REGISTRO DO PROGRAMA LIBERDADE DE EXPRESSÃO VOL. I

Page 1

REGISTRO DO PROGRAMA LIBERDADE DE EXPRESSテグ NA TV PERNAMBUCANA VOL I Maristela Farias - 2013


Miguel Farias e Joao Miguel


MIGUEL FARIAS, UM HOMEM MARCADO PELA VIDA E PARA A LUTA

Quis prestar esta homenagem ao Miguel Farias, entregando a ele todo o material fotografado e postado em blogs (blogger, estúdio livre.org) e outros por aí que deixei de pesquisar e me limitei apenas aos citados. O trabalho foi feito sem nenhuma pretensão até porque naquela oportunidade a internet prá mim era apenas uma forma de arquivar dados e no meu entendimento era unicamente para esse fim, daí não me propus a criar um livro, mas registros de um trabalho que à época precisava ser feito. Daí que utilizei na elaboração dos blogs e agora deste registro, pesquisas que realizei junto com Miguel, para estudarmos os assuntos que seriam debatidos em cada programa. Os DVDs com as gravações estão guardados e merecem que tenhamos um cuidado especial, para que sejam o documento de cada programa e, principalmente de cada protagonista desse registro. Nem todos os programas estão aqui. Alguns nem foram fotografados ou registrados, muitas vezes por falta de equipamentos, os mais básicos, e que algumas vezes faltavam. Nunca imaginei que este mundo de “arquivamento” de ideias e de fotos e de pequenas/grandes lembranças se transformasse nesse grande universo onde pessoas e ideias se encontram e desencontram de uma forma completamente incrível. Todo o trabalho que fizemos e que agora nos tem servido para essa compilação, foi feito de uma forma tão, mas tão amadora que algumas fotos nem deveriam constar desse documento de um trabalho realizado com tanta tenacidade e coragem como o que Miguel enfrentou durante as produções dos programas, chegando ao absurdo de alguém perguntar se ele iria ter a roupa adequada para ancorar os programas. Quando fui analisar todo o material que estava espalhado nesse mundo especial da internet, percebi determinados números que nos levaram num todo, a mais de 200.000 pessoas visitantes. O que significava aquilo? Pensei e disse a mim mesma: alcançamos esse número de visitas além daqueles que estavam à frente da TV e que eram nossos companheiros fieis e que nos acolhiam em suas casas. Algo fizemos que nos propiciou alcançar tanto em tão curto espaço de tempo, tratando de assuntos nunca dantes colocado com tanta verdade frente às câmeras. Falamos sobre Cultura, sobre Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, sobre a Comunidade LGBT, Religiões de Matriz Africana, Poesia, Cordel, a Presença do Negro na Tela, a Questão de Mulher Negra e outros tantos assuntos jamais colocados de forma tão aberta pelos protagonistas que sempre estiveram presentes em nossos debates. As duas TVs pelas quais passamos não olhavam estes assuntos com bons olhos, não eram comerciais e eram esclarecedores de que a sociedade estava em ebulição e que muitos estavam travando ações transformadoras e que tudo isso precisava ser mostrado. Sentimos e sofremos preconceito? Sim... Como a TV, mesmo sendo educativa ou pública poderia aceitar esse tipo de discussão com mulheres e homens negros vestidos com a dignidade que sua cultura lhes demandava, como aceitar gays, lésbicas e pessoas preocupadas em aceitar e fazer com que outros aceitassem as diferenças se expressassem e falassem de suas lutas e de seus desejos? Como uma TV, mesmo educativa ou pública poderia permitir que pessoas negras falassem de suas crenças, de suas religiões, de preconceito quando elas estavam ali, naquele debate e estavam diante de uma máquina preconceituosa. Estou dizendo máquina, erradamente porque os dirigentes daquelas máquinas é que traziam arraigados consigo o sentimento do preconceito contra nós, de poucos recursos financeiros e muita capacidade de entendimento das lutas que se travavam na surdina e contra nossos convidados/debatedores de todas as classes sociais e que se orgulhavam de suas escolhas e de suas vidas. Maristela Farias Produtora DRT 1778 PE


CANTO DO HOMEM MARCADO Joaquim Cardoso Que sou um homem ferido no olhar ... E que trago, bem viva, entre as nódoas do mundo, A mancha do meu país natal.

Sou um homem marcado ... Em país ocupado Pelo estrangeiro. Sou marinheiro Desembarcado; Marcho na bruma das madrugadas; MasTrago das águas A substância Da claridade. DA CLARIDADE! Sou o indefinido, O inesperado Viajante da tarde nua, Que uma dor augusta comoveu ...

Sou um homem manchado de sombra No sonho, no sangue, no olhar, Sou um homem marcado ... Em país ocupado Pelo estrangeiro. Mas esta marca temerária Entre a cinza das estrelas Há de um dia se apagar! Por isso é que me amparo às mãos dispersas da noite ... E pelos pés difusos do vento é que marcho Na bruma das madrugadas ... Trazendo das águas a substância Da claridade E um cheiro manso De manhã fria ...

Tudo a renuncia, Tudo O que eu conservo De altivo e puro, Sob o meu manto adormeceu.

Oh! Soledade! Oh! Harmonia!

Em outros tempos e antigos Plantei alfaces, vendi craveiros, Fui hortelão, fui jardineiro; E a escura terra ... Terra Dos meus canteiros, Sempre arqueava o dorso Ao gesto amigo De minha mão. Hoje provo, na boca, um desgosto, Hoje tenho, no sangue, um sinal Que não foi e não é das algemas Da prisão da Vida, Nem do jugo da Terra, Nem do pecado original. Muito bem sei, senhores, Que sou um sonho cravado na morte,

Maristela Farias Caruaru/PE fevereiro 2013


A POESIA NA CENA PERNAMBUCANA POESIA E POETAS “O POETA É UM FINGIDOR” ( Fernando Pessoa) Para comemorar o dia do poeta, que foi comemorado em Recife nos dias 16 a 26 de agosto, quando foram homenageados os poetas Clarice Lispector, Erickson Lima e Francisco Espinhara, Miguel Farias convidou para o Programa Liberdade de Expressão, Miguel Farias e convidou Tarcísio Pereira, Diretor da Livro Rápido, Jair, um Poeta do Submundo, o poeta Lara e o cantor, compositor e o artista plástico Jor Santana


Segundo Tarcísio Pereira “Se escrever é um ato solitário, a sua publicação exige que se percorra um longo caminho, no qual é preciso a mão amiga de uma editora”. Tarcísio Pereira, diretor da Livro Rápido, editora virtual que radicalizou o conceito de “do it yourself” no mercado pernambucano. “Essa coisa de guardar na gaveta já era. “Nossa editora é uma editora trampolim”. Alguns autores fazem 20, 30 exemplares e mandam para as grandes editoras ‘convencionais’”. É uma opção inteligente, já que, dessa forma, fica mais fácil para o editor visualizar o produto pronto e, assim, o “poder de fogo” do autor. Quanto ao modus operandi para quem quiser se arriscar por essa seara, Tarcísio dá a receita: “O autor traz o trabalho e a Livro Rápido atua em termos de diagramação apresentação, capa, orelhas, ficha catalográfica, ISBN, código barra, etc. Nós não colocamos em livraria, mas ajudamos os autores a colocar. Nosso lado comercial é principalmente através do site. Quem diz o preço do livro é o autor. A editora fica com 10%, mais os custos de produção. Nessa etapa, o autor não investe nada”, afirma.* Nota:Tarcísio Pereira foi o criador da Livro Sete, Nos tempos sombrios da Ditadura Militar, a efervescência cultural da cidade tinha endereço certo. O espaço de liberdade e resistência consolidado na rua Sete de Setembro, fechou e deixou saudade. Tarcísio acolhi artistas, intelectuais e não, incentivava seus empregados que lessem e até preparava rsumos de livros para que os conhecessem. realmente deixou saudades.


Zé Luís Miranda, Lara, nasceu em Bom Conselho (Pernambuco) Quando “Lara” diz que é alterego de Zé Luís, ele está dizendo que é mais, muito mais, que um mero pseudônimo. Ele está querendo dizer que é um pedaço da personalidade de Zé Luís, da carne psíquica de Zé Luís, o funcionário público. Eu estou falando de bipolaridades dentro de multipolaridades dentro de ultracomplexidades dentro do insondável. Para bom entendedor, duas palavras bastam. Outra coisa: não se esforce para descobrir quem está narrando esta biografia íntima de “Lara”. Poderia ser um alguém qualquer, e poderia ser outro heterônimo de Zé Luís. Bom, esqueça isso, é muito complicado. Além do mais, não importa mesmo quem está narrando. Quando Zé Luís fala que tem dificuldade em trabalhar o seu lado mais racional, ele não está culpando “Lara”, um de seus heterônimos, ou melhor, seu alterego principal, por causa dos pendores saturninos /dionisíacos / místicos / abissais deste alterego. Ele, Zé Luís, está apenas querendo dizer que não é fácil pra ninguém lidar com abismos e pélagos desta envergadura. Já eu mesmo, quando olho para os dois, vejo dois polos que se complementam. Um, lidando com o lado mais racional-administrativo, necessário para as quantificações e tarefas do dia-a-dia. O outro, lidando com os abismos do inconsciente coletivo e pessoal, o que é necessário para os esforços de crescimento


RÉQUIEM BONCONSELHENSE

José Luís Miranda Vieira nasceu em Bom Conselho, Pernambuco, em 1960. Radicado no Recife desde 1979. Funcionário público federal. Agitador cultural, poeta e contista. Considera-se autodidata apesar de ter frequentado a universidade sem no entanto ter terminado o curso. Desde a sua chegada na capital Pernambucana, Lara caiu direto na vida cultural recifense a partir dos movimentos Varal Poético, da UFRPE – Universidade Federal Rural de Pernambuco - (1981/1986); Movimento de Escritores Independentes de Pernambuco (MEIPE, 1981/1988); Espaço Cultural Antrópofago (1991/2000). Desde então, é grande sua atuação em debates, recitais, publicações alternativas e coletâneas. Tem um modo personalíssimo de recitação, que fez e continua a fazer seguidores. Participou do filme Ninguém me Ama, ninguém me quer, ninguém me chama de Baudelaire, de Diego Mello e Pedro Saldanha e organizou, em parceria com Valmir Jordão, a Coletânea Poética Marginal Recife 5. É colunista do INTERPOÉTICA onde assina a coluna mensal Buraco de Minhoca e disponibilizou aos leitores nesse espaço virtual toda a sua produção literária publicada em livro, por acreditar que o conhecimento tem de ser distribuído e coletivo. Livros Escalpo, poesia - Edição independente, 2002; Boi de piranha (crônicas) - Edição independente, 2001; O amor é uma guerra (novela) - Edição independente, 2003; Mais vômitos e resenhas ao redor do umbigo (minicrônicas) - Edição independente, 2004; Contos sorumbáticos, desvarios poéticos e mais prosa confessional - Edição independente, 2006; Lixão – raspando o tacho (poemas) - Edição independente, 2008. articipação em coletânea: Movimento de Escritores Independentes de Pernambuco 1980/1988 (Organização Francisco Espinhara) – Edição do Autor, 2000;

Percorri outra vez tuas ruas como um sonâmbulo narcísico excessivamente ensimesmado, seguindo o rastro do egocentrismo interiorano de tuas cinderelas agrestinas e de tua gênese social que reproduz filhotes de supermachões e incrusta piedades diarreicas nos neurônios dos teus jovens profetas impregnados de timidez megalômana. Quem modificará o tutano do teu obscurantismo? Quem rezará a missa que salvará tua alma corrompida e entediante? Quem diluirá a ganância e a vaidade de tua Pequena-burguesia sub-provinciana? Quem cuidará da vida dos teus machos adoecidos pelo etanol? Desfilarei mais uma vez, para a delícia ótica de tua curiosidade fofoqueira, meus tumores psicológicos, inclusive essa autocomiseração das mais ridículas. Como poderei frequentar tuas casas sem farejar tuas pústulas? Eu, incuravelmente viciado nos teus bolos de milho, teus beijus de macaxeira, teus pobres monstrinhos que trocam sacos de cimento por votos nos novos coronéis. Eu, que senti as dores dos teus partos imundos quando ainda não me via como o mais doentio dos Peters Pans, quando ainda não sonhava com êxtases e samadisina tingíveis para mim, quando ainda não sonhava comida farta para todas as mesas. Eu, eu, eu, incuravelmente viciado e referenciado em ti,


Jair,um poeta do submundo,pai do Apoesis feto em pulmão tuberculoso. Jaz eu um inconhecível de mim dependurando pernas, mãos, palavras e mentes! Arregalando línguas na cara amarrada que me fita! Não estou em formação Nem teus gritos na maternidade se ouviram Aqui só espera hahahahahhahahhaha tudo em mim é isso, é vil! Morrer um conselho, meu que seja também fogo terra água ar! até que seja também os encontros provocados até te chorar como antes! Tua boca calada,mudez gritante. Vintes e tantas primaveras não são os bocados de eras para o começo da mão no lápis

“OBRA (IN)ACABADA” Estou pronto,acabado! Virei poesia esquecida. Virei manhã obra esgotada! Em mim as palavras dizem, a boca teima, esbofeteia, arranca! Em mim tudo isso é e nada habita meus devaneios. Estou no meio das coisas, mas não me estou ainda. que seja eu ensaios malinando bocas, retóricas em construções,


Jor Santana, cantor, comsitor, artista plástico Jor Santana lançou seu 1º cd em 2002 no formato Voz e Violão, cantando sucessos de barzinho. Seu 2º cd, intitulado “Nascente”, é totalmente autoral e inédito. O 3º cd, “Na Mira do Olhar”, fez uma mix de canções próprias e outras conhecidas nacionalmente. O 4º cd, reúne as melhores da música popular brasileira. O distrito da Zona da Mata pernambucana é inspiração para o cantor, compositor e artista plástico Jor Santana. Minha maçã, Na mira do olhar e Sede são composições autorais deste goianense que estreiam no Sons do Pernambuco.com. A carreira de Jor Santana começou nos anos 90, no interior. Até chegar na capital, Jor compôs e alimentou o amor pela MPB 10


A QUESTÃO DA MULHER NEGRA Em homenagem ao Dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe, foram convidadas Lúcia dos Prazeres, Presidente do Centro de Educação Popular Maria da Conceição, em Casa Amarela, Ilka Guedes, Pedagoga e Educadora do Projeto Cantando Histórias, Bárbara de Souza, do Coletivo de Jovens Feministas e Ceça Axé, Mestra em educação e Coordenadora do Ponto de Cultura Irôco, para discutir o tema: “A MULHER NEGRA E A RESISTÊNCIA DOS VALORES ÉTICOS E CULTURAIS” assunto que em pleno século XXI se apresenta cada vez mais vivo dentre as mulheres negras que vêm durante séculos resistindo como forma de defesa de seus valores éticos e culturais combatendo todas as formas de preconceito, inclusive religioso. 11


A MULHER NEGRA E A RESISTÊNCIA DOS VALORES ÉTICOS E CULTURAIS

A MULHER NEGRA E A RESISTÊNCIA DOS VALORES ÉTICOS E CULTURAIS No dia 25 de julho se comemora o dia da Mulher Negra da América Latina e do Caribe e o Programa Liberdade de Expressão tratou do assunto que em pleno século 21 se apresenta cada vez mais vivo dentre as mulheres negras que vêm durante séculos resistindo, como forma de defesa de seus valores éticos e culturais, resistindo a todas as formas de preconceito inclusive o religioso. Artigo da *Presidente da Fala Preta Organização de Mulheres Negras, Coordenadora de Articulação Política e Direitos Humanos, Membro do CNPIRConselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial, Fórum Nacional de Mulheres Negras/AMB e Membro do Conselho Editorial do Jornal Cidadania Ibase. Deisy Benedito Gerações de mulheres negras da América Latina e do Caribe sobreviveram, através da religiosidade, ao rigor da escravidão que foram vítimas nestes países. Com a abolição da escravatura nestes países, tinham a sua frente um novo desafio: resistir ao preconceito religioso e as inúmeras formas de discriminação provocadas pelo racismo, que foram combatidas através de várias formas de organização, como forma de resistência cultural e em defesa da continuidade de seus valores, éticos e culturais. No Brasil, na década de 30, é criada a Frente Negra Brasileira.

Em 16/09/1931, em São Paulo, esse movimento nasce da indignação de negros(as) abnegados(as), tendo como um dos seus objetivos a integração de negros no mercado de trabalho, o combate ao preconceito e a discriminação que eram vítimas. A Frente Negra Brasileira tinha seu departamento feminino, que era responsável pela alfabetização de homens negros e mulheres negras, crianças e jovens. Esta se constituiu em um movimento de caráter nacional com repercussão internacional sendo então extinta em 1938, pelo então Presidente Getulio Vargas, 50 anos após a Abolição. “A mulher negra sofre várias desvantagens sociais, por causa do seu despreparo cultural, por causa da pobreza, pela ausência adequada de educação profissional.” A Integração da Mulher de Cor na vida Social

Buscando sempre assegurar os direitos básicos e fundamentais para a pessoa humana - o acesso ao trabalho remunerado com dignidade, moradia, assistência à saúde adequada, respeito aos seus valores éticos sociais, culturais e morais - essa sempre foi à luta das mulheres negras no Brasil. Em 25 de julho de 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, em San Domingos, República Dominicana, estipulou-se que este dia seria o marco internacional da luta e da resistência da mulher negra na América Latina e no Caribe. 12


Desde então, muitas ONGs de Mulheres Negras têm atuado para consolidar e dar visibilidade a esta data, tendo em conta a condição de opressão de gênero e racial/étnica em que vivem essas mulheres, explícita em muitas situações cotidianas. Nesse sentido, cabe destacar a influência que este debate teve internamente, disponíveis nos documentos que foram apresentados como no Eco 92 - Conferencia de Meio Ambiente, no Rio de Janeiro, e na Conferencia de Direitos Humanos, de Viena em 1993. Essa luta permitiu, através de muita pressão e articulação com movimentos feministas antirracistas, que a discriminação racial sofrida pelas mulheres negras também fosse destacada na Conferência Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher de 1994, na Conferência de Populações do Cairo, na Declaração e na Plataforma de Ação de Pequim de 1995. A Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial – CERD é destinada a proteger e promover os grupos raciais, étnicos ou de origem nacional ameaçados ou historicamente prejudicados, e nestes grupos estão incluídas as mulheres negras. “A mulher negra sofre várias desvantagens sociais, por causa do seu despreparo cultural, por causa da pobreza, pela ausência adequada de educação profissional.” A discriminação racial e a violência são problemas sociais que atingem as mulheres negras e as impede de ter uma vida digna e de serem respeitadas como cidadãs.

Nas décadas de 60, 70 e nos anos 80, as mulheres negras no Brasil, tiveram um papel fundamental na Constituinte, propondo, intervindo de forma ativa no combate a discriminação no mercado de trabalho, na saúde e na educação Buscando sempre assegurar os direitos básicos e fundamentais para a pessoa humana - o acesso ao trabalho remunerado com dignidade, moradia, assistência à saúde adequada, respeito aos seus valores éticos sociais, culturais e morais - essa sempre foi à luta das mulheres negras no Brasil. Em 25 de julho de 1992, durante o I Encontro de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas, em San Domingos, República Dominicana, estipulou-se que este dia seria o marco internacional da luta e da resistência da mulher negra na América Latina e no Caribe. Desde então, muitas ONGs de Mulheres Negras têm atuado para consolidar e dar visibilidade a esta data, tendo em conta a condição de opressão de gênero e racial/étnica em que vivem essas mulheres, explícita em muitas situações cotidianas. Nesse sentido, cabe destacar a influência que este debate teve internamente, disponíveis nos documentos que foram apresentados como no Eco 92 - Conferencia de Meio Ambiente, no Rio de Janeiro, e na Conferencia de Direitos Humanos, de Viena em 1993. Essa luta permitiu, através de muita pressão e articulação com movimentos feministas antirracistas, que a discriminação racial sofrida pelas mulheres negras também fosse destacada na Conferência Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher de 1994, na Conferência de Populações do Cairo, na Declaração e na Plataforma de Ação de Pequim de 1995.

13


E mais recentemente, no Plano de Ação da Conferência de Durban, onde pela primeira vez na história das Conferências das Nações Unidas, uma mulher negra, oriunda de movimento social, foi a Relatora Geral da Conferência da ONU, a senhora Edna Roland, presidenta de honra da Fala Preta Organização de Mulheres Negras. A partir destes Planos de Ações e declarações, esses instrumentos internacionais impulsionaram o movimento de mulheres negras a exigir, no plano local, a implementação de avanços obtidos na esfera internacional. A Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial – CERD é destinada a proteger e promover os grupos raciais, étnicos ou de origem nacional ameaçados ou historicamente prejudicados, e nestes grupos estão incluídas as mulheres negras. Ressalte-se, no entanto, os avanços das mulheres negras brasileiras obtidos no plano internacional através da participação em conferências, tais participações foram capazes de propiciar transformações internas. A Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher – CEDAW está destinada a proteger e promover as mulheres negras que sedimenta as bases da formação de uma identidade política. Do total da população negra, aproximadamente a metade é composta de mulheres. As mulheres negras são mais de 41 milhões de pessoas, o que representa 23,4% do total da população brasileira. São estas que sofrem com o fenômeno da dupla discriminação, ou seja, estão sujeitas a “múltiplas formas de discriminação social (...), em consequência da conjugação perversa do racismo e do sexismo, as quais resultam em uma espécie de asfixia social com desdobramentos negativos sobre todas as dimensões da vida”

O dia 25 de Julho é um marco para as mulheres negras organizadas na América Latina e no Caribe, a busca pela dignidade, o fim das desigualdades raciais, da violência e dos efeitos nocivos do racismo é uma bandeira única entre as mulheres negras da América Latina e do Caribe. A necessidade do reconhecimento destas mulheres negras, jovens, idosas, fora da África que redimensionam suas vidas como agentes de transformação e símbolo de resistência tem sua origem na África. Os ideais libertários, que dignificam a pessoa humana em toda sua dimensão, sempre foram e serão a bandeira de luta das Mulheres Negras fora da África, que perdura a mais de cinco séculos

14


AGENDA 21 “A Agenda 21 vem se constituindo em um instrumento de fundamental importância na construção dessa nova eco cidadania, num processo social no qual os atores vão pactuando paulatinamente novos consensos e montando uma Agenda possível rumo ao futuro que se deseja sustentável” Gilney Viana Para discutir a AGENDA 21, Miguel Farias convidou o Psicólogo Evandro Araújo, coordenador da Agenda 21 que engloba os municípios de Camaragibe, São Lourenço da Mata, Aeaçoiaba e Paudalho e parte de Abreu e Lima, Recife e Paulista e o médico Celerino Corriconde, Coordenador do Centro Nordestino de Medicina Popular

15


Celerino Almeida Carriconde nasceu em Arroio Grande-RS. Estudou Medicina na Universidade Católica do Paraná – Curitiba, mestrando em Medicina Comunitária e Epidemiologia – Queens Univesity – Kingston – Canadá. Fez vários cursos relacionados com a temática de plantas medicinais na Inglaterra, em Cuba e na India. É sócio- fundador do CNMP em 1988, onde exerce o papel de coordenador executivo. É ex-vice-presidente de Fitoterapia do Estado de Pernambuco (1994-96) e ex-membro da Comissão Nacional de Assessoramento em Fitoterápicos (CONAFIT) (1998 a 2001). Publicou diversas cartilhas e manuais sobre o uso de plantas medicinais na atenção primaria à saúde e em 1995 publicou o livro Plantas Medicinais e Alimentícias. Pesquisa sobre plantas medicinais para o boletim De Volta As Raízes, publicado desde o ano 1986. Desde os anos 1981 realiza assessoria a diversos grupos populares e consultoria sobre a temática de plantas medicinais e atenção primaria à saúde. CENTRO DE MEDICINA POPULAR DO NORDESTE

AGENDA 21 A Agenda 21 do Estado de Pernambuco tem

por base a Agenda 21 Global, a Convenção de Combate à Desertificação, a Convenção da Biodiversidade, a Declaração do Milênio, e a Agenda 21 Brasileira e propõe a integração entre meio ambiente e desenvolvimento, reconhecendo o combate à pobreza como condição primordial para garantir a sustentabilidade. Enquanto plano estratégico, parte de uma visão integrada de diversos componentes e aborda, entre outros tópicos, a garantia dos direitos das mulheres e dos grupos vulneráveis, o papel das comunidades locais, a gestão de recursos naturais, os processos democráticos, etc. Oferece, portanto, um arcabouço para o desenvolvimento sustentável, levando a concluir que, se o capital natural restringe o processo econômico, é preciso maximizar a produtividade desse capital, no curto prazo, aumentando a sua oferta, no longo prazo. O conceito de desenvolvimento sustentável, conforme consagrado pelo Relatório Brundtland é aquele que satisfaz às necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras em satisfazer as suas próprias necessidades e pode ser conceituado como “o processo de mudança social e elevação das oportunidades da sociedade, compatibilizando, no tempo e no espaço, o crescimento e a eficiência econômicos, a conservação ambiental, a qualidade de vida e a equidade social” (Buarque 1994).

O CENTRO MÉDICO DE MEDICINA POPULAR, fundado pelo Médico Celerino Corriconde situa-se em Olinda, Pernambuco, Brasil é referência internacional no estudo de plantas medicinais e é uma Organização Não Governamental, ONG, fundada no ano de 1988 com o objetivo de resgatar o uso das plantas medicinais. O projeto teve início em algumas comunidades do bairro de Casa Amarela no Recife, e posteriormente abrangeu localidades da região metropolitana e todo o estado de Pernambuco. 16


Trata-se, portanto, de um processo de compatibilização de interesses, ações e sistemas, com alto grau de complexidade, e que terá as mais diferentes formas concretas, pois será sempre fruto dos condicionantes históricos específicos da realidade objetiva. Ainda assim, algumas diretrizes genéricas são úteis. Ignacy Sachs contribui com o chamado tripé mágico: prudência ecológica, eficiência econômica e justiça social. A prudência ecológica levará à parcimônia no uso dos recursos naturais, garantindo a permanência das atividades econômicas e da qualidade de vida. Eficiência econômica significa criar as condições para que os níveis de quantidade e qualidade da produção se elevem para os mesmos níveis de utilização dos recursos. Justiça social representa a igualdade de oportunidades para todos os contemporâneos. A Agenda 21 de Pernambuco é um processo de planejamento participativo, com a mobilização de todos os segmentos da sociedade, que diagnostica e analisa a situação do Estado e estabelece uma estratégia de ação, baseada em compromissos de mudanças, democratização e descentralização. A construção da Agenda teve a coordenação do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente – Sectma, e da Secretaria Executiva do Fórum Estadual da Agenda 21 de Pernambuco.

As discussões em torno da Agenda tiveram início em 1999, ano em que foi criado o Fórum Estadual da Agenda 21 de Pernambuco, com a finalidade de acompanhar e avaliar o processo e a implementação de um plano de ação estratégico, visando à formulação de políticas voltadas para o desenvolvimento sustentável, com a participação contínua de todos os segmentos da sociedade. A construção da Agenda 21 de Pernambuco baseou-se na metodologia da Agenda 21 Brasileira, consultando a população e adequando as premissas e os temas considerados prioritários à realidade do Estado. O processo de elaboração do plano estratégico observa o estabelecimento de parcerias, enfatizando que a Agenda 21 não é um plano de governo, nem uma agenda meramente ambiental, mas uma proposta de estratégia integrada, destinada a subsidiar políticas públicas e estabelecer mecanismos de controle social que garantam a corresponsabilidade dos parceiros, inclusive na fase de implementação das ações. CIDADES SUSTENTÁVEIS Esse tema abordou o uso e a ocupação do solo; planejamento e gestão urbana; habitação e melhoria das condições ambientais; garantia de direito de acesso às cidades; padrões de consumo; reciclagem e coleta seletiva de lixo; prevenção, controle e diminuição dos impactos ambientais em áreas urbanas; conservação do patrimônio histórico; rede urbana e desenvolvimento sustentável dos assentamentos humanos; transporte urbano; abastecimento de água e serviços de esgoto sanitário.

17


INFRAESTRUTURA O debate em torno desse tema abordou questões, tais como: transportes e uso de tecnologias seguras e menos poluentes; maior cobertura social dos serviços energéticos; fornecimento de energia ambientalmente saudável; racionalização do uso de energia alternativa e reavaliação dos atuais padrões de consumo; e comunicação, compreendendo telecomunicações, computação e informação. REDUÇÃO DAS DESIGUALDADES SOCIAIS Foram trabalhados, nesse tema, os seguintes itens: pobreza; sistema educacional; qualificação e emprego; distribuição de renda; saúde; dinâmica demográfica e os impactos sobre o desenvolvimento; acesso de oportunidades aos grupos considerados vulneráveis, como mulheres, crianças, adolescentes, índios, afrodescendentes, etc. ECONOMIA SUSTENTÁVEL As discussões abrangeram os princípios da economia sustentável em Pernambuco e a visão regionalizada do Estado em termos das vocações e potencialidades para o desenvolvimento. Foi feita uma análise da cadeia produtiva e do papel das novas tecnologias, principalmente no que se refere ao apoio a empreendimentos inovadores. Foi abordada a criação de instrumentos econômicos que venham a induzir políticas e ações.

GESTÃO DOS RECURSOS NATURAIS Esse tema focalizou os seguintes itens: solo; recursos hídricos e florestais; uso e proteção dos recursos da fauna e da flora; recursos pesqueiros; preservação e conservação e uso da biodiversidade; oceanos, zoneamento costeiro, mangues, conservação e uso sustentável dos recursos do mar; instrumentos de monitoramento e controle; e políticas voltadas para o manejo adequado do uso dos recursos naturais.

COMBATE À DESERTIFICAÇÃO E CONVIVÊNCIA COM A SECA As discussões envolveram: ciência e tecnologia para o desenvolvimento do semiárido, uso e conservação da biodiversidade, recuperação de áreas em processo de desertificação, indicadores e monitoramento da desertificação, capacitação técnica e educação ambiental.

18


ARTES PLÁSTICAS EM PERNAMBUCO CORRENTES DA MULTICULTURALIDADE

O movimento artístico no Nordeste, merece não só um estudo especial, mas um projeto especial dos gestores culturais do país, para levar ao mundo essa diversidade, muitas vezes esquecida dos críticos e grandes marchands. Ao pesquisar sobre as Artes Plásticas no Nordeste, e em especial em Pernambuco, deparamonos com um artigo de Ana-Mae Barbosa, intitulado “Artes Plásticas no Nordeste” e dali tiramos alguns tópicos interessantes, que, se não descrevem a situação das artes plásticas em Pernambuco, mostram uma fotografia em preto e branco da diferença de ver arte entre nossos plásticos e os plásticos do eixo-sul. 19


Ao pesquisar sobre as Artes Plásticas no Nordeste, e em especial em Pernambuco, deparamo-nos com um artigo de Ana-Mae Barbosa, intitulado “Artes Plásticas no Nordeste” e dali tiramos alguns tópicos interessantes, que, se não descrevem a situação das artes plásticas em Pernambuco, mostram uma fotografia em preto e branco da diferença de ver arte entre nossos plásticos e os plásticos do eixo-sul. A Ana-Mae Barbosa iniciando o artigo já diz que “ A Condição Política do Nordeste, considerado zona ultraperigosa pelos militares durante a última ditadura, provocou uma diáspora cultural espalhando jovens artistas e intelectuais por entre os polos dominantes do Rio de Janeiro e de São Paulo, centros historicamente mais preparados para receber literatos do que artistas plásticos. Desde o Modernismo podemos detectar maior abertura de paulistas e cariocas para com os poetas, novelistas e críticos literários que chegavam do Nordeste do que para com os artistas. Acredito, entretanto, que certa dose de exclusão e distância dos artistas do Nordeste com relação ao centro de poder das Artes Plásticas os torna hoje os mais bem preparados artistas para dialogarem com as correntes contemporâneas da multiculturalidade. Afastados do centro por discriminação política durante a ditadura militar e, depois, pelas ditaduras do mercado e da crítica que teimam em só promover o abstrato, o matérico, o minimal, a arte clean correspondente ao código europeu ou norte-americano branco, os artistas do Nordeste continuaram a desenvolver sua própria cultura visual, rejeitando ou assimilando as correntes internacionais com autonomia pessoal e não por indução, construindo uma trama de diversidade visual incomum, com qualidade, apontando para um pós-colonialismo muito mais definido que nas regiões dominadoras do país.” 20


Miguel Farias, que também é artista plástico, conversou no Programa Liberdade de Expressão com artistas plásticos de tendências diversas que aqui permanecem ou, no caso do Maurício Silva, que está na França, sobre esse desenvolvimento de uma cultura visual própria, rejeitando ou assimilando as correntes internacionais com autonomia pessoal, o que torna a arte no Estado “uma trama de diversidade visual incomum, com qualidade, apontando para um pós colonialismo muito mais definido que nas regiões dominadoras do país”, segundo a Ana-Mae.

Pintura do artista plástico Pedro Dias 21


Artista Plástico Pedro Dias Pintor de Olinda, com curso de Belas Artes na Universidade Federal de Pernambuco e com exposições dentro e fora do país. Participou de aproximadamente 67 exposições coletivas, dentre as quais: Salão dos Novos Artistas do Nordeste – Teatro Castro Alves/BA, em 1971 – II Salão de Arte Global de Pintura/Recife-PE, 1975 – Salão dos Novos – Museu de Arte Contemporânea – MAC – Olinda – l980 – Coletiva da Caixa Econômica Federal – Rio de Janeiro – l984 – Coletiva Galeria La Bussula Arte – Rio de Janeiro – l984 – Coletiva de Pintores Brasileiros – Rodrigues Galeria – Pernambuco – l985 – XVI Salão de Belas Artes – Clube Naval – Rio de Janeiro – 1985 – Certificado de Menção honrosa no Museu do Telefone Telerj – I Salão de Artes Luna 86 – Medalha de Prata – Homenagem a Pablo Picasso – Rio de Janeiro 1986 – First Exhibition Of Brazilian Contemporary – The Cutis Convention Center Tampa – Florida (Premiação Medalha de Ouro) 1986 – “Cenas Cotidianas” em memória a Wellington Virgulino – 1993 – 1ª. Noite da Pernambucanidade – Cabaret Kalesa – Rio de Janeiro 1997 – Participação em todos os eventos “Arte em Toda Parte” – Olinda/PE –Mostra de Arte Erótica – Recife/PE 2005 – 9 Exposições Individuais, dentre as quais: 1983 -Galeria Metropolitana de Artes • 1985-Café das Artes-Hotel Meridien-RJ • 1986-Galeria Cimeira Artes-RJ • 2001-Blue Tree Park –Angra dos Reis-RJ 22


Pintura do artista plástico Sérgio Vilanova Pintor autodidata, que trabalha com uma simbologia “naif” com base nos elementos de um mundo festivo criado a partir de uma vivência com a cidade e sua tradição. Segundo o Marchant José Gomes de Andrade Filho, Vilanova, em seu intenso labor de pintor-artesão, é capaz de nos fascinar com seu trabalho lírico e lúdico. A autonomia de sua linguagem pictórica o torna um dos melhores pintores primitivos de nossa época. Sua inspiração é enraizada nas tradições populares cujo cenário é a cidade onde nasceu e vive. Sua pintura remete às lembranças da infância e aos folguedos populares, é um lembrar contínuo das coisas boas da terra, um glorificar sem limites da alegria de viver, um renovar constante da fraternidade entre os homens.” Endereço do Ateliê: Rua do Amparo, 224 - Olinda - PE CEP: 53020-190 - Fone: 34397629/99729162

23


Artista plástico Sérgio Vilanova Endereço do Ateliê: Rua do Amparo, 224 - Olinda - PE

24


ARTIGO ANA MAE

O trabalho de Ana Mae, traça um caminho das artes nordestinas, valorizando a Multiculturalidade pode para ser lido na íntegra no site http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0103-40141997000100013&script=sci_arttext . De toda forma, aí vão mais algumas pérolas citadas pela Ana-Mae: “O mesmo olhar plural tem presidido as atividades da melhor escola contemporânea de artistas do Nordeste, a Oficina Guaianazes, que espero continue plural agora que foi incorporada à Universidade Federal de Pernambuco. Em termos de pluralismo, a Oficina Guaianazes corresponde, para o Nordeste, ao que significou para o Sul dos Estados Unidos o Grupo Tamarind, hoje funcionando também em uma Universidade, a de New Mexico, em Albuquerque.” “Nem nos piores momentos políticos os artistas nordestinos se submeteram à ditadura do Sul, que por anos vem valorizando quase que exclusivamente a genealogia minimalista, abolindo o figurativo das exposições, e condenado ao pecado qualquer adequação da imagem ao referente, isto nos dias de hoje quando, como diz Graig Owens ( 1), os artistas já não põem entre aspas o referente, mas trabalham no sentido de pô-lo em atividade, problematizando-o.” “As relações entre o figurativo e o real, por exemplo, são pouco amadurecidas na atualidade no eixo Rio-São Paulo em virtude da ditadura da neovanguarda (7). No Nordeste, metamorfoseiam-se e diferenciam-se de artista para artista. O figurativo como representação no Nordeste distancia-se das preocupações da crítica modernista, que se ateve a considerações acerca do realismo visual, para traduzir as inquietações da crítica contemporânea com as múltiplas manifestações do realismo perceptual. Trata-se de um figurativismo que desacredita o real com a mesma força que o abstracionismo, embora menos literalmente.” “No Nordeste, ao contrário, as mulheres estão se organizando para expor e até mesmo enfrentando o resgate de temas menosprezados por serem considerados femininos ou domésticos. Esta é mais uma vantagem flexibilizadora para o Nordeste, resultante de ter sido relegado por muitos anos à heterogeneidade das margens. A audiência feminina tem aumentado no Nordeste, o que tem ajudado a conquistar para o trabalho das mulheres a mesma consideração outorgada aos trabalhos dos homens.” “Quis homenagear a resistência em permanecer geográfica e institucionalmente na periferia do poder e, principalmente, a flexibilidade dos intelectuais e artistas que vivem no Nordeste em coexistir com diferentes códigos culturais e estéticos e serem capazes de avaliar e julgar cada um dos códigos, respeitando os valores enunciados no próprio código e no seu contexto. A Arte hoje, cuja autonomia vem sendo relativizada pelos estudos culturais, demitiu a onipotência dos modelos modernistas europeu e norte-americano branco e clama por diversidade, por uma política da diferença. Respeito à diferença é instrumento de consciência estética no Nordeste.” 25


Miguel Farias, produtor e apresentador do Programa Liberdade de Express達o

26


ARTE TRANSFORMADORA NASCEDOURO DE PEIXINHOS O Nascedouro de Peixinhos, foi objeto de debate no Programa Liberdade de Expressão e Miguel Farias convidou Alexandre L´Omi Lodo, representante da Associação dos Amigos do Nascedouro, Valmir Rufino, representante da Associação Amigos do Nascedouro, Valmir Rufino, Coordenador de Políticas Sociais da Prefeitura da Cidade do Recife, Lindinaldo Junior Assessor da Secretaria de Cultura da Cidade do Recife, Gabriel Santana, Representante da Biblioteca do Nascedouro de Peixinhos e Flávio Marques Representante da Casa Brasil no Nascedouro de Peixinhos 27


O bairro de Peixinhos, que fica entre as cidades de Recife e Olinda, com uma população de quase 40,0 mil habitantes, com uma população muito jovem e com precárias condições de moradia, convivência social e lazer e que travou uma luta para resgatar as ruínas do antigo matadouro público de Peixinhos, uma edificação cuja construção começou em 1874 e hoje está tombado pelo Patrimônio Histórico Municipal do Recife. 22 mil metros quadrados originalmente, num conjunto que tinha 15 blocos, em 1987 sobravam três de pé. As atividades do matadouro foram encerradas na década de 70 e o local virou um centro de tráfico, morte e violência até que no início dos anos 90, grupos culturais locais começaram a ocupar o espaço. A resistência cultural dos jovens locais, principalmente, transformaram Peixinhos e hoje lá está o Centro Cultural e Desportivo Nascedouro de Peixinhos, onde trabalham organizações e grupos culturais, bandas de música, programas governamentais e a boca de fumo, de tráfico e de morte e como disse o poeta peixinhense Oriosvaldo Limeira de Almeida: “Esta terra banhada em sangue de animais suor de homens, não será mais matadouro posto que doravante será o Nascedouro da Cultura Popular...” As dificuldades são imensas, mas o espírito de luta da comunidade está presente em todas as ações e reivindicações da comunidade.

