CeMu- Centro Multicultural

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

CeMu -Centro MulticulturalMulticultural-

MAYRA QUEIROZ FALBO TRABALHO DE GRADUAÇÃO 2 ORIENTADOR: ÊNIO LAPROVITERA MOTTA

APRESENTAÇÃO O presente documento corresponde ao Trabalho de Graduação 2 do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Pernambuco pela aluna Mayra Queiroz Falbo.

Este trabalho contou com a orientação do professor e arquiteto Ênio Laprovitera Motta, e foi desenvolvido através de pesquisas bibliográficas, visitas aos estudos de caso e entrevistas, que possibilitaram sua concretização.

O trabalho mencionado refere-se ao CeMu- Centro Multicultural, no bairro do Pina, na cidade do Recife.

AGRADECIMENTOS Ao longo desta tortuosa caminhada nunca estive só.

Agradeço à minha família: Vovô Gilberto, Vovó Tereza, meu pais: Gilberto e Fátima e Raissa por me encorajarem a seguir em frente, me apoiando e me fazendo ir sempre mais além, e também pelo grande incentivo aos meus intercâmbios e pela bagagem que pude acumular ao longo dos anos.

Aos amigos que fiz na Universidade e que lutaram comigo nestes anos, em especial aos que me acompanharam desde o início.

Ao meu orientador, Ênio que sempre incitou em mim a paixão e dedicação pelo ofício e também pela paciência em longas tardes de assessoramento.

Aos que participaram intensamente deste processo, dando apoio e não deixando que o cansaço vencesse a batalha: Bruna, Carlinhos, Juliana, Natália e Steve.

Sumário INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 3 PARTE 1 – PROBLEMÁTICA ............................................................................................................ 4 JUSTIFICATIVA DO TEMA ........................................................................................................... 4 OBJETIVOS ................................................................................................................................. 5 Objetivo geral ........................................................................................................................ 5 Objetivos específicos ............................................................................................................. 5 PARTE 2- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................................... 6 ESTUDOS DE CASO .................................................................................................................... 7 Cidade da Música, Christian Portzamparc ............................................................................ 7 Centro Brasileiro Britânico –CBB (1989), Botti Rubin Arquitetos ....................................... 12 Centro Cultural São Paulo–CCSP (1982), Eurico Prado Lopes e Luiz Telles ......................... 17 PARTE 3- PROPOSTA .................................................................................................................... 23 PROGRAMA ............................................................................................................................. 24 A ESCOLHA DO TERRENO ........................................................................................................ 25 PARTIDO ARQUITETÔNICO ...................................................................................................... 26 Permeabilidade e união ...................................................................................................... 27 Acessos ................................................................................................................................ 27 Experiência sensorial do espaço ......................................................................................... 28 Estacionamento e serviços .................................................................................................. 28 Extensão do entorno ........................................................................................................... 30 Espaço Contemporizador .................................................................................................... 30 Bloco dividido em alas ......................................................................................................... 31 Elementos estruturais e experienciais ................................................................................ 34 Fachada e ambientes Inteligentes ...................................................................................... 38 Circulações Verticais............................................................................................................ 40 Elementos Visuais................................................................................................................ 40

Perspectivas ........................................................................................................................ 41 CONDICIONANTES LEGAIS ....................................................................................................... 43 PARTE 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................. 46 CONCLUSÃO ............................................................................................................................ 46 FONTES DE PESQUISA.............................................................................................................. 47 Livros, dissertações e Periódicos ......................................................................................... 47 Referências eletrônicas ....................................................................................................... 48 Manuais técnicos................................................................................................................. 48 Entrevistas ........................................................................................................................... 48 Filmes .................................................................................................................................. 49 ANEXOS ................................................................................................................................... 49

“A educação e o ensino são as mais poderosas armas que podes usar para mudar o mundo.”

Nelson Mandela

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INTRODUÇÃO

A globalização é um fator presente no mundo no qual vivemos atualmente, entretanto, apesar dessa facilidade de acesso a informações, ainda vivemos em meio a preconceitos raciais, religiosos, culturais, etc. Esses prejulgamentos muitas vezes ultrapassam a barreira do pensamento e se transformam em conflitos físicos, causando milhares de mortes. Em inúmeros casos, o preconceito poderia ter sido combatido com uma simples ferramenta: o conhecimento.

Existem no mundo diversos espaços especializados em expor as culturas de determinados países ou povos, porém sempre especificamente voltados apenas para uma cultura. É comum também os centros culturais de exposições de artes, de cultura no sentido mais amplo. Não é comum, entretanto, encontrar locais disponíveis para exposição e difusão de quaisquer culturas em geral, ainda que com exposições temporárias.

A ideia que surgiu então foi a de criar um local no qual pudessem ser divulgadas culturas no geral, de forma interdisciplinar e aberta a todo o público que desejar participar. Sendo assim, seu principal objetivo é, através de exposições, gerar cidadãos mais educados e detentores de conhecimentos que possam diminuir as diferenças e preconceitos no mundo.

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PARTE 1 – PROBLEMÁTICA

JUSTIFICATIVA DO TEMA

“A arte é um dos meios que une os homens.”

Leon Tolstoi

O tema abordado surgiu da percepção da carência de conexão entre as diversas culturas existentes no mundo, apesar da imensa facilidade de acesso à informação através dos meios de comunicação atuais.

Segundo a definição de Edward B. Tylor, cultura é “é aquele todo complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.

Partindo dessa premissa e do fato que o planeta está dividido em diferentes sociedades, acredita-se que o conhecimento e entendimento sobre as diferentes comunidades do mundo poderia ajudar a criar uma atmosfera mais harmoniosa, uma vez que as pessoas entenderiam o próximo por sua livre escolha ou por influência geográfica.

Foi dentro dessas necessidades que surgiu a ideia de construir um equipamento urbano que unisse as características de um centro de convenções com as de um centro cultural.

Tendo essas ideias como ponto de partida, estudos foram realizados para que se possa construir um centro educativo para a cidade do Recife, especialmente para aqueles que não tem condições de viajar e para as crianças, que já terão uma visão de mundo mais ampla, ao conhecer e aceitar as diferenças existentes no planeta.

