Renovação - Nº 1

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BRINCAR É URGENTE! ALEMBERG QUINDINS


EDITORIAL A Revista Renovação é uma publicação coletiva sobre as comemorações dos 26 anos da Fundação Casa Grande (FCG). Foi pensada e produzida a várias mãos e muitas energias por estudantes da Universidade Federal do Ceará, dos cursos de Publicidade e Propaganda e de Sistemas e Mídias Digitais em parceria com as crianças e jovens da Fundação Casa Grande. A equipe participou ainda da cobertura colaborativa das atividades comemorativas, produzindo textos, fotos e vídeos para as redes sociais e para o site da da FCG. Trata-se de um exercício de colocar em palavras e imagens o que foi o período de imersão que vivenciamos de 13 a 20.12.18. Foram momentos de convivência intensa, de conversas à mesa nas pousadas domiciliares, de brincadeiras inusitadas no pavilhão, de trocas de sorrisos, de encontros e naturalmente, de muito trabalho. Os registros dessas vivências afetuosas estão nas páginas a seguir. Ótima leitura!



RENOVA AÇÃO Melhorar, aprimorar, aperfeiçoar. O termo “Renovação” está associado ao ato ou efeito de renovar, seja substituindo algo velho por novo, trazendo de volta para sua forma e aparência original ou retomando algo interrompido. Normalmente se tem a noção de renovação como algo físico, referindo-se ao repaginamento de algo concreto e não abstrato. Neste caso indicando o conserto de móveis, ambientes, objetos. Porém pode-se levar seu significado a novos alcances, trazendo um conceito mais simbólico, emocional, ou espiritual. Somos tomados por expectativas e anseios. O desejo de mudança, de deixar para trás erros e arrependimentos, e começar de novo, sempre esperando pelo melhor. A palavra “Renovação” possui um significado mais que especial para todos da Fundação Casa Grande. O termo referencia o aniversário da casa, assim como o momento de ornamentação que celebra o Sagrado Coração de Jesus. Um período especial com rituais que celebram não apenas a renovação estética da casa, mas também as energias de todos que a integram.

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(RE)PINTANDO A PÁGINA DO TEMPO A pintura da Fundação Casa Grande começou como um simples ato de renovar o aspecto visual da casa para a realização da renovação do coração de Jesus. Até que no ano de 1998 as crianças e jovens da casa grande assumiram o compromisso da pintura e incluíram no ritual de preparação da casa para a festa da renovação. Após quase duas décadas essa atividade se transformou num processo de apropriação e empoderamento possibilitando a construção coletiva de um projeto de gestão social onde as crianças e jovens da fundação são os protagonistas da construção desse processo onde na convivência vai se construindo e transmitindo a tecnologia social do saber. A construção da tecnologia social regada de autonomia e confiança reforça a identidade das pessoas que estão inseridas nesse processo, e dessa forma o ritual de pintura da casa grande é utilizada como uma ferramenta pedagógica, onde todas as pessoas são inseridas. A metodologia utilizada se dá através de uma abordagem bem orgânica e coletiva, onde são realizadas reuniões e oficinas para cada etapa de realização da pintura, para que se possa promover a construção coletiva do saber. São criadas planilhas com fracionamento de área edificada de acordo com a paleta de cores e tipo de material utilizado, planilhas com divisão de tarefas de acordo com o horário escolar e dos horários de atividades fixas tais como programa de rádio e recepção no museu, essas planilhas além de proporcionar um aspecto de organização cria também uma oportunidade de formação de coordenadores de espaço, pessoas e atividades fazendo assim um paralelo com a gestão dos demais espaços e atividades da Fundação. O principal resultado é a apropriação do espaço, o fortalecimento da identidade e da criação de uma cultura coletiva que se transforma num ritual sagrado que transforma a Fundação num lugar gerador de bem estar para as pessoas em seu entorno. Conclui-se que a manutenção e o fortalecimento desse processo de forma coletiva e integradora trabalhado desde a infância contribui significativamente para a construção de cidadãos cada vez mais conscientes de sua função social. Texto: João Paulo Marôpo


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ORNAMENTAÇÃO DAS FLORES A primeira sala da casa é guardada pelo Coração de Jesus e Maria e pelo santo de devoção da dona da casa. Santa Bárbara foi escolhida como a que protege e zela pela Fundação Casa Grande. Flores de papel cuidadosamente feitas à mão por floristas da região são usadas para a decoração do altar, no dia 18, um dia antes da Renovação. O ato celebra a fé popular.

HASTEAMENTO DA BANDEIRA A manhã do dia 19 começa com o hasteamento da bandeira da Casa Grande. A meninada e os convidados se reúnem para cantar o hino da Fundação, a composição Essa Casa, de Moraes Moreira.

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ENTREGA DE UNIFORME

Um dos momentos mais esperados da Renovação é a entrega dos uniformes para as crianças que ao longo do ano demonstraram comprometimento com a realização das atividades. Passar a usar a camiseta branca com a logomarca do Memorial do Homem Kariri, a calça e os tênis vermelhos têm um sentido muito especial para quem passa a ser um menino ou uma menina da Fundação Casa Grande.

CORTEJOS O cortejos dos grupos de tradição acontecem no dia 19 à tarde. Cada grupo percorre as ruas da cidade e entra na sala do Coração de Jesus para fazer suas preces e reverenciar o altar com o Coração de Jesus e Maria, Santa Bárbara e Padre Cícero..

