MAPA TEMPORÁRIO DE LISBOA FEITO POR DESIGNERS DE MODA
Autores: alunos do mestrado Design de Moda da FA.ULISBOA Desenvolvido para a disciplina: Cultura e Estética Urbana
O mapa e as narrativas que integram este catálogo são de caráter efémero, e traduzem parte da topografia do espaço artificial, do espaço construído e do ser humano. Entendemos este espaço como “definitivamente dinâmico” com coordenadas móveis, e uma sequência temporal., e a partir deste movimento construímos histórias e narrativas, e criamos conexões imaginárias, entre obras e pessoas, entre o natural, o artificial e o híbrido. Uma plataforma para invenções de todo o tipo. O 1º layer do mapa, tem como ponto de partida um local, um objecto artificial e construído, e como ponto de chegada os múltiplos autores e obras artísticas, os múltiplos pensamentos e ações que originaram ,e que se interligam criando uma rede, uma infraestrutura efémera, dinâmica e móvel, sendo por isso uma narrativa intuitiva de um mapa cultural. Culturgest, Centro de Arte Moderna, S. Jorge, Fundação EDP, foram os locais de partida. O ponto de chegada é móvel, configura-se numa rede com infinitas ramificações e um esboço imprevisto. O 2º layer, tem como ponto de partida, as pessoas, o ser humano e as suas escolhas e preferências, nesta caso de alguns espaços e galerias. Beatri, Carina, Cristina, Daniela, Gabriela, Inês, Joana, Márcia, Mariana, Marta, Mónica, Rita e Sandra foram ponto de partida. O ponto de chegada, um espaço físico que se revela ele próprio o início de narrativas e histórias traçadas por diferentes artistas plásticos e autores. A mobilidade acompanha-nos. As redes de esboos imprevistos desenham-se. A cultura estética e urbana vivencia-se.
2 Mapa temporário de Lisboa
Cultura e Estética Urbana
3
10
UM ALEMÃO EM LISBOA
MUSEUS E CONFERÊNCIAS
36 AS CASAS
MUSEUS E CONFERÊNCIAS
46
CONFERÊNCIA FILOMENA MOLDER MUSEUS E CONFERÊNCIAS
ÍNDICE
58
ILUSTRARTE 2016
MUSEUS E CONFERÊNCIAS
70
106
CENTRO DE ARTE MANUEL BRITO GALERIAS
114
PERVE ALFAMA
GALERIAS
122
FIGURINISMO ITALIANO
GALERIA 111
78
128
MUSEUS E CONFERÊNCIAS
TERRA BESTA
MUSEUS E CONFERÊNCIAS
88
WHO WROTE THAT?
MUSEUS E CONFERÊNCIAS
GALERIAS
CCB COLEÇÃO BERARDO GALERIAS
138
CASA DO ALENTEJO
GALERIAS
1. MUSEUS E CONFERÊNCIAS
Joana Joana Sousa Sousa Mónica Mónica Machadinho Machadinho
Beatriz Beatriz Dinis Dinis
Augusto Augusto Alves Alves da Silva da Silva
Esperanza Esperanza Huertas Huertas
Vasco Vasco Araújo Araújo
Graça Graça Pereira Pereira Coutinho Coutinho
Pedro Pedro Gomes Gomes
Lourdes Lourdes Castro Castro
AnaAna Vigira Vigira
Waltercio Waltercio Caldas Caldas
JoséJosé Pedro Pedro Croft Croft
Márcia Márcia Gomes Gomes
Gil Heitor Gil Heitor Cortesão Cortesão
Manuel Manuel Amado Amado
Pedro Pedro Cabrita Cabrita ReisReis
Mário Mário Matos Matos Ribeiro Ribeiro
Anabela Anabela Becho Becho
JoséJosé Varanda Varanda
Cristina Cristina Freire Freire
Leonor Leonor Antunes Antunes LisaLisa Milroy Milroy HeinHein Semke Semke
InêsInês Meneses Meneses
Patricki Patricki Raynaud Raynaud
CAM CAM
Um Um Alemão Alemão em em Lisboa Lisboa
Daniela Daniela Freitas Freitas
Conversa Conversa sobre sobre Figurinismo Figurinismo Italiano Italiano
AsAs Casas Casas
CINEMA CINEMA SÃO SÃOJORGE JORGE
11
Não Não tete esqueças esqueças dede viver viver
Diogo Diogo VazVaz Pintos Pintos
Terra Terra Besta Besta
CULTURGEST CULTURGEST
FUNDAÇÃO FUNDAÇÃO EDP EDP
Jesus Jesus Cisneros Cisneros
Miguel Miguel Tanco Tanco
GuyGuy de Cointent de Cointent Marion Marion Barraud Barraud
Sylvie Sylvie Bello Bello
Emanuelle Emanuelle Bastien Bastien Pawel Pawel Pawlak Pawlak
Joo Joo HeeHee
Filomena Filomena Molder Molder
Who Who Wrote Wrote That? That?
Illustrarte Illustrarte
Inês Inês Costa Costa
Rita Rita Ferreira Ferreira
Serge Serge Block Block
Sandra Sandra Sousa Sousa
JulieJulie Colombet Colombet Daniel Daniel Moreira Moreira
Violeta Violeta Lópiz Lópiz
Laurent Laurent Moreau Moreau Claudia Claudia Palmarucci Palmarucci
Fabenee Fabenee Sobral Sobral
Carina Carina Avelar Avelar
Matteo Matteo Pagani Pagani AnaAna Buspello Buspello
Mariana Mariana Caldeira Caldeira Gabriela Gabriela Baptista Baptista
Marta Marta Araújo Araújo
de Av.
rna
Be
rna
Be
Av.
sto gu Au uia Ag de
barda
el Bom
u Av. Mig
r RD
r. N
ico
lau Be n tte
u co
rt
CENTRO DE ARTE MODERNA
de Av.
o ni tó An
1.1 UM ALEMÃO EM LISBOA
Aven ida
Av. Duque de Ávila Ressa
no Ga
rcia
HEIN SEMKE
UM ALEMÃO EM LISBOA
CURADORIA DE ANA VASCONCELOS
12 Mapa temporário de Lisboa
Inês Costa
20 DE NOVEMBRO DE 2015 A 13 DE JUNHO DE 2016
RELAÇÕES VIDA E OBRA 1889 – 1928
Hein Semke nasce em Hamburgo, na Alemanha, filho de um serralheiro e uma costureira. Durante a Primeira Guerra Mundial, Semke integra-se na equipa de voluntários e combate contra a Ucrânia, França e Flandres. O seu desencanto pelas revoluções e a sua experiência de guerra acabam por o tornar um pacifista convicto. Devido ao seu interesse nestas temáticas, acaba por estar cinco anos em prisão solitária por frequentar círculos anarquistas. Embora ainda não haja produção artística durante estes anos, todas as vivências relacionadas com a guerra assumiram um papel preponderante na obra do autor, alguns anos mais tarde
Gabriela Baptista
Inês Costa
UM ALEMÃO EM LISBOA
1829 – 1931
16 Mapa temporário de Lisboa
Cultura e Estética Urbana
17
Gabriela Baptista
Wir Narren, 1930
Daniela Freitas
É durante este período que surge o seu interesse em Arte. A sua formação em cerâmica e escultura ajudam-no a dar um sentido à vida que nunca mais abandonará. Os seus primeiros trabalhos revelam de imediato o seu potencial artístico, conduzindo à sua primeira exposição, ainda na Alemanha.
