Mapa Temporário de Lisboa

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MAPA TEMPORÁRIO DE LISBOA FEITO POR DESIGNERS DE MODA


Autores: alunos do mestrado Design de Moda da FA.ULISBOA Desenvolvido para a disciplina: Cultura e Estética Urbana

O mapa e as narrativas que integram este catálogo são de caráter efémero, e traduzem parte da topografia do espaço artificial, do espaço construído e do ser humano. Entendemos este espaço como “definitivamente dinâmico” com coordenadas móveis, e uma sequência temporal., e a partir deste movimento construímos histórias e narrativas, e criamos conexões imaginárias, entre obras e pessoas, entre o natural, o artificial e o híbrido. Uma plataforma para invenções de todo o tipo. O 1º layer do mapa, tem como ponto de partida um local, um objecto artificial e construído, e como ponto de chegada os múltiplos autores e obras artísticas, os múltiplos pensamentos e ações que originaram ,e que se interligam criando uma rede, uma infraestrutura efémera, dinâmica e móvel, sendo por isso uma narrativa intuitiva de um mapa cultural. Culturgest, Centro de Arte Moderna, S. Jorge, Fundação EDP, foram os locais de partida. O ponto de chegada é móvel, configura-se numa rede com infinitas ramificações e um esboço imprevisto. O 2º layer, tem como ponto de partida, as pessoas, o ser humano e as suas escolhas e preferências, nesta caso de alguns espaços e galerias. Beatri, Carina, Cristina, Daniela, Gabriela, Inês, Joana, Márcia, Mariana, Marta, Mónica, Rita e Sandra foram ponto de partida. O ponto de chegada, um espaço físico que se revela ele próprio o início de narrativas e histórias traçadas por diferentes artistas plásticos e autores. A mobilidade acompanha-nos. As redes de esboos imprevistos desenham-se. A cultura estética e urbana vivencia-se.

2 Mapa temporário de Lisboa

Cultura e Estética Urbana

3


10

UM ALEMÃO EM LISBOA

MUSEUS E CONFERÊNCIAS

36 AS CASAS

MUSEUS E CONFERÊNCIAS

46

CONFERÊNCIA FILOMENA MOLDER MUSEUS E CONFERÊNCIAS

ÍNDICE

58

ILUSTRARTE 2016

MUSEUS E CONFERÊNCIAS

70

106

CENTRO DE ARTE MANUEL BRITO GALERIAS

114

PERVE ALFAMA

GALERIAS

122

FIGURINISMO ITALIANO

GALERIA 111

78

128

MUSEUS E CONFERÊNCIAS

TERRA BESTA

MUSEUS E CONFERÊNCIAS

88

WHO WROTE THAT?

MUSEUS E CONFERÊNCIAS

GALERIAS

CCB COLEÇÃO BERARDO GALERIAS

138

CASA DO ALENTEJO

GALERIAS


1. MUSEUS E CONFERÊNCIAS


Joana Joana Sousa Sousa Mónica Mónica Machadinho Machadinho

Beatriz Beatriz Dinis Dinis

Augusto Augusto Alves Alves da Silva da Silva

Esperanza Esperanza Huertas Huertas

Vasco Vasco Araújo Araújo

Graça Graça Pereira Pereira Coutinho Coutinho

Pedro Pedro Gomes Gomes

Lourdes Lourdes Castro Castro

AnaAna Vigira Vigira

Waltercio Waltercio Caldas Caldas

JoséJosé Pedro Pedro Croft Croft

Márcia Márcia Gomes Gomes

Gil Heitor Gil Heitor Cortesão Cortesão

Manuel Manuel Amado Amado

Pedro Pedro Cabrita Cabrita ReisReis

Mário Mário Matos Matos Ribeiro Ribeiro

Anabela Anabela Becho Becho

JoséJosé Varanda Varanda

Cristina Cristina Freire Freire

Leonor Leonor Antunes Antunes LisaLisa Milroy Milroy HeinHein Semke Semke

InêsInês Meneses Meneses

Patricki Patricki Raynaud Raynaud

CAM CAM

Um Um Alemão Alemão em em Lisboa Lisboa

Daniela Daniela Freitas Freitas

Conversa Conversa sobre sobre Figurinismo Figurinismo Italiano Italiano

AsAs Casas Casas

CINEMA CINEMA SÃO SÃOJORGE JORGE

11

Não Não tete esqueças esqueças dede viver viver

Diogo Diogo VazVaz Pintos Pintos

Terra Terra Besta Besta

CULTURGEST CULTURGEST

FUNDAÇÃO FUNDAÇÃO EDP EDP

Jesus Jesus Cisneros Cisneros

Miguel Miguel Tanco Tanco

GuyGuy de Cointent de Cointent Marion Marion Barraud Barraud

Sylvie Sylvie Bello Bello

Emanuelle Emanuelle Bastien Bastien Pawel Pawel Pawlak Pawlak

Joo Joo HeeHee

Filomena Filomena Molder Molder

Who Who Wrote Wrote That? That?

Illustrarte Illustrarte

Inês Inês Costa Costa

Rita Rita Ferreira Ferreira

Serge Serge Block Block

Sandra Sandra Sousa Sousa

JulieJulie Colombet Colombet Daniel Daniel Moreira Moreira

Violeta Violeta Lópiz Lópiz

Laurent Laurent Moreau Moreau Claudia Claudia Palmarucci Palmarucci

Fabenee Fabenee Sobral Sobral

Carina Carina Avelar Avelar

Matteo Matteo Pagani Pagani AnaAna Buspello Buspello

Mariana Mariana Caldeira Caldeira Gabriela Gabriela Baptista Baptista

Marta Marta Araújo Araújo


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CENTRO DE ARTE MODERNA

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1.1 UM ALEMÃO EM LISBOA

Aven ida

Av. Duque de Ávila Ressa

no Ga

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HEIN SEMKE

UM ALEMÃO EM LISBOA

CURADORIA DE ANA VASCONCELOS

12 Mapa temporário de Lisboa

Inês Costa

20 DE NOVEMBRO DE 2015 A 13 DE JUNHO DE 2016


RELAÇÕES VIDA E OBRA 1889 – 1928

Hein Semke nasce em Hamburgo, na Alemanha, filho de um serralheiro e uma costureira. Durante a Primeira Guerra Mundial, Semke integra-se na equipa de voluntários e combate contra a Ucrânia, França e Flandres. O seu desencanto pelas revoluções e a sua experiência de guerra acabam por o tornar um pacifista convicto. Devido ao seu interesse nestas temáticas, acaba por estar cinco anos em prisão solitária por frequentar círculos anarquistas. Embora ainda não haja produção artística durante estes anos, todas as vivências relacionadas com a guerra assumiram um papel preponderante na obra do autor, alguns anos mais tarde

Gabriela Baptista

Inês Costa

UM ALEMÃO EM LISBOA


1829 – 1931

16 Mapa temporário de Lisboa

Cultura e Estética Urbana

17

Gabriela Baptista

Wir Narren, 1930

Daniela Freitas

É durante este período que surge o seu interesse em Arte. A sua formação em cerâmica e escultura ajudam-no a dar um sentido à vida que nunca mais abandonará. Os seus primeiros trabalhos revelam de imediato o seu potencial artístico, conduzindo à sua primeira exposição, ainda na Alemanha.

