TFG Conexões Criativas- Mayara Alice Zambon

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MAYARA ALICE ZAMBON

Ocupando os galpões da Mooca Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Anhembi Morumbi. Orientador: Profº Drº Claudio Lima

SÃO PAULO 2016


MAYARA ALICE ZAMBON

Ocupando os galpões da Mooca São Paulo em: ____ de_______________de 2016. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Anhembi Morumbi.

_____________________________________________ Orientador: Profº Drº Claudio Lima ______________________________________________ Prof. Convidado


DEDICATóRI Dedico este trabalho ao meu pai Wagner Zambon, por ter me incentivado a sempre colocar o meu coração em tudo que eu faço e que mesmo não estando mais presente sempre será o responsável por tudo de bom que eu criar.


AGRADECIMENTO Agradeço a toda minha família, em especial minha mãe por todas as palavras de força e encorajamento para enfrentar todas as dificuldades. Agradeço aos amigos que foram o laço que me manteve firme nessa jornada, e a todos que participaram da minha vida e me ajudaram de alguma forma a alcançar meus objetivos.


RESUM Este trabalho consiste na abordagem teórica para a elaboração de projeto arquitetônico ocupando o terrenos de antigos galpões e levando um novo uso a um patrimônio histórico, criando espaços de trabalho colaborativos denominados de Coworking e área de hospedagem na categoria Hostel. Para tanto, discute-se as características desse tipo de espaço e o perfil de seus usuários. Com isso, a escolha do local para a implantação do projeto é feita considerando a sua localização geográfica e o perfil socioeconômico dos seus moradores, além de buscar a reutilização de patrimônio industrial, realizando a integração da sociedade com a história, promovendo a sustentabilidade construtiva e a preservação da arquitetura do bairro. Essa conexão entre gerações, pessoas e paisagem, é o resultado do compartilhamento de ideias aonde o novo e o velho, o tecnológico e o artesanal unem-se em um mesmo espaço transformando tudo ao seu redor.

Palavras Chave: Coworking, Patrimônio Industrial, Mooca, Escritórios.


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Sumári

1. INTRODUÇÃO …………………………………………………...........................……….. 08 2. CONCEITUAL ………………............................................................................ 09 2.1A Evolução Do Espaço De Trabalho ....................................................... 09 2.1.1 Taylorismo – de 1900 a 1940 ………....................................................... 09 2.1.2 Escritórios em planta livre ………..............................................….…. 11 2.2 Coworking – Uma tendência mundial …………..................................….… 13 2.3 Container- reutilizando para construer …………..............................…. 21 2.4 Hostel – hospedagem social ……………................................……………….. 25 3. LOCAL ....................................................................................................... 27 3.1 O bairro da Mooca …………………………………………................................… 27 3.2 Área de estudo ………………………………………………..............................…. 29 3.3 Levantamento Fotográfico ................................................................... 32 3.4 Condicionantes Legais ………………………..............................………………. 40 3.5 Mobilidade urbana ……………………………………..............................………. 43 3.6 Condicionantes Ambientais ……………………………...............................…. 45 3.7 Dados econômicos ……………………………………………................................. 47 4. CONCEPÇÃO ............................................................................................... 50 4.1 Referências projetuais ………………………………...........................……….. 50 4.1.1 Campus Google São Paulo …………….................................................….. 52 4.1.2 Container City ………………………………................................................. 56 4.1.3 Hostel La Buena Vida …………………..............................................…….. 58 4.2 Organograma e Fluxograma …………………………….............................….. 60 4.3 Programa de Necessidades ………………………….............................………. 61 4.4 Técnicas Construtivas……………………………………..........................…….. 64 4.5 Processo Criativo ………………………………………………..........................… 64 5. PROJETO …………………………………………………………......................………….. 68 6. CONCLUSÃO ……………………………………………………….........................……… 74 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ……………………………………..................…………. 75


1 Uma startup é uma empresa nova, até mesmo embrionária ou ainda em fase de constituição, que conta com projetos promissores, ligados à pesquisa, investigação e desenvolvimento de ideias inovadoras. (SEBRAE, 2011)

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1.INTRODUÇÃ

Coworking é o modelo de espaço de trabalho compartilhado, onde profissionais de diversas áreas usufruem da mesma infraestrutura e recursos existentes. Com os avanços da tecnologia, profissionais liberais, autônomos e grupos de startups 1 buscam esses espaços que oferecem a interação que o Home-Office priva, infraestrutura de ponta e serviços corporativa incluso no aluguel, além de ser uma opção mais econômica quando comparado ao investimento necessário para se ter um espaço privado. O local escolhido para o desenvolvimento do projeto, contrasta com esse cenário de nova tipologia de ambiente de trabalho. As Antigas Oficinas da Sociedade Anônima Casa Venorden, é um conjunto dos conhecidos galpões da Mooca. Bairro que já foi palco da evolução tecnológica responsável pelo desenvolvimento da cidade no período industrial e hoje é alvo da especulação imobiliária, que tenta apagar com novos projetos residências e corporativos, esses elementos arquitetônicos de grande valor para a história do bairro e da cidade de São Paulo. O terreno escolhido está em uma região estratégica. Próximo ao metrô e ao lado da estação de trem da Mooca, próximo aos novos empreendimentos já implantados no bairro, e sua área envoltória permite a criação de novas edificações, tornando possível um programa mais amplo e completo para o projeto. Para essas novas edificações será reutilizado containers, sendo um bloco para área de coworking e outro para a criação de um hostel como opção econômica e sustentável de hospedagem. Levar um novo uso para esse patrimônio tem o objetivo de valorizar a história do bairro e provar que o velho e o novo podem ocupar o mesmo espaço. Acredita-se que a concretização do projeto se dará por meio de uma parceria Público-Privada e tem como foco estimular o uso consciente do espaço, melhorar a mobilidade urbana, promover interações multidisciplinares e incentivar o crescimento de novas empresas, interligando formas diversas de socialização em um só lugar.


De acordo com o Dicionário de Termos de Arte e Arquitetura, o Scriptorium é descrito como “O lugar aonde eram escritos e iluminados os manuscritos, num mosteiro ou catedral” (Silva; Calado, 2005). Entendemos então que o escritório existe desde a criação da escrivaninha, móvel aonde essas atividades eram realizadas. Outras atividades, denominadas atividades de gaveta pela relação com o mobiliário, se tornaram atividades de escritórios. Pela sua representatividade, o móvel se tornou símbolo de conhecimento, e conhecimento por muitas vezes está associado a poder. Era comum que a alta sociedade, tivessem em sua própria casa um escritório ou biblioteca. No mercado, era comum existir uma sala para a negociação de mercadorias e administração do estabelecimento, considerado por alguns o primeiro modelo de escritório. Percebesse que espaços para as atividades de escritórios “existem a muito tempo, mas somente na época da Revolução Industrial é que surgem estudos e a necessidade de se criar espaços próprios para determinadas atividades. (ANDRADE, 2007) [...] as formas de realização das atividades no escritório foram se transformando. Se no início do século as atividades eram manuais, extremamente operacionais e controladas passo a passo, hoje as facilidades tecnológicas e o mundo globalizado permitem que o funcionário realize suas atividades com mobilidade, e o controle passa a ser o de resultados. Se o poder era fundamentado no nivelamento hierárquico, hoje é calçado na capacidade de ser ágil e na habilidade para lidar com diversas situações e culturas. (ANDRADE, 2007, p. 15)

2.1.1 Taylorismo – de 1900 a 1940 Os primeiros estudos científicos relacionado ao ambiente de trabalho foi elaborada por Frederick W. Taylor (1856-1915) entre o final do século XIX e início do século XX. Taylor estudou não só a configuração espacial mais também a organização e gestão do trabalho realizado nesses espaços.