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O BOL PARAB

No final do dia, a comunidade para a Casa Grande e para Al de fazerem aniversรกrio no di casaram nesta data. Um bolo convidados e a festa segue com


LO DE BÉNS

se junta para cantar parabéns lemberg e Rosiane, que além ia 19 de dezembro, também o enorme é dividido para os m um animado forró pé de serra.

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FUNDAÇÃO CASA GRANDE Era uma vez uma casa azul no meio do sertão, a Fundação Casa Grande. Localizada em Nova Olinda/CE, é uma instituição não governamental e sem fins lucrativos, que realiza e proporciona atividades que envolvem crianças e jovens de todas as idades. A vivência e o aprendizado das crianças em gestão institucional é decorrente de cinco programas da fundação: Educação Infantil, Profissionalização dos jovens, Empreendedorismo Social, Geração de renda familiar e Sustentabilidade Institucional. A Casa Grande, uma das primeiras edificações que deu origem à cidade de Nova Olinda, completa 26 anos de existência em 2018. Programas como o Memorial do Homem Kariri, a Casa Grande FM, o Teatro Violeta Arraes - Engenho de Artes Cênicas, a TV Casa Grande, as Bibliotecas de Pesquisa e Literatura Infantil, a Gibiteca, a DVDteca e o Turismo Comunitário, com lojinha de artesanato e cantina regional, são espaços de aprendizado tanto para as crianças quanto para os visitantes. Por esses e tantos outros motivos, a Fundação é bastante visitada por pessoas do Brasil inteiro, professores, alunos, pesquisadores e pessoas interessadas em produções culturais, artísticas e históricas. Tudo isso é gerenciado, pensado e produzido por crianças, são elas que cuidam dos espaços e fazem toda a dinâmica da casa funcionar.


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O Memorial do Homem Kariri expõe um acervo arqueológico e mitológico da Chapada do Araripe, um patrimônio material e imaterial da região. Através da arqueologia social inclusiva, trabalha a formação de recepcionistas mirins.

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Formada por um acervo de mais de 1.500 CD’s e vinis, o acervo musical é composto de várias partes do mundo e também raridades. Os visitantes podem ter acesso ao acervo.

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A biblioteca da Casa Grande dispõe de um acervo diverso com um catálogo de mais de 2.000 livros de literatura infanto-juvenil atendendo desde a pesquisa escolar a assuntos técnicos profissionais.

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O Teatro Violeta Arraes Engenho de Artes Cênicas é uma espaço para formação de platéia e gestores culturais nas áreas de direção e produção de espetáculos. O espaço exibe semanalmente espetáculos nas áreas de música, dança, cineclube e teatro.

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A Casa Grande FM, 104.9, é uma rádio comunitária com programação musical diversificada feita por crianças e jovens, tocando desde o forró pé de serra à MPB, passando ainda pelo jazz, blues e instrumental.

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Tem o objetivo de fomentar, difundir e consolidar o ensino, a pesquisa e extensão na área da arqueologia. Uma parceria entre a Fundação Casa Grande, o Curso de Arqueologia da Universidade Federal do Piauí e a Universidade Regional do Cariri (URCA).

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Dispõe de um acervo com mais de 2.200 títulos de filmes, de gêneros variados, tais como documentários, musicais e animações. Disponibiliza em prateleiras, organizadas pela nacionalidade dos diretores, os filmes podem ser vistos no Teatro e no cineclube.

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Para aproximar cinema e literatura, a GIBITECA forma gestores e leitores através de um acervo em catálogo com mais de 4.700 títulos diversos disponíveis a qualquer pessoa.

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Funciona como um estúdio de produção audiovisual que compõe a série documental “100 CANAL” e que vai ao ar antes dos espetáculos no Teatro Violeta Arraes e no canal do Youtube da casa.

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TURISMO COMUNITÁRIO O convite que a Agência de Turismo Comunitário faz é para descobrir o Cariri, suas paisagens e suas gentes. No roteiro, trilhas que levam ao encontro da natureza e de histórias de vida que marcarão para sempre o imaginário dos visitantes. É conhecer e se encantar!

NOVA OLINDA Fundação Casa Grande O visitante pode interagir com as crianças e jovens da casa, fazendo atividades lúdicas nos laboratórios de conteúdo e criação, podendo também propor atividades dentro de sua formação e vivências.

Museu Casa de Antônio Jeremias Antônio Jeremias Pereira, responsável pela ascensão política de Nova Olinda, tem sua história contada junto a da cidade através do grande acervo de mobília e objetos pessoais além de documentos importantes sobre a história do município.

Museu do Ciclo do Couro - Memorial do Ciclo do Couro O Museu conta a história de Espedito Seleiro junto das histórias de tradição do couro na região do Cariri. Ao lado do museu está a lojinha de venda dos produtos com a marca Espedito Seleiro.

Agrofloresta Zé Artur Sítio do senhor Zé Artur é referência na região porque combina produção agrícola de modo sustentável e preservação ambiental.

Dona Dinha das Redes Dona Dinha representa o ciclo do algodão, uma tradição de 56 anos na produção de rede feitas em tear manual.

POTENGI Museu Casa do Mestre Antônio Luiz A casa do Mestre Antônio Luiz conta a cultura do Reisado de Couro da região do Cariri e a história do sítio onde ele nasceu e se criou. Essa tradição que vem desde 1930 na família do mestre.

Museu Oficina do Mestre Françuli Mestre Françuli é quem dá nome ao museu do avião. Desde pequeno era apaixonado por aviões e ainda criança construiu pequenas aeronaves. O mestre conta com um grande acervo de aeronaves criadas por ele mesmo em materiais como flandre e zinco.