Antigo Matadouro de Peixinhos, reformado para servir como centro cultural 28


NASCEDOURO DE PEIXINHOS - RECIFE Conjunto arquitetônico de 1874, tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional em 1980, foi construído (para servir de matadouro do Recife) com material importado de Paris, inclusive a estrutura de ferro da cobertura. Projetado pelo engenheiro José de Almeida Pernambucano, eram 15 blocos, com um total de 8.494 m2 de área útil, mas desde 1987 só restavam três desses blocos. Desativado em 1976, ficou abandonado. Em 1984, metade da estrutura metálica da cobertura foi serrada e vendida como ferro velho, até que um arquiteto denunciou através da imprensa que a prefeitura estava demolindo um prédio histórico. Localizado no bairro de Peixinhos, na divida entre Recife e Olinda. .Segundo Pereira da Costa, já na época da dominação holandesa em Pernambuco, há notícias sobre um curral, onde haveria matança de gado, talvez a origem de um “matadouro” no Recife. Em documento legal de um terreno para a Igreja de São José de Ribamar, de 1752, existe a informação de que essa área ficava situada “no campo do curral, junto à cacimba chamada de Cajueiro”, nas proximidades do atual Forte das Cinco Pontas. Do século XVI ao XVII, existiram no Recife alguns currais e matadouros públicos e particulares. Sabe-se, inclusive, que, em 1824, o governo comprou de Elias Coelho Cintra um terreno, situado no extremo sul do bairro da Boa Vista, à época denominado Curtume do Coelho ou Sítio dos Coelhos, para servir de matadouro geral para os açougues do Recife, Boa Vista e Afogados. Nos fundos da capela de São Gonçalo haviam também matadouros particulares. Outros currais de gado presentes no areal das Cinco Pontas foram transferidos para a Cabanga, por decisão da Câmara Municipal, em 1831, ano em que ficaram estabelecidas regras sobre a matança do gado, a venda da carne nos açougues públicos e particulares, o itinerário e a hora de entrada na cidade das boiadas que vinham do interior. A mudança de endereço dos currais de gado teve que esperar até 1844, quando através da Lei Provincial nº 135, foi autorizado empréstimo e escolhido o local – o areal das Cinco Pontas – para a construção de um matadouro público e logradouro para o gado. O projeto foi do engenheiro coordenador da Câmara Municipal, Antônio Feliciano Rodrigues Sete, mas por causa da impropriedade do local – alagamento quando da maré cheia –, o projeto não vingou. Em 1855, ficou estabelecido pela mesma Câmara a construção do matadouro na Cabanga, quase no extremo sul da rua Imperial. Neste mesmo ano, em 26 de agosto, foi realizado o primeiro abatimento de gado. Nos terrenos do areal das Cinco Pontas, onde funcionavam o matadouro e os currais, foi construída a estação central da estada de ferro do Recife ao São Francisco, cujos trabalhos foram inaugurados a 7 de setembro de 1855. O matadouro construído na Cabanga funcionou até 1919 quando foi transferido para um novo local à margem do rio Beberibe, limite dos municípios do Recife e Olinda, no bairro de Peixinhos. Diz-se que esta denominação – Peixinhos – foi dada pelos primeiros moradores do local que se reportavam a um rio que era utilizado tanto para lavar roupas, tomar banho quanto para pescar peixinhos, que haviam em grande quantidade. Mesmo depois de identificarem esse rio como Beberibe, a referência ao “rio de peixinhos” já fazia parte do imaginário dos moradores do local. 29


PANORAMA DO AUDIOVISUAL EM PERNAMBUCO Para debater sobre o Panorama do audiovisual em Pernambuco, o Programa Liberdade de Expressão convidou Geraldo Pinho Alves – Diretor da Imagem e do Som em Pernambuco, Maurício Jatobá, Diretor de Patrocínio da CHESF, Ivania Barros, diretora da Associação de Ensino Superior de Olinda – AESO e Ademir Paulo, cineasta.

30


O audiovisual é uma atividade que permite a produção, transmissão e recepção de símbolos em escala e proporções universais e sua simbologia participa da formação da identidade cultual de um povo. O cinema e a TV, l geram emprego e renda e agregam todas as expressões artísticas como teatro, música, dança, fotografia, folclore e divulgam a cultura e a identidade do Estado de Pernambuco no país e no mundo, inclusive divulga o turismo. Transformar o audiovisual em atividade estratégica é uma ação fundamental para a afirmação da identidade pernambucana e estimulo ao setor a transformar-se numa atividade autossustentável. O QUE É AUDIOVISUAL? É a elaboração e a produção de audiovisuais artísticos, documentais, publicitários, institucionais ou jornalísticos para veiculação em diversas mídias, como cinema, internet, TV aberta e a cabo e circuitos fechados de programação. Esse profissional participa de todo o processo de criação de vídeos e filmes, o que inclui roteiro, cenografia, fotografia, iluminação, figurino, animação, edição, direção, sonorização e finalização. Na área de audiovisual, elabora a programação jornalística, esportiva e de variedades, edita e dirige os programas e supervisiona a equipe de gravação e o trabalho dos produtores. Como conhece a legislação do setor, também faz a captação de recursos para novas produções. Pode trabalhar em produtoras de filmes, emissoras de rádio e de TV, agências de publicidade, empresas que desenvolvem sites e conteúdos para celular, empresas do setor público e ONGs. Outro campo de atuação para esse profissional são cinematecas, museus de imagem e som e centros de documentação privados e estatais, recolhendo matérias que preservam a história dos filmes ou dos locais de exibição. No segmento de exibição é feito um acompanhamento constante do parque exibidor brasileiro. A partir de contatos diários com exibidores e pesquisa em sítios na internet, a ANCINE elabora relatórios que retratam o comportamento do mercado de salas de exibição no país. Com informações como: abertura, fechamento e previsão de novas salas, localização geográfica, principais grupos, dentre outras, os relatórios possibilitam acompanhar o atual estágio de desenvolvimento do setor de exibição no país, visando subsidiar possíveis estudos assim como contribuir para um melhor entendimento deste mercado. As oportunidades de trabalho ainda estão concentradas no Rio de Janeiro e, em seguida, em São Paulo. Outras regiões começam a oferecer espaço ao profissional, como Minas Gerais, Brasília e o sul do país, prinEm Pernambuco, segundo Maurício Jatobá, Diretor de Patrocínio da CHESF, a empresa se firma como uma das grandes incentivadoras do panorama do audiovisual no Estado

31


Sra. Ivania Barros Ademir Paulo, cineasta Ivania Barros é a diretora da Fundação de Ensino Superior de Olinda – AESO – que mantém o curso de Cinema de Animação e é o único no Nordeste que oferece desenvolvimento técnico aliado ao conhecimento conceitual e se consolida como a mais completa graduação da Região voltada para esse segmento. Com o objetivo de qualificar profissionais habilitados na concepção, produção e crítica de obras de animação, o bacharelado tem toda a grade curricular estruturada na prática criativa em diversos formatos, atrelada a uma reflexão conceitual e acadêmica fundamentada. Os alunos vivenciam a prática desde o primeiro período do curso, sendo estimulados a produzir conteúdo criativo com o acompanhamento dos melhores professores do Estado. Toda a grade curricular foi pensada com o objetivo de unir prática, reflexão conceitual e aprofundamento teórico, no sentido de formar profissionais aptos a conceber, criar, produzir e vender projetos de animação. O fato de terem professores ativos no mercado também ajuda na inserção dos alunos na vida profissional.

Dr. Geraldo Pinho Alves é o atual Diretor do Museu da Imagem e do Som de Pernambuco, fundado em 13 de outubro de 1970, tem como principal objetivo documentar e divulgar, pelos modernos meios audiovisuais, a cultura pernambucana. Seu primeiro grande projeto realizado, foi o registro em áudio, de entrevistas com personalidades de várias áreas do Estado. O Mispe funciona hoje, em casarão do século passado, que faz parte do Corredor Cultural da Rua da Aurora. O acervo do Mispe está composto por mais de 6 mil peças, entre discos, fitas de áudio, cartazes, cartões postais, fotografias, slides. Tem cerca de 100 filmes em película, principalmente documentários de curta-metragem. Um setor de recortes de jornais. Faz parte do acervo mais de 2 mil partituras musicais, dentro do projeto Memória Musical de Pernambuco. Ainda filmes em video. Folhetos de cordel. Livros, revistas, catálogos. 32


Miguel Farias, produtor e apresentador do Programa Liberdade de Expressão, ao lado do Maurício Jatobá, da CHESF e Geraldo Pinho Alves, diretor do Museu da Imagem e do Som de Pernambuco MISPE O movimento do Audiovisual em Pernambuco, apesar do grande evento que é o CINE-PE, que atrai a atenção de inúmeros cineastas brasileiros, ainda não prioriza o pernabucano, que permanece percorrendo os corredores dos “prováveis! apoiadpres como o Governo do Estado, o Governo Federal e esreitando mais, os Sistemas de Incentivo à Cultura que ainda são órgãos que se destinam e atendem a muito poucos e sempre os mesmos conhecidos. É lamentável que tantos produtores de nosso cinema ainda estejam, à espera de que sejam reconhecidos como produtores culturas que também necessitam de incentivos para realizarem suas obras. Queremos deixar muito claro que o mesmo se aplica aos produtores de TVs, especialmente das emissoras educativas e públicas, que dependem exclusivamente dos órgãos oficiais. PRODUTORES CULTURAIS DO AUDIOVISUAL E TELEVISÃO, AGUARDAM PELOS ÓRGÃOS FINANCIADORES E APOIADORES. 33


POLÍTICAS PÚBLICAS PARA A JUVENTUDE

No programa Liberdade de Expressão sobre Políticas Públicas para a Juventude foram convidados representantes do Ministério da Cultura da RR Nordeste: Isabelle Albuquerque, Mauro Lira e Uiraporan e mais Virgílio e Mateus dos Prazeres. e Miguel Farias discitiu com jos jconvidados sobre a situação dos jovens que ainda têm poucas perspectivas de trabalharem a cultura para a formação de uma identidade tão necessária quanto urgente nos seus processos educacionais. 34


Juventude e periferia: um foco na participação política A participação política dos jovens tem sido uma constante, tanto como exercício quanto como debate, nas academias, no terceiro setor e também em âmbito governamental. O engajamento social da juventude resulta, hoje, em conquistas consideráveis, tanto no que diz respeito à construção de políticas públicas quanto na participação em setores diversos da sociedade. Na periferia, a presença do Movimento Hip Hop e a atuação de ONGs estão estreitamente relacionadas com o despertar dos jovens para a militância. A pesquisa “Juventude, juventudes: o que une e o que separa”, publicada em 2006 pela representação da UNESCO no Brasil, revela que 27,3% dos jovens brasileiros participam ou já participaram de alguma forma associativa, como movimentos sociais, ONGs, sindicatos, partidos políticos, grupos culturais e religiosos. Ao todo, são 13 milhões de jovens envolvidos apenas no Brasil. O estudo coordenado pelas sociólogas Mary Castro e Miriam Abramovay foi realizado em 26 estados, abrangendo cerca de 10 mil jovens de 15 a 29 anos.Para a socióloga Mary Castro não é adequado afirmar que a participação política da juventude hoje é inexpressiva:

“É relativo falar que os jovens são alienados e apáticos. Também vale ressaltar que 62,5% dos jovens afirmam que acreditam na democracia. Então o que fica da pesquisa é que o jovem não participa mais porque tem críticas ao modo de fazer política vigente e não porque seja conservador, apático ou apolítico”, avalia.Ainda segundo a pesquisa, 32% dos jovens da classe A declaram participar de algum tipo de associação, índice este de 24,7% nas classes D e E. A pesquisadora destaca que devem ser considerados os diversos modos de participação política: “Muda o nível e o parâmetro de participação, sendo que os jovens de periferia são mais engajados no plano local, o que tem a ver com acesso ao conhecimento, condições de mobilidade e por limitações de estarem engajados na sobrevivência imediata, mas por outro lado se diversifica os tipos de participação, então é relativa tal comparação por classe ou lugar de residência. Há que de fato ter em mente que as limitações materiais impõem possibilidades de participação, mas não a tolhem completamente. É importante que as pessoas entendam que agir politicamente exige um esforço de tempo e na periferia isso não e tão possível. A participação política ocorre de maneiras diversas. Na perspectiva da periferia, as vias que têm representado uma atuação diferenciada para transformação social são os movimentos culturais, igrejas, os conselhos, associações comunitárias, ONGs, movimentos ambientalistas, o hip hop, o samba, o pagode e o rap, que proporcionam a socialização e a ocupação do espaço urbano, ampliando assim a possibilidade de discussões”, observa. O lugar que o jovem está no mundo favorece uma visão das coisas de um determinado ângulo. Os jovens da periferia estão diante dos problemas sociais e têm consciência da importância de uma transformação, ao passo que jovens de outros lugares, que já têm todos os seus direitos garantidos, muitas vezes não percebem que existem pessoas que precisam de um salário decente, moradia, saúde, informação, que são direitos básicos e não privilégios. 35


A discussão estadual gira em torno do Plano Nacional de Juventude, muitas pessoas participaram das reuniões do Plano, mas essa mobilização ainda está em construção e vai demandar muito esforço. As lutas políticas das “juventudes” hoje são diversificadas e acompanham as demandas percebidas por cada segmento representativo: ambientalistas, jovens portadores de necessidades especiais, GLBT, entre vários. Há grandes demandas em áreas como educação, ensino médio, erradicação do analfabetismo, passe livre, meio passe, pelo direito de transitar pela cidade e conhecer o que ela tem a oferecer, trabalho, primeiro emprego, conseguir trabalhar com arte. Os grupos culturais demandam muito o reconhecimento como profissão e com isso a obtenção de renda. A promoção de igualdade racial, de gênero e o direito à livre orientação sexual também figuram entre as principais lutas políticas da juventude contemporânea. No entanto não há um órgão que mobilize a juventude como um todo. As discussões são muito fragmentadas diante do poder público. Vários grupos fragmentados estão na cena reivindicando e tem ressonância para os órgãos governamentais, mas precisa haver uma união de ideias para conquistar políticas eficazes.

O Governo Federal inovou ao colocar na pauta pública as questões relativas aos jovens, tendo com marco a criação da Secretaria Nacional da Juventude, mobilizou os jovens dos movimentos Hip Hop, GLBT, meio-ambiente, cultural e estudantil , com o objetivo de apresentar a sociedade civil e ao poder público políticas públicas para juventude, pensadas pela própria juventude. O Lula desde o programa de governo demonstrou essa preocupação com a juventude. Até FHC não existia políticas específicas para a juventude e no governo Lula os jovens têm essa possibilidade de diálogo. Para além de partidos políticos, os jovens têm representatividade nos conselhos e procuram saber a realidade em que vivem outros jovens no país e na 36


Miguel Farias, produtor e apresentador, num panorama do programa sobre políticas públicas para a Juventude, quando foi deixado muito claro a necessidade de um trabalho decente ligado à cultura e comunicação; direito ao território, abrangendo questões ligadas à cidade e campo, transporte, meio ambiente e comunidades tradicionais; direito à qualidade de vida, com propostas referentes à saúde, esporte, lazer e tempo livre; direito à vida segura, que apontou ações em segurança, valorização e respeito à diversidade e direitos humanos; direito à participação e ao poder, com participação juvenill nas políticas públicas de juventude como Política de Estado e orçamento. Os jovens precisam ser vistos como sujeitos de direitos e agentes estratégicos de desenvolvimento com potencial criativo e não somente uma faixa etária de transição e isto quer dizer que, apesar de os jovens serem considerados co-autores, eles na realidade são um grupamento social que deve guardar seu turno para a construção de um novo presente, o futuro. A juventude não pode ficar em nas situações incômodas de delinquentes e/ou responsáveis pelo destino do gênero humano como disse o cientista Iulianelli (2003, pág. 61)

37


TEM PRETO NA TELA

O Programa Liberdade de Expressão debateu sobre a Presença do Negro na TV brasileira que, o cineasta Joel Zito Araújo afirma em seu livro “ A Negação do Brasil” “o enfoque racial da televisão brasileira é resultado da incorporação do mito da democracia racial brasileira, da ideologia do branqueamento e do desejo de euro-norte-americanização de suas elites”. A negação do Brasil se transformou em documentário em 2007 e uma das cópias foi entregue ao Ministro da Cultura, Gilberto Gil, numa tentativa de se abrir um diálogo para a questão e aumentar a participação dos negros na TV, que hoje não passa de 10%. “Existem mais negros na tevê dinamarquesa do que na brasileira”, constata. 38


Para o debate foram convidados: Lúcia dos Prazeres – Presidente do Centro de Educação Maria da Conceição, no Morro da Conceição em Casa Amarela, Lúcia Crispiniano – Yalorixá e Griô, Guitinho, da Nação Xambá e aprendiz de Griô e Lepê Correia, psicólogo, acunputurista, professor da UFPE, escritor, poeta, etc. etc... A PRESENÇA DO NEGRO NA MÍDIA É MARCADA PELO PRECONCEITO http://www.comciencia.br/reportagens/negros/08.shtml Há um ano, em 23 de novembro de 2002, o Jornal Nacional, transmitido pela Rede Globo e assistido diariamente por cerca de 40 milhões de pessoas, teve pela primeira vez um apresentador negro, o até então repórter, Heraldo Pereira. Na época, a emissora “preparou” o público para a primeira aparição de Pereira, em programas exibidos durante a semana anterior, fato que rendeu notícias em vários veículos nos dias posteriores. A Rede Globo é a emissora brasileira que concentra o maior número de repórteres negros. Mesmo assim, o número não chega a dez, de acordo com o jornalista, pesquisador e professor da UNESP de Bauru, Ricardo Alexino. A pequena parcela de negros na televisão vai além dos telejornais e pode ser observada também nas telenovelas.

Araújo lembra que na década de 60, os poucos atores negros que fizeram parte do elenco das novelas na Rede Tupi ou na Rede Globo representavam escravos (quando a novela era de época), “malandros” ou profissionais com baixo prestígio social, como empregadas domésticas ou motoristas. Na década de 70, o número de atores negros começou a aumentar, o que continuou ocorrendo nas décadas seguintes. Para o psicólogo e pesquisador Ricardo Franklin Ferreira, a presença dos negros na TV é fundamental para a construção de uma imagem de si mesmo. “Enquanto as crianças negras continuarem tendo somente mulheres brancas e loiras como conceito de beleza, como a Xuxa, elas terão dificuldades em aceitar suas qualidades”, afirma. É o que Araújo chama de “ideologia de branqueamento”, presente na televisão brasileira. 39


Imprensa direcionada a reduzida cobertura de temas relacionados aos negros pela grande mídia foi percebida em 1996 pela revista Raça Brasil, o primeiro meio de comunicação impresso, de grande alcance, direcionado ao público negro. No seu lançamento, a revista atingiu uma tiragem de 280 mil exemplares, um fenômeno editorial (atualmente, a tiragem é de 50 mil exemplares). “O Brasil é um país racista, nós observamos e vivemos isso”, afirma Conceição Lourenço, editora da Raça, cuja redação é composta só por negros. Ela considera que as revistas atuais não atendem os negros porque não são direcionadas a eles. “Isso é percebido principalmente na área de estética”, completa. O sucesso da Raça causou o que Lourenço chama de revolução na publicidade. “As grandes marcas, principalmente de cosméticos, começaram a criar produtos para atender esse público negro, que até então parecia não existir. É a classe média negra, que ganha mais de 10 salários mínimos”, afirma. Para Alexino, no entanto, falta muito para que a publicidade consiga dialogar com o público negro. “A imprensa progrediu, mas a publicidade não”, afirma. A pequena parcela de profissionais negros na mídia não é uma característica só do meio televisivo. Dados da Comissão de Jornalistas pela Igualdade (Cojira), do Sindicato dos Jornalistas, mostram que a taxa de desemprego entre negros, em São Paulo, é 40% maior do que entre brancos, o que pode se refletir também no caso do desemprego entre os jornalistas negros. Imprensa direcionada a reduzida cobertura de temas relacionados aos negros pela grande mídia foi percebida em 1996 pela revista Raça Brasil, o primeiro meio de comunicação impresso, de grande alcance, direcionado ao público negro. No seu lançamento, a revista atingiu uma tiragem de 280 mil exemplares,

CAMPANHA BENETTON UNITED COLORS 40


Para Alexino, no entanto, falta muito para que a publicidade consiga dialogar com o público negro. “A imprensa progrediu, mas a publicidade não”, afirma. Uma campanha considerada polêmica na publicidade foi a da multinacional Benetton, que teve como slogan United Colors (cores unidas). Esta foi alvo de muitas críticas. “Em maio de 1990, a campanha trouxe uma mulher negra amamentando uma criança branca, o que atiçou os ânimos do movimento negro e resultou em pichação de muitos outdoors da campanha com a frase: Mucamas, nunca mais”, lembra Alexino. A imprensa direcionada a negros, produzida por negros e retomada pela revista Raça, data do início do século XX. Sentindo a impermeabilidade da “imprensa branca”, um grupo de negros paulistas fundou, em 1915, uma imprensa alternativa. É o que a antropóloga Miriam Nicolau Ferrara, estudiosa do assunto, chama de “imprensa negra”. Pela primeira vez o negro tornou-se o alvo de um conjunto de periódicos específicos, que se sucederam durante quase cinquenta anos, até 1963, quando foram reprimidos pela ditadura. Os jornais da imprensa negra concentraram o seu noticiário apenas nos acontecimentos da comunidade, divulgando a produção dos seus intelectuais e não priorizando fatos de grande repercussão nacional e internacional (como as duas Grandes Guerras, a Coluna Prestes, entre outros). “Movimentos de militância, como a imprensa negra, foram e são formas de valorizar a cultura negra e de aumentar a sua autoestima”, afirma Ricardo Ferreira. Outra maneira de reforçar a identificação positiva é o aumento do número na política , o que gera uma consequente exposição na mídia. De acordo com Alexino, políticos negros tendem a se voltar para as questões dos negros, assim como pesquisadores tendem a trabalhar com questões do movimento negro na academia.

Benedita Silva Governadora do RJ Os avanços inicialmente sentidos nas esferas municipais, como a eleição do prefeito Celso Pitta em São Paulo, em 1997, e estaduais, como ascensão a governadora do Rio de Janeiro durante o ano de 2002 de Benedita da Silva, começam a ser percebidos também no Planalto. O Governo Lula tem quatro de seus ministros negros: Benedita da Silva, Gilberto Gil, Marina Silva e Matilde Ribeiro, além de Joaquim Benedito Barbosa Gomes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). No governo anterior, dos 77 ministros dos quatro tribunais superiores, havia apenas um negro, Carlos Alberto dos Reis, do Tribunal Superior do Trabalho. A maior participação dos negros no novo governo já pode ser percebida. Em outubro foi assinado o Protocolo de Intenções para implementação do Programa de Fortalecimento Institucional para a Igualdade de Gênero e Raça, que prevê a criação de um programa de capacitação de gestores encarregados de definir políticas públicas que considerem fatores como gênero e cor no planejamento de metas e de ações governamentais. 41


A busca e a conquista de mais espaços pelos negros na política e em outros setores da sociedade constitui um caminho de mão dupla. “Os negros na política servem como uma referência aos demais, faz com que eles acreditem que são capazes”, afirma Ferreira. Além disso, com maior atuação política, a participação dos negros na mídia também aumenta. “O negro passa a se enxergar em áreas que antes não via, se aceita mais como negro. É uma espécie de estímulo”, complementa Alexino. Assim, o negro também aumenta sua pressão para a entrada nessas áreas. A inserção do negro na “mídia branca””Continua o nosso reacionário: Por que motivo os negros, em grande maioria, moram nos cortiços? A resposta, asseguro-lhe, é muito fácil: a pouca valia que imprimem aos seus trabalhos; a pouca ou nenhuma cultura e a acentuada dolência dos seus passos; a inércia e a falta de vontade e iniciativa para uma reação na trilha do progresso, são as causas principais que obrigam os negros às misérias do cortiço.”

Min. Carlos Alberto dos Reis do TST O trecho transcrito faz parte do editorial “Ironia de um congresso”, do jornal Folha da Manhã (atual Folha de S.Paulo), publicado num domingo, 12 de janeiro de 1930. Trata-se de uma crítica ao movimento da Mocidade Negra, uma das manifestações características da época. Para Ferreira, a imagem negativa do negro é uma questão histórica e cultural. “Após a abolição, os negros foram jogados para fora do mercado de trabalho e passaram de escravos para desempregados, ociosos, inferiores. Nossa cultura construiu o negro numa condição submissa”. A década de 30 foi marcada por reivindicações dos que lutavam para que assuntos de seu interesse fossem abordados na mídia e para que termos preconceituosos fossem dispensados dos textos jornalísticos. Nesse período, e nas décadas seguintes, o negro está presente na mídia com sua imagem comumente ligada à força muscular (esportes, principalmente o futebol), à música (samba) e a crimes (na seção policial). Antes disso, a presença dos negros nos jornais era um modo de legitimar a escravidão. “Falava-se apenas dos negros que estavam sendo procurados por terem fugido, daqueles que eram vendidos ou mesmo daqueles que, eventualmente, tinham cometido algum tipo de crime”, afirma Alexino.

Min Joaquim Benedito Barbosa Gomes do STF 42


Com a ditadura militar e a repressão à imprensa e aos movimentos sociais, nas décadas de 60 e 70, a cobertura das questões raciais pela imprensa se tornou ainda mais deficitária. “Mostrar questões raciais na grande mídia significava assumir que esses problemas existiam”, afirma Alexino. Foi somente nos anos de redemocratização, vividos na década de 80, que a imprensa passou a mudar sua postura. Libertada da ditadura, assumiu um caráter denunciativo e o negro ganhou novos espaços na mídia. Tornaram-se comuns matérias que mostravam casos isolados de preconceito por racismo no mercado de trabalho, em lugares públicos, em condomínios fechados, em escolas, além dos casos de denúncia de violência contra negros. “A imprensa estava confusa naquele momento. Ao mesmo tempo em que noticiava atitudes que iam contra o movimento mundial para o fim do racismo, usava termos que faziam alusão negativa aos negros”, afirma Alexino. “ONU PÕE PIQUET E SENNA NA LISTA NEGRA” Um exemplo da “confusão” citada por Alexino foi marcado na chamada de capa do Jornal do Brasil, em 15 de abril de 1988: “ONU põe Piquet e Senna na lista negra”. Isso se deveu ao fato dos pilotos terem disputado o mundial de Fórmula 1 na África do Sul, contrariando o pedido da Organização das Nações Unidas (ONU), que tentava isolar o país para conseguir o fim do apartheid. O ano de 1988 foi marcado foi uma série de movimentações sociais resultantes do movimento negro e que, evidentemente, eram noticiados pelos diversos tipos de mídia. Além do movimento internacional liderado pela ONU para o fim do apartheid, no Brasil era comemorado o centenário da abolição da escravatura, a Campanha da Fraternidade tinha como tema o combate ao racismo e a vencedora do carnaval carioca foi a escola de samba Vila Isabel, que falou do movimento negro.

Deputado Carlos Alberto “ Caó” autor da Lei 7716, conhecida como Lei Caó Lei CAÒ LEI Nº 7.716, DE 05 DE JANEIRO DE 1989 Define os crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor. Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes resultantes de preconceitos de raça ou de cor. Art. 2º (vetado) Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devidamente habilitado, a qualquer cargo da Administração Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de serviços público. Pena: reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada: Pena: reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente ou comprador: Pena: reclusão de 3 (três) a 5 (cinco) anos. Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público de qualquer grau. Pena: reclusão de 3 (três) a 5 (cinco) anos. Parágrafo Único - Se o crime for praticado contra menor de 18 (dezoito) anos a pena é agravada de 1/3 (um terço). 43


Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento similar: Pena: reclusão de 3 (três) a 5 (cinco) anos. Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em restaurante, bares, confeitarias, ou locais semelhantes abertos ao público. Pena: reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos. Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em estabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes sociais abertos ao público: Pena: reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos. Art. 10º Impedir o acesso ou recusar atendimento em salões de cabeleireiros, bares, termas ou casas de massagem ou estabelecimentos com as mesmas finalidades: Art. 11º Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais e elevadores ou escada de acesso aos mesmos: Pena: reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos. Art. 12º Impedir o acesso ou uso de transportes públicos, como aviões, navios, barcos, ônibus, trens, metrô ou qualquer outro meio de transporte concedido: Pena: reclusão de 1(um) a 3 (três) anos. Art. 13º Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço em qualquer ramo das Forças Armadas: Pena: reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. Art. 14º Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma, o casamento ou convivência familiar ou social: Pena: reclusão de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. Art. 15º, 17º e 19º (vetado) Art. 16º Constitui efeito da condenação a perda do cargo ou função pública, para servidor público, e a suspensão do funcionamento do estabelecimento particular por prazo não superior 3 (três) meses. Art. 18º Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta Lei não são automáticos, devendo ser motivadamente declarados na sentença. Art. 20º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Art. 21º Revogam-se as disposições em contrário.

Miguel Farias, produtor e apresentador do Programa Liberdade de Expressão Para todos os participantes ficou evidente a necessidade de enfrentar a questão racial mediante debate ranço e aberto, com a adoção de políticas públicas eficientes que afrontem o racismo e todas as suas consequências. Todos os acontecimentos dos anos de 1980 e 1990 sobre a discriminação racial no País, ainda se colocavam como um paradigma que precisa ser questionado e consolidado, principalmente diante da desigualdade racial ao longo de tantos anos que marcam a caminhada de negros e brancos que precisam ser enfrentados em termos de ação pública para o seu enfrentamento. 44


O PAPEL DAS RADIOS COMUNITARIAS No Programa Liberdade de Expressão sobre o Papel das Rádios Comunitárias, foram convidados Joeides Pereira, da Anatel, Ancelmo Goes, da Rádio Ação, Paulo Xavier da Rádio Alto Falante e Hélio Jaguaribe, da FERCOM 45


Senhores, a maioria das rádios estão em mãos que precisam apenas de um CAMINHO, QUE NÃO LHES É DADO. ELAS SERVEM APENAS PARA TRANSMITIREM MÚSICAS QUE NA MAIORIA DAS VEZES SÃO MASSIFICANTES E NADA DIZEM PARA FORMAÇÃO DE UMA AUDIÊNCIA REFLEXIVA.

DIGNIDADE JÁ PARA AS RÁDIOS COMUNITÁRIAS Como a luta pela regularização das Rádios Comunitária já nos envolve de longa data, enviamos sob forma de e-mail para todos os deputados federais e publicaremos todas as respostas (se recebermos). “O direito à comunicação não pode ser compreendido como uma mera liberdade formal, mediante a qual somente quem possui dinheiro e influência perante os poderes oficiais pode prevalecer”,

Achamos terrível, que neste momento que estamos passando, de reivindicações, de movimentos sociais ativos e políticas culturais de grande visão antropológica, sociológica, sabemos lá que nomes podemos dar, as RÁDIOS COMUNITÁRIAS ESTEJAM ALHEIAS A TODA ESSA MOVIMENTAÇÃO. CONVERSEM CONOSCO! POR FAVOR LEIAM!

SENHORES DEPUTADOS, Já estamos na luta pela democratização dos meios de comunicação há 15 anos. Recebemos nossa concessão e depois de tantos esforços fomos assaltados nada menos de quatro vezes. Na última, nossos comunicadores ficaram amarrados dentro da casa e levaram TODOS os nossos equipamentos.

O presidente da Fundação Biblioteca Nacional e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Muniz Sodré, afirma que qualquer política cultural tem que rever os conceitos básicos de cultura e compreender sua complexidade. “Entender sobre o que se fala é o primeiro passo. Repensar e resignificar tudo deve ser o segundo” . E AS RÁDIOS COMUNITÁRIAS ESTÃO AUSENTES DO PROCESSO!

Denunciamos quem..... o que agora não vem mais ao caso. Hoje tomamos equipamentos emprestados para não deixar a rádio fora do ar, porque acreditamos que a comunicação alternativa é a única maneira de formar uma massa crítica e reflexiva. Mas depois de 15 anos estamos cansados.

Anita Simis, da Universidade do Estado de São Paulo, afirma que o papel do Estado não é o de dizer o que é cultura ou como ela tem que ser. Mas o Estado tem a função de regular mecanismos para ajustar o desenvolvimento da cultura, garantindo a autonomia democrática. Política Cultural em um universo de diversidade cultural é isso. Diversidade representa também a questão de classe. E AS RÁDIOS COMUNITÁRIAS ESTÃO AUSENTES DO PROCESSO POR FALTA DE APOIO!

Pelo engessamento, pela insegurança, pela falta de atenção ao trabalho feito pelos alternativos, em especial pelas rádios comunitárias, pela falta de uma política pública para o setor que não pode ter “comerciais”, e que vive à míngua, exceto se forem atrelados a determinados grupos. Conversem conosco! Temos muito a dizer aos senhores sobre a situação das rádios comunitárias e a que elas se resumem, o que é uma pena!

“Além disso, a questão da diversidade foi assumida enquanto chave para a elaboração de uma política cultural diferenciada. Sem voltar para os preceitos do estado desenvolvimentista, o Estado voltou a ter um papel a cumprir, no desenvolvimento econômico, no setor cultural, na regulação de economias da cultura, de árbitro, de legislador”, entende Anita Simis.

Lamentamos que as rádios comunitárias apenas sejam lembradas quando estão sendo fechadas em função de anomalias que não nos cabe discutir ou porque derrubam avião ou ainda porque “estão” nas mãos de traficantes. 46


E AS RÁDIOS COMUNITÁRIAS ESTÃO AINDA COPIANDO AS COMERCIAIS POR FALTA DE APOIO! Albino Rubim, coordenador do Enecult diz, contudo, que é preciso radicalizar mais. “Tivemos três tradições na história da gestão de política cultural no Brasil: a da ausência, a do autoritarismo e a da estabilidade. O Gil parte para o enfrentamento, mas com uma série de limitações”, enfatiza. Rubim, como a maioria de seus colegas acadêmicos, considerou falha a atuação do Ministério na apresentação da Ancinav. Eles consideram que as necessárias mudanças na regulação do audiovisual podem atrasar dez anos com a ofensiva da mídia contra a regulação da comunicação. E AS RÁDIOS COMUNITÁRIAS E SEUS COMUNICADORES, NEM CONSEGUEM LER UMA INFORMAÇÃO COMO ESTA, POR FALTA DE APOIO! A historiadora Lia Calabre disse que “A gestão atual do Minc realizou avanços significativos no sentido de colocar a cultura dentro da agenda política do governo, fez com que ela deixasse de ter um papel praticamente decorativo entre as políticas governamentais. Porém, novas questões colocam-se. O grande desafio é transformar esse complexo de ações em políticas que possam ter alguma garantia de continuidade nas próximas décadas”. MAS AS RÁDIOS COMUNITÁRIAS ESTÃO DE FORA DESSA AGENDA GOVERNAMENTAL. O QUE SE DISCUTE É: LIBERA OU NÃO. FECHA, NÃO FECHA. Isaura Botelho, da Fundação Memorial da América Latina e do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento, avalia que o Ministério da Cultura deu início a um intenso processo de discussão e reorganização do papel do Estado na área cultural. “Houve um grande investimento no sentido de recuperação de seu orçamento e a discussão de mecanismos que possibilitassem uma melhor distribuição de seus poucos recursos em relação ao equilíbrio regional voltou a ser uma preocupação”, MAS AS RÁDIOS COMUNITÁRIAS NÃO FAZEM E NEM DEVEM PROMOVER ESSA REFLEXÃO.....

Para o público, o rádio e depois a televisão se confundem com empreendimentos comerciais operados por organizações privadas, destituídas de qualquer compromisso com a prestação de serviços públicos. Tal situação impediu que se formasse na sociedade uma massa crítica capaz de impedir as empresas de radiodifusão de se utilizarem das concessões em benefício próprio. Articulados, quase sempre, com os grupos políticos mais conservadores, os concessionários tornaram-se, na prática, atores políticos decisivos para a vida institucional dos seus respectivos países. Ocuparam os espaços de partidos e de outras organizações sociais, realizando eles próprios a intermediação entre o Estado e a sociedade. Combinaram, com sucesso, poder econômico e político Esta frase nós lemos de um artigo do jornalista Laurindo Leal, com relação ao fechamento da RCTV E ele ainda diz mais:. Ao longo dos últimos anos, a comunicação alternativa cresceu e se consolidou e permitiu a ampliação da massa crítica.” E em nosso país e, principalmente em nosso Estado Onde e qual o papel da Comunicação Alternativa, que é encarada como um nada, sem importância alguma. CONVERSEM CONOSCO! OUÇAM O QUE TEMOS A DIZER! Não basta lutar pela abertura das rádios comunitárias. É preciso e muito rapidamente, lutar para que os comunicadores populares tenham dignidade de encarar seu trabalho dentro dos objetivos que o próprio nome já simplifica: C O M U N I T Á R I O... Tenho certeza que os comunicadores populares não querem alugar suas rádios muito menos viver de jabá. Dignidade já para as Rádios Comunitárias! Chega de encará-las como “radinhos de comunicadores que brincam com a consciência dos outros. A RADCOM tem que ter objetivos claros, não massificantes, educativos, mas têm que se manter e isso somente quando forem encaradas como foco de uma política pública que não as subestime. E não adiantam velhos chavões que estamos acostumados a ouvir com relação às rádios comunitárias. 47


Queremos nos organizar não apenas para legalizar, queremos nos organizar para dar dignidade aos comunicadores populares e provocar realmente uma mudança qualitativa nesse tipo de comunicação alternativa. Legalizar apenas é mote político. Depois de tantos anos, o discurso tem que ser outro. Tem que começar a tratar a RADCOM com a verdadeira importância que ela tem. Nós... de nossa rádio, estamos cansados, mas não vamos parar porque a partir de agora nossa luta é outra. DIGNIDADE JÁ PARA OS COMUNICADORES E PARA AS RÁDIOS COMUNITÁRIAS Atenciosamente Miguel Farias/Maristela Farias Rua do Amparo, 367– Carmo – Olinda - PernambucoCEP 53020-190

Ancelmo Goes, da Rádio Ação O que é uma rádio comunitária? O Serviço de Radiodifusão Comunitária foi criado pela Lei 9.612, de 1998, regulamentada pelo Decreto 2.615 do mesmo ano. Trata-se de radiodifusão sonora, em frequência modulada (FM), de baixa potência (25 Watts) e cobertura restrita a um raio de 1 km a partir da antena transmissora. Podem explorar esse serviço somente associações e fundações comunitárias sem fins lucrativos, com sede na localidade da prestação do serviço. As estações de rádio comunitárias devem ter uma programação pluralista, sem qualquer tipo de censura, e devem ser abertas à expressão de todos os habitantes da região atendida.