Cristina Freire
Em 1929 emigra para Portugal e começa a trabalhar numa fábrica de tecidos em Chelas. Um ano depois, com problemas de saúde nos pulmões, Hein Semke regressa à Alemanha, ingressando na Academia de Belas-Artes de Estugarda.
A arte torna-se a sua razão de viver,
18 Mapa temporário de Lisboa
Inês Costa
dá-lhe um sentido de vida.
Cultura e Estética Urbana
19
1932- 1940 O artista muda-se definitivamente para Portugal, instalando-se em Linda-a-Pastora com Martha Ziegler, a sua primeira esposa. É nesta altura que se cria uma pequena comunidade intelectual que além de integrar outros artistas portugueses, incorpora alguns alemães, que também residem nos arredores da capital.
Sem título, 1934
20 Mapa temporário de Lisboa
Auto-retratos, 1935/1933
Sem título, 1933
Máscara (Gordo), 1942
Cristina Freire
A grande maioria da sua produção artística é profundamente relacionada com as suas vivências durante a Primeira Guerra Mundial. Destaca-se a sua obra de 1934, “Camaradagem na Derrota” para o pátio de Honra dos luso-alemães, na Igreja Evangélica alemã de Lisboa. Mais tarde o seu ativismo político transforma-se em criação estética numa arte essencialmente ética e de autoconhecimento.
Daniela Freitas
22 Mapa temporĂĄrio de Lisboa
Cultura e EstĂŠtica Urbana
23
Rita Ferreira
Mónica machadinho
TORSO
Auto retrato Cabeça Dupla- Positivo Negativo, 1934
Máscara de Alzira, 1939
Lim Camões, 1938 Cultura e Estética Urbana
25
1941- 1954 Em 1947 realiza a sua primeira exposição individual de cerâmica com peças únicas, marcadamente escultóricas, em barro vermelho, cozidas em forno de fogo aberto. Definindo uma segunda etapa do seu percurso artístico, Hein Semke acaba por se tornar um dos principais renovadores da cerâmica em Portugal. Participa em diversas exposições em Portugal e São Paulo e em 1950 publica um livro de poemas intitulado de “Und”.
Ich Iebe Nock, Ainda vivo, 1949
Poeta, 1949
Nina 1936
Cristina Freire
Quo Vadis Victor, 1942
Cristina Freire
Em 1941 as medidas de proteção aos artistas nacionais tomadas em Portugal criam-lhe dificuldades económicas e abandona o seu atelier na Avenida 24 de Julho, em Lisboa. O início da Segunda Guerra Mundial e o seu afastamento da escultura criam-lhe mau estar. Em 1949 sai de Linda-a-Pastora e acomoda-se num quarto alugado em Lisboa, sendo que apenas em 1953 se consegue instalar num pequeno atelier que irá ocupar durante vinte anos.
Daniela Freitas
1955 - 1965 Galardoado com uma medalha de ouro e uma nova encomenda artística em 1955, Hein Semke ganha a possibilidade de visitar Hamburgo. Semke realiza um grande painel de cerâmica graças ao prémio ganho no 1º Festival Internacional de Cerâmica de Cannes. As paisagens da sua terra natal inspiram-no profundamente ao nível de formas e cores para o seu trabalho deste período. Durante esta fase a sua obra centra-se em novos meios de expressão plástica como a monotipia, a pintura sobre madeira talhada, a xilogravura e a aguarela, sem esquecer a escultura.
Sem título, 1964
30 Mapa temporário de Lisboa
Máscaras, 1956
Sem título, 1965
Sem título, 1965 Cultura e Estética Urbana
31
1966-1995 Em 1966 Semke recebe um subsídio da Fundação Calouste Gulbenkian que em 1972 organiza uma retrospectiva geral da sua obra. Em 1969, já casado com Teresa Balté, Semke apaixona-se pela praia da Rocha no sul de Portugal. Em 1977 visita a Noruega e as Ilhas Lofoten.
Pormenor da obra Metamorfose III, 1971
32 Mapa temporário de Lisboa
Estudo para Grande Forma, 1982
Parlamento I, 1976
Rita Ferreira
O financiamento permite-lhe desenvolver grandes trabalhos em óleo sobre a necessidade da fé, que acabam por ser expostos em 1967. Graças às temporadas passadas na Praia da Rocha, Semke desenvolve uma série de obras ligadas à temática marítima. A viagem pelo norte da Europa inspirou-o para um notável ciclo de monotipias. É também durante estes últimos anos da sua carreira que participa em várias publicações através de textos, pinturas, gravuras e colagens.
Sem titulo (série “Rostos, Visões e Coisas Vistas”), 1975
Torso Preto ou Grande Torso Negro, 1956
Flores e Flores, 1977
34 Mapa temporário de Lisboa
Sem titulo, 1956
Sem titulo, 1957
Torso e figuras, 1968 Cultura e Estética Urbana
Cristina Freire
Sem titulo (série “Logoten”), 1979
35
de Av.
de Av.
Av.