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2. CONCEITUA

2.1 A Evolução Do Espaço De Trabalho


Para reafirmar as diferenças de hierarquia dentro da empresa, o taylorismo segrega o espaço incentivando a competição e performances dos colaboradores, racionalizando e padronizando o mobiliário e o layout de forma rígida assegurando disciplina no processo de trabalho. Até mesmo o tempo e os movimentos para a execução das operações e tarefas foram estudadas para que esse novo modelo de escritório pudesse ser considerado econômico. Esse espaço de trabalho é separado da fábrica, porem sua organização é semelhante a uma planta industrial. “...um grande salão central era destinado aos funcionários dos escalões inferiores (datilógrafos, estenógrafos, contadores, contínuos, etc.), onde as mesas eram dispostas em fileiras paralelas, numa mesma direção, sob as vistas de um supervisor instalado defronte. Ao redor desse grande salão central, localizavamse as salas privativas dos gerentes, que eram delimitadas por divisórias semi-envidraçadas.” (FONSECA, 2004)

Figura 1 Edifício administrativo - Larkin Building, F. L. Wright, 1904 Fonte: https://misfitsarchitecture.com/tag/john-jacobus/

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2.1.2 Escritórios em planta livre Afim de abolir a segregação de hierarquia dentro do espaço de trabalho e tornar o ambiente mais humanizado e social, surge na década de 50 e 60 nos Estado Unidos o escritório em planta livre denominado de Open Plan2 e na Alemanha o escritório panorâmico denominado de Landscape3. Nas duas propostas o que delimita as áreas, setores e equipes de trabalho não são mais paredes e sim o layout do mobiliário. O Open Plan buscava facilitar a comunicação entre os colaboradores mantendo um certo grau de privacidade, e para isso foi desenvolvido um mobiliário com estrutura modular, hoje conhecido como estação de trabalho que agrupados delimitam um departamento.

Figura 2 Sistema Action Office lançado pela Herman Miller em 1968 Fonte: http://www.dezeen.com/2015/02/01/office-cubicle-50th-birthday-herman-miller-robert-propst/ 2

Tradução: Planta Aberta 3 Tradução: Paisagem

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Já o modelo alemão Landscape consistia na organização do mobiliário de forma modular orgânica e até considerada caótica aonde os departamentos funcionam como equipes de trabalho e a disposição do layout está diretamente relacionamento com o fluxo que as informações precisam ser transmitidas. (HORSCHUTZ, 2007) Essas tipologia de espaço corporativo em planta livre passou por diversas adaptações, até mesmo para melhor compatibilização entre as atividades de trabalho e os avanços tecnológico, mas é até hoje o modelo mais usado pelas empresas.

Figura 3 Comparação de layout panorâmico alemão e norte-americano Fonte: (HORSCHUTZ, 2007)

Essas tipologia de espaço corporativo em planta livre passou por diversas adaptações, até mesmo para melhor compatibilização entre as atividades de trabalho e os avanços tecnológico, mas é até hoje o modelo mais usado pelas empresas.

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2.2 Coworking – Uma tendência mundial

4 Hackerspace: termo em inglês para espaço com computadores e acesso à internet aonde pessoas de diversas áreas podem trocar conhecimento e experiência. 5 Tradução: Centro comunitário para os empresários.

Na década de 90 se conectar à internet começa a se tornar mais acessível. Com isso espaços conhecidos como hackerspaces 4 passam a surgir no mundo todo. Esses espaços, muitas vezes utilizado para trabalho, podem ser considerados o início do que hoje chamamos de Cowoking. Essa denominação foi dada por Brian DeKoven em 1999 para identificar os espaços colaborativos aonde a principal ferramenta de trabalho é o computador e a internet. Neste mesmo ano, antes da popularização do termo coworking, surge em Nova York, o espaço 42 West 24, com locação de mesas para trabalho. Em 2002, Viena tem o primeiro espaço de coworking aberto, que inicialmente foi conhecido como community center for entrepreneurs5. Seus fundadores, Stefan Leitner-Sidl e Michael Pöll, desenvolveram em 2004 e 2007 mais dois espaços criando a rede Konnex, que ajudou a disseminar o conceito e consolidar a necessidade do mercado em ter essa opção de espaço de trabalho. Em 2005 nasce em Londres o espaço The Hub, a primeira rede internacional oficial de espaços de coworking. Atualmente existem 28 Hubs em todo o mundo, porém o primeiro espaço chamado oficialmente de Coworking foi aberto em São Francisco, também em 2005, pelo programador Brad Neuberg, como reação aos antissociais centros de negócios e da vida profissional improdutiva em um homeoffice. Spiral Muse foi organizada como uma cooperativa sem fins lucrativos. A Deskmag é uma revista online sobre coworking que promove estudos e reportagens com parceiros para desvendar cada vez mais esse novo modelo de espaço de trabalho. Em 2010, foi realizada a Primeira Pesquisa Global de Coworking, entrevistando um total de 661 pessoas de 24 paises.A pesquisa foi dividida em 12 parte e podemos analiser as 3 primeiras que se referem respectivamente à : O que os coworkers6 procuram, o perfil dos coworkers e os espaços de coworking.

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493

Cidades

41.084

Assentos disponíveis

894

Espaço Coworking

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Paises Figura 4 Mapa e dados de espaços de coworking em todo o mundo. Fonte: (http://coworkingmap.org/stats/). Acessado em: 14 de Abril de 2014

Figura 5 Que tipo de layout você gosta mais? / Em que tipo você trabalha o melhor? Fonte: (http://www.deskmag.com/en/all-results-of-the-globalcoworking-space-survey-200) 6 Coworkers: denominação dada aos usuários de espaço de coworking

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Nos graficos Figura 2, vemos que a maioria prefere locais com capacidade para até 20 pessoas e que a melhor opção são espaços que mesclam salas fechadas e abertas. Em relação a infraestrutura, o item mais importante é a internet para 99% dos entrevistados. Salas de recreação ou areas de descompresão não são vistas como tão importantes, já a aproximidade com areas de alimentação é relevante para a escolha do espaço. Ainda podemos conferir nesse estudo o que os coworkers realmente buscam nesses espaços: flexibilidade de horario de trabalho, interatividade com outras pessoas e troca de conhecimento.

Figura 6 Para o meu trabalho é importante ter: Fonte: ( http://www.deskmag.com/en/what-coworking-spaces-coworkers-want-165). Acessado em: 14 de Abril de 2014

Sobre o perfil dos coworkers, nessa pesquisa realizada com pessoas de 24 países diferentes, o resultado foi que dois terços dos usuários são do sexo masculino, a idade média é de 34 anos variante entre 20 a 39 anos. E em sua maioria são pessoas com nível superior que trabalham em cidades com mais de 1 milhão de pessoas e moram a menos de 5 km de distância do local de trabalho.