Joeides Pereira

48


Hélio Jaguaribe, da FERCOM Como se habilitar para a prestação do Serviço de Radiodifusão Comunitária? Para o primeiro passo necessário à habilitação de emissoras de radiodifusão comunitária, as entidades competentes para pleitear tal Serviço, associações comunitárias e fundações também com essa finalidade, ambas sem fins lucrativos, deverão fazer constar em seus respectivos estatutos o objetivo “executar o Serviço de Radiodifusão Comunitária”. Depois dessa providência, deverão as interessadas retirar da página na Internet do Ministério das Comunicações o “formulário de demonstração de interessa em instalar rádio comunitária” no seguinte endereço: Formulário A-1: esse formulário deve ser preenchido e enviado para o seguinte endereço, por via postal, em carta registrada:Ministério das Comunicações Secretaria de Serviços de Comunicação Eletrônica Departamento de Outorga de Serviços Esplanada dos dos Ministérios, Bloco R, Anexo, Sala 300 - Ala Oeste CEP: 70044-900Brasília - DF

Após a efetivação do cadastro da interessada junto ao Ministério das Comunicações, a partir do recebimento do “formulário de demonstração de interesse em instalar rádio comunitária”, será enviado um comunicado à requerente, com o intuito de informá-la acerca do número do seu respectivo processo. A partir daí, a interessada deverá aguardar a publicação no Diário Oficial da União dos “Avisos de Habilitação”, nos quais haverá uma lista de municípios habilitados à prestação do Serviço de Radiodifusão Comunitária. Caso o Município da interessada esteja na lista, ela deverá apresentar ao seu processo os seguintes documentos, dentro do prazo estabelecido:- estatuto da entidade, devidamente registrado;- ata da constituição da entidade e eleição dos dirigentes, devidamente registrada;- prova de que seus diretores são brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos;- comprovação da maioridade dos diretores;declaração assinada de cada diretor, comprometendo-se ao fiel cumprimento das normas estabelecidas para o Serviço;- manifestação em apoio à iniciativa, formulada por entidades associativas e comunitárias, legalmente constituídas e sediadas na área pretendida para a prestação do Serviço, e firmada por pessoas naturais ou jurídicas que tenham residência, domicílio ou sede nessa área. Depois de recebidos os documentos de todas as entidades candidatas a prestarem o Serviço de Radiodifusão Comunitária na localidade, o Ministério das Comunicações irá iniciar a análise dos processos. Como são escolhidas as entidades vencedoras? Os profissionais da Secretaria de Serviços de Comunicação Eletrônica conferem se houve o cumprimento das exigências legais por parte das entidades interessadas em prestar o Serviço de Radiodifusão Comunitária. Caso exista apenas uma entidade com processo regular, o Ministério comunica ao requerente para que este encaminhe o projeto técnico da estação. Já para as localidades com mais de uma iem situação regular, caso não exista a possibilidade técnica de coexistência dessas emissoras, a SSCE propõe a associação entre as interessadas. 49


Como deve ser a programação de uma rádio comunitária? A programação diária de uma rádio comunitária deve conter informação, lazer, manifestações culturais, artísticas, folclóricas e tudo aquilo que possa contribuir para o desenvolvimento da comunidade, sem discriminação de raça, religião, sexo, convicções político-partidárias e condições sociais. A programação deve respeitar sempre os valores éticos e sociais da pessoa e da família, prestar serviços de utilidade pública e contribuir para o aperfeiçoamento profissional nas áreas de atuação dos jornalistas e radialistas. Além disso, qualquer cidadão da comunidade beneficiada terá o direito de emitir opiniões sobre quaisquer assuntos abordados na programação da emissora, bem como manifestar ideias, propostas, sugestões, reclamações ou reivindicações. Como deve ser a publicidade nas rádios comunitárias? As prestadoras do Serviço de Radiodifusão Comunitária podem transmitir patrocínio sob a forma de apoio cultural, desde que restritos aos estabelecimentos situados na área da comunidade atendida. Entende-se por apoio cultural o pagamento dos custos relativos à transmissão da programação ou de um programa específico, sendo permitida, por parte da emissora que recebe o apoio, apenas veicular mensagens institucionais da entidade apoiadora, sem qualquer menção aos seus produtos ou serviços. O que não pode ser transmitido por uma rádio comunitária? É proibido a uma rádio comunitária utilizar a programação de qualquer outra emissora simultaneamente, a não ser quando houver expressa determinação do Governo Federal. Não poderá ela, também, em hipótese alguma: veicular qualquer tipo de defesa de doutrinas, ideias ou sistemas sectários; e inserir propaganda comercial, a não ser sob a forma de apoio cultural, de estabelecimentos localizados na sua área de cobertura. Em que frequência funcionam as rádios comunitárias?A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) definirá uma frequência.

Paulo Xavier da Rádio Alto Falante Minha rádio foi autorizada pelo Ministério das Comunicações a funcionar. Já posso colocá-la no ar? Ainda não. Somente após a análise do Congresso Nacional e a publicação de um Decreto Legislativo, as rádios comunitárias recebem uma licença definitiva de funcionamento. Contudo, desde a publicação da Medida Provisória 2.143, o Ministério das Comunicações pode emitir uma licença provisória para funcionamento das rádios comunitárias se o Congresso não avaliar o respectivo processo dentro do prazo de 90 dias 50


Miguel Farias, Produtor e apresentador do Programa Liberdade de Expressão A Lei 9.612 previa que a cada autorização para a execução do Serviço de Radiodifusão Comunitária teria validade de três anos. Contudo, a Lei 10.597, de 2002, ampliou esse prazo de três para 10 anos, renováveis por iguais períodos, se cumpridas as exigências legais vigentes. e somente associações e fundações comunitárias que tenham esse objetivo em seus respectivos estatutos. São estas “algumas” das dificuldades que passam as entidades que desejam implantar um serviço de Rádio Comuntária em seu município e dizemos “algumas”, porque ainda existem os fatores políticos que atrapalha, sobremaneira o funcionamento de uma RADCOM 51


COMUNIDADE GLBT NO FOCO DA CIDADANIA No Programa Liberdade de Expressão, o tema tratado foi Comunidade GLBT no foco da cidadania e foram convidados Welinton Medeiros, do Movimento Gay Leões do Norte, Fone 32222070, psicóloga Carolina Conde do Centro de Referência de Pernambuco, Monsenhor Teobaldo Barbosa da Comunidade São João Batista da Igreja Católica Reformada e Íris de Fátima da Articulação e Movimento Homossexual de Pernambuco – AMHOR – Fone: 34452086

52


Welinton Medeiros MOVIMENTO GAY LEÕES DO NORTE O Movimento Gay Leões do Norte é uma entidade de defesa e promoção dos direitos humanos da população LGBT (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) visando assegurar os direitos e garantias fundamentais da pessoa humana. Tem como missão lutar pelo reconhecimento dos direitos humanos e cidadania plena de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT), propondo políticas públicas nas áreas de educação, saúde, cultura, segurança pública, meio ambiente, justiça, cidadania e contribuindo para a consolidação da democracia, reafirmando o respeito à livre orientação sexual e identidade de gênero.

Carolina Conde O Movimento Gay Leões do Norte, tem ainda o Centro de Referência, que tem na equipe a orientação da psicóloga Carolina Conde e que Procura disseminar e manter vivo o pensamento de que ninguém pode ser discriminado/a, nem privado de qualquer direito universal, simplesmente em razão da sua orientação sexual. Desde sua fundação, o Leões do Norte realizada ações educativas de capacitação; atividades de apoio e assessoria a indivíduos, entidades ou organizações; divulgação, publicação e propagação de informes e intercâmbio com organizações afins. Nesse sentido, destacam-se: •Participação na elaboração da Lei Municipal 16.780/2002 (Recife/PE) que pune quem cometer qualquer ato de discriminação por orientação sexual. 53


•Organização das três primeiras Paradas da Diversidade, em conjunto com outros grupos, sendo realizada em 2002, 2003 e 2004. A partir de 2005, integra o Fórum LGBT que promove o evento. •Participação de vários debates com parlamentares, juízes, psicólogos/as, sociólogos/as, estudantes, universitários e professores/as, escolas estaduais nos bairros populares e da sociedade em geral de comunidades, através de programas de rádios e de TV e matérias nos veículos de comunicação do Estado e região. •Ações educativas em eventos de grande porte do Estado como Carnaval, Grito dos Excluídos, São João e Festivais Culturais. •Participação em eventos e encontros regionais, nacionais e internacionais (Fórum Social Nordestino , Fórum Social Mundial, Encontro Nacional das Organizações do Fórum AIDS) •Incentivo à interiorização da militância LGBT. Este processo foi iniciado em com uma palestra e debate na Câmara de Vereadores de Barreiros (PE), resultando na formação de um grupo gay local. •Condução das atividades do Centro de Referência de Combate a Homofobia que prestava atendimentos psicológico, social e jurídico à população LGBT

Monsenhor Teobaldo Barbosa da Comunidade São João Batista da Igreja Católica Reformada

A Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros (ABGLT) solicitou o apoio do Ministério da Cultura para a aprovação da lei que criminaliza a homofobia. O pedido foi feito durante reunião entre a entidade e a Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural do MinC, ocorrida no dia 23 de março, em Brasília.A associação vem atuando de forma decisiva junto aos parlamentares para a aprovação desta lei. Segundo o presidente da ABGLT, Toni Reis, agora é o momento de mobilizar todas as esferas públicas e privadas nesta luta, sendo imprescindível a participação do Ministério da Cultura. O secretário Sérgio Mamberti reafirmou o papel do Ministério da Cultura na construção de um país para todos, compromisso assumido através do apoio às manifestações culturais da população GLTB.

Íris de Fátima da Articulação e Movimento Homossexual de Pernambuco – AMHOR – Fone: 34452086 54


Miguel Farias, produtor e apresentador do Programa Liberdade de Expressão, com os convidados Welinton Medeiros do Movimento Gay Leões do Norte, Fone 32222070, psicóloga Carolina Conde do Centro de Referência de Pernambuco, Maristela Farias, produtora do Programa Liberdade de Expressão, Monsenhor Teobaldo Barbosa da Comunidade São João Batista da Igreja Católica Reformada e Íris de Fátima da Articulação e Movimento Homossexual de Pernambuco – AMHOR Envolvimento e participação são fundamentais para transformar um país homofóbico num país que respeite as diferenças e combata a miséria, pois miséria não é só falta das coisas… é também deixar matar um homossexual a cada 36 horas no país. Chico Xavier certa vez escreveu numa poesia: “ A gente pode morar numa casa mais ou menos, ter um governo mais ou menos, olhar em volta e sentir que tudo está mais ou menos, mas o que não se pode nunca, de geito nenhum, é amar mais ou menos, é sonhar mais ou menos e ser amigo mais ou menos. Senão e gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos.” O Programa Liberdade de Expressão luta todo dia por um Brasil sem homofobia, sem racismo e sem diferenças 55


DIREITOS HUMANOS, UM DESAFIO PARA O SÉCULO XXI

O Programa Liberdade de Expressão gravado sob a coordenação de Miguel Farias, contou com a presença do Coronel José Ramos, da Advogada do CENDHEC, Aline Tavares, da Assistente Social Araceli Lira, do Centro de Referência Leões do Norte e Graça Belarmino, do Movimento Tortura Nunca Mais.

56


XENOFOBIA, DISCRIMINAÇÃO E RACISMO Todos os convidados, em suas respectivas áreas de atividade, foram categóricos em afirmar que definitivamente, o racismo tem demonstrado ser, o exemplo mais eloquente da incapacidade humana de se entender, aceitar ou, ao menos, tolerar as diferenças e que entre tantos desafios que nos apresenta o século XXI, é necessário mais do que nunca, trabalhar para fortalecer, a partir de estruturas educativas, políticas e sociais, a aceitação das diferenças. Reconstruir o conceito de igualdade dentro da concepção humanista e assegurar que os racistas devem ser uma raça em extinção. A xenofobia, a discriminação e o racismo passeiam juntos e as principais formas de discriminação atingem os negros, indígenas, as mulheres, as crianças, os idosos e os pobres. O tema Direitos Humanos deve ser encarado dentro do marco dos processos de integração regionais e têm que gerar ampla mobilização de pessoas e Estados e Governos deverão assegurar condições para que o desenvolvimento se dê de forma harmônica entre os povos e sem retrocesso de nenhuma conquista social obtida, provocando através de ações que a sociedade possa avaliar quantos resquícios de intolerância perduram dentro de nossa realidade. A discriminação tem rostos ocultos. Segundo Miguel e confirmado por todos os convidados a miséria passeia impunemente diante da indiferença geral, apesar de tantos programas sociais dentro do país e as pendências ainda são incontáveis. Os programas econômicos somente serão bons se forem capazes de melhorar as condições humanas, o nível de vida, a educação, a saúde, a qualidade de vida e o emprego dos grupos mais estigmatizados e excluídos da população educação, a saúde e o emprego dos grupos mais estigmatizados e excluídos da população.

A homofobia é um termo criado para expressar o ódio, aversão ou a discriminação de uma pessoa contra homossexuais ou homossexualidade. O termo é um neologismo criado pelo psicólogo George Weinberg em 1971, numa obra impressa, combinando as palavras gregas phobos (“fobia”), com o prefixo homo, como remissão à palavra “homossexual”. Phobos (grego) é medo em geral. Fobia seria assim um medo irracional (instintivo) de algo. Porém, “fobia” neste termo (tal como, para desespero dos linguistas, a palavra xenofobia no sentido lato) é empregada, não só como medo geral (irracional ou não), mas também como aversão ou repulsa em geral, qualquer que seja o motivo. Motivos para a homofobia Quanto a razões específicas para a homofobia, alguns estudiosos e indivíduos comuns atribuem-na às mesmas noções que estão por trás do racismo e qualquer outro preconceito. Nomeadamente, uma oposição instintual a tudo aquilo que não corresponde à maioria com que o indivíduo se identifica e às normas implícitas e estabelecidas por essa mesma maioria. Desta explicação, aplica-se a necessidade de reafirmação dos papéis tradicionais de gênero, considerando o indivíduo homossexual alguém que falha no desempenho do papel que lhe corresponde segundo o seu gênero.

57


Outra possível motivação para tal comportamento é a dúvida de um indivíduo quanto à sua própria sexualidade. Situação a que se dá o nome de homofobia interiorizada. Algumas pessoas consideram que a homofobia é efetivamente uma forma de xenofobia na sua definição mas estrita: medo a tudo o que seja estranho. Esta generalização é criticada porque o medo irracional pelo diferente não é, claramente, a única causa para o preconceito de homossexualidade, já que este preconceito pode também provir de ensinamentos (religião, formas de governo, etc.) ou ideologia (como em comunidades machistas), por exemplo. Há diversos grupos religiosos, políticos ou culturais que são contra homossexualidade. É o caso de determinados fundamentalistas religiosos, em especial cristãos (católicos e/ou protestantes), judeus ou muçulmanos. Há também grupos da extrema-esquerda (comunistas ortodoxos e maoístas)

de assentamentos populares e grupos socialmente excluídos, contribuindo para a transformação social, rumo a uma sociedade democrática, eqüitativa e sem violência.” Para o CENDHEC, A sociedade civil tem um papel protagônico na construção de uma democracia plural, baseada nos valores de justiça e eqüidade nas relações humanas e institucionais, na solidariedade e na fraternidade e qualquer que seja sua situação atual de exclusão, as pessoas têm a capacidade interior de desenvolver conhecimentos, habilidades e práticas socialmente úteis, já que toda comunidade possui recursos, cultura e poder para definir e resolver os problemas comuns e intervir nos espaços políticos.

Foi “mudado bastante” esse quadro de uma certa Em pleno século XXI, confirmando e ratificando a forma, hoje já nota-se muitos homossexuais em opinião de todos os debatedores, que o preconceito várias áreas desenvolvendo ótimos trabalhos, mais continua a ser uma das causas mais abordadas no infelizmente o preconceito continua, essas pessomundo e no Brasil, não poderia ser diferente, onde as as ao serem excluídas pela sociedade sentem-se pessoas não aprenderam a conviver igualmente entre inferiores, incapazes, com baixo auto-estima, enfim, si. Este trabalho de reconhecimento das igualdades acabam se deprimindo e daí então a causa de muitos vem sendo feito pelo Grupo Leões do Norte em Peracabarem não revelando sua própria escolha sexual nambuco, contando com aliados como o CENDHEC, e viverem numa mentira. representado neste debate pela advogada Aline Tavares e que tem como missão “Defender e promover os HOMOFOBIA É CRIME! direitos humanos, em especial de crianças, adolescenHOMOFOBIA MATA! tes, moradoras e moradore 58


Araceli Lira , Assistente Social do Centro de Referência e Combate à Homofobia/Lesbofobia e oferece assistência psicológica, social e jurídica às pessoas de orientação sexual diferente e é parte integrante da ONG Leões do Norte . “A comunidade homossexual conta com o apoio de orientação dos militantes dos vários grupos de defesa de Direitos Humanos, porém com limitações que nos são impostas por falta de profissionais qualificados e com horário para atendimento. Com a implementação do Centro teremos atendimento específico para as demandas que as violações dos nossos direitos exigem” explica o Presidente Wellington Medeiros. Além do serviço de assistência, o centro receberá ainda denúncias de casos de homofobia.

Graça Belarmino representou o Movimento Tortura Nunca mais de Pernambuco (MTNM/PE), ong de defesa dos direitos humanos, criado em agosto de 1986, tem como objetivos o resgate histórico das lutas políticas no Brasil, a promoção do respeito aos direitos do cidadão e a manutenção do Estado democrático. Originário dos movimentos contra a prática de tortura durante a ditadura militar e pela anistia aos presos políticos, surgiu da necessidade de se ter um espaço para dar continuidade à luta pelo resgate da verdadeira história das mortes e dos desaparecimentos provocados pela ditadura militar. 59


Coronel José Ramos, que representou a Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã da Prefeitura da Cidade do Recife, que é o núcleo central do sistema de coordenação e implantação de políticas afirmativas de direitos e garantias constitucionais. A Secretaria de Direitos Humanos e Segurança Cidadã tem como objetivos primordiais promover a cidadania, apoiando o exercício de direitos individuais e coletivos e promover Direitos Humanos a partir de políticas públicas afirmativas desenvolvidas de forma integrada e articuladas com os diferentes setores da administração municipal.

A advogada Aline Tavares representou o CENTRO DOM HELDER CÂMARA DE ESTUDOS E AÇÃO SOCIAL - CENDHEC , e é uma entidade da Sociedade Civil, sem fins lucrativos fundada em 1989. É uma instituição de Direitos Humanos que atua na Defesa, Promoção e Controle dos Direitos das Crianças e dos Adolescentes e do Direito à Moradia em assentamentos habitacionais de baixa renda. 60


Miguel Farias, produtor e apresentador do Programa Liberdade de Expressão Os direitos das pessoas de orientação sexual diferentes nunca estiveram tão em evidência como agora e a comunidade GLBTS - gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros - conquistou não só espaço, mas principalmente se beneficiou por meio de diversas leis criadas no âmbito local ou nacional. O Recife tem o Centro de Referência Leões do Norte, que oferece assistência às pessoas de orientação sexual diferente e é instrumento de luta no cumprimento das leis e na defesa dos direitos da diversidade sexual.

61


SE DEUS É UM SÓ, POR QUE TANTAS DIVERGÊNCIAS? Para o debate sobre “Se Deus é um só, porque tantas divergências”?, foram convidados o Abade Dom Filipe do Mosteiro de São Bento, o Escritor e Fundador da Sociedade de Estudos Espíritas de Recife Liszt Rangel, a Pastora Angélica Sobreira, da Igreja Renascer em Cristo e o Ialorixá Dito D´Oxossi que não compareceu.

62


Vaticano define Igreja Católica como ‘única de Cristo’

O Vaticano publicou documento afirmando que a Igreja Católica é, sempre foi e será a única igreja de Cristo.Com o título: Repostas a questões relativas a alguns aspectos da doutrina sobre a Igreja, o texto da Santa Sé procura esclarecer o que considera como “interpretações desviantes e em descontinuidade com a doutrina católica tradicional sobre a natureza da igreja”, que ocorreram depois da publicação do documento Iumem Gentium (“A luz das nações”), do Concílio Vaticano 2º (1962-1965), dizendo que a única Igreja de Cristo “subsiste” na Igreja Católica. ”Cristo constituiu sobre a terra uma única Igreja e instituiu-a como grupo visível e comunidade espiritual, que desde a sua origem e no curso da história sempre existe e existirá”, diz o texto. “Esta Igreja, como sociedade constituída e organizada neste mundo, subsiste na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele. ” A nova publicação assinada pela Congregação para a Doutrina da Fé, responsável por promover e tutelar a doutrina da fé e a moral no mundo católico, diz que “com a palavra ‘subsistir’ o Concílio queria exprimir a singularidade e não a multiplicabilidade da Igreja de Cristo: a Igreja existe como único sujeito na realidade histórica”. ”Contrariamente a tantas interpretações sem fundamento, não significa que a Igreja Católica abandone a convicção de ser a única verdadeira Igreja de Cristo, mas simplesmente significa uma maior abertura à particular exigência do ecumenismo de reconhecer o caráter e dimensão realmente eclesiais das comunidades cristãs não em plena comunhão com a Igreja Católica”, diz o documento.

Naquela ocasião, a Congregação puniu o brasileiro pelo que considerou um equívoco e disse que o Concílio adotou a palavra subsiste, precisamente para esclarecer que existe uma só “subsistência” da verdadeira Igreja. Outras considerações importantes do documento devem gerar novos protestos das outras igrejas cristãs, como ocorreram anteriormente, principalmente a afirmação de que somente a Igreja Católica dispõe de todos os meios de salvação e de que, fora dela, existem apenas “comunidades eclesiais”. “Embora estas claras afirmações tenham criado mal-estar nas comunidades interessadas e também no campo católico, não se vê, por outro lado, como se possa atribuir a essas comunidades o título de Igreja, uma vez que não aceitam o conceito teológico de Igreja no sentido católico e faltam-lhes elementos considerados eclesiais pela Igreja Católica”, diz o texto. Segundo o vaticanista Andrea Tornielli, o objetivo da nova declaração é combater o que o papa Bento 16 considera como ‘relativismo eclesiológico’, segundo o qual todas as igrejas que dizem fazer parte do cristianismo têm o mesmo nível de verdade ou que cada uma delas não têm mais que uma parte desta verdade. A divulgação do documento ocorre três dias depois de o papa Bento 16 ter assinado decreto que dá mais liberdade para os sacerdotes celebrarem missas em latim, uma concessão aos tradicionalistas. Em uma carta aos bispos de todo o mundo, o pontífice rejeitou as críticas de que sua atitude poderia dividir os católicos.No entanto, o documento gerou mal-estar e, segundo especialistas, poderá ameaçar também o diálogo entre cristãos e judeus.

63


Abade Dom Felipe, do Mosteiro de São Bento A Ordem de São Bento ou Ordem Beneditina (em Latim: Ordo Sancti Benedicti, sigla O.S.B.) é uma ordem religiosa católica de clausura monástica que se baseia na observância dos preceitos destinados a regular a convivência comunitária. É considerada como a iniciadora do chamado movimento monacal. A fundação do Mosteiro de São Bento e sua igreja anexa remontam aos primeiros tempos da colonização portuguesa no Brasil. A Ordem de São Bento veio para o Pernambuco após convite do terceiro donatário da capitania, Jorge de Albuquerque Coelho, para que se estabelecessem na colônia, oferecendo-lhes diversos benefícios e vantagens. Chegando ao Estado de Pernambuco, em 1586, residiram primeiramente na pequena Igreja de São João Batista, transferindo-se depois para a pequena ermida de Nossa Senhora do Monte uma das mais antigas Igrejas do Brasil, esta foi doada pelo então Bispo do Brasil, Dom Antonio Barreiros. Em 27 de outubro de 1597 os monges adquiriram um terreno que se chamava à época de Olaria, junto ao Varadouro da Galeota, que pertencia a Gaspar Figueyra e Maria Pinta, mais tarde aumentado com a compra de mais três lotes vizinhos, e iniciaram a construção de um mosteiro. 64


Nesta casa, o casal chegou a abrigar 12 pessoas, dependentes químicos, que durante anos foram acompanhados, discipulados e tratados com carinho e atenção. Era o embrião de um dos pilares ministeriais mais destacados da igreja - um trabalho que é desenvolvido há 20 anos com jovens e adultos que se encontram mergulhados no vazio do mundo das drogas. É importante ressaltar que a Igreja não nasceu de uma divisão, como explica a bispa Sonia Hernandes: “Não somos fruto de divisão. Fazíamos parte de uma igreja e, quando nosso pastor faleceu, o pastor que assumiu a igreja nos chamou e disse que achava que devíamos procurar outra igreja, pois ele não estava de acordo com o trabalho que fazíamos com os jovens...

Pastora Angélica Sobreira, da Igreja Renascer em Cristo Sempre fizemos trabalhos com os jovens. Ficamos cerca de um ano sem igreja até decidirmos fazer uma primeira reunião. Nunca convidamos ninguém da outra igreja também, algumas pessoas espontaneamente vieram nos procurar, como o bispo Gê. Também nunca falamos mal de uma autoridade espiritual, nem deixamos de entregar o dízimo. No período em que ficamos sem igreja, depositávamos o dízimo em uma poupança, para entregar quando estivéssemos em uma igreja Tudo começou na sala da casa do apóstolo Estevam Hernandes e da bispa Sonia Hernandes, onde iniciaram as primeiras reuniões com a família e alguns poucos amigos março de 1986. O jovem casal, que prosperava na vida profissional, não tinha naquele momento intenção de formar uma igreja.

”LISZT RANGEL (PE) - Jornalista, acadêmico de psicologia, escritor, médium, expositor espírita e fundador da Sociedade de Estudos Espíritas de Recife. Autor dos livros “O Sentido da Vida”, “Auto-perdão” e “Amor Terapia” , entre outros 65


Doutrina espírita, Espiritismo ou Kardecismo, é a doutrina codificada pelo pedagogo francês Hippolyte Léon Denizard Rivail, usando o pseudônimo Allan Kardec. Esta é baseada em cinco obras básicas, escritas por ele, através da observação de fenômenos que o mesmo atribuía a manifestações de inteligências incorpóreas ou imateriais, denominadas espíritos.

Quando o termo ciência é usado com acepção estrita (acadêmica), tais extrapolações ao Método Científico, embora internamente úteis ao validarem vários preceitos da doutrina, impedem a classificação do espiritismo como ciência; e essa doutrina não constitui cadeira científica, mesmo compartilhando com a ciência de outrora o estudo de vários fenômenos, e nela encontrando-se por vezes referências frequentes a vários cientistas de renome.

A codificação Espirita está presente em: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. O termo Espiritismo foi cunhado por Kardec em 1857 para definir especificamente o corpo de ideias por ele reunidas e codificadas no “O Livro dos Espíritos”.

O termo ciência a vigorar junto ao espiritismo caracteriza-se por acepção lata e não estrita na grande maioria dos casos, sobretudo na atualidade. O espiritismo pode ser visto como uma doutrina estabelecida mediante a fusão da ciência, e, buscando a melhor compreensão não apenas do universo tangível (científico) mas também do universo a esse transcendente (religião).

Refere-se a uma doutrina que trata da “natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal e as consequências morais que dela dimanam”, e fundamenta-se nas manifestações e nos ensinamentos dos Espíritos.

Cientistas renomados empenharam-se nos estudos sobre a comunicação com entidades incorpóreas, entre eles: Alfred Russel Wallace, Alexandre Aksakof, Amit Goswami, Augustus De Morgan, Brian Weiss, Camile Flammarion, Carl Jung, Cesare Lombroso, Frederic Myers, Hermani G. Andrade, Ian Stevenson, J.K. Frederich Zollner, J.B.Rhine, Oliver Lodge, Raymomd Moody, Roger Penrose, Waldo Vieira e William Crookes (Wikipedia)

Também é compreendido como uma doutrina de cunho científico-filosófico-religioso voltada para o aperfeiçoamento moral do homem, que acredita na possibilidade de comunicação com os espíritos através de médiuns. Na publicação do livro O Que É o Espiritismo?, o codificador a define como “uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal”. Embora o espiritismo tenha importado, a fim de estruturar de seu corpo de conhecimento, muito da metodologia científica, mostra-se importante ressaltar que ele desenvolve-se sobre princípios que transcendem os rigores dessa metodologia, de forma que vários dos resultados e fenômenos dentro do espiritismo entendidos como válidos perante sua metodologia própria não se sustentam frente à metodologia científica - essa estabelecida com base e princípios certamente mais rigorosos e restritivos.

Allan Kardec 66


Lista de títulos e nomes de Deus (Judaico-Cristãos) (Wikipedia) Aará - Meu Pastor Adon Hakavod - Rei da Glória Adonay - Senhor Attiq Yômin - Antigo de Dias Divino Pai Eterno - uma concepção a Deus Pai El - Deus “Aquele que vai adiante ou começa as coisas” El-Berit - Deus que faz pacto ou aliança El Caná - O Deus Zeloso El Deot - O Deus das Sabedorias El Elah - Todo Poderoso El Elhôhê Israel- Deus de Israel El-Elyon - Deus que faz pacto ou aliança El-Ne’eman - Deus de graça e misericórdia El-Nosse - Deus de compaixão El-Olan - Deus eterno, da eternidade El-Qana - Deus zeloso El Raí - O Deus que tudo vê El-Ro’i - Deus que vê (da vista) El-Sale’i - Deus é minha rocha, o meu refúgio El-Shadday - Deus Todo-Poderoso Eliom - Altíssimo Elohim – (plural) - Deus; Criador “implícito o poder criativo e a onipotência” Eloah – (singular) - Deus; Criador “implícito o poder criativo e a onipotência” Gibbor - Poderoso Há’Shem – O Nome - Senhor - o mesmo que YHVH (mais usado no Judaísmo) Kadosh - Santo Kadosh Israel - Santo de Israel Malakh Brit - O Anjo da Aliança Maor - Criador da Luz Margen - Protetor Mikadiskim - Que nos santifica Palet - Libertador Rofecha - Que te sara Salvaon - Senhor Todo-Poderoso Shadday - Todo Poderoso Shaphatar - Juiz YHWH – Tetragrama; o nome impronunciável de Deus; quase sempre traduzido por Senhor.

YHWH (Ha’Shem) Elohim – Senhor (criador) de todas as coisas YHWH (Ha’Shem) Hosseu - O Senhor que nos criou YHWH (Ha’Shem) Yaser - O Senhor é Reto YHWH (Ha’Shem) Yireh – O Senhor proverá – Deus proverá YHWH (Ha’Shem) Nissi – O Senhor é a Minha Bandeira YHWH (Ha’Shem) Rafah – O Senhor que te sara YHWH (Ha’Shem) Sebaoth – (Sebhãôth) – Senhor das Hostes Celestiais YHWH (Ha’Shem) Shalom – O Senhor é Paz YHWH (Ha’Shem) Shammah – O Senhor está presente; O Senhor está ali YHWH (Ha’Shem) Sidkenu – Senhor Justiça nossa; O Senhor é a nossa Justiça Outras religiões Braman Mawu na nação Jeje Candomblé Jeje Olorun na nação Ketu Candomblé Ketu Zambi nas nações Angola e Congo Candomblé Bantu Guaraci na nação tupi, como o criador de todos os seres vivos Jahbulon na maçonaria e na O.T.O. Todas as religiões levam a Deus? Sim. Todas (com exceção de apenas uma) levam ao Seu julgamento. Apenas uma – o Cristianismo- leva ao Seu perdão e vida eterna. Qualquer que seja a religião adotada, todos teremos um encontro com Deus depois da morte (Hebreus 9:27). Todas as religiões levam a Deus, mas apenas uma religião resultará na Sua aceitação porque apenas através do Seu plano divino de salvação através de Jesus Cristo alguém pode se aproximar dEle com confiança. A decisão de aceitar a verdade sobre Deus é muito importante por um simples motivo: a eternidade é um tempo muito longo para estar errado. É por isso que ter um pensamento correto sobre Deus é tão crítico. 67


Miguel Farias, produtor e apresentador do Programa Liberdade de Express達o Qualquer que seja a religi達o adotada, todos teremos um encontro com Deus depois da morte (Hebreus 9:27). 68


PONTOS DE CULTURA Nesse Programa Liberdade de Expressão apresentado por Miguel Farias, foi debatido com os convidados Isabelle Albuquerque, Mauro Lira, do MINC e coordenadores do Programa na Região Nordeste, Ivanize de Xangô, Presidente do Maracatu de Baque Virado Encanto da Alegria e Griô e Lourenço, do Maracatu Estrela Brilhante e Bete de Oxum, do Ponto de Cultura de Olinda, sobre a importância dos Pontos de Cultura como células importantes na difusão e identificação da Diversidade Cultural no Estado.

69


A economia da cultura gera emprego, renda, dimensão é mensurável e fundamental. Além disso, o desenvolvimento cultural é, essencialmente, um desenvolvimento que se reverte para a sociedade como um todo, um desenvolvimento com distribuição de renda e afetividade. Hoje que o Brasil entra numa rota duradoura de crescimento, é muito importante lembrar: a cultura, incentivada por políticas publicas, impulsiona, orienta e, sobretudo, qualifica o desenvolvimento.

O QUE SÃO PONTOS DE CULTURA?

Vemos hoje o deslocamento da cultura para o centro do projeto de nação, deslocamento promovido pelo governo Lula. Trata-se de um movimento que ocorre também no debate nacional. Os pontos de cultura são espaços formados por grupos de artistas, arteeducadores, gestores e produtores culturais. Grupos que promovem a inclusão social por meio de atividades culturais e alcançam adultos, idosos, jovens e crianças com suas ações. Os Pontos de Cultura são iniciativas legitimadas nas suas regiões, com grande capacidade de mobilização e multiplicação.

Trata-se de um programa de inclusão social, de geração de emprego, um programa para juventude rural e urbana de baixa renda de todo País. A novidade é que além destas finalidades, o programa tem a cultura como ponto de partida. Trata-se de um programa fruto da inédita aproximação entre os Ministérios da Cultura e do Trabalho, que, trabalharam juntos, para dotar este programa do mais amplo alcance e profundidade. O programa irá atingir aproximadamente 100 mil jovens de famílias de baixa renda, que receberão bolsas de estudo para o aprendizado e o desenvolvimento de atividades culturais nas suas comunidades.

O Ministério da Cultura entra com os conceitos, os recursos, o acompanhamento, o treinamento dos monitores, a articulação institucional e a rede, que é um aspecto vital do programa. Todos os Pontos de Cultura estarão em rede para trocar informações, experiências e realizações. Os parceiros locais, por sua vez, entram com os espaços, a gestão e um punhado de compromissos: responsabilidade, transparência, fidelidade aos conceitos, inserção comunitária, democracia, intercâmbio. Os Pontos de Cultura terão a cara dos seus usuários.

Trata-se do programa mais abrangente na área da cidadania cultural já realizado pelo Ministério da Cultura. Um programa que já nasce do tamanho do Brasil. A convergência entre cultura e trabalho é estratégica e diz respeito ao novo modelo de desenvolvimento que está sendo construído. Um desenvolvimento sustentável e socialmente includente, que se pauta pelo necessário aumento do PIB de nossas riquezas econômicas, e, também, pelo PIB de nossas riquezas culturais.

Na seleção e instalação destes pontos, o Ministério da Cultura vem consolidando uma nova relação do Estado com a sociedade. Os Pontos de Cultura são escolhidos a partir de chamada pública e se consolidam a partir da organização local pré-existente, a partir das iniciativas da própria sociedade. 70


Com esta parceria com o Ministério do Trabalho, os Agentes Cultura Viva recebem bolsas para multiplicar o impacto de cada Ponto de Cultura. Nos Pontos de Cultura, percebe-se a existência do tão almejado protagonismo juvenil, da participação da juventude, tanto nas atividades que lhe dizem respeito, como nas ações que dizem respeito ao destino de toda a comunidade. Ampliar a participação da juventude na complexa teia de decisões que envolvem o seu futuro - e o futuro de todos nós - é hoje uma questão decisiva, um dos objetivos, inclusive, do programa que viemos lançar. A produção cultural é a maneira mais eficiente que conheço para a promoção da cidadania, da inclusão social e do engajamento da juventude. A cultura dialoga diretamente, de forma telegráfica, mexe com o desejo da juventude, fala sua língua. Insere-a no fluxo simbólico e econômico da comunidade, e da globalização. A atividade cultural tira o corpo do movimento mecânico, e o resgata para o movimento livre e consciente de si mesmo. Gera prazer e encantamento. Conecta o indivíduo, de qualquer parte, com a totalidade do mundo. A cultura desloca o jovem para o centro do mundo simbólico, levanta a esperança e a autoestima. Em última instância desperta o desejo de viver e o desejo de sobreviver. As regras para receber as bolsas são tão simples e claras como os editais dos Pontos de Cultura. Os Agentes Cultura Viva terão entre 16 a 24 anos, cursando a escola pública. Jovens que assumem o compromisso de dedicação a uma atividade cultural e social, nos Pontos de Cultura, recebendo como apoio o auxílio financeiro de 150 reais, ao longo de seis meses, por meio de cartão bancário.