Cristina Freire

Em 1929 emigra para Portugal e começa a trabalhar numa fábrica de tecidos em Chelas. Um ano depois, com problemas de saúde nos pulmões, Hein Semke regressa à Alemanha, ingressando na Academia de Belas-Artes de Estugarda.


A arte torna-se a sua razão de viver,

18 Mapa temporário de Lisboa

Inês Costa

dá-lhe um sentido de vida.

Cultura e Estética Urbana

19


1932- 1940 O artista muda-se definitivamente para Portugal, instalando-se em Linda-a-Pastora com Martha Ziegler, a sua primeira esposa. É nesta altura que se cria uma pequena comunidade intelectual que além de integrar outros artistas portugueses, incorpora alguns alemães, que também residem nos arredores da capital.

Sem título, 1934

20 Mapa temporário de Lisboa

Auto-retratos, 1935/1933

Sem título, 1933

Máscara (Gordo), 1942

Cristina Freire

A grande maioria da sua produção artística é profundamente relacionada com as suas vivências durante a Primeira Guerra Mundial. Destaca-se a sua obra de 1934, “Camaradagem na Derrota” para o pátio de Honra dos luso-alemães, na Igreja Evangélica alemã de Lisboa. Mais tarde o seu ativismo político transforma-se em criação estética numa arte essencialmente ética e de autoconhecimento.


Daniela Freitas

22 Mapa temporĂĄrio de Lisboa

Cultura e EstĂŠtica Urbana

23


Rita Ferreira

Mónica machadinho

TORSO

Auto retrato Cabeça Dupla- Positivo Negativo, 1934

Máscara de Alzira, 1939

Lim Camões, 1938 Cultura e Estética Urbana

25


1941- 1954 Em 1947 realiza a sua primeira exposição individual de cerâmica com peças únicas, marcadamente escultóricas, em barro vermelho, cozidas em forno de fogo aberto. Definindo uma segunda etapa do seu percurso artístico, Hein Semke acaba por se tornar um dos principais renovadores da cerâmica em Portugal. Participa em diversas exposições em Portugal e São Paulo e em 1950 publica um livro de poemas intitulado de “Und”.

Ich Iebe Nock, Ainda vivo, 1949

Poeta, 1949

Nina 1936

Cristina Freire

Quo Vadis Victor, 1942

Cristina Freire

Em 1941 as medidas de proteção aos artistas nacionais tomadas em Portugal criam-lhe dificuldades económicas e abandona o seu atelier na Avenida 24 de Julho, em Lisboa. O início da Segunda Guerra Mundial e o seu afastamento da escultura criam-lhe mau estar. Em 1949 sai de Linda-a-Pastora e acomoda-se num quarto alugado em Lisboa, sendo que apenas em 1953 se consegue instalar num pequeno atelier que irá ocupar durante vinte anos.


Daniela Freitas


1955 - 1965 Galardoado com uma medalha de ouro e uma nova encomenda artística em 1955, Hein Semke ganha a possibilidade de visitar Hamburgo. Semke realiza um grande painel de cerâmica graças ao prémio ganho no 1º Festival Internacional de Cerâmica de Cannes. As paisagens da sua terra natal inspiram-no profundamente ao nível de formas e cores para o seu trabalho deste período. Durante esta fase a sua obra centra-se em novos meios de expressão plástica como a monotipia, a pintura sobre madeira talhada, a xilogravura e a aguarela, sem esquecer a escultura.

Sem título, 1964

30 Mapa temporário de Lisboa

Máscaras, 1956

Sem título, 1965

Sem título, 1965 Cultura e Estética Urbana

31


1966-1995 Em 1966 Semke recebe um subsídio da Fundação Calouste Gulbenkian que em 1972 organiza uma retrospectiva geral da sua obra. Em 1969, já casado com Teresa Balté, Semke apaixona-se pela praia da Rocha no sul de Portugal. Em 1977 visita a Noruega e as Ilhas Lofoten.

Pormenor da obra Metamorfose III, 1971

32 Mapa temporário de Lisboa

Estudo para Grande Forma, 1982

Parlamento I, 1976

Rita Ferreira

O financiamento permite-lhe desenvolver grandes trabalhos em óleo sobre a necessidade da fé, que acabam por ser expostos em 1967. Graças às temporadas passadas na Praia da Rocha, Semke desenvolve uma série de obras ligadas à temática marítima. A viagem pelo norte da Europa inspirou-o para um notável ciclo de monotipias. É também durante estes últimos anos da sua carreira que participa em várias publicações através de textos, pinturas, gravuras e colagens.


Sem titulo (série “Rostos, Visões e Coisas Vistas”), 1975

Torso Preto ou Grande Torso Negro, 1956

Flores e Flores, 1977

34 Mapa temporário de Lisboa

Sem titulo, 1956

Sem titulo, 1957

Torso e figuras, 1968 Cultura e Estética Urbana

Cristina Freire

Sem titulo (série “Logoten”), 1979

35


de Av.

de Av.

Av.