sto gu Au uia Ag de
barda
el Bom
u Av. Mig
r RD
r. N
ico
lau Be n tte
u co
rt
CENTRO DE ARTE MODERNA
rna
Be
o ni tรณ An
1.2 AS CASAS
rna
Be
Aven ida
Av. Duque de ร vila Ressa
no Ga
rcia
PEDRO CABRITA REIS
MANUEL AMADO
ARTISTA PLÁSTICO
1982
1993
-Nasceu em 1938 em Lisboa
ARTISTA PLÁSTICO
1990
-Nasceu em 1956 em Lisboa
WALTERCIO CALDAS ESCULTOR
VASCO ARAÚJO
-Escultor, artista grafico, cenógrafo
ESCULTOR
2014
2014
-Nasceu em 1975 em Lisboa
-Nasceu em 1946 no Rio de Janeiro
2005
LEONOR ANTUNES TICO
GIL HEITOR CORTESÃO R
-Nasceu em 1971 em Lisboa
-Nasceu em 1967 em Lisboa
PINTO
ARTISTA PLÁS
2013 38 Mapa temporário de Lisboa
2013
1967 Cultura e Estética Urbana
39
PEDRO GOMES ARTISTA PLÁSTICO
1989
LOURDES CASTRO
LISA MILROY
-Nasceu em 1930, Funchal
-Nasceu em 1959 no Canada
PINTORA
ARTISTA PLÁSTICO
1964
1962
2014
JOSÉ PEDRO CROFT
GRAÇA PEREIRA COUTINHO
ARTISTA PLÁSTICO
ARTISTA PLÁSTICO
1975 40 Mapa temporário de Lisboa
-Nasceu em 1949 em Lisboa
-Nasceu em 1972 em Moçambique
-Nasceu em 1957 no Porto
1998 Cultura e Estética Urbana
41
ANA VIEIRA
PATRICK RAYNAUD TICO
-Nasceu em 1940 em Coimbra
-Nasceu em 1946 em Carcassone
ARTISTA PLÁSTICO
1985
ARTISTA PLÁS
1979
JORGE VARANDA ARTISTA PLÁSTICO
-1953-2008, Nasceu em Luanda
1990
ESPERANZA HUERTAS
AUGUSTO ALVES DA SILVA
PINTORA
FOTÓGRAFO
-1925-2014, Nasceu em Madrid
1985 42 Mapa temporário de Lisboa
1989
-Nasceu em 1963 em Lisboa
Cultura e Estética Urbana
43
THOMAS WEINBERGER
CARLOS NOGUEIRA
ARTISTA PLÁSTICO
FOTÓGRAFO
-Escultor -Nasceu em 1947 em Moçambique
1975
1989
1989
-Nasceu em 1964 em Munich
2000
ANA VIDIGAL
DEANNA PETHERBRIDGE
-Nasceu em 1960 em Lisboa
-Artista plástica, escritora e curadora
PINTORA
2000 44 Mapa temporário de Lisboa
1997
ARTISTA PLÁSTICO
1986 Cultura e Estética Urbana
45
de Av. Rom a
o iro T nte
o ar M
c
Ós Av.
Av. João XXI
e de Buc te
ares
do rco R. A
o Pequen Campo
XXI
idad R. C
ão Av. Jo
o Ceg
lica
aldo
rn R. A
a anh o Ar . Brit
R
arra
u Piç
disla
R. La
CULTURGEST
rres
úb Av. Rep
1.3 NÃO TE ESQUEÇAS DE VIVER!
o Pequen Campo
a
Gam
CONFERÊNCIA COM FILOMENA MOLDER NÃO TE ESQUEÇAS DE VIVER
48 Mapa temporário de Lisboa
Inês Costa
29 DE FEVEREIRO DE 2016
Ideias de Filomena Molder “Não podemos domar a natureza mas fazemos parte dela.” É um bem, não um facto; “a natureza é nascimento”. Caráter humorístico da natureza; “é uma desmedida força de devoração”.
Natureza. Como ser importante das relações e exercícios espirituais. Nasce, está a nascer ou já nasceu.
Indomável. O ser humano nasce mas é mais facilmente controlado pelo meio envolvente que o rodeia, alvo de intenções, domínio e bloqueios.
Nascimento. Todos fazem parte deste acontecimento.
50 Mapa temporário de Lisboa
Márcia Gomes
Inquietação. “Aquilo que é mais difícil é olhar e ver o que está diante de nós”. “Ância pela morte nas chamas” Exemplo da atracção da borboleta pela luz da vela/ fogo - curiosidade reflectida.
Renascimento. Sentir-se bem; leve; novo; referência à Divina Comédia (Catárse) - quando o ser humano age sem se influenciar por nenhuma ideia, não pensando no que já viu ou não. Sensação de libertação.
Cultura e Estética Urbana
51
Passado, Presente e Futuro - Não te esqueças de viver Filomena Molder 1
Partilha. O começo - depois quando se começa a viver, aquilo que se partilha aparece como objectos ou vivências.
Exercícios espirituais - Goethe 2 Exercícios espirituais são hábitos; são atos da vontade, do entendimento, da imaginação; o mundo como matéria de formação.
Exercício I. Despertar - para o dia.
Exercício IV. Aceitação - dizer “sim” à vida.
Exercício II. Destacar-se em função do esforço de se distanciar do quotidiano; ter uma visão de conjunto.
Exercício III. Afinidade - separar do próprio ser e do que o rodeia. Esperança | Ousadia - quem a alcança não a deixa perder.
“Vidros-Partidos” de Vitor Erice (2012) é dado como exemplo pela autora da conferência. O filme recita um poema pela voz de várias mulheres e homens, trabalhadores de uma fábrica, que interpretam personagens reais e fictícios. Através das palavras são conhecidos dois conceitos.
Memória. Exitação/paragem dos personagens em cenas do filme - põe em prática o exercício de recitar.
“Alegria Descontente”. “A vida parou/congelou para alguns”; o “poema da prima”, poema recitado foi apenas publicado no fime - nunca ninguém o ouvira. Faz referência à ideia de Partilha.
Hesitação (?). A fotografia que aparece no fim do filme gera a ideia que que algo fica por dizer; ligação com os mortos da fábrica “pobres deles - não sei o que me querem dizer”.
Ideias feitas. “Quem leu mal ou quem lê pouco”. Sem interesse, sem liberdade.
Necessidade de destruição dos ídolos para se viver realmente. Obter uma visão construtiva de conjunto, separar-se de si e do que se encontra á sua volta, aceitar novos paradigmas libertar a mente.
1 - Goethe e a tradição dos exercícios espirituais. 2 - Filomena Molder - Professora catedrática aposentada, FCSH, UNL. Prémio - Pen Club 2012 para ensaio. As nuvens e o vaso sagrado. Relógio d’Água, 2014.
52 Mapa temporário de Lisboa
Cultura e Estética Urbana
53
Cristina Freire
RESPOSTA A UM SONETO DE PÊRO D’ANDRADE CAMINHA SÁ DE MIRANDA
Assi que me mandáveis atrever a versos já das Musas asselados, e àquela grande Sílvia consagrados! Ícaro me põe medo e Lucifer. Os meus, se nunc acabo de os lamber, como ussa os filhos mal proporcionados, - ah! passatempos vãos! ah! vãos cuidados! – a quem posso porém nisso ofender? Tudo cabe no tempo, entrego ao ano, depois à perda; diga-me esta gente qual anda o furioso assi emendado. Torno às cousas sagradas: que um profano leigo, como eu, tocá-las tão somente não é de siso são, mas de abalado.
