonte: Produzido pela autora.


116

Figura 69: Vista de fora do setor Fonte: Produzido pela autora.

Figura 70: Canteiro com instalação artística. Fonte: Produzido pela autora.


117 5.2.1.2SETOR ATRAÇÃO

O setor atração vem com a proposta já indicada pelo seu nome, atrair novos usuários para o local e incentivar a circulação de pessoas e interação de quem utiliza esse espaço. Iniciando da esquerda para direita temos um mobiliário bem lúdico onde as pessoas podem utiliza-lo de acordo com sua necessidade, pois tem forma para deitar e descansar pós almoço, sentar-se para bater um papo, esperar alguém ou somente ver o movimento das pessoas no espaço. Como objeto central temos espelhos d’água abastecidos por água de captação da chuva onde acontecem atrações com jatos de água durante o dia e durante a noite é acrescido um jogo de luzes, ressaltando que esses jatos de água são renováveis e abastecidos pelo próprio espelho d’água. Mais à esquerda na parte superior temos os balanços luminosos que atraem os olhares curiosos que passam pelo local e convidando as pessoas a estarem no espaço e utilizarem o mobiliário. Foram previstos dois espaços para jogos que serão administrados por empresas privadas e que trarão diferentes atrações para os espaços e estarão sempre renovando as atividades, o que desperta curiosidade nos usuários que já frequentam e atrai novos frequentadores. Esse espaço de jogos conta com uma estrutura de container de dois andares onde no térreo conta com jogos de mesa, sinuca, pebolim, entre outros e o segundo andar, jogos eletrônicos de videogame e computadores. Esse lugar atrairá diferentes tipos de público, tanto os jovens quanto os empresários e empresárias que terminam uma reunião e marcam um jogo de sinuca com os amigos, os maridos que esperam suas mulheres fazerem suas compras no shopping. O setor contará também com pequenos quiosques de comércio que serão também alugados e gerarão renda para manter o parque, nesses locais estão previstos, banca de jornal, floricultura, café, sorveteria e diferentes usos para trazer diversos tipos de frequentadores. Foi planejado também um espaço somente para mesas onde os usuários pudessem permanecer no interior do parque para observar o movimento, preencherem o espaço


118 e ter um local para apoiar um livro, notebook ou até mesmo fazer refeições em um espaço mais aberto. O local também conta com uma pista do skate que atrairá jovens e manterá o local sempre vivo. Os bancos deste setor são integrados com uma espécie de canteiro alto onde as pessoas podem utilizar para sentar-se na grama, fazer piqueniques e ter mais contato com a natureza em meio a cidade. Na extremidade voltada para a avenida Nossa Senhora dos Navegantes foi planejado um portal de formas geométricas que se desencontram e formam uma grande obra de arte no espaço, durante a noite a beleza deste portal é ressaltada por luzes de LED que chama atenção de qualquer um que passe pela avenida. Próximo ao portal está previsto um Café Pub onde durante o dia o local serve café e lanches simples e a noite serve cervejas artesanais, o que atrai vários amantes do produto, por isso próximo ao estabelecimento tem-se um espaço aberto para acomodar possíveis eventos ou superlotação do estabelecimento.

Figura 71:Corte esquemático do setor – Corte B Espaço dos Jogos Mobiliário lúdico

Balanço luminoso

Quiosque

Quiosque Área do Skate

Portal Luminoso Café Pub

Fonte: Produzido pela autora.


Figura 72: Prancha projeto estudo preliminar do Setor Atração Fonte: Produzido pela autora.

B

119

B


120 Figura 73: Portal Luminoso, banco integrado, exposição artística e café pub Fonte: Produzido pela autora.

Figura 74:Portal Luminoso, banco integrado, exposição artística e café pub Fonte: Produzido pela autora.


121 Figura 75: Portal luminoso, banco integrado e vista de uma das esculturas. Fonte: Produzido pela autora.

Figura 76:Quiosques, รกrea do skate, espaรงo de jogos Fonte: Produzido pela autora.


122 Figura 77:Quiosques, área do skate, espaço de jogos Fonte: Produzido pela autora

Figura 78: Quiosques, área do skate, espaço de jogos, espelhos d’água e balanços luminosos. Fonte: Produzido pela autora


123 Figura 79: Espaço de jogos, espelhos d’água e balanços luminosos. Fonte: Produzido pela autora

Figura 80: espaço de jogos, espelhos d’água e balanços luminosos e mobiliário lúdico. Fonte: Produzido pela autora


124 5.2.1.3SETOR INTEGRAÇÃO

O setor integração conta com um Pet Park e uma espécie de Point Pet onde se localiza uma loja de produtos pet e um espaço para feirinhas de adoção, bem como área de permanência para os donos ficarem enquanto seus pets se divertem. Este setor ganhou este nome pois conta com uma área de permanência que pode ser utilizada como uma integração da área de eventos do shopping ou da área para alimentação da padaria que tem próximo ao espaço. O local também se integra com a pedra pois é o ponto de partida da tirolesa que chega a um deck localizado na mesma e em complemento o espaço também conta com parede de escalada e container de apoio para os esportes, além de paraciclos.