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rt

CENTRO DE ARTE MODERNA

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Be

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1.2 AS CASAS

rna

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Aven ida

Av. Duque de ร vila Ressa

no Ga

rcia


PEDRO CABRITA REIS

MANUEL AMADO

ARTISTA PLÁSTICO

1982

1993

-Nasceu em 1938 em Lisboa

ARTISTA PLÁSTICO

1990

-Nasceu em 1956 em Lisboa

WALTERCIO CALDAS ESCULTOR

VASCO ARAÚJO

-Escultor, artista grafico, cenógrafo

ESCULTOR

2014

2014

-Nasceu em 1975 em Lisboa

-Nasceu em 1946 no Rio de Janeiro

2005

LEONOR ANTUNES TICO

GIL HEITOR CORTESÃO R

-Nasceu em 1971 em Lisboa

-Nasceu em 1967 em Lisboa

PINTO

ARTISTA PLÁS

2013 38 Mapa temporário de Lisboa

2013

1967 Cultura e Estética Urbana

39


PEDRO GOMES ARTISTA PLÁSTICO

1989

LOURDES CASTRO

LISA MILROY

-Nasceu em 1930, Funchal

-Nasceu em 1959 no Canada

PINTORA

ARTISTA PLÁSTICO

1964

1962

2014

JOSÉ PEDRO CROFT

GRAÇA PEREIRA COUTINHO

ARTISTA PLÁSTICO

ARTISTA PLÁSTICO

1975 40 Mapa temporário de Lisboa

-Nasceu em 1949 em Lisboa

-Nasceu em 1972 em Moçambique

-Nasceu em 1957 no Porto

1998 Cultura e Estética Urbana

41


ANA VIEIRA

PATRICK RAYNAUD TICO

-Nasceu em 1940 em Coimbra

-Nasceu em 1946 em Carcassone

ARTISTA PLÁSTICO

1985

ARTISTA PLÁS

1979

JORGE VARANDA ARTISTA PLÁSTICO

-1953-2008, Nasceu em Luanda

1990

ESPERANZA HUERTAS

AUGUSTO ALVES DA SILVA

PINTORA

FOTÓGRAFO

-1925-2014, Nasceu em Madrid

1985 42 Mapa temporário de Lisboa

1989

-Nasceu em 1963 em Lisboa

Cultura e Estética Urbana

43


THOMAS WEINBERGER

CARLOS NOGUEIRA

ARTISTA PLÁSTICO

FOTÓGRAFO

-Escultor -Nasceu em 1947 em Moçambique

1975

1989

1989

-Nasceu em 1964 em Munich

2000

ANA VIDIGAL

DEANNA PETHERBRIDGE

-Nasceu em 1960 em Lisboa

-Artista plástica, escritora e curadora

PINTORA

2000 44 Mapa temporário de Lisboa

1997

ARTISTA PLÁSTICO

1986 Cultura e Estética Urbana

45


de Av. Rom a

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1.3 NÃO TE ESQUEÇAS DE VIVER!

o Pequen Campo

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CONFERÊNCIA COM FILOMENA MOLDER NÃO TE ESQUEÇAS DE VIVER

48 Mapa temporário de Lisboa

Inês Costa

29 DE FEVEREIRO DE 2016


Ideias de Filomena Molder “Não podemos domar a natureza mas fazemos parte dela.” É um bem, não um facto; “a natureza é nascimento”. Caráter humorístico da natureza; “é uma desmedida força de devoração”.

Natureza. Como ser importante das relações e exercícios espirituais. Nasce, está a nascer ou já nasceu.

Indomável. O ser humano nasce mas é mais facilmente controlado pelo meio envolvente que o rodeia, alvo de intenções, domínio e bloqueios.

Nascimento. Todos fazem parte deste acontecimento.

50 Mapa temporário de Lisboa

Márcia Gomes

Inquietação. “Aquilo que é mais difícil é olhar e ver o que está diante de nós”. “Ância pela morte nas chamas” Exemplo da atracção da borboleta pela luz da vela/ fogo - curiosidade reflectida.

Renascimento. Sentir-se bem; leve; novo; referência à Divina Comédia (Catárse) - quando o ser humano age sem se influenciar por nenhuma ideia, não pensando no que já viu ou não. Sensação de libertação.

Cultura e Estética Urbana

51


Passado, Presente e Futuro - Não te esqueças de viver Filomena Molder 1

Partilha. O começo - depois quando se começa a viver, aquilo que se partilha aparece como objectos ou vivências.

Exercícios espirituais - Goethe 2 Exercícios espirituais são hábitos; são atos da vontade, do entendimento, da imaginação; o mundo como matéria de formação.

Exercício I. Despertar - para o dia.

Exercício IV. Aceitação - dizer “sim” à vida.

Exercício II. Destacar-se em função do esforço de se distanciar do quotidiano; ter uma visão de conjunto.

Exercício III. Afinidade - separar do próprio ser e do que o rodeia. Esperança | Ousadia - quem a alcança não a deixa perder.

“Vidros-Partidos” de Vitor Erice (2012) é dado como exemplo pela autora da conferência. O filme recita um poema pela voz de várias mulheres e homens, trabalhadores de uma fábrica, que interpretam personagens reais e fictícios. Através das palavras são conhecidos dois conceitos.

Memória. Exitação/paragem dos personagens em cenas do filme - põe em prática o exercício de recitar.

“Alegria Descontente”. “A vida parou/congelou para alguns”; o “poema da prima”, poema recitado foi apenas publicado no fime - nunca ninguém o ouvira. Faz referência à ideia de Partilha.

Hesitação (?). A fotografia que aparece no fim do filme gera a ideia que que algo fica por dizer; ligação com os mortos da fábrica “pobres deles - não sei o que me querem dizer”.

Ideias feitas. “Quem leu mal ou quem lê pouco”. Sem interesse, sem liberdade.

Necessidade de destruição dos ídolos para se viver realmente. Obter uma visão construtiva de conjunto, separar-se de si e do que se encontra á sua volta, aceitar novos paradigmas libertar a mente.

1 - Goethe e a tradição dos exercícios espirituais. 2 - Filomena Molder - Professora catedrática aposentada, FCSH, UNL. Prémio - Pen Club 2012 para ensaio. As nuvens e o vaso sagrado. Relógio d’Água, 2014.

52 Mapa temporário de Lisboa

Cultura e Estética Urbana

53


Cristina Freire

RESPOSTA A UM SONETO DE PÊRO D’ANDRADE CAMINHA SÁ DE MIRANDA

Assi que me mandáveis atrever a versos já das Musas asselados, e àquela grande Sílvia consagrados! Ícaro me põe medo e Lucifer. Os meus, se nunc acabo de os lamber, como ussa os filhos mal proporcionados, - ah! passatempos vãos! ah! vãos cuidados! – a quem posso porém nisso ofender? Tudo cabe no tempo, entrego ao ano, depois à perda; diga-me esta gente qual anda o furioso assi emendado. Torno às cousas sagradas: que um profano leigo, como eu, tocá-las tão somente não é de siso são, mas de abalado.