CRATO Floresta Nacional do Araripe A Floresta Nacional do Araripe-Apodi, mais conhecida como FLONA Araripe, é uma unidade de conservação brasileira situada na chapada do Araripe. É um dos últimos redutos da Mata Atlântico.


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SANTANA DO CARIRI Vale dos Buritis - Comunidade dos Azedos Localizado no sopé da Chapada do Araripe e banhado por todas as nascentes, no Vale dos Buritis é onde são produzidos muitos produtos como óleo de babaçu, doce e suco do buriti.

Museu de Paleontologia O Museu de Paleontologia Plácido Cidade Nuvens abriga um grande acervo de fósseis e recebe visitantes de vários lugares, tanto para apreciação, quanto para pesquisas.

Pontal da Santa Cruz O Geossítio Pontal da Santa Cruz dá acesso ao topo da Chapada do Araripe. É possível subir a trilha que leva até a Capela e a Grande Cruz, que, segundo a crença popular, serve para proteger de assombrações que habitavam aquele local.

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ASSARÉ Memorial Patativa do Assaré O Memorial Patativa, um majestoso e antigo casarão que abriga o acervo pessoal e produções feitas pelo poeta.

Serra de Santana É uma das elevações mais importante de Assaré onde fica a casa que morou a família e o poeta Patativa do Assaré.

EXU Museu de Luiz Gonzaga O Museu é dedicado à vida e à carreira de Luiz Gonzaga. Tem a maior coleção de peças originais do músico e funciona no espaço onde era a casa da fazenda do Rei do Baião.

Fazenda Araripe A 12 quilômetros de Exu, uma estradinha de areia e cascalho, envolta de caatinga seca, leva ao local onde Luiz Gonzaga nasceu, a Fazenda Araripe.

JUAZEIRO DO NORTE Centro de Artesanato Mestre Noza Escultor, artesão, xilógrafo e santeiro imaginário, os trabalhos de Mestre Noza participam de várias exposições no Brasil. Hoje, o Centro de Artesanato Mestre Noza além de reunir obras de vários artistas, também é um ponto turístico.

Horto de Padre Cícero Acidente geográfico mais importante de Juazeiro, apresenta uma visão panorâmica de todo o vale do Cariri e a Chapada do Araripe. Lá se encontra o Casarão e o Museu vivo do Padre Cícero, além de lojinhas de artesanatos.

Gráfica de Cordel e Xilogravura Lira Nordestina Chegou a ser uma das editoras mais importantes do Brasil no ramo da literatura de cordel e atualmente é reconhecida pelo Ministério da Cultura como ponto de cultura.

POUSADAS COMUNITÁRIAS São suítes localizadas nos quintais da casas dos pais das crianças da Casa Grande. Cada pousada tem suíte com ar-condicionado e oferece, para conforto do hóspede, jogos de cama e banho, frigobar, TV, DVD, Wi-Fi e aparelho de som. As três refeições estão incluídas na diária. Atualmente estão em funcionamento 10 pousadas na zona urbana e 2 na zona rural.

BARBALHA Casario das ruas de Barbalha O casario de Barbalha se destaca pela bela arquitetura, presente em mais 20 ruas da cidade formando um valioso centro histórico.

Engenho de Rapadura No engenho de rapadura é possível provar dos deliciosos produtos fabricados de cana de açúcar e ver como são feitos, assim como era no Brasil colonial.


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MUSEUS ORGÂNICOS Os Museus Orgânicos nascem a partir da ação da Fundação Casa Grande na construção de outros espaços de memória local e geram benefício social e comunitário por possibilitar a difusão da história, a preservação do patrimônio e das riquezas da região do Cariri, além de fomentar o turismo comunitário na região. A idéia surge em 2014, quando data a criação e inauguração do Museu do Ciclo do Couro - Memorial Espedito Seleiro. De lá pra cá, outros museus nasceram em Nova Olinda e no Cariri: Museu Casa de Antonio Jeremias em Nova Olinda, Museu Casa do Mestre Antônio Luiz e o Museu Oficina do Mestre Françuili na cidade de Potengi.

Os museus são histórias acontecendo, salas transformadas em museus, objetos do dia a dia sendo expostos e mestres tendo a oportunidade de contar suas histórias junto com suas famílias. São pontos de conteúdo no território, casas e acervos que estão sendo ressignificados, musealizados e compartilhados com a comunidade com a filosofia de ser construído coletivamente com os moradores das casas, musealizando conteúdos locais, agregando valor cultural ao lugar, montado com preço justo e abordando os assuntos do território, possibilitando a difusão da história, patrimônio e memória de um povo. Fabiana Barbosa



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FORMAÇÕES MEMORIAL DO HOMEM KARIRI O Memorial do Homem Kariri foi criado em 19 de dezembro de 1992 por Alemberg e Rosiane, como um espaço de formação e educação para crianças e adultos da região do Cariri. Atualmente, recebe cerca de 60 mil visitantes por ano ambém é base para o funcionamento da Casa Grande, tendo como principal fonte de pesquisa, estudo e aprendizado a arqueologia social inclusiva, onde são catalogados e preservados os materiais. O Memorial resgata e preserva a história do homem do vale do Cariri, e expõe um acervo doado por moradores da região. Esse acervo contém peças líticas e cerâmicas, lendas ilustradas pelas crianças e fotografias.