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OBJETIVOS Objetivo geral O principal objetivo do trabalho é elaborar uma proposta arquitetônica para um Centro Multicultural, especializado em culturas estrangeiras. Com exposições, auditórios, biblioteca, restaurante-oficina, escola de dança, laboratórios e espaço para eventos.

Objetivos específicos Entender as necessidades e a carência da cidade do Recife no campo estudado; Identificar os possíveis meios pelos quais o Centro poderá ser capaz de comunicar-se com a sociedade para a difusão das informações; Elaboração e desenvolvimento de uma proposta arquitetônica para o CeMu. A partir das informações coletadas, foi possível elaborar um projeto arquitetônico capaz de abrigar um centro para geração de conhecimento através de ambientes adequados e espaços que enriqueçam a vida de seus usuários.

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PARTE 22- FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O Centro Multicultural será um equipamento inédito na cidade, dotado de espaços capazes de abrigar exposições das mais diversas partes de culturas de outros povos. Ele será uma ponte de conexão intelectual entre a população recifense e o mundo.

O edifício, como uma peça neutra capaz de servir a qualquer tipo de cultura, é ainda inexistente, não apenas no Recife, mas também no mundo. O que existe em geral são edificações representantes de determinadas culturas específicas, como são os casos dos consulados ou, até mesmo, de centros de exposição.

Sendo assim, nos estudos de caso não existiram edifícios com a mesma tipologia e programa ao desenvolvido no presente projeto. O objetivo é analisar ideias bem sucedidas de centros para disseminação de determinado assunto (seja ele cultural ou não), captar a essência desses modelos e adaptá-los para o CeMu, utilizando-se das características que se adequem à proposta arquitetônica pretendida, através da sensibilidade e da percepção de como este edifício e suas atividades poderão ajudar no enriquecimento cultural da população e da cidade do Recife.

ESTUDOS DE CASO Cidade da Música, Christian Portzamparc Nos falta na cidade um espaço onde todos possam viver sem distinções, hierarquias, nem separações por setores. Trazer para a nossa realidade um local de convivência entre pessoas de diferentes raças, idades e crenças, através do conhecimento da cultura do próximo, é o objetivo do Centro Multicultural.

Com essa proposição, foi tomado como base para fundamentação teórica o projeto do marroquino naturalizado francês, Christian de Portzamparc, no Parque de La Villette, em Paris. Numa área marginalizada da cidade, foi realizado um concurso para a construção de um parque, a fim de revitalizar o seu entorno. O vencedor, Bernard Tschumi, foi responsável por um projeto com imensa área verde, pontuado de elementos culturais, sejam eles edificações voltadas para a ciência ou as folies, edificações metálicas com formas e funções diferentes.

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Imagem 1- Planta Geral. Parc De La Villette, Paris Fonte: CITÉ DE LA MUSIQUE. Paris: Connaissance dês arts, Edição especial, 1995

Com a incumbência de construir um prédio para abrigar diversos setores relacionados à música, Portzamparc projetou a chamada Cidade da Música. O projeto vai além das expectativas de apenas uma edificação com várias funções reunidas, no local, todos os participantes tem poder igual sem escala hierárquica e podem fazer parte de todos os seus espaços. Assim como uma cidade contemporânea, a Cidade da Música é cheia de vida, atividades e horários diferentes.

Localizado na extremidade de La Villette, o projeto funciona como uma conexão entre a cidade e o parque, com um programa vasto, que abriga em duas alas, hotel, conservatório, lojas, café, livrarias, residência estudantil e outros. O nome

cidade encaixa-se perfeitamente com o universo desse equipamento, que funciona como um organismo pluricelular: cada pequena parte realiza uma tarefa para o funcionamento harmonioso do conjunto.

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Imagem 2-Vista aérea da Cidade da Música Fonte: CITÉ DE LA MUSIQUE. Paris: Connaissance dês arts, Edição especial, 1995

É importante salientar que, na Cidade da Música, não existe hierarquia: as áreas de atividades são acessíveis a todos, usuários, músicos, estudantes ou qualquer outro cidadão que deseje. O foco do projeto é unir todos os participantes num só motivo: a música, e, através dela, conectar todas as partes do organismo, fazendo desse espaço um local único de interação e participação dos personagens.

Imagem 3- Ensaio que pode ser assistido pelo público Fonte: CITÉ DE LA MUSIQUE. Paris: Connaissance dês arts, Edição especial, 1995

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Imagem 4-Entrada da Cidade da Música, fazendo alusão às Folies de Bernard Tschumi Fonte: CITÉ DE LA MUSIQUE. Paris: Connaissance dês arts, Edição especial, 1995

O projeto está divido em duas alas: leste e oeste, tendo uma divisão clara para um melhor desempenho das atividades.

Na ala leste, estão as funções mais dinâmicas do complexo, e se configura em forma triangular. Fazem parte desta parcela o anfiteatro, as lojas, o café, o museu da música, a videoteca e, até mesmo, uma sala para restauração de instrumentos. O coração da ala é o grande auditório, circundado pela rua interior que percorre o âmago do edifício, como um grande rasgo com iluminação zenital e representa uma via pública, como as tão conhecidas passagens de Paris, como pode ser visto nas Imagens 5 e 7.

Imagem 5-Planta baixa triangular da ala leste Fonte: CITÉ DE LA MUSIQUE. Paris: Connaissance dês arts, Edição especial, 1995

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Imagem 6-Visão geral da ala leste Fonte: CITÉ DE LA MUSIQUE. Paris: Connaissance dês arts, Edição especial, 1995

Imagem 7- Vista da rua interna em forma de caracol Fonte: CITÉ DE LA MUSIQUE. Paris: Connaissance dês arts, Edição especial, 1995

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Já na ala oeste, está a parte mais intimista do projeto: o conservatório. Com planta quadrada, esta parcela do complexo se desenvolve ao redor de um pátio interno, que garante mais privacidade a essa área mais introvertida do programa.