Cultura e Estética Urbana

55


A FACA NÃO CORTA O FOGO ER HERBERTO HELD

Não some, que eu lhe procuro, e lhe boto Faca à garganta, ou lhe boto Na cabeleira tanta tanto fogo que você vira incêndio Em que se não tem mão, puta, Eu sei mas não me importa, quero é te apanhar Em uma braçada como de espuma, Mas se some eu lhe dano, essa sim, a puta de sua vida, Alta criatura chegada na terra muda, Em todo lado, O dia todo, A noite toda, Como se vê que uma árvore tem tanta folha luzindo Em toda parte dela e do vento e do tempo E de minha ideia, Não some não, que eu desmundo Cada sítio do mundo onde Você estava ou está ou há-de estar, e comunico só do toque Que lhe ponho num mamilo, No umbigo, No clitóris, Na unha mindinha do pé esquerdo, Só porque tu estremece dos estudos de meus dedos exultantes, Não some nunca, fica morrendo de meu sopro, Ou dá luz como folha contada uma por cima de outra, Dá ao elemento ar um alvoroço e uma largura química, Seiva tão moça, E aturdida que se me faz que seja puta? Dizem Por i, de gente Em gente que é isso: puta? Pequena, se fôr às raízes latinas, Mas tudo cresceu tamanho, grão de cobre Esparzido pelas capitais do corpo: púbis, cabeça, 56 Mapa temporário de Lisboa

Porque você é tão cerrada em sua vida própria, Trigo na noite, Excessiva beleza terrestre bruxuleando um pouco adentro, Que besteira de lhe chamar de puta, De pequena, Ou mesmo se lhe chame de grande puta, Se der o fora ;Ai dolor! Se sabedes novas da minha amiga, socorro de minha baixa biografia, Ai deus e u é? Vou à procura, encontro, ponho Vitríolo em teu rosto, desfiguro, ou com o calor da mão toco no pêlo Por você acima, Casa ardendo cheia de uma estrela incalculável, Jah minha boca lhe come externa de nenhuma roupa sobre que Carne soberba! Das plantas dos pés às pálpebras, Inteira, E outra vez dos geolhos ou joelhos, como queira, à côna, e da côna, Divertimento linguístico lato sensu, Ao rés da penugem na testa rápida, amor, Não provoque, não some, que esse Beijo que agora começo é para não Acabar nunca, Não queira que eu vá crer em deus e pedir milagre, Fique, tão puta quanto seja, com Seu jeito de água marítima, Balançando, menininha, barca bêbeda, Mas enredada em mim como o alimento luminoso no Bicho da terra vil e tão pequeno, Ah se incendeie a gente um do outro, que morte Ou vida mais total Não há, não some não, amor Da puta de minha vida indistinta, Noite onde me envolvo para sempre, Que simples, contudo, com tudo isso, que é se cruzar com o mundo, Fique, fica junto, funda fêmea, que você já me está Fundada no sangue desde que outrora, e agora, e na hora da nossa Cultura e Estética Urbana

57


FUNDAÇÃO EDP

Tv. Escaleres

1.5 ILUSTRARTE 2016

Largo Marqu

ês Angeja

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d Av. da Ín

Av. da Índia

Av. Brasília Av. Brasília


A Ilustrarte é uma bienal internacional de Ilustração para a Infância que vai na sua VII edição. Este ano contou com 150 ilustrações e 50 artistas selecionados. Teve como ilustrador convidado Serge Bloch, nascido em Colmar, França a 18 de Junho de 1956 e a escritora homenageada Alice Vieira nascida em Lisboa a 20 de março de 1943.

JULIE COLOMBET ILUSTRADORA

Nasceu em Saint-Etienne em 1983

A lista dos ilustradores inclui os portugueses Catarina Sobral, Joana Estrela Barbosa, Teresa Lima e Daniel Moreira. A vencedora desta bienal foi a espanhola Violeta Lópiz vence o Prémio Ilustrarte 2016, com o livro “Amigos do Peito”, com texto de Cláudio Thebas editado em Portugal pela Bruaá (2014).

MARION BARRAUD

ILUSTRADORA

Nasceu em Nantes em1987

SERGE BLOCK

ILUSTRADOR

VIOLETA LÓPIZ

ILUSTRADORA

SYLVIE BELLO ILUSTRADORA

PAWEL PAWLAKR ILUSTRADO

LAURENT MOREAU

ARTISTA PLÁSTICO

Nasceu em Estrasburgo em 1982, é também fotógrafo e músico

60 Mapa temporário de Lisboa

Cultura e Estética Urbana

61


JESUS CISNEROS

ILUSTRADOR

JOO HEE

ILUSTRADOR

MATTEO PAGANI ILUSTRADOR

MIGUEL TANCO

ILUSTRADOR

62 Mapa temporário de Lisboa

CLAUDIA PALMARUCCI RA ILUSTRADO

Cultura e Estética Urbana

63


DANIEL MOREIRA

ILUSTRADOR

FABIENNE CINQUIN ILUSTRADORA

Nasceu em Aubusson,1970

CATARINA SOBRAL

ILUSTRADORA

Nasceu em Coimbra, 1985. é também Designer

ANA BUSTELLO

ILUSTRADORA

64 Mapa temporário de Lisboa

EMMANUELLE BASTIEN ILUSTRADORA

Cultura e Estética Urbana

65


Sandra Sousa

Cultura e EstĂŠtica Urbana

67


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Rua do Salitre

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CINEMA S. JORGE

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1.4 FIGURINISMO ITALIANO

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Rua da Alegria

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CONVERSA COM MÁRIO MATOS RIBEIRO E ANABELA BECHO

70 Mapa temporário de Lisboa

Inês Costa

FIGURINISMO ITALIANO

5 DE ABRIL DE 2016


Arletty (actriz fetiche), personalizava na perfeição o tipo de mulher Schiaparelli.

O PRIMEIRO GRANDE SUCESSO DA DESIGNER FOI UMA CAMISOLA DE MALHA COM UM LAÇO BRANCO NA ZONA DO DECOTE (INTITULADA BOWKNOT). OUTRO, FOI O GORRO MAD CAP.

No passado dia 5 de Abril, teve lugar no Cinema de São Jorge uma conferência com a temática do figurinismo italiano interpretada por Anabela Becho e Mário Matos Ribeiro, ambos curadores de moda.

Sandra Sousa

Anabela Becho iniciou a conversa apresentando a criadora Elsa Schiaparelli e o seu trabalho como figurinista. Elsa Schiaparelli nasceu numa família pertencente à Burguesia. Teve como mentor e grande influente no seu trabalho Paul Poiret, um dos primeiros criadores de moda a popularizar os vestido sem espartilho. Não existe qualquer registo de que tenha trabalhado para o cinema italiano; porém, é possível percepcionar-se algumas das suas características no seu trabalho, pois a sua obra apresenta uma relação evidente do vestuário com os figurinos.