Estes jovens serão primeiro, bolsistas, e no futuro, multiplicadores. Os equipamentos serão utilizados pelos bolsistas, e também pela comunidade onde o Ponto está situado. As ações culturais dos Pontos de Cultura ocorrerão em espaços públicos. O ponto poderá abrir o espaço da escola para a vida cultural da comunidade. Nesse sentido, quero lembrar que a aproximação com o Ministério do Trabalho ocorre, não por acaso, no momento em que restabelecemos uma pauta comum com o Ministério da Educação. Nossa meta é incluir a diversidade cultural brasileira no conteúdo e na forma ensinar crianças e jovens. Os pontos de cultura irão promover a necessária reaproximação entre cultura e educação. Aproximação entre pontos de cultura e a escola pública. Entre os estudantes da Universidade e os jovens dos Pontos de Cultura. Em sua maioria, serão jovens de cortiços, favelas, quilombos, povos indígenas, justamente aqueles que têm hoje a maior dificuldade de conseguir seu sustento e ter acesso a bens e serviços culturais. Vamos atingir os jovens que vivem hoje a pressão cruel de inserção num mundo de portas fechadas, de assimetrias e injustiças ainda presentes. Durante este ciclo de aprendizado, os agentes irão debater, produzir, vivenciar o poder transformador da cultura. Irão cursar oficinas culturais, com carga horária de 20 horas semanais. Irão desenvolver trabalhos em áreas como dança, música, teatro, artesanato, confecção de brinquedos, culinária. Irão participar de oficinas em linguagens como cinema, televisão, conteúdo para a rádio comunitária. Irão prestar trabalhos sociais e ter acesso a áreas estratégicas do desenvolvimento científico, como a linguagem de softwares e a reciclagem de computadores para ampliar, assim, o numero de pessoas navegando e produzindo na internet. No fim deste virtuoso ciclo de formação, está prevista também uma oficina de empreendedorismo, para finalmente buscar a inserção no mundo do trabalho, da gestão, do cooperativismo. 71


O benefício para os jovens será imediato. Mas uma das principais contrapartidas do programa é a rica produção cultural realizada em cada ponto, produção que poderá circular na comunidade ao redor ou na própria rede dos Pontos de Cultura. Uma produção que terá potencial de geração de renda e será, também, uma demonstração da diversidade cultural brasileira. Para tudo isso ser possível, cada ponto de cultura recebe um kit multimídia, com computadores, monitores, gravador de CD e DVD, microfone, mesa de som. E também uma câmera de vídeo. O kit terá aplicativos e ferramentas de edição de música, de edição audiovisual, de mixagem. A economia da cultura representa hoje, não apenas para o Brasil, mas para muitos países em desenvolvimento, o coração de suas chances de sucesso na globalização. A economia da cultura cresce acima da média mundial. E é uma economia que não exaure os recursos da natureza, dos indivíduos e da humanidade. Seu valor global de mercado alcançará o montante de 1 trilhão e 300 bilhões de dólares ainda em 2005. Trata-se de um setor vital em países em desenvolvimento que passam a ser produtores, e não apenas consumidores, de conteúdos culturais.

A Sambada de Coco do Guadalupe, promovida pelo Ponto de Cultura Coco de Umbigada é uma das mais importantes ações culturais do Estado de Pernambuco. É realizada todo primeiro sábado de cada mês, tem caráter de gratuidade e traz o espírito das brincadeiras de rua, tão característico das cidades de Recife e Olinda, aonde todos participam independente de cor, credo, gênero, idade ou classe social. A Sambada é a grande mostra pública do trabalho desenvolvido nas oficinas pedagógicas do Ponto. Conta com a participação das crianças, jovens e suas famílias moradoras da comunidade do Guadalupe e bairros do entorno, que na ocasião exercitam a manifestação do coco e suas expressões. 72


O Ponto de Cultura Coco de Umbigada tem um recorte de gênero, Beth de Oxum agrega mulheres que não tem oportunidade de desenvolver seu potencial profissional em toda sua plenitude no mercado de trabalho formal por causa do machismo que ainda prevalece na nossa cultura. O Ponto de Cultura Coco de Umbigada, é um dos poucos Centros Culturais do Estado a de fato valorizar e colocar em prática a profissionalização da cultura popular, remunerando os diversos profissionais da cadeia produtiva da cultura popular - produtores, profissionais da tecnologia, roadies, técnicos e som e luz, músicos, dançarinos, secretárias, office- boy, serviços gerais, etc. Beth de Oxum evoca e fortalece a verdadeira ancestralidade e religiosidade brasileira ao enfatizar todos os dias, com muiot orgulho o pertencimento à Matriz afro-indígena presente nos Terreiros de Candomblé e de Jurema deste país. Texto extraído do site: http://www.mocambos.org/noticias/nucleo-de-musicado-ponto-de-cultura-coco-de-umbigada-olinda-pe Dani Bastos - Produtora Cultural Coordenadora do Núcleo de Música do Ponto de Cultura Coco de

Bete de Oxum do PC Coco de Umbigada em Olinda

A respeito do Programa Cultura Viva - Pontos de Cultura, a produtora do Liberdade de Expressão escreveu o texto a seguir, para o Jornalista Paulo Machado e recebeu resposta imediata. “A juventude rural realmente deve ter direito aos Pontos de Cultura, mas por favor, não esqueça, que os grandes problemas sociais, principalmente de violência praticada pelos e contra os jovens. Será muito bom que o Ministério da Cultura não esqueça Recife e Olinda, especialmente esta, com 40 km2, 70% de periferia, com títulos que povoam a imaginação de quem não a conhece (1a. Capital Brasileira da Cultura? Patrimônio Artístico e Cultural da Humanidade?) e em completa degradação, com jovens sem nenhuma perspectiva social. É muito bonito a mídia e a cor que aparece nos folders e nas chamadas televisivas, no entanto a realidade é bem outra. O Ministro Gil, na abertura do Seminário sobre Diversidade Cultural apontou 10 caminhos ou pontos, para essa diversidade. Li e reli: o discurso e os 10 pontos, com atenção e até carinho, por conta da admiração que tenho pelo Ministro que tem mostrado ao País caminhos nunca dantes percorridos e não encontrei absolutamente nada que ligasse aquela exposição ao que vemos em nossa cidade. Tenho a impressão que vivemos fora do Brasil ou o que se propaga nos meios de comunicação é uma tremenda mentira. Mesmo assim, acredito no Ministro Gil e tenho certeza que esta cidade um dia será enxergada como um grande PONTO DE CULTURA. Um abraço Maristela Farias - Produtora do Programa Liberdade de Expressão (Nós tentamos fazer nossa parte, mas é muito pouco!)” “Li e reli a notícia através do site da Agencia Brasil, que recebo diariamente e leio através de um alerta do Google. Aproveito a oportunidade para agradecer e dizer que nunca estive tão bem informada (acho que estamos chegando ao céu da comunicação). 73


“Entre a Olinda de dentro e a Olinda de fora a conexão que faltava. Paulo Machado Ouvidor da Radiobrás Brasília –

A Ouvidoria fez uma análise da cobertura da Agência Brasil sobre o evento. Foram ouvidas 27 fontes nas 23 matérias publicadas entre 25 e 30 de junho. Das fontes 52% são representantes do governo brasileiro, 15% ministros de Cultura ou o equivalente de outros países latino-americanos, 11% representantes de organizações internacionais (ONU, UNESCO, OEA), 11% representantes de organizações da sociedade civil brasileira e 7% são intelectuais. Os principais temas abordados nas matérias são: identidade cultural, padrões de beleza e “afro latinidade”, redes alternativas de difusão cultural e espaços para exibição de filmes, direitos autorais e acesso a obras intelectuais, promoção dos idiomas nativos, luta contra a globalização neoliberal, diversidade digital, geração de emprego pela economia da cultura e criação de espaços para a capacitação da população de baixa renda.

Olinda, cidade situada a 6 quilômetros de Recife, capital do estado de Pernambuco, ostenta vários títulos que povoam a imaginação de quem não a conhece, dentre eles, o de ter o melhor carnaval do Nordeste, ser a primeira Capital Brasileira da Cultura e também de Patrimônio Artístico e Cultural da Humanidade. É de lá que a leitora Maristela Farias nos escreveu. Olinda tem uma população de quase 400 mil habitantes, morando em um território de 40 quilômetros quadrados, sendo que sua área urbana tem 34 quilômetros quadrados e a rural, pouco mais de 6 quilômetros quadrados . O chamado Polígono de Preservação Cultural mede 10 quilômetros quadrados, dos quais apenas 1,2 quilômetro quadrado é tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico pelo do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

As principais conclusões a que os participantes do encontro chegaram, segundo as matérias da Agência Brasil, foram com relação à necessidade de democratização dos veículos de comunicação, incentivo aos meios de comunicação alternativos, construção de um sistema público de comunicação, apoio a pequenas gravadoras e camelôs na produção e distribuição da música nacional, regulamentação para obrigar a exibição de filmes nacionais, acordos sobre a flexibilização dos direitos autorais, incentivos às publicações em idiomas indígenas, implantação de centros comunitários e Pontos de Cultura e a inclusão dos negros e índios nas decisões.

Maristela diz que a Olinda que está fora da área tombada é periferia e constitui 70% do município. Nessa Olinda de fora, há grandes problemas sociais, principalmente de violência praticada pelos e contra os jovens, jovens sem nenhuma perspectiva social e em completa degradação. Segundo a leitora, a Olinda tombada é muito bonita e aparece na mídia, nos folders e nas chamadas televisivas, cheia de cores. No entanto, a realidade é bem outra. Ela elogia a qualidade da cobertura da Agência Brasil, pela qual ela acompanhou o Seminário Internacional sobre Diversidade Cultural, realizado em Brasília na última semana. No entanto, ela lamenta que a realidade local não esteja representada nas discussões das políticas públicas debatidas no evento.

Além dessa cobertura convencional através de notícias publicadas na página, a agência inovou, inaugurando seu blog, no qual os editores puderam postar suas impressões sobre o seminário em uma linguagem mais informal. Até um trecho do diálogo entre participantes de um chat criado pelo Ministério da Cultura para discutir os assuntos tratados no evento pudemos ler ali. Além disso, o leitor encontrou fotos, vídeos e áudios das palestras e dos debates, tudo publicado em tempo real. 74


Do ponto de vista do uso dos recursos multimídia a agência deu seu espetáculo mostrando as inúmeras possibilidades que a convergência de diversas tecnologias pode proporcionar em matéria de informação. Até aí, estava tudo perfeito, a não ser por uma observação da leitora: “tenho a impressão que vivemos fora do Brasil ou o que se propaga nos meios de comunicação é uma tremenda mentira”. Maristela Farias se refere não só à distância que separa as duas Olindas – a de dentro e a de fora, mas à distância que separa o mundo dos jornalistas e autoridades do mundo real. Fala da distância entre o jornalismo que vê a realidade a partir de grandes centros urbanos e a realidade cotidiana das periferias das cidades Brasil afora. Fala desse abismo entre a concepção das políticas públicas e as reais necessidades dos jovens vivendo em periferias. Periferias das cidades, periferias econômicas, periferias sociais e periferias culturais, nas quais grassa a exclusão. No entanto, a leitora também ensina o caminho a ser percorrido entre os centros urbanos e a periferia para levar o jornalismo da agência até lá e trazer a realidade local para esse cibernético espaço público de debate dos problemas nacionais. Os mais de 600 Pontos de Cultura, as milhares de rádios e TVs comunitárias e os centros de inclusão digital do Projeto Casa Brasil podem ser a ponte que faltava. A Agência Brasil já deu provas de que dispõe da tecnologia necessária para se conectar a eles. Talvez falte só a decisão política de fazê-lo. Fomentar a produção de conteúdo e de jornalismo local pode ser uma das saídas para resolver “os grandes problemas sociais, principalmente de violência praticada pelos e contra os jovens, jovens sem nenhuma perspectiva social e em completa degradação”, acrescentou a leitora.”

“ Prezados Helder e Paulo Machado,”Entre a Olinda de dentro e a Olinda de fora a conexão que faltava “ Você entendeu exatamente tudo o que eu gostaria de ter dito, ao escrever sobre a “Olinda de dentro” e a “Olinda de fora” e mais ainda quando você dia da “da distância entre o jornalismo que vê a realidade a partir de grandes centros urbanos e a realidade cotidiana das periferias das cidades Brasil afora... e do desse abismo entre a concepção das políticas públicas e as reais necessidades dos jovens vivendo em periferias. Periferias das cidades, periferias econômicas, periferias sociais e periferias culturais, nas quais grassa a exclusão. ” Obrigada por ter literalmente entrado no sentimento que me levou a escrever a essa Ouvidoria. Espero que como você, as autoridades percebam que os pontos de cultura, as rádios e TVs comunitárias sejam realmente o grande vínculo que conseguirá ligar todas as pessoas, independente de posição social, que pretendem uma sociedade onde a diversidade seja o ponto de partida para o enriquecimento desse país, que depende de indústrias sim, mas e principalmente que os seus cidadãos sejam encarados com a dignidade que merecem. Mais uma vez obrigada e fiquem certos, sou uma leitora diária da agência e das outras mídias e minhas considerações estão sempre isentas da unilateralidade que a massificação tenta impor às mentes menos esclarecidas de nosso país. Tiro minhas conclusões, claro, aos 63 anos tudo me é permitido e exatamente por isso enxergo a elevação da autoestima dos grupos que tenho acompanhado e o orgulho quando dizem que NUNCA tiveram tantas oportunidades. Caso tenha oportunidade, mandarei um DVD com depoimentos que colhemos num debate com apenas quatro pessoas e como é emocionante a expressão de cada um deles em se sentirem prestigiados, vistos, amados, lindos, felizes e com desejo explícito de que o que está acontecendo

75


se estenda a muitas pessoas anônimas, trabalhadoras e, francamente imprescindíveis dentro desta sociedade capitalista que impõe normas e formas às pessoas, provocando transgressões para que sejam aceitas pelos “outros”, quando são simplesmente exemplo de vida.Vou parar por aqui, senão vocês nem vão mais querer ler.Um abraço fraterno e BRIGADAAAAAAAAAA.Maristela Farias

Como já fazemos esse tipo de parceria há alguns anos através da capacitação de comunicadores comunitários, achamos que também seria possível com aquele ponto de cultura, como partida para uma ideia maior que está sendo trabalhada em nossas horas de discussão sobre todos estes espaços que estão sendo abertos para valorização de nossa diversidade cultural. Fique certo que estamos marcando mais um ponto muito importante com essa parceria e manterei você a par dos acontecimentos. Tenho certeza que é mais um elo que devemos fortalecer.” Obrigada e um abraço Maristela

RESPOSTA DO OUVIDOR Querida Maristela Obrigado pelas palavras de carinho e estímulo ao nosso trabalho. É dessa forma que o serviço de ouvidoria poderá se legitimar por esse país afora tão carente de canais de expressão dos cidadãos. Continue usando de forma tão digna esses canais e nos tenha como seus aliados na luta pela liberdade de expressão, de comunicação e de informação. Quanto ao DVD com depoimentos muito nos honraria podermos desfrutar e compartilhar desse trabalho. Estamos sempre abertos para a riqueza da diversidade de olhares. Só isso revitalizará o jornalismo.”Abraços Paulo Machado Ouvidor

CONVIDADOS

RESPOSTA DE MARISTELA “Prezado Paulo,Claro que vou enviar para você! Como não temos como editar, por falta de equipamentos, já estamos criando (exatamente embasados nesta nossa discussão), uma parceria com o Ponto de Cultura Maria da Conceição, em Casa Amarela, por conta de uma entrevista que o Miguel Farias fez sobre Políticas Públicas para a juventude quando foram entrevistados garotos daquele Ponto de Cultura, do Morro da Conceição. Esse trabalho será feito por eles e Miguel como orientador, haja vista que essa parceria vai representar a valorização do jovem que está no ponto com o profissional que está na ponta, mesmo sendo um pequeno programa, numa pequena TV (e nem imaginamos outro meio que não o alternativo!) .

Isabelle Albuquerque do Minc 76


Mauro Lira do Minc

Louren莽o do Estrela Brilhante

Ivanize de Xang么

Bete de Oxum e sua filha 77


Filha de Bete de Oxum

Maracatu Estrela Brilhante

Sediado no Alto José do Pinho, comunidade conhecida por sua capacidade de agregar as mais diversas manifestações culturais, o Maracatu Estrela Brilhante do Recife é um grupo de referência de Matriz Africana que através de muitas histórias de resistência mantém com preciosismo e muita dedicação o legado espiritual, artístico e imaterial do Maracatu em Pernambuco. Sob este intuito o Ponto de Cultura Estrela Brilhante Fazendo Cultura tem como missão a preservação, manutenção e transmissão dos saberes relativos à manifestação do maracatu de baque virado.

Ivanize de Xangô

As oficinas proporcionam o encontro de Mestres com crianças, adolescentes e jovens, na perspectiva de formação/capacitação de novos brincantes, futuros mestres e artesãos do brinquedo. Outro eixo importante do Ponto de Cultura é a criação da cooperativa de mulheres para trabalhar na confecção de fantasias carnavalescas, visando ao protagonismo juvenil, a geração de trabalho e renda e a busca da autosustentabilidade do grupo.

Filha de Bete de Oxum 78


Miguel Farias, produtor e apresentador do Programa Liberdade de Express達o

79


RELAÇÕES SOCIAIS RELAÇÕES RACIAIS Com a poesia ” TEM GENTE COM FOME”, Miguel Farias iniciou o Programa Liberdade de Expressão deste 19 de novembro, comemorando o Dia da Consciência Negra, no dia 20, presta homenagem ao poeta, cineasta, pintor, homem de teatro e um dos maiores animadores culturais brasileiros do seu tempo, o pernambucano Francisco Solano Trindade. Para vários críticos, Solano Trindade foi o criador da poesia “ASSUMIDAMENTE NEGRA”. Em 1932, fundou a Frente Negra Pernambucana. Dentre as obras mais comentadas, o grande destaque é o poema “Tem gente com fome”, famoso e elogiado mundialmente, musicado em 1975 pelos Secos e Molhados, mas a censura proibiu sua execução e sòmente em 1980 Ney Matogrosso incluiu em seu LP. 80


Edvaldo Ramos, jornalista, escritor, advogado, procurador federal, um permanente defensor as cultura pernambucana, especialmente do Pátio do Terço, prestigiado pela Câmara Municipal do Recife, com a merecida Medalha de Mérito Leão do Norte, Classe Ouro, mérito Zumbi dos Palmares, pelos relevantes serviços prestados à Cultura e à Comunidade Negra. Edvaldo foi um dos pioneiros no Estado de Pernambuco a defender o Movimento Negro, ao participar da Frente Negra Pernambucana, fundada por Solano Trindade em 1932. 81


FRENTE NEGRA BRASILEIRA A Frente Negra Brasileira surgiu em São Paulo no ano de 1931. A sua principal reivindicação era a inserção do negro na sociedade, principalmente através da educação. Para os seus líderes, a condição do negro somente seria modificada se houvesse uma entidade capaz de possibilitar a ele, condições favoráveis para o seu esclarecimento e uma possível ascensão social. Para o Movimento Negro marchar em 20 de novembro é avançar na luta contra todas as injustiças que pesam sobre negros e negras, compreendendo que a única saída para população negra é o combate e não se dará sem conflitos contra aqueles que são os opressores. Por isso interessa a justeza da reivindicação e da proposta, não tergiversar e nem buscar palavras agradáveis aos ouvidos da mídia ou de qualquer segmento que represente a burguesia dominante. Essa é a razão das sucessivas vitórias do Movimento Negro brasileiro, tais como: Essa é a razão das sucessivas vitórias do Movimento Negro brasileiro, tais como . Derrota do Mito da Democracia Racial • Criação de organismos de promoção da igualdade racial nas tres esferas do governo •Revogação da Lei da Terra de 1854, com o artigo 68 e o Decreto 488/03, obrigando o Estado Brasileiro a reconhecer a posse das terras dos quilombolas •Criminalização constitucionalmente, da prática do racismo; •Avanço na implantação das cotas nas univesidades; 82


•Aperfeiçoamento da Lei de Diretrizes e Bases da Educação através da Lei 10.639 e com essa Lei provocou o estabelecimento legal que desencadeará uma silenciosa revolução na educação e, consequentemente no Brasil, quando ela for implantada, o que ainda não aconteceu. Estas conquistas indicam que o movimento negro está no caminho correto e que o processo de construção tem solidez, com respeito e diversidade na moção pelo fim do “aparthaid” midiático, aprovada em maio de 2005. Os negros e negras ali reunidos solicitaram urgência na efetivação de uma política nacional de Igualdade na mídia, por se considerarem sub-representados, injuriados, invizibilizados e estereotipados na mídia eurocêntrica e racista. Naquela ocasião, negros e negras gritavam por justiça e reparação.A comunicação é um direito humano e cabe ao Estado brasileiro, medidas reparatórias nos meios de comunicação para o povo negro e indígena. “FRENTE NEGRA PERNAMBUCANA Em 1936, é instituída na cidade de Recife, no estado de Pernambuco, a Frente egra Pernambucana, transformada, em 1937, em Centro de Cultura Afro-Brasileiro. Essa instituição, dentre outras coisas, defendeu a idéia segundo a qual a educação seria uma das principais estratégias para a ascensão social da população negra. Isto é, por meio de instrução formal, seria possível prepará-la para viver na sociedade em igualdade com o branco. O movimento protestava contra a discriminação racial que colocava o negro na posição de “inferioridade”. Sobre o assunto, José Vicente Rodrigues Lima, um dos fundadores da entidade negra, comenta: [...] “iluminando-os com a instrução, derrubamos a convicção de inferioridade e botamos por terra as baixezas e vilania dos preconceitos”. (LIMA, 1937, p. 23). A Frente Negra Pernambucana, transformada no Centro da Cultura Afro-Brasileiro, se projetara junto das outras Associações Coirmãs de todo o País. Se não construímos patrimônio materiais, construirmos entretanto um patrimônio muito maior, - Patrimônio Cultural que legamos aos nossos sucessores. Ideal que nos animou nesses 50 anos que hoje aqui se comemora nesta brilhante APOTEOSE” (CARTILHA de divulgação do cinqüentenário do Centro de Cultura Afro Brasileiro, p.10 , 1987) . Os relatos sobre o movimento negro pernambucano dizem respeito ao fato de que Qua fundação foi posterior ao 1º Congresso Afro-Brasileiro, que aconteceu em 1934. Mesmo reconhecendo a importância de Miguel Barros, membro da Frente Negra Pelotense e também fundador da Frente Negra Pernambucana, José Vicente destaca que para não ser confundida com a entidade gaúcha, a Frente Negra Pernambucana transforma-se em Centro de Cultura Afro Brasileiro. Sobre o assunto, em 1986, o CCAB (Centro de Cultura Afro Brasileiro), em comemoração do seu cinqüentenário, registra o seguinte: Numa noite recifense, numa casa do Pátio do Terço, sentados ao redor de uma mesa forrada com a toalha branca”, relembra o Prof. José Vicente, nascia o Centro de Cultura Afro-Brasileira, que naquele momento veio ao mundo com a denominação de “Frente Negra Pernambucana” logo concertada para atual C.C.AB. para não ser lembrada como uma simples réplica de sua co-irmã gaúcha. Era o orgulho e vaidade pernambucanas que já se faziam presentes naquele momento”.(CARTILHA: Comissão do cinqüentenário do C.C.A.B , 1986, Recife).” Fátima Aparecida Silva, Professora adjunta da Universidade Federal de Pernambuco. (Campus Agreste). Membro do Projeto: Observatório dos Movimentos Sociais UFPE (Campus Agreste). Doutora em Educação pela Universidade Federal do Ceará 83


Miguel - São vitórias de uma luta que ainda está avançando, mas na prática a gente vê que não é tão fácil, porque na realidade se a gente analisar direitinho, tudo isso é nosso direito, a gente luta, mas tudo isso é obrigação: educação e saúde de qualidade. No início do século passado, a população estava excluída do processo de educação. Hoje, temos grande quantidade de escolas, mas uma educação de baixa qualidade e a luta ainda é muito grande. São séculos e séculos prá gente alcançar direitos e a comunidade negra, o movimento negro lutou bastante e continua lutando para se afirmar como um povo legítimo, um povo brasileiro. Vamos abrir então, para que nossos convidados façam uma reflexão sobre o tema RELAÇÕES SOCIAIS, RELAÇÕES RACIAIS EDVALDO RAMOS - “Muito importante o Programa Liberdade de Expressão e estamos aqui, para dentro do nosso conhecimento, dentro desta nossa caminhada, à disposição para suas perguntas a respeito. De antemão, quero dizer que esse trabalho que o Movimento Negro vem fazendo em todo o Brasil, na realidade o movimento já havia, agora não havia uma identidade grande entre a negrada no seu todo. Nós podemos lembrar que Solano Trindade, com José Vicente Lima e também o Barros, criaram a Frente Negra Pernambucana, espelhando-se na Frente Negra Pelotense e desde lá se vem lutando no dia a dia com dificuldades muito grandes, até porque a grande verdade é essa, cada um lutava para seu lado: a Frente Negra Pernambucana, o Centro de Cultura Afro Brasileira, a resistência dos Terreiros da Religião de Matriz Africana, nossos terreiros de candomblé, terreiros de xangô, como sempre foi chamado aqui em Pernambuco, mas não havia organização política, digamos, até política administrativa, então a criação do Movimento Negro Unificado foi um marco histórico, arregimentando, juntando todo o pessoal, juntando toda negrada num trabalho que vem dando magníficos frutos e somando-se dia após dia.”

Miguel - A Marileide Alves está lançando um Livro - Nação Xambá - do Terreiro aos Palcos - e que já esteve na Globo, no Roger para divulgar, o que eu acho muito importante, que o tema seja abordado nos meios de comunicação, até porque existe uma história viva, uma cultura viva, que o Guitinho representa, levando para os palcos do Brasil o que você registrou. Marileide - “Esse tema é pertinente e vai ser sempre. É um tema inclusive, que está presente no livro Nação Xambá - do Terreiro aos Palcos. Eu acho que a gente tem que discutir mesmo, tem que chamar os especialistas, como o Edvaldo, que é expert no assunto, para se discutir essas questões. Infelizmente a gente tem um país que continua sendo preconceituoso e não é só o preconceito racial, temos outro tipo de preconceito, que também não é discutido e deveria se-lo, e nós precisamos ter consciência disso. É muito bonitinho dizer “não, não sou preconceituoso, não tenho preconceito” e no final das contas percebemos que está enraizado em todos nós, e precisamos trabalhar isso. Então, quando encontramos um espaço como este aqui na TV, é importante demais discutirmos esse assunto. É um tema pertinente e eu espero que daqui nós tiremos bons exemplos e saiamos daqui cheios de boas perspectivas para um futuro melhor e com menos racismo. 84


Também convidada a jornalista e escritora Marileide Alves, que lançou o livro “Nação Bongar- dos Terreiros ao Palco”, convidado o Guitinho, militante pela preservação da Cultura Negra e Religiões de Matriz Africana, sobrinho-neto de Mãe Biu, que em 11 de agosto de 2001 formou o Grupo Bongar ao lado dos primos e desde então percorre o Brasil como porta-voz da Cultura Xambá, a única reconhecida no Brasil, atualmente. E finalmente convidado o Junior Afro, representante do Centro de Cultura Afro da Prefeitura do Recife. 85


Miguel - Guitinho, dá última vez que você esteve aqui, e aproveitando para fazer uma reflexão sobre o tema, você falava que a escultura de Zumbi dos Palmares era pequena e não refletia a grandiosidade de quem foi Zumbi e sobre o dia de amanhã, 20 de novembro. O Telespectador Durval Batista, por telefone, nos recitou o poema Levanta negro Mostra que és forte mesmo entregue à própria sorte massacrado e passando horrores Levanta negro! Nação Nagô O negro merece! Guitinho - “Essa história da escultura de Zumbi, que está na Praça do Carmo, lembro quando falei aqui, porque eu acho que ela não diz o que Zumbi foi. A Prefeitura lançou um projeto para expor vários poetas pernambucanos e vê aquela escultura de Zumbi, achatada, que não condiz com a estatura de um negro. Eu acho que temos que lutar por isso, colocar uma escultura que represente bem o tamanho que é a cultura negra, o tamanho que é o negro e eu acho que aquela escultura não reflete bem isso. Quando falei foi justamente querendo me referir a isso. Miguel - Pois é, devemos falar outras vezes sobre este assunto, porque vamos fazendo uma reflexão sobre o assunto. Guitinho - Eu acho que o branco tem uma dívida para com o povo negro e a gente está há muito tempo lutando, já conquistamos muita coisa, mas ainda há muito por conquistar. A Mari fala e eu vou mais além nesse sentido que o Brasil é um país preconceituoso. O Brasil é um país conceituoso. Ele já conceituou que o “cabelo do negro é ruim”, “a negra que é a boa”, ele atesta isso, a televisão atesta isso e outras coisas mais. Nosso país não tem mais esse pré, ele já conceituou e a gente tem que acabar com esse conceito. Todo ser humano tem o direito de ter os seus “prés”, ideias, mas o nosso país atesta um monte de coisas, de teses, inclusive livros, atestando que o negro é inferior intelectualmente ao branco, acho que já por conta disso, tem todo um processo de construção que precisamos fazer e o processo sofrido pelo povo de santo, de casas de candomblé, através do próprio estado, são reparações que têm que ser feitas. Hoje, sou a favor das cotas. As pessoas não discutem as indenizações do povo negro, que sofreu perseguição na época do Estado Novo. A minha tia bisavó foi presa, faleceu em 1989 e a família não foi reparada financeiramente, nem moralmente. Você vê o pessoal da ditadura militar, muitos que foram presos e assassinados, eram pessoas que tinham grana e hoje se discute indenização para as famílias deles, mas para o povo negro ninguém discute. Eu acho que tem muito a ser reparado. Quando um terreiro de candomblé começa a tocar, está atrapalhando, fazendo zoada, mas não vê o transtorno que uma procissão provoca. Não tenho nada contra a Igreja Católica, muito pelo contrário, eu respeito a diferença “A sua diferença é que legitima a minha existência.”, então eu respeito, mas quero respeito e tem muito para ser reparado. O papo é longo... 86


Sempre convidado do Programa Liberdade de Expressão, Guitinho da Nação Xambá

87


Miguel - Junior, como você vê as Relações Sociais e as Relações Raciais, como você vê o negro na mídia, os espaços para o negro nesta construção sobre a qual o Guitinho colocou muito bem, que não é preconceito, é conceito mesmo! A mídia tem um conceito em relação ao negro e expressa de uma forma até perversa. Qual a sua reflexão sobre este assunto? Junior Afro - “Digo sempre que o Brasil é um país racista, infelizmente. O Estado Brasileiro é tão racista que criou vários organismos como forma de combater o racismo, de combater a desigualdade social. Existem problemas de desenvolvimento social, mas sobretudo o problema da desigualdade racial. Isso está alicerçado no Brasil e nós estamos no caminho, por conta do que foi colocado antes da luta histórica do Movimento Negro, fomos traçando um caminho para combater essa desigualdade. Temos a experiência do governo Lula com a SEPIR e também aprimorando outras experiências de governos anteriores, com a Fundação Cultural Palmares, que estava focada na discussão da cultura, então nesse bojo está colocado a política implementada na cidade do Recife e eu digo que podemos ver essa política mais na frente, para ver como combater de fato esse estado de desigualdade que vive a população negra. A comunicação é um reflexo desse estado racista, dessa país racista, que enxerga a população negra como inferior e ela vai tirando do foco principal. Nos meios de comunicação a situação é previsível porque nós não estamos representados nos meios de comunicação. O esforço de qualquer jornalista negro ou negra para estar aparecendo, é um esforço desumano. Nós sabemos o que cada um deles passa, porque temos boas relações entre nós, a gente se comunica e por mais que o branco, dono do poder, ache que nós não nos comunicamos, nós sabemos o que está passando o nosso companheiro irmãozinho de cor, numa empresa de comunicação, num jornal, para falar de negritude. 88


TambĂŠm convidado, Junior Afro, da Prefeitura do Recife

89


AURINHA DO CÔCO Miguel - Aurinha, como você se vê, mulher, negra, de sucesso, da cultura, nessa luta do dia a dia na sua vida? Aurinha´- Às vezes dá vontade de parar, porque o retorno é nenhum e deveria ser bem mais considerada a nossa cultura. Infelizmente é tudo isso que os convidados estão falando. Vamos continuar cantando, tocando e lutando. Miguel - e conquistando seu público.

90


Miguel - Num lapso. cometi uma gafe falando no Solano Lopes, quando o nosso é o Solano Trindade e você, Edvaldo, participou da Frente Negra Pernambucana, que ele fundou em 1932 e essa luta continua mais viva do que nunca. Vamos falar dessa Frente e da Homenagem que você está recebendo na Câmara de Vereadores do Recife. Edvaldo - Na Câmara dos Vereadores do Recife, através de Projeto do Vereador Vicente André Gomes, realmente foi aprovada uma Medalha em comemoração ao Dia da Consciência Negra, no dia 20 de novembro. É a mais alta comenda da Câmara Municipal do Recife, que é a Medalha de Mérito José Mariano. Na realidade o que eu tenho a dizer é que me sinto com muita responsabilidade e muito honrado em estar representando todo o grupo. Essa Medalha não é para Edvaldo Ramos, essa Medalha é para todo esse trabalho que se faz. Essa Medalha é de Solano Trindade, de José Vicente Lima, essa Medalha é de todos que vêm trabalhando, inclusive é de Feliciano Gomes, o primeiro médico negro aqui em Pernambuco, e isso é muito importante e essa família, exatamente um membro dessa família, hoje é que me lembra numa data histórica esse detalhe, então eu me sinto honrado, claro, mas sinto também um peso, porque essa Medalha é de todos nós, de todos que fazem o trabalho afro em Recife e em todos os terreiros, toda parte onde tem cultura e tem a nossa raiz africana. Então a Medalha é de todos!

Miguel - Marileide, fala um pouco da Nação Xambá, desse livro, fala do que representa este lançamento nesta Semana da Consciência Negra, o que toda comunidade negra, toda comunidade em geral pode encontrar no Nação Xambá - do Terreiro para os Palcos. Marileide Alves - O livro foi lançado dia 18, ontem, na Casa Xambá, com festa do Grupo Bongar, do qual o Guitinho é o vocalista, numa festa muito bonita que acabou virando uma grande roda de côco como sempre acontece todos os anos no 29 de junho. O livro, na realidade, é um resgate da história de um povo quase esquecido e se não fosse por eles mesmos, pela memória deles, pela existência do povo Xambá, eles estariam ainda no anonimato. Então a gente resgata a história desse povo. O terreiro de Xambá, de Mâe Biu, que fica lá no Portão do Gelo, descobrimos em nossa pesquisa, que demorou dois anos, que é o único Terreiro Xambá do Brasil, porque o culto no período do Estado Novo, quando foram fechados os Terreiros de Candomblé, do Brasil, a casa passou 12 anos fechada e os terreiros Xambás que existiam, se fundiram com outras nações como Nagô, especìficamente, que era um grupo maior e o único que conservou os ritos Xambá foi o terreiro de Mãe Biu, que continua até hoje. A gente sentiu grande dificuldade quando foi pesquisar sobre o assunto, porque não existiam registros literários sobre o povo Xambá. Os pesquisadores quando vieram fazer pesquisa sobre o assunto, não trataram do povo Xambá e se centraram no Candomblé, no Nagô, no Gêge, no Ketu e esqueceram, talvez até por ser uma minoria, não existem registros dos Xambás, de negros africanos dessa linhagem que são muito poucos no Brasil e para essa minoria os pesquisadores não centrar suas pesquisas. Dos ritos Xambá foi o terreiro de Mãe Biu, o únicp que continua até hoje

91


O terreiro da Nação Xambá na periferia de Olinda - PE O Terreiro Xambá é uma tradição religiosa afro-brasileira, de origem Bantu, introduzida no Brasil pelo alagoano Arthur Rosendo Pereira da Costa, no início do século XX. O babalorixá trouxe os axés do Senegal, África, onde adquiriu os conhecimentos do culto. Na década de 1920, no período de repressão policial aos terreiros de candomblés, Arthur Rosendo fugiu para Pernambuco, instalando uma casa Xambá no Recife, no bairro de Água Fria. Já na cidade, iniciou várias pessoas no culto. Uma delas foi Maria das Dores da Silva (Maria Oyá), que fundou um Terreiro Xambá, em 1930, este localizado hoje no Portão do Gelo (São Benedito), subúrbio de Olinda, o único desta Nação em funcionamento que se tem conhecimento no país. No período do Estado Novo, o Terreiro Xambá foi perseguido, sendo fechado em 1938, acarretando a morte de Maria Oyá. A Casa passou mais de uma década sem funcionar espontaneamente, período que levou antropólogos, historiadores e estudiosos dos cultos afro-brasileiros a declararem a extinção da Nação Xambá. Mesmo durante esse período os filhos de santo da Nação Xambá realizam seus ritos religiosos � s escondidas, mantendo viva a tradição. Só em 1950, passado o período obscuro, a Casa é reaberta e o Povo Xambá retoma as atividades, no comando de Severina Paraíso da Silva (Mãe Biu), no bairro de Santa Clara, Olinda, migrando logo depois, em 1951, para o Portão do Gelo. Durante todos esses anos o Terreiro Xambá realiza a tradicional festa do Coco da Xambá. Contam os mais velhos que no início a festa ocorria sem uma data fixa. Só em 1965 passou a ser realizada no dia 29 de junho, depois de um incidente ocorrido em 1964, na festa de aniversário de 50 anos de Mãe Biu, quando uma criança, que veio � festa com uma filha de santo da Casa, morreu afogada dentro de um poço num sítio, localizado nos arredores do Terreiro. Então pela religiosidade e crença do Povo Xambá, Mãe Biu, receosa pois ainda viviam assombrados com a repressão, mesmo sabendo que o incidente não ocorreu dentro do Terreiro, a Yalorixá faz uma promessa� aos Mestres da Jurema para que o fato não repercutisse. A partir daí passou a realizar o Coco no dia 29 de junho em homenagem aos Mestres. A partir de 1965 a festa acontece das 10h � s 20h, parando apenas para o almoço, que é oferecido aos visitantes. Nesta data o Povo Xambá também comemora o nascimento de Mãe Biu. Todos os anos a festa tem crescido e é freqüentada por muitos artistas da cena musical pernambucana, pesquisadores, historiadores, sociólogos, antropólogos, estudantes universidades e público em geral, além da comunidade. Por toda essa culturalidade, a Casa Xambá foi contemplada pelo Ministério da Cultura com o projeto “Memorial Severina Paraíso da Silva – Mãe Biu”, e é hoje um Ponto de Cultura do Ministério da Cultura, através do qual tem mostrado sua história, sua cultura, sua festa, sua religiosidade nos mais variados eventos de cultura do país.

92


Marileide Alves - Exatamente, o culto Xambá tem suas peculiaridades, é diferente dos outros cultos, então talvez por isso mesmo não existem registros sobre o povo Xambá. Então, nós consideramos um marco importante. O projeto foi aprovado pelo BNB Cultural e começamos o trabalho com o grupo Bongar e através desse nosso trabalho surgiu a ideia de escrever sobre a Festa do Côco, que acontece todos os anos na casa dia 29 de junho. Tivemos também apoio da Fundação Cultural Palmares e da Prefeitura do Recife.