Imagem 8-Planta baixa quadrada da ala oeste Fonte: CITÉ DE LA MUSIQUE. Paris: Connaissance dês arts, Edição especial, 1995

Imagem 9-Pátio Interno da ala oeste Fonte: CITÉ DE LA MUSIQUE. Paris: Connaissance dês arts, Edição especial, 1995

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Centro Brasileiro Britânico –CBB (1989), Botti Rubin Arquitetos O CBB foi projetado pela dupla de arquitetos Alberto Botti e Marc Rubin, como uma encomenda para ser um edifício que congregasse as atividades relacionadas à cultura, educação, lazer e comércio do Reino Unido no Brasil.

Imagem 10-Acesso principal do centro.

Fonte: http://www.bottirubin.com.br

O edifício representa órgãos de diversas esferas, como o Consulado Britânico, a sede da escola de línguas Cultura Inglesa, a representante da BBC de Londres em português, entre outros. A pedidos do cliente, o projeto arquitetônico possui um caráter monumental, assim como usa materiais nobres para representar a soberania da coroa britânica.

Além de representar a Inglaterra no Brasil, como sede de varias instituições, também são desenvolvidas, no Centro, atividades que recebem o público, como festivais de arte, música, literatura, gastronomia, enfim, cultura britânica no geral. Essas atividades podem ser desenvolvidas nos ambientes internos da edificação ou em locais alugados para eventos de grande porte, como shows. É possível realizar também aluguel dos espaços 13

para eventos que tenham sido criados externamente à organização do centro: o centro disponibiliza salas de reunião, pavilhões de exposição, teatro, auditório e também um restaurante. Grande parte dos festivais realizados dentro e fora dos ambientes do centro são multidisciplinares e procuram integrar diversos âmbitos da cultura britânica num só evento, a fim de trazer a realidade da Inglaterra para o Brasil e que a população, no geral, possa participar.

O projeto foi desenvolvido em sete pavimentos, sendo dois deles destinados a estacionamento no subsolo e o restante, às atividades do centro. No térreo e primeiro pavimento, estão reunidas as instalações de uso público, como as galerias de exposição, a biblioteca, um pub com características britânicas e também o teatro, que tem desenho arrojado e fica suspenso sobre o espelho d’água que circunda a edificação. Nos pavimentos intermediários, estão concentradas as atividades mais burocráticas e com caráter mais reservado como o consulado Britânico, a sede da Cultura Inglesa, a Câmara de Comércio, o Conselho de Energia e o Conselho Britânico. Por fim, na cobertura, temos um restaurante com capacidade para 250 pessoas, coberto por lonas tensionadas que marcam modernidade à construção. O hall de acesso principal possui pé-direito quádruplo e serve como elemento de conexão entre todas as partes da edificação, além de servir como espaço para grandes esculturas de artistas plásticos.

Imagem 11-Corte Longitudinal Fonte: www.arcoweb.com.br

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Imagem 12-Corte Transversal Fonte: www.arcoweb.com.br

É importante salientar que, apesar de possuir um programa funcional muito próximo ao do CeMu, o CBB é uma edificação voltada exclusivamente para a cultura inglesa, tendo elementos que remetem somente a esse povo. Para reafirmar essas características, os arquitetos propuseram um edifício com caráter monumental, assim como a monarquia, e utilizaram estratégias projetuais para representar o Reino Unido, como o grande espelho d’água que circunda o edifício, remetendo à situação insular da Inglaterra.

Imagem 13-Fachada lateral compele de vidro e brises metálicos Fonte: www.arcoweb.com.br

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Imagem 14-Auditório suspenso sobre o espelho d’água Fonte: www.arcoweb.com.br

Imagem 15-Hall de acesso principal com pé direito quádruplo Fonte: www.arcoweb.com.br

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Imagem 16-Acesso principal através da passarela sobre o espelho d’água Fonte: http://www.bottirubin.com.br

Centro Cultural São Paulo–CCSP (1982), Eurico Prado Lopes e Luiz Telles O Centro Cultural São Paulo foi projetado pela dupla de arquitetos brasileiros Eurico Prado Lopes e Luiz Telles, com o intuito de ser apenas uma extensão da biblioteca Mário de Andrade. Ao longo da execução do projeto, foram feitas diversas alterações e, no final, o que foi construído foi um dos melhores centros multidisciplinares do País.

Com uma extensão total de 46.500 m², o CCSP possui bibliotecas, espaços para exposições de arte, exibição de filmes, debates, apresentações de dança, além de cinco bibliotecas.

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O projeto foi desenvolvido entre duas grandes famosas avenidas da cidade de São Paulo: Avenida Vergueiro e Avenida 23 de maio, e possui uma localização estratégica com a rede de transportes públicos, facilitando o acesso de toda a população. Seu desenho toma partido da topografia local, se tornando parte da paisagem e não afetando-a visualmente. O espaço é aberto e convidativo, sua integração com o entorno é tamanha, que se torna praticamente obrigatória a entrada de quem passa pelas avenidas.

O conceito básico do projeto foi desenvolvido a partir da premissa do que seria necessário para aumentar o acesso à informação num país como o Brasil, sendo assim, o centro é, diferentemente de outros espaços culturais, completamente aberto, com múltiplas opções de acesso e ambientes para diversas atividades. É um local onde qualquer cidadão pode entrar, ter acesso à informação de qualidade, assim como exibições artísticas, e interagir com outras disciplinas gratuitamente ou por preços populares.

Ao longo dos quatro pavimentos, se desenvolve o programa multidisciplinar, onde os espaços são inicialmente projetados para uma função, entretanto podem abrigar outra, dependendo da necessidade e da ocasião, como, por exemplo, exibições de filmes em palestras ou grupos de estudo. As circulações verticais ficam sob a responsabilidade de inúmeras rampas e escadas que “dançam” e apresentam-se como verdadeiras obras de arte no espaço, assim como sua estrutura de pilares metálicos curvos, que deram origem ao logotipo do centro.