Cultura e Estética Urbana
55
A FACA NÃO CORTA O FOGO ER HERBERTO HELD
Não some, que eu lhe procuro, e lhe boto Faca à garganta, ou lhe boto Na cabeleira tanta tanto fogo que você vira incêndio Em que se não tem mão, puta, Eu sei mas não me importa, quero é te apanhar Em uma braçada como de espuma, Mas se some eu lhe dano, essa sim, a puta de sua vida, Alta criatura chegada na terra muda, Em todo lado, O dia todo, A noite toda, Como se vê que uma árvore tem tanta folha luzindo Em toda parte dela e do vento e do tempo E de minha ideia, Não some não, que eu desmundo Cada sítio do mundo onde Você estava ou está ou há-de estar, e comunico só do toque Que lhe ponho num mamilo, No umbigo, No clitóris, Na unha mindinha do pé esquerdo, Só porque tu estremece dos estudos de meus dedos exultantes, Não some nunca, fica morrendo de meu sopro, Ou dá luz como folha contada uma por cima de outra, Dá ao elemento ar um alvoroço e uma largura química, Seiva tão moça, E aturdida que se me faz que seja puta? Dizem Por i, de gente Em gente que é isso: puta? Pequena, se fôr às raízes latinas, Mas tudo cresceu tamanho, grão de cobre Esparzido pelas capitais do corpo: púbis, cabeça, 56 Mapa temporário de Lisboa
Porque você é tão cerrada em sua vida própria, Trigo na noite, Excessiva beleza terrestre bruxuleando um pouco adentro, Que besteira de lhe chamar de puta, De pequena, Ou mesmo se lhe chame de grande puta, Se der o fora ;Ai dolor! Se sabedes novas da minha amiga, socorro de minha baixa biografia, Ai deus e u é? Vou à procura, encontro, ponho Vitríolo em teu rosto, desfiguro, ou com o calor da mão toco no pêlo Por você acima, Casa ardendo cheia de uma estrela incalculável, Jah minha boca lhe come externa de nenhuma roupa sobre que Carne soberba! Das plantas dos pés às pálpebras, Inteira, E outra vez dos geolhos ou joelhos, como queira, à côna, e da côna, Divertimento linguístico lato sensu, Ao rés da penugem na testa rápida, amor, Não provoque, não some, que esse Beijo que agora começo é para não Acabar nunca, Não queira que eu vá crer em deus e pedir milagre, Fique, tão puta quanto seja, com Seu jeito de água marítima, Balançando, menininha, barca bêbeda, Mas enredada em mim como o alimento luminoso no Bicho da terra vil e tão pequeno, Ah se incendeie a gente um do outro, que morte Ou vida mais total Não há, não some não, amor Da puta de minha vida indistinta, Noite onde me envolvo para sempre, Que simples, contudo, com tudo isso, que é se cruzar com o mundo, Fique, fica junto, funda fêmea, que você já me está Fundada no sangue desde que outrora, e agora, e na hora da nossa Cultura e Estética Urbana
57
FUNDAÇÃO EDP
Tv. Escaleres
1.5 ILUSTRARTE 2016
Largo Marqu
ês Angeja
ia
d Av. da Ín
Av. da Índia
Av. Brasília Av. Brasília
A Ilustrarte é uma bienal internacional de Ilustração para a Infância que vai na sua VII edição. Este ano contou com 150 ilustrações e 50 artistas selecionados. Teve como ilustrador convidado Serge Bloch, nascido em Colmar, França a 18 de Junho de 1956 e a escritora homenageada Alice Vieira nascida em Lisboa a 20 de março de 1943.
JULIE COLOMBET ILUSTRADORA
Nasceu em Saint-Etienne em 1983
A lista dos ilustradores inclui os portugueses Catarina Sobral, Joana Estrela Barbosa, Teresa Lima e Daniel Moreira. A vencedora desta bienal foi a espanhola Violeta Lópiz vence o Prémio Ilustrarte 2016, com o livro “Amigos do Peito”, com texto de Cláudio Thebas editado em Portugal pela Bruaá (2014).
MARION BARRAUD
ILUSTRADORA
Nasceu em Nantes em1987
SERGE BLOCK
ILUSTRADOR
VIOLETA LÓPIZ
ILUSTRADORA
SYLVIE BELLO ILUSTRADORA
PAWEL PAWLAKR ILUSTRADO
LAURENT MOREAU
ARTISTA PLÁSTICO
Nasceu em Estrasburgo em 1982, é também fotógrafo e músico
60 Mapa temporário de Lisboa
Cultura e Estética Urbana
61
JESUS CISNEROS
ILUSTRADOR
JOO HEE
ILUSTRADOR
MATTEO PAGANI ILUSTRADOR
MIGUEL TANCO
ILUSTRADOR
62 Mapa temporário de Lisboa
CLAUDIA PALMARUCCI RA ILUSTRADO
Cultura e Estética Urbana
63
DANIEL MOREIRA
ILUSTRADOR
FABIENNE CINQUIN ILUSTRADORA
Nasceu em Aubusson,1970
CATARINA SOBRAL
ILUSTRADORA
Nasceu em Coimbra, 1985. é também Designer
ANA BUSTELLO
ILUSTRADORA
64 Mapa temporário de Lisboa
EMMANUELLE BASTIEN ILUSTRADORA
Cultura e Estética Urbana
65
Sandra Sousa
Cultura e EstĂŠtica Urbana
67
lgu
Sa
B
o eir
lgu
a aS
aL
.d Av
rat
Ba
de rda
R.
o eir
ib e aL
de
rda
ibe
Rua do Salitre
de
rda
ibe
aL
.d Av
CINEMA S. JORGE
.d Av
1.4 FIGURINISMO ITALIANO
R.
ta ara
A รงa da leg r ia Pra
Rua da Alegria
Tv .d
oR
os
รกr
io
CONVERSA COM MÁRIO MATOS RIBEIRO E ANABELA BECHO
70 Mapa temporário de Lisboa
Inês Costa
FIGURINISMO ITALIANO
5 DE ABRIL DE 2016
Arletty (actriz fetiche), personalizava na perfeição o tipo de mulher Schiaparelli.
O PRIMEIRO GRANDE SUCESSO DA DESIGNER FOI UMA CAMISOLA DE MALHA COM UM LAÇO BRANCO NA ZONA DO DECOTE (INTITULADA BOWKNOT). OUTRO, FOI O GORRO MAD CAP.
No passado dia 5 de Abril, teve lugar no Cinema de São Jorge uma conferência com a temática do figurinismo italiano interpretada por Anabela Becho e Mário Matos Ribeiro, ambos curadores de moda.
Sandra Sousa
Anabela Becho iniciou a conversa apresentando a criadora Elsa Schiaparelli e o seu trabalho como figurinista. Elsa Schiaparelli nasceu numa família pertencente à Burguesia. Teve como mentor e grande influente no seu trabalho Paul Poiret, um dos primeiros criadores de moda a popularizar os vestido sem espartilho. Não existe qualquer registo de que tenha trabalhado para o cinema italiano; porém, é possível percepcionar-se algumas das suas características no seu trabalho, pois a sua obra apresenta uma relação evidente do vestuário com os figurinos.