História do Terreiro Xambá Diversos autores apontam o povo Xambá ou Tchambá, como povos que habitavam a região ao norte dos Ashanti e limites da Nigéria com Camarões, nos montes Adamaua, vale do rio Benué. Existem várias famílias com esse nome, nos Camarões, tendo inclusive participado nas lutas pela independência daquele país. No início da década de 1920, o Babalorixá Artur Rosendo Pereira, fugindo da repressão policial às casas de culto Afro-brasileiro, deixa Maceió e passa a morar no Recife. Na capital de Pernambuco, na Rua da Regeneração, no bairro de Água Fria, por volta de 1923, reinicia suas atividades de zelador dos Orixás, segundo os rituais e tradições da Nação Xambá, cujos axés foi buscar na Costa da África, onde permaneceu pôr quatro anos, aprendendo com “Tio Antônio, que vendia panelas no mercado de Dakar, no Senegal”, segundo René Ribeiro. Artur Rosendo iniciou muitos filhos de santo e vários deles abriram terreiro posteriormente. Dentre esses filhos, Maria das Dores da Silva (Maria Oyá), que fez sua iniciação em 1927. Em fevereiro de 1928, Maria Oyá começa a cultuar os Orixás, na Rua do Limão, em Campo Grande , tendo Artur Rosendo como Babalorixá e Iracema (Cema), como Yalorixá, inaugurando seu terreiro em 7 de junho de 1930.

No dia 13 de dezembro de 1932, Maria Oyá termina sua iniciação, com o recebimento das folhas, faca e espada. Ao meio dia, realizou-se o ritual de coroação de Oyá no trono, cerimônia tocante e belíssima, repetida anualmente, pôr Mãe Biu, sucessora de Maria Oyá. Violenta repressão policial fecha o terreiro em 1938, que manteve o culto aos Orixás, à portas fechadas. Em 1939, falece Maria Oyá. Em 16 de junho de 1950, Mãe Biu (filha de Ogum e Oyá), reabre seu terreiro na estrada do Cumbe, 1012, Santa Clara – Recife, tendo como Babalorixá Manoel Mariano da Silva e Yalorixá Dona Eudóxia, Padrinho Luiz da Guia e Madrinha Dona Severina, esposa de Manoel Mariano. Em 07 de abril de 1951, muda-se para o atual endereço, na antiga Rua Albino Neves de Andrade, hoje Severina Paraíso da Silva, nº 65, no Portão do Gelo, São Benedito – Olinda. Após 54 anos dirigindo sua casa e mantendo as tradições e rituais da Nação Xambá, Mãe Biu falece aos 78 anos, no dia 27 de janeiro de 1993. Donatila Paraíso do Nascimento, Mãe Tila, iniciada em 1932 por Artur Rosendo, Mãe-pequena da casa desde 1933, sucede Mãe Biu como Yalorixá, tendo como Babalorixá, seu sobrinho (filho de Mãe Biu), Adeildo Paraíso da Silva (Ivo), que continuam preservando as tradições do Terreiro Xambá. Ao contrário do que afirmam Olga Caciatore e Reginaldo Prandi, o Culto Africano da Nação Xambá, está longe da extinção, pois o Terreiro do Portão do Gelo, em Olinda, mantém-se há mais 70 anos, vivo e atuante, preservando seus ritos e tradições religiosas, que se distinguem das casas de tradição Nagô do Recife. É verdade que, após o falecimento do Babalorixá Arthur Rozendo em 1950, a maioria das Casas Xambá de Pernambuco fundiram-se com as da Nação Nagô, excetuando-se a fundada por Maria Oyá, o axé de Oyá Dopé. (do site xambá) 93


Mãe Biu - Segunda yalorixá da Nação Xambá. Guerreira pelas tradições Afrodescendentes 94


Junior - Eu queria comentar que também não havia interesse dos pesquisadores, até que nós, comunidade negra, chegasse à universidade até para não provocar os não negros, não havia interesse em discutir essa questão para entender as dificuldades, porque há muito uma ideia genérica, inclusive de olhar a Nação Nagô e chamar de Xangô. A gente sabe que Xangô é um Orixá de grande importância, sobretudo para a cidade do Recife, mas o olhar genérico sobre a comunidade negra não conseguiu o olhar específico, as dificuldades que existem entre nós, porque não somos iguais. Junior - Eu queria comentar que também não havia interesse dos pesquisadores, até que nós, comunidade negra, chegasse à universidade até para não provocar os não negros, não havia interesse em discutir essa questão para entender as dificuldades, porque há muito uma ideia genérica, inclusive de olhar a Nação Nagô e chamar de Xangô. A gente sabe que Xangô é um Orixá de grande importância, sobretudo para a cidade do Recife, mas o olhar genérico sobre a comunidade negra não conseguiu o olhar específico, as dificuldades que existem entre nós, porque não somos iguais. Miguel Farias - Isso tudo que está acontecendo aqui não é à toa, é uma parceria nossa com o Movimento Negro e este tema vai ser permanentemente falado no Programa Liberdade de Expressão e é um conjunto de trabalhos que vamos desenvolver sempre. Essa conversa não vai parar por aqui, vamos dar continuidade e vamos convidá-los outras vezes para volta. Existe sim uma motivação e uma luta muito grande para que a gente traga essa discussão para a mídia.Uma garota me encontrou e me disse que o programa estava ficando elitizado e eu gostaria de dizer, que esse projeto é fruto da demanda do telespectador. Tragam os temas, sugiram, porque nós vamos construir essa Liberdade de Expressão junto com você, nosso telespectador, afinal de contas esse papo não é daqui prá vocês, é de vocês prá nós e vice-versa. Está dado o recado. 95


Miguel Farias - Guitinho, você é jovem, um cara de sucesso, um griô, ou melhor, um aprendiz de griô, como você se sente sendo negro, vivendo numa sociedade excludente, onde não te mostram na TV, onde de repente o tua beleza é tornada de certa forma esquisita.

Miguel - Nós temos um processo histórico no Brasil, e em outras partes do mundo também tivemos fatos históricos e nem sempre o negro foi explorado. Tivemos todos os tipos de exploração e não é só a questão do negro, é um sistema que explora e coloca alguns na condição de plena felicidade e outros ficam excluídos de todos os processos.

Guitinho - É difícil viver na sociedade brasileira, mas a gente luta, a gente persiste e não vamos parar aqui, porque nossos ancestrais já mostraram e nós chegamos até aqui. Eu fico preocupada com o discurso “a cor não importa”. A cor importa sim, até porque na minha última fala aqui, eu disse: “a minha diferença é que legitima a sua existência”, do mesmo jeito “eu legitimo a sua existência, porque eu sou diferente” e eu tenho grande respeito à sua diferença.

Afro Jr. - A diferença é que nos outros países, tiveram processo de reparação, os judeus, por exemplo, foram reparados. Os negros que morreram, que foram jogados no mar, esses não tiveram condições de nada e nós lutamos na perspectiva dessa reparação devida. Marileide - Para encerrar, vou falar sobre o livro, que vai se distribuído nas livrarias, mas estão à disposição através do telefone 99276258, que nós estamos vendendo.

No Brasil a gente sabe quando é preto, quando entra no shopping, a gente sabe quando é preto ou branco; quando vai passar uma novela de época na Globo, a gente sabe quem é preto e quem é branco. Nós sabemos dizer muito bem isso. Hoje, a classe dominante do nosso país discute sobre as cotas, mas ela não lembra e não procura saber que em vários estados brasileiros existe dentro dos órgãos públicos uma lei que diz, na parte do setor de limpeza, que de 10 vagas abertas para a função de gari, 5 têm que ser destinadas a negros, mas a mídia não divulga isso, ninguém procura saber, porque é para gari e é natural que o gari seja preto, mas quando se vai falar nas cotas para a universidade, então não pode porque a universidade é do povo e todo mundo tem direito.

Miguel Farias - Edvaldo, o senhor não é contemporâneo de Solano Trindade, mas faz parte da história, então é importante saudá-lo com todo respeito que o senhor merece. Edvaldo Ramos -”É importante a carga histórica que nós carregamos, assim, com muito prazer com uma pontinha de vaidade. Não sou contemporâneo de Solano Trindade, conheço a história, mas eu gostaria de aproveitar a ocasião, para convidar a todos para a Câmara Municipal do Recife e estou à disposição para conversar sobre outros assuntos. Nenhum esforço, nenhuma obrigação. Missão. Estamos no mesmo barco e passamos pelas mesmas dificuldades, avolumadas por caminharmos como voz independente, na defesa de uma prática obsessivamente perseguida que é o enfrentamento de uma sociedade discriminativa sob todos os aspectos!.

É complicado. É uma sociedade que sai driblando o que é conveniente para ela. O camarada passa quinze anos numa boa escola, com uma boa farda, mas quando chega na hora do Vestibular, quer entrar no Publico, não vai para o privado porque é caro e porque a pública é melhor. Eu acho que é difícil viver nesta sociedade, mas nós também vamos driblando!

Um abraço nosso e estamos sim! Na luta pela Igualdade Racial e Social

96


MÃE BIU E MULHERES DA NAÇÃO XAMBÁ 97


Babalorixá – Adeildo Paraíso da Silva (Ivo de Xambá) (site xambá)

Filho de Oxum. Nascido em 06 de agosto de 1953, filho da inesquecível Severina Paraíso da Silva - Mãe Biu, segunda Yalorixá do Terreiro Santa Bárbara e de José Martins da Silva, filho de Ogum. Mãe Biu o manteve sempre ao seu lado, ensinando os rituais e as tradições religiosas da Nação Xambá. Ainda criança, já cantava e tocava para os Orixás e, aos dez anos de idade, foi iniciado, sendo consagrado a Oxum. Com o falecimento de Mãe Biu, em 1993, Ivo assume, junto com sua tia Donatila Paraíso do Nascimento - Mãe Tila, os destinos da Casa, iniciado pelo Babalorixá Manoel Mariano da Silva. Falecendo Mãe Tila, em março de 2003, Ivo assume a direção do Terreiro, com a responsabilidade de preservar o Culto aos Orixás, segundo os ritos do Povo Xambá. Conciliando sua atuação de líder classista, como Presidente do Sindicato dos Estivadores, Ivo do Xambá destaca-se entre os Babalorixás de Pernambuco, como uma das principais lideranças religiosas da Comunidade Afro-descendente. 98


ARTISTA CONVIDADA: AURINHA DO CÔCO Áurea da Conceição de Assis Souza, dificilmente a principio de sabermos quem é, entretanto se vermos escrito Aurinha do Coco, com certeza todos nós vamos começar a nos imaginar dançando, sorrindo e cantando, movidos por este ritmo contagiante e pelo carisma deste que é sem dúvida uma das maiores conquistas da atualidade. Nascida em Olinda e criada dentro do ambiente coquista da sua cidade, Aurinha do Coco começou cantando em corais. Ela fez parte do coral São Pedro Mártir e, depois, do Madrigal do Recife, ambos regidos pelos maestros José Beltão e Otoniel Mendes. Nordeste Web) 99


Miguel Farias, produtor e apresentador do Programa Liberdade de Express達o 100


ECONOMIA SOLIDÁRIA O Programa Liberdade de Expressão tratou sobre Economia Solidária e sua expansão no mundo e com os debatedores falamos sobre as Ações elencadas no Estado para que a Economia Solidária se firme como um processo de empoderamento de ações em função da eliminação contínua das desigualdades sociais. Foram convidados a Professora Ana Dubeux, da Universidade Federal de Pernambuco, Allan – do Centro Josué de Castro, Lenivaldo Lima, do Forum Estadual de Economia Solidária e José Manoel, Presidente da Cooperativa Harmonia 101


O QUE É ECONOMIA SOLIDÁRIA Ação possibilitadora da geração de novas oportunidades de inserção social pelo trabalho, propiciando: Democratização da gestão do trabalho; conhecimento sobre os segredos da produção; valorização das relações de cooperação; distribuição de renda ; fortalecimento do desenvolvimento local sustentável. Nas últimas décadas, as mudanças socioeconômicas ocorridas no mundo levaram ao aumento da informalidade e do trabalho precário. Uma situação na qual boa parte dos trabalhadores se sujeita a qualquer ocupação para garantir a sobrevivência, mesmo que seus direitos sociais não sejam atendidos. No entanto, surgiram outras formas de organização do trabalho como alternativa de geração de renda. A economia solidária é uma dessas formas, além de ser um instrumento de inclusão social. É um jeito diferente de produzir, comprar, vender e trocar o que é necessário para viver, sem que haja vantagem para um ou outro lado da negociação. As atividades da economia solidária se opõem à exploração do trabalho e dos recursos naturais e promovem o desenvolvimento sustentável, ou seja, o crescimento econômico em harmonia com a proteção da natureza.

Cooperativas e associações visam dividir os resultados dos negócios entre os produtores São exemplos de empreendimento econômico solidário: cooperativas, associações, grupos de produção e clubes de trocas que realizam atividades de produção de bens, prestação de serviços, finanças solidárias, trocas, comércio justo e consumo solidário. Essas organizações têm algumas características em comum. Entre elas o fato de serem empreendimentos coletivos; de terem atividades permanentes ou principais que são a razão de ser da organização; de serem constituídas por trabalhadores urbanos ou rurais que exercem a gestão das atividades de maneira coletiva e dividem os resultados; e de poderem ou não ter registro legal (prevalecendo a existência real ou a vida regular da organização). A economia solidária ganhou força no Brasil com o apoio de instituições e entidades a iniciativas associativas comunitárias e com a constituição de cooperativas populares, feiras de cooperativismo e redes de produção e comercialização. Em 2003, foi criado o Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES) e hoje há fóruns locais e regionais para debater e promover o assunto. A atividade ganhou também o apoio de governos municipais e estaduais, o que levou a um aumento no número de programas de economia solidária, como bancos do povo, centros populares de comercialização e projetos de capacitação. Fonte: Ministério do Trabalho Forum de Economia Solidária 102


Carta de princípios da Economia Solidária

Na carta de Princípios fica enfatizado que a Economia Solidária “ressurge como resgate da luta histórica dos(as) trabalhadores(as), como defesa contra a exploração do trabalho humano e como alternativa ao modo capitalista de organizar as relações sociais dos seres humanos entre si e destes com a natureza.”.Isto porque as relações do trabalho assalariado levaram a um tal grau de exploração Fo trabalho humano que os trabalhadores se organizaram em sindicatos e cooperativas com a finalidade de defesa dos trabalhadores e como forma de trabalho alternativo `exploração assalariada.. “As lutas, nesses dois campos, sempre foram complementares; entretanto a ampliação do trabalho assalariado no mundo levou a que essa forma de relação capitalista se tornasse hegemônica, transformando tudo, inclusive o trabalho humano, em mercadoria. As demais formas (comunitárias, artesanais, individuais, familiares, cooperativadas, etc.) passaram a ser tratadas como “resquícios atrasados” que tenderiam a ser absorvidas e transformadas cada vez mais em relações capitalistas. A atual crise do trabalho assalariado, desnuda de vez a promessa do capitalismo de transformar a tudo e a todos/as em mercadorias a serem ofertadas e consumidas num mercado equalizado pela “competitividade”. Milhões de trabalhadores/as são excluídos dos seus empregos, amplia-se cada vez o trabalho precário, sem garantias de direitos. Assim, as formas de trabalho chamadas de “atrasadas” que deveriam ser reduzidas, se ampliam ao absover todo esse contingente de excluídos. Hoje, no Brasil, mais de 50% dos trabalhadores/as, estão sobrevivendo de trabalho à margem do setor capitalista hegemônico, o das relações assalariadas e “protegidas”. Aquilo que era para ser absorvido pelo capitalismo, passa a ser tão grande que representa um desafio cuja superação só pode ser enfrentada por um movimento que conjugue todas essas formas e que desenvolva um projeto alternativo de economia solidária. Neste cenário, sob diversos títulos - economia solidária, economia social, socioeconomia solidária, humanoeconomia, economia popular e solidária, economia de proximidade, economia de comunhão etc, têm emergido práticas de relações econômicas e sociais que, de imediato, propiciam a sobrevivência e a melhora da qualidade de vida de milhões de pessoas em diferentes partes do mundo. Mas seu horizonte vai mais além. São práticas fundadas em relações de colaboração solidária, inspiradas por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econômica, em vez da acumulação privada de riqueza em geral e de capital em particular. As experiências, que se alimentam de fontes tão diversas como as práticas de reciprocidade dos povos indígenas de diversos continentes e os princípios do cooperativismo gerado em Rochdale, Inglaterra, em meados do século XIX, aperfeiçoados e recriados nos diferentes contextos socioculturais, ganharam múltiplas formas e maneiras de expressar-se. 103


Convergências - O que é a Economia Solidária Princípios gerais Apesar dessa diversidade de origem e de dinâmica cultural, são pontos de convergência: 1. a valorização social do trabalho humano, 2. a satisfação plena das necessidades de todos como eixo da criatividade tecnológica e da atividade econômica, 3. o reconhecimento do lugar fundamental da mulher e do feminino numa economia fundada na solidariedade, 4. a busca de uma relação de intercâmbio respeitoso com a natureza, e 5. os valores da cooperação e da solidariedade. A Economia Solidária constitui o fundamento de uma globalização humanizadora, de um desenvolvimento sustentável, socialmente justo e voltado para a satisfação racional das necessidades de cada um e de todos os cidadãos da Terra seguindo um caminho intergeracional de desenvolvimento sustentável na qualidade de sua vida. 1. O valor central da economia solidária é o trabalho, o saber e a criatividade humanos e não o capital-dinheiro e sua propriedade sob quaisquer de suas formas. 2. A Economia Solidária representa práticas fundadas em relações de colaboração solidária, inspiradas por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econômica, em vez da acumulação privada de riqueza em geral e de capital em particular. 3. A Economia Solidária busca a unidade entre produção e reprodução, evitando a contradição fundamental do sistema capitalista, que desenvolve a produtividade mas exclui crescentes setores de trabalhadores do acesso aos seus benefícios. 4. A Economia Solidária busca outra qualidade de vida e de consumo, e isto requer a solidariedade entre os cidadãos do centro e os da periferia do sistema mundial.

5. os valores da cooperação e da solidariedade. A Economia Solidária constitui o fundamento de uma globalização humanizadora, de um desenvolvimento sustentável, socialmente justo e voltado para a satisfação racional das necessidades de cada um e de todos os cidadãos da Terra seguindo um caminho intergeracional de desenvolvimento sustentável na qualidade de sua vida. 1. O valor central da economia solidária é o trabalho, o saber e a criatividade humanos e não o capital-dinheiro e sua propriedade sob quaisquer de suas formas. 2. A Economia Solidária representa práticas fundadas em relações de colaboração solidária, inspiradas por valores culturais que colocam o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econômica, em vez da acumulação privada de riqueza em geral e de capital em particular. 3. A Economia Solidária busca a unidade entre produção e reprodução, evitando a contradição fundamental do sistema capitalista, que desenvolve a produtividade mas exclui crescentes setores de trabalhadores do acesso aos seus benefícios. 4. A Economia Solidária busca outra qualidade de vida e de consumo, e isto requer a solidariedade entre os cidadãos do centro e os da periferia do sistema mundial. 5. Para a Economia Solidária, a eficiência não pode limitar-se aos benefícios materiais de um empreendimento, mas se define também como eficiência social, em função da qualidade de vida e da felicidade de seus membros e, ao mesmo tempo, de todo o ecossistema. 6. A Economia Solidária é um poderoso instrumento de combate à exclusão social, pois apresenta alternativa viável para a geração de trabalho e renda e para a satisfação direta das necessidades de todos, provando que é possível organizar a produção e a reprodução da sociedade de modo a eliminar as desigualdades materiais e difundir os valores da solidariedade humana. 104


Princípios específicos Por um sistema de finanças solidárias 1. Para a Economia Solidária o valor central é o direito das comunidades e nações à soberania de suas próprias finanças. São alguns dos elementos fomentadores de uma política autogestionária de financiamento do investimento do nível local ao nacional: 2. A nível local, micro, territorial: os bancos cooperativos, os bancos éticos, as cooperativas de crédito, as instituições de microcrédito solidário e os empreendimentos mutuários, todos com o objetivo de financiar seus membros e não concentrar lucros através dos altos juros, são componentes importantes do sistema socioeconômico solidário, favorecendo o acesso popular ao crédito baseados nas suas próprias poupanças. 3. A nível nacional, macro, estrutural: a descentralização responsável das moedas circulantes nacionais e o estímulo ao comércio justo e solidário utilizando moedas comunitárias; o conseqüente empoderamento financeiro das comunidades; o controle e a regulação dos fluxos financeiros para que cumpram seu papel de meio e não de finalidade da atividade econômica; a imposição de limites às taxas de juros e aos lucros extraordinários de base monopólica, o controle público da taxa de câmbio e a emissão responsável de moeda nacional para evitar toda atividade especulativa e defender a soberania do povo sobre seu próprio mercado. Pelo desenvolvimento de Cadeias Produtivas Solidárias A Economia Solidária permite articular solidariamente os diversos elos de cada cadeia produtiva, em redes de agentes que se apóiam e se complementam: 1. Articulando o consumo solidário com a produção, a comercialização e as finanças, de modo orgânico e dinâmico e do nível local até o global, a economia solidária amplia as oportunidades de trabalho e intercâmbio para cada agente sem afastar a atividade econômica do seu fim primeiro, que é responder às necessidades produtivas e reprodutivas da sociedade e dos próprios agentes econômicos.

2. Consciente de fazer parte de um sistema orgânico e abrangente, cada agente econômico busca contribuir para o progresso próprio e do conjunto, valorizando as vantagens cooperativas e a eficiência sistêmica que resultam em melhor qualidade de vida e trabalho para cada um e para todos. 3. A partilha da decisão com representantes da comunidade sobre a eficiência social e os usos dos excedentes, permite que se faça investimentos nas condições gerais de vida de todos e na criação de outras empresas solidárias, outorgando um caráter dinâmico à reprodução social. 4. A Economia Solidária propõe a atividade econômica e social enraizada no seu contexto mais imediato, e tem a territorialidade e o desenvolvimento local como marcos de referência, mantendo vínculos de fortalecimento com redes da cadeia produtiva (produçáo, comercialização e consumo) espalhadas por diversos países, com base em princípios éticos, solidários e sustentáveis. 5. A economia solidária promove o desenvolvimento de redes de comércio a preços justos, procurando que os benefícios do desenvolvimento produtivo sejam repartidos mais eqüitativamente entre grupos e países. 6. A economia solidária, nas suas diversas formas, é um projeto de desenvolvimento destinado a promover as pessoas e coletividades sociais a sujeito dos meios, recursos e ferramentas de produzir e distribuir as riquezas, visando a suficiência em resposta às necessidades de todos e o desenvolvimento genuinamente sustentável. Pela construção de uma Política da Economia Solidária num Estado Democrático 1. A Economia Solidária é também um projeto de desenvolvimento integral que visa a sustentabilidade, a justiça econômica, social, cultural e ambiental e a democracia participativa. 2. A Economia Solidária estimula a formação de alianças estratégicas entre organizações populares para o exercício pleno e ativo dos direitos e responsabilidades da cidadania, exercendo sua soberania por meio da democracia e da gestão participativa. 105


3. A Economia Solidária exige o respeito à autonomia dos empreendimentos e organizações dos trabalhadores, sem a tutela de Estados centralizadores e longe das práticas cooperativas burocratizadas, que suprimem a participação direta dos cidadãos trabalhadores. 4. A economia solidária, em primeiro lugar, exige a responsabilidade dos Estados nacionais pela defesa dos direitos universais dos trabalhadores, que as políticas neoliberais pretendem eliminar. 5. Preconiza um Estado democraticamente forte, empoderado a partir da própria sociedade e colocado ao serviço dela, transparente e fidedigno, capaz de orquestrar a diversidade que a constitui e de zelar pela justiça social e pela realização dos direitos e das responsabilidades cidadãs de cada um e de todos. 6. O valor central é a soberania nacional num contexto de interação respeitosa com a soberania de outras nações. O Estado democraticamente forte é capaz de promover, mediante do diálogo com a Sociedade, políticas públicas que fortalecem a democracia participativa, a democratização dos fundos públicos e dos benefícios do desenvolvimento. 7. Assim, a Economia Solidária pode constituirse em setor econômico da sociedade, distinto da economia capitalista e da economia estatal, fortalecendo o Estado democrático com a irrupção de novo ator social autônomo e capaz de avançar novas regras de direitos e de regulação da sociedade em seu benefício. 3. A Economia Solidária não é: 1. A economia solidária não está orientada para mitigar os problemas sociais gerados pela globalização neoliberal. 2. A Economia solidária rejeita as velhas práticas da competição e da maximização da lucratividade individual. 3. A economia solidária rejeita a proposta de mercantilização das pessoas e da natureza às custas da espoliação do meio ambiente terrestre, contaminando e esgotando os recursos naturais no Norte em troca de zonas de reserva no Sul.

4. A economia solidária confronta-se contra a crença de que o mercado é capaz de auto-regular-se para o bem de todos, e que a competição é o melhor modo de relação entre os atores sociais. 5. A economia solidária confronta-se contra a lógica do mercado capitalista que induz à crença de que as necessidades humanas só podem ser satisfeitas sob a forma de mercadorias e que elas são oportunidades de lucro privado e de acumulação de capital. 6. A economia solidária é uma alternativa ao mundo de desemprego crescente, em que a grande maioria dos trabalhadores não controla nem participa da gestão dos meios e recursos para produzir riquezas e que um número sempre maior de trabalhadores e famílias perde o acesso à remuneração e fica excluído do mercado capitalista. 7. A economia solidária nega a competição nos marcos do mercado capitalista que lança trabalhador contra trabalhador, empresa contra empresa, país contra país, numa guerra sem tréguas em que todos são inimigos de todos e ganha quem for mais forte, mais rico e, freqüentemente, mais trapaceiro e corruptor ou corrupto. 8. A economia solidária busca reverter a lógica da espiral capitalista em que o número dos que ganham acesso à riqueza material é cada vez mais reduzido, enquanto aumenta rapidamente o número dos que só conseguem compartilhar a miséria e a desesperança. 9. A economia solidária contesta tanto o conceito de riqueza como os indicadores de sua avaliação que se reduzem ao valor produtivo e mercantil, sem levar em conta outros valores como o ambiental, social e cultural de uma atividade econômica. 10. A Economia solidária não se confunde com o chamado Terceiro Setor que substitui o Estado nas suas obrigações sociais e inibe a emancipação dos trabalhadores enquanto sujeitos protagonistas de direitos. A Economia Solidária afirma, a emergência de novo ator social de trabalhadores como sujeito histórico. 106


Ana Dubeux. Profa. da UFRPE e do Fórum de Economia Solidária A professora Ana Dubeux, do Fórum Brasileiro de Economia Solidária ressalta, que “embora o movimento enquanto organização seja novo, suas práticas são antigas, presentes no espaço rural e urbano na utopia de um mundo melhor, questionando os valores do capitalismo, o movimento de Economia Solidária está, assim na contramão deste processo, que busca os trabalhadores/as que não são visíveis no quadro das políticas públicas. É preciso perceber as lutas no Brasil que se colocam contra a forma avassaladora que o capitalismo tem destruído a vida... A economia solidária busca o resgate da dignidade e da cidadania algo que às práticas de geração de renda individuais não conseguem fazer. O Brasil é referência por ter um lugar próprio para a Economia Solidária, desta forma as propostas que existem são pela ampliação do espaço institucional no governo federal e pelo fortalecimento da política pública federal neste campo, contribuindo com ações que fortaleçam o Movimento de Economia Solidária no Brasil”

Alan Azevedo Pessoa, do Centro Josué de Castro O Centro de Estudos e Pesquisas Josué de Castro é uma entidade de direito privado sem fins lucrativos, que tem por objetivo contribuir para a construção e fortalecimento da democracia e da cidadania na perspectiva do acesso aos direitos humanos, através da pesquisa e da intervenção social. O pesquisador Allan Azevedo, trabalha A Linha de Investigação e Atuação Geração de Trabalho e Renda que coloca em destaque a questão do trabalho formal e informal e da renda, focalizados no âmbito das políticas públicas de desenvolvimento. O Centro Josué de Castro contribui para o fortalecimento da organização dos produtores da economia popular urbana e rural, assessorando-os na complementação e no acesso aos processos técnicos de gestão e organização dos empreendimentos, na sua organização associativa, na formulação de estratégias de desenvolvimento local sustentável e na proposição e controle de políticas públicas, tendo como perspectiva para essas políticas a economia solidária. 107


José Manoel, Presidente da Cooperativa

Lenivaldo Lima, do Forum Estadual de Economia Solidária

A Companhia Agrícola Harmonia se converteu na maior empresa solidária de autogestão no Brasil. Oferece emprego a 4.300 famílias que exploram 26 mil hectares, tendo como centro a produção açucareira em 48 usinas. Quando a empresa entrou em crise, em 1993, a reação inicial foi a usual: defender as indenizações e outros direitos dos 2.300 trabalhadoras demitidos. Dois anos depois, os sindicatos optaram por outro caminho. O objetivo foi recuperar os empregos perdidos e manter os demais em uma atividade vital para a economia de Catende, no interior de Pernambuco. Pediram a falência dos proprietários e assumiram sua gestão, sob controle judicial, para recuperar a produção de açúcar e diversificar a atividade agrícola e industrial. A área de canaviais e uma diversificada agricultura familiar se estendem a cinco municípios. Um dos principais objetivos é colocar “o ser humano como sujeito e finalidade da atividade econômica, em lugar do acúmulo privado de riqueza”, segundo o Fórum, criado por ONGs, universidades, gestores públicos e movimentos sociais. “Para Lenivaldo Lima, as iniciativas solidárias no Brasil começaram “pela luta contra o desemprego”. Porém, elas “mudam a visão de mundo dos trabalhadores que antes apenas queriam um salário”, e agora valorizam uma melhor qualidade de vida, com mais segurança e controle de seu destino, acrescentou. 108


Miguel Farias, produtor e apresentador do Programa Liberdade de Express達o 109


O FUTURO DAS RÁDIOS COMUNITÁRIAS Para o debate, Miguel Farias convidou o Napoleão Assunção, da ONG no PE do ouvido e representante da ABRAÇO estadual, Hélio Jaguaribe da FERCOM - Federação das Rádios Comunitárias -, Nadinho da ARCO - Associação das Rádios Comunitárias de Olinda - e Rufino da ARPPE - Associação das Rádios Populares de Pernambuco.

110


Para o Programa Liberdade de Expressão, os comunicadores comunitários do País andam preocupados com o futuro das Rádios Comunitárias . Seminários e fóruns são cada vez mais comuns para debater esses temas. A discussão se dá no âmbito de que a sociedade necessita falar por ela mesma e que é necessário uma grande interação para que haja ligação entre os diversos setores da sociedade, porque hoje só é receptor quem quer e as comunidades têm demonstrado através da atenção e da sintonia com suas rádios comunitárias. Durante o debate, ficou muito claro que a TV, a Internet, os jornais impressos e a rádio se completam e uma não exclui a outra, quando o objetivo é a democratização da informação. Ficou mais claro ainda que a luta que se apresenta pela frente, para os comunicadores comunitários é ainda maior porque esse tipo de mídia vem ganhando força e preenchendo lacunas deixados pelos grandes veículos de comunicação principalmente porque representam a voz e a cara de uma sociedade que sempre desejou ser ouvida e vista e a sociedade já caracteriza a mídia tradicional como esgotada. Napoleão - Eu estive no Fórum das Rádios Públicas que se realizou nos dias 21, 22 e 23 que se realizou no Hotel Presidente, na Lapa, com dois dias de muitos discursos e debates, palestras e encaminhamentos para esse novo meio de rádio que aí vem: a questão da digitalização, a questão das experiências vividas pelas rádios públicas, comunitárias, educativas e nós agradecemos à SECOM e ao Ministério da Cultura por estarem engajados a esse movimento de rádios.”

Miguel Farias - “O Tema do Programa Liberdade de Expressão é o Futuro das Rádios Comunitárias” e você, Napoleão, que esteve no Fórum das rádios públicas nos dias 21, 22 e 23 de novembro, deve ter muita coisa para falar sobre o assunto e acho que é por aí que vamos começar”.

Miguel - “ Vamos falar sobre todos estas” questões de rádios educativas, rede pública nesse país, mas antes eu queria informar para o nosso telespectador sobre a questão desse novo sistema, desse novo formato que está se confirmando no Brasil com emissoras educativas, comunitárias e a rede pública de comunicação. Está tendo um grande debate, onde toda população, através de seus representantes, de suas organizações, estão discutindo o papel da televisão e da radiodifusão nesta país, inclusive foi criada a Empresa Brasileira de Comunicação - EBC, que tem a Tereza Cruvinel, que deve estar vindo ao Recife, amanhã (27), para o lançamento da TV Pernambuco, no Paço Alfândega, que vai ser reinaugurada já dentro dessa perspectiva de uma nova era da comunicação brasileira. 111


E aí pergunto: Qual o futuro das Rádios Comunitárias, já que a partir do dia 02 de dezembro estamos estreitando no Brasil uma nova etapa de Comunicação que ainda não é dos nossos sonhos, mas já é um avanço e no dia 02, teremos um dos grandes eventos: o lançamento da televisão digital em São Paulo. É muito importante prá gente e a pergunta vai para o Nadinho, para fazermos uma reflexão aqui no Programa Liberdade de Expressão.

Nadinho da ARCO - Associação das Rádios Comunitárias de Olinda Nadinho, você, que é representante da ARCO- Associação das Rádios Comunitárias de Olinda e Diretor da Estúdio FM, aqui em Ouro Preto, eu queria que você falasse a respeito.” Naldinho - “Nós vemos muitas coisas boas vindo. Fala-se muito nas associações, federações em todo o país, mas as pessoas ainda não atentaram para um problema bem maior que são as leis para as rádios comunitárias.Quando se pensa em futuro, tem que se pensar em mudar as leis. Isso é o mais importante para que as rádios populares possam realmente desenvolver o seu trabalho como radcom, como rádio popular. A preocupação hoje é a seguinte: esta vinda da digitalização e a aquisição dos equipamentos, quanto vai custar? As associações terão condições de comprar um transmissor desse porte? Um transmissor digital? É muito complicado.”

Miguel - “Eu ouvi falar que fica em torno de R$ 150.000,00 um equipamento para rádio digital”. Nadinho - “Resolveria o problema da comunicação popular. Resolveria porque você teria mais banda e sairia dessa história da mesma frequência para todos. Resolveria, mas quem tem condições de comprar? Vamos perder? Napoleão - “Fora os US$ 10.000,00 de royalties”. Miguel - Você esteve lá no fórum sobre a questão da rede pública de rádio, como você vê a perspectiva para nós que estamos na base, no dia a dia, na construção das radcoms, e eu também faço parte da Associação Comunitária do Sítio Histórico de Olinda, responsável pela Rádio Nova FM, também me preocupo como cidadão comum aqui em Olinda, cidade de 400.000 habitantes, uma cidade pobre do Nordeste pernambucano e novamente pergunto a você, como militante da ABRAÇO - Associação Brasileira das Rádios Comunitárias - em relação a esse porvir da rádio digital e o que mais importante, é que quando aconteceu o ITEIA lá em Belo Horizonte e o Presidente foi bem claro quando disse ter uma dívida com as rádios comunitárias e populares e que nesse resto de mandato iria saldar essa dívida apoiando fortemente as radcoms, mas ao mesmo tempo houve lá o anúncio de Frank Aguiar como futuro Ministro da Cultura, com a saída de Gilberto Gil, que está fazendo um grande trabalho (e vai sair por que quer). Então, se por um lado temos uma notícia boa, por outro a gente se sente um pouco abalado porque já não temos o Ministério das Comunicações e se perdermos o Ministério da Cultura é gravíssimo! Qual as sua perspectiva? a sua visão?” Napoleão - “Pegando o que você falou sobre o Presidente ter se colocado com uma dívida, querendo usar este mandato dele para tentar resolver, se houver um trabalho bem feito! Mas é muito grande a estrada!

112


O tema das TVs públicas temos que lembrar aqui, foi do Ministério das Comunicações. Na minha visão tem que ser iniciativa do Ministério das Comunicações para puxar o tema das rádios comunitárias. Hoje temos SECOM e Ministério da Cultura e na perspectiva do fórum foram colocados prós e contras. No Fórum saímos com uma vitória: a ARPUB, Associação das Rádios Públicas do Brasil - convocou esse encontro e (por falta de respaldo), convocou a AMARC, que convidou a ABRAÇO, que foram os realizadores e eu diria até que o movimento das radcoms estava presente cerca de 40 a 50%. Detalhe: dentro de um fórum de rádio pública, o maior público que estava lá (e isso é fato!) era o pessoal das rádios comunitárias com a ABRAÇO e a AMARC. Então eu acho que o futuro ele vai vir de acordo com aquilo que Nadinho colocou: muda a lei. Tem Presidente, tem diabo de lei, diabo a quatro e a gente vai bater em cima, mas se de alguma forma não mudar só na porrada (vou usar esta palavra). a LEI VAI TER QUE MUDAR LÁ EM CIMA, LÁ NA PONTA para que o resto aqui também mude. Claro que a gente como movimento vai ter que procurar parcerias, estar sempre puxando esse debate que está sendo feito aqui no Programa Liberdade de Expressão, para que a cabeça do povo também possa entender e participar mais ainda.”

Pedro Paulo, Presidente da TV Nova, com Miguel Farias

Miguel - “Estamos acabando de receber a visita do Presidente da TV Nova, Pedro Paulo, grande batalhador pela comunicação de Pernambuco e que nós gostaríamos que ele se aproximasse e falasse um pouco sobre o assunto que estamos discutindo” Pedro Paulo - “Eu estava acompanhando o debate. É um tema palpitante, que gostamos muito de falar. Outro dia fizemos um debate aqui sobre a implantação da TV Digital. Eu costumo dizer que em menos de uma semana o mundo estará voltado para São Paulo e porque nós vamos ter a implantação da TV Digital no Brasil. A previsão de migração dos canais de Pernambuco para TV digital é 1o. de março, exatamente. A grande experiência que vamos ter com ela em São Paulo. Vocês estavam falando da digitalização das rádios comunitárias. Talvez a TV seja a última ponta dos eletrodomésticos no Brasil, a ser digitalizado. O próprio rádio já há algum tempo se falou na digitalização e como não se fez na época, o rádio AM passa pela situação extremamente difícil, completamente isolado porque naquela época os empresários de uma forma geral não tiveram a ousadia, a coragem de mergulhar de cabeça na nova tecnologia que hoje é absorvida no mercado inteiro e que só traz facilidade. Nós temos inúmeros exemplos: o do telefone celular é o melhor de todos, porque antigamente a gente tinha aquele aparelhinho celular e aquilo ocupava no mínimo sete linhas e hoje, todo mundo, pràticamente todo mundo tem um. As companhias telefônicas pràticamente estão dando o aparelho para o usuário, porque a partir daí ficou muito fácil fazer isso. Então volta a se discutir a questão da digitalização do rádio também, mas a pauta do dia é a digitalização da TV e a digitalização da TV está chegando. Nós aqui estamos trabalhando dia e noite para que a gente tenha condições de assimilar o mais rápido possível. 113


Eu vi em estudo recente de um professor da Universidade Federal, que diz: engana-se aquele que pensa que a digitalização da TV vai demorar prá chegar no Brasil. Não vai! Porque na hora que começar a mostrar a diferença de um aparelho que hoje é analógico e um digital é muito grande. Então nos vamos ter uma mudança muito rápida de conceito, sobretudo quando a gente pensa na possibilidade de diversificação. A TV no aparelho telefônico, no carro, na casa das pessoas com qualidade superior a um DVD. Então é um novo mundo que a gente começa a viver, a vivenciar a partir da semana que vem, dia 02 de dezembro em São Paulo e 1o. de março em Recife.” (Pedro Paulo agradeceu e saiu para uma reunião após o depoimento) Miguel - “Será que o futuro do rádio vai ser pelo celular, internet ou extinção?” Miguel - “E a galera da música escuta rádio ou apenas utiliza o mp3/4, internet, qual é a de vocês?”

oão - “Eu não ouço rádio e é muito difícil encontrar no nosso meio ninguém escuta rádio a não ser para saber informações sobre shows e outras coisas. Gosto mesmo é de mp3 e internet” Miguel - “É um fato a acrescentar no debate, de que a juventude hoje está ligada na internet. É um veículo que veio democratizar a informação e está cumprindo papel muito importante, porque a periferia já utiliza a internet. Um computador se compra por R$ 700,00 em diversos pagamentos e as lan houses e os telecentros estão aí. Pena que alguns apenas jogam e esquecem-se de informações importantes que estão circulando no mundo virtual. Voltando ao tema O Futuro, para chegar ao futuro temos precisamos rever a história e a gente sabe que em 1998 foi feita uma legislação que ao invés de ajudar piorou a vida das rádios e tem muitas coisas a mudar nessa lei. Nadinho, de imediato, o que você mudaria na lei? Você que é da ARCO. Aqui em Olinda tem uma rádio com concessão e mais de 30 sem, o que é um absurdo!” Nadinho - “Um dos caminhos usado por nós da ARCO, foi a Municipalização, que não foi adiante por falta de vontade política. É essencial a sobrevivência, que ela esteja na internet para que as pessoas possam acessar em qualquer lugar.” Miguel - quer dizer que só botar música não adianta nada. Você tem que construir um modelo de rádio e a fala do jovem música abre um nicho interessante a informação sobre cultura.