A grande maioria dos profissionais, ganham acima da média salarial. São freelancer7 ou autônomos principalmente programadores, TI, Web Designer e pequenas empresas de consultoria. Muitos desses profissionais trabalham em mais de uma cidade em uma única semana.

Figura 7 Qual o seu status profissional? / Qual é a sua profissão? Fonte: (http://www.deskmag.com/en/the-coworkers-global-coworking-survey-168)

7 Freelancer: Palavra inglesa que significa: pessoa que presta serviços profissionais autônomos.

As questões sobre o espaço de coworking, indicam que em maioria existem mais usuários do que mesas disponíveis, porem isso não causa nenhum congestionamento já que as pessoas não trabalham no mesmo horário. Também porque, exceto em ambientes menores, a maioria opta por posições flexível ao invés de um lugar exclusivo. O que permite uma melhor utilização e fluidez do espaço no decorrer do dia. Entre 2013 e 2015 foi realizada uma pesquisa com base nos dados fornecidos pelo Google em seu sistema de busca. A análise demonstra o crescimento na busca pela palavra “coworking” em diferentes países. A busca pelo termo “Home Office” vem diminuindo gradativamente, enquanto a palavra coworking vem sendo cada vez mais pesquisada. Uma possível indicação que esses profissionais estão migrando para espaços aonde possam exercer suas atividades de forma flexível e interagir com outras pessoas.

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É possível verificar que nos meses de Dezembro a frequência da busca diminuí, provavelmente pelo período de férias, pois em seguida vemos novamente um aumento. O Brasil está como o 7º pais que mais busca a palavra “Coworking” e a cidade de Curitiba e Diadema estão entre as quinze cidades no mundo que mais procuram esse termo na internet.

Figura 8 Interesse em “Home Office” como tópico em comparação com “Coworking” como termo de pesquisa ao longo do tempo na busca do Google desde 2005. Fonte: (http://www.deskmag.com/en/2016-forecast-global-coworking-survey-results). Acessado em: 15 de Abril de 2014

Figura 9 Interesse em Coworking ao longo do tempo na busca do Google – No mundo todo. Fonte: (http://www.deskmag.com/en/2016-forecast-global-coworking-survey-results).

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Podemos conferir que no contexto América Latina, no Brasil a pesquisa pelo termo coworking aconteceu primeiro.

Figura 10 Interesse em “Coworking” ao longo do tempo na busca do Google: America Latina. Fonte: (http://www.deskmag.com/en/2016-forecast-global-coworking-survey-results).

No Brasil, os primeiros espaços de coworking surgiram em 2008: The Hub e Pto de Contato.O primeiro de uma rede internacional e o segundo uma iniciativa nacional. Ambos estão em atividade até hoje. Em 2010 surge a Movebla, um blog criado por um jornalista em busca de resposta sobre o trabalho “mobile”. Essa busca levou a Movebla a desenvolver pesquisas para compreender o mundo do coworking no Brasil. A pesquisa aconteceu em 2013 com mais de 300 entrevistados em todo o pais e em 2014 com 118 sendo 86 do estado de São Paulo, o que torna a pesquisa basicamente regional. Mas apesar da diferença de participantes, alguns indicadores permaneceram invariável e equivalente também à pesquisa internacional, como a idade dos usuários dos coworkers, que está entre 20-40 anos e o grau de escolaridade, aonde a maioria possui ensino superior completo ou incompleto e pós-graduação ou especialização em curso.

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No Brasil esses espaços também recebem em sua maioria pessoas do sexo masculino. O compartilhamento do espaço estimula a interação entre os participantes, e esse é um dos fatores que tiram os profissionais do Home Office e levam até o espaço de Coworking. Abaixo podemos verificar como esses usuários interagem no espaço, e assim como na pesquisa global, o compartilhamento de conhecimento, a ampliação de contatos e o aumento na criatividade dentro desses espaços são fatores positivos que atraem o público para essa mudança de ambiente de trabalho. Outros dados importantes foram extraídos das pesquisas realizadas pela Movebla, como a frequência de uso desses espaços, a fidelidade de uso de um único coworking e o tempo gasto para se chegar até o local, assim como na pesquisa global a média é de até 30 minutos, sendo esse trajeto em maioria realizado por veículo próprio ou transporte público.

Figura 11 Infográfico: O perfil do coworker 2014 Fonte: ( http://movebla.com//3518/pesquisa-perfil-coworking-2014/).

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Figura 12 Infográfico: O perfil do coworker 2014 Fonte: ( http://movebla.com//3518/pesquisa-perfil-coworking-2014/).

Analisando os dados da última pesquisa global realizada em 2015 pela DeskMag, percebemos que essa nova opção de negócio e nova opção de espaço de trabalho ainda está em crescimento. Os espaços de coworking em dois anos tiveram um aumente de mais de 120%. Já os membros que utilizam esses espaços aumentaram mais de 170% em um ano. E a projeção para 2017 é que esse aumento continue indicando que é um mercado e uma necessidade a ser explorada e que pode trazer muitos benefícios para a sociedade.

Figura 13 O crescimento dos espaços de coworking. Fonte: (http://www.deskmag.com/en/first-results-of-the-newglobal-coworking-survey-2015-16).

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2.3 Container- reutilizando para construir A construção civil é um dos grandes responsáveis pela geração de resíduos sólidos urbanos e também pelo consumo desenfreado dos recursos naturais do planeta. Isso nos traz a uma realidade que necessidade cada vez mais de construções limpas.

Figura 14 Fonte: http://minhacasacontainer.com/2015/01/15/como-construir-uma-casa-container-concepcao/

Cabe a comunidade de arquitetos o desafio de incentivar o novo uso de materiais na construção, comprovando que conforto, estética, segurança e funcionalidade podem estar aliadas a sustentabilidade. O container é uma caixa, com estrutura em longarinas metálicas. Seu fechamento pode ser em aço, alumínio ou fibra. Foi desenvolvido para o transporte de mercadorias por vias ferroviárias ou marítimas. Sua estrutura autoportante suporta até 25 toneladas de carga e pode ser empilhado em até 8 unidades.

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Figura 15 Conexão entre os containers Fonte: http://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-85315/ en-detalle-containers

8 Contain[it] no Brasil é uma fábrica de design, referência na transformação de contêineres marítimos e mobiliário urbano fundada em 2010.

Sua utilização para o mercado náutico é de cerca de 10 anos, após esse tempo sua manutenção se torna economicamente inviável, porem sua estrutura permite uma vida real de quase 100 anos, o que gera o abandono em portos que são transformados em verdadeiros “cemitérios de containers”. Além disso muitas vezes pelo seu baixo custo, é mais viável para as empresas que recebem a mercadoria descartarem o container vazio em um dos depósitos para esse fim e solicitarem um novo, do que reenviar ele vazio para o seu pais de origem. Segundo Arthur Norgren, engenheiro de produção mecânica e sócio-fundador da contain[it] no Brasil8, em 1850 foram encontrados pedidos de patentes para a conversão de vagões de trens em restaurantes, demonstrando que o reuso do container na construção civil já acontece a algum tempo.