O primeiro grande sucesso da designer foi uma camisola de malha com um laço branco na zona do decote (intitulada Bowknot). Outro, foi o gorro Mad Cap. A designer idealizou vários figurinos para diversas actrizes como, Wendy Hiller (Pygmalion, 1938), Joan Bennett (Artists and Models Abroad), entre outras. O último registo de participação da autora é em Molin Rouge, para Zsa Zsa Gabor, 1952. Le Circus (1938), L’Amant de Borneio (1930) e La Chaleur du Sein (1938) são mais alguns dos trabalhos criados com a colaboração de Schiaparelli. As peças da criadora têm como marca a ligação constante entre arte e moda, tendo colaborado com artistas como Jean Cocteau, Christian Bèrard e Salvador Dali, com o qual desenvolveu o Chapéu Sapato e o Vestido Lagosta, (relação com a alta costura). Alguns dos pontos que a caracterizavam enquanto autora eram o exagero dado aos ombros através das peças que fazia, o universo fantasioso na moda, o grande enfâse dado ás costas, através dos decotes (evidenciado o lado chique), ligado á cultura francesa. Anabela Becho deixa o testemunho de que Schiaparelli revolucionou o mundo da moda e continua a inspirar diversos designers através do trabalho e criações que deixou, não tendo sido o seu atelier continuado, devido á visão única da designer. De seguida, Mário Matos Ribeiro apresentou, não só uma identidade, mas um atelier de figurinos: Tirelli Costumi, também conhecido como Sartoria Tirelli e Botega Tirelli, fundada por Umberto Tirelli , em 1964.
Cultura e Estética Urbana
73
Anabela Becho e Mário Matos Ribeiro
Quando iniciou, o atelier de costura contava apenas com 2 máquinas de costura, 5 costureiras, 1 modista e 1 secretário. Com o seu crescimento e reconhecimento através dos seus trabalhos, terminou com um reportório de 160 000 figurinos e 15 000 itens autênticos. Foi um fenómeno romano (indústria do cinema italiano). 74 Mapa temporário de Lisboa
Satiricom (1969), Amadeus (1985), Titanic (1997), Moulin Rouge (2001), Charlie e a Fábrica de Chocolate (2005), Casa Nova (2005), Marie Antoinette (2006), Alice no País das Maravilhas (2010) e O Grande Hotel Budapeste (2014) são mais alguns filmes em que a Sartoria Tirreli interveio. A Sartoria Tirelli edificou a Fundazione Tirelli Trapetti, uma instituição focada na recuperação de peças. Este percurso excepcional na criação de figurinos permitiu à casa ser reconhecida mundialmente e receber diversos prémios pelo seu trabalho de figurinismo. A conversa terminou com a intervenção do público, que colocou algumas questões aos oradores sobre as duas temáticas apresentadas. Estas foram maioritariamente relacionadas com a atual indústria da moda.
Sandra Sousa
A CASA (SARTORIA TIRELLI E BOTEGA TIRELLI) TEM UM PERCURSO EXCEPCIONAL NA CRIAÇÃO DE FIGURINOS PARA TEATRO, ÓPERA E CINEMA.
A casa colaborou com figurinistas como Luchino Visconti, Piero Tosi, Danilo Donati e Piero Gherardi, tendo os dois últimos realizado colaborações com o reconhecido cineasta italiano Fellini. Também, Piero Gherardi trabalhou para a casa, com os filmes La Dolce Vita (1960) e 8 ½ (1963), nomeados para melhores figurinos.
NOMES IMPORTANTES Elsa Schiaparelli
(Roma, Itália): 1890-1973
Paul Poiret
(Paris, França): 1879-1944
Arletty
(Courbevoie, França): 1898-1992
Wendy Hiller 1912-2003
Joan Bennett
(Palisades Park, Nova Jersey, EUA): 1910-1990
Zsa Zsa Gabor
(Budapeste, Hungria): 1917-
Jean Cocteau
(Maisons-Laffitte, França): 1889-1963
Christian Bèrard
(Paris, França): 1902-1949
Salvador Dali
(Figueres, Espanha): 1904-1989
Umberto Tirelli
(Gualtieri, Itália): 1928-1990
Luchino Visconti
(Milão, Itália): 1906-1976
Piero Tosi
(Sesto Fiorentino, Itália): 1927-
Danilo Donati
(Suzzara, Itália): 1926-2001
Piero Gherardi
(Poppi, Itália): 1909-1971
Federico Fellini
(Rimini, Itália): 1920-1993
76 Mapa temporário de Lisboa
Cultura e Estética Urbana
77
Tv. Escaleres
Largo Marqu
ês Angeja
ia
d Av. da Ín
Av. da Índia
Av. Brasília Av. Brasília
1.6 TERRA BESTA FUNDAÇÃO EDP
Sandra Sousa
EXCERTOS OUVIDOS DA EXPOSIÇÃO NARRADA INTITULADA DE TERRA BESTA DE DIOGO VAZ PINTO, NA VOZ DE INÊS MENESES Erguem avenidas a um futuro que já não merece ser vivido por Homens. Um horror perfeito (…) Depois de tanto ansiar aterrar em Lisboa, esta parece-me insuficiente, incapaz de retirar o horror vivido (…) “(…) uma viagem recontada é sempre um ato de exposição daquilo que fui (…) não soube ficar em silêncio para escutar tudo o que tenho em redor (…) A Índia afinal foi uma grande pedra no nosso caminho…nunca me esquecerei desse grande acontecimento no meio das minhas retinas. Nunca esquecerei dessa pedra no caminho (…) Naufraguei a meio do caminho e de facto não vi nada (…) como me confortou as palavras de (…) só é uma viagem se aos poucos deixar de importar quem vai nela (…) isto é uma estrumeira (…) tudo acontece com alguma distância aqui (…) este movimento imparável (…) esta ansia avassaladora mata à vontade (…) Comprei uma antologia de textos (…) de facto no mundo e na vida interessa-me a visão desse filtro que é a poesia (…) a perda é a melhor luz (…) Espelho dessa perda comovente é a nossa própria morte (…)
82 Mapa temporário de Lisboa
chove às vezes exageradamente (…) o que pode a gente saber sobre a chuva? E que aqui é incómodo. (…) De que século somos hoje? Por um momento breve demais podemos acreditar que não faz diferença (…) porque esta humidade é profunda (…) como se a cor fosse um simples desabrochar de um cheiro…não há nada que brilhe por aqui e que não conheça de seguida uma descida às trevas (…) este braço perdido pela civilização (…) selvagem é levar o seu tempo a reunir as condições (…) tudo isto é sumptuoso. Estamos tão longe de casa e eu sinto cada quilómetro como se o tivesse percorrido a pé. (…) é este abandono que magoa (…) há alguma mão nisto (…) A sugestão tem uma graça infantil. Oiço tanto…é tudo o que resta…foram abandonando aos poucos (…). Diogo Vaz Pinto (Lisboa, 1985) Profissão: Poeta e jornalista. Formação: Estudou Direito em Lisboa. Trabalhos Profissionais: publicou três livros intitulados de Nervo, Bastardo e Anonimato. Escreve para o semanário Sol e diário I na área de cultura. É cofundador das Edições Língua Morta, com mais de 60 livros publicados. Daniela Freitas
Excertos do diário de viagem, 2016
Cristina Freire
“HAVIA UM SINO NO MEIO DA ESTRADA”
84 Mapa temporário de Lisboa
Cristina Freire
É uma instalação escultórica e sonora de Inês Botelho, escritora, nascida a 1986 em Vila Nova de Gaia e Diogo Vaz Pinto, poeta e jornalista, nascido a 1985 em Lisboa. Inspirada na viagem que os dois autores fizeram à índia em setembro de 2014 a convite do Centro Nacional de Cultura e com o apoio da Fundação EDP.
