Revista Brasileira de Cordel

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O Caso Isabella, a morte da menina que foi jogada provavelmente pelos pais do sexto andar de um edifício em São Paulo, o Caso de João Hélio, o menino que morreu arrastado em um carro por marginais no Rio de Janeiro, tudo vira folheto de Cordel com uma velocidade impressionante. Estamos na praça com a segunda edição do livro Lula na Literatura de Cordel. São mais de duzentos folhetos que falam direta ou indiretamente em Lula, um presidente que ainda está governando. No livro catalogamos nada menos que 110 deles, de vários estados do Brasil. As editoras estão trabalhando uma nova fase da Literatura de Cordel, trata-se do Cordelivro, que se constitui na edição de folhetos de Cordel em forma de livros, ilustrados, muitas vezes até com um belíssimo casa-

As formas poeticas do cordel e do repente nordestinos vao surgindo em novos estilos musicais, enriquecendo o rap, o rock, o hip hop, a MPB

mento entre Cordel e Quadrinhos, um antigo sonho do pesquisador José Maria Luythen que começa a se concretizar. Dezenas de projetos que levam a Literatura de Cordel à sal de aula podem ser encontrados em todos os estados nordestinos, e ainda em São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Goiás, estados do Norte para onde milhões de nordestinos migraram arrastando a saudade da terrinha “sofrida, mas boa”. As formas poéticas do cordel e do repente nordestinos vão surgindo em novos estilos musicais, enriquecendo o rap, o rock, o hip hop, a MPB; o cordel tem Artigo | 17

hoje uma presença marcante no Teatro, na Literatura, no Cinema e nas artes visuais, inclusive um peso fortíssimo dos versos, das toadas e das xilogravuras no marketing. A agregação de valor ao produto “poema de cordel” cresce a cada dia, além do cordelivro, há uma forte indústria de produção e venda de CDs, de DVDs, de caixinhas de cordéis, de displays com coleções para venda ou servindo de mostruário, camisetas com versos e xilogravuras, livros com coletâneas de poemas e poetas. E há uma impressionante produção de monografias e te-

ses acadêmicas sobre a Literatura de Cordel. A publicação de folhetos acelerou nos últimos cinco anos com o surgimento de editoras como A Tupinankyn em Fortaleza, a Queima-bucha em Mossoró, a Casa do Cordel em Natal, um Sebo em João Pessoa, Manoel Monteiro na Paraíba, a Coqueiro e a Unicordel em Recife, a ABLC No Rio de Janeiro, a volta da Editora Luzeiro e a chegada da Editora Novo Horizonte em São Paulo, além de várias editoras empresariais que estão entrando no ramo do Cordel por verem nele um nicho promissor. Revista Brasileira de Literatura de Cordel


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