João Odilon,da Banda Kitinete

Segundo Nadinho, o músico tem que ouvir rádio, porque para fazer sucesso tem que tocar na rádio. A rádio AM está em situação difícil segundo Pedro Paulo, mas ela existe! Caminhando a passos de tartaruga porque ninguém acreditou na época, mas ela está existindo e é isso que a gente está discutindo! Temos que mudar a lei. 114


Miguel - Falando em lei, se você pudesse indicar três aspectos para mudar na lei hoje, o que você mudaria? Nadinho - O espaço geográfico, o alcance; a frequência única que prejudica todo mundo. Um transmissor de 25 watts, analógico vaza e chega num ponto onde ninguém escuta ninguém. Miguel - Na verdade, a lei foi feita para ninguém escutar ninguém e se a gente depender da boa vontade da lei das rádios é o fim! Nadinho - Como terceiro ponto, aumentaria a potência do transmissor e implementaria maior fiscalização. Napoleão - Muita coisa que Nadinho falou está contemplado na minha resposta, o espaço geográfico, o espectro, a questão da potência e aí eu vou citar o exemplo dos quilombos e indígenas, que dentro da lei não tinham como ter rádio dentro de quilombo ou aldeia, mas houve “uma boa vontade” do Presidente da República que colocou canais nas aldeias e quilombos. E a lei? Danou-se. Eu desaprendi o que aprendi. Não podia, mas Lula quis. Então é uma questão de boa vontade política!] Quanto a futuro, aí sim! Só vai sobreviver e ficar nesse meio de comunicação quem for competente. quem não quiser, por favor peça prá sair e saia! Por que te gente que tá aqui de brincar de comunicação e não vou peneirar quem diz fazer comunicação comunitária e não faz, porque o futuro é para as pessoas com conteúdo de qualidade. Nos Estados Unidos, por exemplo, você pode botar um transmissor a qualquer momento, mas tu só sobrevive lá maluco, se tu tiveres audiência, se tu não tem, tu morre! Então quem tiver no meio prá estar brincando então peça prá sair numa boa. Quem tiver engajamento com as pessoas que estão aqui hoje, nas associações, na FERCOM, na ARPPE, essas devem ficar, mas tem gente que tem que sair mesmo!”

Miguel - “Na realidade a gente precisa mudar o conceito do que é comunidade. Comunidade não é mais uma questão geográfica, é muito mais de afinidade, de ideias, e tem que se mudar essa concepção. As comunidades da internet são formadas por pessoas que gostam de música afro-brasileiras (por exemplo), então porque não ter uma rádio que toque esse tipo de música? Você sintoniza a rádio a, b, c, e é tudo a mesma música, forró estilizado, brega, monopolizando as rádios comunitárias e comerciais. Pode ter comunidade de música latina, de arte, cultura, religião, esportes E preciso fazer uma lei onde se mude o conceito do que é comunidade. A rádio comunitária está muito mais para prestação de serviços do que para uma área territorial, para uma cidade. Você tem vários tipos de pessoas e pode ter também as rádios comunitárias de associações de moradores que tratam as questões sociais, as de saúde, de vacinações. É preciso mudar esse conceito e fazer uma lei menos hipócrita onde as rádios comunitárias possam ter apoio cultural de verdade, porque na realidade a gente sabe que propaganda é propaganda e apoio cultural é propagando. Só muda o nome. É preciso que tenha uma potência razoável porque 25 watts é muito pouco. Quando entrar no sistema digital 25 watts é apenas um ruído e é preciso uma potência mais forte para que chegue com qualidade na casa do ouvinte e é preciso boa vontade porque a lei que foi feita, foi para acabar com as rádios comunitárias. Como pode dar certo se foi feita para acabar com as rádios?

“rapaz esse negócio está perigoso, o povo está começando a falar a ter autoestima” 115


Quando a lei foi pensada, disseram: vamos fazer uma lei prá acabar isso, porque na realidade o que aconteceu em 1988 com a Constituição Cidadã, é que os movimentos sociais começaram a buscar autonomia, o povo começou a buscar sua fala, a se ver na TV e os caras lá no Congresso Nacional pensaram: “rapaz esse negócio está perigoso, o povo está começando a falar a ter autoestima. Esse povo está começando a pensar, isso não dá certo. Vamos fazer alguma coisa prá acabar com isso e fazer o que? Uma lei. Aí fizeram uma lei para acabar com as rádios comunitárias e se a gente depender dessa lei a radcom não tem futuro e agora tem a questão da digitalização, que mais uma vez, não só pela questão legal, inviabiliza, mas por outra questão: a econômica, porque a gente tinha a questão legal, não podia montar uma rádio porque não tinha dinheiro nem lei, mas 3 a 5 mil reais era mais fácil e se montava uma radiozinha. Agora vai ter que ter MUITO DINHEIRO. Na realidade o futuro da rádio é muito difícil, agora tem um jeito: é a rede pública. Juntar às rádios comunitárias, as TVs educativas, as universitárias, e formar uma grande rede para democratizar a informação.

Miguel - Nadinho, você falou das Rádios Livres, fala de novo porque este é o Programa Liberdade de Expressão e se este assunto fosse discutido alguns anos atrás estaríamos todos presos, mas gora vivemos num país democrático. Nadinho - Outro caminho da comunicação são as Rádios Livres, em São Paulo, cujo movimento é muito forte. São rádios com transmissores de l kilo. O que é uma Rádio Livre? É uma rádio de um segmento. Ela só toca reggae, outra rock, outra forró e isso é muito bom dentro do universo que você, Miguel, falou e é um sucesso mesmo! Dentro do contexto que você falou radcom e rádio popular, a comunitária é a de caixinha e a popular é a Miguel - na realidade a rádio de caixinha é mais agressiva que a FM, porque você é obrigado a escutar. Na FM você escolhe e desliga quando não quer mais ouvir. Napoleão - Mas eu quero fazer uma ressalva para a Rádio Alto Falante, que é um sucesso. Eu estava lá no estúdio, quando uma senhora chegou e pediu para aumentar o volume da caixinha próxima da casa dela que estava muito baixo e ela não estava escutando. Miguel e Nadinho Concordaram pela grande importância daquela rádio no desenvolvimento e na defesa da comunidade. Miguel - Hoje no Brasil, vivemos uma grande contradição, ao mesmo tempo que a gente sente um desejo de mudança a gente sabe e percebe que tem um Ministro das Relações Institucionais que é um representante dos latifundiários, o Dep. José Múcio, temos um José Sarney, o grande doador das concessões dos políticos, fazendo parte do grupo. Temos um Ministro como Hélio Costa e a gente sente que ao mesmo tempo em que a gente fica pensando em ver a rede pública consolidado, inclusive com investimento de 300 milhões., garantidos pelo Presidente, ao mesmo tempo em que vemos que a oligarquia vai permitir isso. O Congresso Nacional tem falado veementemente contra e a gente fica numa contradição. 116


Napoleão - Eu vejo a questão da EBC que vai gerir essa graninha que você falou aí, que vai fazer os encaminhamentos aos órgãos, TVs e rádios públicas, mas eu quero falar um pouco do futuro das radcoms. Dentro do fórum, enquanto ABRAÇO, foi feito um documento onde pedimos para colocar cláusulas que não estavam constando, que era a anistia de todos os processos de radcoms, fechado com a AMARC, PARA ISENTAR TODO MUNDO. A anistia, o investimento público, financiamento público, aí entra o que você falou sobre parceiros. Precisamos de parceiros e o BB e o BNDES já se aperceberam que nós existimos. Miguel - Tenho certeza que muitos comunicadores populares estão nos escutando, então quero dizer seguinte\; que vamos dar continuidade a este debate sobre radiodifusão, sobre rede pública, sobre comunicação popular, porque eu acho que em 2008 a gente começa o novo século. O século da comunicação

O Napoleão ainda tinha muita coisa para dizer, mas falou que graças a Deus a gente tem este espaço que a gente agradece enquanto ABRAÇO. Vamos à Brasília nos dias 14, 15. e 16 para a Conferência Nacional da ABRAÇO e você também vai e já estamos agradecendo aos parceiros Prefeitura de Recife, Prefeitura de Olinda, Fundarpe. Ah...Mandou beijos para os filhos. O Nadinho também agradeceu e lembrou a todos que se não mudarmos a lei, se não corrermos atrás, vai ficar na mesma coisa, principalmente com rádios em mãos de políticos.

É outra história, outro momento e eu acho que o comunicador, a sociedade, o povo tem que ter voz e aí entra o comunicador popular, entram as rádios comunitárias que são tímidas, mas existe uma experiência muito grande nesta país. Já existe algumas TVs abertas e é importante se amplificar porque as pessoas precisam de diversidade na comunicação.

RÁDIO COMUNITÁRIA AMPARO 90.9-OLINDA 117


Banda Kitinete

118


Miguel Farias, produtor e apresentador do Programa Liberdade de Express達o 119


DANÇA - EXPRESSÃO DA FORMAÇÃO DE UM POVO Os convidados do Programa Liberdade de Expressão, recebidos por Miguel Farias são o bailarino, coreógrafo e maitre de ballet, Fred Salim, Renata Machado da Cia. Pernambucana de Dança do Ventre, Christian Serafim, do Centro de Danças Jaime Arôxa e o roqueiro Gordo de Olinda, um dos conhecidos e respeitados músicos da cidade de Olinda. 120


A dança é uma das três principais artes cênicas da Antiguidade, ao lado do teatro e da música. Caracterizase pelo uso do corpo seguindo movimentos previamente estabelecidos (coreografia), ou improvisados (dança livre). Na maior parte dos casos, a dança, com passos cadenciados é acompanhada ao som e compasso de música e envolve a expressão de sentimentos potencializados por ela.

121


FRED SALIM 122


Falar de FRED SALIM e dizer que ele é Bailarino, Coreógrafo, Diretor Artístico, Maitre de Ballet, Produtor e Funcionário da Fundação de Cultura da Prefeitura da Cidade do Recife, Técnico em Artes Cênicas com especialização em Dança, atualmente lotado na Secretaria de Cultura no Cargo de Gerente Operacional de Planejamento, Produção e Execução da Programação Cultural do Espaço Cultural Pátio de São Pedro e delegado de Pernambuco do Conselho Brasileiro da Dança é muito pouco, porque este currículo foi construído a partir de um momento em que todos os olhares se voltavam para aquele jovem que se atrevia a subir nos palcos de TVs, teatros e onde quer que houvessem espectadores para assistir um grande espetáculo de dança. Poderíamos dizer que FRED SALIM era, à época, um corajoso profissional exposto aos olhos e à crítica da sociedade e que sempre soube se impor a quaisquer barreiras que se lhe aparecessem no caminho. Afastado dos palcos, é um mestre. Sua carreira, seu trabalho, seu preciosismo tem que ser, não revelado, porque o mundo artístico o conhece muito bem, mas deve ser exposto, como sempre foi, à mídia, para que jovens bailarinos tenham, com sua experiência, um exemplo de uma profissão encarada com seriedade, disciplina, humildade e sucesso.

Panoramica dos convidados apresentando o Gordo de Olinda, Miguel Farias, Fred Salim. Christian Serafim e Renata Machado 123


Renata Machado, da Cia. Pernambucana de Danรงa do Ventre 124


A CIA. PERNAMBUCANA DE DANÇA DO VENTRE, convidada para nossa conversa sobre a dança, representada pela Renata Machado, que além do belo espetáculo, enriqueceu o programa também com a experiência da jovem professora, que com mais oito amigas, todas as professoras de dança do ventre, permitiram que se vivenciasse o espírito do trabalho de uma dança que, por tradição é executada exclusivamente por mulheres desde 7 mil anos atrás e cujos rituais, eram comumente atribuídos à deusa Ísis, em agradecimento à fertilidade feminina e às cheias do rio Nilo, as quais representavam fartura de alimentos para a região. A dança do ventre tem atravessado gerações, ultrapassado barreiras culturais e está presente nos quatro cantos do planeta, sempre apresentada sem perder sua marca original: a sensualidade. O grupo também trabalha com um estilo considerado moderno, com apresentações mais dinâmicas e utilização de instrumentos de percussão árabes, diferente do modelo clássico que é mais lento e as músicas são cantadas. As nove mulheres que formam a Cia Pernambucana de Dança do Ventre são professoras de academias locais. Com a experiência diária da atividade, cada uma trouxe ideias e possibilidades para o grupo, que foi criado oficialmente em março deste ano. Antes de a Cia existir, Renata, ao lado de duas outras professoras formavam o Trio Mahaila, que significa dançar em hebraico. Mesmo com o pouco tempo de existência, a Cia recebeu o título de Grupo Revelação, no 2° Encontro Nordeste de Dança do Ventre, em abril, na cidade de Natal; e foi Destaque na Mostra Brasileira de Dança, em julho, no Recife. Até o fim do ano, a agenda das moças está repleta de compromissos e apenas no mês de dezembro serão cinco compromissos já confirmados com destaque para o Festival Árabe; o Encontro de Modalidades de Dança; a Caravana Nordeste de Dança do Ventre, além de outros. Todos esses compromissos acontecem no Recife.

Harumi (Primavera) 125


Renata Machado, da Cia. Pernambucana de Danรงa do Ventre

126


Também no Liberdade de Expressão, recebemos o CHRISTIAN SERAFIM, representante do CENTRO DE DANÇAS JAIME ARÔXA, em Recife, na Avenida Capanga é uma referencia da Dança de Salão, reunindo alunos em diversos cursos. Ritmos como Samba de Gafieira, Pagode, Samba Rock, Forró, Tango, Bolero, Chá-chá-chá, Merengue e Country.Você pode aprender qualquer um desses ritmos em cursos regulares, workshops, aulões, cursos de férias ou mesmo em aulas particulares. São vários professores, todos formados por Jaime Arôxa, além de assistentes e bolsistas que garantem o acompanhamento ideal e uma didática eficaz. O sucesso do Centro de Dança Jaime Arôxa está na filosofia de trabalho e método de ensino, onde cada movimento é ensinado separadamente, facilitando assim o aprendizado.Quem faz aulas de dança no CDJA aprende consciência corporal, postura, equilíbrio e musicalidade, unindo a isso tudo perfeição nos movimentos e passos.Essa metodologia de ensino, consagrada em todo o país, alia dinâmica e técnica com sociabilidade e diversão. Os alunos aprendem a dançar e, de quebra, ganham uma vida mais leve, um corpo mais saudável e uma mente livre de estresse. O Christian Serafim nos falou em off, sobre o já tradicional CURSO DE VERÃO, destinado a todos aqueles que amam a dança de salão e que será realizado na semana de 26 a 29 de dezembro, dedicado aos amantes da dança, não necessariamente professores. Nesse curso será trabalhada a dança pessoal dos participantes no que se refere à condução e contato, ritmo e musicalidade, postura e equilíbrio, visando o crescimento da qualidade de sua dança. Com a intenção de valorizar ainda mais o seu certificado de participação nos cursos de verão da EDJA, continuarão a exigir 80% de frequência para emissão do certificado. E as damas sem par terão a oportunidade de contratar um bolsista para acompanhá-la durante o curso. As maiores escolas no Brasil têm como base o método desenvolvido por JAIME, o que comprova a sua eficácia e consequente valorização ao longo do tempo.

127


Ainda estava presente o GORDO DE OLINDA, que não dança nada, mas é um roqueiro de primeira que está fazendo show, toda quinta-feira lá na Pitombeira em Olinda, junto com outros roqueiros, para uma plateia super jovem. 128


Colhemos durante o programa, depoimentos que, transcritos a seguir, nos dão uma ideia da correção com que encaramos a importância de nossos convidados, principalmente destacando que, as experiências são tão importantes, que faremos questão de retornar com alguns assuntos e convidados, porque o assunto não se completou pela importância dos convidados. Iniciando o debate, Miguel Farias, falou que “a dança além do seu lado profissional e artístico, também liberta a alma, faz feliz e eu queria saber de vocês o que é DANÇA, pelo lado profissional, pelo lado artístico, a dança pela diversão, a dança para curar a alma, enfim, o que é DANÇA, na opinião de vocês?” Segundo RENATA MACHADO, da CIA. PERNAMBUCANA DE DANÇA DO VENTRE “A dança é expressarse sem palavras. O corpo fala sem precisar de palavras, então a dança mais do que isso, é uma representação da expressão e a dança do ventre, particularmente, ela além de ter os benefícios físicos, ela tem os benefícios emocionais, espirituais e terapêuticos. Muitas alunas quando entram nas salas, chegam reprimidas, cansadas do trabalho, e quando fazem as aulas, saem de outro jeito. Então a Dança do Ventre, de um modo particular, transforma a mulher no seu emocional completo.” Para CHRISTIAN SERAFIM, do CENTRO DE DANÇAS JAIME ARôXA, “a dança tem esse poder de transformar a pessoa, temos alunos, que no seu cotidiano de vida têm uma maneira de ser e quando fazemos algum evento na escola e eles convidam os amigos, estes ficam impressionados com a soltura, com a mudança, porque ali naquele salão elas se divertem e podem tudo”. FRED SALIM “A dança prá mim é tudo. Ela é a vida, é a alma, ela é expressão, ela é a música, é o teatro, ela é tudo”, assim começou o Fred Salim, para afirmar: Existem dois tipos de dança, a dança que se faz como terapia, para tratamento; a dança que se faz sem nenhuma pretensão na sua vida, porque você gosta da dança, mas infelizmente não é assim Dentro da dança são poucas as pessoas que são escolhidas para ser bailarino, porque precisa técnica, trabalho, concentração, precisa uma série de coisas que a dança exige. Dançar exige muita disciplina. A gente repete aquele movimento dez, quinze vezes todos os dias tem que fazer aula, quer dizer, a dança prá terapia é maravilhosa, realmente cura as pessoas e também se você quer fazer dança sem nenhuma pretensão, você também pode fazer dança, serve prá tudo, mas como profissional, se você quer fazer, tem que levar a sério, você tem que fazer muitas aulas, você tem que estudar muito, você tem que conhecer história de outras artes, porque não é só dança, tem que conhecer história da arte, do teatro, tudo você tem que conhecer para ser um bailarino profissional.” Miguel - “Cristiano, quais os ritmos mais dançados em Recife? CRISTIANO - “Complementando e respondendo sua pergunta, tenho que falar de meu mestre Jaime Arôxa, que já rodou o mundo todo e em lugar nenhuma existe um povo tão dançante como o povo do Recife e uma coisa que ele sempre fala,é que aqui, quando alguém escuta uma música, seja ele quem for, e em qualquer situação que esteja, ele começa a dançar, no mundo você não vê isso, só aqui e eu tenho tido a oportunidade de viajar e realmente eu tenho percebido isso. Ao reabrir a escola aqui, com o nome dele, sempre nos perguntamos porque aqui em Recife não conseguimos atingir um certo número de alunos? Por que tão poucos alunos aqui em Recife? A resposta vem rápido: a cultura é tão rica, as pessoas são tão dançantes aqui que na cabeça das pessoas elas se perguntam porque fazer aula de dança? 129


MIGUEL - GORDO DE OLINDA, vamos aproveitar e pedir prá você convidar o pessoal para ir ao seu show todas as quintas feiras lá na Pitombeira. GORDO - Pois é quero convidar toda a rapaziada aí para o momento toda quinta feira lá na Pitombeira, prá escutar blues, rock, jazz, maracatu, tá rolando tudo e é só pintar lá toda quinta feira. Eu sempre abro os shows, chamo a rapaziada, os dinossauros que ainda fazem um som legal, o Ivinho, Romero Mamata, o André Melo, a rapaziada das antigas. Miguel: Gordo, posso te chamar Dinossauro do Rock de Pernambuco? - Pode claro! To por aí desde os anos 70, do Festival Chaminé que houve em Olinda, sempre participei do Projeto Vamos Abraçar o Sol (projeto esquecido...) Pois é os músicos são dinossauros, mas a galera é toda jovem que vai lá curtir um som e eu chamo de filhos. 130


Voltando ao Christiano, Miguel perguntou quais os ritmos mais dançados, os ritmos que o pessoal procura mais.

CHRISTIAN - “Aqui no Recife, o ritmo mais dançado é o forró, está havendo uma febre de salsa. Eu estava em Buenos Aires e lá se escuta tango, aqui, o frevo que é maravilhoso de escutar, só se escuta no carnaval. FRED - Existe a Escola de Frevo da Prefeitura do Recife. O frevo é uma dança espontânea, e cada um dança de um jeito. A mesma coisa é o forró, cada um dança do jeito que quer, cada pessoa tem um jeito de dançar, por isso você estava falando que o Recife tem menos procura, porque tanto o forró como o frevo são danças espontâneas que quando tocam o gente dança e dança do seu jeito. CHRISTIAN - No Rio de Janeiro se toca muito samba, o deles, em todas as rádios... FRED - Mas pagode não é samba. Pagode é pagode, samba é samba... CHRISTIAN - Mas lá chamam de pagode, o Jorge Aragão, o Zeca Pagodinho.. . FRED - Não... só quem não tem nível cultural, porque pagode é pagode e samba é samba... são coisas completamente diferentes. MIGUEL - Aproveitando, quero mandar um abraço para o pessoal da Produção do Festival Canavial,o Afonso, lá em Aliança, aonde vimos o verdadeiro samba de raiz com a Velha Guarda da Mangueira, e eu quero aproveitar esta oportunidade em que se tocou no samba e no pagode. Foi realmente prazeroso! O Programa Liberdade de Expressão sempre esquenta nos bastidores, nos intervalos e como sempre, passa rápido e nós já vamos caminhando para o fim do programa e neste terceiro bloco, gostaria que vocês dessem seus contatos e falassem um pouco sobre seus trabalhos. RENATA:A CIA. PERNAMBUCANA DE DANÇA DO VENTRE, tem a perspectiva de sair para outros Estados com o espetáculo e falar que para dançar a Dança do Ventre não tem idade. Desde criança, como a Harumi até a idade mais avançada e desde que a pessoa queira faze-lo. Todas as componentes são professoras de Academias. CHRISTIAN - As escolas de dança fazem seus eventos e a Jaime Arôxa fica na Avenida Caxangá fone: 32276917 FRED SALIM - Eu fui o primeiro bailarino a trabalhar em televisão, e foi uma honra, também com Sílvio Santos, na Globo, prá mim foi uma escola de vida e eu queria convidar todos os grupos da cidade do Recife, para o Dança Recife que vai acontecer no Teatro do Parque em abril. Qualquer pessoa que estiver interessada procurar através do telefone 99613457, falar comigo ou através do e-mail fredsalim@gmail.com 131


ARTISTAS CONVIDADOS CIA. PERNAMBUCANA DE DANÇAS 132


Miguel Farias, produtor e apresentador do Programa Liberdade de Express達o, com seus convidados 133


LITERATURA DE CORDEL: DIVULGADORA DA ARTE DO COTIDIANO Miguel Farias, no Programa Liberdade de Expressão, recebeu cordelistas de expressão como Adiel Luna, Altair Leal, Felipe Junior, Allan Sales e a pesquisadora e escritora Veronica Moreira, todos do Unicordel, coordenados pela Daniela Karla Almeida, a quem agradecemos, para falar sobre esta fatia da literatura, vista por alguns com desconhecimento de sua importância como forma de divulgação da arte do cotidiano. 134


Antonio Lisboa Natural de Marcelino Vieira, Antônio Lisboa é um dos mais importantes violeiros da atualidade, no Nordeste. Apresenta-se em festivais e eventos diversos. No currículo, várias participações importantes em eventos de cunho cultural, além das três Caravanas dos Poetas (1979 / 1987 / 1994). As Caravanas tiveram como tema a Anistia, a Reforma Agrária e a Saúde. “Eles nos davam os temas e saíamos pelo Brasil, nos apresentando de acordo com a temática. Foi uma experiência extremamente importante para a minha carreira, principalmente a de 1979, a primeira. Muitos poetas repentistas são pessoas politizadas”, diz, ressaltando que o seu início na cantoria aconteceu, ainda, quando criança. “Eu sou do interior do Estado, de uma região que tem grande tradição em termos de cantoria, que produziu importantes nomes. É um dos celeiros. A região do Alto Oeste teve importantes cantadores. A cantoria, hoje, sofreu uma mudança; devido ao êxodo rural, foi para a cidade e continuou no interior. Ela ganhou esse mercado urbano e manteve suas raízes no campo. Hoje é uma manifestação mais urbana com um pé no rural”, explica. 135


Segundo ele, na família tudo era comemorado com cantoria. “Nasci numa família e num lugar onde as comemorações eram feitas à base de cantoria: casamentos, aniversários, celebrações, noite de natal, noite de ano-novo, São João, tudo isso tinha cantoria. Minha mãe tinha um rádio que passava o dia inteiro transmitindo cantorias de grandes nomes do repente. Eram cantadores ótimos, da Rádio Assunção, de Fortaleza... Esse período foi importante na minha formação como repentista, porque me deixou um grande legado, no sentido de que aprendi mesmo o repente ouvindo e distinguindo as metrificações e estilos de cantoria. Ou seja, somente de ouvir já sabia se era, por exemplo, uma sextilha ou qualquer outro modelo poético. Todos os estilos me chegavam ao ouvido. Aprendi como se montava um mote e as rimas. Aos 10 anos, já sabia todos os gêneros. Também tinha grande facilidade de decorar as canções e os poemas que eram lançados no rádio. Em dois dias, já podia decorá-los completamente”, explica. Mas a profissionalização veio, mesmo, em Mossoró. “Tornei-me cantador em Mossoró, no fim dos anos 70. Comecei, desde então, a me profissionalizar. Meu pai veio morar aqui e, logo depois, tive contato com outros cantadores. No entanto, o rádio de Mossoró tinha pouco espaço para o gênero”, diz. Antônio Lisboa salienta que, durante esse período, apenas Onésimo e Elizeu cantavam na Hora da Coalhada, na Rádio Rural. “Morei alguns anos na casa do poeta Luiz Campos e, nessa época, apesar do pouco espaço nas rádios, tive um grande contato com o efervescente movimento cultural de Mossoró, à época, extremamente politizado, com a fundação do Partido dos Trabalhadores, além de outras manifestações, como a Pastoral da Juventude e as lutas de classe. A minha formação vem, também, desse envolvimento com as lutas daquele momento histórico”, fala.

A Daniela Karla Almeida, que também participaria do debate, gentilmente cedeu seu espaço para o extraordinário repentista Antonio Lisboa, que, como contraponto, ofereceu a todos uma aula sobre a diferença entre cordel e repente, enriquecendo sobremaneira o programa e mais uma vez a Dani recebe nossos agradecimentos. Numa conversa, com tantos cordelistas, naturalmente a poesia seria a tônica. Mas Miguel Farias iniciou o debate, perguntando à pesquisadora Verônica Moreira qual a origem da literatura de cordel. 136


Verônica Moreira: “a literatura de cordel começou na Idade Média, na Região de Provence, na França, foi para Portugal e dali veio para o Brasil. Podemos colocar que quem trouxe para nosso país foram os degredados, as pessoas que vieram nos navios, expulsos de Portugal, mal vistos e mal amados naquele país e nesse meio estão integrados judeus, muçulmanos e as pessoas que não eram muito gratas, muito bem vistas pela côrte. Esse pessoal trouxe esse costume de cantar as poesias. desde o começo da colonização, havia essa poesia cantada, das quais não se tem muito registro porque ela foi mal vista pela religiosidade católica - a Igreja Católica cometeu mais esse erro, ela já pediu perdão por alguns e precisa pedir por esse também - que colocou essa poesia como marginal. Na realidade era uma poesia comum, do dia a dia e que ainda hoje existe. Em Portugal nós encontramos poesias escritas ou feitas de improviso, que têm uma característica diferente da nossa, mas elas são o que a gente pode dizer, a raiz do que chegou aqui. 137


A respeito da poesia popular, assunto indagado pelo Miguel, foi dito pela Verônica que ela radicou-se mesmo no nordeste e você tem razão quando fala de Pernambuco, mas não só nosso Estado. Em todos os estados do Nordeste, do Maranhão à Bahia nós encontramos a poesia em todos eles. Para escrever meu livro, eu viajei mais de 600.000 km e nós encontramos essa poesia em todos os lugares, pessoas admirando poesia, editoras fazendo, então a gente está sempre encontrando essa poesia em todos os lugares. O nome cordel é um nome pejorativo, mangador, aquela literatura que está pendurada na feira num cordel ou cordão, sendo considerada uma poesia que não tinha muito valor. Essa literatura sempre existiu, não encontrou espaço na mídia divulgadora da cultura de massa (jornal, televisão), mas nós sabemos que ela está ali viva, cotidianamente com gente escrevendo, acontecendo, na internet em diversos sites como o da Unicordel e ela está conseguindo se impor com mais força e ao mesmo tempo que ela se impõe pela qualidade do trabalho, também o faz pelos assuntos que são atuais, conseguindo assim um espaço mais forte.” “Literatura de cordel também conhecida no Brasil como folheto, é um gênero literário popular escrito frequentemente na forma rimada, originado em relatos orais e depois impresso em folhetos. Remonta ao século XVI, quando o Renascimento popularizou a impressão de relatos orais, e mantém-se uma forma literária popular no Brasil. O nome tem origem na forma como tradicionalmente os folhetos eram expostos para venda, pendurados em cordas, cordéis ou barbantes em Portugal. No Nordeste do Brasil o nome foi herdado, mas a tradição do barbante não se perpetuou: o folheto brasileiro pode ou não estar exposto em barbantes. Alguns poemas são ilustrados com xilogravuras, também usadas nas capas. As estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores, ou cordelistas, recitam esses versos de forma melodiosa e cadenciada, acompanhados de viola, como também fazem leituras ou declamações muito empolgadas e animadas para conquistar os possíveis compradores. Para reunir os expoentes deste gênero literário típico do Brasil, foi fundada em 1988 a Academia Brasileira de Literatura de Cordel, com sede no Rio de Janeiro.” (Wikipedia)

138


Fundada em 2005, a União dos Cordelistas de Pernambuco, Unicordel, é um movimento de promoção e defesa da poesia popular. É composto por poetas, declamadores, folheteiros, editores e pesquisadores de várias regiões do Estado. Suas ações preza pela retomada da oralidade do cordel apresentado através de recitais em mercados públicos, escolas, universidades, bares , restaurantes e eventos culturais. O grupo também ministra oficinas, palestras e debates sobre a poesia popular nordestina. Integram a União nomes como Adiel Luna, Altair Leal, Cícero Lins, Davi Teixeira, Daniella Almeida, Felipe Júnior, Gerson Santos, Geraldo Valério, João Campos, José Augusto (Lampião), José Evangelista, José Honório, Luiz Esperantivo, Meca Moreno, Mauro Machado, Paulo Moura, Severino Melo, Marcelo Soares, Alice Amorim e Pedro Américo. A presença feminina também é forte com as cordelistas Mariane Bigio, Lourdes Alves, Madalena Castro, Neluce Vanessa, Susana Morais Daniella Almeida, Ângela Paiva e Erica Montenegro. Dessa heterogeneidade, a produção poética dos integrantes da Unicordel apresenta temáticas diversificadas, contemplando cerca de 600 títulos focados em temas políticos, imaginário sertanejo, religião, meio ambiente, atualidades, históricos, biográficos, culturais, críticos sociais, entre vários outros. Em seus três anos de existência, a Unicordel firma-se como referência cultural no Estado, tendo a mesma lançado e participado de vários projetos em prol da poesia popular, como o lançamento do CD “Cordas e Cordéis” (2006 / 2007); Recital de abertura dos festejos juninos do Recife (2005/2006/2007), Pátio de São Pedro; Recital Assembléia Legislativa de Pernambuco (2006/2007/2008); Recital Cordel em Cantoria(Olinda e Palmares), Festival de Literatura do Recife (2005/2006/2007), Bienal Internacional do Livro de Pernambuco (2005); Fliporto (2007), Recitais Quintas de Cordel( Bar Caboclo de Lança) , festa carnavalesca Cordel em Folia (2006/2007/2008); Festival de Inverno de Garanhuns (2007/2008), Festival Pernambuco Nação Cultural de Taquaritinga do Norte, entre outros. 139


Allan Sales - “ Eu venho de uma tradição de palco, já que eu trabalho em teatro onde nós montamos um espetáculo poético musical, trazendo o cordel para a dimensão de um espetáculo. Tivemos a ousadia de levar o cordel para barzinhos, instalamos um ponto de cultura à revelia do poder público no Mercado da Madalena, onde as pessoas além de ouvirem música popular de toda qualidade, da mais sofisticada a mais simples, nós estamos lá. O Filipe eu conheci no Mercado da Madalena, o Adiel Luna, conheci nos bares da vida, o Altair das Quartas Literárias no Centro Luiz Freire. Então o Recife está muito bem servido desse tipo de expressão.”

O Altair Leal reforçou as informações do Allan, sobre os locais de divulgação da literatura de cordel “no Mercado da Madalena, nas Quartas Literárias, no Centro Luiz Freire, na Universidade de Pernambuco, Biblioteca de Casa Amarela, Biblioteca de Afogados, o Celina de Holanda, a Assembleia Legislativa, entre outros. A poesia ferve na capital pernambucana. Poeta é o que mais tem. Se você balançar uma árvore no centro do Recife, vai cair mais poeta do que fruto. Nós somos muito bem servidos, temos muitos poetas de qualidade, muita gente que está chegando, joias brutas que estão sendo lapidados. Então Recife está muito bem servido de poetas e de espaços. Então quem for poeta e quiser recitar, deixe de ser poeta de gaveta e passe a ser poeta da oratória mesmo, porque a gente tem muita coisa para escutar e muita coisa para escrever.” 140


Altair Leal - “E também quebrar esse gelo de dizer que literatura de cordel é coisa do interior. A Literatura de cordel está nas Universidades, está no centro do Recife, porque antigamente só se falava em poesia marginal, (e eu também escrevo poesia marginal) mas a importância da Unicordel é que ela fez com que a literatura popular disputasse com a poesia alternativa. Felipe Junior - O Relicário, eu lancei no Mercado da Madalena, entre tantos poetas que participaram do evento, como Joselito, Chico Pedrosa, Allan Sales, entre outros. Relicário é uma poesia nascida na minha cidade, São José do Egito e vindo prá cá prá Recife, tendo o gosto dessa sertanidade toda. O título Relicário vem das minhas poesias, que são pedras preciosas, joias raras, e nada mais justo do que colocar meu baú de relíquias, o meu Relicário, fazendo esse parâmetro com a poesia popular e a poesia urbana, colocando a poesia do sertão dentro

Filipe Junior - “Eu acho interessante que, particularmente em Pernambuco, nunca viveu um momento tão forte como a poesia popular. O Altair, eu e vários outros poetas, trabalhamos com oficinas e nós sentimos a escola abrindo as portas das salas de aula para repassar para os alunos o conteúdo do cordel. A formalidade do cordel, a métrica, a rima, o estilo e por isso eu acredito que na história de Pernambuco nunca se viu um momento tão especial da poesia popular e em particular o cordel.” Altair Leal - “E também quebrar esse gelo de dizer que literatura de cordel é coisa do interior. A Literatura de cordel está nas Universidades, está no centro do Recife, porque antigamente só se falava em poesia marginal, (e eu também escrevo poesia marginal) mas a importância da Unicordel é que ela fez com que a literatura popular disputasse com a poesia alternativa.