Cristina Freire
“Terra Besta é uma instalação com excertos do diário de viagem de Diogo Vaz Pinto à Índia, na voz de Inês Meneses. Um sino toca sobre o caminho, lembra aos vivos os passos dos mortos. Leva-os por um momento confusos, desorientados, rindo, trôpegos. O som tem uma história, viu coisas, e inutilmente faz por descrevê-las. A rua que lhe deixaram foi ficando sem nada para ver. De longe em longe algum aviso para assustar o vazio, a imensidão que parece sufocar a vista. Campos crepitando num rumor de distâncias mortíferas. A natureza com o seu visco cobrindo, enchendo cada segundo deste espaço, uma eternidade sujeita à doença cíclica das estações. A selva bêbeda das monções, devoradora de homens. É doloroso ver este sino caído, ouvi-lo rastejar, bater-se por mais uns círculos, um ouvido. Ter descido da altura orgulhosa do campanário a este chão que já não leva nem trás – chão de enterro –, e senti-lo suplicar enquanto tudo ao redor o ignora, ou, até, despreza. A natureza não quer saber as horas, e deus não lhe interessa. Tudo o que o tempo para ela é uma tamanha fome, sede, que se tornam ensurdecedoras.” Diogo Vaz Pinto
86 Mapa temporário de Lisboa
de Av. Rom
o iro T nte
o ar M
c
Ós Av.
Av. João XXI
e de Buc te
ares
do rco R. A
o Pequen Campo
XXI
idad R. C
ão Av. Jo
o Ceg
lica
aldo
rn R. A
a anh o Ar . Brit
R
arra
u Piç
disla
R. La
CULTURGEST
rres
úb Av. Rep
1.7 WHO WROTE THAT?
a
o Pequen Campo
a
Gam
GUY DE COINTENT WHO WROTE THAT?
20 DE FEVEREIRO A 15 DE MAIO
Inês Costa
CURADORIA DE MIGUEL WANDSCHNELDER E EVA WITTOCX.
Guy de Cointent foi artista plástico, cenógrafo, realizador e escritor. Nasceu em Paris em 1934, mudou-se para Los Angeles em 1966. Faleceu em 1983. O seu nome permaneceu desconhecido durante muito tempo, pois na década de 60 era admirado em círculos muito restritos. Nos últimos 12 anos o seu trabalho tem vindo a alcançar reconhecimento à escala internacional desde a exposição organizada por Marie de Brugerolle em 2004. A obra apresentada na Culturgest integra ilustrações, cadernos de notas e teatros (escritos, realizados e com cenários realizados pelo próprio). O poder da linguagem, a comunicação e a relação entre a linguagem e a imagem são fundamentais em Cointent. As suas ilustrações apresentam-se repletas de palavras e os seus textos são misturados com desenhos. As suas obras reflectem a relação
entre o ler/ver, porque o artista explora técnicas de escrita em espelho, dupla inversão, codificação e abstracção. Os seus desenhos apresentam linhas simples, geométricas e técnicas como a repetição, a simetria e o aumento e diminuição de linhas que criam um padrão. Utiliza também uma paleta de cores básica, sendo as cores dominantes o preto, azul escuro e vermelho. As suas peças teatrais manifestam o interesse que o artista tem pela linguagem e pelo uso desta em diferentes contextos como a literatura, televisão e rádio e nas conversas quotidianas. “O espectador sente que aquilo que lhe está a ser contado está ao mesmo tempo a ser sabotado, e que a linguagem é o instrumento de sabotagem e de opacidade. E o ponto de partida narrativo torna-se uma ilusão que a performance desfaz.” (Guerreiro apud Umbigo, 2015)
Guy de Cointet - Who wrote that?
GUY DE COINTET
Exploração da forma/conteúdo através de meios visuais
Palavras Ao contrário; de trás para a frente, do avesso (pequenos textos).
Letras Decomposição da sua forma; Translacção do corpo da letra em função de novos tipos de formato (minimalismo).
92 Mapa temporário de Lisboa
Inês Costa
Números Decomposição da sua forma; Carácter visual e interpretativo através das composições de números aleatórios.
Videos Com apresentação dos seus cadernos de desenvolvimento das suas composições. Videos que mostram a utilização das palavras com a realidade gestual; várias linguas.
Desenhos Esboços de elementos, traços e linhas, que sugerem frases, palavras, poesias, perguntas e afirmações. Desenhos sugestivos em relação ao alfabeto.
Cultura e Estética Urbana
93
Mónica Machadinho
codificacao
3, 1971
Gabriela Baptista
Even his wife’s face seemed changed, 1978
Signature de Mahomet, 1971
Even his wife’s face seemed changed, 1978
Sem titulo Cultura e Estética Urbana
95
Márcia Gomes
Mónica Machadinho
jogos de linguagem
Ethiopia, 1976
Ethiopia, 1976
Throne of Kikaya God, 1978
Dr. Johnson is coughing, 1978
96 Mapa temporário de Lisboa
Rita Ferreira
Ethiopia, 1976
Ethiopia, 1976 Cultura e Estética Urbana
97
Mónica Machadinho
absurdo enigmatico
De toutes les coulers, 1981
caligrafia ornamental
98 Mapa temporário de Lisboa
Gabriela Baptista
I lost control for a second, 1982
Mónica Machadinho
I’m so proud of mt hair these days, 1983
Márcia Gomes
WHO WROTE THAT? ET GUY DE COINT
A exposição apresenta trabalhos realizados por Guy de Cointet durante o período em que viveu em Los Angeles. A obra apresentada contém ilustrações, cadernos de notas e teatros (escritos, realizados e com cenários realizados pelo próprio). Estes trabalhos realizados através da subtração e de codificação de números, letras e do traço tendo sempre presente uma ligação com a língua (Françês, Inglês e Alemão). Toda a exposição atraí o observador ao desafio de compreender e desvendar os significados dos trabalhos apresentados, tendo como apoio os processos de desenvolvimento de ideias presentes nos cadernos de notas do autor. 100 Mapa temporário de Lisboa
VIDEO:
“Five sisters, 1982 Texto poético e representativo Elenco/ Performance by: Sharon Barn, Richy George, Peggy Margaret Orr, Jane Zingale The Temporary Contemporary / Museum of Contemporary Art, Los Angeles, September 1985 [47min, 38 seg.]” - Diálogo realizado entre cinco personagens, centrado no tema da beleza superficial onde esta sobrepõe-se ao conceito de conhecimento. Sendo a cirurgia um meio para alcançar a beleza eterna, o objetivo a alcançar.