Imagem 17-Logotipo inspirado nos pilares metálicos da estrutura Fonte: http://www.centrocultural.sp.gov.br/

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O CCSP começou a ser construído no final do período ditatorial no Brasil e seu programa inovador e multidisciplinar sofreu varias alterações ao longo da construção, por ser considerado subversivo. Além das alterações necessárias por obrigação do Governo, o processo construtivo do centro pode ser considerado artesanal, uma vez que as inovações tecnológicas e estruturais propostas pela dupla de arquitetos eram completamente desconhecidas aqui no Brasil. O resultado foi um local com ambientes abertos e fechados, propícios para atividades que variam do silêncio de uma biblioteca para estudos, a um salão para apresentação de dança ou aulas de música.

Imagem 18-Croqui elaborado pelos arquitetos Eurico Prado Lopes e Luiz Telles Fonte: http://www.centrocultural.sp.gov.br/

Imagem 19-Planta baixa do Centro, com núcleos separados por cores Fonte: http://www.centrocultural.sp.gov.br/

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Imagem 20-Escada que leva ao teto- jardim, espaço de convivência.

Fonte: Acervo pessoal

Imagem 21-Rampas de acesso aos diferentes pavimentos das bibliotecas, evidenciando a fluidez espacial e visual do centro.

Fonte: Acervo pessoal

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Imagem 22-Jardim de vegetação original preservado, com área de 700 m².

Fonte: Acervo pessoal

Imagem 23-Espaços com diferentes usos, porém integrados visualmente.

Fonte: Acervo pessoal

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Imagem 24-Espaço adaptado para exibição de filme.

Fonte: Acervo pessoal

Imagem 25-Permeabilidade e integração com o exterior.

Fonte: Acervo pessoal

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Um grande marco arquitetônico, pode ser resumido como espaço democrático e experimental, modificando-se e renovando-se a cada dia de acordo com as atividades realizadas por seus usuários. O Centro Cultural São Paulo é um dos espaços culturais mais visitados do mundo, tendo cerca de 650 mil visitas por ano. Esse fato deixa claro que o Brasil precisa de mais espaços como o Centro, pois eles são intensamente utilizados pela sociedade, em suas mais diversas classes sociais. Um local de integração e aprendizado, onde se possa aprender com atividades interdisciplinares, assim como o Centro Multicultural pretendido neste trabalho.

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PARTE 33- PROPOSTA

Vivemos hoje numa explosão de tecnologia, estamos sempre a um clique de uma informação desejada. As notícias se espalham pelo mundo inteiro em questão de segundos com as redes sociais e, até mesmo, nos sites de jornais e revistas que possuem equipes 24 horas, especializadas em transmitir os acontecimentos ao mesmo tempo em que ocorrem. É portanto, no mínimo, irônico, que, num mundo tão globalizado e com tanta facilidade de acesso à informação, ainda possuamos conflitos culturais, raciais, religiosos. Esses conflitos ultrapassam o âmbito econômico e acabam por causar a morte de milhares de pessoas todos os anos.

O intuito do CeMu é minimizar esses preconceitos através da exposição dos fatos e conscientização de que as diferenças devem ser aceitas. A ideia é trazer para o Recife um espaço onde se possa, além de ver exposições, vivenciar a cultura alheia, através de aulas de dança, aulas de culinária, teatro, cinema, bibliotecas, ateliês, etc. Através da disseminação do conhecimento, é possível fazer as pessoas entenderem as diferenças culturais e diminuir os possíveis prejulgamentos gerados pela simples ignorância.

O Centro não terá um público-alvo específico, podendo ser visitado por pessoas de quaisquer idades, porém, é importante salientar que, é necessário dar oportunidade àqueles que não possuem renda suficiente para viajar, de conhecer o mundo fora de sua própria realidade e daquilo mostrado pela mídia no dia-a-dia, para que estes possam formar sua própria opinião a partir de experiências vividas.

Além disso, também é de extrema importância, possibilitar uma melhor formação para as mentes jovens da sociedade, para que possam crescer com a noção de que o planeta é formado por diferentes povos, tribos e culturas que juntos formam a totalidade do nosso sistema.

Um espaço multidisciplinar, com atividades de vários âmbitos da cultura, que trabalhem em conjunto para que se possa entender a totalidade de um povo. Um lugar onde todos possam compreender e vivenciar como funciona a vida do próximo, a fim de fazer do mundo um ambiente melhor para a convivência.

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PROGRAMA O programa contará com os mais diversos tipos de ambientes que façam parte das culturas do mundo. O ideal é que todas as partes do centro funcionem simultaneamente com foco na mesma cultura, sendo assim, ao final de um giro pelo local, o cidadão pode ter vivenciado um lugar completamente novo, em quase todas as suas particularidades, com apenas o deslocamento dentro de sua própria cidade.

O espaço contará com os seguintes ambientes: Sala múltiplos usos para exposições; Sala de dança; Restaurante (oficina); Biblioteca; Auditório/teatro; Sala de cinema; Espaço aberto para eventos; Laboratório (ateliê) para confecção de artesanatos; Administração; Banheiros (masculino e feminino); Vestiários (apoio para funcionários); Estacionamento.

A ESCOLHA DO TERRENO

O terreno escolhido está localizado na zona sul da cidade, mais especificamente no bairro do Pina, entre as avenidas Conselheiro Aguiar, Antônio de Góes e Herculano Bandeira. Sua localização geográfica se apresenta favorável para este tipo de empreendimento devido à facilidade de acesso de meios de transportes públicos ou privados. Além disso, com o crescimento de novas áreas do Estado, 25

como Suape e a praia do Paiva, o bairro de Pina se torna um ponto de encontro entre as Zonas Sul e Norte da Região Metropolitana do Recife.

Além das vias já citadas anteriormente, o terreno terá fácil acesso através da Via Mangue e se tornará parte de um novo complexo comercial na área conformado pelo novo shopping Rio Mar e os edifícios empresariais que estão sendo construídos ao longo da Avenida Antônio de Góes. Existe na área também o chamado Polo Pina, que poderá servir de conexão entre as culturas a serem expostas no centro e a nossa própria cultura através da gastronomia. O Cais José Estelita, que ainda não possui seu novo projeto definido e aprovado em vias legais, poderá funcionar como uma ponte entre o CeMu e o novo Cais do Porto, como um complexo cultural, hoje inexistente para a população. Este complexo poderá servir como alavanca para retomar a vida do Teatro Barreto Júnior, situado no final da Avenida Conselheiro Aguiar, e também torná-lo um atrativo, aumentando o fluxo de turistas na cidade. É de extrema importância que a população possa ter acesso fácil aos equipamentos culturais, e que estes possam agregar significado na formação de cidadãos mais conscientes. É uma característica da cidade do Recife, atualmente, a carência por atividades culturais permanentes que sirvam à sua população.