Allan Sales - “A Verônica falou uma coisa interessante: que a poesia de cordel desde que ele surgiu se você for analisar toda a história do cordel, ele acompanha todos os fatos históricos, políticos, desastres naturais, tudo que aconteceu com a humanidade. Recentemente, um cidadão chamado Dom Cappio, estava fazendo uma greve de fome aí, muito sensibilizado com a transposição do São Francisco e eu escrevi iuma poesia, que é um mote sugerido pelo poeta Joselito Nunes

141


Repentista Antonio Lisboa Foi convidado para participar do debate, o repentista Antonio Lisboa, para um contraponto no assunto do dia, para explicar a diferença entre cordel e repente. Antonio Lisboa - “A cantoria e o cordel estão de certa forma aproximados na questão das estruturas que usamos praticamente modalidades que são comuns tanto no cordel como na cantoria. Na cantoria nós usamos a sextilha e o cordel também usa a sextilha que é uma modalidade de seis versos e de sete sílabas cada um verso com a distribuição de rimas na segunda, na quarta e na sexta, como também nós usamos as décimas, as estrofes de sete sílabas e até as oitavas. Essas modalidades são comuns à cantoria e ao cordel. Pode também usar no cordel e na cantoria, outras modalidades como no caso da décima também. Não são comuns no cordel, as décimas, são mais comuns as estrofes de sete sílabas e de seis sílabas, mas se usam também várias modalidades. A cantoria tem uma quantidade bem maior de modalidades com estrofes bem definidas. Outra diferença básica é ser a cantoria toda cantada de improviso e o cordel todo escrito e o cordel todo lido e a cantoria toda cantada acompanhada pela viola e o cordel não precisa necessariamente de instrumento. Evidente que se pode musicar um cordel, pode teatralizar um cordel, mas não há necessidade porque o cordel é para ser lido ou para ser cantado e a cantoria somente improvisado. Essa é bàsicamente a diferença. Mas a gente tem vinculação da cantoria com o cordel quando você verifica ao longo da história da cantoria que o cordel teve uma passagem muito importante pela história da cantoria com a questão das pelejas de cantadores famosos que transformaram algumas cantorias em cordel. 142


Por exemplo, um cantador se juntou com outro e escreveu a pela do Cego Aderaldo e Zé Pretinho, que é escrita por um cunhado de Zé Pretinho e não tem nenhuma estrofe do Cego Aderaldo naquela peleja e o Zé Pretinho nunca existiu. Era um cantador fictício, que o poeta criou para a pela de Aderaldo. O romance ou o cordel ou folheto, como queiram chamar, ele também foi cantado pelos cantadores na cantoria e tiveram toda essa aproximação. Por isso que hoje ainda os pesquisadores fazem essa confusão de chamar cordel de cantoria e cordelista de repentista e repentista de cordelista e as pessoas terminam perdidas sem saber diretamente qual a verdade. Mas se você for ver direitinho, tanto a cantoria como o cordel eles têm regras bem definidas que dá para a pessoa notar que há uma diferença. Cantoria e cordel são aproximados, mas não são a mesma coisa. Como leigo, Miguel perguntou se o repentista e o cordelista eram diferentes. Antonio Lisboa - “Não necessàriamente. O cordelista pode ser repentista mas não é necessário porque o cordel ele vai escrever e não precisa de improvisar. Ele não tem que ter a versatilidade que tem o repentista e a prática de improvisar. O repentista, da mesma forma que ele escreve e canta, ele pode também escrever cordel porque ele improvisa, é mais rápido e no cordel tem mais tempo para pensar, então é mais fácil o repentista ser cordelista, do que o cordelista ser repentista, mas eu até acho que qualquer cordelista na hora que começar a praticar ele pode se tornar repentista, com o tempo, com a prática ele vai ser repentista. Se quiser viver a vida toda escrevendo, ele pode ser um cordelista ou poeta de bancada, como é chamado.” Miguel pediu à pesquisadora Verônica Moreira, que falasse sobre o seu livro O Canto da Poesia, que tem uma proposta educativa. Verônica Moreira - O Canto da Poesia tem toda uma linguagem didática, facilmente adaptada para escolas e todo tipo de instituição educacional, inclusive apresentando toda essa diferenciação que o Antonio Lisboa apresentou, sobre as diferenças entre o poeta cordelista e o poeta repentista. O livro também traz biografia dos primeiros cordelistas e dos primeiros cantadores, que eram repentistas e das primeiras mulheres repentistas, registro de diversas modalidades de cantorias e sobre outros tipos de poesia popular como o coco de embolada. O livro também está à venda no Mercado da Madalena, e na Editora Bagaço, em Recife.

143


O convidado especial do programa foi o poeta Arnaldo Ferreira, pai do poeta Adiel Luna, que também recitou uma poesia para encerrar com brilhantismo o Programa Liberdade de Expressão Conversação: Cantoria em Familia com Adiel Luna e Arnaldo Ferreira. (Publicado no Jornal Cultural em 23 de maio de 2007) Jornal Cultural: - Qual o objetivo do projeto Cantoria declamatória e como foi surgiu essa ideia de vocês? Adiel Luna: - O projeto nasceu por conta desse problema, essa carência toda que a população tem, em relação à cultura, como nós também poetas não temos espaços para nos apresentar. Os Poetas Allan Sales e Chico Pedrosa conversaram; e foi quando surgiu toda essa ideia, do projeto, e sugeriram que formássemos esse grupo todo, com poesias matutas, repentistas, entre outros, para fazer uma excursão pelas escolas municipais 144


Adiel Luna: cordelista, repentista Jornal Cultural: - Qual o objetivo do projeto Cantoria declamatória e como foi surgiu essa ideia de vocês?

Adiel Luna: - O projeto nasceu por conta desse problema, essa carência toda que a população tem, em relação à cultura, como nós também poetas não temos espaços para nos apresentar. Os Poetas Allan Sales e Chico Pedrosa conversaram; e foi quando surgiu toda essa ideia, do projeto, e sugeriram que formássemos esse grupo todo, com poesias matutas, repentistas, entre outros, para fazer uma excursão pelas escolas municipais e estaduais; hoje aqui, como dizem foi à mão na roda. Hoje foi o ponto inicial do nosso projeto e vai continuar rolando de 15 em 15 dias, todas às sextas; e em breve estaremos partindo para as escolas. 145


Jornal Cultural: - E Já tem alguma escola com data marcada? Adiel Luna: - Bem, esse projeto ainda está sendo discutido, estamos analisando algumas, para partimos com a caravana. Mas hoje já recebemos propostas de umas escolas em Camutanga. A nossa ideia é sair pelas as escolas divulgando todo o nosso projeto; e levar tanto para escolas do interior, como também para área metropolitana, da rede pública e também para as particulares. Pessoal tem uma carência disso e o nosso projeto não é só das escolas públicas, mas também das particulares. Jornal Cultural: - Nesse primeiro contato, nessa primeira experiência, o que foi que você achou do público? Adiel Luna: – Muito Bom.Por ser um local onde transita muita gente, facilita muito,bastante.Mas o pessoal que veio parou, ouviu, aplaudiu; e com certeza saiu daqui levando uma ideia interessante e absorvendo muita coisa do que a gente quer passar.Se a gente não conseguir esse resultado, que é o pessoal absorver, um pouco mais da nossa cultura e sair espalhando por ai: Pô, ta rolando um negócio massa lá na casa da cultura, tem uma banda massa se apresentando...Rapaz eu conheci um camarada que é daqui e que nunca ouvir falar,o cara contando umas histórias engraçadas.Então, o que acontece? Se a gente não conseguir nada disso, a gente não conseguiu nada.Eu tenho certeza que a gente obteve esse resultado hoje. Muita gente veio cumprimentar, falar, e elogiar. Então para a gente é muito.O público foi excelente, não podia ser melhor. Jornal Cultural: – A ideia do evento foi perfeita, muito bem bolada, por que junta essa turma mais experiente com vocês que estão começando agora.Conta pra gente qual é a sensação? Adiel Luna – Você imagina o que é pra mim estar aqui hoje? Eu tenho 22 anos, não vou dizer que é pouca coisa, pois 22 anos já é muita coisa. Mas eu tô muito novo ainda e a gente aqui no meio dessas “Raposas”, dessas cobras – criadas. Agradeço o convite que veio de Alan e dos outros poetas, pra justamente fazer essa ponte.Um jeito diferente de você chegar ao pessoal com o mesmo tipo de cultura; você tem aqui: Chico Pedrosa, dispensa comentários; Arnaldo Ferreira,meu pai;Alan Sales ,que tem uma grande trajetória na área de música,como compositor e cordelitas; Tales Ribeiro,músico,compositor e poeta. Quer dizer um pessoal da nata mesmo.Fora o pessoal que veio da uma palhinha como: Josildo Sá e outros que por aqui passaram. Arnaldo Ferreira, pai de Adiel Luna. Jornal Cultural: - Como é a relação entre pai e filho, fazer a cantoria em família? Arnaldo Ferreira: - É boa por que, eu comecei a cantar quando era adolescente, depois deixei a cantoria e fui trabalhar, estudar; eu me desentrosei com a profissão de cantoria, mas é coisa do sangue né? Eu já herdei de uns parentes meus; o meu pai e meu avô eles não cantavam, mas eu tenho primos que cantam, e agora surgiu Adiel e eu o incentivei.A gente canta junto, a gente brinca em casa modalidade de viola e ele comprou a viola e hoje a gente tá por ai se apresentando. E aqui hoje foi excelente né? Já começou bem né? E com a divulgação, que a propaganda é alma do negócio, o projeto começou com o pé direito. Jornal Cultural: - Como é a relação entre pai e filho, fazer a cantoria em família? Arnaldo Ferreira: - É boa por que, eu comecei a cantar quando era adolescente, depois deixei a cantoria e fui trabalhar, estudar; eu me desentrosei com a profissão de cantoria, mas é coisa do sangue né? 146


Eu já herdei de uns parentes meus; o meu pai e meu avô eles não cantavam, mas eu tenho primos que cantam, e agora surgiu Adiel e eu o incentivei.A gente canta junto, a gente brinca em casa modalidade de viola e ele comprou a viola e hoje a gente tá por ai se apresentando. E aqui hoje foi excelente né? Já começou bem né? E com a divulgação, que a propaganda é alma do negócio, o projeto começou com o pé direito. Jornal Cultural: - Como é hoje tá dividindo o palco com seu filho? Arnaldo Ferreira: - É bom né? Que a gente se familiariza, é família em casa, e no palco a gente se entende bem. E eu fico orgulhoso quando ele diz que puxou a mim né? Se ele puxou a mim, graças a Deus, é uma pessoa honesta, assim como eu. E hoje canta como eu, a gente combina tudo direitinho e é muito bom! Jornal cultural: - Além de dividir os palcos vocês também dividem o programa na rádio Camará, em Camaragibe, fala um pouco do programa de vocês: Adiel Luna: Jornal Cultural: - Como a gente faz para encontra o trabalho de vocês poetas? Seus Cordéis, Poesia matuta, entre outras formas de manifestações Culturais: Adiel Luna: - Hoje em dia com avanço da internet você se informa de tudo. Então, você chega no orkut e procura lá a comunidade Unicordel (União dos Cordelistas de Pernambuco), que é encabeçada por Allan Sales e Honório. E você acessando a Unicordel, você encontra todos os cordéis lá. Além de todos os sábados no mercado da madalena, o recital eclético, chegando lá a partir do meio-dia, rola chorinho, declamação, Cantoria, embolada. Tem de tudo. O Jornal Cultural: - Fala um Pouco também do teu outro projeto, a banda Cantilena, já tem show marcado? Adiel Luna: - É verdade, a Cantilena que mistura poesia Matuta com forró, com elementos do repente.Nós da Cantilena estamos fechando uma proposta com Pastor, lá do Quintal do Lima, em Santo Amaro, de pegar um ou dois meses de temporada na casa. Estamos gravando também um material para divulgação, e quem sabe fechar uma “história” por lá no quintal do Lima durante o São João. (kkkkkkk). Jornal Cultural: - O Jornal Cultural sempre deixa um espaço para os artistas falarem o que quiserem.Vocês querem acrescentar mais alguma coisa? Adiel Luna: - Eu trabalho com música faz sete anos, com cantoria de três anos pra cá. A gente tem uma carência muito grande de espaço. O pessoal às vezes não tem muito acesso a esse tipo de trabalho, a cantoria de viola. Puxando a sardinha para o meu lado, é aquele tipo de coisa: Ou você pára e escuta, ou nunca vai gostar. Vai dizer que é coisa de velho, cantando aquelas besteiras. Você sempre vai ter sempre esse tipo de visão. Então, eu queria chamar atenção das pessoas para a cultura popular, a poesia de viola, a poesia declamada, a poesia matuta, que são artes belíssimas e eu diria a mais verdadeira. A cantoria de viola traduz o sentimento mais real. O cantador de viola, sempre que tiver inspirado, vai sair uma coisa boa; se ele não tiver, vai ser sai uma coisa mais fraca. Porque a cantoria de viola traduz o sentimento que o cantador tem na hora, não tem nada ensaiado, programado, é tudo naquele momento. 147


Adiel Luna: Jornal Cultural: - Como a gente faz para encontra o trabalho de vocês poetas? Seus Cordéis, Poesia matuta, entre outras formas de manifestações Culturais : Adiel Luna: - Hoje em dia com avanço da internet você se informa de tudo. Então, você chega no orkut e procura lá a comunidade Unicordel (União dos Cordelistas de Pernambuco), que é encabeçada por Allan Sales e Honório. E você acessando a Unicordel, você encontra todos os cordéis lá. Além de todos os sábados no mercado da madalena, o recital eclético, chegando lá a partir do meio-dia, rola chorinho, declamação, Cantoria, embolada. Tem de tudo. O Jornal Cultural: - Fala um Pouco também do teu outro projeto, a banda Cantilena, já tem show marcado? Adiel Luna: - É verdade, a Cantilena que mistura poesia Matuta com forró, com elementos do repente.Nós da Cantilena estamos fechando uma proposta com Pastor, lá do Quintal do Lima, em Santo Amaro, de pegar um ou dois meses de temporada na casa. Estamos gravando também um material para divulgação, e quem sabe fechar uma “história” por lá no quintal do Lima durante o São João. (kkkkkkk). Jornal Cultural: - O Jornal Cultural sempre deixa um espaço para os artistas falarem o que quiserem.Vocês querem acrescentar mais alguma coisa? Adiel Luna: - Eu trabalho com música faz sete anos, com cantoria de três anos pra cá. A gente tem uma carência muito grande de espaço. O pessoal às vezes não tem muito acesso a esse tipo de trabalho, a cantoria de viola. Puxando a sardinha para o meu lado, é aquele tipo de coisa: Ou você pára e escuta, ou nunca vai gostar. Vai dizer que é coisa de velho, cantando aquelas besteiras. Você sempre vai ter sempre esse tipo de visão. Então, eu queria chamar atenção das pessoas para a cultura popular, a poesia de viola, a poesia declamada, a poesia matuta, que são artes belíssimas e eu diria a mais verdadeira. A cantoria de viola traduz o sentimento mais real. O cantador de viola, sempre que tiver inspirado, vai sair uma coisa boa; se ele não tiver, vai ser sai uma coisa mais fraca. Porque a cantoria de viola traduz o sentimento que o cantador tem na hora, não tem nada ensaiado, programado, é tudo naquele momento. Então, eu peço que o pessoal abra os olhos Arnaldo Ferreira: - Eu quero dizer nesta feita, para os jovens e os mais velhos como eu e toda classe, que não olhe para trás, para o lado, mas olhe para cima e confie em Jesus que ele é o nosso Redentor, e não tenha medo de nada, siga em frente; e eu incentivo a música, a arte e a cultura; e para as pessoas que abordam essa ideia e que estão dentro desse plano da valorização da cultura.

148


Nunca vi homem no mundo prá ser mole como eu Aenaldo Ferreira É muito certo um ditado que disse um amigo meu Nunca vi homem no mundo prá ser mole como eu No começo de janeiro preparei uma palhoça fui trabalhar numa roça por moleza não choveu o pezinho que nasceu foi na beira de um riacho e no primeiro cacho a lagarta apareceu É muito certo o ditado que disse um amigo meu nunca vi homem no mundo prá ser mole como eu Eu arranjei uma noiva tirei todo o documento pedi ela em casamento o pai com gosto me deu quando o padre nos benzeu e eu pensava em ser feliz, na saída da matriz É muito certo o ditado que disse um amigo meu nunca vi homem no mundo prá ser mole como eu! Casei-me a segunda vez com uma moça já idosa essa muito caprichosa com os troços que recebeu Depois desapareceu prás bandas do Ceará vive com outro prá lá quem atolou-se fui eu.

É muito certo o ditado que disse um amigo meu nunca vi homem no mundo prá ser mole como eu Inventei uma matança pensando em dar resultado comprei logo um boi fiado a um conhecido meu quando o turino entendeu que ia entrar no machado entrou no mato fechado e nunca mais apareceu É muito certo o ditado que disse um amigo meu Não existe homem no mundo prá ser mole como eu Mãe me deu uma galinha e acompanhava um pintinho o bichinho empenadinho com tres meses ele cresceu um menino apareceu por detrás da capoeira e matou com a baladeira o pintinho que mãe me deu É muito certo um ditado que disse um amigo meu Não existe homem no mundo prá ser mole como eu Pai me deu uma cabrinha acompanhou um cabritinho o bichinho tava grandinho com tres meses ele morreu o fraco couro que deu espichei no pé do morro veio um diabo de um cachorro o couro magro comeu É muito certo o ditado que disse um amigo meu nunca vi homem no mundo prá ser mole como que eu

149


Na foto, Miguel Farias com Arnaldo Ferreira, Antonio Lisboa, Veronica Moreira, Felipe Junior, Daniela Karla Almeida, Allan Sales, Altair Leal, Adiel Luna todos da Unicordel mais Lula (com microfone) e Jorge ) de bonĂŠ) da equipe do Liberdade.

150


Miguel Farias, produtor e apresentador do Programa Liberdade de Express達o

151


CENÁRIO, A ARTE INTEGRADA À TELEVISÃO NOSSA HOMENAGEM AO ARTISTA PLÁSTICO DELANO E NOSSOS AGRADECIMENTOS A MACIRA FARIAS 152


153


154


155


156


CENÁRIO PINTADO PELO MIGUEL FARIAS

157


158


159


História.

As representações na idade antiga e na época medieval eram feitas em palcos desprovidos de qualquer acessório ou artifício que representasse os ambientes de um drama. A ideia de construir cenários surgiu em meados do século XVII quando William Davenant (1606-1668), gerente do teatro do Duque de York, passou, a partir de 1660, a representar o ambiente de suas comédias e tragédias usando cenários montados no palco. Mas, somente um século e meio mais tarde, no século XIX, a tecnologia da montagem de cenários de teatro desenvolveu-se com rapidez. Muitos efeitos especiais foram criados, tanto na simulação de ambientes internos (moveis verdadeiros, paredes com portas e janelas, etc.).e externos (jardins, calçadas com postes de luz, fontes, praias, pores-do-sol, cúpulas de céus estrelados, etc.) passaram a integrar os recursos para ambientação das histórias vividas nos palcos. Atualmente, a falta de uma representação mínima do cenário de uma história prejudicaria sua representação no palco a ponto de anular completamente o efeito educativo almejado. Isto porque, a falta do cenário, que foi habitual para os antigos, hoje causaria estranheza e rejeição. O ideal está em ter um cenário simples mas com o indispensável para estimular a imaginação do espectador; e evitar tanto aquela cuja riqueza elaborada e cansativa, como também não ter cenário algum. Apesar de que a expressão CENÁRIO reúne tudo que diz respeito à ambientação de uma peça, inclusive os efeitos cênicos obtidos com a utilização de sons naturais, de música, iluminação, etc., a palavra, no seu uso mais comum, refere-se à imitação, no palco, de ambientes internos como salas de estar, escritório, etc., ou externos como rua, jardim, campos, e outros onde tem lugar a ação. Tais imitações são obtidas com a utilização de painéis pintados, estruturas sólidas em madeira, móveis e objetos reais ou fabricados pelos técnicos da cenografia. O grande detalhamento tem seus problemas. Por exemplo, onde colocar todo o material de um cenário quando, na passagem de um ato para outro, o cenário tem que ser mudado? Quanto tempo será gasto nessa mudança, principalmente quando objetos muito pesados forem utilizados? A mudança de cenário precisa ser rápida e é necessário ter um time de pessoas treinadas para a operação de desmontar e remontar cenários com rapidez, sem fazer ruídos e sem provocar acidentes. Este é um argumento em favor da simplicidade. O elemento básico dos cenários mais baratos e fáceis de serem mudados e guardados são os painéis de lonas pintadas esticadas em um bastidor de madeira. Rubem Queiroz Cobra 160


O Delano não é cenógrafo... mas é um artista simples, que deixou de lado sua importância no cenário artístico e foi pintar o cenário do Programa Liberdade de Expressão, que Miguel Farias ia estreiar na TV Pernambuco. Ele disse que aquele não seria o cenário que ele pintaria para o Miguel. Queria tempo, espaço, tranquilidade ... pois assim seu trabalho seria exatamente o que ele transporta para as telas em seu ateliê da Rua de São Francisco, onde mora com sua mulher Macira e seu filho Vicente. “Não... não seria este o cenário....” disse Delano Não expressa a importância de seu trabalho... pensei... Mas a simplicidade de Delano levou-o a pegar nos pinceis e utilizar tinta d´água e deixar sua marca no cenário do Liberdade de Expressão. Neste momento, fico imaginando quantas coisas acontecem com as pessoas simples, sem vaidade, sem a prepotência que hoje é característica comum em nossa sociedade. Fico imaginando o que passa na cabeça das pessoas quando nós, ao pensarmos no cenário para o Liberdade, nos determinamos que ele seria especial para os convidados especiais que serão levados a expor suas ideias naquele espaço mágico onde poucos poderão adentrar e perceber que nós o preparamos para cada um deles. E aí volto ao Delano... que pintou as duas belas peças laterais e iniciou a peça central do Liberdade e não conseguiu terminar por falta de tempo... o grande perturbador do artista, que precisa acima de tudo de paz. (Miguel me chamou e nós dois, interferimos na obra do artista e terminamos a peça, sem nenhuma pretensão de chegar próximo ao que seria feito, se o tempo não tivesse trabalhado contra) Está lindo o cenário do Programa Liberdade de Expressão! E só nos resta agradecer nada mais. 161


O cenário lateral foi pintado pelo Miguel. São os Mamulengos com suas cores vibrantes e que fazem parte do seu mundo. Lá estava também o Alan Bruno, filho do Ramon, que pegou nos pinceis e Miguel e Bruno se encontraram no mundo mágico da folia popular dos bonecos que têm a cara do nosso povo, a alegria e o olhar espantado de quem sempre deseja saber mais, muito mais sobre a vida, sobre o mundo, sobre tudo. O Alan Bruno, que tem 10 anos adorou a festa e se investiu nas cores e acompanhando o gestual daquele mundo novo que naquele momento se abria prá ele. Este cenário lateral é a cara do Miguel Farias e é nele que os artistas convidados irão se apresentar. Pinturas à parte, mais gente estava lá durante a misturada de tintas... a Macira Farias, que dedicou horas de seu corrido tempo para detalhar como nós poderíamos fazer um espaço simples, mas harmonioso. Ela é decoradora, com trabalhos até em Paris e se propôs a ajudar na concepção do espaço. Apareceram outras pessoas a quem devemos agradecer: ao Isasc Sales, da Perpart, que nos apresentou ao Jairo e que nos cedeu espaço para preparação e pintura das telas Também da PERPART, apareceram a Walquíria e a Tatiane, que conversaram e alegraram enquanto estávamos lá (olha a foto delas!) O Roberto Lessa também apareceu por lá prá dar uma força. Ele sabia que estávamos precisando! Uma figura nos chamou a atenção, um senhorzinho lindo, que ficou todo o tempo que dispunha observando tudo aquilo que estava acontecendo. O senhor Juvenil. Não sei se ainda vamos nos encontrar, mas ficou marcada sua presença e resolvemos fotografá-lo para que não nos esqueçamos dele. Miguel também presente, ora indo ao estúdio acompanhar o trabalho do pessoal que estava lá na preparação das telas e acompanhando atentamente o trabalho do Delano. A equipe começou a crescer para o fechamento do trabalho e nós os fotografamos. Sem eles ... o que seria de nós? 162


Esta terceira parte do cenário foi iniciado pelo Delano e terminada por Miguel e Maristela

Maristela Farias Jornalista, Radialista, Produtora, Fotógrafa e tudo mais que se fizer necessário pela comunicação 163


Não fotografamos a execução do primeiro cenário, mas não poderia deixar de fazê-lo e foi este cara da foto que nos ajudou, que desde o início, apesar de seus afazeres, colaborou junto com o Jorge.

Pinturas de Miguel, dele que peço perdão por ter esquecido o nome o segundo e o terceiro painel

164


Pintura de Miguel Farias

Paineis de Miguel, Jorge e Maristela

165


NORDESTINOS CONTADORES DE HISTÓRIA Para falar sobre Cordel e sobre estes nordestinos contadores de história, tínhamos que convidar o pessoal da Unicordel, União dos Cordelistas de Pernambuco – UNICORDEL

166


Filipe Junior da Unicordel e Maria Alice Amorim, da UFPE

Altair Leal, da Unicordel e Selma do Samba, nossa artista convidada 167


Histórico Criada na manhã de 16 de abril de 2005, em reunião de poetas realizada no Mercado da Boa Vista, a União dos Cordelistas de Pernambuco - Unicordel que se propõe a ser um movimento em defesa e promoção da poesia popular nos seus mais variados matizes, e não somente na forma impressa, também conhecida por literatura de cordel, atuando em rede com parceiros identificados com os seus objetivos. Congregando poetas, declamadores, folheteiros, editores e apologistas da poesia popular, a Unicordel vem baseando suas ações na retomada da oralidade do cordel, realizando recitais em mercados públicos, escolas, universidades, bares e restaurantes, e diversos eventos culturais, além de oficinas, palestras e debates sobre a poesia popular nordestina. Atualmente a Unicordel conta com cerca de trinta integrantes mais assíduos e partícipes de seus projetos, dentre os quais podem ser citados Adiel Luna, Altair Leal, Cícero Lins, Davi Teixeira, Felipe Júnior, Gerson Santos, Geraldo Valério, João Campos, José Augusto (Lampião), José Evangelista, José Honório, Luiz Esperantivo, Meca Moreno, Mauro Machado, Paulo Moura, Severino Melo, Marcelo Soares, Alice Amorim e Pedro Américo. Destaque-se a presença feminina na Unicordel, representada pelas cordelistas e/ou declamadoras Mariane Bigio, Lourdes Alves, Madalena Castro, Neluce Vanessa, Susana Morais e Ângela Paiva. Diante da heterogeneidade do grupo, a produção poética dos integrantes da Unicordel apresenta uma temática bastante diversificada, contemplando cerca de 600 títulos e focando os mais variados temas, a exemplo de crítica social, de acontecimentos, poítica, imaginário sertanejo, Lampião, religiosidade, meio ambiente, conscientização popular, )DST, amamentação, combate a dengue e ao tabagismo, etc.) históricos, biográficos, cultura popular e, geral, gracejo, dentre outros.

Nestes tres anos de existência a Unicordel firmou-se como verdadeiro movimento cultural na cidade do Recife, conquistando adeptos, admiradores e parceiros que ajudaram-na a viabilizar inúmeras ações em prol da promoção da poesia popular, dentre as quais podem ser citadas: Lançamento do CD “CORDAS E CORDÉIS” (2006); Recital no evento de abertura dos festejos juninos da cidade do Recife do ano de 2005, no Pátio de São Pedro; Recital na Assembléia Legislativa de Pernambuco por ocasião do Dia Internacional da Mulher (2006); Recitais CORDEL EM CANTORIA, em diversos locais do Recife, Olinda e Palmares; Participação nos Festivais de Literatura do Recife(2005/2006) com recital, debate e venda de folhetos; Participação na V Bienal Internacional do Livro de Pernambuco (2005); Recitais QUINTA DE CORDEL, no Bar Caboclo de Lança (desde 2006); Festa carnavalesca CORDEL EM FOLIA(2006/2007/2008); Edição do cordel “O frevo não deveria/ser refém do carnaval”; Participação em eventos diversos realizados na FAFIRE-Faculdade Fracinetti do Recife, UNICAP-Universidade Católica de Pernambuco, no CEFET-Centro de Formação Tecnológica, Mercado da Boa Vista, Mercado da Madalena, dentre outros, além de participação em programas como Sopa Diário (TVU), Liberdade de Expressão (TV Nova), Ivan Ferraz (Universitária FM) e Saulo Gomes (Rádio Folha). Os principais produtos disponibilizados pela Unicordel aos interessados, são: Folhetos de cordel, contemplando cerca de 600 (seiscentos títulos) com temas e assuntos variados Xilogravuras criadas pelo gravador Marcelo Soares, impressas em diversos suportes (papel, camisas, cerâmica, etc.) CD Cordas e Cordéis produzido por alguns dos integrantes da Unicordel Recital poético-musical Palestra focando o cordel na arte-educação Oficinas de literatura de cordel 168


Entre colaboradores mais atuantes, destacam-se: ALTAIR LEAL FERREIRA – poeta-declamador e cordelista, além de facilitador de oficinas Literatura de Cordel. Nascido na cidade de Limoeiro-PE no ano de 1960. Integrante também da Academia de Letras e Artes de Paulista e do grupo Invenção da Poesia do Recife. Tem diversos folhetos publicados, dentre os quais “A História do Homem que Adorava Bacon com Feijões”, “Cordel do Combate a Dengue”, “Cordel da Água - Preservar Pra Não Faltar” e “Cordel do Leite Materno”. ALLAN SALES – Cantor, músico, compositor e poeta, começou como cordelista em 1997 e já conta com cerca de 300 folhetos publicados. Seu trabalho autoral o tem levado a se destacar em concursos de música e no circuito musical do Recife. Na Unicordel, além da articulação, atua na produção, condução e acompanhamento musical dos recitais, bem como a realização de oficinas de poesia popular. CÍCERO LINS – Cordelista olindense. Já publicou cerca de 80 folhetos de cordel explorando os mais variados temas, com destaque para os cordéis A Rola Misteriosa, O Pijama Suspeito e Você me Lascou, Tereza. FELIPE JÚNIOR – Poeta-declamador natural da Paraíba, mas criado em São José do Egito. Autor de diversos folhetos de cordel e do livro RELICÁRIO, lançado recentemente e que reúne poemas de construídos dentro da estética da poesia popular. JOSÉ HONÓRIO – Cordelista desde 1984, destaca-se pelo pioneirismo na utilização dos recursos da informática a serviço da poesia popular, seja na composição e impressão dos folhetos, seja utilizando a internet para construção e divulgação dos poemas. Tem cerca de 50 títulos publicados, e além de recitar seus versos, participa de debates e realiza palestras sobre poesia popular, como as realizadas na Suíça no ano de 2005. Idealizador e um dos principais articuladores da Unicordel. MAURO MACHADO – Cordelista nascido em Brasília e radicado no Recife. Tem inúmeros cordéis publicados, destacando-se O Matuto no Shopping, O Pife Encantado, O Exemplo do Ladrão de Galinhas que Botou um Ovo e O Encontro do Capitão Nascimento com Lampião no Inferno. MECA MORENO – Estudioso da poesia popular, também poeta, nascido na cidade de Palmares-PE, é um dos ativos colaboradores da Unicordel e constantemente é chamado para palestras e oficinas de cordel e outras vertentes da poesia nordestina. É autor do livro Giramundo – O Expectador do Fim. Gêneros da poesia Popular. PAULO MOURA – Pesquisador do cangaço e cordelista, procura unir as duas paixões e nos seus poemas é comum a referências ao universo do banditismo rural nordestino, notadamente a figura de Lampião, que lhe inspirou um livro com sua biografia em versos, e também aparece em vários dos folhetos já publicados. SUSANA MORAIS – Jovem cordelista, integra a ala feminina da Unicordel. Iniciou-se no cordel em 2006 e já conta com cerca de 10 folhetos publicados, dentre os quais Sombras do Cangaço, Consciência Negra e Festejos Juninos. 169


Maria Alice Amorim é jornalista, é Mestre em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (2007), graduada em Jornalismo (Universidade Católica de Pernambuco, 1990) e em Psicologia (Faculdade de Filosofia do Recife, 1982). Possui especialização em Teoria da Literatura (UFPE, 1985) e atua na área de Comunicação, e é estudiosa da Literatura de Cordel, de poéticas da oralidade, arte e cultura populares. É doutoranda em Comunicação e Semiótica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) http://festivalinternacionaldepoesia.com/maria-alice-amorim/ 170


http://www.cibertecadecordel.com.br/ A professora Maria Alice Amorim, desenvolve um projeto de digitalização, catalogação, organização e tratamento físico de literatura de cordel, em parceria com LUCI Luci Artes Gráficas Ltda. Luciano Inácio de Carvalho se mostrou sensível às nossas dificuldades em dar conta de uma demanda de envelopes feitos sob medida, com papel especial, livre de acidez, para acondicionar os folhetos de cordel, um a um. Por isso ofereceu-nos a mão-de-obra que executou o corte do papel. UNICORDEL União dos Cordelistas de Pernambuco O fundador e articulador do movimento, poeta José Honório da Silva, apoiou desde o princípio a idéia de que seria interessante termos cordelistas trabalhando no projeto, o que resultou na participação de Meca Moreno e Kerlle de Magalhães, durante dois e seis meses, respectivamente. NASEB Núcleo Ariano Suassuna de Estudos Brasileiros | UFPE É coordenado pela antropóloga Maria Aparecida Lopes Nogueira, que nos possibilitou, ao longo dos doze meses do projeto, a participação de George Michael, graduando do curso de Ciências Sociais da Universidade Federal de Pernambuco. Trata-se da catalogação e digitalização do Acervo Maria Alice Amorim de literatura de cordel, constituído de mais de sete mil folhetos populares. Tendo em vista o volume da coleção, tornou-se premente, para qualquer tipo de consulta ao acervo, a catalogação bibliográfica, inclusive com a digitalização de todo o conteúdo dos folhetos, a fim de possibilitar agilidade na consulta, mediante uso de ferramentas digitais de busca e, ainda, poupar do manuseio o frágil material. O resultado deste projeto é oferecer o acesso a um acervo particular, constituído de documentos extremamente importantes para os estudos da cultura e da literatura populares brasileiras. Um dos produtos resultantes é este catálogo digital, que contém informações sobre 7.300 folhetos de literatura de cordel, registrados tecnicamente sob as normas da ABNT, e oferece, ainda, a visualização da capa de cada um deles. O outro produto, ou seja, a integralidade da digitalização dos cordéis, pode ser acessado por meio de pesquisa presencial na Fundação Joaquim Nabuco, na cidade do Recife. * Acervo de cordéis No dia 24 de novembro de 2008, a equipe inaugura os contatos com a coleção de cordéis, adotando as primeiras medidas para a sistematização do acervo. Uma delas foi a escolha da ordem alfabética de autor no processo de localização, catalogação, digitalização. Os títulos de cada autor também passaram a ser organizados por ordem alfabética. Outra medida foi a análise de títulos idênticos com diferentes edições, mudança de versificação e/ou de conteúdo. Quando confirmado algum desses fatores, o título fica cadastrado como novo item. Do contrário, a soma de mais um exemplar. 171


* Classificação das raridades Decidiu-se pela utilização das diretrizes elaboradas pelo Comitê Técnico de Obras Raras do sistema de bibliotecas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), as quais apontam como raridade as “edições populares, especialmente romances e folhetos literários (cordel, panfletos)”. Ou seja, toda coleção de cordel é acervo raro, entretanto, mesmo assim optou-se pelo registro explícito desse dado nas notas sobre os cordéis portugueses, pelo fato de não mais existir produção cordelística, nem novas reedições, em Portugal. * Digitalização A digitalização da íntegra dos folhetos foi realizada página a página, incluindo capa, contracapa e o verso das mesmas, sempre que houvesse algum tipo de informação neles. Quando a contracapa não é exibida, significa que não há nada registrado. * Desenvolvimento do banco de dados Seguindo orientações e especificações propostas pela equipe do projeto, e em consonância com normalização da ABNT, os profissionais da área de informática desenvolveram um sistema de catalogação e um banco de dados para cadastramento do acervo. * Higienização e conservação Para garantir condições razoáveis de acondicionamento do acervo – folhetos impressos em papel frágil e muitos deles bastantes desgastados – foi providenciada a confecção de envelopes, sob medida, em papel printmax, livre de acidez, gramatura 120, a fim de que cada folheto pudesse ser acondicionado individualmente e facilmente localizado. Após a retirada dos grampos, a higienização mecânica foi executada sob método de varredura, que consistiu em folhear o cordel e limpá-lo com pó de borracha TK e uma trincha, no sentido da extremidade inferior para a superior. Entretanto, não foram realizadas as tarefas de retirada da oxi-

172


SELMA DO SAMBA 173


Miguel Farias, produtor e apresentador do Programa Liberdade de Express達o

174


TV PÚBLICA: O QUE É, PARA QUEM É E A QUEM SERVE? O Programa Liberdade de Expressão apresentado por Miguel Farias dia 21 de abril de 2008, contou com a presença da professora Patrícia Smith, de Comunicação e Mídia da Universidade Federal de Pernambuco, que atua principalmente nos seguintes temas: novas tecnologias e educação, educação científica básica, ensino de ciências naturais, educação virtual, educação a distância, abordagens de ensino e aprendizagem para educação profissional, formação do professor a distância, produção de programas e cursos a distância, produção de material didático para cursos a distância 175


Professora Pareícia Smith avalcanti/PE Ph.D. em Educação pela University Of Newcastle Upon Tyne, Graduada em Pedagogia pela UFPE. Professora da UFPE e coordenadora do da Pós-Graduação em Educação Matemática e Tecnológica – EDUMATEC. Leciona e orienta pesquisas de Mestrado e Doutorado. É líder do grupo de pesquisa GENTE - Grupo de Estudos em Novas Tecnologias e Educação (CNPq).

Gilberto Sobral, Secretário de Comunicação da Prefeitura de Camaragibe

176


Ivan Moraes, jornalista, integrante do Centro de Cultura Luiz Freire, articulador estadual do Movimento Nacional de Direitos Humanos em Pernambuco e integrante do Fórum Pernambucano de Comunicação;

Roberto Lessa, Produtor Cultural de grande atuação no estado e no país.

177


Como proposto, o programa se coloca como porta voz de todos aqueles que trabalham por uma TV de qualidade, que possa oferecer mecanismos para debate público acerca de temas de relevância nacional e internacional, fomentar a construção da cidadania, apoiar processos de inclusão social e socialização da produção de conhecimento por intermédio do oferecimento de espaços para exibição de conteúdos produzidos pelos diversos grupos sociais e regionais. Como não poderia deixar de ser, todos os convidados, manifestaram-se a respeito da grande responsabilidade da mídia no processo de formação da sociedade, também para debater o poder de influência, hoje, dos meios de comunicação no cotidiano das pessoas, na vida política e econômica do país, na formação das crianças, na indução, formação do perfil de consumo da população, fazendo-se necessário urgentemente, uma política pública séria de comunicação, similar ao SUS, como falou o Gilberto Sobral e o Ivan Moraes em apartes. Foi discutido também, que a existência de uma TV Pública requer uma gestão de modo participativo e que a reprodução não pode estar condicionada à reprodução das redes, com o imaginário sendo criado a partir do Rio de Janeiro e São Paulo. O Brasil tem que conhecer o Brasil A discussão da TV Pública já vem sendo feita por inúmeras entidades e o Programa Liberdade de Expressão é mais uma porta aberta para que a população conheça os caminhos que estão sendo discutidos, neste momento de forte posicionamento social.

178


ARTISTA CONVIDADO PEDRO ÍNDIO 179


Miguel Farias, produtor e apresentador do Programa Liberdade de ExpressĂŁo, com a professora PatrĂ­cia Smith 180


DANÇA COMO EXPRESSÃO DE ARTE No Programa Liberdade de Expressão gravado e apresentado por Miguel Farias dia 18 de abril de 2008, o debate sobre DANÇA COMO EXPRESSÃO DE ARTE, foram convidados UBIRACI FERREIRA, professor e Presidente do Balé de Cultura Negra Bacnaré; PAULA AZEVEDO, bailarina e produtora cultural; FRED SALIM, professor, coreógrafo, produtor e pesquisador e FLÁVIA BARROS, bailarina, professora, coreógrafa, Maitre de Balet e Musicista. 181


A dança é uma das três principais artes cênicas da Antiguidade, ao lado do teatro e da música e caracterizase pelo uso do corpo seguindo movimentos previamente estabelecidos (coreografia), ou improvisados (dança livre). A dança pode existir como manifestação artística ou como forma de divertimento e/ou cerimônia. Como arte, a dança se expressa através dos signos de movimento, com ou sem ligação musical, para um determinado público, que ao longo do tempo foi se desvinculado das particularidades do teatro. Ao pesquisar a história da dança e segundo correntes da antropologia, as primeiras danças humanas eram individuais e se relacionavam à conquista amorosa. As danças coletivas também aparecem na origem da civilização e sua função associava-se à adoração das forças superiores ou dos espíritos para obter êxito em expedições guerreiras ou de caça ou ainda para solicitar bom tempo e chuva. A dança, tal como todas as manifestações artísticas, é fruto da necessidade de expressão do homem, de maneira que seu aparecimento se liga tanto às necessidades mais concretas dos homens quanto àquelas mais subjetivas. Assim, se a arquitetura nasce da necessidade da construção de moradias adequadas e seguras, a dança, provavelmente, veio da necessidade de exprimir a alegria ou de aplacar fúrias dos deuses.