O primeiro grande sucesso da designer foi uma camisola de malha com um laço branco na zona do decote (intitulada Bowknot). Outro, foi o gorro Mad Cap. A designer idealizou vários figurinos para diversas actrizes como, Wendy Hiller (Pygmalion, 1938), Joan Bennett (Artists and Models Abroad), entre outras. O último registo de participação da autora é em Molin Rouge, para Zsa Zsa Gabor, 1952. Le Circus (1938), L’Amant de Borneio (1930) e La Chaleur du Sein (1938) são mais alguns dos trabalhos criados com a colaboração de Schiaparelli. As peças da criadora têm como marca a ligação constante entre arte e moda, tendo colaborado com artistas como Jean Cocteau, Christian Bèrard e Salvador Dali, com o qual desenvolveu o Chapéu Sapato e o Vestido Lagosta, (relação com a alta costura). Alguns dos pontos que a caracterizavam enquanto autora eram o exagero dado aos ombros através das peças que fazia, o universo fantasioso na moda, o grande enfâse dado ás costas, através dos decotes (evidenciado o lado chique), ligado á cultura francesa. Anabela Becho deixa o testemunho de que Schiaparelli revolucionou o mundo da moda e continua a inspirar diversos designers através do trabalho e criações que deixou, não tendo sido o seu atelier continuado, devido á visão única da designer. De seguida, Mário Matos Ribeiro apresentou, não só uma identidade, mas um atelier de figurinos: Tirelli Costumi, também conhecido como Sartoria Tirelli e Botega Tirelli, fundada por Umberto Tirelli , em 1964.

Cultura e Estética Urbana

73


Anabela Becho e Mário Matos Ribeiro

Quando iniciou, o atelier de costura contava apenas com 2 máquinas de costura, 5 costureiras, 1 modista e 1 secretário. Com o seu crescimento e reconhecimento através dos seus trabalhos, terminou com um reportório de 160 000 figurinos e 15 000 itens autênticos. Foi um fenómeno romano (indústria do cinema italiano). 74 Mapa temporário de Lisboa

Satiricom (1969), Amadeus (1985), Titanic (1997), Moulin Rouge (2001), Charlie e a Fábrica de Chocolate (2005), Casa Nova (2005), Marie Antoinette (2006), Alice no País das Maravilhas (2010) e O Grande Hotel Budapeste (2014) são mais alguns filmes em que a Sartoria Tirreli interveio. A Sartoria Tirelli edificou a Fundazione Tirelli Trapetti, uma instituição focada na recuperação de peças. Este percurso excepcional na criação de figurinos permitiu à casa ser reconhecida mundialmente e receber diversos prémios pelo seu trabalho de figurinismo. A conversa terminou com a intervenção do público, que colocou algumas questões aos oradores sobre as duas temáticas apresentadas. Estas foram maioritariamente relacionadas com a atual indústria da moda.

Sandra Sousa

A CASA (SARTORIA TIRELLI E BOTEGA TIRELLI) TEM UM PERCURSO EXCEPCIONAL NA CRIAÇÃO DE FIGURINOS PARA TEATRO, ÓPERA E CINEMA.

A casa colaborou com figurinistas como Luchino Visconti, Piero Tosi, Danilo Donati e Piero Gherardi, tendo os dois últimos realizado colaborações com o reconhecido cineasta italiano Fellini. Também, Piero Gherardi trabalhou para a casa, com os filmes La Dolce Vita (1960) e 8 ½ (1963), nomeados para melhores figurinos.


NOMES IMPORTANTES Elsa Schiaparelli

(Roma, Itália): 1890-1973

Paul Poiret

(Paris, França): 1879-1944

Arletty

(Courbevoie, França): 1898-1992

Wendy Hiller 1912-2003

Joan Bennett

(Palisades Park, Nova Jersey, EUA): 1910-1990

Zsa Zsa Gabor

(Budapeste, Hungria): 1917-

Jean Cocteau

(Maisons-Laffitte, França): 1889-1963

Christian Bèrard

(Paris, França): 1902-1949

Salvador Dali

(Figueres, Espanha): 1904-1989

Umberto Tirelli

(Gualtieri, Itália): 1928-1990

Luchino Visconti

(Milão, Itália): 1906-1976

Piero Tosi

(Sesto Fiorentino, Itália): 1927-

Danilo Donati

(Suzzara, Itália): 1926-2001

Piero Gherardi

(Poppi, Itália): 1909-1971

Federico Fellini

(Rimini, Itália): 1920-1993

76 Mapa temporário de Lisboa

Cultura e Estética Urbana

77


Tv. Escaleres

Largo Marqu

ês Angeja

ia

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Av. da Índia

Av. Brasília Av. Brasília

1.6 TERRA BESTA FUNDAÇÃO EDP


Sandra Sousa


EXCERTOS OUVIDOS DA EXPOSIÇÃO NARRADA INTITULADA DE TERRA BESTA DE DIOGO VAZ PINTO, NA VOZ DE INÊS MENESES Erguem avenidas a um futuro que já não merece ser vivido por Homens. Um horror perfeito (…) Depois de tanto ansiar aterrar em Lisboa, esta parece-me insuficiente, incapaz de retirar o horror vivido (…) “(…) uma viagem recontada é sempre um ato de exposição daquilo que fui (…) não soube ficar em silêncio para escutar tudo o que tenho em redor (…) A Índia afinal foi uma grande pedra no nosso caminho…nunca me esquecerei desse grande acontecimento no meio das minhas retinas. Nunca esquecerei dessa pedra no caminho (…) Naufraguei a meio do caminho e de facto não vi nada (…) como me confortou as palavras de (…) só é uma viagem se aos poucos deixar de importar quem vai nela (…) isto é uma estrumeira (…) tudo acontece com alguma distância aqui (…) este movimento imparável (…) esta ansia avassaladora mata à vontade (…) Comprei uma antologia de textos (…) de facto no mundo e na vida interessa-me a visão desse filtro que é a poesia (…) a perda é a melhor luz (…) Espelho dessa perda comovente é a nossa própria morte (…)

82 Mapa temporário de Lisboa

chove às vezes exageradamente (…) o que pode a gente saber sobre a chuva? E que aqui é incómodo. (…) De que século somos hoje? Por um momento breve demais podemos acreditar que não faz diferença (…) porque esta humidade é profunda (…) como se a cor fosse um simples desabrochar de um cheiro…não há nada que brilhe por aqui e que não conheça de seguida uma descida às trevas (…) este braço perdido pela civilização (…) selvagem é levar o seu tempo a reunir as condições (…) tudo isto é sumptuoso. Estamos tão longe de casa e eu sinto cada quilómetro como se o tivesse percorrido a pé. (…) é este abandono que magoa (…) há alguma mão nisto (…) A sugestão tem uma graça infantil. Oiço tanto…é tudo o que resta…foram abandonando aos poucos (…). Diogo Vaz Pinto (Lisboa, 1985) Profissão: Poeta e jornalista. Formação: Estudou Direito em Lisboa. Trabalhos Profissionais: publicou três livros intitulados de Nervo, Bastardo e Anonimato. Escreve para o semanário Sol e diário I na área de cultura. É cofundador das Edições Língua Morta, com mais de 60 livros publicados. Daniela Freitas

Excertos do diário de viagem, 2016


Cristina Freire

“HAVIA UM SINO NO MEIO DA ESTRADA”

84 Mapa temporário de Lisboa

Cristina Freire

É uma instalação escultórica e sonora de Inês Botelho, escritora, nascida a 1986 em Vila Nova de Gaia e Diogo Vaz Pinto, poeta e jornalista, nascido a 1985 em Lisboa. Inspirada na viagem que os dois autores fizeram à índia em setembro de 2014 a convite do Centro Nacional de Cultura e com o apoio da Fundação EDP.