Imagem 26- Planta de situação com terreno em destaque 26

PARTIDO ARQUITETÔNICO A proposta arquitetônica do CeMu tem como objetivo criar um local que atinja toda a população e que seja agregador de significados culturais para nossa sociedade. Que seja a partir deste espaço, seja através de quaisquer um dos componentes de seu programa, que se possa formar mentes conscientes de outras realidades, ajudando desta forma não apenas num melhor convívio entre as pessoas, mas também que sirva também como incentivo a outros estudos e à fomentação da cultura em nossa cidade.

Permeabilidade e união O Centro Multicultural foi desenvolvido com a intenção de trazer para a cidade um ambiente neutro, de convívio de diversas pessoas, e todas com um só motivo: a cultura. Fluidez dos espaços, acessibilidade a todos, planificação no nível da rua e abertura a toda população, foram as bases que alicerçaram a criação do projeto do CeMu, um espaço onde todos trabalham juntos multidisciplinarmente para o aprendizado e enriquecimento cultural.

Imagem 27- Pavimento térreo com grande área verde e acessos múltiplos

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Acessos Localizado em uma área nobre da cidade, circundado por vias principais de tráfego, o centro conta com a grande vantagem de possuir múltiplos acessos que o tornam diluído na paisagem em sua total integração com o entorno, podendo servir como entrada para usufruir de seus equipamentos ou apenas como ponto de passagem de transeuntes. Os pedestres tem prioridade, podendo adentrar o terreno pelas três avenidas: Conselheiro Aguiar, Antônio de Góes ou Herculano Bandeira. Os veículos, por sua vez, tem seu acesso apenas pela via de menor tráfego. Veículos de serviço possuem o mesmo acesso que os carros de usuários, entretanto, só podem trafegar em horários alternativos aos do centro, evitando assim o choque entre funções.

Experiência sensorial do espaço A construção está dividida em “blocos”, que representam diferentes esferas a serem exploradas dentro de uma cultura, como a dança, gastronomia, literatura, artesanato, cinema, entre outras. É possível sentir-se dentro de cada um dos elementos delimitados espacialmente, sem perder a sensação de fluidez visual e espacial do todo. Sendo assim, o usuário tem acesso às diversas experiências que se complementam e geram uma nova percepção daquele universo distante, agora, trazido à sua realidade.

Estacionamento e serviços De acordo com a legislação vigente, determinou-se a quantidade de 150 vagas que foram distribuídas em dois pavimentos: subsolo e semi enterrado. É sabido que o custo para a construção de pavimentos abaixo do nível do mar no Recife é alto, e por esse motivo não é comum o seu uso na cidade, entretanto, tratando-se de um equipamento diferenciado para o usufruto da população, se faz necessário um maior investimento para qualidade espacial e sensorial da arquitetura e seu entorno urbano.

Além do estacionamento, encontra-se também no pavimento semi enterrado o bloco de serviço, contendo vestiários, descanso, refeitório, copa, recursos 28

humanos e depósito para uso dos funcionários e recebimento de materiaissalientando-se que estas entregas devem ocorrer em horários alternativos às atividades do centro.

A central de lixo e gás, assim como o gerador e a subestação, também se localiza no pavimento subsolo, estando sob condições especiais e protegidas por estrutura de concreto armado. O reservatório inferior de água, encontra-se dividido em duas unidades iguais, abaixo das rampas de acesso ao pavimento semi enterrado, dispensando maior escavação do solo.

A razão pela qual estes setores estão localizados abaixo do nível da rua é manter a permeabilidade do projeto com o seu entorno, sendo assim, nenhuma de suas frentes fica sacrificada para o uso exclusivo de serviços, priorizando sempre o usuário e a qualidade espacial dos ambientes.

Imagem 28- Pavimento subsolo com elementos de serviço e reservatórios em destaque

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Imagem 29- Pavimento semi enterrado em destaque

Extensão do entorno Utilizando conceitos da arquitetura moderna e do uso do pilotis, o térreo apresenta-se como um grande vão livre, aberto ao público, uma verdadeira extensão das vias. O edifício que se desenvolve acima das colunas configura-se como uma grande marquise para parte do espaço aberto, com livre circulação dos ventos.

Espaço Contemporizador Além do pátio para eventos, pode-se acessar, também através do térreo, a sala de dança, que está localizada acima do semi enterrado, no bloco de concreto.

Foi chamada como sala de dança, por ser essa componente uma das mais versáteis de uma cultura, podendo desenvolver-se em ambientes de formatos variados e com diferentes alturas, porém pode abrigar quaisquer outras apresentações que necessitem de um espaço flexível.

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O único elemento do projeto que se separa do restante e não possui conexão visual com os outros componentes, intriga o usufrutuário e causa mistério e surpresa a cada passo, com diferentes visadas da exibição.

Com formato circular delimitado por septos curvos, que trazem a ideia de continuidade, e nunca um ponto de partida, a sala não possui hierarquia nem mobiliário fixo, podendo apresentar uma nova configuração a cada apresentação.

Além disso, seu formato gera diferentes possibilidades de acesso e de ângulos para apreciação do espetáculo. Diferentemente do teatro, neste recinto a plateia pode participar diretamente da cena, tornando-se personagem.

Imagem 30- diferentes organizações de layout para a sala de dança

Bloco dividido em alas Em formato de “L”, o bloco maior abriga o restante das atividades do Centro, divididas em 3 pavimentos, sendo metade um bloco para atividades mais introvertidas -como o cinema e o teatro- e a outra metade para atividades dinâmicas, conectadas entre si, física e visualmente. Através de pés direitos duplos e uso de divisórias de vidro com isolamento acústico, é garantida a fluidez do espaço, que não possui locais ocultos, deixando a privacidade reservada apenas para o bloco dos banheiros que se repete em todos os pisos.