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O potencial para o seu uso na construção é nítido, porem no Brasil ainda existe uma certa resistência para o uso de container, principalmente na construção de residências. Empresas já estão adotando esse design para suas lojas ou escritórios, atraídos principalmente pelo custo-benefício, uma vez que um contêiner usado custa em média de R$7.000,00. Um quiosque como o da Brahma pode ser vendido pela Contain(it) por cerca de R$ 150 mil. A mobilidade, a possibilidade de montá-lo em qualquer lugar (pagando apenas pela concessão do terreno, não pela compra) e o custo inferior ao dos demais tipos de instalações foram argumentos usados pelos sócios para que a Ambev encomendasse 25 contêineres. (DALL’OLIO, Carolina, 2011)

A maior causa da resistência no uso desse material na construção civil no Brasil é o conforto térmico, já que sua estrutura metálica deixa o ambiente interno muito quente no nosso clima.Para resolver esse problema, o container precisa passar com um processo de Retrofit9. No caso dos containers, a idéia de retrofitar vai além. O objetivo é explorar os potenciais de uso de algo que previamente não fazia parte da indústria de construção. Modificar a função das antigas caixas transportadoras em desuso e torna-las matéria prima estrutural, motivadas na mobilidade, flexibilidade, inovação e reciclagem. (MUSSNICH, 2015)

9 Retrofit é um termo utilizado para designar o processo de modernização de algum equipamento já considerado ultrapassado ou fora de norma 10 Drywall (parede seca em inglês) é uma tecnologia que substitui as alvenaria convencionais de vedação por chapas de gesso aparafusadas em estruturas de perfis de aço galvanizado.

Esse processo inclui a descontaminação e limpeza, serralheria para o corte das aberturas para ventilação e iluminação natural, pintura realizada com tinta isolante térmico e revestimentos internos como o drywall 10 com isolamentos termo acústicos potencializando a eficiência do container para o nosso clima e dispensando o uso de ar-condicionado. Todo esse processo pode demorar de 70 a 90 dias, mas ainda assim o tempo de execução comparado a uma construção convencional é outro ponto positivo para a construção em containers. Os containers mais usados a construção são os chamados Dry (secos), nas medidas de 20 pés e 40 pés e com a variação High Cube (cubo alto). Na imagem abaixo podemos conferir algumas dessas medidas:

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Figura 16 DimensĂľes dos containers Fonte: http://www.plataformaarquitectura.cl/cl/02-85315/ en-detalle-containers

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2.4 Hostel – hospedagem social Hostel é a tradução para o inglês de albergue, e por ser um nome mais comercial foi adotado para batizar essa tipo de modo de hospedagem em todo o mundo. Há quem diga que hostel é mais do que um meio de acomodação para os viajantes e sim um estilo de vida. A maioria dos donos de hostel são empreendedores independentes e a maioria de seus usuários são os famosos mochileiros11, que prezam muito mais pelo contato com a cultura do local e a socialização entre os hospedes do que a individualidade e o conforto que um hotel oferece, além é claro de uma forma mais econômica de se hospedar. Diferente do que se pode imagina, esse tipo de hospedagem existe a mais de um século: Em 1909 na Alemanha o professor Richard Schirmann dedicava parte de seu tempo a criar programas de convivência para seus alunos. De atividades pedagógicas, passou a organizar grupos com os jovens para realizar pequenas viagens de estudos. (HI Hostel Brasil, s.d.)

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O Mochileiro é um viajante independente, que organiza suas viagens por conta própria.

Nasce então em 1912 na Alemanha o albergue Altena em um monumento histórico restaurado e que está em funcionamento até hoje. A partir da Alemanha surgiram albergues em toda a Europa, porem no período da segunda guerra mundial muitos foram destruídos. Com o fim da guerra surge um grande movimento jovem para restaurar esses estabelecimentos. E é nesse cenário de revoluções estudantis e movimentos hippies que chega no Brasil na década de 60 os primeiros albergues. Richard Schirrmann também foi responsável por fundar a Associação Alemã de Albergues da Juventude em 1909, que se difundiu pelo mundo e é atualmente conhecida como Hostelling International – HI, uma marca mundial que garante o credenciamento de estabelecimentos nos padrões internacionais. A Federação Brasileira dos Albergues da Juventude, atual HI Brasil, foi criada em 1971.Esse tipo de hospedagem no pais teve crescimento significativo a partir do ano 2000 e credenciados a associação são em torno de 100 hostels, porem de acordo com a Revista Iberoamericana de Turismo “Em São Paulo, por exemplo, a rede HI Brasil

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responde por menos de 15% da oferta total; no Rio de Janeiro, não chega a representar 10% do mercado (total de unidades).” Em nossa região de estudo, o bairro da Mooca, podemos estudar que existem poucas opções de meios de hospedagem e apenas um hostel.

Área de Estudo

Figura 17 Mapa de hotéis e hostels próximos a área de estudo Fonte: Google Maps e organização da autora.

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Segundo informações da SubPrefeitura, o nome Mooca é de origem Tupi-Guarani, e significa MOO-OCA - Fazer casa. Esse nome foi dado pela tribo Guaiana aos primeiros habitantes brancos que construíam suas casas no bairro. O primeiro registro que se tem da Mooca é datado de 1556, 56 anos após o descobrimento do Brasil, quando foi comunicado pela governança do Santo André da Borda do Campo, a construção da ponte do rio Tameteai (Tamanduatei) para a ligação da zona leste e a freguesia eclesiástica da Sé. (SUBPREFEITURA MOOCA, s.d.) “Em 10 de agosto de 1867, a Câmara Municipal de São Paulo, então chamada de Câmara Régia, começou a doar terras para a formação de um povoado. Em 1869 já se notava muitas casas pequenas e pobres e, assim, o povoado foi crescendo”. (PORTAL DA MOOCA, s.d.)

Figura 18 Localização e mapa da Sub-Prefeitura da Mooca Fonte: http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/ subprefeituras/mooca/mapas.

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3. LOCA

3.1 O bairro da Mooca


Fator que colaborou para o crescimento da cidade e de bairros como a Mooca, foi a instalação das vias férreas. Em 1868 a São Paulo Railway ligava a estrada de ferro Santos-Jundiai e em 1875 se criou o trecho paulista da estrada de ferro Central do Brasil, ligando a cidade ao Rio de Janeiro. Segundo Levino (2001), em 1876, Rafael Paes de Barros, dono de muitas terras na região, criou o Clube Paulista de Corridas de Cavalo aonde hoje está instalada a Administração Regional da Mooca. O clube foi inaugurado em 1890 e se tornou um importante centro de lazer para a cidade. O bairro, já valorizado, começa a receber os primeiros imigrantes italianos chegando a São Paulo. Em seguida vieram os espanhóis, portugueses e posteriormente os imigrantes da Europa Central e Ocidental. Esses imigrantes eram trazidos pela ferrovia e chegavam à Casa da Imigração, atual Museu da Imigração. A indústria, começou a se instalar no bairro após a chegada da ferrovia atraídos pela facilidade de transportar produtos para fora da cidade e importar materiais. Essas industrias utilizavam de mão-de-obra imigrante, que se instalaram nas proximidades de seus empregos auxiliando o desenvolvimento do comercio local. A partir de 1883, instalaram-se algumas fabricas de massa, caracterizando o bairro com as tradições italianas que são visíveis até hoje. Em 1891, o casal Zerrener fundou a Cia. Antarctica Paulista e na sequencia diversas fabricas iniciam suas atividades na Mooca. (PONCIANO, 2001). Foi a partir da segunda fase da revolução industrial que São Paulo inicia sua transformação. O processamento industrial nos segmentos têxtil e alimentícios foi a resposta pela crescente demanda da urbanização, após a economia baseada na cafeicultura começa a ruir. E a Mooca foi um dos palcos principais dessa transformação. “Parte considerável da elite cafeeira passou a ter residência na capital e diversificou seus negócios, investindo nas atividades comerciais e fabris, as Sociedades Anônimas. ” (SANTOS, 2006, p. 24) Atualmente o bairro está em processo de verticalização, e os antigos galpões que escreveram a história da cidade e do bairro, hoje abandonados, dão lugar a grandes empreendimentos que mudam a paisagem e algumas características tão especificas do bairro. Além de promover um adensamento, que pode provocar uma mudança na qualidade dos serviços prestados a comunidade.