Cristina Freire

“Terra Besta é uma instalação com excertos do diário de viagem de Diogo Vaz Pinto à Índia, na voz de Inês Meneses. Um sino toca sobre o caminho, lembra aos vivos os passos dos mortos. Leva-os por um momento confusos, desorientados, rindo, trôpegos. O som tem uma história, viu coisas, e inutilmente faz por descrevê-las. A rua que lhe deixaram foi ficando sem nada para ver. De longe em longe algum aviso para assustar o vazio, a imensidão que parece sufocar a vista. Campos crepitando num rumor de distâncias mortíferas. A natureza com o seu visco cobrindo, enchendo cada segundo deste espaço, uma eternidade sujeita à doença cíclica das estações. A selva bêbeda das monções, devoradora de homens. É doloroso ver este sino caído, ouvi-lo rastejar, bater-se por mais uns círculos, um ouvido. Ter descido da altura orgulhosa do campanário a este chão que já não leva nem trás – chão de enterro –, e senti-lo suplicar enquanto tudo ao redor o ignora, ou, até, despreza. A natureza não quer saber as horas, e deus não lhe interessa. Tudo o que o tempo para ela é uma tamanha fome, sede, que se tornam ensurdecedoras.” Diogo Vaz Pinto

86 Mapa temporário de Lisboa


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1.7 WHO WROTE THAT?

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GUY DE COINTENT WHO WROTE THAT?

20 DE FEVEREIRO A 15 DE MAIO

Inês Costa

CURADORIA DE MIGUEL WANDSCHNELDER E EVA WITTOCX.


Guy de Cointent foi artista plástico, cenógrafo, realizador e escritor. Nasceu em Paris em 1934, mudou-se para Los Angeles em 1966. Faleceu em 1983. O seu nome permaneceu desconhecido durante muito tempo, pois na década de 60 era admirado em círculos muito restritos. Nos últimos 12 anos o seu trabalho tem vindo a alcançar reconhecimento à escala internacional desde a exposição organizada por Marie de Brugerolle em 2004. A obra apresentada na Culturgest integra ilustrações, cadernos de notas e teatros (escritos, realizados e com cenários realizados pelo próprio). O poder da linguagem, a comunicação e a relação entre a linguagem e a imagem são fundamentais em Cointent. As suas ilustrações apresentam-se repletas de palavras e os seus textos são misturados com desenhos. As suas obras reflectem a relação

entre o ler/ver, porque o artista explora técnicas de escrita em espelho, dupla inversão, codificação e abstracção. Os seus desenhos apresentam linhas simples, geométricas e técnicas como a repetição, a simetria e o aumento e diminuição de linhas que criam um padrão. Utiliza também uma paleta de cores básica, sendo as cores dominantes o preto, azul escuro e vermelho. As suas peças teatrais manifestam o interesse que o artista tem pela linguagem e pelo uso desta em diferentes contextos como a literatura, televisão e rádio e nas conversas quotidianas. “O espectador sente que aquilo que lhe está a ser contado está ao mesmo tempo a ser sabotado, e que a linguagem é o instrumento de sabotagem e de opacidade. E o ponto de partida narrativo torna-se uma ilusão que a performance desfaz.” (Guerreiro apud Umbigo, 2015)

Guy de Cointet - Who wrote that?

GUY DE COINTET

Exploração da forma/conteúdo através de meios visuais

Palavras Ao contrário; de trás para a frente, do avesso (pequenos textos).

Letras Decomposição da sua forma; Translacção do corpo da letra em função de novos tipos de formato (minimalismo).

92 Mapa temporário de Lisboa

Inês Costa

Números Decomposição da sua forma; Carácter visual e interpretativo através das composições de números aleatórios.

Videos Com apresentação dos seus cadernos de desenvolvimento das suas composições. Videos que mostram a utilização das palavras com a realidade gestual; várias linguas.

Desenhos Esboços de elementos, traços e linhas, que sugerem frases, palavras, poesias, perguntas e afirmações. Desenhos sugestivos em relação ao alfabeto.

Cultura e Estética Urbana

93


Mónica Machadinho

codificacao

3, 1971

Gabriela Baptista

Even his wife’s face seemed changed, 1978

Signature de Mahomet, 1971

Even his wife’s face seemed changed, 1978

Sem titulo Cultura e Estética Urbana

95


Márcia Gomes

Mónica Machadinho

jogos de linguagem

Ethiopia, 1976

Ethiopia, 1976

Throne of Kikaya God, 1978

Dr. Johnson is coughing, 1978

96 Mapa temporário de Lisboa

Rita Ferreira

Ethiopia, 1976

Ethiopia, 1976 Cultura e Estética Urbana

97


Mónica Machadinho

absurdo enigmatico

De toutes les coulers, 1981

caligrafia ornamental

98 Mapa temporário de Lisboa

Gabriela Baptista

I lost control for a second, 1982

Mónica Machadinho

I’m so proud of mt hair these days, 1983


Márcia Gomes

WHO WROTE THAT? ET GUY DE COINT

A exposição apresenta trabalhos realizados por Guy de Cointet durante o período em que viveu em Los Angeles. A obra apresentada contém ilustrações, cadernos de notas e teatros (escritos, realizados e com cenários realizados pelo próprio). Estes trabalhos realizados através da subtração e de codificação de números, letras e do traço tendo sempre presente uma ligação com a língua (Françês, Inglês e Alemão). Toda a exposição atraí o observador ao desafio de compreender e desvendar os significados dos trabalhos apresentados, tendo como apoio os processos de desenvolvimento de ideias presentes nos cadernos de notas do autor. 100 Mapa temporário de Lisboa

VIDEO:

“Five sisters, 1982 Texto poético e representativo Elenco/ Performance by: Sharon Barn, Richy George, Peggy Margaret Orr, Jane Zingale The Temporary Contemporary / Museum of Contemporary Art, Los Angeles, September 1985 [47min, 38 seg.]” - Diálogo realizado entre cinco personagens, centrado no tema da beleza superficial onde esta sobrepõe-se ao conceito de conhecimento. Sendo a cirurgia um meio para alcançar a beleza eterna, o objetivo a alcançar.