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SÍTIO SANTA FÉ No Sítio Arqueológico Santa Fé, localizado na Chapada do Araripe, existem vários desenhos iconográficos, que serviram tanto para representar cenas do dia a dia, quanto para representar a vegetação e a sua espiritualidade. Esse sítio vem sendo pesquisado e estudado desde a década de 1980 e um dos primeiros trabalhos desenvolvidos sobre o espaço foi feito pela Dra. Rosiane Limaverde. O trabalho dela foi uma tentativa de identificar os grupos gráficos que habitaram a região e que, possivelmente, realizaram os registros. Durante a pesquisa, a arqueóloga chegou a conclusão de que a vertente norte da chapada foi o local onde esses grupos se depararam primeiramente. Acredita-se que o local tem os registros rupestres mais antigos da região. Embora não seja datado, o sítio possui elementos gráficos que se assemelham com o Sítio Olho D’água de Santa Bárbara que foi datado em 3 mil e cem anos, a partir de pesquisas também realizadas pela Dra. Rosiane. A partir desse estudo, foi possível perceber que a ocupação humana na Chapada do Araripe se deu há mais de 3 mil e cem anos. Nessa época os homens pré-históricos já produziam a arte rupestre, através de pinturas e gravuras. Os problemas de conservação dos registros gráficos do sítio estimularam Heloísa Bitú a realizar uma pesquisa voltada para a documentação desses materiais, visando um amplo projeto de intervenção no local. O Sítio Santa Fé foi e tem sido escolhido para tratar de assuntos sobre a importância da pesquisa arqueológica na região do Cariri.

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Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Arqueologia Social Inclusiva A especialização de Arqueologia Social Inclusiva foi realizada em parceria com a Universidade Regional do Cariri, o Instituto de Arqueologia do Cariri e a Fundação Casa Grande, tendo como base a educação patrimonial. O curso tem como apoiadores o GeoPark Araripe, a Universidade Federal do Piauí e a Universidade de Coimbra - Portugal, através do Centro de Arqueologia, Artes e Ciências do Patrimônio. Parte dos trabalhos de conclusão da primeira turma do Curso de Especialização foi apresentada no período de 14 a 16.12. Para participar da especialização, há alguns prérequisitos, como Graduação em Ciências Humanas, Ciências Sociais, Ciências Biológicas e outras áreas afins da Arqueologia. A duração do curso foi de 20 meses, com 360 horas de aulas divididas em disciplinas teóricas, práticas de campo e estágio em laboratório, com aulas presenciais, nos dias de sábado e domingo no Instituto de Arqueologia do Cariri, sediado na Fundação Casa Grande, em Nova Olinda - CE. Vale ressaltar alguns trabalhos de conclusão de curso, como o da aluna Lis Cordeiro, intitulado “Proposta de estruturação,

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acesso e gestão social inclusiva do patrimônio arqueológico do Sítio Santa Fé, Crato CE”, orientado pela Prof. Heloísa Bitú, Dra. Conceição Lage e Me. Agnelo Queirós. O trabalho do aluno Ronald Tavares, intitulado “A influência Jesuítica na Configuração do Espaço da Vila de Aquiraz: Achegas da Arqueologia da Paisagem”, também merece destaque. Orientado pela Dra. Ana Luisa Lage, Me. Everaldo Dourado e Me. Agnelo. A aluna Nayara Monteiro, pesquisou sobre “Saberes da terra: as práticas de rezadeiras e erveiras do Cariri cearense no olhar da arqueologia social inclusiva”, orientada pela Dra. Ana Luisa Lage, Dr. ngelo Corrêa e Me. Agnelo Queirós.


II Encontro de Artes, Ciências e Patrimônio O II Encontro de Artes, Ciência e Patrimônio aconteceu no período de 14 a 18 de Dezembro de 2018 na Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri. Gratuita e aberta ao público em geral, a programação diversificada reuniu pesquisadores, alunos de ensino superior e demais visitantes. Segundo Heloísa Bitú, professora do curso de especialização, o objetivo do encontro é reunir pesquisadores de Artes, Ciência e Patrimônio para apresentar projetos que estão sendo desenvolvidos na região do Cariri. O encontro ocorreu em conjunto com o encerramento do curso de de Especialização em Arqueologia Social Inclusiva, além da comemoração de aniversário da Fundação.

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ALEMBERG QUINDINS A gente não vê o tempo passar quando a conversa é com Alemberg Quindins, fundador, junto com a arqueóloga Rosiane Limaverde, da Fundação Casa Grande - Memorial do Homem Kariri. Músico de formação popular e historiador autodidata, Alemberg coleciona títulos em reconhecimento à sua atuação. O mais recente, o título de Doutor Honoris Causa, foi concedido durante as comemorações dos 26 anos da Casa Grande, em dezembro de 2018. As histórias que divertem e emocionam nos ensinam sobre os tempos idos da Chapada do Araripe, sobre a riqueza ancestral do povo Kariri e sobre as ações que a Casa Grande empreende junto às crianças e adolescentes em Nova Olinda desde 1992. Atualmente dividindo o tempo como Gerente de Cultura do Sesc Rio de Janeiro e os afazeres no Cariri, Alemberg sentou no chão, tirou as sandálias de couro e conversou por quase duas horas com a equipe de estudantes da UFC. Os melhores momentos dessa conversa juntamente com um texto de uma amiga de longa data homenageando sua titulação podem ser conferidos a seguir.

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Alemberg: É de uma grande felicidade receber vocês aqui na Fundação. É muito importante essa relação capital-interior, principalmente no Brasil, com uma extensão territorial tão grande. A capital é a vitrine do nosso território, mas é no interior de cada região que de fato vemos suas características que a tornam tão singulares e especiais.