Figura 81: Corte esquemático do setor – Corte C

Pet Park

Loja Pet

Quiosques

Fonte: Produzido pela autora

Tirolesa e Escalada


Figura 82: Prancha projeto estudo preliminar do Setor Integração Fonte: Produzido pela autora.

C

125

C


126

Figura 83:Banco integrado e Pet Park Fonte: Produzido pela autora

Figura 84: Pet Park Fonte: Produzido pela autora


127 Figura 85: Pet Park, Loja Pet e ĂĄrea de permanĂŞncia. Fonte: Produzido pela autora

Figura 86: Banco integrado com mesas e quiosque. Fonte: Produzido pela autora


128

Figura 87:Ă rea de permanĂŞncia, parede de escalada e plataforma da tirolesa. Fonte: Produzido pela autora

Figura 88: Vista de cima da plataforma da tirolesa. Fonte: Produzido pela autora


129

Figura 89: Vista de fora do final do parque, área de permanência, elevador e escada da tirolesa e para ciclo. Fonte: Produzido pela autora

Figura 90: Vista aérea do final do parque. Fonte: Produzido pela autora


130


131


132 5.2.1.4CONSIDERAÇÕES FINAIS

O desenho urbano da cidade contemporânea vem sendo cada vez mais sacrificado em função do automóvel, desconsiderando as principais atividades que uma cidade precisa para ter vitalidade e promover qualidade de vida, o que acarreta várias problemáticas para o meio urbano em que vivemos. Este planejamento concentrado na malha viária e nas edificações introspectivas da cidade moderna gerou uma cidade fragmentada, insegura e cada vez mais vazia. Esta pesquisa procura exatamente reintegrar uma área residual no bairro Enseada do Suá em Vitória, deixado por esse planejamento desordenado, estudando o impacto que causa e a sua relação com o seu meio e seus usuários, para buscar alternativas que requalifique este espaço e o faça cumprir a sua função no ambiente que se insere. Assim, após análises conceituais e através de diagnóstico, verificou-se as potencialidades do local considerando suas características e propôs-se um projeto de espaço livre de uso público, trazendo diversidade de usos, conexão e movimento para um local que passava medo e abandono. A principal busca desse projeto foi tornar o local um ponto de vida e atração em meio a cidade, conectar esse espaço antes abandonado aos seus usuários e a cidade, potencializando o seu meio. A proposta e este trabalho comprovam a importância dos espaços livres para um ambiente urbano saldável que proporcione sensações boas aos seus usuários e contribua para a segurança. O Parque Vida Enseada, já como diz o seu nome, vem trazer vida e conexão para um espaço que está apagado no meio de vias cheias de carros, dando lugar a encontros, diversão, histórias e novas sensações. Um respiro em meio a cidade cheia de carros e vias.


133


134


135


136 REFERÊNCIAS

ABILIA: CONCIENCIA SUSTENTABLE. México DF transforma bajo puentes en plazas públicas, 2013. Disponível em: < http://webcache.googleusercontent.com/search?q=cache:RVscZEPlSoEJ:conciencia -sustentable.abilia.mx/mexico-df-transforma-bajo-puentes-en-plazaspublicas/+&cd=10&hl=pt-BR&ct=clnk&gl=br>. Acesso em: 28 de Out. de 2019. ASLA – American Society of Landscape Arrchitects. Prêmios Profissionais Asla 2016:

Underpass

Park.

2016.

Disponível

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https://www.asla.org/2016awards/165332.html. Acesso em: 25 de Out. 2019 BARATTO, Romullo "Projeto Urbano A8erna: ativar o “terrain vague”" 19 Ago 2013. ArchDaily Brasil. Disponível em: https://www.archdaily.com.br/br/01-135024/projetourbano-a8erna-ativar-o-terrainvague#:~:text=%E2%80%9CTerrain%20vague%E2%80%9D%20%C3%A9%20uma %20express%C3%A3o,n%C3%A3o%20t%C3%AAm%20um%20limite%20fixo.Aces so em: 26 de Out. 2019 BAUMAN, Zygmunt. Confiança e medo na cidade. Rio de Janeiro, RJ: Zahar, 2009. BRITO, Faust e SOUZA, Joseane de. Expansão urbana nas grandes metrópoles: o significado das migrações intrametropolitanas e da mobilidade pendular na reprodução da pobreza. São Paulo Perspec., São Paulo, v. 19, n. 4, p. 48-63, dez. 2005.Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S010288392005000400003&lng=pt&nrm=iso. Acesso em 12 out. 2019. BRITO, Herllange Chaves de. Receptividade do Traffic Calming no bairro de Manaíra, João Pessoa – PB. Dissertação de mestrado apresentada ao programa de pós graduação em engenharia urbana e ambiental da Universidade Federal da Paraíba. João

Pessoa

-

Paraíba.

2012.

Disponível

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