2. GALERIAS
Alberto AlbertoChissano Chissano Malangatana Malangatana
Celestino CelestinoMudaulane Mudaulane
António AntónioCosta CostaPinheiro Pinheiro
António AntónioNobre Nobre
Gonçalo GonçaloMabunda Mabunda
Bartolomeu Bartolomeudos dosSantos Santos
Mauro MauroPinto Pinto
Paula PaulaRego Rego
António AntónioOle Ole Naftal NaftalLanga Langa
Júlio JúlioPomar Pomar
Bertina BertinaLopes Lopes
Francisco FranciscoVidal Vidal
Centro Centrode deArte Arte Manuel Manuelde deBrito Brito
Luís LuísAfonso Afonso
Bartoon Bartoon25 25
Casa Casado do Alentejo Alentejo
Artes Artes&&Letras Letras
Artístas Artístasde deAngola Angola eeMoçambique Moçambique
Gabriela Gabriela
Carina Carina
Beezy BeezyBailey Bailey
Ao AoSom Somda daCriação Criação Brian BrianEno Eno
Max MaxErnst Ernst
CCB CCB
Otto OttoPiene Piene
Bridget BridgetRiley Riley
César CésarDomela Domela Heinz HeinzMack Mack
Henry HenryMoore Moore
Lee LeeKrasner Krasner
Marta Marta
Sam SamFrancis Francis
Enrico EnricoCastellani Castellani
Henryk HenrykStazewski Stazewski
Marcel MarcelDuchamp Duchamp
Jean JeanGorin Gorin Óscar ÓscarDomínguez Domínguez Richard RichardMortensen Mortensen
GGalaler eriaia111111
Inês Inês
Daniela Daniela
Julio JulioGonzalez Gonzalez Alexander AlexanderCalder Calder Auguste AugusteHarbin Harbin
João JoãoPedro PedroVale Vale
Francis FrancisBacon Bacon
22 Sandra Sandra
Galeria Galeria PERVE PERVE
Beatriz Beatriz
Vilmos VilmosHusar Husar
Almada AlmadaNegreiros Negreiros
Márcia Márcia
Rita Rita
Piet PietMondrian Mondrian
Lagoa LagoaHenriques Henriques
Samuel SamuelRama Rama Marta MartaBernardino Bernardino
Cristina Cristina
Carlos CarlosMenino Menino Horácio HorácioBorralho Borralho Carlos CarlosAlexandre Alexandre
Mónica Mónica
João JoãoGabriel GabrielPereira Pereira
Daniel DanielFernandes Fernandes Catarina CatarinaLopes Lopes Rui RuiCarreira Carreira
LISBOA
s R. Erne
ilva to da S
R. de Olivença
2.1 CENTRO DE ARTE MANUEL DE BRITO
R. Gen. Humberto
R. J oã o
Delgado
Ch ag as
is e Gó ão d
R. Dam
ami R. D ião de
Góis
ALAMEDA HERMANO PATRONE, 1495-064 ALGÉS
ARTES & LETRAS
15-04-16 A 11-09-16 Manuel de Brito e a mulher antes de terem gosto pelas obras de arte já continham uma pai- xão pelos livros. Esta exposição é composta por obras remetentes à arte da escrita. Podem ser encontrados retratos de escritores como Fernando Pessoa, Eça de
Queiroz e Camilo Cas- telo Branco. Estão expostos trabalhos criados pelos artistas Almeida Negreiros, Bartolomeu Cid dos Santos, Costa Pinheiro, José de Guimarães, Júlio Pomar, Lagoa Henriques, Paula Rego, entre outros.
Júlio Pomar - Retrato de Fernando Pessoa, 1983
Paula Rego - A Marquesa saiu às cinco,2008
Almada Negreiros - Autoreminiscência, 1949
Julio Pomar - Triplo Retrato de Fernando Pessoa, 1982
João Pedro Vale - Of the Monstruous and less Erroneous Pictures of Whales, 2009
CAMB
O Centro de Arte Manuel de Brito está situado em Algés no Palácio dos Anjos. Edífício histórico do concelho de Oeiras representante da arquitectura de veraneio, construído no sec. XIX e recentemente recuperado. Aberto ao público a 29 de Novembro de 2006 este edifício apresenta e acolhe a Colecção Manuel de Brito. Colecção adquirida pela dedicação de Manuel de
Brito e da sua família, esta representa uma das mais distintas compilações de arte portuguesa do século XX e obras de notáveis artistas da actualidade. As obras são apresentadas em exposições de carácter temático e temporárias. De momento podemos encontrar as exposições - Artes & Letras e Artistas de Angola e de Moçambique.
Márcia gOMES
PALÁCIO DOS ANJOS
Urbano - António Nobre, 2009
ARTISTAS DE ANGOLA E DE MOÇAMBIQUE
15-04-16 A 11-09-16 Lagoa Henriques - Fernando Pessoa,1963
Bartolomeu dos Santos - O poeta Álvaro de Campos, 1984
óleo, Malangatana com desenhos e pinturas, Naftal Langa e Chissano através de esculturas. Com percursos mais internacionais estão expostos três artistas. Celestino Mudaulane que pinta cenas do dia-a-dia. A fotografias de Mauro Pinto, vencedor do prémio BES Photo 2012. E as esculturas de Gonçalo Mabunda, compostas por despojos de guerra, peças de utensílios do quotidiano e eletodomésticos.
António Costa Pinheiro - Fernando Pessoa não ele mesmo, 1974
Bartolomeu dos Santos O poeta Ricardo Reis com o Poeta Fernando Pessoa, 1984
Almada Negreiros - Fernando Pessoa, 1963
Esta exposição é composta por obras de artistas de angola e moçambique, contém desenhos, pinturas, esculturas e fotografias datadas entre 1964 e 2014. Com origem Angolana são apresentados os artistas António Ole e Fancisco Vidal. O primeiro está representado por telas de carácter misto e o segundo por trabalhos de colagens. De Moçambique estão apresentados quatro artistas. Bertina Lopez pelas suas pinturas a
António Costa Pinheiro - Fernando Pessoa, Bertia Lopes - Sonhando com eçe mesmo com a minha chávena.. 1980 a minha infância, 1978
Celestino Mudaulane - Periferia, 2013
Mauro Pinto - Idade da Inocência, 2012
Malangatana - Despedida para a Guerra, 1964
António Ole - Sentimentos I, 2004
Gonçalo Mabunda - O Homem que nunca pára no Tempo, 2014
Bertina Lopes - Sonhando com a minha infância, 1978. África Imens,1980. Quero Recordar no espaço a minha infância,1991. Passeio de Barco, 1992
Francisco Vidal - O Beijo, 2006
Naftal Langa - Sem título, 1973
Alberto Chissano - Família, 1970
R.
Escolas
Gerais
R.