2. GALERIAS


Alberto AlbertoChissano Chissano Malangatana Malangatana

Celestino CelestinoMudaulane Mudaulane

António AntónioCosta CostaPinheiro Pinheiro

António AntónioNobre Nobre

Gonçalo GonçaloMabunda Mabunda

Bartolomeu Bartolomeudos dosSantos Santos

Mauro MauroPinto Pinto

Paula PaulaRego Rego

António AntónioOle Ole Naftal NaftalLanga Langa

Júlio JúlioPomar Pomar

Bertina BertinaLopes Lopes

Francisco FranciscoVidal Vidal

Centro Centrode deArte Arte Manuel Manuelde deBrito Brito

Luís LuísAfonso Afonso

Bartoon Bartoon25 25

Casa Casado do Alentejo Alentejo

Artes Artes&&Letras Letras

Artístas Artístasde deAngola Angola eeMoçambique Moçambique

Gabriela Gabriela

Carina Carina

Beezy BeezyBailey Bailey

Ao AoSom Somda daCriação Criação Brian BrianEno Eno

Max MaxErnst Ernst

CCB CCB

Otto OttoPiene Piene

Bridget BridgetRiley Riley

César CésarDomela Domela Heinz HeinzMack Mack

Henry HenryMoore Moore

Lee LeeKrasner Krasner

Marta Marta

Sam SamFrancis Francis

Enrico EnricoCastellani Castellani

Henryk HenrykStazewski Stazewski

Marcel MarcelDuchamp Duchamp

Jean JeanGorin Gorin Óscar ÓscarDomínguez Domínguez Richard RichardMortensen Mortensen

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Inês Inês

Daniela Daniela

Julio JulioGonzalez Gonzalez Alexander AlexanderCalder Calder Auguste AugusteHarbin Harbin

João JoãoPedro PedroVale Vale

Francis FrancisBacon Bacon

22 Sandra Sandra

Galeria Galeria PERVE PERVE

Beatriz Beatriz

Vilmos VilmosHusar Husar

Almada AlmadaNegreiros Negreiros

Márcia Márcia

Rita Rita

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Lagoa LagoaHenriques Henriques

Samuel SamuelRama Rama Marta MartaBernardino Bernardino

Cristina Cristina

Carlos CarlosMenino Menino Horácio HorácioBorralho Borralho Carlos CarlosAlexandre Alexandre

Mónica Mónica

João JoãoGabriel GabrielPereira Pereira

Daniel DanielFernandes Fernandes Catarina CatarinaLopes Lopes Rui RuiCarreira Carreira


LISBOA

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2.1 CENTRO DE ARTE MANUEL DE BRITO

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ALAMEDA HERMANO PATRONE, 1495-064 ALGÉS


ARTES & LETRAS

15-04-16 A 11-09-16 Manuel de Brito e a mulher antes de terem gosto pelas obras de arte já continham uma pai- xão pelos livros. Esta exposição é composta por obras remetentes à arte da escrita. Podem ser encontrados retratos de escritores como Fernando Pessoa, Eça de

Queiroz e Camilo Cas- telo Branco. Estão expostos trabalhos criados pelos artistas Almeida Negreiros, Bartolomeu Cid dos Santos, Costa Pinheiro, José de Guimarães, Júlio Pomar, Lagoa Henriques, Paula Rego, entre outros.

Júlio Pomar - Retrato de Fernando Pessoa, 1983

Paula Rego - A Marquesa saiu às cinco,2008

Almada Negreiros - Autoreminiscência, 1949

Julio Pomar - Triplo Retrato de Fernando Pessoa, 1982

João Pedro Vale - Of the Monstruous and less Erroneous Pictures of Whales, 2009

CAMB

O Centro de Arte Manuel de Brito está situado em Algés no Palácio dos Anjos. Edífício histórico do concelho de Oeiras representante da arquitectura de veraneio, construído no sec. XIX e recentemente recuperado. Aberto ao público a 29 de Novembro de 2006 este edifício apresenta e acolhe a Colecção Manuel de Brito. Colecção adquirida pela dedicação de Manuel de

Brito e da sua família, esta representa uma das mais distintas compilações de arte portuguesa do século XX e obras de notáveis artistas da actualidade. As obras são apresentadas em exposições de carácter temático e temporárias. De momento podemos encontrar as exposições - Artes & Letras e Artistas de Angola e de Moçambique.

Márcia gOMES

PALÁCIO DOS ANJOS

Urbano - António Nobre, 2009


ARTISTAS DE ANGOLA E DE MOÇAMBIQUE

15-04-16 A 11-09-16 Lagoa Henriques - Fernando Pessoa,1963

Bartolomeu dos Santos - O poeta Álvaro de Campos, 1984

óleo, Malangatana com desenhos e pinturas, Naftal Langa e Chissano através de esculturas. Com percursos mais internacionais estão expostos três artistas. Celestino Mudaulane que pinta cenas do dia-a-dia. A fotografias de Mauro Pinto, vencedor do prémio BES Photo 2012. E as esculturas de Gonçalo Mabunda, compostas por despojos de guerra, peças de utensílios do quotidiano e eletodomésticos.

António Costa Pinheiro - Fernando Pessoa não ele mesmo, 1974

Bartolomeu dos Santos O poeta Ricardo Reis com o Poeta Fernando Pessoa, 1984

Almada Negreiros - Fernando Pessoa, 1963

Esta exposição é composta por obras de artistas de angola e moçambique, contém desenhos, pinturas, esculturas e fotografias datadas entre 1964 e 2014. Com origem Angolana são apresentados os artistas António Ole e Fancisco Vidal. O primeiro está representado por telas de carácter misto e o segundo por trabalhos de colagens. De Moçambique estão apresentados quatro artistas. Bertina Lopez pelas suas pinturas a

António Costa Pinheiro - Fernando Pessoa, Bertia Lopes - Sonhando com eçe mesmo com a minha chávena.. 1980 a minha infância, 1978

Celestino Mudaulane - Periferia, 2013

Mauro Pinto - Idade da Inocência, 2012

Malangatana - Despedida para a Guerra, 1964

António Ole - Sentimentos I, 2004

Gonçalo Mabunda - O Homem que nunca pára no Tempo, 2014


Bertina Lopes - Sonhando com a minha infância, 1978. África Imens,1980. Quero Recordar no espaço a minha infância,1991. Passeio de Barco, 1992