A FUNDAÇÃO CASA GRANDE ESTÁ COMPLETANDO 26 ANOS. AO LONGO DESSES ANOS, COMO VOCÊ ENTENDE A CONTRIBUIÇÃO DA CASA GRANDE PARA A INFÂNCIA ? Alemberg: A contribuição da Fundação para com a infância é fazer com que ela seja reconhecida como uma fase produtiva da criança. Aqui, desde pequeno, você pode ser um diretor de museu de arqueologia. Levamos a ciência para a infância, tornando-a acessível aos diversos jovens que frequentam nosso espaço. Queremos fazer os adultos se curvarem diante às crianças e não com que as crianças apenas olhem sempre “para cima”.

E COMO A FUNDAÇÃO CONTRIBUI COM OS VISITANTES? Alemberg: Contribui através da interação. Daí surge a ideia de um local interativo. A Casa Grande não é uma escola, mas sim um espaço. Escola tem uma forma definida, tem paredes que a fecham. O espaço não, ele tem horizonte. Desde o primeiro momento que você entra em contato com o ambiente, você já interage com as crianças, marcando a vida delas e permitindo que elas marquem a de vocês. Cada pessoa que passa por aqui é capaz de nos mudar. Conversando com Bia Bedran, compositora de músicas infantis, ouvi dela “Alemberg, quero agradecer por vocês tocarem minhas músicas na rádio da Fundação”, respondi “Eu que agradeço por fazer músicas para nossos meninos, caso você não fizesse, o que estaríamos tocando?”. Cada visitante nos impacta e nos muda em diferentes formas e sentidos.

O QUE OU QUEM TE INSPIRA?

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Alemberg: Inspiração para mim é isso, percepção. Perceber nosso território. Aqui na Fundação não trabalhamos com uma metodologia específica, mas sim com a percepção das crianças. Se temos uma percepção apurada, compreendemos melhor qualquer literatura que se venha a ler, por exemplo.


COMO É PARA VOCÊ RECEBER O TÍTULO DE DOUTOR HONORIS CAUSA DA URCA? Alemberg: A titulação de Dr. Honoris Causa não é apenas minha, mas sim da Fundação. Vejo como um reconhecimento de tudo o que vem sendo desenvolvido aqui dentro e que pode ser aproveitada na academia. Espero que esse espaço sempre seja aberto para que todos possam vir interagir, pesquisar, crescer. Aqui abrimos a porta para a pesquisa mútua, entre fonte e pesquisador.

QUAL O SENTIDO DA RENOVAÇÃO EM SI PARA A CASA GRANDE? QUAL SEU SIGNIFICADO? Alemberg: Vocês sabem quem é o matuto? Não? (risos). O matuto é ligado aonde ele mora. Quando ele casa, ele constrói sua moradia para viver. A mulher da família introduz o Coração de Jesus e o Coração de Maria na parede da primeira sala da residência, local sagrado. O ato simboliza a primeira festa, que se chama entronizar o Coração de Jesus. Festa onde a religiosidade e cultura popular se reúnem. A mulher é quem escolhe qual será a santa de devoção da casa. Roseane escolheu Santa Bárbara, que é ligada a mitologia da Mãe d’Água. No ano seguinte, na mesma data que ocorreu a entronização do Coração de Jesus, temos a sua renovação, onde são renovados os votos que foram feitos no ano anterior. Votos de casamento, de compromisso que foram firmados entre o casal. O que vocês vão viver aqui é essa festa. Vocês irão participar de uma Renovação do Coração de Jesus. Vocês verão as crianças pintando os espaços da casa, preparando-a para um novo ano. No fim, participarão do ritual de ornamentação das flores ao altar, feito pelas mulheres.

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GOSTARÍAMOS DE SABER COMO FOI E COMO TEM SIDO PASSAR TODO ESSE RITUAL SEM A PRESENÇA FÍSICA DE ROSIANE. Alemberg: Para mim isso ainda é muito novo (risos). Vai fazer 2 anos desde que Rosiane fez a passagem. Ela já estava com câncer em estado avançado quando ela chegou até mim e disse: “Alemberg, sonhei que morria e que essa festa era nossa (risos). Vai ser tipo essa romaria do Padre Cícero. Vi que eu tinha morrido porque as pessoas não me viam, mas ao chegar no oratório, eu via meu corpo”. Ela estava falando da festa de Renovação. Ela estava lá. Isso também foi um ritual, um ritual do seu sonho que eu pude cumprir. Se você notar, de forma bem discreta, há um pequeno tijolo onde tem o dia, o ano e a hora em que ela fez a passagem, está sacramentado lá. Fiz um poema chamado “A Linha que nos Separa”, porque Rosiane fez a passagem segurando minha mão lá em nossa casa. Ela havia pedido para retornar para casa quando viu que não tinha mais forças, então a trouxe e passei duas semanas com ela, tocando músicas em nosso violão. Músicas que marcaram nossa vida, nosso namoro, nosso casamento. Certo momento notei que seu coração, sua respiração foram caindo. Notei que ela estava na linha de passagem e vi que ali ela teve medo. Ali vi que qualquer um pode temer essa relação entre a vida e a morte. Quando vi que ela estava temerosa, comecei a cantar uma música que ela tanto gostava. Senti que seu coração começou a serenar, então ela finalmente realizou sua passagem. No mesmo momento pude ver tantos pássaros rondando pela nossa casa, uma diversidade que nunca vi, ao mesmo tempo em que uma chuva fina caia. Foi um momento tão bonito, que ali eu compreendi o que significa a palavra êxtase. A Casa Grande é um espaço que não se enquadra em pedagogia, mas que se encaixa no ciclo da vida. Essa nossa noção de 26 anos é muito pequena diante disso tudo. Naquele momento cumpri uma missão com ela. Na celebração desse ano irei passar minhas alianças aos meus dois filhos para que ambos também tenham um casamento feliz. Para mim, essa ação representa o fim de um ciclo.