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Imagem 31- Ala dinâmica do bloco em destaque

Imagem 32- Ala introvertida do bloco em destaque

Essa continuidade de espaços suscita nos utentes o desejo de participar das outras práticas oferecidas pelo centro, como ateliê para artesanato, biblioteca, restaurante e espaço para exposições.

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Imagem 33 -Corte BB’

Determinados locais como o restaurante, funcionarão com duplo desempenho, em momentos como cozinha normal e outros como oficina, para que as pessoas, além de saborear a gastronomia, possam também aprender a cozinhar como a sociedade em que estão imergidas.

O restaurante tira partido da coberta de sala de dança e se lança como grande terraço jardim, que utiliza-se de tecnologia para captação e reutilização de águas pluviais, através de um sistema com mantas sobre piso elevado e tubulação para encaminhamento da água recolhida.

Imagem 34- Terraço jardim do restaurante, protegido por brises metálicos

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Este conjunto se desenvolve até a coberta que foi utilizada como terraço mirante, devido a sua cota nível, já possibilita vistas de diversas áreas da cidade, como o litoral sul, assim como Olinda e encontro do Rio Capibaribe com o mar.

Imagem 35-Esquema de piso elevado comum com o piso elevador tech garden com retenção de água para alimentação do jardim.

Fonte: http://www.remaster.com.br/index.php

Imagem 36-Esquema de piso elevado comum com o piso elevado tech garden, mostrando a captação de água pelo piso comum e a irrigação e retenção de água no jardim, assim como o caminho das águas pluviais por tubulações para serem reutilizadas.

Fonte: http://www.remaster.com.br/index.php

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Elementos estruturais e experienciais A estrutura do CeMu foi desenvolvida toda em concreto, utilizando elementos únicos e produzidos com essa necessidade específica. Assim como o estacionamento no subsolo, acredita-se que um edifício diferenciado deve receber maior investimento e utilizar a tecnologia como aliada para seu melhor desempenho. De acordo com a necessidade do programa de ser o mais flexível possível, foi criada uma caixa oca onde as atividades pudessem se desenvolver livremente em seu interior.Tendo sua sustentação por laje nervurada, inspirada nas estruturas de Pier Luigi Nervi e pilares também com desenho próprio para o centro, os pavimentos se desenvolvem sem o uso de pilares e vigas comuns. A caixa é composta pelas tramas verticais e horizontais da laje nervurada e do cobogó estrutural.

Os púnicos pilares que são vistos estão no pavimento térreo e também possuem desenho apropriado para melhor funcionamento do espaço. Modificando sua forma ao longo de sua extensão, as colunas se posicionam de forma a não obstruir a vista do pátio para eventos, além de se metamorfosearem, causado diferentes sensações a cada passo dos usuários.

Imagem 37-Laje nervurada. Salão da fábrica Lanificio, Roma.

Fonte: Pier Luigi Nervi. Editorial Gustavo Gili

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Imagem 38-Laje nervurada em planta baixa e corte. Salรฃo da fรกbrica Lanificio, Roma.

Fonte: Pier Luigi Nervi. Editorial Gustavo Gili

Imagem 39-FAU USP, Arquiteto: Vilanova Artigas.

Fonte: http://www.flickr.com/photos/stankuns/4941477191/in/photostream/

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Parte do bloco em “L” se reproduz completamente fechado para o exterior, devido ao uso dos ambientes internos, ao passo que a metade mais dinâmica está sustentada por uma grande trama que remete aos cobogós, tão utilizados nas construções nordestinas, sendo assim uma conexão entre a nossa cultura e as culturas expostas no Centro Multicultural.

Imagem 40-Cobogó gigante, Instituto Moreira Salles, Rio de Janeiro.

Fonte: Acervo pessoal

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Imagem 41-Aeroporto de Marrakech, Marrocos Fonte: Acervo pessoal

Além de fazer a analogia dos elementos construtivos como parte da cultura, a trama em concreto se dispõe como vigas e pilares, dispensando o uso convencional destes. Grandes vãos com vedação em vidro transparente possibilitam visualização do terreno e permeabilidade visual dos transeuntes no nível da rua, assegurando a integração entre edifício e paisagem. Esta trama se desenvolve ao logo dos 3 pavimentos criando um jogo de luz e sombra que se modifica e “dança” gerando diferentes desenhos no ambiente interno ao longo do dia.

Fachada e ambientes Inteligentes A ala mais intimista do bloco em “L” abriga as funções de cinema e teatro, que precisam, por funcionalidade, estar isoladas visual e sonoramente do ambiente externo. Sendo assim, seu invólucro se constitui de paredes duplas, sendo o espaço entre elas um grande shaft, com comunicação através dos pilares para possíveis instalações. As fachadas foram concebidas como grandes telas brancas que ficam à disposição do artista, no caso, a cultura que estará em exibição, para que possa 38

fazer intervenções temporárias sensoriais, como simples exibição de cinema ao ar livre, até as mais variadas tecnologias com uso de som, luz, dados, aromas, etc. A ideia é que o espaço esteja disponível e flexível para diferentes criações sem que se façam necessárias improvisações, como passagem de fiação ou caixas de som temporárias. A escolha do material foi determinante para essa versatilidade, sendo escolhidos painéis metálicos-que são encaixados uns nos outros, podendo ter acabamento liso ou perfurado- que possibilitam diferentes arranjos para passagem dos elementos, por exemplo: uma chapa com pequenas perfurações pode servir para passagem de som.

Imagem 42- Esquema de fixação dos painéis metálicos na fachada.

Fonte: http://www.hunterdouglas.cl

Além das fachadas inteligentes, o CeMu também possui a tecnologia de pisos elevados em todos os pavimentos com uso público, eliminando dessa forma, a visibilidade da passagem de fios e aumentando as possibilidades de usos em diferentes locais.