2.2 PERVE ALFAMA
LISBOA
R. d
aR
eg ue
do
R. do Vig รกrio Vi g
รกri o
ira
ESCOLAS GERAIS 17, 1100-218 LISBOA
os rv Co s do
O SOM DA CRIAÇÃO
Inês Costa
Beezy Bailey e Brian Eno
Uncle Fester, 2013 - 2015
Passport Queue, 2013 - 2015
O SOM DA CRIAÇÃO RAS
PINTURAS SONO DE BEEZY BAILEY E BRIAN ENO
Exposição-tributo a David Bowie, numa colaboração criativa entre os dois artistas, Beezy Bailey e Brian Eno, que apresentam um conjunto amplo de pinturas acompanhadas por músicas, compostas pelos dois autores especificamente para essas obras. Beezy Bailey nasceu a 21 julho de 1962
in Joanesburgo, Africa do Sul. Trabalha em várias areas como pintura, escultura, desenho, estampados e cerâmica. Brian Eno nasceu a 15 de Maio de 1948 em Inglaterra. Musico, compositor, produtor discográfico, cantor, escritor e artes visuais.
Love Story, Middle Kingdom 2013
Drumming, 2013 -2015
Carina Avelar
Carina Avelar
Blue Birf Greens, 2013 - 2015
Poker Men, 2013
Cubist Waiter, 2013 - 2015
Sandra Sousa
Envy, 2013 - 2015
Daniela Freitas
AO SOM DA CRIACAO BEEZY BAILEY & BRIAN ENO
Monica Machadinho
8 Forest Occlusions, 2013 - 2015
e
po
R. D
r. J o
e nd Gra
eda
idad vers
Cam
Alam
ni da U
รฃo
So
ar e s
Cam
s
LISBOA
CAMPO GRANDE 113, 1700-089 LISBOA
e nd Gra
e Flor
po
รณnio Ant rof. R. P
2.3 GALERIA 111
SAMUEL RAMA
ARTISTA PLÁSTICO
Coimbra, 1977
CARLOS ALEXANDRE RODRIGUES ARTISTA PLÁSTICO
Sem Autor
Caldas da Rainha, 1979
MARTA BERNARDINO ARTISTA PLÁSTICO
Macau, 1992
CATARINA LOPES VICENTE
ARTISTA PLÁSTICO
Lisboa, 1991
DANIEL FERNANDES ARTISTA PLÁSTICO
Lisboa, 1983
Catarina Lopes Vicente
Daniel Fernandes
Samuel Rama
Horácio Borralho
Rui Carreira
Samuel Rama
HORÁCIO BORRALHO ARTISTA PLÁSTICO
Fátima, 1966
CARLOS MENINO
ARTISTA PLÁSTICO
Leiria, 1986
RUI CARREIRA
ARTISTA PLÁSTICO
Leiria, 1970
JOÃO GABRIEL PEREIRA ARTISTA PLÁSTICO
Leiria, 1992
Trata se de uma exposição coletiva onde os artistas têm como ponto comum o local da sua formação, todos estudaram na mesma escola, a ESAD das Caldas da Rainha. “Há um momento onde, no trabalho de alguns alunos, surgem indícios de uma singularidade que já não é exatamente escolar. São ainda manifestações ténues, tão instáveis quanto
persistentes, mas que sugerem já um ponto de vista sobre o modo de fazer arte. Trata-se de um espaço fértil em ligações cruzadas o que ali começa e que perdurará alguns anos, estendendo-se para além da escola. Nele os jovens autores encontrarão o seu próprio assunto, voz e modos de expressão… “
Daniel Fernandes
João Gabriel Pereira
Catarina Lopes Vicente
João Gabriel Pereira
Samuel Rama
Carlos Menino
João Gabriel Pereira
Sandra Sousa
Carlos Alexandre
Maria Bernardino
Samuel Rama
Sem Autor
eu D
R
om rtol . Ba
ias
a Praç
I mp
ér io
ér io
I mp
LISBOA
R
ata Bar tins r a .M
a Praç
2.4 CCB COLEÇÃO BERARDO
pé r i o a Im Praç
a ag o R. L
riq Hen
ues
PRAÇA DO IMPÉRIO, 1449-003 LISBOA
Beatriz Diniz
Beatriz Diniz Marcel Duchamp, 1914
Piet Mondrian, 1923
Julio Gonzalez, 1936
Alexander Calder, 1956
Henry Moore, 1937 - 1976
Beatriz Diniz
Max Ernst, 1929
Otto Piene, 1962
Beatriz Diniz
Enrico Catellani, 1930
Jean Gorin, 1930
CĂŠsar Domela, 1938
Heinz Mack, 1959
Carina Avelar Bridget Riley, 1970
Richard Mortensen, 1956
Beatriz Diniz
Henryk Stazewski, 1920
Vilmos Husar, 1924
Óscar Domínguez, 1936
Sam Francis, 1979
Augusre Harbin, 1939
Beatriz Diniz
Francis Bacon, 1983
Lee Krasner, 957 - 1973
ad o
rad
onv R. C
au est
ore
en to d
s as
al e
aE
nc a
m a
sd r ta Po
S tio Pá
d R.
rn aç ão
eS tã o An to an
LISBOA
Pr aç
es
sR
2.5 CASA DO ALENTEJO
nd Co R.
o rg La
gos omin S. D
RUA PORTAS DE SANTO ANTÃO, N.º 58 LISBOA
A tolerância VS a intolerância
Personagem, a cliente habitual
Os serviços e o país
BARTOON 25
LUÍS AFONSO
O autor de BARTOON (25), revela simplicidade na forma de apresentar o seu trabalho, procurando um lado minimal respectiva á variação da palavra e das mensagens. Com o seu cuidado ético explora, de forma humorística, o tema da política através de personagens únicas encenadas por um “barman”, apresentado ao balcão, que
conversa, provoca, critica e espicaça as outras figuras. Desta forma através do humor editorial de Luís Afonso, percebemos a influência da linguagem na vida quotidiana, muito associada á realidade da sociedade em que todos se inserem e ainda, aos momentos de conversa no balcão de um simples café/bar.
O poder
Os impostos religiosos
Personagem, tipo do fmi
Ideia e conceção
A TURMA
Design Gráfico
ANTÓNIO E MARINA Textos: Introdução
MARIANA Exposição “Hein Semke: um alemão em Lisboa”
MARIANA
As Casas (legendas)
INÊS E MÓNICA
Conferência “Não te esqueças de viver!” com Maria Filomena Molder
MARTA, GABRIELA E RITA
“Conversa sobre figurinismo italiano” com Mário Matos Ribeiro e Anabela Becho
FICHA TÉCNICA
MARTA, RITA E MÁRCIA
Exposição “Guy de Cointet – Who wrote that?”
CARINA, JOANA, MÁRCIA, RITA E GABRIELA Exposição Ilustrarte 2016
CRISTINA, DANIELA E SANDRA Exposição Terra Besta
CRISTINA, DANIELA E SANDRA Fotografias
A TURMA Colagens
INÊS E MÓNICA Páginas scrapbook
GABRIELA E RITA Ilustrações
INÊS, MÓNICA, DANIELA, CRISTINA, MÁRCIA, RITA E SANDRA Coordenação
PROFESSORA ANA COUTO