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3.2 Área de estudo O secretário de Desenvolvimento Urbano, Fernando de Mello Franco, em entrevista para a Folha de São Paulo em Janeiro de 2015, fala sobre a preservação do patrimônio fabril da região da Mooca. Segue abaixo um trecho da entrevista:

“Está se formando um consenso de que o patrimônio industrial é muito representativo, senão o mais representativo, da história paulistana. Quais serão os mecanismos para a preservação desses imóveis? Concordamos que o patrimônio industrial é importante. A gente nunca teve um colonial importante aqui, e o que tinha foi destruído. Nunca teve um barroco significativo como em Minas ou Salvador. Especificamente para a operação Mooca-Vila Carioca, a gente está super preocupado. Tem uma área que fica no entorno da antiga fábrica da Antártica e dos moinhos também. Só que a gente não tem recursos para desapropriar. A gente está pensando em mecanismos, como a transferências do potencial construtivo dessas áreas para outros terrenos, que incentivem a doação de certos equipamentos para a prefeitura. Assim o poder público pode escolher o destino delas. Não quero te adiantar porque a fórmula não está fechada. A gente está estudando o caso de Nova York. Lá, a autoridade portuária é pública, e é dona de toda a borda de Nova York, então fica mais fácil uma política de destinação. E o que a prefeitura de São Paulo poderia fazer com essas áreas? Por exemplo, a gente pode criar polos de inovação, com “startups”. Essas empresas não têm como bancar aluguéis, que são caros para quem está começando. Vários lugares do mundo já estão praticamente disponibilizando esses espaços como uma política de incentivo para muitos setores produtivos. Mas o município precisa ser dono do imóvel. ” (FRANCO, 2015)

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Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio

Em 2007, a região foi palco de uma disputa entre o CONPRESP12 e o mercado imobiliário interessado na construção de torres residenciais de alto e médio padrão na região. Algumas foram construídas, outras áreas em questão foram tombadas.

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Para o desenvolvimento desse trabalho, foi escolhido, por conta de sua representativa arquitetônica, por sua história e localização, o conjunto de galpões da rua Borges de Figueiredo com a Rua Monsenhor João Felipo, tombada integralmente de acordo com a resolução nº14/2007. Figura 19 Mapa de bens tombados no entorno da estação da Mooca e área envoltória.

Figura 20 Quadra da área de estudo Fonte: Google Maps

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A Casa Vanorden, atualmente conhecida nos registros de tombamento como Officinas da Sociedade Anonima Vanorden, é um dos ícones do período industrial do bairro da Mooca que se mantem praticamente inalterado. Inaugurada em 1909, a Casas Vanorden fornecia materiais de escritório para as principais repartições públicas estaduais, municipais e para a empresas da estrada de ferro. De acordo com registros do Arquivo Histórico do Departamento do Patrimônio Histórico, o imóvel foi projetado pelo arquiteto Jorge Krug. A construção da esquina, com dois pavimentos e aparência residencial, era utilizado como escritório administrativos da empresa. Anexo a essa edificação, foi construído dez galpões com modulação a cada 4,5 metros e altura de 6 metros e cobertura em sistema shed13. Em 1911, o conjunto todo passou por modificações, ampliando o edifício administrativo e aumentando para 17 o número de galpões.

Figura 21 Projeto original Fonte: Acervo Municipal 13 Shed: Telhados em forma de serra, com um dos planos em vidro para favorecer a iluminação natural.

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3.3 LEVANTAMENTO FOTOGRÁFICO Em visita no dia 25/03/2016 foi realizado levantamento fotográfico relevando a atual situação do entorno e do imóvel de estudo. Todas as fotos são da autora do trabalho. Logo na saída da estação da Mooca (figura 22), a placa indica o caminho para a rua Borges de Figueiredo e fora dos limites da estação podemos observar uma pequena área verde, e ao fundo um galpão castigado pelo tempo e falta de manutenção (figura 23). Ao sair do acesso a estação podemos encarar a recente verticalização do bairro na rua Monsenhor João Felipo (figura 24 e 25). A fachada do galpão da antiga siderúrgica da Rede Ferroviária Federal S.A. ainda mantem o emblema da corporação (figura 26), atualmente ele é utilizado como estacionamento de ambulâncias e podemos perceber as alterações na cobertura para permitir iluminação natural, sua estrutura, aparentemente, original e a construção de uma sala para atender as necessidades de operação do estacionamento (figura 27). O imóvel ao lado também foi ocupado por uma empresa de estacionamento, que alterou sua fachada, encobrindo todas as características do material original (figura 28). A cobertura desse galpão também sofreu alterações (figura 29). Para a minha surpresa, o estacionamento utiliza de galpões do imóvel ao lado, no caso da Casa Vanorden, para uso comercial e a pintura dessa área foi realizada a pouco tempo (figura 30). Solicitei então visitar o restante do estacionamento. Pergunto ao rapaz se a prefeitura já apareceu por lá questionando o uso desse outro imóvel e ele disse que não na presença dele, e que acredita que os dois imóveis são alugados pelo proprietário do estacionamento. Ao ver as roupas em baixo da escada (figura 31), pergunto ao rapaz se mora alguém no andar superior, em resposta negativa solicito subir para fotografar o imóvel. No andar superior, aonde funcionava o setor administrativo, uma sala grande é dividida com uma divisória em madeira e vidro (figura 32) e nas estantes ainda existentes é possível encontrar alguns carimbos da antiga gráfica (figura 33). Na fachada do imóvel de esquina, ainda se encontra o letreiro indicando a estação da Mooca (figura 34) e apesar desse imóvel manter muito das características originais, sua fachada térrea sofreu alterações e depredações (figura 35).