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ALEMBERG QUINDINS HERDEIRO DO BASTÃO ENCANTADO DOS KARIRI DR. HONORIS CAUSA PELA UNIVERSIDADE REGIONAL DO CARIRI - URCA Ao fundo apercebem-se os sons que daqui a pouco inundarão a Casa. São e uns e outros, e outros e aqueles mais os que se vão abeirando. Uma criança corre; estampada no rosto, uma azáfama de emoções. O dia chegou. Tudo foi preparado para o receber. O dia. Todos acorrem ao dia. Os sons fazem-se nítidos e a luz inunda a Morada. Daqui a pouco tudo começa. Na porta haverão de crescer os gestos de renovação, as palavras de adoração e os sentimentos individuais de um coletivo em comunhão. A música que vinha silabicamente aparecendo entoa-se agora forte; é bem nítido que são os sons do chão que germinou o povo. E o povo já chegou; agora mesmo. Todo ele, cresce em adoração e canta. A azáfama do rosto da criança deu lugar a olhos bem abertos, atentos; a tudo! Ninguém está só, fala ela para o pequeno que à espera e se deixa estar encostado á janela atento para ver o azul da casa abrir-se em branco mágico moldado pela luz; a luz do dia. Olhando aqui de longe é o tempo em festa, em procissão rumo ao futuro; levando guardada a herança de uma terra que se abre em esplendor. É o povo em harmonia com o seu meio; é a terra a festejar sem adjetivos para descrever a lógica do encontro. Olhando aqui de longe há uns olhinhos à espreita, bem vejo que são aqueles que tomaram lugar num livro: o lugar de curioso que acompanha o crescer de uma região e de um povo . Esses mesmo, os do bando de meninos que desde há duas décadas partilharam com um casal de músicos pesquisadores uma experiência de vida; esses, os eternos e “primeiros pequenos condutores que espontaneamente guiavam casa adentro visitantes que ali chegavam mostrando-lhes o

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acervo arqueológico, contando-lhes as lendas e recriando os mitos do povo Kariri. Nessa Casa, Casa Grande, que o casal de músicos encontrou em ruínas, e onde buscou a sua história, procurando conciliar, entender e decodificar o conteúdo simbólico de uma casa centenária que continha, além das paredes, muitas memórias. A “Casa Grande”, ou a “Casa Velha” como foi chamada durante muito tempo pelos habitantes de Nova Olinda povoada de mal-assombros, de fantasmas do passado, era um lugar/ símbolo, e nessa abrangência, igualmente pública, compartilhada por todos e forjada por intermédio de edificantes significados ao longo do tempo. Aí mesmo na frente, estão esses das histórias, os Kariri, que nos sons da banda cabaçal estendem seu espaço sagrado e na pedra da Batateira fazem convergir toda a mitologia do Araripe. Mas está também o sertão, encantado e. encantador, o sertão de António Maranhão com essa mania de sair sem se despedir. E é pela mão de António Maranhão, da Cabocla Artemísia, Dona Toínha Rezadeira e outros que chegamos aos lugares encantados do Kariri, que hoje aqui se reúnem em festa. Imortalizados em livro pela mão de Rosiane e segundo ela, a Rosiane, o outro membro do casal de músicos, mostrados à vida por Alemberg Quindins, que registado por ela em livro é o “herdeiro do bastão encantado dos kariri. O herdeiro da alegria das cantorias de Neco Trajano, o herdeiro de Padim Rera, o tio avô que contava histórias de trancoso no terreiro da Casa Grande, o herdeiro legítimo de Antônio Maranhão (o tio Antônio) e de muitos outros contadores de histórias do vale encantado da Chapada do Araripe. O herdeiro dos caboucos.


E hoje, ao receber a honra de um título académico são todos os que construíram essa herança que se achegam aqui. Porque, “Alemberg não frequentou mais do que a 8a Série Ginasial (9o ano do Ensino Fundamental). A sua sabedoria é nata, provém da herança do talento, da criatividade e do povo caboclo do qual é remanescente (lembrando que Neco Trajano era procedente dos caboclos do sopé da serra dos Azedos – sovaco de Serra da Chapada do Araripe, em Santana do Cariri). Quando perguntam de onde veio tudo isso, Alemberg responde: dos Sonhos de Criança”. E, por isso, que estão também aqui as crianças, porque Nova Olinda “tornou-se a cidade das crianças. A Casa Grande tornou-se uma Casa a cuidar do Patrimônio da Chapada do Araripe” e para que. se cumpra que “Essa é uma história que não tem fim. Assim como não tem fim a utopia, o amor, o sonho. Ouvindo daqui de longe, parece até o som do caminhar no caminho dos boiadeiros, mas, às vezes, parecem os sons das pinturas que adornam a Chapada, as quais marcam os tempos da mitologia e tecem o gênio do lugar. Mas, bem sei que é o povo e, daqui, de longe me tento encontrar com esse olhar admirado, o olhar sobre o universo dos mitos e das narrativas dos contadores de histórias do sertão do Cariri que, quando pretéritas, foram ritualizadas nas imagens pictóricas dos sítios de Arte Rupestre. Aí mesmo junto à cena estão todos, agora atentos. E é assim mesmo que deve ser porque é na poética de um espaço encantado que a Casa se fez a morada do mito e das lendas indígenas do povo Kariri. E agora que estamos aqui, somos os seus moradores e Os moradores dela são na verdade moradores de todos o tempos, desde que o lago se fez mar e o mar se fez chapada. Quando o homem gravou no arenito a sua história, assinalando sua passagem, (ou permanência?), o espaço se fez encanto e habitou entre nós. Hoje, Alemberg, já sabe que a força das águas do lago encantado dos Kariri inundaria o sertão de encantamento, revelando em