Francisco Vidal - O Beijo, 2006

Naftal Langa - Sem título, 1973

Alberto Chissano - Família, 1970


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ESCOLAS GERAIS 17, 1100-218 LISBOA

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O SOM DA CRIAÇÃO

Inês Costa

Beezy Bailey e Brian Eno

Uncle Fester, 2013 - 2015

Passport Queue, 2013 - 2015

O SOM DA CRIAÇÃO RAS

PINTURAS SONO DE BEEZY BAILEY E BRIAN ENO

Exposição-tributo a David Bowie, numa colaboração criativa entre os dois artistas, Beezy Bailey e Brian Eno, que apresentam um conjunto amplo de pinturas acompanhadas por músicas, compostas pelos dois autores especificamente para essas obras. Beezy Bailey nasceu a 21 julho de 1962

in Joanesburgo, Africa do Sul. Trabalha em várias areas como pintura, escultura, desenho, estampados e cerâmica. Brian Eno nasceu a 15 de Maio de 1948 em Inglaterra. Musico, compositor, produtor discográfico, cantor, escritor e artes visuais.

Love Story, Middle Kingdom 2013

Drumming, 2013 -2015


Carina Avelar

Carina Avelar

Blue Birf Greens, 2013 - 2015

Poker Men, 2013

Cubist Waiter, 2013 - 2015

Sandra Sousa

Envy, 2013 - 2015


Daniela Freitas

AO SOM DA CRIACAO BEEZY BAILEY & BRIAN ENO

Monica Machadinho

8 Forest Occlusions, 2013 - 2015


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2.3 GALERIA 111


SAMUEL RAMA

ARTISTA PLÁSTICO

Coimbra, 1977

CARLOS ALEXANDRE RODRIGUES ARTISTA PLÁSTICO

Sem Autor

Caldas da Rainha, 1979

MARTA BERNARDINO ARTISTA PLÁSTICO

Macau, 1992

CATARINA LOPES VICENTE

ARTISTA PLÁSTICO

Lisboa, 1991

DANIEL FERNANDES ARTISTA PLÁSTICO

Lisboa, 1983

Catarina Lopes Vicente

Daniel Fernandes

Samuel Rama

Horácio Borralho

Rui Carreira

Samuel Rama

HORÁCIO BORRALHO ARTISTA PLÁSTICO

Fátima, 1966

CARLOS MENINO

ARTISTA PLÁSTICO

Leiria, 1986

RUI CARREIRA

ARTISTA PLÁSTICO

Leiria, 1970

JOÃO GABRIEL PEREIRA ARTISTA PLÁSTICO

Leiria, 1992

Trata se de uma exposição coletiva onde os artistas têm como ponto comum o local da sua formação, todos estudaram na mesma escola, a ESAD das Caldas da Rainha. “Há um momento onde, no trabalho de alguns alunos, surgem indícios de uma singularidade que já não é exatamente escolar. São ainda manifestações ténues, tão instáveis quanto

persistentes, mas que sugerem já um ponto de vista sobre o modo de fazer arte. Trata-se de um espaço fértil em ligações cruzadas o que ali começa e que perdurará alguns anos, estendendo-se para além da escola. Nele os jovens autores encontrarão o seu próprio assunto, voz e modos de expressão… “


Daniel Fernandes

João Gabriel Pereira

Catarina Lopes Vicente

João Gabriel Pereira

Samuel Rama

Carlos Menino

João Gabriel Pereira

Sandra Sousa

Carlos Alexandre

Maria Bernardino

Samuel Rama

Sem Autor


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2.4 CCB COLEÇÃO BERARDO

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PRAÇA DO IMPÉRIO, 1449-003 LISBOA


Beatriz Diniz

Beatriz Diniz Marcel Duchamp, 1914

Piet Mondrian, 1923

Julio Gonzalez, 1936

Alexander Calder, 1956

Henry Moore, 1937 - 1976


Beatriz Diniz

Max Ernst, 1929

Otto Piene, 1962

Beatriz Diniz

Enrico Catellani, 1930

Jean Gorin, 1930

CĂŠsar Domela, 1938

Heinz Mack, 1959


Carina Avelar Bridget Riley, 1970

Richard Mortensen, 1956

Beatriz Diniz

Henryk Stazewski, 1920

Vilmos Husar, 1924

Óscar Domínguez, 1936

Sam Francis, 1979


Augusre Harbin, 1939

Beatriz Diniz

Francis Bacon, 1983

Lee Krasner, 957 - 1973


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2.5 CASA DO ALENTEJO

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RUA PORTAS DE SANTO ANTÃO, N.º 58 LISBOA


A tolerância VS a intolerância

Personagem, a cliente habitual

Os serviços e o país

BARTOON 25

LUÍS AFONSO

O autor de BARTOON (25), revela simplicidade na forma de apresentar o seu trabalho, procurando um lado minimal respectiva á variação da palavra e das mensagens. Com o seu cuidado ético explora, de forma humorística, o tema da política através de personagens únicas encenadas por um “barman”, apresentado ao balcão, que

conversa, provoca, critica e espicaça as outras figuras. Desta forma através do humor editorial de Luís Afonso, percebemos a influência da linguagem na vida quotidiana, muito associada á realidade da sociedade em que todos se inserem e ainda, aos momentos de conversa no balcão de um simples café/bar.

O poder

Os impostos religiosos

Personagem, tipo do fmi


Ideia e conceção

A TURMA

Design Gráfico

ANTÓNIO E MARINA Textos: Introdução

MARIANA Exposição “Hein Semke: um alemão em Lisboa”

MARIANA

As Casas (legendas)

INÊS E MÓNICA

Conferência “Não te esqueças de viver!” com Maria Filomena Molder

MARTA, GABRIELA E RITA

“Conversa sobre figurinismo italiano” com Mário Matos Ribeiro e Anabela Becho

FICHA TÉCNICA

MARTA, RITA E MÁRCIA

Exposição “Guy de Cointet – Who wrote that?”

CARINA, JOANA, MÁRCIA, RITA E GABRIELA Exposição Ilustrarte 2016

CRISTINA, DANIELA E SANDRA Exposição Terra Besta

CRISTINA, DANIELA E SANDRA Fotografias

A TURMA Colagens

INÊS E MÓNICA Páginas scrapbook

GABRIELA E RITA Ilustrações

INÊS, MÓNICA, DANIELA, CRISTINA, MÁRCIA, RITA E SANDRA Coordenação

PROFESSORA ANA COUTO



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