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Figura 22 Situação atual do imóvel e entorno Fonte: Acervo Pessoal

Figura 23 Situação atual do imóvel e entorno Fonte: Acervo Pessoal

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Figura 24 Situação atual do imóvel e entorno Fonte: Acervo Pessoal

Figura 25 Situação atual do imóvel e entorno Fonte: Acervo Pessoal

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Figura 26 Situação atual do imóvel e entorno Fonte: Acervo Pessoal

Figura 27 Situação atual do imóvel e entorno Fonte: Acervo Pessoal

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Figura 28 Situação atual do imóvel e entorno Fonte: Acervo Pessoal

Figura 29 Situação atual do imóvel e entorno Fonte: Acervo Pessoal

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Figura 30 Situação atual do imóvel e entorno Fonte: Acervo Pessoal

Figura 31 Situação atual do imóvel e entorno Fonte: Acervo Pessoal

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Figura 32 Situação atual do imóvel e entorno Fonte: Acervo Pessoal

Figura 33 Situação atual do imóvel e entorno Fonte: Acervo Pessoal

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Figura 34 Situação atual do imóvel e entorno Fonte: Acervo Pessoal

Figura 35 Situação atual do imóvel e entorno Fonte: Acervo Pessoal

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3.4 Condicionantes Legais A Mooca é um bairro de uso misto, podemos verificar no novo mapa da última revisão de Zoneamento do Município de São Paulo, que a área de estudo se encontra na ZEPEC - Zona Especial de Preservação Cultural e seu uso como Zona Mista 02.

Figura 36 Mapa de Zoneamento do Município de São Paulo Fonte: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/

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Neste mapa podemos confirmar seu uso bem diversificado:

Área de Estudo

Figura 37 Mapa de uso predominante do solo Fonte: http://geosampa.prefeitura.sp.gov.br/

Como já foi citado, as Antigas Oficinas da Sociedade Anônima Casa Vanorden é tombada integralmente e seu entorno permite a construção de novas edificações até 25 metros de altura. Porém não é o que vemos em sua área envoltória:

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Figura 38 Vista aérea da região

Área de estudo

Fonte: Google Maps

O bairro de gabaritos predominante até 3 pavimentos, que valorizava ainda mais as antigas chaminés das industrias que ali ocupavam, hoje passa por um processo de verticalização e podemos verificar diversos edifícios novos, que apesar de trazer novos moradores, empregos, e outras vantagens, apagou um pedaço da história do bairro e hoje contrataste com as tantas edificações antigas e fabricas abandonada. Segue abaixo trecho da RESOLUÇÃO Nº 14/2007, que determina o tombamento do imóvel em questão: “Artigo 1º - TOMBAR o conjunto das edificações localizadas no perímetro formadopela Rua Borges de Figueiredo, Rua Monsenhor João Felipo, Avenida Presidente Wilson e Viaduto São Carlos (Setor 028, Quadra 046), bairro da Mooca, Subprefeituras da Mooca e da Sé, a seguir identificadas: 1. Antigas Officinas da Sociedade Anônima Casa Vanorden, situada na rua Monsenhor João Felipo nº 01 (Setor 028, Quadra 046, Lote 0049), com as seguintes diretrizes:

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Figura 39 Linhas de metrô e trem no bairro da Mooca Fonte: Operação Urbana Consorciada Bairros do Tamanduateí

Área de Estudo

a) Preservação integral do conjunto de dezessete galpões modulares que fazem frente para a rua Borges de Figueiredo e do antigo escritório na esquina da rua Borges de Figueiredo com rua Monsenhor João Felipo (edifício 1), incluindo os remanescentes de seu sistema construtivo, como estruturas, tesouras, coberturas, alvenarias, envasaduras e caixilhos; Artigo 2º - O gabarito máximo permitido para novas construções, reformas ou ampliações dentro dos limites dos lotes tombados será definido caso a caso, desde que não exceda o limite máximo de até 25 (vinte e cinco) metros de altura, de maneira a manter as referências na paisagem tanto das chaminés remanescentes, quanto das construções tombadas de maior porte, tal como o moinho de trigo dos antigos Grandes Moinhos Minetti Gamba. Parágrafo Primeiro - Fica definida como diretriz de preservação a integridade, em todos os lotes, dos conjuntos arquitetônicos onde se situavam as docas de embarque e desembarque de mercadorias, bem como os ramais ferroviários em cota inferior, procedendo eventualmente a sua recuperação e remoção de construções anexadas e muros que cercam a via férrea dos conjuntos industriais. Parágrafo Segundo - Fica definida como diretriz geral de preservação, em qualquer intervenção nos lotes, o respeito à característica de conjunto destas unidades fabris e de armazenamento, bem como da volumetria adequada à ambiência de todo o conjunto arquitetônico tombado.”

3.5 Mobilidade urbana A Mooca está localizada em um eixo importante na mobilidade Norte-Sul da cidade de São Paulo e possui uma grande oferta de transporte público. Nossa área de estudo está ao lado da estação da Mooca, linha 10 turquesa da CPTM, está a menos de 2km de distância da estação de metrô Bresser Mooca, linha vermelha e 1.5km de distância da estação Ana Neri do expresso Tiradentes. Além dessas opções para chegar ao local de estudo, ainda existe a projeção da criação da linha 6 laranja de metro, que irá cruzar a região facilitando a mobilidade da região.

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A região ainda conta com uma boa oferta de ônibus, e para o local de estudo existem paradas a partir de 100m de distância.

Área de estudo

Figura 40 paradas de ônibus no entorno da estação da Mooca Fonte: caderno Operação consorciada Mooca - Vila carioca

A facilidade de mobilidade na região foi fator importante na decisão do local do projeto.

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3.6 Condicionantes Ambientais A Mooca é um bairro com alta densidade e pouca área verde. O que provoca na região temperaturas de 30º a 33º na superfície das edificadas, causado também pelo acumulo de poluição que não se dissipa da área, transformando a área em uma ilha de calor.

Figura 41 Ilha de calor da Mooca Fonte: Caderno Operação Consorciada Mooca - Vila Carioca

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Em relação a nossa área de estudo e a posição solar e ventos dominantes:

Figura 42 Cobertura da área de estudo Fonte: Google Maps / Organização: Autora/2016

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3.7 Dados econômicos A intenção da proposta para esse projeto é atender toda a população de São Paulo, mas para justificar a escolha pelo bairro da Mooca podemos analisar os dados abaixo que conferem com os dados de estudos no capitulo I.

Figura 43 Dados socioeconômicos Fontes: Secretaria Municipal de Planejamento Urbano/PMSP

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A idade dos morados, seu grau de escolaridade e até mesmo a renda acima da média dos moradores em relação a cidade, está dentro do perfil de usuários de coworking.

Figura 44 Dados socioeconômicos Fontes: Secretaria Municipal de Planejamento Urbano/PMSP

Figura 45 Dados socioeconômicos Fontes: Secretaria Municipal de Planejamento Urbano/PMSP

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Nos dados abaixo, podemos verificar que o setor que mais gera emprego na região é o setor de serviços, que em geral, é a área de atuação dos coworkers no Brasil e no mundo. Verificamos ainda, que as pequenas empresas com até 4 funcionários são mais de 60% das empresas existentes no bairro. Esses dados são de 2004, e levando em consideração as mudanças que aconteceram no bairro e na economia do pais nos últimos 12 anos, acredita-se que esses número possam ser ainda Área de Estudo maiores e mais atrativos para a implantação de um espaço de trabalho compartilhado na região. Outra informação importante é referente a Operação Mooca-Vila Carioca também propõe a criação de setores para a intervenção criando polos. Nossa área de estudo se encontra no setor de Polo Cultural de Entretenimento e ao lado do Polo Produtivo de Negócios.