cada pedra encantada, a identidade de um povo e é por isso que ao receber este reconhecimento para si bem sabe que é em cada pedra encantada que o verte. Cheguei á casa com essas palavras, que genialmente escreveu num livro que lhe deu um título. Foi com a personalidade de uma habitante do tempo e do espaço e também como uma detentora da memória dos mitos e dos povos da Chapada, que, da Casa, surgiu o assunto do patrimônio, primeiro sendo ela própria o objeto arqueológico da sua própria restauração para abrigar a novidade de um Museu que valorizou os cacos de louça indígena encontrados nos roçados dos sertanejos, as descobertas das nascentes tapadas pelos índios,, as pedras de corisco e os letreiros das Pedras Encantadas, dos talhados do Araripe. Para que se completasse o ciclo trouxe Alemberg, pelas palavras tomadas de emprestado a Rosiane, e nas palavras de um para outro e deles para todos nós eu encontrasse a razão justa do reconhecimento que os títulos académicos conferem. Ao transportar essas palavras encontreime perdida no encanto do povo que eles promovem e percebi que, então, bem vi, a escola da vida do povo é, sem dúvida, merecedora de título. Não há machado que corte a raiz ao pensamento/porque é livre como o vento. porque é livre como o vento/porque é livre. É por essa liberdade de reconhecer o pensamento, que estamos na presença de um ato maior, de um momento único. Tão grande quanto os olhos curiosos de todas as crianças do mundo, onde quer que seja que o seu povo encantado viva.

Ao fundo ouvem-se sons de música.....

Maria da Conceição Lopes PhD Archaeology CEAACP—FCT Unit of Research Coordinator University of Coimbra Member of The World Heritage Committee

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MODA, CULTURA E ARTE CONTRIBUEM PARA O DESENVOLVIMENTO LOCAL Meninos e meninas da Casa Grande vão criando novos projetos à medida que crescem, em um movimento natural de descoberta do seu potencial criativo. Foi o que aconteceu com o trabalho autoral com a moda. Suelânia Sousa planejou com todos os detalhes a criação da Modus Cariri, marca dedicada a camisetas. Desenhou, pesquisou materiais e fornecedores e em 2015, lançou a coleção Paisagens do Interior. A produção foi vendida na Lojinha da Casa Grande e também pela internet. Depois veio a coleção Coures e Suelânia concluiu o curso de Administração apresentando como TCC o case da Modus Cariri. O trabalho com moda foi se ampliando com a criação da loja Ritus, onde comercializa moda casual, com destaque para moda feminina. O trabalho de Suelânia inspirou outros jovens da FCG, como Fabiana Barbosa e Filipe Alves que, já no desfile de 25 anos da Casa Grande, em 2017, se juntaram à Suelânia e apresentaram as coleções de camisetas Tempo de Brincar e Santa Fé - História Gravada no Tempo, respectivamente. A produção de arte e moda na região do Cariri é bastante ativa. Com uma cultura local rica e presente em diversas áreas, os artistas buscam inspiração nas mais variadas belezas regionais.

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DESFILE Para as comemorações do 26º aniversário da Fundação, os artistas Filipe Alves, Diquinha Costa, Safira Rosa e Fabiana Barbosa prepararam coleções inéditas. No desfile de 2018 foram apresentadas as coleções de camisetas Alemberg Quindins (Fabiana Barbosa e Safira Rosa), Reis do Cariri (Filipe Alves) e as saias e blusas bordadas à mão por Diquinha Costa. É o segundo ano em que o desfile entra na programação de aniversário da Fundação. Em 2017, na primeira edição foram apresentadas seis coleções inéditas. Os desfiles de 2016 e 2017 contaram com a participação de voluntários que atuaram como modelos ou como participantes da organização do evento. Todas as peças apresentadas durante o desfile foram disponibilizadas para compra e entraram no catálogo de peças da lojinha da Fundação. PRESENÇA ESPECIAL A Coleção Alemberg Quindins foi feita a quatro mãos por Fabiana Barbosa e por Safira Rosa, designer pernambucana. A aproximação com a FCG começou quando ela ainda era estudante de graduação em Design na Universidade Regional do Vale do São Francisco e resolveu pesquisar para o TCC os elementos estéticos da Fundação Casa Grande. A pesquisa, aprovada com louvor, resultou em alguns produtos criados usando imagens relacionadas ao Memorial do Homem-Kariri, tais como mouse pad, cadernetas no estilo moleskine e carteiras de papel.

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LOJINHA E VENDEDORES Logo na entrada da Fundação há uma lojinha com diversos produtos produzidos por membros, amigos e familiares dos jovens da Casa. Os produtos são os mais variados, desde camisetas das mais diferentes estampas e cores, até cadernos, chaveiros e outras lembranças menores. Parte do lucro gerado pela venda dos produtos é usado na manutenção do espaço físico da loja, outra parte é destinada diretamente aos artistas criadores da peça.

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CULINÁRIA RESTAURANTE DA CASA GRANDE A Fundação conta com um restaurante próprio onde diariamente são servidas refeições não apenas para os membros da casa, mas também a todo o público da região que estiver interessado em provar as delícias preparadas por lá. No dia a dia, a demanda é bem grande e normalmente se intensifica durante as comemorações que acontecem dentro da casa. Durante a festa de Renovação os pais das crianças da casa são convidados a participarem da preparação do almoço ou jantar que são servidos a todos no local.