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Circulações Verticais A circulação vertical do edifício se realiza através de uma grande escada em formato de “L” que vai desde o subsolo até o terraço mirante, o espaço resultante entre os degraus é um grande vazio que conecta todos os pavimentos da edificação, além de estar revestido por pele de vidro, dando total integração com o ambiente externo. Além das escadas, dois elevadores complementam a circulação, sendo eles de modelo avançado, que dispensa o uso da casa de máquinas sem reduzir com isso a velocidade de transporte.

Elementos Visuais As cores e elementos usados tanto no projeto, quanto no logotipo criado para o CeMu foram pensados para total recognição do programa com a identidade visual. Suas letras e círculos representam as pessoas de diferentes raças, povos e situações geográficas, entretanto, estão todas conectadas e convivendo em harmonia entre si e com o espaço. Este é o principal objetivo deste projeto: unir as pessoas através do aprendizado em conjunto, multidisciplinarmente com o próximo.

Imagem 43- Logotipo criado para o CeMu, Centro Multicultural

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Perspectivas

Imagem 44- Vista do pedestre d a Av.Conselheiro Aguiar

Imagem 45-Perspectiva aĂŠrea da Av. Conselheiro Aguiar

41

Imagem 46- Perspectiva aĂŠrea da Av. Herculano Bandeira

Imagem 47- Vista do pedestre d a Av.Herculano Bandeira

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Imagem 48-Perspectiva interna mostrando a fluidez espacial entre ateliê, biblioteca e restaurante.

Imagem 49-Perspectiva interna da sala de dança

CONDICIONANTES LEGAIS O terreno foi analisado de acordo com os parâmetros urbanísticos do Plano Diretor do Município do Recife, LEI Nº 17511 /2008

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Imagem 50: zoneamento por áreas do Plano Diretor do Recife Fonte: Plano diretor

Considerada como ZAC CONTROLADA, toda a área do Pina:, temos como parâmetros: ZAC – Controlada; ZAC I – Pina; - 70% da raxa de solo natural deve estar concentrada na frente do lote; 44

- A altura máxima do muro na fachada deve ser de H=3,00m e 70% de sua superfície ser vazada para a rua; -Para ZAC Controlada: 1. Af = Afi + (n-3) 0,25; 2. Al = Ali + (n-3) 0,35; 3. Afu = Al. - Para a ZAC Controlada: 1. Afi = 7,00 m; 2. Ali = 3,00 m; 3. Afu = Al. - 25% (vinte e cinco por cento) nas demais ZAC, exceto na ZAC Controlada 2, que permanecerá o estabelecido no inciso V. Art. 223. Fica determinado o gabarito de altura de 42,00m (quarenta e dois metros) para os lotes lindeiros à Av. Boa Viagem, em caráter transitório, até a revisão da Lei de Uso e Ocupação do Solo.

Coeficiente de utilização = 2,0 COEFICIENTES DE UTILIZAÇÃO – µ µ ZONAS

µ

Mínimo

Permanente

0,1

ZAC-C 1 ZAC-C 2

µ de

µ de importação

µ Máximo

Básico

exportação

(TDC ou outorga onerosa)

-

2,0

-

-

2,0

0,1

1,0

2,0

1,0

1,0

3,0

0,1

1,0

3,5

2,5

-

3,5

0,1

1,0

3,0

2,0

-

3,0

0,1

1,0

2,5

1,5

-

2,5

0,1

1,0

2,0

1,0

-

2,0

0,1

1,0

1,5

0,5

-

1,5

ZAC-M

0,1

1,0

3,0

2,0

-

3,0

ZAN

0,1

1,0

1,5

0,5

-

1,5

SSA 2

0,1

1,0

2,0

1,0

-

2,0

ZAC -R

ZAC-C

µ

45

Categoria de dimensionamento das vias

Gabarito

Setores

(metros lineares) SRU 1

SRU 2

SRU 3

TSN

TSN

TSN

A

≤ 60

30

50

60

B

≤ 48

30

50

60

C

≤ 24

30

50

60

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PARTE 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS CONCLUSÃO Ao longo do desenvolvimento do trabalho, puderam-se perceber diversas faces da arquitetura não só como um instrumento capaz de receber eventos culturais, mas também como um utensílio educacional, através do qual se pode mudar a sociedade e transformá-la num ambiente mais harmonioso, não só fisicamente, mas também pelo conhecimento gerado em seus usuários.

Ficou clara a ideia de que um equipamento como o estudado pode influenciar de maneira positiva a comunidade, desde crianças, até idosos, de todas as classes sociais. Se mostrando um ambiente democrático e sem hierarquia onde todos possam conviver e participar interdisciplinarmente de atividades que enriqueçam a educação e a cultura da população.

O desafio foi criar um projeto arquitetônico capaz de ser um elemento educativo e transformador na cidade do Recife, que através dele, a cultura e a educação possam ser espalhadas de forma a aumentar o conhecimento nos cidadãos e minimizar possíveis preconceitos gerados pela ignorância, tudo isso proporcionando com preços irrisórios, verdadeiras viagens pelo mundo.

Dentro de um espaço físico é possível traduzir sentimentos e sensações que remetam a outros lugares, com outros povos, outros idiomas.

Um local onde a arquitetura é capaz de influenciar e incitar experiências únicas sem se tornar protagonista do enredo. Uma caixa oca dividida em blocos que se conectam livremente, com fluidez, abertos, flexíveis, preenchidos pelas pessoas de diferentes idades, raças, nacionalidades e classes sociais que formam um conjunto harmonioso. O CeMu, em seu programa e suas atividades tem como finalidade unir as diferenças em um resultado afinado, em sintonia das partes para um funcionamento melhor do organismo, podendo este ser o Centro Multicultural ou o universo como todo.

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FONTES DE PESQUISA Livros, dissertações e Periódicos

ROULIARD, D. Architectures contemporaines et monuments historiques: historiques: Guide dês réalisations em France depuis 1980.

1980 Paris: Editions Le Moniteur, 2006 GYMEL, J. História da Arquitectura: Arquitectura Da antiguidade aos nossos dias. Colonia:Editora Konemann, 2011 TEXIER, S. Paris Contemporain: Contemporain: Architecture Architecture et urbanisme, de Hausmann à nos jours, une capitale à l’ére dês métropoles. métropoles. Paris: Parigramme, 2005 ZEVI,B. Saber ver a arquitetura. arquitetura São Paulo: Martins Fontes, 2002 LOPES, M. CPLP: CPLP:Passagem João Cabral.