Figura 46 Mapa de Setores de Intervenção Propostas Fonte: Caderno Operação Urbana

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Em pesquisa é possível notar que o uso de espaços existentes com caráter histórico nos grandes centros no mundo todo, para a criação de espaços de trabalho compartilhado e colaborativo, é uma realidade. Afim de promover a sustentabilidade e a preservação dos padrões arquitetônicos da região, é possível encontrar diversos espaços de coworking em antigas casas, armazéns e até fabricas, aonde o novo uso tecnológico contrasta com sua estrutura física antiga. The Icehouse é um escritório de coworking localizado em Auckland/Nova Zelandia. O espaço foi criado pelo escritório SpaceWorks no último andar de uma antiga fábrica têxtil da década de 20 ao lado da St. Georges Bay Road.

Figura 47 The Icehouse – Auckland Coworking Offices Fonte: (http://officesnapshots.com/2015/07/02/the-icehouse-auckland-coworking-offices/)

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4. CONCEPÇÃ

4.1 Referências projetuais


O espaço é próximo de bares, restaurantes, auto estrada, e sua cobertura permite a entrada de luz natural abundante, tornando o espaço aberto arejado e confortável. É composto por áreas de convívio e trabalho informal, espaços de trabalho fechado, salas para reuniões via Skype, sete salas de reuniões de diferentes tamanhos. A cozinha/copa no núcleo do espaço promove a interação entre os usuários. Também possui área de recepção, armazenamento e áreas básicas que promovem o bom funcionamento do espaço. The Dock é um espaço de coworking localizado em Londres. Sua estrutura ocupa uma antiga Doca, que já foi uma das maiores do mundo, atualmente tombada em grau 1. A estrutura impressionante foi reaproveitada com escritórios de plano aberto, salas de reuniões, espaços de eventos e instalações de arte, incluindo chuveiros e cozinhas totalmente equipadas. Tudo isso sem interferir nos elementos originais da edificação. The Dock está em uma localização estratégica, próximo a várias opções de transporte e acessos.

Figura 48 The Dock – London Coworking Offices Fonte: (http://officesnapshots.com/2015/12/03/dock-london-coworking-offices/)

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4.1.1 Campus Google São Paulo Localização: Rua Coronel Oscar Porto, 70 - Paraíso - São Paulo (500m da estação de metrô Brigadeiro) Autor do Projeto: SuperLimão Studio (reforma) Data de conclusão: Junho/2016 Dados Técnicos: 2.600m² O prédio de alvenaria e pano de vidro com 6 pavimentos foi reformado pelo escritório SuperLimão Studio para abrigar o primeiro Campus Google da América Latina.

Figura 49 Fachada Campus Google São Paulo Fonte: Google Street View

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O objetivo do espaço é receber empreendedores, investidores e startups em um ambiente preparado para o trabalho colaborativo. Basta realizar um cadastro no site do campus e se tornar um membro para usufruir gratuitamente da infraestrutura dos dois últimos pavimentos do prédio. Algumas empresas passam por uma seleção para o programa de residência do Campus, aonde podem usufruir de toda infraestrutura do Campus, ter acesso a rede de dados do Google e até apoio de outras empresas para o desenvolvimento de novas tecnologias pelo período de 6 meses. O prédio conta com um estacionamento no nível -2, e bicicletário e vestiário no nível -1. No térreo além da recepção existe um auditório com capacidade para 100 pessoas.

Figura 50 Auditório Google Campus São Paulo. Fonte: (ARQBACANA, 2016)

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Os três primeiros pavimentos são destinados a espaços de coworking com mais de 150 estações de trabalho e salas de reuniões temáticas representando festividades que acontecem na cidade de São Paulo. Todo o projeto de interiores mistura metal, pedra e madeira, e tons de verde e cinza estão sempre presentes no Campus como forma de homenagem a cidade. “É uma mancha cinza crescendo nos arredores verdes de São Paulo. Na cidade, em qualquer rachadura no concreto, começa a nascer uma planta”, comenta Lula Gouveia, um dos arquitetos responsáveis pelo projeto. (FREE THE ESSENCE, 2016)

Já no quarto pavimento existe o escritório do Campus, salas de aula e espaço para eventos, e no hall de acesso mais uma homenagem a cidade, aonde as luminárias imitam a linha ferroviária.

Figura 51 Salas de Reuniões temáticas. Fonte: (ARQBACANA, 2016)

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Figura 52 Hall de acesso 4º Pavimento Fonte: (ARQBACANA, 2016)

O programa do quinto pavimento, de acesso livre e gratuito aos membros cadastrados, conta com área de trabalho, área do silencio para aqueles que precisam de concentração para realizar suas tarefas, sala de jogos e área de café. O sexto e último pavimento conta com mais uma área de café e terraço que pode ser utilizado tanto como área de estar como espaço de trabalho. A transposição entre os pavimentos pode ser realizado por escada ou elevador e de acordo com os desenvolvedores do projeto, todos os espaços são acessíveis a deficientes.

Figura 53 Áreas do quinto pavimento Fonte: (ARQBACANA, 2016)

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4.1.2 Container City Localização: Trinity Buoy Wharf, Região portuária de Docklands- Londres Autor do Projeto: Container City ™ / Nicholas Lacey Architects Data de conclusão: Container City I - 2001 / Container City II - 2002 Dados Técnicos: Container City I - 4.800m² / Container City II - 8.208m² Construído com 80% de material reciclado, Container City é um conjunto de apartamento e salas comerciais ícone da construção em containers. Construído em 5 meses Container City I possuía inicialmente 3 pavimentos apoiados em uma sapata de concreto com um total de 15 containers para uso residencial, porem com a alta procura foi acrescentado o quarto pavimento para uso misto. No ano seguinte surge o Container City II, apoiado em pilares da própria estrutura, os containers são empilhados de forma irregular e pintados com cores vibrantes para abrigar 22 apartamentos de uso misto. Para isso os containers foram reformados e equipados para depois serem transportados ao terreno, aonde são empilhados e conectados uns aos outros através de um engate. Sua pintura externa garante proteção contra ferrugem e janelas e portas possuem caixilharia especial para a vedação dos ambientes.

Figura 54 Container City I e II Fonte: (CONTAINER CITY, s.d.)

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Seu interior recebe revestimentos apropriados para o isolamento térmico, garantindo o conforto necessários para se viver dentro de um container.

Figura 55 Interior de uma unidade do Container City I Fonte: (CONTAINER CITY, s.d.)

Container City I e II são ligados por uma passarela e no eixo dessa passarela se encontram duas torres revestidas em container, uma para a escada e outra para o elevadores. Essa ligação é coberta por uma membrada tencionada.

Figura 56 Ilustração da montagem de Container City I e II Fonte: (CONTAINER CITY, s.d.)