O cardápio é bem variado e inspirado na culinária regional do Cariri. Segundo Meirivan, coordenadora da cozinha, o restaurante da casa já conseguiu conquistar diversos clientes. Os mais fiéis costumam inclusive sugerir pratos para a equipe ou até mesmo se servirem dentro da cozinha, junto às próprias panelas.

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CAFÉ VIOLETA

CAFÉ CULTURAL

Com funcionamento nos finais de semana, o Café Violeta é uma ótima opção para para aquele cafezinho tradicional ou mais incrementado. Iguarias como tapiocas, sanduíches e bolos são ótimas opções para um lanche rápido em ambiente agradável e com música de qualidade.

O Café Cultural é uma ótima pedida para experimentar as massas caseiras do chef Júnior Lima. A casa oferece ainda boas opções de pizza.

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RENOVAR

JUAZEIRO DO NORTE - CE

SÁO PAU

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SAFIRA ROSA


RAM-SE

UNIFOR

ULO - SP

JÚLIA LABAKI

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COMO FOI A EXPERIÊNCIA? Andrea Pinheiro Professora

Uma semana em Nova Olinda e a gente se transforma. Somos envolvidas pela energia que paira sobre a Chapada e nos conecta com a ancestralidade do povo Kariri. O sentimento é de gratidão profunda pela vida e pela forte rede de afetos que se irradia dessa linda Casa Azul.

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Mailca Marques Publicidade e Propaganda

Meu único pensamento quando saio da Casa Grande é: “quando a gente volta?”. Estar lá é viver tudo com muita intensidade e ao mesmo tempo com a leveza de uma criança. Eu me entrego até o último momento, aprendo, ajudo, trabalho e me divirto muito. É incrível, não vejo a hora de voltar!


Caio Costa

Gabriel Coelho

Inara Rochelly

Lucas Monteiro

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Depois de tudo o que vivi e senti na Casa Grande, no meio de muito trabalho e experiências únicas, voltarei para Fortaleza com muito mais bagagem do que trouxe. Levarei comigo a nova paixão pela fotografia e todos os momentos bons que fizeram me sentir criança outra vez.

Depois de tanto ouvir falar das celebrações de aniversário da Fundação, finalmente tive a oportunidade de me juntar a esse evento lindo e cheio de significados. Estarei sempre aberto a voltar para a Fundação e colaborar novamente no que for necessário na divulgação deste espaço mágico.

Foi uma experiência incrível e revigorante. Voltei de lá com novas formas de ver minha profissão e minha vida pessoal. A sensação é de que partículas emocionais minhas ainda pertencem a cada criança daquelas, assim como as delas ajudaram na minha construção humana.

As crianças, o ambiente, a forma como tudo acontece aqui é maravilhoso. Não tenho palavras para descrever a energia que esse lugar passa, sou transportado para outra dimensão. Durante todos os dias que passei aqui tudo que queria era viver intensamente cada momento.

Mateus Lima

Raissa dos Santos

Thayanne Matos

Vitória Facundo

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Finalmente conheci a Casa Grande, suas estruturas, sua alma, suas crianças e toda sua capacidade de transformação. No fim de tudo, modifiquei a casa de alguma maneira em igual proporção que a mesma me modificou. Grato por toda a experiência..

A experiência aqui foi massa. É muito especial se sentir parte dessa família. A saudade bate antes mesmo de partir. Fazer um trabalho sobre algo tão importante para eles foi enriquecedor. Espero sempre voltar para contribuir com essa história assim como eles contribuíram para a minha.

Uma experiência l i t e r a l m e n t e renovadora. Uma vivência única e especial. São tantas coisas na Casa que uma semana é pouco. Em cada canto uma história, uma memória, uma criança incrível e um clima maravilhoso. Cheguei à Casa cheia de expectativas e voltei de lá mais encantada.

A vivência foi intensa e diversificada e nos transbordou colaboração, afetos e conhecimentos. Nos renovou. Mais uma vez, abri minha mente e meu coração para registrar e se entregar aos festejos de mais um ano dessa Casa encantada, até o último segundo.


Expediente Renovação é uma publicação anual da Fundação Casa Grande - Memorial do Homem-Kariri em parceria com a Universidade Federal do Ceará através do projeto “Na terra de crianças e adolescentes: Expedição interdisciplinar 26 anos da Fundação Casa Grande”. Equipe do projeto “Na terra de crianças e adolescentes: Expedição interdisciplinar 26 anos da Fundação Casa Grande”: Caio Emanuel, Gabriel Nascimento, Inara Ferreira, Lucas Monteiro, Mailca Marques, Mateus Lima, Raissa dos Santos, Thayanne Matos e Vitória Facundo. Coordenação: Andrea Pinheiro. Fotos: Caio Emanuel, Inara Ferreira, Lucas Monteiro, Mailca Marques, Mateus Lima, Raíssa Santos, Thayanne Matos, Vitória Facundo, Júlia Labaki, Letícia Diniz, Kelvi Dias e Aglécio Dias. Esta revista foi desenhada usando recursos do Freepik. com Textos: Caio Emanuel, Gabriel Nascimento, Inara Ferreira, João Paulo Marôpo, Lucas Monteiro, Mailca Marques, Mateus Lima, Raíssa Santos, Thayanne Matos e Vitória Facundo.

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Projeto gráfico: Mateus Lima e Raissa dos Santos

Jornalista responsável: Andrea Pinheiro MTB CE00993




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