Cabral Recife, 2006 CITÉ DE LA MUSIQUE. MUSIQUE Paris: Connaissance dês arts, Edição especial, 1995 PICA, Agnoldomenico. Pier Luigi Nervi.

Nervi. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, S.A., 1969 LITTLEFIELD, David. Manua Manual do Arquiteto.

Arquiteto Porto Alegre: Bookman, 2011

Referências eletrônicas http://www.centrocultural.sp.gov.br/index.asp Acesso em: 10 de junho de 2012. http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/botti-rubin-arquitetos-associados-centrobrasileiro-29-11-2002.html Acesso em: 25 de maio de 2012. http://www.recife.pe.gov.br/pr/secplanejamento/planodiretor/ Acesso em: 30 de maio de 2012 http://www.remaster.com.br Acesso em: 16/03/2013 48

http://www.hunterdouglas.cl Acesso em: 18/03/2012 Manuais técnicos ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 9050: 9050 Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. Rio de Janeiro: ABNT, 2004.

Entrevistas CARLOS Augusto Moreira Filho: Filho Engenheiro Civil pela UFPE, Mestre em Engenharia de Estruturas pela USP. ISABELLA Jarocki.

Jarocki. Coordenadora do curso de Hotelaria com ênfase em gastronomia da Faculdade Boa Viagem Filmes MEDIANERAS. MEDIANERAS Direção: Gustavo Taretto. Produção: Natacha Cervi, Hernán Musaluppi. Televisió de Catalunya: 2011

ANEXOS

ANEXO 1- Trecho do Plano Diretor Do Recife Diário Oficial do Município de Recife 30/Dez/2008 :: Edição 148 :: Cadernos do Poder Executivo

Subseção I Das Zonas de Ambiente Construído - ZAC Art. 94. As Zonas de Ambiente Construído - ZAC são agrupadas de acordo com as especificidades quanto aos padrões paisagísticos e urbanísticos de ocupação, as potencialidades urbanas de cada área e a intensidade de ocupação desejada.

Art. 95. Os limites das Zonas de Ambiente Construído - ZAC encontram-se definidos nos Anexos 01 e 02 desta Lei. 49

Art. 96. As zonas referidas no artigo anterior estão divididas em: I - Zona de Ambiente Construído de Ocupação Restrita - ZAC Restrita, caracterizada pela presença predominante de relevo acidentado com restrições quanto à ocupação, objetivando adequar a tipologia edilícia à geomorfologia da área, encontrando-se subdividida em 4 (quatro) áreas: a) Zona de Ocupação Restrita I, que compreende frações territoriais dos bairros da Cohab (UR), Barro, Ibura e Jordão, de acordo com a delimitação constante dos Anexos 01 e 02 desta Lei; b) Zona de Ocupação Restrita II, que compreende frações territoriais dos bairros do Totó, Sancho, Coqueiral e Tejipió, de acordo com a delimitação constante dos Anexos 01 e 02 desta Lei; c) Zona de Ocupação Restrita III, que compreende fração territorial do bairro da Várzea, de acordo com a delimitação constante dos Anexos 01 e 02 desta Lei; e, d) Zona de Ocupação Restrita IV, que compreende frações territoriais dos bairros de Dois Unidos, Passarinho, Beberibe, Porto da Madeira, Cajueiro, Fundão, Brejo de Beberibe, Brejo da Guabiraba, Córrego do Jenipapo, Macaxeira, Nova Descoberta, Vasco da Gama, Linha do Tiro, Alto José Bonifácio, Morro da Conceição, Alto Santa Teresinha, Água Fria, Bomba do Hemetério, Alto José do Pinho e Mangabeira, de acordo com a delimitação constante dos Anexos 01 e 02 desta Lei. II - Zona de Ambiente Construído de Ocupação Controlada - ZAC Controlada, caracterizada pela ocupação intensiva, pelo comprometimento da infra-estrutura existente, objetivando controlar o seu adensamento, encontrando-se subdividida em 2 (duas) áreas: a) Zona Controlada I, que compreende fração territorial do bairro de Boa Viagem, Pina e Brasília Teimosa, de acordo com a delimitação constante dos Anexos 01 e 02 desta Lei; e, b) Zona Controlada II, que compreende frações territoriais dos bairros do Derby, 50

Graças, Espinheiro, Aflitos, Jaqueira, Parnamirim, Casa Forte, Poço da Panela, Monteiro, Santana, Apipucos e Tamarineira, correspondendo aos 12 (doze) bairros componentes da Área de Reestruturação Urbana - ARU, de acordo com a delimitação constante dos Anexos 01 e 02 desta Lei. III - Zona de Ambiente Construído de Ocupação Moderada - ZAC Moderada, caracterizada por ocupação diversificada e facilidade de acessos, objetivando moderar a ocupação, com potencialidade para novos padrões de adensamento, observando-se a capacidade das infra-estruturas locais e compreendendo frações territoriais dos bairros de Torreão, Encruzilhada, Ponto de Parada, Arruda, Água Fria, Fundão, Cajueiro, Campina do Barreto, Peixinhos, Campo Grande, Hipódromo, Rosarinho, Tamarineira, Casa Amarela, Alto do Mandu, Madalena, Torre, Zumbi, Cordeiro, Iputinga, Caxangá, Várzea, Cidade Universitária, Engenho do Meio, Torrões, Curado, San Martin, Bongi, Prado, Ilha do Retiro, Afogados, Mustardinha, Mangueira, Jiquiá, Estância, Jardim São Paulo, Barro, Areias, Caçote, IPSEP, Ibura, Boa Viagem, Imbiribeira, Cabanga, Ilha Joana Bezerra, São José, Santo Antônio, Coelhos, Ilha do Leite, Paissandu, Boa Vista, Soledade, Santo Amaro e Bairro do Recife, de acordo com a delimitação constante dos Anexos 01 e 02 desta Lei.

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