FLÁVIA BARROS, bailarina, coreógrafa, pesquisadora, musicista, Maitre de Balet. Formada pela Escola de Danças Clássicas do Theatro Municipal (Rio de Janeiro, 1957), com ênfase na técnica e linhas da escola de balé clássico francesa Sobre elementos importantes para formação de um bailarino, comenta: “Um bailarino tem que sair, viajar, fazer aula fora, trabalhar com outros grupos, depois voltar para seu lugar de origem e trazer consigo essa experiência.” 182


Bailarina Flávia Barros, atuando no balé Municipal do Rio de Janeiro (1954) É uma das principais professoras de balé de Recife, nas décadas de 60 e 70. Após integrar, durante cinco anos, o Corpo de Baile do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, inicia sua carreira como professora no Recife, fundando o Curso de Danças Clássicas Flávia Barros Cria, juntamente a Ariano Suassuna, o Balé Armorial do Nordeste, em 1976, um marco no cenário da dança de Recife, sendo o primeiro grupo a receber apoio financeiro direto da Prefeitura. Trabalha com diferentes elementos para criação. Sua motivação pode ser despertada por uma música, um ritmo, um tema ou pela própria movimentação dos bailarinos com quem trabalha. Considera a técnica importante instrumento para um bailarino entrar em palco. Costuma pesquisar muito para realizar uma coreografia, e, principalmente, para selecionar a trilha sonora. Considera a musicalidade um elemento vital para a coreografia, por isso busca sempre ouvir muito a música antes de iniciar a montagem. 183


FRED SALIM, bailarino, coreógrafo, produtor, pesquisador, sempre viajou para fazer aulas no Rio de Janeiro, São Paulo, fez aulas no Stagium, e no Cisne Negro em São Paulo, em sua formação clássica teve aulas com Eugenia Feodorova, Tatiana Leskiva e Flávia Barros Seus processos de criação estão sempre ligados à pesquisa de movimentos de épocas e contextos, como no caso da reelaboração da coreografia do bacanal de Herodes, na Paixão de Cristo, buscando em fontes históricas, e consultando seus mestres, sobre as formas mais adequadas para a cena. 184


Paula Azevedo é bailarina, coreógrafa, produtora cultural e diretora da CRIART Cia. de Dança de Olinda, com um impressionante repertório de ágeis movimentos e muita vivacidade do seu elenco, a Criart sempre consegue levantar plateias.

185


Ubiraci Ferreira, professor e Diretor do BALÉ DE CULTURA NEGRA BACNARÉ, que já conquistou 148 prêmios internacionais na bagagem, em festivais de outros países. Com 38 integrantes, entre dançarinos e músicos se apresenta resgatando coreografias, rituais, brincadeiras e representações de jogos de guerra da cultura afro-brasileira. Companhia que mais viajou pelo mundo O Bacnaré é um dos grupos pernambucanos de dança que mais viajou pelo mundo. Criado em 1985, o Balé da Cultura Negra já realizou dez turnês internacionais, participando de festivais na Europa, Ásia e América Latina, onde passou por países como França, Bélgica, Inglaterra, Polônia, Alemanha, Grécia, Espanha, Taiwan e Cuba. 186


Artista convidado: Cleiton Santana e Forr贸 Ganz谩

187


Miguel Farias, produtor a apresentador do Programa Liberdade de Express達o

188


ARTESANATO COM DESIGN O Programa Liberdade de Expressรฃo apresentado por Miguel Farias, trouxe para o debate sobre Artesanato com design, a artista plรกstica Ana Veloso, Luciene Torres, Superintendente do Centro Pernambucano de Design, Graรงa Bezerra, Gestora Estadual de Artesanato e Turismo do Sebrae e Ana Andrade, do Imaginรกrio Pernambucano da UFPE. 189


Artista Plástica Ana Veloso A transformação do distrito de Serra dos Ventos (Pernambuco) em um ponto de produção de artesanato é o objetivo do projeto Estado da Arte. Coordenado pela artista plástica Ana Veloso. O material utilizado nas produções é simples e abundante na região. Barro, semente de mulungu, buchas de rama, pó de cana brava, cipó, saco de cimento, casca de ovo e raspa de couro dão origem a caixas, colares, pratos, gravuras, tapetes, assentos, molduras, bolsas, porta-retratos e diversos utilitários. Participam do projeto aproximadamente 150 alunos e a ideia é ampliar esse número para a comunidade. São duas turmas, uma para adultos e outra para crianças e a coordenadora procura sempre convidar artistas plásticos experientes para dinamizar as oficinas e trazer novos ensinamentos.

190


Superintendente do Centro Pernambucano de Design, Luciene Torres O Centro Pernambucano de Design é uma Associação formada com o objetivo de promover e articular atividades de design no Estado. Surgiu através de ações do SEBRAE em parceria com SECTMA, AD-DIPER, SENAC, SENAI, SIDIVEST, SINDMÓVEIS, FUNDARPE, FIEPE, ETEPAM e APD/PE, para fortalecer Micro e Pequenas Empresas, utilizando design como ferramenta estratégica. O Centro Pernambucano de design desenvolve Projetos nas áreas de Design de Produto, Gráfico, Moda, Artesanato e Embalagem, nos seguintes segmentos, Diagnóstico da Produção Artesanal, Criação de Moda, Modelagem, Projeto de produto, Projeto para Eventos, Instalações Comerciais e Industriais, Identidade Visual, Manipulação de imagem, Web Design, Diagramação, Editorial, Sinalização e Criação de nome e ainda Consultoria e Banco de Dados com formatação de Cadastros de Designers, Cadastros de Empresas, Cadastro de Artesãos e Cadastro de profissionais de áreas afins. 191


Graça Bezerra, gestora estadual de Artesanato e Turismo do SEBRAE A principal linha de ação do Sebrae é a de promover a aproximação dos artesãos com o mercado consumidor, através de um trabalho de inteligência mercadológica do artesanato, buscando, principalmente, a compreensão de cada mercado consumidor – como arte popular, decoração e souvenir para turistas. Para cada segmento é definida uma estratégia de ação e, entre as principais linhas de atuação, estão a qualificação do profissional e dos produtos – adequando-os ao mercado, com melhorias no design, embalagem e durabilidade do produto – profissionalização das associações dos artesãos e elaboração de um catálogo comercial do artesanato pernambucano. Este catálogo é usado para apresentação dos produtos a compradores, além de distribuição em rodadas de negócios 192


Ana Andrade, do Imaginário Pernambucano O Imaginário Pernambucano é um projeto de extensão da UFPE, que tem como objetivo potencializar os valores das comunidades produtoras de artesanato, promover o associativismo e possibilitar que a atividade se firme enquanto meio de vida sustentável.Em 2001, o projeto teve como primeiro desafio atuar na comunidade quilombola de Conceição das Crioulas. A ação foi pautada na valorização da cultura, na identificação das potencialidades da região e no reconhecimento das habilidades e competências de seus moradores. Por meio de oficinas e consultorias, artesãs e artesãos encontram suporte para otimizar a produção, melhorar a qualidade e desenvolver novas linhas de produto. O projeto também promove a divulgação e a comercialização do artesanato. A metodologia multidisciplinar do Imaginário Pernambucano, aplicada por profissionais, professores e estudantes de diversas áreas, gera estratégias capazes de promover a inclusão social. O Projeto Promoção e Fortalecimento do Artesanato Pernambucano tem como público-alvo artesãos localiza193


O Projeto Promoção e Fortalecimento do Artesanato Pernambucano tem como público-alvo artesãos localizados nos municípios polo do artesanato e Zona da Mata. O grande objetivo do projeto é promover a competitividade do setor, a partir de ações integradas com vistas à organização da produção, melhoria da qualidade dos produtos e inserção em novos mercados. O fortalecimento das Associações de Artesãos é um dos grandes desafios do projeto que também pretende valorizar a produção artesã, agregando valor ao turismo da região. Os resultados esperados com esse fortalecimento são aumentar em 20% o faturamento dos produtos artesanais dos grupos atendidos . No âmbito da gestão, o projeto realiza consultorias para a implantação de sistemas adequados de gestão de custos e formação de preços, de Grupos produtivos, além do mapeamento de mercado, um estudo para sondagem de mercado identificando suas potencialidades, com objetivo de ampliar as vendas, sistematizando as informações.

Artesanato sob coordenação do Imaginário Pernambucano Design e identidade cultural no artesanato Um dos principais conflitos existentes no interior dos grupos que trabalham com o artesanato são as diferentes e antagônicas visões sobre a necessidade renovação da oferta de produtos como modo de dinamizar as relações comerciais entre os artesãos e o mercado, gerando incremento de trabalho e de renda. Para muitos, o surgimento de novos produtos deve ser resultante de um processo espontânea de criação dos artistas populares, que diante das mudanças no ambiente em que vivem, procuram externar suas impressões pessoais plasmando na matéria uma visão singular porém compatível com o repertório estético e cultural de seu contexto social.O temor diante da possibilidade de descaracterização dos produtos originais em virtude das pressões exercidas pelo mercado provocando o desaparecimento de certas tipologias, padrões, e outros elementos de reconhecimento e identificação cultural de uma determinada região ou grupo social, tem sido o argumento em defesa da não intervenção do design nestes processos de criação e de produção artesanal. A questão que se coloca é como intervir sem descaracterizar, valorizando e reforçando estas tradições regionais, a habilidade dos artesãos, e as relações existentes no interior dos grupos enfocados. Uma ação séria e consequente deve saber diferenciar a arte popular do artesanato e dentro deste as diferentes segmentações existentes, cujas particularidades irão orientar o nível e profundidade das intervenções de modo a diminuir a possibilidade de desvirtuamento do valor de cada um destes produtos. 194


Do mesmo modo é importante diferenciar, e respeitar, a motivação de cada um destes agentes. O artesão, ao contrário do artista - popular ou erudito- cuja motivação principal é o processo de criação “per si”, ao produzir uma peça está preocupado é com a possibilidade de conseguir algum dinheiro para o seu sustento e de sua família. Um artesão é antes de mais nada, um fabricante de artefatos, e portanto sujeito as regras do mercado. O artesanato, enquanto produto com valor de troca, obedece as leis universais da oferta e da procura. E o mercado é implacável, rejeitando aquilo que não corresponde as suas expectativas de consumo, ficando para o caso das exceções alguém que compre um produto apenas por piedade ou por compaixão. (texto de Eduardo Barroso Neto, escrito em 1999)

Artesanato sob coordenação dartista plásrica e arquiteta Ana Veloso

195


Banda Casas Populares

196


Miguel Farias, produtor e apresentador do Programa Liberdade de Express達o e a Banda Casas Populares 197


BLOGOSFERA: O ESPAÇO DEMOCRÁTICO DA COMUNICAÇÃO No Programa Liberdade de Expressão apresentado por Miguel Farias, foram convidados para o debate a BLOGOSFERA, O ESPAÇO DEMOCRÁTICO DA COMUNICAÇÃO, os Bloggers BELENNOS GOVANON, do blog A FOLHA DE SEU PAULO SAMPSON MOREIRA, do blog INOVAVOX, DIEGO POLO dos blogs WHAT’s NEW? e ACREDITE SE QUISER.NET 198


Juan Diego Polo, sócio da POOL DIGITAL empresa de consultoria e desenvolvimento WEB. Conhecido na Internet hispânica como o criador e editor de wwwhatsnew.com, um dos 30 blogs mais lidos na língua espanhola, entre os dez primeiros relacionados ao mundo de internet, com mais de 900.000 páginas vistas por mês, no Brasil como cofundador de Linkk.com.br, site número 15 no ranking de blogs brasileiros, com mais de 30.000 visitas únicas diárias, estrelato.com e acreditesequiser.net, quatro sites que somam hoje mais de 1.500.000 páginas vistas mensais. Especializado no mundo de Internet. Dez anos de experiência na área orientando a diversos clientes no processo de criação de uma identidade na Web, oferecendo serviços de consultoria para melhorar sua imagem na Internet, criando e aperfeiçoando sites já existentes. Atualmente orientamos sobre as melhores opções de hospedagem no mercado, sobre as tecnologias que podem oferecer uma melhor qualidade preço às diferentes empresas e sobre as companhias que podem encontrar a melhor solução. Na PoolDigital atuamos também na área de divulgação de projetos no Brasil, usando as nossas redes sociais no país. 199


SAMPSON MOREIRA, do blog INOVAVOX http://inovavox.blogueisso.com/ O INOVAVOX é um blog e não tem um foco definido. Então as pessoas que visitam este blog são desfocadas. O inovaVOX.com foi criado por acaso. Deixe-me explicar: Caí na besteira de entrar em um Marketing de Rede chamado TelExtreme, logo eu que sempre fui perseguidor desse tipo de coisa, mas tudo bem, essa não foi a única bobagem que fiz na minha vida. Bom, para vender os desserviços dessa “empresa” eu criei o inovaVOX.com. Depois de 20 dias como afiliado da TelExtreme vi a furada que me meti e fiquei com este domínio sobrando. Mas o nome era bom, web 2.0 nada a ver, e eu não podia desperdiçar. Foi aí que fui convidado para criar e dar manutenção no blog do Sem Meias Palavras. Meu contato com blogs até então era mínimo e com o SMP comecei a me interessar… foi aí que criei meu blog e aproveitei para chamá-lo de inovaVOX.com, já que eu tinha o domínio. No final das contas, acho que inovaVOX.com tem tudo a ver com este blog. INOVA de inovação e VOX, palavra em latim que quer dizer “voz” (e é, é?!?!?). Pode não ser nada novo dizer que o Lula não tem um dos dedos da mão, mas dizer sob minha ótica sim, é algo novo, ele é um desdedado. Por isso os blogs me encantam, pela possibilidade de ler uma mesma notícia com uma visão pessoal dos fatos. Mas não sei se este é um blog de humor, acho que não, aqui tem mais uma ruma de coisas sem graça, mas que dependendo do seu bom humor, poderá ser, no mínimo, divertido ler. (extraído do blog do Sampson, claro! 200


Belenos Govanon, do blog A FOLHA DE SEU PAULO Seu Paulo é um personagem criado pelo jovem pernambucano Belenos Govannon para um trabalho que envolvia a elaboração de um jornal fictício. No início de 2006, resolveu tirar tudo do papel e passar para um blog, ferramenta que já utilizava há dois anos, mas só em setembro de 2007 que surgia, de fato, a “Folha de Seu Paulo”, um blog de variedades que segue a linha do “freak news” e se utiliza do humor ácido para passar as mais diversas informações. Ou quase isso. Interesses: Jornalismo Blogosfera internet tecnologia televisão política Fórmula 1 humor café Livros favoritos: Bestiário da Imprensa A Arte de Fazer um Jornal Diário O Belenos, parece tímido, mas faz um blog jornalístico, ou quase, com a difícil missão de mostrar os fatos mais relevantes de um ponto de vista bem humorado. Conta, além de notícias, com colunas, charges, vídeos e temas que vão de televisão à tecnologia. Tudo isso e mais um blogueiro nada sério.Atualizações todos os dias, de segunda à sexta, e nos finais de semana, se o fato exigir. http://www.folhadeseupaulo.com/ Lógico, que aproveitei o Folha de Seu Paulo prá dar um ctrl c e passar as informações do Belenos para nosso blog. 201


Banda Parabelo

202


Miguel Farias, produtor e apresentador do Programa Liberdade de Express達o 203


FANZINES E ZINES

A proposta do Programa Liberdade de Expressão, ao convidar fanzineiros para uma conversa, é òbviamente divulgar esta forma de comunicação, que como tantas outras, requer estudo, persistência e acima de tudo, vontade de expor suas ideias de forma que muitos possam partilhar do pensamento do zineiro. Para gravação do Programa Liberdade de Expressão do dia 25 de abril de 2008, foram convidados o CAMILO MAIA e o SHURATO, fanzineiros e editores da Livrinho de Papel Finíssimo, com um trabalho relevante entre os zineiros e apreciadores e o Guitinho, da Nação Xambá, conhecedor e apreciador do Fanzine e o Moisés, também da Xambá, que desejava conhecer essa área da comunicação até então pouco conhecida para ele. Assim, o Programa Liberdade de Expressão vem cumprindo sua missão de integrar todas as ações sociais e provocar o despertar para tais movimentos. 204


Camilo Maia e Miguel Farias Fanzine é uma abreviação de fanatic magazine, mais propriamente da aglutinação da última sílaba da palavra magazine (revista) com a sílaba inicial de fanatic. Fanzine é, portanto, uma revista editada por um fan (fã, em português). Trata-se de uma publicação despretensiosa, eventualmente sofisticada no aspecto gráfico, dependendo do poder econômico do respectivo editor (faneditor). Na sua maioria é livre de preconceitos, e engloba todo o tipo de temas, com especial incidência em histórias em quadrinhos (banda desenhada),ficção científica,poesia,música, feminismo, vegetarianismo, veganismo, cinema, jogos de computador e vídeo-games, em padrões experimentais. Também se dedica à publicação de estudos sobre esses e outros temas, pelo que o público interessado nestes fanzines é bastante diversificado no que se refere a idades, sendo errónea a ideia de que se destina apenas aos jovens, ainda que estes sejam concretamente os que mais fazem uso desse meio de comunicação. Prova desta afirmação é a de que os primeiros fanzines europeus, especialmente franceses e portugueses, foram editados por adultos, dedicando-se ao estudo de história em quadrinhos (banda desenhada). A sua origem vai encontrar-se nos Estados Unidos em 1929. Seu uso foi marcante na Europa, especialmente na França, durante os movimentos de contracultura, de 1968. Graças a esses movimentos, os fanzines são uma ferramenta amplamente difundida de comunicação impressa de baixos custos. 205


Shurato O SHURATO, fanzineiro de primeira, também faz parte da Livrinho de Papel Finíssimo É relativamente antiga a tradição do humor e das artes gráficas em Pernambuco. Seu marco zero está precisamente no ano de 1831, quando veio às ruas o jornal satírico O Carcundão, como assinala matéria recente, na edição nº75 da Continente Multicultural. Fechando o foco para as últimas décadas, é possível listar nomes de diferentes vertentes ou escolas, como Conceição Cahú, RAL, Cavani Rosas, Luís Arrais, Laílson, Clériston, Marcelo Coutinho, Watson Portela e Paulo Santos. Todos têm trabalhos publicados em jornais e revistas comerciais, ou de forma independente nos projetos locais Paca Tatu, Folhetim Humorial, O Rei da Notícia e o Papa-Figo, este último ainda circulando incólume pelo Recife. Nos anos 70 e 80, a grande referência para os desenhistas de humor era o tablóide carioca O Pasquim. “Foi o meu curso superior”, diz RAL, fortemente inspirado nas estripulias gráficas de Henfil e sua turma, onde colaborou por muitos anos. . Em 1998, o cenário ganhou novo fôlego com a criação do Festival Internacional de Humor e Quadrinhos, concebido e articulado até 2005 pelo cartunista Laílson de Holanda Cavalcanti. Ao mesmo tempo, pela primeira vez foi fundada uma organização de classe, a Associação dos Cartunistas Pernambucanos (Acape). Inspirados no barulho causado pela Ragú, e tendo como modelo editoras underground como a Rip Off Press , outro grupo criou a editora independente Livrinho de Papel Finíssimo, dedicada a publicar trabalhos autorais, geralmente sem espaço nos meios estritamente comerciais. Fabricados no processo de reprografia ou impressão digital, os títulos da Livrinho são vendidos de mão em mão, com o preço variando entre módicos R$ 3,00 e R$ 12,00. “Os autores entram com o papel, e a editora banca a impressão, edita, pagina e faz a diagramação”, explica Camilo Maia, integrante do grupo ao lado de Shurato e outros. (Continente Multicultural) 206


Guitinho e Nação Xambá Guitinho também fez parte da mesa de debate e contextualizou muito bem sobre a importância do Fanzine e sua de distribuição de trabalhos autorais a preços baixíssimos, como forma de levar a um grande público, as ideias que circulam livremente entre os pensadores que existem fora da grande mídia, da grande editora e que assim encontram forma de expressão garantida, aliada a outros meios de comunicação. O mão a mão é a forma de divulgação dos fanzines e os meninos, que valorizam essa forma de arte, sempre encontram meios de estar nos mais diversos eventos da cidade, sempre “fanzinando”

207


208


Miguel Farias, Produtor e apresentador do Programa Liberdade de Express達o 209


A FORÇA DAS PARTEIRAS Miguel Farias, Produtor e Apresentador do Programa Liberdade de Expressão, debatendo com os convidados sobre a FORÇA DAS PARTEIRAS, pretende mostrar a importância dessas mulheres, que muitas vezes são a única forma de atendimento às gestantes que vivem em regiões de pobreza e de difícil acesso, demonstrando que o trabalho de mulheres que fazem a ponte entre a gestação e a vida é uma realidade que ainda frequenta o cotidiano de áreas urbanas e rurais de Pernambuco 210


Neste Programa Liberdade de Expressão, os convidados para o debate sobre A FORÇA DAS PARTEIRAS, foram: SUELY CARVALHO, parteira e fundadora do Cais do Parto, MARCELY CARVALHO, Diretora do Cais do Parto, BRUNO MONTEIRO, sociólogo e integrante do Grupo de Casais Grávidos e MARIA JOSÉ, parteira da Ilha de Marabá, em visita ao Estado de Pernambuco. Fez parte da mesa de debate o cantor e compositor Paulo Perdição, que também ofereceu seu testemunho a respeito da importância das parteiras.

Suely Carvalho, da ONG Cais do Parto A principal queixa das parteiras em todo o País é a falta de perspectiva da atividade, que, por não ser regulamentada, não garante direitos trabalhistas, como aposentadoria e remuneração fixa. A presidente da organização não governamental Cais do Parto, Suely Carvalho(foto), lamenta o descaso. Diz que essas mulheres possuem um papel importante no atendimento a gestantes e até na prevenção a doenças. “Incluí-las no sistema de saúde pode ser de grande ajuda para o próprio estado, pois são pessoas que moram na comunidade, conhecem a realidade local. Conseguem chegar em lugares em que agentes de saúde não chegam. É injusto não receber pelo trabalho”, reclamou. De acordo com a coordenadora do Programa Estadual de Parteiras Tradicionais da Gerência de Saúde da Mulher da SES, o SUS repassa uma verba para o pagamento dos partos realizados por parteiras. O recurso é enviado para os municípios, que, por sua vez, deveriam repassá-los às profissionais. “A maioria dos municípios, no entanto, não cumpre o acordo. Como a profissão não é regulamentada, o Estado não pode intervir, fiscalizar e exigir o pagamento. Se fossem pagos regularmente, cada parteira receberia cerca de R$ 13 (!!!!!!) por parto”, explicou 211


Maria José, Parteira em Marabá, no Pará, foi uma honra recebê-la. Maria José, Parteira em Marabá, no Pará, é testemunha do quanto é importante a presença de uma parteira numa região aonde, muitas vezes médicos só chegam uma vez por mês e. as gestantes ficam sem receber atendimento. Pior ainda, segundo ela, é quando falta o meio de transporte para levar a gestante ao centro de atendimento e aí é o momento onde a força da parteira se faz presente no atendimento à mãe e à criança. A simplicidade desta mulher, falando sobre o trabalho que ela desempenha em Marabá é emocionante e demonstra o quanto se faz necessário o reconhecimento desse trabalho. . “Não tem horário, nem dia certo. Se me chamarem, eu vou. Sou muito procurada pelo pessoal da comunidade. Pessoas que, às vezes, não têm nem o que comer. Não ganho nada pelo serviço, trabalho por amor”, afirmou. 212


Sociólogo Bruno Monteiro BRUNO MONTEIRO, sociólogo e integrante do Grupo de Casais Grávidos, projeto desenvolvido e realizado pelo Cais do Parto. Toda semana, na sede da organização, em Olinda (PE), são preparados casais grávidos para o parto e são repassados informações sobre a corresponsabilidade da mulher e do homem para recepcionar e desenvolver a criança que está chegando. O objetivo dessa ação é contribuir para a formação de uma sociedade saudável, equilibrada e feliz

Paulo Perdigão Sambista, pai e nosso artista convidado, reconhece a importância das parteiras e principalmente da presença dos pais junto a mulher na hora do parto. 213


http://caisdoparto.blogspot.com.br/2005/10/quem-somos_06.html

A ONG C.A.I.S do Parto (Centro Ativo de Integração do Ser) foi fundada em 5 de julho de 1991. Sediada em Olinda, Pernambuco, a organização fundamenta-se na reforma sanitária, nos direitos humanos, nos direitos reprodutivos e no desenvolvimento sustentável, atuando nas áreas de saúde, gênero, cidadania, educação, ecologia e cultura. O Cais do Parto está registrado no Conselho Nacional deAssistência Social e possui título de utilidade pública municipal. Sua presidente de honra e fundadora, Suely Carvalho, é mentora e fundadora do Programa Nacional de Parteiras Tradicionais desenvolvido no âmbito do Ministério da Saúde, desde 1991. Enfermeira comprometida com a melhoria das condições de vida das parteiras tradicionais e com a manutenção da cultura indígena e africana do partejar, Suely organizou e atualmente coordena a Rede Nacional de Parteiras Tradicionais. De 1994 a 2001, o Cais do Parto representou o movimento de mulheres de Pernambuco no Conselho Estadual de Saúde e coordenou, no biênio 98/99, a Secretaria Estadual da Rede Nacional Feminista de Saúde e Direitos Reprodutivos. A entidade é co-fundadora da REHUNA (Rede pela Humanização do Nascimento), instituída em 1993. Atualmente, o Cais integra a Rede Nacional de Mulheres no Rádio, o Fórum de Mulheres de Pernambuco, a Articulação Aids de Pernambuco, o Núcleo de Educadores Populares em Parceria - NE, a Rede Latino-Americana e do Caribe de Saúde da Mulher, entre outras iniciativas. O Cais é filiado à Associação Brasileira de Organizações Não-governamentais (Abong).

214


O Cais trabalha com mulheres, homens, crianças, adolescentes, parteiras e profissionais de saúde, e atua nas regiões norte, nordeste, centro-oeste e sul. Sob a luz do saber apreendido das mais diferentes formas, propomos rever conceitos e práticas dogestar, parir e nascer bem como primeiro direito de cidadania e precursor de uma sociedade saudável, transformando as relações entre gêneros, propondo e contribuindo com políticas públicas e comprometendo os poderes públicos na garantia dos direitos de cidadania. Nossa fonte inspiradora: o ser e o fazer das Parteiras Tradicionais do Brasil como modelo brasileiro para a Humanização do Parto e do Nascimento. Desenvolvemos metodologia apropriada para capacitação, organização social e política e reciclagens para as parteiras tradicionais, considerando as várias realidades culturais nas diferentes regiões deste imenso Brasil. O C.A.I.S. do Parto destaca-se como entidade de apoio a grupos de parteiras, contribuindo efetivamente no resgate de culturas e tradições do parto e nascimento no Brasil e para o reconhecimento da profissão. Nossa entidade conta com capacidade instalada de uma equipe técnica qualificada para coordenar e desenvolver as ações específicas e cumprir as metas que a nossa atuação exige.

215


“Ninguém ganha nada pelos partos. Eu mesmo preciso fazer outros trabalhos para conseguir o sustento da minha família,o que é injusto, porque o trabalho que desempenhamos é de grande responsabilidade, afinal de contas, são duas vidas em nossas mãos. Mas ser parteira é um dom, você não escolhe ser. É e pronto”, fala a Maria José. Apesar do avanço da medicina e aperfeiçoamento de técnicas para deixar os partos cada vez mais confortáveis para as gestantes, as parteiras ainda são bastante solicitadas em diversas regiões do Brasil - principalmente no Norte e Nordeste. Em Pernambuco, existem 925 delas, realizando procedimentos tanto na zona urbana quanto rural. São 46 profissionais em áreas urbanas, 824 em rurais e 55 no campo e na cidade, segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES). Ainda de acordo com a SES, no último levantamento sobre números de partos, em 206, 119.495 bebês nasceram nas 258 unidades das 11 Gerências Regionais de Saúde (Geres) de Pernambuco. No mesmo ano, 1.287 nascimentos domiciliares foram notificados no Sistema Único de saúde (SUS) - acredita-se que a quantia é maior por conta da sub-notificação. Médico faz alerta sobre riscos Ter um bebê na rede privada, pública de saúde ou com uma parteira também depende de fatores como custo, distância entre a residência e a unidade de saúde mais próxima. De acordo com o presidente da Sociedade de Ginecologistas e Obstetras de Pernambuco e professor adjunto de Ciências Médicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Olímpio de Moraes Filho, um parto não deve ser feito simplesmente por escolha. “Se na região onde a mulher mora tem uma dessas unidades de saúde, ela deve ser conduzida para lá”, afirmou. Segundo ele, cerca de 15% a 20% dos partos apresentam complicações e necessitam de intervenções médicas, além da aplicação de medicamentos para acelerar o trabalho de parto ou controlar hemorragias. “Nos casos de complicações, tempo é precioso, por isso o ideal é que ela esteja em um local equipado, que tenha o suporte necessário para essas eventualidades. Mas, lógico, que em situações onde a unidade de saúde mais próxima fica a quilômetros de distância, a única alternativa é procurar uma parteira”, completou. Segundo a Secretaria Estadual de Saúde, em 2006, 83 mulheres morreram após dar deram à luz no seu próprio domicílio. Em 2007, esse número caiu para 50. REGULAMENTAÇÃO Tramita na Câmara Federal um projeto de lei, número 2145/2007, de autoria da deputada Janete Capiberibe, que pretende regulamentar a profissão. Segundo a técnica da Área de Saúde da Mulher do Ministério da Saúde, Daphne Rattner, a ideia surgiu em 2003, quando a parlamentar, envolvida com o trabalho realizado pelas parteiras no Amapá, elaborou um projeto e o enviou à Câmara. “Ele ficou parado porque a autora precisou se afastar do legislativo. Mas, no ano passado, retornou à Câmara”, explicou. De acordo com Daphne, em 2007, o documentou deve passar pelas comissões da Casa para ser aprovado. “Depois da aprovação, segue para o Senado”.

216


Cantor e compositor Paulo PerdigĂŁo que tambĂŠm participou da mesa de debates r foi o artista convidado

217


218


Miguel Farias, produtor e apresentador do Programa Liberdade de Express達o

219


JORNALISMO CULTURAL Neste programa, para discuss茫o sobre o tema Jornalismo Cultural, foram convidados o Escritor Raimundo Carrero, a Jornalista do JC Carol Almeida, editora assistente do Caderno Cultural, Alexandre Figuer么a, Professor da Universidade Cat贸lica de Pernambuco e Demir, produtor cultural. 220


Escritor Raimundo Carrero Raimundo Carrero de Barros Filho (Salgueiro PE 1947). Romancista e contista. Na adolescência muda-se com a família para o Recife, e tem seu primeiro contato com a literatura ao encontrar caixas de livros abandonadas por seu irmão mais velho, que se tornara artista de circo. Cursa ciências sociais na Universidade Federal de Pernambuco - UFPE, mas profissionalmente torna-se jornalista. Atua na televisão, no rádio e no Diário de Pernambuco, onde permanece por 25 anos. No início dos anos 1970 participa da criação do Movimento Armorial, liderado pelo escritor Ariano Suassuna (1927), que na ficção representa a retomada de temas pertencentes à literatura oral e popular nordestina. Um de seus contos, O Bordado, a Pantera Negra, é usado para ilustrar a prosa do movimento, em brochura publicada em 1974. No ano seguinte lança seu primeiro romance, A História de Bernarda Soledade, a Tigre do Sertão. Como professor, leciona na UFPE de 1971 a 1996 e em 1989 funda a Oficina de Criação Literária, no Recife, dedicada a jovens interessados na carreira de escritor. Em 2005 seus três primeiros romances são publicados num único volume: O Delicado Abismo da Loucura. 221


Principais obras As sombrias ruínas da alma Os segredos da ficção A história de Bernarda Soledade - A tigre do sertão (1975) As sementes do sol - O semeador (1981) A dupla face do baralho - Confissões do comissário Félix Gurgel (1984) Sombra severa (1986) Maçã agreste (1989) Sinfonia para vagabundos (1992) Extremos do arco-íris (1992) Somos pedras que se consomem (1995) Prêmios literários 1984 Prêmio José Condé, Governo de Pernambuco 1986 Prêmio Lucilo Varejão, prefeitura do Recife 1987 Revelação Nacional, Rio Grande do Sul 1995 Melhor Romancista do Ano, da Associação Paulista de Críticos de Arte Prêmio Machado de Assis (melhor romance de 1995), da Biblioteca Nacional. 2000 Prêmio Jabuti (Wikipedia)

222


Jornalista Carol Almeida editora-assistente do Caderno C/ Jornal do Commercio, pro­fes­sora de edi­to­ra­ção de car­tuns e cinco vezes fina­ lista do tro­féu HQ Mix na cate­go­ria Jornalista 223


Professor e Jornalista Alexandre Figueroa Alexandre Figueirôa é dou­tor em Cinema pela Universidade de Sorbonne (França) e autor dos livros “Cinema Novo: A Nova Onda do Jovem Cinema e Sua Recepção na França” e “Cinema Pernambucano: Uma História em Ciclos” (FCCR). Atualmente é pro­fes­sor da pós-graduação em Cinema da Universidade Católica de Pernambuco e Editor da Revista O Grito!. 224


Produtor Demir

Para o Demir, a crítica quando é positiva alegra e, se ao contrário, é cruel, mas ele ainda acha que seria muito pior se não fosse feita nenhuma alusão ao trabalho do artista. “O especialista arrogante, nesse cenário, perde espaço e o palpiteiro descompromissado ganha.” 225


O jornalismo cultural ocupa um papel importante na imprensa brasileira. Na atualidade, além das secções destinadas ao comentário e à crítica da produção intelectual e artística que integram diversos veículos de grande circulação, existem os “cadernos de cultura”, também voltados para a cobertura noticiosa e para a análise dessas atividades Ao contrário do que se tem dito a respeito de uma “profunda” crise na imprensa, as manifestações jornalísticas especializadas na cobertura de eventos culturais, na sua avaliação e na reflexão em torno de tendências da arte e do pensamento contemporâneo, mostram-se bastante intensas e numerosas e, em alguns casos, com sustentação material de razoável consistência. Até algum tempo atrás, o Jornalismo Cultural era classificado como espaço de mercado, de vaidades, corroborando a ideia, segundo a qual as pautas da produção do jornalismo cultural só encontravam lógica nos fundamentos de que ele aparentava ser um prestador de serviços ocultando uma operação de natureza basicamente econômica. Hoje, nós já estamos encontrando um conjunto de jornalistas que se posicionam de forma independente e não se deixam envolver pelas pressões das assessorias de comunicação. Mas, enfim, como é possível produzir esse idealizado bom jornalismo cultural atualmente, sem se deixar levar pelos esquemas de divulgação das assessorias, sem se submeter silenciosamente à ditadura da agenda, à presença constante da linguagem publicitária, à limitação dos textos e aos processos de generalização simplificadora e/ou segmentação limitadora dos públicos e dos veículos? Evidente, não é fácil para o jornalista trabalhar nos veículos comerciais sem se deixar envolver pelos inúmeros compromissos que o meio de comunicação está atrelado, até porque o mercado é o mantenedor do veículo e o jornalista está comprometido com o seu jornal. O colunista Eduardo Piza diz que “a importância do jornalismo cultural está na forma como ele mexe com a opinião dos leitores, que estão sempre buscando um filtro seletivo para saber o que deve ler e assistir. Ele atrai e provoca o leitor. É nos cadernos culturais que se cria uma relação afetiva com o público”. Portanto, a responsabilidade do Jornalista Cultural é de informação e de formação de plateias, de leitores, de consumidores de arte em todos os sentidos e a credibilidade para isso depende exclusivamente da independência que ele tem ao direcionar suas críticas aos seus leitores. Não se pode esquecer, que um espaço para o Jornalismo Cultural está postado no mundo virtual. A Blogosfera permite que se faça um trabalho independente dando mais peso à interpretação e à opinião, o que não quer dizer que notícias mais quentes, inadiáveis, devam ser deixadas de lado, sem deixar que a correria do dia-a-dia e a superficialidade tomem o espaço da análise, da crítica e do debate de ideias. 226


Qualquer um pode escrever sobre cultura. Mas fazer bom jornalismo cultural é outra história. Não basta arriscar-se a detonar um livro, um filme ou uma peça de teatro com base no famoso “eu acho que”, sem argumentos sólidos ou sem nunca ter tido contato com uma referência anterior. O glamour de ser um jornalista cultural, faz com que alunos de universidades que aspiram à função, esqueçam que há um nome exato para o que preenche esse vazio - do querer e do ser - : repertório cultural. Quem quiser ser um verdadeiro crítico de cultura, tem que ter consciência de que à sua espera estão muitos anos de leitura, de treino e de vivência. Tem que gostar, mas além de gostar, frequentar o meio cultural e conhecer profundamente sobre o ou os assuntos que deseja explorar. Num artigo de Adriano Schwartz, professor da USP, ele diz que “Quando o jornalista cultural critica um livro, significa que conhece a história do autor, procura saber como a obra foi feita e busca conexões com outras obras literárias. Há quem escreva para orientar o leitor, mas há quem faça isso para mostrar a própria inteligência ou para atacar inimigos e aplaudir amigos” e que “A vaidade pode ser mais forte que o interesse profissional, em muitos casos”. Mas o que incomoda o crítico é o fato de jornais e revistas aceitarem passivamente certos lançamentos, sem fazer uma crítica mais profunda O jornalista cultural deveria então, separar o joio do trigo – informar e, mais do que isso, formar o leitor, através de sua bagagem e de seu julgamento crítico. Infelizmente, porém, predomina hoje o jornalismo de agenda, onde as vedetes são os guias de fim de semana, e o modus operandi é o mesmo da divulgação publicitária. Para o Demir, a crítica quando é positiva alegra e, se ao contrário, é cruel, mas ele ainda acha que seria muito pior se não fosse feita nenhuma alusão ao trabalho do artista.

227


Artista convidada Jacinta Pinheiro

228


Miguel Farias, produtor e apresentador do Programa Liberdade de Express達o 229


Temos que agradecer a todos que colaboraram para que o Programa Liberdade de Expressão fosse exibido: ao Pedro Paulo, ao Kaká Nascimento, câmeras e demais amigos que deixamos na TV Nova, ao Sr. Alf Farias, câmeras e demais amigos da TV Pernambuco e a todos os companheiros que nos acompanharam para realização desse Projeto.

230


231


232


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.