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4.1.3 Hostel La Buena Vida Localização: México D.F., México Autor do Projeto: ARCO Arquitectura Contemporánea Data de conclusão: 2011 Dados Técnicos: 360 m² / Estrutura em concreto

Figura 57 Fachada do Hostel La Buena Vida Fonte: (ARCHDAILY, 2012)

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Com sua fachada sobressalente com cores e texturas, o prédio de 5 andares chama a atenção na rua Mazatlán em uma região valorizada na cidade do México. No nível da rua um pequeno lobby recepciona os futuros hospedes. A escada reta leva ao primeiro pavimento e continua para o segundo aonde outra escada continua a transposição dos níveis.

escada 1

Quartos

cozinha e deposito

Banheiro

escada 2

lavanderia

lounge

Terraço

Figura 57 Planta do primeiro ao quarto nível Fonte: (ARCHDAILY, 2012) Organização: Mayara Alice Zambon

No primeiro, segundo e terceiro pavimento o hostel conta com oito quartos totalizando 48 camas em beliches. Cada quarto com capacidade de 4 a 10 camas com banheiro integrado. Cada leito possui um armário locker que possibilita guardar e trancar os pertences dos hospedes com segurança. No segundo pavimento ainda há uma pequena lavanderia para uso dos hospedes. O último pavimento é a área comum do hostel, finalizando o programa com cozinha comunitária, um lougue com tv, espaço para uso de computador e um terraço. Para o projeto de interiores do hostel foi adotado cores vibrantes e elementos que representam a cultura do pais, como as caveiras mexicanas, criando uma atmosfera marcante para seus hospedes.

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4.2 Organograma e Fluxograma

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4.3 Programa de Necessidades

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4.4 Técnicas Construtivas Foram idealizados no projeto a utilização das seguintes técnicas para seu desenvolvimento: Retrofit nos galpões e prédio administrativo das Antigas Oficinas da Casa Vanorden, adaptando o espaço ao seu novo uso e exigências técnicas. Construção em Container estruturado em plataforma sob pilotis em estrutura metálica, aonde antes de encontravam os galpões da RFFSA. Nessa área do terreno também revitaliza-se o solo criando novas áreas verdes e permeáveis. Apenas as fachadas da antiga siderúrgica são mantidas, mas também passando por um restauro para salientar suas características originais. Alvenaria estrutural para caixa da escada e comércios do térreo. O Drywall é um elemento construtivo bastante presente no projeto, permitindo a vedação e divisão dos ambientes sem sobrecarregar a estrutura dos containers e permitindo a reversibilidade do bem tombado. 4.5 Processo Criativo Após a escolha do terreno surge a ideia de se projetar anexo ao bem tombado dois edifícios em estrutura metálica e vidro, com a intenção de manter uma linguagem visual preservando a memória arquitetônica do local.

Figura 59 Primeiro croqui Fonte: Mayara Alice Zambon

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A intensão de propor uma solução construtiva mais limpa e sustentável ganha força e em busca de referências e tendências contemporâneas o uso de containers passa a ser considerado já nas ideias iniciais.

Figura 60 Ideias iniciais Fonte: Mayara Alice Zambon

Com a planta do terreno em mãos e tendo conhecimento dos seus 8000m², manter o galpão da antiga siderúrgica da RFFSA passa a ser uma opção para alocar um programa mais complexo com áreas comerciais na travessia do lote entre a estação da Mooca, a nova edificação e os galpões da antiga oficina Casa Vanorden.

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Figura 61 Setorização inicial do terreno Fonte: Mayara Alice Zambon

Estudando referencias e formas de se trabalhar com o container na construção percebe-se que a sua modulação permite a criação de conexões em vários pontos de sua estrutura, o que permiti a concepção de um desenho assimétrico.

Figura 62 Modulação dos containers Fonte: Mayara Alice Zambon

A partir desse estudo se projeta os pavimentos, sendo o superior espelhado do inferior, criando uma forma inorgânica de cheios e vazios.

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Figura 63 Volumetria Fonte: Mayara Alice Zambon

O balanço criado gera uma incerteza de estabilidade e se faz necessário buscar uma solução que mantenha a forma atrativa e garanta segurança ao projeto. Utiliza-se então containers menores para apoiar o avanço dos pavimentos superiores e com isso cria-se novos espaços ao programa.

Figura 64 Volumetria revisada Fonte: Mayara Alice Zambon

A forma muda de configuração partindo da ideia de se ter um projeto com maior visibilidade e aproveitamento do terreno. Os blocos são desmembrados e alocados em perspectivas no terreno. O térreo passa a ser usado para o comercio e da antiga siderúrgica aproveita-se apenas as fachadas conforme veremos no projeto final.

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5. PROJET

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ES CA

Ó MO Figura 65 Implantação Fonte: Mayara Alice Zambon

IMPLANTAÇÃO

0

25

50

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Figura 66 Rua Borges de Figueiredo Fonte: Mayara Alice Zambon

Figura 67 Rua Monsenhor Jose Felipo Fonte: Mayara Alice Zambon

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Figura 67 Acesso estação Mooca Fonte: Mayara Alice Zambon

Figura 68 Fonte: Mayara Alice Zambon

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Figura 69 Fonte: Mayara Alice Zambon

Figura 70 Fonte: Mayara Alice Zambon

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Figura 71 Fonte: Mayara Alice Zambon

Figura 72 Fonte: Mayara Alice Zambon

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Figura 73 Fonte: Mayara Alice Zambon

Figura 74 Fonte: Mayara Alice Zambon

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6. CONCLUSÃ

Vivemos na época do ecologicamente correto, do economicamente viável, do socialmente justo e a colaboração e a interação entre as pessoas é o novo item de luxo que muitos buscam. O coworking e o hostel humanizam ainda mais as experiência cotidianas e a aproximação entre as pessoas. O desenvolvimento desse trabalho final de graduação trouxe uma mudança na percepção de que a sustentabilidade vai muito além da ecologia, e o uso consciente de matérias e espaços é uma necessidade para redução de recursos em diversas áreas. Os 3 R’s da sustentabilidade podem ser aplicados no objetivo desse projeto, que buscou reutilizar um espaço já existente e de valor histórico, reduzir o consumo ao propor espaços compartilhados de trabalho e reciclar utilizando containers na construção. Dar um novo uso e tornar um bem tombado público gera visibilidade e garante um novo olhar para os antigos galpões da era industrial. E contrastando com a memória arquitetônica o programa trás o reflexo de uma nova revolução tecnológica e social que busca compartilhar conhecimentos e experiências. O uso de containers para abrigar boa parte desse programa complementa a ideia de que algo antigo pode ter uma nova função. Essa nova função para esse antigo material pode ser a solução para diversas questões que os arquitetos devem buscar. Um container pode se tornar uma clínica itinerante para atender áreas com pouco recurso e populações carentes. A facilidade de transportar esse material pode resultar na criação de abrigos emergenciais para áreas afetadas por qualquer tipo de catástrofe. A rapidez que se pode construir e a redução de resíduos em obras realizadas com esse material é um atrativo que vem conquistando espaço no mercado, sendo uma solução até para obras públicas que buscam novas tecnologias para a construção civil. A arquitetura tem papel fundamental na qualidade de vida que os ambientes podem proporcionar, humanizando espaços, encurtando distancias entre lugares e pessoas, amplificando o conforto do dia a dia. Quando se está em um lugar pensado para o bem estar de todos, o bom desempenho nas atividades que o ambiente propõem é o resultado de um projeto criado para pessoas.


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA

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